TCC - Nubia Silva
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APARECIDA DE GOIÂNIA
2022
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
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2
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seja baseado em trabalho financiado ou apoiado por outra instituição que não o Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.
_____________________________________________________________
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APARECIDA DE GOIÂNIA
2022
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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CÂMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA
TERMO DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA:
(assinado eletronicamente)
Dr Wellington Cardoso de Oliveira
(Presidente - orientador)
(assinado eletronicamente)
Dra Alciane Barbosa Macedo Pereira
(Membro Interno)
(assinado eletronicamente)
Dr João Ferreira de Araújo Junior
(Membro Externo)
6
Joao Ferreira de Araujo Junior, PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO, em 03/03/2023 09:18:31.
Alciane Barbosa Macedo Pereira, PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO, em 12/02/2023 19:39:19.
Wellington Cardoso de Oliveira, PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO, em 10/02/2023 19:46:03.
Este documento foi emitido pelo SUAP em 10/02/2023. Para comprovar sua autenticidade, faça a leitura do QRCode ao lado ou acesse
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CÂMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA
Título O Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) e Sua Relação Com o Processo
de Alfabetização e Letramento
AVALIAÇÃO DO TCC
Tendo por base a avaliação e média final obtida do TCC, a banca examinadora julga o TCC como:
De acordo com o artigo 23 da Resolução n° 28 de 11 de agosto de 2014, que dispõe sobre o Regulamento dos TCC dos cursos
de graduação do IFG, deve-se ainda durante o ato de defesa:
"§ 2° Em caso de aprovação sem restrições, no ato da defesa, o termo de aprovação será assinado pelo orientador e pelos demais
membros da banca de avaliação do TCC.
§ 3° Em caso de aprovação com indicação de correções, o termo de aprovação será assinado apenas pelos dois membros convidados
para compor a banca, ficando a assinatura do orientador condicionada à conclusão adequada das correções sugeridas, que deverá
ocorrer no prazo máximo de 30 dias." (grifo nosso)
Dessa forma, caso o TCC seja APROVADO COM RESTRIÇÕES, o(s) estudante(s) se compromete(m) a realizar as correções indicadas pelos
membros da banca examinadora, bem como o(a) orientador(a) se compromete a verificar se alterações foram devidamente realizadas.
Alciane Barbosa Macedo Pereira, PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO, em 12/02/2023 19:39:46.
Joao Ferreira de Araujo Junior, PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO, em 10/02/2023 10:18:15.
Wellington Cardoso de Oliveira, PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO, em 08/02/2023 22:26:40.
Este documento foi emitido pelo SUAP em 06/02/2023. Para comprovar sua autenticidade, faça a leitura do QRCode ao lado ou acesse
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Dedico este trabalho às pessoas mais importantes da minha vida, que sem opções,
se submeteram a um processo de graduação sem diploma. Andressa e Victor, este
trabalho, assim como minha vida, é para e por vocês!
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AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Wellington, meu orientador, pela paciência, incentivo, por não me
deixar desistir quando parecia que não conseguiria concluir este trabalho, por me
guiar com competência até o fim da construção desta pesquisa.
A todos os professores pelo tempo dedicado em suas aulas, por transmitir seus
conhecimentos e esclarecer nossas dúvidas, por com sabedoria indicar o caminho
certo a seguirmos e, principalmente, por me aturarem.
Ao Victor Emanuel, meu filho, por me inquietar e me fazer desejar conhecer mais
sobre o seu mundo.
À Andressa Iasmim, minha filha, por me salvar toda vez que o seu irmão estava para
me enlouquecer e eu precisava escrever este trabalho.
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 133
CAPÍTULO I 188
CAPÍTULO II 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS 56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 60
13
INTRODUÇÃO
Com o resultado em mãos, esse que foi pedido pelo otorrinolaringologista que
já acompanhava a criança junto com vários especialistas que tentavam identificar
porque uma criança com convívio social adequado, audição preservada, estímulos e
acompanhamentos adequados, continuava com dificuldade em desenvolver a fala,
leitura e escrita, buscou-se respostas junto ao neuropediatra que o acompanhava a
época.
dificuldade, a TPAC, pode ser alfabetizada nesse método, dentro de uma sala de
aula, por profissionais que não sabem o que significa mesmo com um laudo.
viés auditivo, mas também na construção da consciência fonológica, já que para isso
há necessidade de vias auditivas preservadas em todos os seus aspectos.
CAPÍTULO I
Objetivando compreender o que é o TPAC, uma pesquisa foi feita com base
nos estudos de autores que abordam o tema. E assim, numa tentativa de descrevê-
lo de forma clara e concisa, e a fim de levar conhecimento sobre o transtorno para
aqueles que estão envolvidos na área educacional, este trabalho foi pensado.
humana é baseado nesse sentido. Para além disso, “seu potencial de linguagem
receptiva e expressiva, sua alfabetização (leitura e escrita), seu desempenho
acadêmico, seu desenvolvimento emocional e social” (ISAAC; MANFREDI, 2005, p.
235) também são prejudicados.
Para Pereira (2018), a audição é o sentido que mais tem relação com o
desenvolvimento linguístico. Logo, o sujeito deve não apenas ouvir, mas conseguir
realizar as demais funções auditivas associadas aos sons, como a detecção, o
reconhecimento, a diferenciação e a discriminação. Portanto, os sons precisam ser
reconhecidos e compreendidos.
Para isso, o aparelho auditivo tem uma estrutura delicada que permite a
transformação dos sons. Esse aparelho é responsável pela captação, condução e
integração mental desses sons. Quando esses alcançam a área cortical auditiva no
lobo temporal do encéfalo, se associam à área de compreensão da fala, o lobo
parietal do encéfalo. Nele acontecem processos mentais que levam ao ouvir, ao
compreender e ao falar (ZORZETTO, 2013).
2 meses não se perturba mais, violentamente, com sons fortes; atende, para ou
muda de atividade em resposta à voz humana;
6 meses responde diferentemente aos sons emitidos à sua volta; pode distinguir a
fala amiga da fala zangada; demonstra interesse especial pela voz humana
e localiza uma campainha que façam soar a seu lado;
Fonte: https://www.infoescola.com/anatomia-humana/audicao/
(2013). Ela é composta por três ossículos: o martelo; a bigorna; e o estribo. Esses
três ossículos juntos atuam para transformar as vibrações da energia sonora do
meio aéreo para o meio aquoso, que está localizado na orelha interna.
Fonte: https://www.clariceabreu.com.br/atuacao/cirurgia-craniomaxilofacial/reconstrucao-de-orelha/
Pereira (2018) diz que o sistema auditivo é composto pelo sistema auditivo
periférico e o central, sendo o primeiro dividido em orelha externa, média e interna e
nervos auditivos, os quais são responsáveis pela captação dos sons nos ambientes.
Já o segundo, é dividido em vias auditivas subcorticais, essas vias são responsáveis
25
Fonte: http://dradestravet.blogspot.com/2011_10_01_archive.html
Fonte: http://uenfciencia.blogspot.com/2013/02/estado-vegetativo-e-eutanasia-como-ter.html.
É por meio das fibras aferentes que as informações vão das vias ciliadas ao
córtex cerebral, já pelas fibras eferentes ocorrem o controle dos centros superiores
sobre os inferiores e sobre o órgão sensorial periférico, essa via é responsável pela
inibição de ruído de fundo.
27
Stampa (2015) afirma que o transtorno pode ser causado tanto por prejuízos
biológicos, que impõe barreira a interpretações de padrões sonoros, como por
privação de experiência em ambientes acústicos adequados. Dessa forma, nota-se
que é necessária a atenção aos estímulos proporcionados às crianças nas suas
fases de desenvolvimento, e também as suas condições biológicas nem sempre
evidentes.
A autora alerta para o fato de que crianças com o TPAC, podem ter:
As crianças com o TPAC, podem ter uma série de dificuldades que vão além
da comunicação oral, já que esse, causa uma variedade de sintomas que interfere
no processo de leitura e escrita e, prejudica também o aprendizado escolar e
adaptação social (PEREIRA, 2018).
30
Fonte: https://audmedaparelhosauditivos.com.br/conheca-o-dpac-disturbio-do-processamento-
auditivo-central/
parecer não ouvir bem, mesmo tendo uma audição dentro dos padrões de
normalidade;
procurar pistas visuais no rosto do falante;
apresentar déficit em entender e, por consequência, seguir regras e ordens,
principalmente quando são faladas sequencialmente (por exemplo: “preciso
que você vá até seu armário e pegue sua jaqueta branca, sua calça preta,
sua meia azul e sua camiseta amarela”);
demorar em escutar e/ou entender quando chamado. Apresentam
dificuldades para entender de imediato o chamado do interlocutor, e
precisam ser chamados mais de uma vez;
apresentar dificuldades em localizar a fonte sonora;
pedir para repetir a conversa, durante o diálogo, ou utilizar muito as
expressões: “hã?”, “o quê?”, “como?”, “não entendi?” (PEREIRA, 2014, p.
24).
Assim, quem possui esse transtorno pode por vezes pedir ao locutor que
repita a fala, ordem ou instrução até que consiga compreender a mensagem
completa, e por fim há demora em seguir essas, a responder um chamado e
apresenta também dificuldade em localizar uma fonte sonora.
– Eu sei o que você falou, mas não entendi o que você disse. Dá para
repetir??
– Quê? O que você falou depois de menina???
– Você falou o quê? Tente ou sente??
– Quero dizer uma coisa, mas não acho a palavra certa...Espera aí, tá na
ponta da língua? (PEREIRA, 2014, p. 25).
Muitas vezes, por ter dificuldade em filtrar os ruídos de fundo, quem possui o
transtorno apresenta dificuldade na compreensão da fala em ambientes com muitos
barulhos ou com muitas pessoas conversando. O que os leva a desatenção devido
ao grande esforço empregado para a compreensão nesses ambientes.
Dessa maneira, pode deduzir-se que o indivíduo com o TPAC terá um cérebro
que se cansa mais, pois demanda de muito esforço ao tentar compreender e
acompanhar uma conversar diante de tantos estímulos sonoros, assim como para
desempenhar funções como a memorização, ao retomar fatos pela memória sonora
ou até manter atenção a um único estímulo sonoro, diante da profusão de estímulos
do ambiente.
● distração;
● ansiedade e impaciência;
● impulsividade;
● agitação;
● tendência ao isolamento (sentem-se frustrados ao notarem suas
falhas, na escola ou em casa);
● desorganização (PEREIRA, 2014, p. 25).
Ainda, quem tem o TPAC, apresenta dificuldades com o uso das estruturas
gramaticais, já que para esses indivíduos além da entonação, o ritmo de uma fala ou
até mesmo de uma música, pode ser de difícil compreensão e até a ênfase tônica da
sílaba pode ser indistinguível.
1
/ Ž /: referente ao som j e g ( ge, gi).
2
/ Š /: referente ao som x e ch.
3
Em fonologia, o termo par mínimo refere-se a duas palavras que diferem em apenas um som, como
‘tia’ e ‘dia’. Os pares mínimos servem como ferramentas para estabelecer que dois, ou mais, sons são
contrastantes e têm traços distintivos. A diferença de um som significa uma diferença de referente, e,
portanto, um par mínimo é o modo mais claro e óbvio de identificar fonemas de uma língua.
34
Ela salienta ainda que, apesar das características citadas estarem presentes
em indivíduos com o TPAC, essas não são exclusivas do transtorno. Assim, é
necessário que se analise sempre se existem outras dificuldades de aprendizagem
associadas ao transtorno. Pois é comum que crianças que o tenham, possuam
outras dificuldades de aprendizagem, mas nem sempre o oposto acontece.
Pereira (2014) diz que muito se questiona sobre as causas do TPAC e ela
conclui que essa são várias, mas que as mais frequentes são as destacadas
conforme os autores (ALVAREZ; CAETANO; NASTAS, 1997; MUSIEK; CHERMAK,
1997 apud PEREIRA, 2014, p. 31):
De acordo com Stampa (2015), o indivíduo com o TPAC pode ter alterações
características na comunicação oral, escrita, no comportamento social, no
desempenho escolar e na audição. É necessário atenção a esses sujeitos e as suas
necessidades de adequações, minimizando os esforços empregados por esses, a
fim de garantir condições de alcançar um desempenho escolar satisfatório.
CAPÍTULO II
onde está a falha no método de ensino. Assim, propondo soluções para resolver a
questão do fracasso escolar.
Ferreiro (2011), ao refletir sobre a alfabetização diz que a escrita pode ser
considerada uma forma de transcrição das unidades sonoras, sendo o processo de
alfabetização a aquisição de um sistema da representação cultural, que no caso da
língua portuguesa por assumir um princípio fonográfico e ter como primórdio
diferenciar os significantes, acaba por reduzir a linguagem a um amontoado de sons.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, Paulo Freire (1987) afirma que
alfabetizar é conscientizar. Pois a palavra vazia de sentido, nada expressa ao
indivíduo, o alfabetizando lê, mas não entende aquilo que lê, quando se trata da
educação de adultos, conforme Freire (1979), o analfabeto entender criticamente a
necessidade de aprender a ler e escrever e por isso se coloca como um agente
dessa aprendizagem, sendo assim, a alfabetização torna-se mais que o domínio
mecânico dessas técnicas, ela é o domínio consciente da técnica. Portanto, ser
alfabetizado é entender o que se lê e escrever o que se entende.
Ainda nessa perspectiva, Freire (1987) diz que a alfabetização deve partir de
palavras geradoras, que são definidas diante do contexto social do indivíduo e a
partir dessas palavras geradoras o homem cria a sua palavra pessoal, e torna-se
consciente de sua identidade, ele afirma que essas palavras devem ser extraídas
entre as que fazem parte do meio cultural do alfabetizando, devem ser ricas em
possibilidades fonéticas e de grande carga semântica.
Soares (2020) afirma que todas crianças são capazes de aprender a ler e a
escrever, mas que a educação pública vem todos os anos sistematicamente
repetindo amargos fracassos no processo de ensiná-las tais habilidades. A autora
diz que apesar do acesso à educação ter aumentado, a qualidade do ensino não
acompanhou esse aumento. E a inabilidade da leitura e da escrita propagam pelos
anos subsequentes o fracasso escolar, já que todo o sistema de ensino se baseia
nessas habilidades.
Letramento é muito mais que alfabetização. Ele expressa muito bem como o
letramento é um estado, uma condição: o estado ou condição de quem
interage com diferentes portadores de leitura e de escrita, com diferentes
gêneros e tipos de leitura e de escrita, com as diferentes funções que a
leitura e a escrita desempenham na nossa vida. Enfim: letramento é o
estado ou condição de quem se envolve nas numerosas e variadas práticas
sociais de leitura e de escrita (SOARES, 1998, p. 5).
Ao falar sobre alfabetismo a autora traz a reflexão o fato dessa palavra não
ter ampla utilização no vocabulário brasileiro, mas o seu oposto, analfabetismo, ser
um termo familiar e de ampla compreensão, assim como o substantivo analfabeto,
para o qual nem temos um substantivo que afirme seu contrário, já que alfabetizado
é apenas aquele que aprendeu a ler e a escrever (SOARES, 2009).
Mesmo sendo analfabeto, ainda assim o indivíduo pode ser letrado, um adulto
que não sabe ler e escrever, mas que vive em um meio em que a leitura e a escrita
são significantes e interessa-se em ouvir a leitura feita por um alfabetizado, faz uso
da escrita e envolve-se nas práticas sociais de leitura e de escrita, é de certa forma
letrado. Assim, como uma criança que ainda não foi alfabetizada e brinca de
escrever, ouve histórias, está cercada de material escrito, percebe o uso da escrita e
sua função, mesmo que ainda não alfabetizada esta criança já está inserida no
mundo do letramento (SOARES, 2009).
Nos tornamos humanos nas relações com os outros, somos seres sociais e
como tal, somente na interação adquirimos a condição de homem, portanto, as
atividades inerentes de tal condição só serão desenvolvidas a partir das relações
sociais. Tomando isso como verdade, as autoras afirmam que as características
humanas das crianças são desenvolvidas pelo meio em que se encontram e a
qualidade das relações sociais no que estão inseridas, sendo o meio cultural um
condicional desse desenvolvimento.
Franco e Martins (2021) afirmam que não se pode esperar que um método
em que se faça a correspondência grafo-fonêmica dê conta do processo de
alfabetização, já que a palavra tem mais do que a face fonética, para que a
alfabetização seja eficaz, ela tem que conseguir contemplar também a face
semântica da palavra.
As autoras dizem ainda que, a partir do momento em que a criança inicia seu
processo de entendimento da função da palavra, ela busca pela compreensão da
função social dos objetos do seu entorno, passando para o cruzamento entre
linguagem e o pensamento; entendendo o estado ideativo das palavras; dominando
seus signos; partindo para a abstração e generalização da mesma.
51
As autoras ainda destacam que a língua oral está relacionada com a língua
escrita, elas, as autoras, no entanto, deixam claro que a segunda não é uma
transposição direta da primeira, pois deve-se lembrar que cada uma possui suas
especificidades.
Sobre isso, Corsino (2006) afirma que a criança constrói seu conhecimento
na singularidade, de modo único, não há uma forma padrão, suas interações com o
mundo contribuem para que essa de forma única aprenda. Isso exige um olhar
sensível do professor para que possa identificar o que as crianças estão significando
do mundo a partir dessas interações, conhecendo seus interesses, o que está sendo
aprendido e os elementos culturais do grupo ao qual essa está inserida.
Nesse processo não se pode esquecer que as crianças são ativas, elas
participam e intervêm na sua aprendizagem, e assim elas significam, desconstruí e
reconstruí o mundo. Nesse sentido, diante da forma única de cada indivíduo ver o
mundo e de estar nele, a criança constrói sua subjetividade, não deixando de ser
coletiva pois essa está inserida num período histórico e num espaço social
(CORSINO, 2006).
Corsino (2006), em sua análise sobre Vygotsky, afirma que para o autor há
um forte elo entre aprendizagem e a formação de conceitos. Categorizando os
conceitos em espontâneos e científicos, onde o primeiro é construído, pela criança,
cotidianamente por meio da ação, experimentação e observação na e da realidade.
Já o segundo é construído por meio das formas de ensino-aprendizagem.
Nessas categorias de conceitos é perceptível que por mais que a criança seja
capaz de operar com várias palavras ela não é capaz de defini-las, pois não tem
consciência do próprio pensamento. Para isso ela, a criança, precisa passar por um
processo de desconstrução e reconstrução do conhecimento adquirido. Assim
desenvolvendo-o, transferindo do plano da ação ao da linguagem, recriando-o na
imaginação (CORSINO, 2006).
É possível notar que para a criança entrevistada, citada pela autora, na fase
de alfabetização, o som está diretamente associado à escrita, a criança entendeu
que se escreve do mesmo modo que se escuta, assim as palavras correspondem à
representação dos sons da fala.
Nosso cérebro nos permite armazenar informações que são recuperadas por
meio da memória. O acesso dessas informações ocorre por estímulos auditivos,
táteis, visuais, gustativos e olfativos. A memória pode ainda ser classificada como
explícita e implícita ou, pelo tempo em que fica armazenada, sendo, memória de
trabalho, memória curta e de longa duração (ADÃO, 2013).
informações que se tornam em aprendizado, e esse que, por fim, transforma-se nas
memórias.
Em uma turma, onde todos os alunos têm seu sistema auditivo periférico
preservado, supõe-se que ninguém tenha dificuldades auditivas que interfiram no
processo de aprendizagem, já que muitas vezes até elimina-se deficiências auditivas
quando as vias externas, média e interna da orelha estão preservadas.
Quanto à habilidade de leitura, a ANA 2014 revela que 56,17% dos alunos
avaliados ainda estavam em nível insuficiente de leitura, sendo que 22,21% das
crianças liam apenas palavras isoladas e se encontravam no nível 1, esta escala de
proficiência conta com 4 níveis. Não houve mudança na avaliação de 2016, onde
notou-se que 54,73% dos alunos ainda estavam em nível insuficiente de leitura e
21,74% se encontravam no nível 1.
Sobre isso, Oliveira (2017) afirma que diante do fato da leitura está mais
relacionada com a linguagem oral do que a escrita é notável que a maior dificuldade
dos alunos se encontra no desenvolvimento dessa. Assim, existem mais crianças no
nível de proficiência satisfatório em escrita do que no nível de proficiência
satisfatório em leitura.
A criança com o TPAC que possui problema para decodificação, muitas vezes
possuem um vocabulário restrito e trocas de letras na escrita devido à sua
dificuldade de reconhecimento sonoro.
Quando a codificação, Stampa (2015) afirma que na criança com TPAC que,
à possui, é comum encontrar dificuldade de compreensão da linguagem oral e
escrita, distração e disgrafia, sendo difícil a formulação linguística.
Para esses alunos, é importante ser ofertando estímulos visuais que permitam
a complementação aos estímulos acústicos e facilitem o processo de aprendizagem
60
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. 26. ed. São Paulo: Cortez,
2011.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 12. ed. Rio de Janeiro, Paz na Terra, 1979.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro, Paz na Terra,
1987.
SOARES, Magda. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São
Paulo: Contexto, 2020.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
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