Artigo Fundações
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VANISCLEY HENICKA
RESUMO
A escolha de um método de execução de fundações que agregue em si,
segurança, disponibilidade, adequabilidade e economia nem sempre é uma
tarefa fácil para quem navega nos limites de algum desses fatores. O
dimensionamento de estacas, sua profundidade e número por bloco de
coroamento é um ponto crítico que consome tempo e pode levar a consumo
excessivo de recursos. Propomos uma metodologia com auxílio de planilhas
excel e estatística das frequências de carga, que leve ao dimensionamento
otimizado no limite do aceitável. Sendo assim, comparamos duas situações
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
Como descrito por Cintra & Aoki (2010), feita a opção por determinado tipo de
estaca, essa escolha já inclui a definição do diâmetro.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para o desenvolvimento das planilhas para otimização foi utilizado o Microsoft Excel
que apresenta boas soluções com funções matriciais e estatísticas.
Trazendo as técnicas estatísticas para o nosso trabalho, como descrito por Ferreira
(2015), quando estamos analisando uma variável quantitativa contínua, é comum os
valores não se repetirem. Se construirmos uma distribuição de frequências (...) ela
ficará muito extensa e não atingiremos o objetivo de resumir o conjunto de dados.
Nestes casos, é conveniente agrupar os dados em intervalos de classes. O mesmo
procedimento pode ser feito quando a variável for quantitativa discreta e apresentar
um número grande de dados, mas com valores com pouca repetição.
Isso remete aos nossos dados de carga que são extensos e de baixa repetição,
portanto agruparemos em 10 classes de cargas para a análise de frequência.
3. METODOLOGIA
Atualmente, uma empresa que sabe usar os dados a seu favor tem inúmeras
vantagens competitivas. De um lado, essa companhia data-driven (orientada por
dados) consegue nortear suas decisões estratégicas com mais clareza e mais foco
no cliente. Por outro lado, produz mudanças organizacionais que trazem mais
agilidade e mais assertividade nos processos. (CIELO, 2021)
Para definir essas variáveis chaves temos que tratar estatisticamente o conjunto de
cargas solicitadas.
que é equivalente a 1/10 da (maior carga – menor carga). Então a primeira classe
terá cargas nominais de corte sendo carga inicial + 1 x incremento. A segunda
classe será a carga inicial + 2 x incremento. A terceira classe será a carga inicial + 3
x incremento. Assim sucessivamente até a 10ª classe. Posteriormente para cada
faixa de classe, (corte) conta-se quantas cargas cabem nessa faixa. Ou seja,
teremos uma lista com 10 frequências.
Esse número em cada faixa de corte representa o limite de valor de cargas que
pertencem a esse corte, e no caso da frequência, usando um termo muito comum
em pesquisas da área de saúde, é a prevalecia de casos dentro dessa amostra de
corte. Ou seja, pode-se encontrar em 10 grupos de carga, quantas cargas ocorrem
em cada grupo. O objetivo dessa classificação em grupos de corte é identificar quais
faixas de carga mais impactarão no consumo da obra.
Saberemos quais faixas de corte tem mais cargas prevalentes, ou seja, mais cargas
estão dentro dessa faixa. Esse dado isolado ainda não responde o tamanho do
impacto no solo proporcional ao consumo de material. Isso porque um corte pode ter
alta frequência, mas ser de muito baixa carga.
Para obter essa faixa de cargas mais importante, multiplica-se a frequência pela
carga de corte máxima da classe, e obtemos um dado que nos dirá qual é a o peso
dessa faixa de cargas perante a amostra total. Agora sim temos dados
representativos por classe do tamanho de seu impacto no solo. Então, plotando num
gráfico temos como visualizar em que faixa de cargas estão as cargas que mais
impactarão no consumo de material.
Visualmente percebemos pela amplitude e platôs da linha verde (fig. 3), quais os
intervalos de cargas impactam mais no solo, ou seja, quais faixas de cargas terão
impactos proporcionalmente maiores no dimensionamento das estacas. Para o
engenheiro é nestas cargas que ele deve estar disposto a dedicar maior tempo
calculando combinações de diâmetros e número de estacas possíveis para obter
uma melhor eficiência frente aos custos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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Podemos observar que as faixas de carga que vão de 365 KN a 1895 KN e as carga
de 2405 KN a 2660 KN são as que mais impõem pressão sobre o solo, logo são as
cargas que utilizaremos para análise. Frisamos como demonstrado na tabela 12
abaixo, as faixas de corte desprezadas:
No gráfico 4 podemos observar que as faixas de carga que vão de 2635 KN a 5072
KN e as carga de 5681 KN a 6290 KN são as que em conjunto mais impõem
pressão sobre o solo, logo serão as cargas que utilizaremos para análise (tabela 22)
Cargas x Frequencia KN
x10³
Custo Custo
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Nota-se pelo gráfico 9, que o método aplicado nos fez debruçar sobre as cargas que
impuseram 81% dos custos levantados. Isso é esperado e crucial para o sucesso de
uma otimização. Supondo-se que temos disponíveis numa região apenas 3 trados
com 3 diâmetros específicos e precisamos padronizar então por esses 3 trados. É
crucial que saibamos desses grupos principais quais profundidades padronizar. Que
as profundidades sejam então em detrimento dessa camada mais representativa de
custos. Também o contrário: Suponhamos que tenhamos o limite de 12 m para a
profundidade (por questões técnicas do equipamento), precisamos então padronizar
os diâmetros prioritariamente dentro dos grupos demonstrados no gráfico 9 e
previsto pelo estudo da frequência x carga.
5. CONCLUSÃO
Concordamos que é muito válida essa análise para fins de definição do modelo mais
econômico. Fazemos a ressalva de que para uma melhor estimativa de custos finais,
outras composições devem ser juntadas aos valores estimados, como por exemplo o
consumo com armaduras, o custo de arrasamento das estacas, o custo da execução
dos blocos entre outros.
Quando se põe em prática uma rotina de processos que levam a uma escolha
consciente, certamente se obtém a otimização dos recursos.
Concluímos nesse quesito que o método de raciocínio é valido uma vez que se
comprovou que as faixas de carga identificadas estatisticamente e que nos
debruçamos a otimizar corresponderam precisamente as que mais contribuíram com
o consumo e, portanto, as que mais tinham margem para supressão de custos.
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8. BIBLIOGRAFIA
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