Ciclo Vital e Variações

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HISTÓRIA

• Unanimidade entre os terapeutas familiares de


diferentes linhas;

• Permite a ideia de retorno e perenidade – descrição da


família ao longo do tempo;

• São ciclos padrão que ao mesmo tempo são singulares.


O CICLO VITAL FAMILIAR

• É como um ser vivo que, assim como a pessoa


individualmente, passa por um processo de crescimento
para atingir níveis de maturidade;

• A família enfrenta diferentes estágios;

• Cada um deles com uma complexidade de papéis;


• O sistema familiar, ao longo de seu ciclo vital,
enfrenta estressores verticais e horizontais
(Carter & McGoldrick, 2001).

• O eixo vertical diz respeito aos padrões de


relacionamento e funcionamento que são transmitidos
transgeracionalmente (ex: atitudes, experiências, tabus,
rótulos, questões opressivas familiares, etc).

• Já o eixo horizontal está relacionado às questões


desenvolvimentais, tanto aos eventos predizíveis
(casamento, nascimento dos filhos, entrada dos filhos
na escola...), como aos impredizíveis (morte prematura,
nascimento de criança deficiente, guerra, acidentes em
geral....)
ESTRESSORES VERTICAIS

NÍVEIS DO SISTEMA Padrões, mitos, segredos e legados


1. Social, cultural, político

2. Comunidade, colegas de trabalho

3. Família ampliada

4. Família nuclear

5. Indivíduo

ESTRESSORES HORIZONTAIS

1. Desenvolvimentais

2. Impredizíveis
ESTÁGIOS DO CICLO VITAL
FAMILIAR

• Saindo de casa: jovens solteiros

• A união de famílias no casamento: o novo casal

• Famílias com filhos pequenos

• Famílias com adolescentes

• Lançando os filhos e seguindo em frente

• Famílias no estágio tardio da vida.


SAINDO DE CASA: JOVENS
SOLTEIROS
• Objetivos da transição: separação / independência;
• Fatores individuais: resolução das tarefas do estágio
adolescente;
• Fatores do sistema familiar: capacidade de tolerar a
ambigüidade na identidade profissional dos filhos adultos e
aceitar a variação das ligações emocionais e dos estilos de
vida fora da família imediata;
• Tarefas necessárias: permitir ao jovem separar-se da família
e não o chamar de volta cada vez que há crise.
A UNIÃO DE FAMÍLIAS NO CASAMENTO:
O NOVO CASAL

• União de dois sistemas complexos;


• Renegociação por parte dos cônjuges de questões
individuais advindas de suas famílias de origem;
• Objetivos da transição: envolvimento emocional no novo
sistema;
• Tarefas necessárias: aceitação do esposo(a) como
membro da família reequilibrar o relacionamento
aceitando a privacidade do casal.
FAMÍLIAS COM FILHOS PEQUENOS

PRINCIPAL TAREFA

ACEITAR NOVOS
MEMBROS NO SISTEMA
FAMÍLIAS COM FILHOS PEQUENOS

• Ajustar o sistema conjugal para criar espaço para os filhos

• Unir-se nas tarefas de educação dos filhos, nas tarefas


financeiras e domésticas

• Realinhamento dos relacionamentos com a família


ampliada para incluir os papéis de pais e avós
FAMÍLIAS COM FILHOS ADOLESCENTES

PRINCIPAL TAREFA

Aumentar a flexibilidade das


fronteiras familiares para
incluir a independência dos
filhos e a fragilidade dos avós
• Modificar os relacionamentos progenitor-filho para permitir
ao adolescente movimentar-se para dentro e para fora dos
sistema;
• Novo foco nas questões conjugais e profissionais do meio da
vida;
• Começar a mudança no sentido de cuidar da geração mais
velha;
• A transição da infância para a adolescência assinala uma
perda para a família - a perda da criança. Os pais podem
sentir um vazio, por não serem mais tão necessários nos
cuidados com o filho adolescente;
• A palavra-chave nessa etapa do ciclo vital é FLEXIBILIDADE. É
necessário aumentar a flexibilidade das fronteiras familiares
e modular a autoridade parental.
LANÇANDO OS FILHOS E SEGUINDO EM
FRENTE: FASE DO “NINHO VAZIO”
LANÇANDO OS FILHOS E SEGUINDO EM
FRENTE: FASE DO “NINHO VAZIO”

• Aceitação da flutuação de entradas e saídas no


sistema familiar;
• Reajustamentos no subsistema conjugal;
• Renegociar o sistema conjugal como díade;
• Negociar relacionamento com os filhos como adultos
(1a fase);
• Expandir os relacionamentos familiares para incluir
parentes por afinidades e netos;
• Rever as oportunidades do mundo externo fora da
família (tempo, espaço, dinheiro) e resolver
relacionamentos com pais que estão envelhecendo.
• A família nuclear deve, gradativamente, ir deixando para
trás o controle e o poder ;

• Os pais continuam capazes de orientar os filhos, embora


numa situação menos protetora e de maior distância ;

• Relação pais e filhos mais igualitária na medida em que


estes já adquiriram status de adulto .
FAMÍLIAS NO ESTÁGIO TARDIO DA
VIDA: VELHICE
FAMÍLIAS NO ESTÁGIO TARDIO DA
VIDA: VELHICE

• Aceitação de maior dependência dos filhos;


• Manter o casal ou a pessoa idosa funcionando de acordo
com essa fase (ajustamento às perdas, reorientação e
reorganização, envolvendo a aposentadoria, viuvez,
condição de avós e doenças); aceitar a dependência do
idoso sem superproteção e enfrentar perdas ou a morte
incluindo a própria.
VARIAÇÕES NO CICLO DE VIDA
FAMILIAR

• Divórcio
• Pós- divórcio
• Ninho cheio
• Famílias em situação de pobreza
• Gravidez na adolescência
DIVÓRCIO

• Afetam várias gerações concomitantemente vários


momentos do ciclo vital;
• Manutenção da vida familiar pós-divórcio se dará pela
manutenção da parentalidade de ambos os pais;
• Permeado por stress envolvendo as gerações dos pais,
filhos e avós e a própria rede social;
• Necessita de apoio da sociedade para reintegração;
• Há ecos e ressonâncias em vários âmbitos das relações
familiares, em que o divórcio está associado à quebra
da ética e da confiança. Como exemplo, ex-cônjuges
podem se tornar pais agressivos e ameaçadores à
saúde psíquica e emocional de seus filhos,
especialmente se são crianças ou adolescentes.
• Vejamos o depoimento de uma criança, com o nome
fictício de Pedro, com 10 anos de idade, em família
pós-divorciada:
• “...eles se odeiam tanto que tenho medo...sabe, um dia
eles falaram para mim que se adoravam...então agora
eles quase se matam...daí...que um dia meus pais
podem me odiar também desse jeito, né?...” (2006)
Outro depoimento de uma
adolescente de 16 anos, na
mesma situação familiar:

“...meu pai disse que não admite que


minha mãe tenha a mesma casa e
conforto e que coma da mesma comida
que nós, os filhos...então ele fará tudo
que puder para destruir minha
mãe...ficamos filhos de pai rico e de mãe
pobre...e ele diz que quem quiser vida
melhor que vá morar com ele...ele fala
que minha mãe tem que se virar...mas ela
ficou 20 anos sendo dona de casa...como
ela vai se virar de repente na vida
profissional?...ela não sabe nada da
nossa empresa familiar...” (2007)
SEGUNDO PECK E MANOCHERIAN
(1995/1989) CINCO ESTÁGIOS:

• 1- decisão de cada membro do casal em divorciar-se;


• 2- planejamento da separação e a comunicação às
familias;
• 3- o divórcio propriamente dito – rompimento da família e
da rede social;
• 4- o pós divórcio; novas fronteiras entre o ex-casal, os
pais e filhos e suas familias de origem;
• 5- a família resolve as tarefas desenvolvimentais do
momento do ciclo de vida e se reestabiliza.
PÓS-DIVÓRCIO

Três formas de arranjo familiar:

•Família monoparental;
•Ex-conjugue solteiro: dinheiro aparece como bode
expiatório, progenitor solteiro reconstitui sua rede de
amizades;
•Família reconstituída ou recasada.
NINHO CHEIO

• Fenômeno de caráter mundial (EUA, Itália, Brasil);

• Rituais de inserção no mundo adulto estão confusos;

• Fenômeno típico da classe média;

• Causas explicativas: sociais e psicológicas:


– Sociais: dificuldade dos jovens para entrar no mercado de
trabalho; desemprego;
– Realidade brasileira: preocupação econômica da família
intensificada;
– Prolongamento da vida estudantil.
– Psicológicas: dinâmica da relação familiar (depressão, alcoolismo,
desajustes conjugais)
• Crise de emancipação do adulto jovem-três
síndromes:

– a crise do ninho acolhedor: o adulto jovem


permanece no lar, sem emancipar-se, e seus pais se
sentem cômodos com isso;
– o ninho abarrotado: o adulto jovem fica em casa
sem emancipar-se porém, seus pais se sentem
incomodados;
– os “vôos fatais”: o adulto jovem faz de sua
emancipação um desastre mas, não quer voltar ao
lar. (Pittman, 1990)
• Padrões Intergeracionais: emaranhamento,
rompimento e triangulação.

– Emaranhamento: superenvolvimento emocional entre


o adulto jovem e sua família de origem prejudicando
sua emancipação.
– Rompimento: extremo desligamento e distância a
ponto de não haver nenhum envolvimento.
– Triangulação: se dá quando dois membros do sistema
familiar são excessivamente próximos e um terceiro é
extremamente distante (Carter e McGoldrick, 2001).
FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE
PROBREZA

• São multiproblemáticas;
• Instávéis com maior
dificuldade de atender as
demandas desenvolvimentais
de seus membros;
• Observar se existe algum
padrão familiar que mantém a
família nesta condição;
• Ansiedade mais intensa já que
vivem um stress permanente;
FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE
PROBREZA
• A tarefa de criar o filhos se expande para a grande
família, as famílias convivem entre várias gerações no
mesmo domicílio e as crianças circulam;
• As transições nem sempre são bem dilineadas –
demarcação confusa de papéis;
• Crises vitais imprevisíveis;
• Seus membros frequentemente tem que assumir
papéis para os quais não estão preparados;
FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE
PROBREZA

• Dependência acentuada das instituições


governamentais para satisfazer necessidades básicas;
• Maioria são famílias monoparentais chefiadas por
mulheres e pela família ampliada (Hines, 1995,1989).
• Três estágios: adolescência (adulto jovem); famílias com
filhos e família no estágio tardio de vida.
A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

• Devem assumir um novo papel


de pai o mãe sem a
independização – sobreposição
de estágios;
• Na adolescência alteração no
desempenho escolar;
• Interrupção pelo aborto;
• Frequentemente torna-se avó
muito cedo;
• Frequentemente o pai não
assume responsabilidade pela
paternidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Carter, B.; McGoldrick, M. (2001). As Mudanças no ciclo de vida familiar. 2 ed. Porto
Alegre: Artmed.

• Cerveny, C. M. O., Berthoud, C. M. E. e cols. (1997). Família e ciclo vital: Nossa


realidade em pesquisa. São Paulo: Casa do Psicólogo.

• Eizirik, C. L.; Kapczinski, F.; Bassols, A. M. S. (2001). O ciclo da vida humana: uma
perspectiva dinâmica.Porto Alegre: Artmed.

• González, J. A. R. (1994). Manual de orientación y terapia familiar. Madrid: Fundación


Instituto de Ciencias del Hombre.

• Pittman, F. (1990). Momentos decisivos: Tratamiento de familias em situaciones de


crisis. Buenos Aires: Paidos.

• Settersten, R. A. (1998). A time to leave home and a time never to return? Age
constraints um the living arrangementes of Young adults. Social Forces, 76, (4), p. 1373-
1400.

• Aun et all (2007) Atendimento sistêmico de famílias e redes sociais – Tomo II Belo
Horizonte: Ophicina de Arte e , 2007.

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