6582-Texto Do Artigo-25470-1-10-20220829
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Resumo : O presente texto se propõe, a partir de uma revisão da literatura sobre a utilização de tecnologia na educação
em tempos de pandemia, identificar algumas tendências e experiências acumuladas no Ensino Remoto e as possibilidades
de continuidade do uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), após o retorno ao ensino presencial
no ano de 2021. Diante do isolamento social e da implantação no país das aulas remotas, dos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental até o Ensino Superior, os professores se viram obrigados a utilizar tecnologias digitais. Em todos os níveis de
ensino, ocorreram diferentes vivências e rupturas causadas pelo uso das TDIC. Mas até que ponto professores e famílias
estavam preparados para usá-las? De que forma, os desafios foram enfrentados? O resultado desse estudo aponta para
o reconhecimento da reinvenção dos docentes nas suas práticas e, de modo análogo, para a manutenção de um ensino
transmissivo em uma realidade tecnologizada. Será esse o ideário que se quer perpetuar?
Abstract: The present text proposes, from a literature review on the use of technology in education in times of a pandemic
in Education, to identify some trends and experiences accumulated in Remote Teaching and the possibilities of continuing
the use of Digital Information and Communication Technologies ( TDIC) after returning to face-to-face in 2021. Faced
with social isolation, and the implementation of remote classes in the country, from the Initial Years of Elementary School
to Higher Education, teachers were forced to use digital technologies. At all levels of education, there were different
experiences and disruptions that were caused by the use of TDIC. But to what extent were teachers and families prepared
to use them? How were the challenges faced? The result of this study points to the recognition of the teachers’ reinvention
of their practices, and similarly, the maintenance of a transmissive teaching in a technological reality. Is this the ideal that
you want to perpetuate?
1 Mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá. Professor e coordenador da Fundação Osório.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2757191915693984. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0831-9847. E-mail: [email protected]
2 Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora da Universidade Estácio de Sá (Unesa)
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6858518428711558. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8896-9083. E-mail: [email protected]
Introdução
Esse artigo discute, tendo o estudo bibliográfico como metodologia, algumas consequências
da introdução abrupta do uso de tecnologias digitais na Educação em tempos de pandemia. O
termo “pandemia” foi ouvido e repetido pelos “quatro cantos” do planeta no ano de 2020, devido
ao surto de pneumonia que atingiu a população mundial, ocasionado pelo vírus SARS-CoV-2,
(Covid-19), obrigando os diferentes países a se mobilizarem para enfrentar as consequências da
contaminação pela doença na saúde e na economia. A quarentena foi a principal forma de tentar
impedir a proliferação da Covid-19, com sua alta letalidade, em várias partes do mundo, provocando
o isolamento social e o confinamento de um grande número de pessoas. A dimensão global dos
reflexos da Covid-19, obrigou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a reconhecer, por conta dos
altos índices de transmissão, seu caráter de pandemia (ZWIELEWSKI et al., 2020).
Segundo Xu et al. (2020), a Covid-19 surgiu na cidade de Wuhan, na China e rapidamente
se espalhou pelo restante do mundo. Conforme escreveu Rodriguez-Morales et al. (2020), foi na
cidade de São Paulo, que ocorreu a confirmação do primeiro caso da Covid-19 no Brasil, no final do
mês de fevereiro de 2020.
A emergência da pandemia global de covid-19 subverteu
as formas tradicionais do viver, instaurando reflexões que
mobilizaram enfoques das mais diversas áreas - Medicina,
Bioquímica, Economia, Psicologia, Educação, Sociologia,
Direito e outras. Entretanto, para além das questões
específicas colocadas no interior de cada um desses campos
disciplinares, a crise sanitária também fomentou interrogações
sobre os próprios fundamentos das práticas sociais. Forçou-
nos, assim, a um debate de natureza filosófica, relacionado
aos pressupostos que orientam o modo como organizamos
e compartilhamos nossa presença no mundo. (CAPOVILLA;
PALÁCIO, 2020, p. 26)
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Nesse sentido, lançamos as seguintes provocações: é possível
ensinar durante a pandemia do novo coronavírus? Quais
desafios despontam no contexto prático de cada professor ou
professora? (p. 39).
De acordo com Castells (2019), Morozov (2018) e Silveira (2018), apesar de muitas vezes
associarmos uma neutralidade às tecnologias digitais, elas são gerenciadas e criadas pelas empresas
mais ricas do mundo. Este grupo é composto, dentre outras, pela Microsoft, Apple, Amazon,
Facebook e Google (INTERBRAND, 2020).
Em tempos de pandemia da COVID-19 as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação
(TDIC), apesar de terem sido introduzidas de forma abrupta, foram vistas como de grande valia para
reduzir o prejuízo ao ano letivo de 2020, sendo utilizadas, principalmente, para aulas remotas. Na
perspectiva de Stordeur; Colognesi (2020) existem algumas vantagens e desvantagens na utilização
desse tipo de aula como, por exemplo:
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Manutenção do vínculo aluno-professor.
Às desvantagens citadas pelos autores, pode-se acrescentar que esse formato de aula
acentua, e muito, a desigualdade social existente dentro das escolas, pois, numa mesma sala
de aula pode haver alunos com acesso a várias tecnologias, como celular, tablets, notebooks,
computadores, e outros, cuja família, possui apenas um único aparelho de celular para atender
três, quatro crianças em idade escolar, ou, até mesmo, nenhum aparelho ou rede de Internet.
Outras indagações podem ocorrer. Será que todos os alunos do Brasil conseguiram ter
acesso às aulas remotas? Ou será que a população mais carente, mais necessitada, ficou sem ter
acesso ao estudo? A professora Kátia Araújo relatou, ao ser entrevistada pelo GESTRADO (UFMG/
CNTE): “Nem todos os alunos têm acesso à internet, porque vários são de baixa renda. Para suprir
isso, a gente monta os cadernos de atividades e manda para os pais. Nós temos muitos pais que
não são alfabetizados, e só soubemos disso agora, durante a pandemia” (OLIVEIRA, 2020, s.p.).
Nestes casos, a utilização da TDIC, em aulas remotas, foi prejudicial a alunos de certas camadas
sociais. Seria justo com esses alunos que num tempo pós-pandemia houvesse a hibridização do
ensino? Como eles fariam, nessa hibridização, para terem a matéria ministrada na parte remota da
aula? Ficariam relegados a continuar a ter que estudar somente em papel? Como solucionar esse
abismo social que existe dentro das escolas brasileiras? Para Santos (2010) as pessoas excluídas
ou esses sub-humanos, estão do outro lado da linha abissal, que segundo ele, é onde não existe
humanidade, é onde se encontra a sub-humanidade moderna. “Os seres sub-humanos não são
considerados sequer candidatos à inclusão social” (SANTOS, 2019, p. 9) e quiçá à inclusão digital.
Tanto no campo pessoal quanto no profissional, as Tecnologias Digitais de Informação
e Comunicação (TDIC) têm tido um grande avanço na sua utilização e numa velocidade muito
signitificativa, acentuando a “exclusão social daqueles que não têm acesso” (ALMEIDA, 2016,
p. 46) a esse tipo de tecnologia, aumentando assim o “fosso digital” (ALMEIDA, 2016, p. 46) e a
constituição do “Quarto Mundo” (CASTELLS, 2003, p. 267). Assis (2021) escreveu que em tempos de
pandemia a exclusão educacional e social ficou bastante aparente, pois existem alunos que querem
e têm condições de acessar o modelo remoto emergencial enquanto outros não têm as condições
mínimas necessárias de acesso e este modelo educacional, exibindo de forma contundente o
Esta é apenas uma das milhares de histórias de famílias menos abastadas que existem no
Brasil. Esta história acontece, não em uma cidade pequena do interior, com poucos recursos, mas
sim na maior e mais rica cidade do nosso país, a cidade de São Paulo. Souza (2021) afirma que
“depois de mais de um ano do início da pandemia causada pelo coronavírus, professores de escolas
públicas dizem que ainda não há uma estrutura adequada para os alunos aprenderem à distância”
(SOUZA, 2021, s.p.). Segundo o autor, no Brasil, quase 1,5 milhões de crianças e adolescentes não
participavam das atividades escolares, sejam elas remotas ou presenciais. Enquanto que 3,7 milhões
de discentes não tiveram acesso a atividades escolares e não conseguiram estudar remotamente.
Segundo Palhares (2020), só no estado de São Paulo, cerca de 15%, mais de 500 mil dos
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alunos que estudam na rede de ensino estadual, não fizeram nenhuma atividade escolar no ano de
2020, o que levou o secretário de Educação a baixar uma resolução solicitando que a instituições
de ensino não reprovassem por desempenho. O secretário explicou que a falta de acesso à rede
mundial de computadores, Internet, foi um dos principais motivos para a ausência. Para superar
este problema, a secretaria, no mês de abril de 2020, começou a distribuir 3,5 milhões de atividades
escolares impressas.
Alguns autores apontaram que o modelo de Ensino Remoto, que foi a solução encontrada
pelas Instituições de Ensino para reduzir os impactos negativos nos anos letivos de 2020 e
2021, apresenta mais problemas além do aumento da desigualdade. Como escreveram Arruda;
Nascimento (2021), as aulas no Ensino Remoto apresentaram vários desafios para os professores,
alunos e família.
De um lado, o aluno e a família diante de suas (im)
possibilidades em relação ao acesso aos recursos tecnológicos,
conexão à internet e à mediação familiar para os estudos. De
outro, professores diante de um novo formato de ensino cuja
prática não lhes era comum e que exige, além dos recursos
tecnológicos e de organização de espaço e tempo, habilidades
com o manuseio dos aparelhos, aplicativos e plataformas de
gravação, edição e envio de conteúdo (ARRUDA; NASCIMENTO,
2021, p. 38).
Já Silva (2020) entende que a educação em periferias urbanas, onde existe uma desigualdade
muito grande em comparação a outras regiões de uma mesma cidade, ficou devendo oferecer
“uma educação capaz de produzir equidade nas condições educativas”. (p. 3)
Almeida; Dalben (2020) ratificam a afirmativa de que o modelo de Ensino Remoto acentua
a desigualdade social existente nas escolas.
A despeito de ser a única opção plausível, dadas as incertezas
sobre a duração das medidas de isolamento, a implementação
do Ensino Remoto se mostra via de mão dupla: por um lado,
permite que o afastamento seja físico, mas não completo, com
manutenção de contato social em meio virtual; por outro,
traz, de maneira subjacente, o aumento das desigualdades
educacionais já demasiadamente expressivas no sistema
educacional brasileiro. Diante desse dilema, em contraponto
Cipriani; Moreira; Carius (2021) salientam que com a paralisação das atividades escolares, a
passagem do ensino presencial para o ensino remoto foi inevitável. Saraiva; Traversini; Lockmann
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(2020) analisam que, ao contrário das atividades produtivas da indústria, do comércio e serviços,
que tiveram os seus afazeres interrompidos devido à pandemia, os processos de escolarização
não podem parar. Ainda para Nóvoa; Alvim (2021) a pandemia antecipou transformações,
especialmente no meio acadêmico, “É isso que se passa, hoje, com este acontecimento infeliz, a
Covid-19. Em poucos meses, deram-se transformações que, na normalidade dos tempos, teriam
demorado décadas” (p.2). Para esses autores, é de vital importância que os professores não caiam
no “disparate de reproduzir ‘à distância’ as aulas habituais ou na ilusão de que as tecnologias são
neutras e nos trazem soluções ‘prontas-a-usar’” (p. 3).
Segundo Ferreira; Barbosa (2020) com a repentina interrupção das aulas no modelo presencial
de ensino, devido ao fechamento provisório da Instituições de Ensino, houve a necessidade de se
tomar decisões para não se quebrar a continuidade das atividades escolares, mesclando “o uso de
tecnologias digitais, interativas, a execução de tarefas de auto estudo e a assimilação de conteúdos
via recursos de comunicação em massa como canais de televisão e plataformas de streaming”
(p. 3). Esses recursos exigiam familiaridade e desenvoltura no seu manuseio, além de agregar ao
trabalho do docente a
[...] exigência de maior dedicação, possibilidade de suspensão
de seus direitos, pressão para atender a demandas que não
são da escola; aos familiares, culpabilização por não ter
estrutura para corresponder às expectativas delegadas; aos
alunos, falsas promessas de continuísmo e sobrecarga de
atividades sem sentido, fragmentadas e preparadas de modo
aligeirado (FERREIRA; BARBOSA, 2020, p. 3).
Com a passagem do modelo de Ensino Presencial para o Ensino Remoto, em todos os níveis
de ensino, a utilização de tecnologias foi imprescindível, uma vez que, segundo Anjos; Francisco
(2021), as tecnologias digitais têm ocupado um lugar importante no dia a dia das pessoas na
contemporaneidade.
Com esse distanciamento dos estudantes e famílias das instituições educacionais, para os
autores, houve a necessidade de organizar ações para que esse vínculo fosse mantido. Alguns
grupos e agentes educacionais se mostraram adeptos do uso de recursos tecnológicos, também,
no trabalho com crianças que estão na Educação Infantil, a despeito do que acontece com as outras
fases da Educação Básica e no Ensino Superior.
No entanto, mesmo nos casos em que o uso das tecnologias
digitais da informação e da comunicação (TDIC) tem sido
Lunardi et al (2021) consideraram que foi positiva a participação efetiva dos pais na vida
acadêmica dos filhos. Esta participação permitiu uma associação com as responsabilidades
pedagógicas por parte desses pais. Outro lado positivo citado pelos autores foi o de que os pais
passaram a ter mais familiaridade com a realidade do processo de ensino-aprendizagem de seus
filhos. Assim sendo, os pais passaram a ter um olhar diferente quanto ao trabalho do professor,
tendo mais empatia com esses profissionais.
Cabe, ainda a diferenciação entre Ensino Remoto e ensino a distância. Segundo Espinosa
(2021) a diferença entre Ensino Remoto e ensino a distância é:
[...] o Ensino Remoto Emergencial (ERE). O ERE é diferente
do que é conhecido como ensino online (pré-pandemia),
principalmente em termos de estrutura da disciplina,
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dos materiais e da avaliação. No ensino online, também
chamado de Educação a Distância, os materiais e a avaliação
são estruturados para ambientes virtuais de aprendizagem
específicos e os professores são auxiliados por tutores que
mantém contato constante e direto com os estudantes;
por outro lado, no ERE, o professor, sozinho e usualmente
sem formação adequada para o ensino online, adapta seus
materiais e avaliações do ensino presencial para o ambiente
virtual, sem auxílio pedagógico. A diferença se acentua se
considerarmos que, durante este período de pandemia,
professores e estudantes estão vivendo em um estado
constante de estresse, ansiedade e incerteza (p. 2).
Será que essa modalidade de ensino, o Ensino Remoto, realmente substituiu o Ensino
Presencial? Será que o Ensino Remoto possibilitou realmente ensinar os alunos? Se esses
questionamentos fossem verdadeiros, se no Ensino Remoto os professores ensinaram os alunos,
não haveria acontecido o descrito na reportagem de Juliana Gragnani da BBC News de Londres,
publicada no dia 10 de agosto de 2020. Segundo a autora, a repetência de um ano letivo nunca foi
bem vista pelos alunos, mas, em uma pandemia onde as aulas são realizadas em modo remoto,
alguns alunos do ensino médio da rede pública brasileira dos estados do Ceará, Mato Grosso, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, entrevistados optaram pela repetência
(GRAGNANI, 2020). Para esses alunos, o Ensino Remoto dificultou tanto o aprendizado que valeria a
pena repetir todo o processo em 2021. Um exemplo desse pensamento dos alunos está retratado
no depoimento da aluna Júlia Almeida de 17 anos, aluna do terceiro ano do Ensino Médio de uma
escola estadual da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais:
Não é que eu vou fazer de novo, eu só vou fazer, porque esse
ano eu não fiz nada [...].
Mesmo com o retorno gradativo, no ano de 2021, das aulas presenciais, poucos estão
sendo os alunos que estão aderindo a este modo de ensino. Um exemplo disso é a cidade de São
Paulo, segundo Cássio; Lança (2020), desde o mês de outubro, com a reabertura das escolas da
Rede Estadual de Ensino, as atividades presenciais voltaram a acontecer, mas, de “forma parcial,
facultativa aos professores e alunos e somente para atividades de reforço” (p: s.p.). Mesmo com
a reabertura, conforme fotos dos jardins, pátios e salas de aula, postadas nas redes sociais do
secretário de educação Rossieli Soares da Silva, mostram esses ambientes vazios, com “meia dúzia
de gatos pingados” (s.p.). Na Zona Leste da cidade de São Paulo muitas escolas “reabriram com
menos de dez estudantes. Algumas receberam apenas um ou dois alunos”. (s.p.).
Para Souza (2021), grande parte das Unidades Federativas assumiu o sistema de aulas
remotas como sendo a principal ferramenta contra o fechamento das escolas, evitando assim um
colapso maior na nossa Educação nesses tempos de pandemia. O autor completa que somente
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15% dos estados distribuíram dispositivos e menos de 10% deram algum subsídio para o acesso
à Internet. Segundo Souza, presidente do Sindicato dos Educadores da Infância (Sedin), o governo
municipal da maior cidade do Brasil não distribuiu o material que permitisse que os alunos e
professores tivessem aulas à distância. Alguns tablets foram entregues às instituições de ensino,
mas, as mesmas não os distribuíram, pois estavam sem chip, e sem ele, o equipamento não tem
como se conectar à Internet. Nesta mesma situação, encontraram-se os professores, que sem
receberem qualquer equipamento ou acesso à Internet, foram obrigados a ministrar suas aulas de
suas residências.
Souza (2021) informou que a Prefeitura da cidade de São Paulo adquiriu 465 mil tablet
para serem distribuídos aos alunos mais pobres. Mas, até o momento, somente 70 mil desses
equipamentos foram distribuídos. A reportagem de Felipe Souza foi publicada no dia 03 de maio
de 2021.
Neste momento, cabe lembrar da aluna Denise, de 9 anos, que estuda somente às terças-
feiras. Sua responsável não foi procurada por ninguém da Secretaria de Educação ou da escola onde
sua filha estuda a respeito da doação do tablet, o que ajudaria e muito a Denise a participar das
aulas. A mãe de Denise, citada por Souza (2021), comentou: “Ela perdeu o ano de 2020 e já perdeu
metade deste também. Ela passou de ano, mas basicamente sem aprender nada” (SOUZA, 2021,
s.p.).
Neste sentido, colabora Santos (2019) ao problematizar a necessidade de repensar-se os
impactos sociais decorrentes de escolhas e da forma como produzir-se conhecimento.
Considerações Finais
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