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Estudos propostos Burhans, Dweck e Ruble (1995) indicam que as crianças por volta

dos 4 a 5 anos, estão no início da moldagem da sua autoestima. Uma vez que a
autoestima dessa criança é contingente ao sucesso, ela pode passar a ver o fracasso
ou a crítica como um indicador direto do seu valor, fazendo com que ela apresente
características de um padrão “incapaz”, apresentada por vezes pelos autores como
uma “incapacidade aprendida”.
Outro aspecto a se considerar é a compreensão emocional que a criança possui de
acordo com a idade. Apresentado por Harter (1996) as crianças de 4 a 5 anos, não
possuem a sofisticação cognitiva para reconhecer as emoções e o que as causam.
Representando muitas vezes suas emoções por expressões e gestos.

Nos dias 5 e 6 de outubro a aluna Kessia com a psicossocial bem desenvolvida


apresentou sinais de liderança na turma, autoestima elevada e sempre está a frente
das atividades em sala sem medo de fracassar, mostrando com frequência querer
sempre a primeira a resolver todos os problemas impostos a ela em sala de aula.
Princípios percebidos, principalmente, nos estudos de Erikson sobre o
desenvolvimento infantil. No mesmo dia, um aluno pediu a professora para ir ao
banheiro para urinar e ela não deixou, gerando angústia nele no momento.
Entretanto, sem saber expressar seus sentimentos, ele só dizia que sua bexiga
estava doendo e demonstrando expressões de incômodo, mas sem saber expressar toda a
inquietação que estava sentido naquela hora.

Wallon postula o desenvolvimento infantil pautado numa educação integral que soma
afetividade, psicomotricidade e cognição, sendo essas três interdependentes. Assim,
a criança, desenvolvendo afeto e afinidade por uma determinada atividade, passa a
realiza-la com mais vontade, influenciando diretamente no desenvolvimento de sua
psicomotricidade e, consequentemente, na cognição. Seguindo isso, no dia 13 de
outubro foi feita uma festa a fantasia na escola, onde foram desenvolvidas diversas
atividades lúdicas que focavam, principalmente, no desenvolvimento psicomotor.

O aluno Rhuan, durante uma atividade de acertar arcos em um cone, que trabalha o
conceito de noção espacial, mostrou-se bastante empolgado com a atividade. A cada
acerto obtido, o garoto se afastava mais da linha limite determinada pela
professora, se desafiando e arriscando novos limites. Observa-se, então, que ao
estar em contato com uma atividade que lhe traz afetividade, o aluno trabalhou
também a própria psicomotricidade (nas tentativas de acertar o arco no cone), fator
indispensável para o desenvolvimento da cognição. Ele realizou por volta de 5
tentativas e depois foi praticar outra atividade com os colegas.

É aspecto do desenvolvimento infantil a percepção de autoimagem, ou seja, o modo


que a criança se percebe no ambiente. Segundo estudos realizados por Martin (2015),
crianças de 5 anos ainda não têm noção de forma de corpo, entretanto, entendimentos
básicos sobre esse aspecto já são desenvolvidos.

No dia 13 de outubro, foi possível perceber como se dá essa percepção para além do
convívio com outros alunos, mas também com objetos auxiliares, por exemplo, um
espelho. A aluna Kessia sentou de costas para um espelho da sala, entretanto, em
nenhum momento virou completamente sua atenção para a professora, visto que
aparentava mais interessada em olhar-se no espelho enquanto fazia “caretas”. Quando
a professora saia de sala ou virava sua atenção para outro aluno, a aluna subia na
cadeira e começava a fazer “caretas” e a remexer todo o seu corpo, mantendo o olhar
fixo nos próprios movimentos. Fez isso por volta de umas 3 vezes até a professora
notar e chamar sua atenção.

Erikson (1950), em seus estudo sobre as fases do desenvolvimento infantil,


determinou que entre 4-5 anos, as crianças estão na fase de iniciativa x culpa, que
se baseia na capacidade (ou não) de desenvolver atividades e como elas vão
responder a isso. Crianças que se saem bem nessa fase, se sentem capazes tanto
individualmente quanto coletivamente, sendo capazes de conduzir os outros.
Nos dias 26 e 27 de outubro, após concluir uma atividade proposta pela professora,
as alunas Valentina e Maynara se abraçaram, reconhecendo e incentivando o êxito no
exercício.
Por outro lado, Enzo Gabriel, ao perceber que não havia conseguido concluir o
exercício a tempo, amassou o papel em forma de frustração, demonstrando o
sentimento de culpa e até mesmo auto-dúvida em relação a atividade proposta.

Martin GM. Obesity in question: understandings of body shape, self and normalcy
among children in Malta. Sociol Health Illn. 2015;37:212‐26.

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