BOLETIM de Jurisprudencia NOVEMBRO
BOLETIM de Jurisprudencia NOVEMBRO
BOLETIM de Jurisprudencia NOVEMBRO
BOLETIM DE
JURISPRUDÊNCIA
TRIBUNAL DO JÚRI
➢ PRIMEIRA TURMA................................................................................................... 2
➢ PRIMEIRA CÂMARA................................................................................................. 7
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1 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
➢ PRIMEIRA TURMA
Ementa: Processual penal. Recurso ordinário em habeas corpus. Tribunal do júri. Nulidade. Preclusão. Pre-
juízo. Demonstração. necessidade. Fatos e provas. Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 1. Esta Corte
tem orientação no sentido de que “[o] reconhecimento de nulidade processual pressupõe a sua arguição na pri-
meira oportunidade apresentada à defesa, sob pena de preclusão. Precedente: HC 209.753-AgR, Rel. Min. Edson
Fachin. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que “não haverá declaração de nulidade
quando não demonstrado o efetivo prejuízo causado à parte (pas de nullité sans grief) (HC 180.657, Rel. Min.
Alexandre de Moraes). Ainda: a “demonstração de prejuízo, de acordo com o art. 563 do CPP, é essencial à
alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta” (RHC 122.467, Rel. Min. Ricardo Lewandowski). 3. Assim
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como consta no parecer do Ministério Público Federal, para que se concluísse “pela ocorrência do efetivo prejuízo
resultante da atuação da defesa técnica, no caso concreto, no entanto, haveria a necessidade de profundo reexame
de matéria fático-probatório, o qual é incompatível com via eleita que exige prova pré-constituída e não permite
dilação probatória”. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(RHC 219584 AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 03/11/2022, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-234 DIVULG 18-11-2022 PUBLIC 21-11-2022)
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➢ SEGUNDA TURMA
EMENTA AGRAVO INTERNO EM HABEAS CORPUS. JÚRI. ABSOLVIÇÃO PELO QUESITO GE-
NÉRICO. DETERMINAÇÃO DE NOVO JULGAMENTO COM BASE NO ART. 593, III, DO CÓDIGO
DE PROCESSO PENAL. AFRONTA À SOBERANIA DOS VEREDICTOS. CONFIGURAÇÃO. ORDEM
CONCEDIDA. 1. A absolvição pelo Tribunal do júri em razão do quesito genérico não pode ser impugnada com
fundamento no art. 593, III, “d”, do Código de Processo Penal, em razão de constituir afronta à soberania dos
veredictos. 2. Agravo interno desprovido.
(HC 216973 AgR, Relator(a): NUNES MARQUES, Segunda Turma, julgado em 10/10/2022, PROCESSO ELE-
TRÔNICO DJe-233 DIVULG 17-11-2022 PUBLIC 18-11-2022)
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2 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
➢ SEXTA TURMA
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2. A decisão interlocutória de pronúncia é um mero juízo de admissibilidade da acusação, em que não é exigida,
neste momento processual, prova incontroversa da autoria do delito, pois bastam a existência de indícios suficien-
tes de que o réu seja seu autor e a certeza quanto à materialidade do crime.
3. A jurisprudência desta Turma proclama que não se configura o alegado excesso de linguagem quando, por
ocasião da prolação da decisão de pronúncia, o magistrado se refere às provas constantes dos autos para verificar
a ocorrência da materialidade e a presença de indícios suficientes de autoria, aptos a ensejar o julgamento do feito
pelo Tribunal do Júri.
4. A Corte estadual não proferiu juízo peremptório acerca dos fatos pelos quais o acusado foi pronunciado, uma
vez que utiliza termos hipotéticos que indica juízo de plausibilidade a fim de justificar a impossibilidade de absol-
vição sumária.
5. Verificado que há indícios de autoria e que as qualificadoras não se mostram manifestamente improcedentes ou
descabidas, pois baseadas em provas do processo, devidamente apontadas pelas instâncias a quo, compete ao
Conselho de Sentença o julgamento do feito, sob pena de usurpação da competência do Tribunal do Júri.
6. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp n. 2.154.116/RN, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 22/11/2022,
DJe de 29/11/2022.)
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3 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO
➢ PRIMEIRA CÂMARA
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(N.U 1001172-38.2020.8.11.0046, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 22/11/2022, Publicado no DJE 25/11/2022)
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(N.U 1002279-61.2022.8.11.0042, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, MARCOS MACHADO, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 22/11/2022, Publicado no DJE 25/11/2022)
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SIVA – PRELIMINAR – CERCEAMENTO DE DEFESA – IMPOSSIBILIDADE - MATÉRIA NÃO SUS-
CITADA NAS ALEGAÇÕES FINAIS - PRECLUSÃO – MÉRITO - PLEITO DE DECOTE DAS QUALIFI-
CADORAS – IMPROCEDÊNCIA – CONJUNTO PROBATÓRIO QUE AUTORIZA A MANUTENÇÃO
DAS QUALIFICADORAS - RECURSO NÃO PROVIDO.
O artigo 571, inciso I, do CPP, determina que: “As nulidades deverão ser arguidas: as da instrução criminal dos
processos da competência do júri, nos prazos a que se refere o artigo 406”.
O decote das qualificadoras, na fase de pronúncia, só é permitido se as provas orais e documentais apontem para
a manifesta improcedência, pois compete ao Tribunal do Júri a inteireza da acusação.
(N.U 0005637-73.2008.8.11.0064, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 22/11/2022, Publicado no DJE 25/11/2022)
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POSSIBILIDADE – INVIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE ELEMENTOS INFORMATIVOS PRODU-
ZIDOS APENAS NO INQUÉRITO POLICIAL PARA SUBMETER UM ACUSADO A JULGAMENTO PE-
RANTE O TRIBUNAL DO JÚRI – AUSÊNCIA DE QUALQUER CONFIRMAÇÃO EM JUÍZO – PRECE-
DENTES DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – EXTENSÃO DOS EFEITOS AO CORRÉU QUE
NÃO INTERPÔS RECURSO – DETERMINAÇÃO DO ART. 580 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
– RECURSO PROVIDO EM DESCONFORMIDADE COM O PARECER MINISTERIAL.Segundo a juris-
prudência do Superior Tribunal de Justiça, “É ilegal a sentença de pronúncia baseada, unicamente, em testemunhos
colhidos no inquérito policial, de acordo com o art. 155 do Código de Processo Penal - CPP e, indiretos - de ouvir
dizer (hearsay) -, por não se constituírem em fundamentos idôneos para a submissão da acusação ao Plenário do
Tribunal do Júri” (HC n. 746.873/GO, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 27/9/2022,
DJe de 30/9/2022). “Esta Corte Superior possui entendimento de que a pronúncia não pode se fundamentar
exclusivamente em elementos colhidos durante o inquérito policial, nem em depoimentos testemunhais indiretos,
como no presente caso. Assim sendo, os testemunhos indiretos não autorizam a pronúncia, porque são meros
depoimentos de "ouvir dizer" - ou hearsay, na expressão de língua inglesa -, que não têm a força necessária para
submeter um indivíduo ao julgamento popular” (AgRg no HC n. 751.046/RS, relator Ministro Ribeiro Dantas,
Quinta Turma, julgado em 16/8/2022, DJe de 22/8/2022). Nos termos do art. 580 do Código de Processo Penal,
a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente
pessoal, aproveitará aos outros agentes.
(N.U 0011132-67.2008.8.11.0042, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
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uma delas pelo Conselho de Sentença, não é possível a cassação da decisão, por força do princípio constitucional
da soberania dos vereditos (artigo 5.º, inciso XXXVIII, alínea ‘c’, da Constituição Federal). Intelecção do Enunci-
ado Orientativo n.º 13 da TCCR do TJMT.” (AP NU 0000953-16.2011.8.11.0092).
(N.U 1000632-65.2020.8.11.0021, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, MARCOS MACHADO, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – ART. 121, § 2°, INCISOS II, IV E VI, § 2º-A, INCISO I, C/C
ARTIGO 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL – PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, DES-
PRONÚNCIA OU DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL – INVIABILIDADE – CONJUNTO
PROBATÓRIO QUE INDICA A CONDUTA DOLOSA DO AGENTE – AUSÊNCIA DE ANIMUS NE-
CANDI OU DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA NÃO EVIDENCIADA NAS PROVAS AMEALHADAS – DE-
COTE DAS QUALIFICADORAS INVIÁVEL – INEXISTÊNCIA DE MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA –
RECURSO DESPROVIDO EM CONSONÂNCIA COM O PARECER MINISTERIAL.
A existência de fortes indícios da autoria delitiva inviabiliza a absolvição sumária ou a despronúncia do acusado,
que, por deferência constitucional, deve ser submetido ao Conselho de Sentença, onde a defesa poderá apresentar
todas as teses que tenham pertinência com a imputação penal.
“Só se legitima o reconhecimento da desistência voluntária quando existentes nos autos provas seguras e inequí-
vocas de que o acusado desistiu voluntariamente de sua ação delitiva, hipótese esta que não se vislumbra no caso
em exame” (TJMG - Rec em Sentido Estrito 1.0338.16.002154-3/001).
A desclassificação só é admitida nos casos em que está fartamente demonstrado que o agente agiu sem a intenção
de matar, com o propósito de cometer crime diverso daquele descrito na peça acusatória. caso contrário, cabe ao
tribunal popular avaliar o caso.
“O homicídio motivado, em tese, por ciúmes pode caracterizar futilidade (STJ, REsp nº 1743740/MG), razão pela
qual “cabe ao Conselho de Sentença analisar se o contexto trazido aos autos autoriza a qualificação do ciúme como
motivo fútil”” (TJ/MT, N.U 1011042-17.2021.8.11.0000).
A qualificadora do art. 121, § 2°, inciso IV, do Código Penal, deve ser preservada quando as provas indicam que o
acusado agiu de maneira insidiosa e criou situação que era imprevisível para a vítima, de modo que ela se viu
impossibilitada de oferecer resistência.
“A jurisprudência desta Corte de Justiça firmou o entendimento segundo o qual o feminicídio possui natureza
objetiva, pois incide nos crimes praticados contra a mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o
crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto
de análise” (STJ, AgRg no AREsp n. 1.454.781/SP).
O feminicidio tem natureza objetiva, o que permite sua coexistência com outras circunstâncias que qualificam o
crime de homicídio.
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“Somente se admite a exclusão das qualificadoras na pronúncia quando manifestamente improcedentes, sob pena
de se suprimir a competência constitucional do tribunal do júri” (incidente de uniformização de jurisprudência nº
101532/2015, disponibilizado no dje edição nº 9998, de 11/04/2017, publicado em 12/04/2017).
(N.U 1023762-41.2020.8.11.0003, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, ORLANDO DE ALMEIDA PERRI,
Primeira Câmara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 20/11/2022)
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AUTORIA DE CRIME DE FEMINICÍDIO TENTADO – CONJUNTO PROBATÓRIO QUE AUTORIZA
A PRONÚNCIA – TESE DE DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA NÃO COMPROVADA NOS AUTOS – AVA-
LIAÇÃO DO DOLO DO AGENTE – COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE SENTENÇA – RECURSO
NÃO PROVIDO EM CONSONÂNCIA COM O PARECER MINISTERIAL.
A decisão de pronúncia é ato de natureza provisória, onde se realiza mero juízo de admissibilidade da acusação,
não se exigindo o juízo de certeza necessário para a condenação, porquanto estando a materialidade demonstrada
e evidenciando-se prova indiciária da autoria o julgador singular determina que o acusado seja submetido a julga-
mento perante o Tribunal do Júri.
“A tese de desclassificação do delito em virtude da desistência voluntária não merece prosperar, uma vez que,
havendo indícios de que o recorrente agiu com animus necandi, é da competência dos jurados a deliberação acerca
da existência ou não de dolo do agente” (TJMG - Rec. em Sentido Estrito 1.0024.14.289981-4/001, Relator(a):
Des.(a) Jaubert Carneiro Jaques , 6ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/10/2021, publicação da súmula
em 08/10/2021)
(N.U 0031855-24.2019.8.11.0042, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – ART. 121, § 2°, INCISOS II, IV E VI, § 2º-A, INCISO I, C/C
ARTIGO 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL – PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, DES-
PRONÚNCIA OU DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL – INVIABILIDADE – CONJUNTO
PROBATÓRIO QUE INDICA A CONDUTA DOLOSA DO AGENTE – AUSÊNCIA DE ANIMUS NE-
CANDI OU DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA NÃO EVIDENCIADA NAS PROVAS AMEALHADAS – DE-
COTE DAS QUALIFICADORAS INVIÁVEL – INEXISTÊNCIA DE MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA –
RECURSO DESPROVIDO EM CONSONÂNCIA COM O PARECER MINISTERIAL.
A existência de fortes indícios da autoria delitiva inviabiliza a absolvição sumária ou a despronúncia do acusado,
que, por deferência constitucional, deve ser submetido ao Conselho de Sentença, onde a defesa poderá apresentar
todas as teses que tenham pertinência com a imputação penal.
“Só se legitima o reconhecimento da desistência voluntária quando existentes nos autos provas seguras e inequí-
vocas de que o acusado desistiu voluntariamente de sua ação delitiva, hipótese esta que não se vislumbra no caso
em exame” (TJMG - Rec em Sentido Estrito 1.0338.16.002154-3/001).
A desclassificação só é admitida nos casos em que está fartamente demonstrado que o agente agiu sem a intenção
de matar, com o propósito de cometer crime diverso daquele descrito na peça acusatória. caso contrário, cabe ao
tribunal popular avaliar o caso.
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“O homicídio motivado, em tese, por ciúmes pode caracterizar futilidade (STJ, REsp nº 1743740/MG), razão pela
qual “cabe ao Conselho de Sentença analisar se o contexto trazido aos autos autoriza a qualificação do ciúme como
motivo fútil”” (TJ/MT, N.U 1011042-17.2021.8.11.0000).
A qualificadora do art. 121, § 2°, inciso IV, do Código Penal, deve ser preservada quando as provas indicam que o
acusado agiu de maneira insidiosa e criou situação que era imprevisível para a vítima, de modo que ela se viu
impossibilitada de oferecer resistência.
“A jurisprudência desta Corte de Justiça firmou o entendimento segundo o qual o feminicídio possui natureza
objetiva, pois incide nos crimes praticados contra a mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o
crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto
de análise” (STJ, AgRg no AREsp n. 1.454.781/SP).
O feminicidio tem natureza objetiva, o que permite sua coexistência com outras circunstâncias que qualificam o
crime de homicídio.
“Somente se admite a exclusão das qualificadoras na pronúncia quando manifestamente improcedentes, sob pena
de se suprimir a competência constitucional do tribunal do júri” (incidente de uniformização de jurisprudência nº
101532/2015, disponibilizado no dje edição nº 9998, de 11/04/2017, publicado em 12/04/2017).
(N.U 1023762-41.2020.8.11.0003, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, ORLANDO DE ALMEIDA PERRI,
Primeira Câmara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 20/11/2022)
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têm a força necessária para submeter um indivíduo ao julgamento popular” (AgRg no HC n. 751.046/RS, relator
Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 16/8/2022, DJe de 22/8/2022). Nos termos do art. 580 do
Código de Processo Penal, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam
de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros agentes.
(N.U 0011132-67.2008.8.11.0042, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
APELAÇÃO CRIMINAL – ART. 121, § 2º, INCISOS I E IV, DO CÓDIGO PENAL – VEREDITO
CONDENATÓRIO – IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA – NULIDADES REJEITADAS – CONTRARIE-
DADE À PROVA DOS AUTOS IDENTIFICADA NO CASO CONCRETO – NOVO JULGAMENTO IM-
POSITIVO – DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE NEGADO AO RÉU EM JULGAMENTO AN-
TERIOR – REITERAÇÃO DOS ARGUMENTOS SUSTADOS NO HABEAS CORPUS – RECURSO PRO-
VIDO.
“A não interposição de recurso, voluntário por sua própria natureza, não implica, por si só, em ausência de defesa
técnica, afastando, assim a alegação de nulidade" [...] (STJ, AgRg no HC 694.209/SC).
“Não há falar em nulidade por deficiência de defesa técnica, em razão da mera discordância do atual advogado do
réu com o causídico que o precedeu, sobretudo quando os documentos dos autos apontam que o patrono anterior
desempenhou de forma efetiva suas funções” (STJ, RHC n. 137.890/CE).
“O artigo 571, I, do CPP, estabelece que as nulidades ocorridas na fase da instrução, nos processos de competência
do Tribunal do Júri, devem ser suscitadas até as alegações finais, antes do fim da 1ª etapa do procedimento, havendo
preclusão quando a arguição acontece apenas após a chamada preclusão pro judicato, ou seja, depois da solução
definitiva sobre a pronúncia” (STJ, AgRg no HC n. 705.762/SP).
(N.U 0004477-42.2019.8.11.0059, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, ORLANDO DE ALMEIDA PERRI,
Primeira Câmara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
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A decisão de pronúncia é ato de natureza provisória, onde se realiza mero juízo de admissibilidade da acusação,
não se exigindo o juízo de certeza necessário para a condenação, porquanto estando a materialidade demonstrada
e evidenciando-se prova indiciária da autoria o julgador singular determina que o acusado seja submetido a julga-
mento perante o Tribunal do Júri.
“A tese de desclassificação do delito em virtude da desistência voluntária não merece prosperar, uma vez que,
havendo indícios de que o recorrente agiu com animus necandi, é da competência dos jurados a deliberação acerca
da existência ou não de dolo do agente” (TJMG - Rec. em Sentido Estrito 1.0024.14.289981-4/001, Relator(a):
Des.(a) Jaubert Carneiro Jaques , 6ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/10/2021, publicação da súmula
em 08/10/2021)
(N.U 0031855-24.2019.8.11.0042, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
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natural da causa, sobre questão controvertida sobre os fatos narrados na denúncia, principalmente se originada de
desentendimento anterior ao crime, se houver indícios de que a desinteligência iniciou-se por motivo de somenos
importância.” (TJMT, RSE nº 137979/2017)
“Somente se admite a exclusão das qualificadoras na pronúncia quando manifestamente improcedentes, sob pena
de se suprimir a competência constitucional do Tribunal do Júri” (TJMT, Enunciado Criminal 2).
(N.U 0000980-74.2008.8.11.0101, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, MARCOS MACHADO, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 25/11/2022)
APELAÇÃO CRIMINAL – ART. 121, § 2º, INCISOS I E IV, DO CÓDIGO PENAL – VEREDITO
CONDENATÓRIO – IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA – NULIDADES REJEITADAS – CONTRARIE-
DADE À PROVA DOS AUTOS IDENTIFICADA NO CASO CONCRETO – NOVO JULGAMENTO IM-
POSITIVO – DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE NEGADO AO RÉU EM JULGAMENTO AN-
TERIOR – REITERAÇÃO DOS ARGUMENTOS SUSTADOS NO HABEAS CORPUS – RECURSO PRO-
VIDO.
“A não interposição de recurso, voluntário por sua própria natureza, não implica, por si só, em ausência de defesa
técnica, afastando, assim a alegação de nulidade" [...] (STJ, AgRg no HC 694.209/SC).
“Não há falar em nulidade por deficiência de defesa técnica, em razão da mera discordância do atual advogado do
réu com o causídico que o precedeu, sobretudo quando os documentos dos autos apontam que o patrono anterior
desempenhou de forma efetiva suas funções” (STJ, RHC n. 137.890/CE).
“O artigo 571, I, do CPP, estabelece que as nulidades ocorridas na fase da instrução, nos processos de competência
do Tribunal do Júri, devem ser suscitadas até as alegações finais, antes do fim da 1ª etapa do procedimento, havendo
preclusão quando a arguição acontece apenas após a chamada preclusão pro judicato, ou seja, depois da solução
definitiva sobre a pronúncia” (STJ, AgRg no HC n. 705.762/SP).
(N.U 0004477-42.2019.8.11.0059, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, ORLANDO DE ALMEIDA PERRI,
Primeira Câmara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
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A PRONÚNCIA – TESE DE DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA NÃO COMPROVADA NOS AUTOS – AVA-
LIAÇÃO DO DOLO DO AGENTE – COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE SENTENÇA – RECURSO
NÃO PROVIDO EM CONSONÂNCIA COM O PARECER MINISTERIAL.
A decisão de pronúncia é ato de natureza provisória, onde se realiza mero juízo de admissibilidade da acusação,
não se exigindo o juízo de certeza necessário para a condenação, porquanto estando a materialidade demonstrada
e evidenciando-se prova indiciária da autoria o julgador singular determina que o acusado seja submetido a julga-
mento perante o Tribunal do Júri.
“A tese de desclassificação do delito em virtude da desistência voluntária não merece prosperar, uma vez que,
havendo indícios de que o recorrente agiu com animus necandi, é da competência dos jurados a deliberação acerca
da existência ou não de dolo do agente” (TJMG - Rec. em Sentido Estrito 1.0024.14.289981-4/001, Relator(a):
Des.(a) Jaubert Carneiro Jaques , 6ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/10/2021, publicação da súmula
em 08/10/2021)
(N.U 0031855-24.2019.8.11.0042, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
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ÇÃO INTEGRAL – AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA – POSSIBILIDADE – DOSIMETRIA REAJUS-
TADA – PENA REDUZIDA – RECURSO MINISTERIAL NÃO PROVIDO – RECURSO DEFENSIVO
PROVIDO.
Nos casos de competência do Tribunal do Júri, considerando a dificuldade de se precisar a imprescindibilidade da
confissão para a formação do juízo condenatório, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no
sentido de que para o reconhecimento da atenuante da confissão, basta que o tema tenha sido debatido em plenário
ou suscitado pelo réu em seu interrogatório.
É devida a compensação integral entre a agravante da reincidência e a atenuante da confissão espontânea, ainda
que a última tenha sido parcial ou qualificada.
(N.U 1001362-75.2021.8.11.0010, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 15/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
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DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO – pronúncia – AUSÊNCIA DE DOLO PARA A PRONÚN-
CIA; MOTIVAÇÃO FÚTIL NÃO COMPROVADA; DISPARO NAS COSTAS NÃO EVIDENCIA DIFI-
CULDADE DE DEFESA DA VÍTIMA; CRIME PRATICADO SEM RELAÇÃO COM A CONDIÇÃO DO
SEXO FEMININO DA VÍTIMA; ABSORÇÃO DO PORTE DE ARMA – PEDIDOS DE DESCLASSIFICA-
ÇÃO, AFASTAMENTO DAS QUALIFICADORAS E ABSORÇÃO DO PORTE DE ARMA - JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO - VERSÃO DO RECORRENTE CONTRAPOSTA EM JUÍZO PELA
VÍTIMA E TESTEMUNHAS – DISPARO DE ARMA DE FOGO NA REGIÃO MÉDIA DAS COSTAS –
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS APÓS O PRIMEIRO DISPARO – POSSIBILIDADE DO DOLO DE
MATAR - JULGADOS DO STJ E TJMT – PRONÚNCIA MANTIDA – inconformismo com fim de relaciona-
mento – SENTIMENTO PESSOAL FORTE – INTENÇÃO SUICIDA – LIÇÃO DOUTRINÁRIA – ARESTO
DO TJMT – QUALIFICADORA AFASTADA – recurso que dificultou a defesa da vítima – disparo nas costas
– suporte em elemento fático – QUALIFICADORA não manifestamente improcedente – lição doutrinária –
enunciado criminal 2 do tjmt – feminicídio – RELACIONAMENTO AMOROSO DEMONSTRADO - COM-
PETÊNCIA DO CONSELHO DE SENTENÇA - CONSUNÇÃO – ARMA DE FOGO ADQUIRIDA AN-
TES DA TENTATIVA DE HOMICÍDIO – POSSIBILIDADE DE CONDUTAS AUTÔNOMAS – TESE DE
ABSORÇÃO A SER SUBMETIDA A JULGAMENTO POPULAR – JULGADO DO STJ - RECURSO PAR-
CIALMENTE PROVIDO PARA AFASTAR A QUALIFICADORA DO MOTIVO FUTIL.
A pronúncia não exige juízo de certeza, apenas encerra a fase do juízo de admissibilidade da acusação “sendo que
as dúvidas, nessa fase processual, resolvem-se pro societate” (STJ, AgRg no AREsp nº 1507361/PR), não obstante
o Juiz deve “atuar como um filtro selecionador de julgamentos pelo Júri, só remetendo a este caso com prova séria
de autoria e de materialidade” (Walfrido Cunha Campos, Tribunal do Júri, 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 140 e
141) e “não se pode, com amparo único e exclusivo na parêmia do in dubio pro societate, submeter todo e qualquer
acusado ao julgamento” pelo Conselho de Sentença” (TJMT, RSE 1003671-70.2019.8.11.0000; RSE 1006146-
96.2019.8.11.0000).
O disparo de arma de fogo nas costas e próximo a órgãos vitais pode evidenciar a intenção homicida (STJ, AREsp
nº 1781797).
Se os elementos de convicção denotam a possibilidade do dolo de matar, a desclassificação para lesão corporal
[grave ou gravíssima] não se apresenta verossímel e o fato deve ser submetido ao Tribunal do Júri (TJMT, RSE
0004436-78.2005.8.11.0055).
“A ausência do dolo de matar deve ser clara, inequívoca, versão uníssona nos autos, para ser reconhecida. Não
sendo estreme de dúvidas, como ocorre in casu, deve levar a pronúncia do recorrente, uma vez que somente nesta
hipótese ficará resguardada a garantia constitucional de que todos os crimes dolosos contra a vida serão julgados
pelo Tribunal do Júri” (TJMT, RSE nº 16127/2015).
“Inviável a desclassificação do delito imputado para o de lesão corporal sem a apreciação do Conselho de Sentença,
porque não apresentado nos autos prova cabal capaz de afastar o animus necandi do recorrente, revelando-se
21
prudente que o réu seja submetido ao julgamento pelo Tribunal Popular do Júri, instância competente para decidir
soberanamente o caso” (TJMT, RSE nº 128176/2012). No mesmo sentido: TJMT, RSE 1000237-
39.2020.8.11.0000; RSE 1004426-26.2021.8.11.0000.
A futilidade ocorre quando o crime é praticado por motivo de “somenos importância, insignificante, desproporci-
onal, ínfimo, banal, que seja desprovido de qualquer justificativa lógica que possa explicar a conduta praticada”
(SCHMITT, Ricardo Augusto. Sentença Penal Condenatória: Teoria e Prática. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2012.
p. 209).
A reação ao fim de um relacionamento amoroso pode resultar em um estado de espírito penoso, perda do interesse
pelo mundo externo ou de adotar um novo objetivo de vida e a sensação de que “deixar o outro ir é deixar-se
perder” (FREUD, Sigmund. Luto e melancolia (1917). In: A história do movimento psicanalítico: artigos sobre
metapsicologia e outros trabalhos (1914-1916). Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro:
Imago, 1996, p. 249/263).
“O [...] inconformismo com o término do relacionamento amoroso, embora injustos e moralmente reprováveis,
constituem sentimento pessoal, forte, que pode gerar descontrole emocional e impulsionar o agente ao crime, não
caracterizando motivo fútil” (TJMT, AP 0000026-31.2013.8.11.0011).
O emprego de recurso que dificultou a defesa do ofendido tem suporte em elemento fático [disparo de arma de
fogo pelas costas], “cabendo ao Júri aceitá-la ou não, conforme for examinado e discutido em Plenário” (MIRA-
BETE, Júlio Fabbrini, Código de Processo Penal Interpretado - editora Atlas - 5ª ed. São Paulo, 2004, p. 921).
“Somente se admite a exclusão das qualificadoras na pronúncia quando manifestamente improcedentes, sob pena
de suprimir a competência constitucional do Tribunal do Júri” (TJMT, Enunciado Criminal 2).
“A qualificadora do feminicídio, somente será descartada da pronúncia, quando não possuir qualquer intimidade
com os elementos que equipam a instrução” (TJTM, RSE 1000626-53.2022.8.11.0000).
“O princípio da consunção pressupõe a existência de um nexo de dependência das condutas ilícitas, para que se
verifique a possibilidade de absorção da menos grave pela mais danosa. [...]. Incabível a aplicação automática do
princípio da consunção, em desconsideração às circunstâncias fáticas do caso concreto. [...]. Existindo a possibili-
dade de que os crimes de porte ilegal de arma e tentativa de homicídio [...] se afigurem absolutamente autônomos,
resta inviabilizada a aplicação do princípio da consunção” (STJ, REsp nº 840.814/DF).
(N.U 1025450-04.2021.8.11.0003, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, MARCOS MACHADO, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 08/11/2022, Publicado no DJE 08/11/2022)
22
DIREITO DE PRESENÇA FÍSICA DO ACUSADO – GARANTIA DA PLENITUDE DE DEFESA – INE-
XISTÊNCIA DO ALEGADO SURTO DE COVID-19 NA UNIDADE PRISIONAL – POSSÍVEL INTIMI-
DAÇÃO DO CORPO DE JURADOS – AUSÊNCIA DE BASE EMPIRICA – MERA SUPOSIÇÃO OU CON-
JECTURA – LIMINAR RATIFICADA – ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA EM DISSONÂNCIA
DO PARECER MINISTERIAL.
Deve ser assegurada a presença física do réu na sessão plenária do Tribunal de Júri, para que seja garantida a
plenitude da defesa, notadamente ante a ausência de surto de COVID-19 na Unidade Prisional onde se encontra.
À míngua de base empírica a evidenciar risco concreto de intimidação ou de falta de isenção do Corpo de Jurados,
havendo apenas mera suposição ou conjectura de possível temor em razão do propalado envolvimento do acusado
com organização criminosa, deve ser assegurado o direito de presença física do réu na Sessão Plenária do Tribunal
do Júri, admitindo-se a realização de forma híbrida em situações excepcionalíssimas.
(N.U 1020490-77.2022.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, ORLANDO DE ALMEIDA PERRI,
Primeira Câmara Criminal, Julgado em 01/11/2022, Publicado no DJE 08/11/2022)
23
N.U 1014136-70.2021.8.11.0000, GILBERTO GIRALDELLI, Turma de Câmaras Criminais Reunidas,
22/02/2022)
(N.U 0000125-13.2000.8.11.0025, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, ORLANDO DE ALMEIDA PERRI,
Primeira Câmara Criminal, Julgado em 01/11/2022, Publicado no DJE 10/11/2022)
24
À míngua de base empírica a evidenciar risco concreto de intimidação ou de falta de isenção do Corpo de Jurados,
havendo apenas mera suposição ou conjectura de possível temor em razão do propalado envolvimento do acusado
com organização criminosa, deve ser assegurado o direito de presença física do réu na Sessão Plenária do Tribunal
do Júri, admitindo-se a realização de forma híbrida em situações excepcionalíssimas.
(N.U 1020490-77.2022.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, ORLANDO DE ALMEIDA PERRI,
Primeira Câmara Criminal, Julgado em 01/11/2022, Publicado no DJE 04/11/2022)
25
porque, havendo um mínimo de certeza quanto ao animus necandi, impõe-se a admissão da acusação, com o fim
de submeter o acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri.
O decote das qualificadoras, na fase de pronúncia, só é permitido se as provas orais e documentais apontem para
a manifesta improcedência, pois compete ao Tribunal do Júri a inteireza da acusação.
(N.U 0000010-98.2019.8.11.0033, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 01/11/2022, Publicado no DJE 08/11/2022)
26
A desclassificação do delito de competência do Tribunal do Júri durante a fase de judicium accusationis exige prova
unânime, cabal e cristalina, apontando para uma única solução.
Havendo indícios da presença de animus necandi, não há falar em desclassificação para delito de competência
diversa do Tribunal do Júri.
(N.U 1008250-85.2022.8.11.0055, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 01/11/2022, Publicado no DJE 08/11/2022)
27
A desclassificação do delito de competência do Tribunal do Júri durante a fase de judicium accusationis exige prova
unânime, cabal e cristalina, apontando para uma única solução.
Havendo indícios da presença de animus necandi, não há falar em desclassificação para delito de competência
diversa do Tribunal do Júri.
(N.U 1008250-85.2022.8.11.0055, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PAULO DA CUNHA, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 01/11/2022, Publicado no DJE 08/11/2022)
28
A pena imposta - superior a 8 (oito) anos - e a existência de circunstâncias judiciais desfavoráveis justificam o
regime inicial fechado (CP, art. 33, § 2º, “a”).
(N.U 0004986-70.2019.8.11.0059, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, MARCOS MACHADO, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 01/11/2022, Publicado no DJE 10/11/2022)
29
NO MÍNIMO LEGAL – EXCLUSÃO DA PERDA DO CARGO PÚBLICO – INVIABILIDADE – PENA
SUPERIOR A DOIS ANOS – GRAVIDADE E CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO –INCOMPATIBILI-
DADE DA PERMANÊNCIA DO RÉU NOS QUADROS DA POLÍCIA MILITAR – RECURSO DESPRO-
VIDO, EM CONSONÂNCIA COM O PARECER MINISTERIAL.
Não há afronta ao princípio da dialeticidade se as razões recursais permitem extrair os fundamentos de fato e de
direito pelos quais a defesa busca a reforma da decisão invectivada.
As decisões do Conselho de Sentença são consideradas manifestamente contrárias à prova dos autos somente
quando desprovidas de qualquer sustentação nos elementos produzidos sob o crivo do contraditório judicial. Exis-
tindo nos autos duas versões, e escolhida uma delas pelos jurados, não há como desconstituir a decisão do Júri.
Não há qualquer reparo a ser operado na dosimetria do réu quando o juiz singular fixa a pena no mínimo legal.
“O cometimento de crime contextualizadamente grave (...) com imposição de pena superior a dois anos de reclusão
demonstra que o policial, praça da polícia militar, não é digno da graduação, porquanto denota seu manifesto
desrespeito para com a Administração Pública, devendo ser excluído das fileiras da Polícia Militar, sendo irrele-
vante, na hipótese em referência, o decurso do tempo e a existência de notas de elogios ao representado.” (TJMT,
N.U 1014136-70.2021.8.11.0000, GILBERTO GIRALDELLI, Turma de Câmaras Criminais Reunidas,
22/02/2022)
(N.U 0000125-13.2000.8.11.0025, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, ORLANDO DE ALMEIDA PERRI,
Primeira Câmara Criminal, Julgado em 01/11/2022, Publicado no DJE 07/11/2022)
30
Eventuais irregularidades/nulidades de julgamento pelo Tribunal do Júri devem ser arguidas logo depois de ocor-
rerem, na forma do art. 571, VIII, do CPP, sob pena de preclusão temporal (STF, HC nº 73112/MG; TJMT, AP
nº 18810/2018; TJMT, AP NU 0000831-26.2009.8.11.0010).
A incidência de mais de uma qualificadora, reconhecida pelo Conselho de Sentença [motivo torpe, meio cruel,
emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio], autoriza a utilização de três delas - motivo
torpe, meio cruel, e emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima - para majorar a pena-base (STJ, HC nº
542.909/ES).
As consequências do crime autorizam a elevação da pena basilar, “vez que a vítima perdeu a vida ainda jovem,
com apenas 21 (vinte e um) anos de idade ao tempo do crime” (STJ, REsp nº 1.747.823/RS).
O c. STJ tem entendido razoável e proporcional a exasperação da pena em “1/6 sobre o mínimo legal, para cada
circunstância judicial negativa” (STJ, AgRg nos EDcl no HC 664.841/RJ).
A atenuante da confissão espontânea (CP, art. 65 III, ‘d’) enseja a redução da pena em 1/6 (um sendo), conforme
posição jurisprudencial do c. STJ (AgRg no HC 562.074/MS).
A pena imposta - superior a 8 (oito) anos - e a existência de circunstâncias judiciais desfavoráveis justificam o
regime inicial fechado (CP, art. 33, § 2º, “a”).
(N.U 0004986-70.2019.8.11.0059, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, MARCOS MACHADO, Primeira Câ-
mara Criminal, Julgado em 01/11/2022, Publicado no DJE 08/11/2022)
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➢ SEGUNDA CÂMARA
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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – ART. 121, §2.º, INC. II, III E IV, DO CP – PRONÚNCIA –
IRRESIGNAÇÃO DA DEFESA – 1. PRETENDIDA A IMPRONÚNCIA DE UM DOS RECORRENTES –
IMPOSSIBILIDADE – CONJUNTO PROBATÓRIO QUE EVIDENCIA A PROVA DA MATERIALI-
DADE DELITIVA E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA – MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
DA ACUSAÇÃO – PREPONDERÂNCIA DE PROVAS INCRIMINATÓRIAS – FATO QUE DEVE SER
SUBMETIDO AO JUIZ NATURAL DA CAUSA, QUE É O TRIBUNAL DO JÚRI – 2. VINDICADA A
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DO OUTRO RECORRENTE SOB O VIÉS DA LEGITIMA DEFESA – INVIA-
BILIDADE – EXCLUDENTE DE ILICITUDE CONTROVERTIDA NO ACERVO PROBATÓRIO – PE-
CULIARIDADES DO CASO CONCRETO – IMPERIOSA SUBMISSÃO AO TRIBUNAL DO JÚRI – 3.
EMENTA
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO E FRAUDE PROCES-
SUAL – PRONÚNCIA – PRELIMINAR MINISTERIAL – DESENTRANHAMENTO DOS DOCUMEN-
TOS JUNTADOS PELA DEFESA APENAS EM FASE RECURSAL – VIABILIDADE – PRODUÇÃO DE
PROVAS QUE DEVE OBSERVAR O CONTRADITÓRIO – PRELIMINAR ACOLHIDA – RECURSO DE-
FENSIVO – ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – LEGÍTIMA DEFESA – IMPOSSIBILIDADE – EXCLUDENTE
DE ILICITUDE NÃO DEMONSTRADA DE FORMA INDENE DE DÚVIDAS – DESCLASSIFICAÇÃO
DA CONDUTA PARA LESÃO CORPORAL – NÃO OCORRÊNCIA – ELEMENTOS INDICATIVOS DE
QUE A ACUSADA AGIU DOLOSAMENTE – DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA – TESE DEFENSIVA NÃO
COMPROVADA – IN DUBIO PRO SOCIETATE – EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS DO MOTIVO
TORPE E DO RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DO OFENDIDO – INVIABILIDADE – CIR-
CUNSTÂNCIAS QUE ENCONTRAM RESPALDO EM ELEMENTOS DE PROVA DOS AUTOS – NE-
CESSIDADE DE SUBMISSÃO AO CRIVO DO CONSELHO DE SENTENÇA – INSTAURAÇÃO DE IN-
CIDENTE DE INSANIDADE MENTAL – INVIABILIDADE – AUSÊNCIA DE DÚVIDA RAZOÁVEL
SOBRE A HIGIDEZ MENTAL DA ACUSADA – DOSIMETRIA E REGIME DE CUMPRIMENTO DE
EVENTUAL PENA – IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE – RECURSO EM SENTIDO ESTRITO DE DE-
CISÃO DE PRONÚNCIA – MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO – DECISÃO MAN-
TIDA – RECURSO DESPROVIDO.
A decisão de pronúncia retrata mero juízo de admissibilidade do pleito acusatório, razão pela qual exige a certeza
quanto à materialidade delitiva e a mera probabilidade da autoria delitiva imputada ao acusado, em observância ao
princípio do in dubio pro societate.
Comprovada a materialidade do crime, existindo indícios suficientes da autoria delitiva e indicativos de que a ré
agiu dolosamente, inviável a desclassificação da conduta, mostrando-se imperiosa a manutenção da pronúncia,
especialmente porque não evidenciada de forma irrefutável a tese atinente à desistência voluntária.
33
Somente podem ser excluídas da decisão de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improce-
dentes, uma vez que não se deve usurpar do Tribunal do Júri o pleno exame dos fatos da causa.
Não é possível a instauração de incidente de insanidade mental, se inexistem nos autos elementos que possam
gerar dúvida relevante sobre a integridade mental da acusada.
(N.U 1031033-67.2021.8.11.0003, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PEDRO SAKAMOTO, Segunda Câ-
mara Criminal, Julgado em 30/11/2022, Publicado no DJE 30/11/2022)
34
REJEIÇÃO – 2. MÉRITO: ALEGAÇÃO DE JULGAMENTO CONTRÁRIO À PROVA DESTES AUTOS
PELO NÃO RECONHECIMENTO DA LEGÍTIMA DEFESA OU DO HOMICÍDIO PRIVILEGIADO –
INOCORRÊNCIA – TESES DEFENSIVAS RECHAÇADAS PELO JÚRI COM APOIO EM PROVAS – OP-
ÇÃO POR UMA DAS VERSÕES APRESENTADAS AO JÚRI – SOBERANIA DOSVEREDICTOS – RE-
CURSO DO PRIMEIRO APELANTE: – 3. PRETENDIDA REFORMA DA PENA BASILAR – IMPOSSIBI-
LIDADE – DOSIMETRIA CORRETATAMENTE REALIZADA PELO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU –
PENA INICIAL MANTIDA – 4. ALMEJADO AFASTAMENTO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ES-
PONTÂNEA – IMPOSSIBILIDADE – INCIDÊNCIA DA ATENUANTE, AINDA QUE O SEGUNDO
APELANTE TENHA APRESENTADO TESES ESCULPANTES – PRECEDENTES DO SUPERIOR TRI-
BUNAL DE JUSTIÇA – 5. POSTULADA A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA OU DECRETAÇÃO
DA PRISÃO PREVENTIVA COM BASE NO EVENTUAL RECRUDESCIMENTO NO RECURSO DE
APELAÇÃO – PRETENSÃO DE MAJORAÇÃO DA PENA DESPROVIDA – PREJUDICIALIDADE – AU-
SÊNCIA, ADEMAIS, DE CONTEMPORANEIDADE – ACUSADO QUE RESPONDE A AÇÃO PENAL
EM LIBERDADE HÁ MAIS DE UMA DÉCADA – EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA SUPERIOR 15
(QUINZE) ANOS DE RECLUSÃO – ART. 492, I, E, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – ILEGALI-
DADE DA PRISÃO AUTOMÁTICA – REPERCUSSÃO GERAL – TEMA N. 1.068 PENDENTE DE JUL-
GAMENTO NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – 6. PRELIMINAR DO SEGUNDO APELANTE RE-
JEITADA, E, NO MÉRITO, RECURSOS DESPROVIDOS.
1. A simples menção da existência de antecedentes criminais de réus no plenário não configura qualquer vício
processual, eis que perante o Tribunal do Júri vigora o princípio da livre convicção, trazendo como consequência
a ampla abrangência de argumentos a serem expostos pelas partes. Além disso, o art. 478 do Código de Processo
Penal não contempla a aventada ilegalidade, e, de acordo com os precedentes do Superior Tribunal de Justiça e
desta Corte de Justiça, seu rol é taxativo.
2. É entendimento pacificado, tanto na doutrina quanto na jurisprudência, que a decisão do Tribunal do Júri so-
mente pode ser anulada quando for manifestamente contrária à prova dos autos, tendo em vista que os julgadores
leigos avaliam os elementos de prova que lhe são disponibilizados conforme a íntima convicção de cada um, mor-
mente quando inexistem elementos que deem suporte a propalada legítima defesa e/ou homicídio privilegiado,
devendo, dessa forma, ser observada a soberania das suas decisões, consoante preconiza o art. 5º, inciso XXXVIII,
da Constituição Federal.
3. Conquanto formulado pedido de majoração da pena basilar pelo Ministério Público, da reanálise da dosimetria
da pena não se verifica ilegalidades, erros ou injustiças, daí por que a pena inicial deve ser mantida tal como consta
da sentença condenatória.
4. A confissão qualificada ou parcial, ainda que retratada em juízo, deve acarretar a atenuação da pena, desde que
utilizada como elemento de convicção do julgador. E, no caso do Tribunal do Júri, no qual, como se sabe, os juízes
35
leigos não fundamentam suas convicções, basta que o agente admita ter sido o autor do crime em apuração, con-
fessando sua autoria delitiva, ainda que somente na fase inquisitiva, desde que o interrogatório tenha sido lido em
plenário, ou que tenha agregado à confissão teses defensivas descriminantes exculpantes ou que importem em
redução de pena, não se fazendo necessário que informe ter praticado uma conduta que se subsuma perfeitamente
ao tipo penal imputado à sua pessoa, para ver reconhecida a referida atenuante.
5. Deve ser reconhecida a prejudicialidade da pretensão do primeiro apelante que visava à determinação do início
da execução provisória do segundo apelante, ou a decretação da sua prisão preventiva, com base no pedido de
majoração de pena que foi desprovido. Ainda que assim não fosse, as decisões que decretam a prisão preventiva
e/ou a mantem devem estar fundamentadas em uma das hipóteses previstas no art. 312 do Código de Processo
Penal, quais sejam, a garantia da ordem pública, ordem econômica, a conveniência da instrução criminal e a apli-
cação da lei penal, conjugadas com a novel redação do art. 313 do referido Codex, o que não é o caso em análise
em que o acusado respondeu a ação penal em liberdade por mais de uma década.
Além disso, “o STF, no julgamento das ADCs n. 43, 44 e 54, assentou a ilegalidade da execução provisória da pena
quando ausentes elementos de cautelaridade, previstos no art. 312 do CPP. Estando pendente de julgamento no
STF o Tema n. 1.068, em que se discute a constitucionalidade do art. 492, I, do CPP, deve ser reafirmado o
entendimento do STJ de impossibilidade de execução provisória da pena mesmo em caso de condenação pelo
tribunal do júri com reprimenda igual ou superior a 15 anos de reclusão”.(STJ, Agravo Regimental no Habeas
Corpus n. 714.884/SP).
6. Preliminar do segundo apelante rejeitada. No mérito, recursos desprovidos.
(N.U 0017300-40.2010.8.11.0002, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, LUIZ FERREIRA DA SILVA, Se-
gunda Câmara Criminal, Julgado em 29/11/2022, Publicado no DJE 06/12/2022)
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PENA INICIAL MANTIDA – 4. ALMEJADO AFASTAMENTO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ES-
PONTÂNEA – IMPOSSIBILIDADE – INCIDÊNCIA DA ATENUANTE, AINDA QUE O SEGUNDO
APELANTE TENHA APRESENTADO TESES ESCULPANTES – PRECEDENTES DO SUPERIOR TRI-
BUNAL DE JUSTIÇA – 5. POSTULADA A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA OU DECRETAÇÃO
DA PRISÃO PREVENTIVA COM BASE NO EVENTUAL RECRUDESCIMENTO NO RECURSO DE
APELAÇÃO – PRETENSÃO DE MAJORAÇÃO DA PENA DESPROVIDA – PREJUDICIALIDADE – AU-
SÊNCIA, ADEMAIS, DE CONTEMPORANEIDADE – ACUSADO QUE RESPONDE A AÇÃO PENAL
EM LIBERDADE HÁ MAIS DE UMA DÉCADA – EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA SUPERIOR 15
(QUINZE) ANOS DE RECLUSÃO – ART. 492, I, E, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – ILEGALI-
DADE DA PRISÃO AUTOMÁTICA – REPERCUSSÃO GERAL – TEMA N. 1.068 PENDENTE DE JUL-
GAMENTO NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – 6. PRELIMINAR DO SEGUNDO APELANTE RE-
JEITADA, E, NO MÉRITO, RECURSOS DESPROVIDOS.
1. A simples menção da existência de antecedentes criminais de réus no plenário não configura qualquer vício
processual, eis que perante o Tribunal do Júri vigora o princípio da livre convicção, trazendo como consequência
a ampla abrangência de argumentos a serem expostos pelas partes. Além disso, o art. 478 do Código de Processo
Penal não contempla a aventada ilegalidade, e, de acordo com os precedentes do Superior Tribunal de Justiça e
desta Corte de Justiça, seu rol é taxativo.
2. É entendimento pacificado, tanto na doutrina quanto na jurisprudência, que a decisão do Tribunal do Júri so-
mente pode ser anulada quando for manifestamente contrária à prova dos autos, tendo em vista que os julgadores
leigos avaliam os elementos de prova que lhe são disponibilizados conforme a íntima convicção de cada um, mor-
mente quando inexistem elementos que deem suporte a propalada legítima defesa e/ou homicídio privilegiado,
devendo, dessa forma, ser observada a soberania das suas decisões, consoante preconiza o art. 5º, inciso XXXVIII,
da Constituição Federal.
3. Conquanto formulado pedido de majoração da pena basilar pelo Ministério Público, da reanálise da dosimetria
da pena não se verifica ilegalidades, erros ou injustiças, daí por que a pena inicial deve ser mantida tal como consta
da sentença condenatória.
4. A confissão qualificada ou parcial, ainda que retratada em juízo, deve acarretar a atenuação da pena, desde que
utilizada como elemento de convicção do julgador. E, no caso do Tribunal do Júri, no qual, como se sabe, os juízes
leigos não fundamentam suas convicções, basta que o agente admita ter sido o autor do crime em apuração, con-
fessando sua autoria delitiva, ainda que somente na fase inquisitiva, desde que o interrogatório tenha sido lido em
plenário, ou que tenha agregado à confissão teses defensivas descriminantes exculpantes ou que importem em
redução de pena, não se fazendo necessário que informe ter praticado uma conduta que se subsuma perfeitamente
ao tipo penal imputado à sua pessoa, para ver reconhecida a referida atenuante.
5. Deve ser reconhecida a prejudicialidade da pretensão do primeiro apelante que visava à determinação do início
da execução provisória do segundo apelante, ou a decretação da sua prisão preventiva, com base no pedido de
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majoração de pena que foi desprovido. Ainda que assim não fosse, as decisões que decretam a prisão preventiva
e/ou a mantem devem estar fundamentadas em uma das hipóteses previstas no art. 312 do Código de Processo
Penal, quais sejam, a garantia da ordem pública, ordem econômica, a conveniência da instrução criminal e a apli-
cação da lei penal, conjugadas com a novel redação do art. 313 do referido Codex, o que não é o caso em análise
em que o acusado respondeu a ação penal em liberdade por mais de uma década.
Além disso, “o STF, no julgamento das ADCs n. 43, 44 e 54, assentou a ilegalidade da execução provisória da pena
quando ausentes elementos de cautelaridade, previstos no art. 312 do CPP. Estando pendente de julgamento no
STF o Tema n. 1.068, em que se discute a constitucionalidade do art. 492, I, do CPP, deve ser reafirmado o
entendimento do STJ de impossibilidade de execução provisória da pena mesmo em caso de condenação pelo
tribunal do júri com reprimenda igual ou superior a 15 anos de reclusão”.(STJ, Agravo Regimental no Habeas
Corpus n. 714.884/SP).
6. Preliminar do segundo apelante rejeitada. No mérito, recursos desprovidos.
(N.U 0017300-40.2010.8.11.0002, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, LUIZ FERREIRA DA SILVA, Se-
gunda Câmara Criminal, Julgado em 29/11/2022, Publicado no DJE 02/12/2022)
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(N.U 0002210-37.2012.8.11.0029, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, LUIZ FERREIRA DA SILVA, Se-
gunda Câmara Criminal, Julgado em 29/11/2022, Publicado no DJE 06/12/2022)
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dúvidas devem ser submetidas ao crivo do Conselho de Sentença, juízo natural da causa, a quem compete o julga-
mento dos crimes contra a vida em decorrência da previsão constitucional consagrada no art. 5º, XXXVIII, c, da
Constituição Federal, eis que nesta fase processual prevalece o aforismo in dubio pro societate.
3. A exclusão de qualificadoras do delito de homicídio somente é permitida quando forem manifestamente impro-
cedentes. Assim, havendo na denúncia a descrição de circunstância que configura a possível incidência do emprego
de meio que impossibilitou a defesa da vítima, bem como a existência de um lastro mínimo sobre a incidência da
referida causa modificadora de pena, a sua apreciação pelo Conselho de Sentença é imperativa, sob pena de se
invadir a sua competência constitucional, prevista no art. 5º, XXXVIII, letras c e d, da Carta Política do Brasil.
4. Deve ser acolhido o pleito subsidiário de afastamento da agravante prevista no art. 61 II, h, do Código Penal,
tendo em vista que na sentença de pronúncia o magistrado deve se ater a “declarar o dispositivo legal em que julgar
incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena”, nos termos do
art. 413, § 1º do Código de Processo Penal, razão pela qual as atenuantes e agravantes devem ficar reservadas para
a fase seguinte, caso os recorrentes sejam considerados culpados pelo Tribunal do Júri, eis que guardam respeito
com a aplicação da pena e deverão ser ponderadas no momento oportuno.
5. Preliminar rejeitada. E, no mérito, recurso parcialmente provido.
(N.U 0010757-16.2009.8.11.0015, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, LUIZ FERREIRA DA SILVA, Se-
gunda Câmara Criminal, Julgado em 29/11/2022, Publicado no DJE 06/12/2022)
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APELAÇÃO – PRETENSÃO DE MAJORAÇÃO DA PENA DESPROVIDA – PREJUDICIALIDADE – AU-
SÊNCIA, ADEMAIS, DE CONTEMPORANEIDADE – ACUSADO QUE RESPONDE A AÇÃO PENAL
EM LIBERDADE HÁ MAIS DE UMA DÉCADA – EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA SUPERIOR 15
(QUINZE) ANOS DE RECLUSÃO – ART. 492, I, E, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – ILEGALI-
DADE DA PRISÃO AUTOMÁTICA – REPERCUSSÃO GERAL – TEMA N. 1.068 PENDENTE DE JUL-
GAMENTO NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – 6. PRELIMINAR DO SEGUNDO APELANTE RE-
JEITADA, E, NO MÉRITO, RECURSOS DESPROVIDOS.
1. A simples menção da existência de antecedentes criminais de réus no plenário não configura qualquer vício
processual, eis que perante o Tribunal do Júri vigora o princípio da livre convicção, trazendo como consequência
a ampla abrangência de argumentos a serem expostos pelas partes. Além disso, o art. 478 do Código de Processo
Penal não contempla a aventada ilegalidade, e, de acordo com os precedentes do Superior Tribunal de Justiça e
desta Corte de Justiça, seu rol é taxativo.
2. É entendimento pacificado, tanto na doutrina quanto na jurisprudência, que a decisão do Tribunal do Júri so-
mente pode ser anulada quando for manifestamente contrária à prova dos autos, tendo em vista que os julgadores
leigos avaliam os elementos de prova que lhe são disponibilizados conforme a íntima convicção de cada um, mor-
mente quando inexistem elementos que deem suporte a propalada legítima defesa e/ou homicídio privilegiado,
devendo, dessa forma, ser observada a soberania das suas decisões, consoante preconiza o art. 5º, inciso XXXVIII,
da Constituição Federal.
3. Conquanto formulado pedido de majoração da pena basilar pelo Ministério Público, da reanálise da dosimetria
da pena não se verifica ilegalidades, erros ou injustiças, daí por que a pena inicial deve ser mantida tal como consta
da sentença condenatória.
4. A confissão qualificada ou parcial, ainda que retratada em juízo, deve acarretar a atenuação da pena, desde que
utilizada como elemento de convicção do julgador. E, no caso do Tribunal do Júri, no qual, como se sabe, os juízes
leigos não fundamentam suas convicções, basta que o agente admita ter sido o autor do crime em apuração, con-
fessando sua autoria delitiva, ainda que somente na fase inquisitiva, desde que o interrogatório tenha sido lido em
plenário, ou que tenha agregado à confissão teses defensivas descriminantes exculpantes ou que importem em
redução de pena, não se fazendo necessário que informe ter praticado uma conduta que se subsuma perfeitamente
ao tipo penal imputado à sua pessoa, para ver reconhecida a referida atenuante.
5. Deve ser reconhecida a prejudicialidade da pretensão do primeiro apelante que visava à determinação do início
da execução provisória do segundo apelante, ou a decretação da sua prisão preventiva, com base no pedido de
majoração de pena que foi desprovido. Ainda que assim não fosse, as decisões que decretam a prisão preventiva
e/ou a mantem devem estar fundamentadas em uma das hipóteses previstas no art. 312 do Código de Processo
Penal, quais sejam, a garantia da ordem pública, ordem econômica, a conveniência da instrução criminal e a apli-
cação da lei penal, conjugadas com a novel redação do art. 313 do referido Codex, o que não é o caso em análise
em que o acusado respondeu a ação penal em liberdade por mais de uma década.
41
Além disso, “o STF, no julgamento das ADCs n. 43, 44 e 54, assentou a ilegalidade da execução provisória da pena
quando ausentes elementos de cautelaridade, previstos no art. 312 do CPP. Estando pendente de julgamento no
STF o Tema n. 1.068, em que se discute a constitucionalidade do art. 492, I, do CPP, deve ser reafirmado o
entendimento do STJ de impossibilidade de execução provisória da pena mesmo em caso de condenação pelo
tribunal do júri com reprimenda igual ou superior a 15 anos de reclusão”.(STJ, Agravo Regimental no Habeas
Corpus n. 714.884/SP).
6. Preliminar do segundo apelante rejeitada. No mérito, recursos desprovidos.
(N.U 0017300-40.2010.8.11.0002, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, LUIZ FERREIRA DA SILVA, Se-
gunda Câmara Criminal, Julgado em 29/11/2022, Publicado no DJE 06/12/2022)
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MANUTENÇÃO DA CAUTELAR, PREDICADOS FAVORÁVEIS E APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAU-
TELARES ALTERNATIVAS – REITERAÇÃO DE PEDIDOS FORMULADOS EM AÇÃO CONSTITUCI-
ONAL ANTERIOR (HABEAS CORPUS N. 1022947-19.2021.8.11.0000) – IDENTIDADE DA MATÉRIA –
2. MÉRITO: 2.1. ALEGAÇÃODE OFENSA AO ART. 316, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO DEPRO-
CESSOPENAL– MERA IRREGULARIDADE – REANÁLISES DA PRISÃO PREVENTIVA DO PACI-
ENTE REALIZADAS PELO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU E POR ESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA –
NÃO ACOLHIMENTO – 2.2. EXCESSO DE PRAZO DA CUSTÓDIA CAUTELAR – INOCORRÊNCIA –
MARCHA PROCESSUAL DENTRO DA NORMALIDADE – INEXISTÊNCIA DE DESÍDIA QUE POSSA
SER IMPUTADA AO ÓRGÃO JUDICIÁRIO OU PEDIDOS PROTELATÓRIOS ATRIBUÍDOS AO MI-
NISTÉRIO PÚBLICO – PACIENTE PRONUNCIADO E COM JULGAMENTO PELO TRIBUNAL DO
JÚRI DESIGNADO PARA DATA PRÓXIMA – INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE –
2.3. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA HOMOGENEIDADE – NÃO OCORRÊNCIA – AUSÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL – 2.4. PACIENTE QUE FAZ USO DE SONDA – AUSÊNCIA DE DE-
MONSTRAÇÃO DE QUE NÃO VEM RECEBENDO TRATAMENTO ADEQUADO NO ESTABELECI-
MENTO PRISIONAL EM QUE SE ENCONTRA – ADEMAIS, NENHUM PEDIDO NESSE SENTIDO
FOI FEITO AO JUÍZO DA PRIMEIRA INSTÂNCIA – IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DA PRETEN-
SÃO – SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA – 3. PROCESSO PARCIALMENTE EXTINTO E, NA PARTE RE-
MANESCENTE, PEDIDOS JULGADOS IMPROCEDENTES, ORDEM DE HABEAS CORPUS DENE-
GADA.
1. Preliminar ex officio
É pacífico o entendimento jurisprudencial de que a repetição das alegações apreciadas em impetração manejada
anteriormente impõe a extinção do processo em relação às respectivas teses, por configurar mera reiteração de
pedidos. Assim, incabível a nova cognição do Tribunal de Justiça, quando não restar demonstrada a existência de
fatos novos, justificadores da reanálise das matérias. Além disso, tem-se por acertada a decretação da prisão pre-
ventiva do paciente, a bem da aplicação da lei penal, em razão da sua fuga do distrito da culpa, restando, portanto,
inaplicáveis quaisquer das medidas cautelares alternativas à prisão, elencadas no art. 319 do Código de Processo
Penal.
2. Mérito
2.1. O decurso do prazo de 90 (noventa) dias estabelecido no art. 316, parágrafo único, do Código de Processo
Penal não implica automaticamente a colocação em liberdade de acusado preso. Contudo, na hipótese, já houve
reanálise da necessidade da manutenção da custódia cautelar do paciente, eis que foi fundamentada pelo juízo de
primeiro grau na garantia da ordem pública.
2.2. Em sintonia com a doutrina e a jurisprudência, os prazos estabelecidos para a consecução da instrução proba-
tória são utilizados como parâmetro geral e interpretados sob a ótica do princípio da razoabilidade, segundo o qual
se justifica eventual dilação de prazo para o deslinde da marcha processual, decorrente das especificidades do caso
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concreto. Na espécie, constata-se que a ação penal prossegue sem delongas seu trâmite regular, antes e após o
encerramento da instrução processual, não havendo desídia do juízo de primeiro grau na condução do processo,
tampouco pedidos protelatórios do Ministério Público, além disso, o paciente está pronunciado e com julgamento
pelo Tribunal do Júri designado para data próxima.
2.3. A simples probabilidade de o paciente, eventualmente, viera ser condenado a cumprir sua pena em regime
menos gravoso do que o fechado não é suficiente para lhe conferir a liberdade, notadamente porque toda e qual-
quer prisão antes da sentença condenatória transitada em julgado tem caráter provisório e cautelar que não se
confunde com o regime de cumprimento de pena, isso autorizando concluir que o encarceramento processual nas
hipóteses elencadas no art. 312 do Código de Processo Penal, por si só, não fere o princípio da homogeneidade.
2.4. Diante da falta de comprovação de que o paciente não está recebendo o tratamento de saúde adequado no
estabelecimento prisional no qual encontra, não há que se falar em revogação de sua custódia cautelar. Além disso,
não havendo provocação, perante o juízo de primeiro grau, em relação a tal matéria, a manifestação deste Tribunal
de Justiça configura vedada supressão de instância.
3. Processo parcialmente extinto. E, na parte remanescente, pedidos julgados improcedentes, ordem de habeas
corpus denegada.
(N.U 1019143-09.2022.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, LUIZ FERREIRA DA SILVA, Se-
gunda Câmara Criminal, Julgado em 08/11/2022, Publicado no DJE 11/11/2022)
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RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO - DESCLASSIFI-
CAÇÃO - IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL - PRONÚNCIA - PROCEDÊNCIA - PROVA DA MATERIA-
LIDADE DELITIVA E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA - DIVERGÊNCIA DE HIPÓTESES
ACERCA DO ANIMUS NECANDI - EXISTÊNCIA DE SUPORTE PROBATÓRIO MÍNIMO PARA A
TESE ACUSATÓRIA - SOBERANIA DO TRIBUNAL DO JÚRI PARA DECIDIR ACERCA DA QUESTÃO
- IN DUBIO PRO SOCIETATE - RECURSO PROVIDO.
Na primeira fase dos processos por crimes dolosos contra a vida, prevalece o princípio do in dubio pro societate,
razão pela qual, existindo prova da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria do delito de homicídio
qualificado tentado, o réu deve ser pronunciado para ser julgado por seus pares, somente se admitindo a desclas-
sificação da conduta quando comprovada, categoricamente, a ausência de animus necandi.
(N.U 0014844-60.2011.8.11.0042, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, PEDRO SAKAMOTO, Segunda Câ-
mara Criminal, Julgado em 08/11/2022, Publicado no DJE 11/11/2022)
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➢ TERCEIRA CÂMARA
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – ART. 121, §2.º, INC. II, III E IV, DO CP – PRONÚNCIA –
IRRESIGNAÇÃO DA DEFESA – 1. PRETENDIDA A IMPRONÚNCIA DE UM DOS RECORRENTES –
IMPOSSIBILIDADE – CONJUNTO PROBATÓRIO QUE EVIDENCIA A PROVA DA MATERIALI-
DADE DELITIVA E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA – MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
DA ACUSAÇÃO – PREPONDERÂNCIA DE PROVAS INCRIMINATÓRIAS – FATO QUE DEVE SER
SUBMETIDO AO JUIZ NATURAL DA CAUSA, QUE É O TRIBUNAL DO JÚRI – 2. VINDICADA A
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DO OUTRO RECORRENTE SOB O VIÉS DA LEGITIMA DEFESA – INVIA-
BILIDADE – EXCLUDENTE DE ILICITUDE CONTROVERTIDA NO ACERVO PROBATÓRIO – PE-
CULIARIDADES DO CASO CONCRETO – IMPERIOSA SUBMISSÃO AO TRIBUNAL DO JÚRI – 3.
PLEITO COMUM DE EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS – DESCABIMENTO – CIRCUNSTÂNCIAS
INDIVIDUALIZADAS PELO MAGISTRADO A QUO, QUE ENCONTRAM SUSTENTÁCULO NAS
PROVAS DOS AUTOS E NÃO SÃO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTES – DICÇÃO DO ENUN-
CIADO ORIENTATIVO N.º 02 DA TCCR/TJMT – PRONÚNCIA MANTIDA – RECURSOS CONHECI-
DOS E DESPROVIDOS.
1. A decisão de pronúncia consubstancia mero juízo de admissibilidade da acusação, de modo que, se presentes
a prova da materialidade delitiva e os indícios suficientes de autoria no crime doloso contra a vida, como ocorre in
casu, impõe-se o pronunciamento do réu para ser julgado pelo eg. Tribunal do Júri, por força do comando cons-
titucional expresso no art. 5.º, inc. XXXVIII, alínea d, da CF.
2. Ademais, somente é cabível o acolhimento da tese de absolvição sumária, com amparo na excludente de ilicitude
da legítima defesa, quando o conjunto probatório mostra a sua ocorrência de maneira inequívoca. E, não sendo
este o caso dos autos, haja vista a existência de tese contraposta em outros elementos de convicção angariados em
juízo, tampouco inexorável a conclusão de que o recorrente se valeu, moderadamente, dos meios necessários para
repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, deve a questão ser levada ao conhecimento
do Tribunal do Júri, defluindo na manutenção da r. decisão de pronúncia.
3. Consoante a redação do Enunciado Orientativo n.º 02, aprovado pela TCCR/TJMT, na fase da pronúncia a
exclusão das qualificadoras só é possível quando forem manifestamente improcedentes, caso contrário, havendo
indícios mínimos de que estão presentes, como ocorre na hipótese, devidamente fundamentadas e individualizadas
entre si, devem ser mantidas a fim de serem apreciadas pelo órgão constitucional competente, que é o e. Tribunal
do Júri.
Pronúncia mantida incólume. Recursos desprovidos.
(N.U 1000436-97.2021.8.11.0009, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, GILBERTO GIRALDELLI, Terceira
Câmara Criminal, Julgado em 30/11/2022, Publicado no DJE 01/12/2022)
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – PRONÚNCIA – ART. 121, §2º, I, III, IV, VI, E §2º-A, I DO
CÓDIGO PENAL – IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA – PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA
POR OFENSA AO ART. 413, §1º, DO CPP – INOCORRÊNCIA – MERO ERRO MATERIAL POR OMIS-
SÃO – AUSÊNCIA DA TIPIFICAÇÃO LEGAL DO DELITO NA PARTE DISPOSITIVA DA DECISÃO
DE PRONÚNCIA – DECISÃO FUNDAMENTADA EM QUE SE RECONHECE A EXISTÊNCIA MATE-
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RIAL DO CRIME, OS INDÍCIOS DE AUTORIA E A PERTINÊNCIA DAS QUALIFICADORAS INDICA-
DAS NA DENÚNCIA – DISPOSITIVO QUE JULGA A DENÚNCIA PROCEDENTE DE MANEIRA EX-
PRESSA, FAZENDO REMISSÃO À CAPITULAÇÃO LEGAL CONTIDA NA EXORDIAL ACUSATÓRIA
– INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO – INTELIGÊNCIA DO ART. 563 DO CPP – PRELIMINAR REJEI-
TADA – PRETENDIDA A ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – IMPOSSIBILIDADE – PROVA DA MATERIALI-
DADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA –PRONÚNCIA QUE CONSTITUI MERO JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO – TESE DEFENSIVA QUE DEVE SER SUBMETIDA AO JUIZ
NATURAL DA CAUSA – COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE SENTENÇA PARA ANALISAR DE MA-
NEIRA EXAURIENTE O CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO – ART. 5º, INC. XXXVIII, ALÍNEA D,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO, COM PROVIDÊNCIA
DE OFÍCIO DESTINADA A CORRIGIR ERRO MATERIAL DA PARTE DISPOSITIVA DA DECISÃO
DE PRONÚNCIA.
1. Inexiste nulidade a ser reconhecida quando, por mero erro material, deixou o d. juízo a quo de consignar, no
dispositivo da decisão que pronunciou o acusado, a classificação legal do delito, uma vez que se extrai do decisum
suficiente comprovação da materialidade e dos indícios de autoria, tendo sido as circunstâncias qualificadoras abor-
dadas de maneira pormenorizada ao longo da decisão, na qual o d. juízo a quo dispôs expressamente que julgava
procedente a denúncia, ou seja, fez remissão expressa à capitulação legal descrita na exordial acusatória. Trata-se
de hipótese em que se deve reconhecer a inexistência de prejuízo à defesa, a atrair o princípio pas de nullité sans
grief, positivado no art. 563 do Código de Processo Civil.
2. Dispositivo da decisão de pronúncia corrigido ex officio para constar expressamente, em consonância com a
fundamentação exposta no mesmo decisum, que o réu foi pronunciado como incurso nas sanções do art. 121, §2º,
incisos I, III, IV, VI, e §2º-A, inciso I, do Código Penal, com as implicações das Leis n. 8.072/90 e n. 11.340/06.
3. A decisão de pronúncia consubstancia mero juízo de admissibilidade da acusação, de modo que, se presentes a
prova da materialidade delitiva e os indícios suficientes de autoria ou participação, bem como os elementos capazes
de indicar, a princípio, a possível presença de animus necandi na conduta, impõe-se a submissão do réu para ser
julgado pelo Tribunal do Júri.
4. Recurso em sentido estrito conhecido e desprovido, com medida adotada de ofício.
(N.U 0008005-69.2019.8.11.0064, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, GILBERTO GIRALDELLI, Terceira
Câmara Criminal, Julgado em 30/11/2022, Publicado no DJE 05/12/2022)
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1. Se o magistrado a quo analisou e afastou o pleito de desclassificação do crime de Homicídio tentado para lesão
corporal, não há que se falar em nulidade da pronúncia por omissão na apreciação da tese desclassificatória;
2. Deve ser mantida a sentença de pronúncia, que faz mero juízo de admissibilidade da Acusação, se houver prova
da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria consubstanciados na confissão do réu e palavras da vítima,
colhidas em ambas as fases da persecução penal. Eventual dúvida quanto à autoria delitiva, insuperável pelo juiz
singular, a causa deve ser submetida ao crivo do Conselho de Sentença, juiz natural, em homenagem ao brocardo
jurídico In Dubio Pro Societate;
3. Não demonstrada, de forma inequívoca ao juízo singular, a verossimilhança da Legítima Defesa, não deve ser
afastada, de pronto, a apreciação da causa pelo Tribunal do Júri, especialmente se ambas as teses, defensiva e
acusatória, encontram respaldo em elementos de prova colhidos nos autos;
4. Na fase da pronúncia, não estando seguramente delineada a alegada ausência de animus necandi por parte do
agente, mormente em virtude da possibilidade de incidência do dolo eventual, é inviável a desclassificação da con-
duta para lesão corporal, confirmando-se o ato de admissibilidade da acusação, e autorizando o julgamento do
recorrente pelo Conselho de Sentença;
5. Não pode ser considerada manifestamente improcedente a qualificadora do motivo fútil, se houver indícios
suficientes nos autos de que o réu praticou a conduta criminosa porque a vítima o estaria impedindo de ter acesso
à sua ex-esposa.
(N.U 1001245-05.2020.8.11.0080, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, RONDON BASSIL DOWER FILHO,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 30/11/2022, Publicado no DJE 05/12/2022)
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4. Na fase da pronúncia, não estando seguramente delineada a alegada ausência de animus necandi por parte do
agente, mormente em virtude da possibilidade de incidência do dolo eventual, é inviável a desclassificação da con-
duta para lesão corporal, confirmando-se o ato de admissibilidade da acusação, e autorizando o julgamento do
recorrente pelo Conselho de Sentença;
5. Não pode ser considerada manifestamente improcedente a qualificadora do motivo fútil, se houver indícios
suficientes nos autos de que o réu praticou a conduta criminosa porque a vítima o estaria impedindo de ter acesso
à sua ex-esposa.
(N.U 1001245-05.2020.8.11.0080, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, RONDON BASSIL DOWER FILHO,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 30/11/2022, Publicado no DJE 01/12/2022)
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HABEAS CORPUS – HOMICÍDIOS QUALIFICADOS E PERTENCIMENTO À ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA – PRISÃO PREVENTIVA MANTIDA NA DECISÃO DE PRONÚNCIA – 1. ALEGADA IN-
SUBSISTÊNCIA DOS MOTIVOS QUE ENSEJARAM A CONSTRIÇÃO CAUTELAR – ALARDEADA
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA – CONCLUSÃO DA INSTÂNCIA ORDINÁRIA ACERCA
DA EXISTÊNCIA DOS INDÍCIOS DE AUTORIA – MATÉRIA AFETA AO JULGAMENTO PELO TRI-
BUNAL DO JÚRI, SOB PENA DE USURPAÇÃO DE SUA COMPETÊNCIA – INCOMPATIBILIDADE
COM A VIA ELEITA – 2. MEDIDA SEGREGATÍCIA DECRETADA E MANTIDA PARA O BEM DA
ORDEM PÚBLICA – GRAVIDADE CONCRETA DAS CONDUTAS ILÍCITAS SUPOSTAMENTE PER-
PETRADAS – PREDICADOS PESSOAIS ABONATÓRIOS QUE NÃO AFASTAM O RISCO QUE A LI-
BERDADE DA PACIENTE OFERECE AO CORPO SOCIAL – COAÇÃO ILEGAL NÃO DEMONS-
TRADA – 3. ORDEM DENEGADA.
1. A propalada participação de menor importância da paciente só comporta acolhida na via do habeas corpus
se restar comprovada de maneira irrefutável nos autos, pois o rito célere e sumário da ação mandamental inadmite
dilação probatória, a impedir discussões acerca da autoria do crime imputado. Logo, existindo indícios, ainda que
mínimos, da relevância da conduta para o cometimento dos crimes de homicídios pelos quais foi pronunciada, é o
que basta para a legitimidade da prisão preventiva.
2. Legítima a prisão preventiva mantida na decisão de pronúncia, se as razões de decidir evidenciam que a
paciente esteve presa durante toda a instrução criminal do sumário da culpa e ainda persistem os requisitos legais
da medida extremada, principalmente o risco à garantia da ordem pública, que está lastreada na maior gravidade
das condutas ilícitas perpetradas, evidenciada modus operandi empregado na consumação dos delitos imputados.
Uma vez constatada a imprescindibilidade da constrição cautelar para salvaguardar a ordem pública, resta inviável
a revogação da medida constritiva ou sua substituição por restrições menos severas, a despeito dos predicados
pessoais favoráveis eventualmente ostentados pela segregada, nos termos já assentados pela jurisprudência conso-
lidada desta eg. Corte de Justiça.
3. Constrangimento ilegal não evidenciado. Ordem denegada.
(N.U 1019275-66.2022.8.11.0000, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, GILBERTO GIRALDELLI, Terceira
Câmara Criminal, Julgado em 30/11/2022, Publicado no DJE 01/12/2022)
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AOS INTERESSES DA DEFESA – INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 93, INCISO IX, DA CONS-
TITUIÇÃO DA REPÚBLICA – 2. MÉRITO: 2.1. PRETENDIDA A IMPRONÚNCIA – ARGUIDA A AU-
SÊNCIA DE PROVAS DA AUTORIA – IMPOSSIBILIDADE – ACERVO PROBATÓRIO CAPAZ DE DE-
MONSTRAR A PRESENÇA DE INDÍCIOS SUFICIENTES – MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA
ACUSAÇÃO – IMPERIOSA SUBMISSÃO AO TRIBUNAL DO JÚRI – 2.2. PLEITO DE EXCLUSÃO DE
TODAS AS QUALIFICADORAS – IMPOSSIBILIDADE – CIRCUNSTÂNCIAS QUE NÃO SÃO MANI-
FESTAMENTE IMPROCEDENTES E ENCONTRAM SUSTENTÁCULO NAS PROVAS DOS AUTOS –
DICÇÃO DO ENUNCIADO ORIENTATIVO N.º 2 DA TCCR/TJMT – PRONÚNCIA MANTIDA – PRE-
LIMINAR DE NULIDADE REJEITADA, NO MÉRITO, DESPROVIDO O RECURSO.
1. A teor da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, verificando-se que o magistrado singular cuidou de
explanar na pronúncia as circunstâncias fáticas indicativas da admissibilidade da acusação, atentando-se ao uso
moderado das palavras e expressões, como se deu in casu, mesmo que contrária à tese defensiva, não há falar em
carência de fundamentação idônea e tampouco em violação ao art. 93, inciso IX, da Constituição da República.
2.1. A decisão de pronúncia consubstancia mero juízo de admissibilidade da acusação. Dessarte, presentes prova
da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria do crime, requisitos exigidos pelo art. 413, §1.º, do CPP,
a decisão sobre a ocorrência ou não dos fatos descritos na denúncia deve ser submetida a julgamento pela Corte
Popular, em observância à soberania dos veredictos [art. 5.º, XXXVIII, “c”, da CF].
2.2. Na fase da pronúncia a exclusão das qualificadoras só é possível quando estas forem manifestamente impro-
cedentes, caso contrário, havendo indícios mínimos de que estão presentes, como ocorre na hipótese, devem ser
mantidas a fim de serem apreciadas pelo órgão constitucional competente, que é o e. Tribunal do Júri, consoante
a redação do Enunciado Orientativo n.º 02, aprovado pela TCCR/TJMT.
Preliminar rejeitada e, no mérito, desprovido o recurso.
(N.U 0000190-78.2008.8.11.0105, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, GILBERTO GIRALDELLI, Terceira
Câmara Criminal, Julgado em 23/11/2022, Publicado no DJE 29/11/2022)
51
1. Havendo prova da materialidade e indícios suficientes da autoria, torna-se imperativo o julgamento do agente
pelo Tribunal do Júri, juiz natural da causa, porquanto inexistente prova inequívoca e segura da excludente de
ilicitude referente à legítima defesa para a absolvição sumária.
2. A desclassificação do tipo penal relativo ao homicídio tentado, com afastamento da competência do Tribunal
do Júri, na fase de pronúncia, só teria cabimento caso fosse certa, neste momento processual, a ausência do animus
necandi do acusado quando no momento do crime, o que não ocorre na presente hipótese.
Recurso desprovido em sintonia com o parecer ministerial.
(N.U 0000404-50.2010.8.11.0024, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, JUVENAL PEREIRA DA SILVA,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 23/11/2022, Publicado no DJE 29/11/2022)
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VOLUNTÁRIA E DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL – IMPROCEDÊNCIA – FATOS
CONTROVERSOS QUANTO ÀS PECULIARIDADES DO CRIME – POSSIBILIDADE DE INTENÇÃO
DE MATAR – NECESSIDADE DE ANÁLISE PELO CONSELHO DE SENTENÇA – 4. RECURSO QUE
DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA – EXCLUSÃO – IMPROCEDÊNCIA – INDÍCIOS SUFICIENTES
PARA SUSTENTAR A DECISÃO DE PRONÚNCIA – QUALIFICADORA NÃO MANIFESTAMENTE
IMPROCEDENTE – RECURSO DESPROVIDO – CONSONÂNCIA COM O PARECER.
1. Deve ser mantida a sentença de pronúncia, que faz mero juízo de admissibilidade da Acusação, se houver prova
da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, como in casu consubstanciados na confissão do réu e
palavras da vítima, colhidas em ambas as fases da persecução penal. Eventual dúvida insuperável do juiz singular
quanto à autoria delitiva, a causa deve ser submetida ao crivo do Conselho de Sentença, juiz natural dos crimes
dolosos contra a vida, em homenagem ao brocardo jurídico In Dubio Pro Societate;
2. Não demonstrada, de forma inequívoca ao juízo singular, a verossimilhança da legítima defesa, não deve ser
afastada, de pronto, a apreciação da causa pelo Tribunal do Júri, especialmente se ambas as teses, defensiva e
acusatória, encontram respaldo em elementos de prova colhidos nos autos;
3. Na fase da pronúncia, não estando seguramente delineada a ausência de animus necandi ou a desistência volun-
tária da prática do crime por parte do agente, mormente diante da existência de duas vertentes de provas nos autos,
é inviável a desclassificação da conduta para lesão corporal, confirmando-se a admissibilidade da acusação, e auto-
rizando o julgamento do recorrente pelo Conselho de Sentença;
4. Não pode ser considerada manifestamente improcedente a qualificadora do recurso que dificultou a defesa da
vítima, se há indícios nos autos, ainda que mínimos, de que o recorrente agiu mediante surpresa.
(N.U 0000024-76.2004.8.11.0108, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, RONDON BASSIL DOWER FILHO,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 23/11/2022, Publicado no DJE 05/12/2022)
53
1) Inviável o acolhimento da tese desclassificatória pela ausência do animus necandi, se existem indícios que o
acusado agiu com dolo homicida na empreitada criminosa, devendo a matéria deve ser submetida a julgamento
pela Corte Popular, em observância ao princípio do in dubio pro societate e à soberania dos veredictos.
2) Presentes nos autos elementos suficientes para a imputação daS qualificadoras do motivo torpe, meio cruel e
recurso que dificultou a defesa do ofendido, deve ser submetida à apreciação dos jurados, pois só podem ser
excluídas da sentença de pronúncia as circunstâncias qualificadoras manifestamente improcedentes, uma vez que
não se deve usurpar do Tribunal do Júri o pleno exame dos fatos da causa.
3) Recurso desprovido em consonância com o parecer ministerial.
(N.U 0003487-14.2018.8.11.0018, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, JUVENAL PEREIRA DA SILVA,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 23/11/2022, Publicado no DJE 29/11/2022)
54
IMPROCEDÊNCIA – INDÍCIOS SUFICIENTES – QUALIFICADORAS NÃO MANIFESTAMENTE IM-
PROCEDENTES – APLICABILIDADE DO ENUNCIADO Nº 2 TCCR/TJMT – PRELIMINAR REJEI-
TADA – RECURSO DESPROVIDO EM CONSONÂNCIA COM O PARECER MINISTERIAL.
1. Não há nulidade em sentença de pronúncia por excesso de linguagem quando o magistrado, ao prolatar a sua
decisão, realiza apenas menção à natureza do crime e à pena abstratamente cominada, sendo estes intrinsecamente
ligadas ao crime, não tendo assim, o condão de influenciar no convencimento dos jurados.
2. Não demonstrada, de forma inequívoca, a verossimilhança da Legítima Defesa alegada, não deve ser afastada
sua apreciação pelo Tribunal do Júri, especialmente se ambas as teses invocadas pelas partes, defensiva e acusatória,
encontram respaldo em elementos de provas colhidos nos autos e, principalmente ante a latente dúvida quanto à
dinâmica do crime.
3. O decote das qualificadoras é medida excepcional, que só deve ser levada a cabo quando manifestamente
improcedente ou descabida a imputação da circunstância qualificadora;
In casu, emergindo do contexto fático-probatório indícios mínimos de que o Recorrente agiu movido por motivo
fútil, por discussão de somenos importância, bem como segurou a vítima, dificultando a sua defesa, devem ser
mantidas as qualificadoras do motivo fútil e do emprego de recurso que dificultou a defesa do ofendido, que pelas
razões expostas, não se revelam manifestamente improcedentes.
(N.U 1001186-52.2022.8.11.0078, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, RONDON BASSIL DOWER FILHO,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 23/11/2022, Publicado no DJE 30/11/2022)
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – HOMICÍDIO QUALIFICADO (ART. 121, §2.º, INC. II E IV,
DO CP) – PRONÚNCIA – IRRESIGNAÇÃO DA DEFESA – 1. PRETENDIDA A ABSOLVIÇÃO SUMÁ-
RIA, SOB A ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA – IMPOSSIBILIDADE – PROVA DA MATERIALI-
DADE DELITIVA E INDÍCIOS SUFICIENTES DA AUTORIA – EXCLUDENTE DE ILICITUDE NÃO
COMPROVADA ESTREME DE DÚVIDAS – MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO –
RESGUARDO DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI – 2. REQUERIDA A EXCLUSÃO DAS
QUALIFICADORAS REFERENTES AO MOTIVO FÚTIL E RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA
DA VÍTIMA – DESCABIMENTO – CIRCUNSTÂNCIAS QUE NÃO SE REVELAM MANIFESTAMENTE
IMPROCEDENTES – DECISÃO MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1. Na fase da pronúncia, somente é cabível o acolhimento da tese da absolvição sumária, com amparo na excludente
de ilicitude da legítima defesa, quando o conjunto probatório mostra a sua ocorrência de maneira inequívoca, o
que não é o caso dos autos, haja vista a existência de tese contraposta em outros elementos de convicção angariados
em juízo, não sendo plena a conclusão de que a recorrente efetivamente sofrera injusta agressão, atual ou iminente,
a direito seu ou de outrem, e se esta foi repelida, moderadamente e com os meios necessários para tanto.
55
2. Na fase da pronúncia, a exclusão das qualificadoras só é possível quando forem manifestamente improcedentes,
caso contrário, havendo indícios mínimos de suas possíveis ocorrências, como na hipótese, devem ser mantidas a
fim de que sejam apreciadas pelo órgão constitucional competente, que é o Tribunal do Júri. Inteligência do Enun-
ciado Orientativo n.º 02 da TCCR/TJMT.
Pronúncia mantida. Recurso defensivo conhecido e desprovido.
(N.U 0001260-31.2019.8.11.0078, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, GILBERTO GIRALDELLI, Terceira
Câmara Criminal, Julgado em 23/11/2022, Publicado no DJE 25/11/2022)
56
(N.U 0003181-37.2015.8.11.0087, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, RONDON BASSIL DOWER FILHO,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 23/11/2022, Publicado no DJE 30/11/2022)
57
DADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA – MERO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA ACU-
SAÇÃO – RESGUARDO DA COMPETÊNCIA DO JÚRI – 2. PEDIDO DE EXCLUSÃO DAS QUALIFI-
CADORAS – INVIABILIDADE – CIRCUNSTÂNCIAS ACERCA DO EMPREGO DE MOTIVO FÚTIL E
EMPREGO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA QUE NÃO SE REVELAM MA-
NIFESTAMENTE IMPROCEDENTES – APRECIAÇÃO EXAURIENTE DA MATÉRIA PELO TRIBU-
NAL DO JÚRI – PRONÚNCIA MANTIDA – 3. PEDIDO DE FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS AO DE-
FENSOR DATIVO – NÃO ACOLHIMENTO – INCUMBÊNCIA DO JUÍZO DA CAUSA – INVIABILI-
DADE NESTE MOMENTO PROCESSUAL – RECURSO DESPROVIDO.
1. A decisão de pronúncia consubstancia mero juízo de admissibilidade da acusação. Destarte, presentes a
prova da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, requisitos exigidos pelo art. 413, caput, e §1.º, do
CPP, revela-se incabível a impronúncia, máxime quando os autos revelam pluralidade de versões acerca da dinâ-
mica dos fatos, devendo o réu ser submetido a julgamento pela Corte Popular, em observância à soberania dos
vereditos [art. 5.º, XXXVIII, “c”, da CF/88].
2. Consoante a redação do Enunciado Orientativo n.º 02, aprovado pela TCCR/TJMT, na fase da pronúncia
a exclusão das qualificadoras só é possível quando forem manifestamente improcedentes, caso contrário, havendo
indícios mínimos de que estão presentes, como ocorre in casu, devidamente fundamentadas e individualizadas
entre si, devem ser mantidas a fim de serem apreciadas pelo órgão constitucional competente, que é o e. Tribunal
do Júri,
3. No ato de nomeação, o d. juízo a quo, cuja atividade jurisdicional ainda não se encerrou na hipótese,
estipulou que a fixação da verba honorária do advogado dativo se dará ao cabo do processo, de modo que descabe
falar em arbitramento dos honorários por parte desta instância ad quem, pois tal atividade incumbe ao juiz da
causa.
Recurso conhecido e desprovido.
(N.U 0002990-47.2013.8.11.0059, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, GILBERTO GIRALDELLI, Terceira
Câmara Criminal, Julgado em 16/11/2022, Publicado no DJE 21/11/2022)
58
2. A desclassificação do tipo penal relativo ao homicídio tentado, com afastamento da competência do Tribunal
do Júri, na fase de pronúncia, só teria cabimento acaso fosse certa a ausência do animus necandi do acusado quando
no momento do crime, o que não ocorre na presente hipótese.
Recurso desprovido em sintonia com o parecer ministerial.
(N.U 0015708-82.2015.8.11.0002, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, JUVENAL PEREIRA DA SILVA,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 09/11/2022, Publicado no DJE 18/11/2022)
60
APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO SIMPLES. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍ-
CULO AUTOMOTOR. AFASTAR-SE O CONDUTOR DO VEÍCULO DO LOCAL DO ACIDENTE, PARA
FUGIR À RESPONSABILIDADE CIVIL OU PENAL. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. TRIBUNAL DO
JÚRI. CONDENAÇÃO. IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. 1. PRELIMINAR LEVANTADA PELA D. PGJ.
ALEGADA OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA. PENA IN CONCRETO. CRIMES DOS
ARTIGOS 305 E 306 DO CTB. LAPSO TEMPORAL ALCANÇADO. EXTINÇÃO DA PRETENSÃO PU-
NITIVA RECONHECIDA. 2. MERITO. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS
AUTOS. AUSÊNCIA DE PROVA PARA INCIDÊNCIA DA CAUSA DE AUMENTO DE OMISSÃO DE
SOCORRO. MORTE INSTANTANEA. RISCO À INTEGRIDADE FÍSICA DO AGENTE. INOCORRÊN-
CIA. VEREDICTO EM CONSONÂNCIA COM O CONJUNTO PROBATÓRIO SUBMETIDO À APRECI-
AÇÃO DOS JURADOS. INTELIGÊNCIA DO ENUNCIADO Nº. 13 TCCR/TJMT. PRELIMINAR DE
PRESCRIÇÃO LEVANTADA PELA D. PGJ ACOLHIDA E, NO MÉRITO, RECURSO DESPROVIDO EM
CONSONÂNCIA COM O PARECER MINISTERIAL.
1.1. Segundo a regra do art. 119 do CP, em se tratando de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá
sobre a pena de cada um deles, isoladamente.
1.2. A prescrição, após a prolação de sentença condenatória transitada em julgado para a acusação, regula-se pela
pena aplicada, nos termos do art. 110, § 1º do CP.
1.3. Transcorrido o prazo prescricional previsto em lei para a pena in concreto, entre a decisão confirmatória da
pronúncia e a sentença condenatória, imperiosa a extinção da punibilidade dos crimes descritos nos artigos 305 e
306 do CTB, por força da prescrição retroativa, com fulcro no art. 107, inc. IV e art. 109, inc. VI, c/c art. 110, §1º
e art. 119, todos do Código Penal, restando prejudicadas as análises das teses aventadas pela Defesa, quanto ao
mérito nesse ponto.
2. Não se revela divorciada da prova dos autos, a decisão dos jurados, que diante das provas que lhes são apresen-
tadas, reconhece a incidência da causa de aumento da omissão de socorro (§2º, III, art. 302 CTB), uma vez, que
recai sobre o apelante a obrigação de se esforçar para evitar o resultado mais gravoso, cabendo somente, aos
socorristas/paramédicos, atestar o óbito.
(N.U 0001885-14.2015.8.11.0011, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, RONDON BASSIL DOWER FILHO,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 02/11/2022, Publicado no DJE 09/11/2022)
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – ART. 121, §2º, INC. IV, DO CP – PRONÚNCIA – 1. ALME-
JADA A IMPRONÚNCIA – DESCABIMENTO – CONJUNTO PROBATÓRIO APTO A COMPROVAR A
MATERIALIDADE DELITIVA – DEPOIMENTOS REPRODUZIDOS EM JUÍZO CAPAZES DE FOR-
NECER INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA – PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO – PRE-
PONDERÂNCIA DE PROVAS INCRIMINATÓRIAS QUE AFASTAM A INCIDÊNCIA DO BROCARDO
IN DUBIO PRO REO – IMPERIOSA SUBMISSÃO AO TRIBUNAL DO JÚRI – 2. PLEITO DE EXCLUSÃO
DA QUALIFICADORA DO EMPREGO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA –
INVIABILIDADE - CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS QUE JUSTIFICAM A MANUTENÇÃO DA QUALIFI-
CADORA – ENUNCIADO ORIENTATIVO N.º 02 TCCR/TJMT – RECURSO CONHECIDO E DESPRO-
VIDO.
1. A decisão de pronúncia consubstancia mero juízo de admissibilidade da acusação, de modo que, se
presentes a prova da materialidade delitiva e os indícios suficientes de autoria do crime doloso contra a vida, os
quais, dadas as peculiaridades do caso concreto, foram aferidos a partir de testemunhos ratificados em juízo, assu-
mido o compromisso legal de dizer a verdade, impõe-se o pronunciamento do réu para ser julgado pelo e. Tribunal
do Júri, por força do comando constitucional expresso no art. 5.º, inc. XXXVIII, alínea d, da CF.
61
2. Diante dos elementos constantes dos autos, deve prevalecer ao menos nesta fase, a incidência da
qualificadora do recurso que impossibilitou ou dificultou a defesa da vítima, que só poderia ser excluída da pro-
núncia se manifestamente improcedente e de todo descabida, uma vez que é conferida ao Júri a competência para
expurgá-las, se for o caso.
Pronúncia mantida.
(N.U 0000543-11.2011.8.11.0042, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, GILBERTO GIRALDELLI, Terceira
Câmara Criminal, Julgado em 02/11/2022, Publicado no DJE 07/11/2022)
63
1.3. Transcorrido o prazo prescricional previsto em lei para a pena in concreto, entre a decisão confirmatória da
pronúncia e a sentença condenatória, imperiosa a extinção da punibilidade dos crimes descritos nos artigos 305 e
306 do CTB, por força da prescrição retroativa, com fulcro no art. 107, inc. IV e art. 109, inc. VI, c/c art. 110, §1º
e art. 119, todos do Código Penal, restando prejudicadas as análises das teses aventadas pela Defesa, quanto ao
mérito nesse ponto.
2. Não se revela divorciada da prova dos autos, a decisão dos jurados, que diante das provas que lhes são apresen-
tadas, reconhece a incidência da causa de aumento da omissão de socorro (§2º, III, art. 302 CTB), uma vez, que
recai sobre o apelante a obrigação de se esforçar para evitar o resultado mais gravoso, cabendo somente, aos
socorristas/paramédicos, atestar o óbito.
(N.U 0001885-14.2015.8.11.0011, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, RONDON BASSIL DOWER FILHO,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 02/11/2022, Publicado no DJE 09/11/2022)
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – ART. 121, §2º, INC. IV, DO CP – PRONÚNCIA – 1. ALME-
JADA A IMPRONÚNCIA – DESCABIMENTO – CONJUNTO PROBATÓRIO APTO A COMPROVAR A
MATERIALIDADE DELITIVA – DEPOIMENTOS REPRODUZIDOS EM JUÍZO CAPAZES DE FOR-
NECER INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA – PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO – PRE-
PONDERÂNCIA DE PROVAS INCRIMINATÓRIAS QUE AFASTAM A INCIDÊNCIA DO BROCARDO
IN DUBIO PRO REO – IMPERIOSA SUBMISSÃO AO TRIBUNAL DO JÚRI – 2. PLEITO DE EXCLUSÃO
DA QUALIFICADORA DO EMPREGO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA –
INVIABILIDADE - CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS QUE JUSTIFICAM A MANUTENÇÃO DA QUALIFI-
CADORA – ENUNCIADO ORIENTATIVO N.º 02 TCCR/TJMT – RECURSO CONHECIDO E DESPRO-
VIDO.
1. A decisão de pronúncia consubstancia mero juízo de admissibilidade da acusação, de modo que, se
presentes a prova da materialidade delitiva e os indícios suficientes de autoria do crime doloso contra a vida, os
quais, dadas as peculiaridades do caso concreto, foram aferidos a partir de testemunhos ratificados em juízo, assu-
mido o compromisso legal de dizer a verdade, impõe-se o pronunciamento do réu para ser julgado pelo e. Tribunal
do Júri, por força do comando constitucional expresso no art. 5.º, inc. XXXVIII, alínea d, da CF.
2. Diante dos elementos constantes dos autos, deve prevalecer ao menos nesta fase, a incidência da
qualificadora do recurso que impossibilitou ou dificultou a defesa da vítima, que só poderia ser excluída da pro-
núncia se manifestamente improcedente e de todo descabida, uma vez que é conferida ao Júri a competência para
expurgá-las, se for o caso.
Pronúncia mantida.
(N.U 0000543-11.2011.8.11.0042, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, GILBERTO GIRALDELLI, Terceira
Câmara Criminal, Julgado em 02/11/2022, Publicado no DJE 07/11/2022)
66
1.222 DO COMANDO DO EXÉRCITO BRASILEIRO – ACOLHIMENTO – AMPLIAÇÃO DA CLASSIFI-
CAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO – MUNIÇÃO (9MM) QUE PASSOU A SER CONSIDERADA COMO DE
USO PERMITIDO - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A fase de admissibilidade formal da acusação se contenta com a prova da existência do fato e com a
presença de indícios sobre sua autoria, a análise das circunstâncias em que o delito ocorreu, pois as asserções
contidas nos recursos, visando o reconhecimento da tese de insuficiência probatória, retrata questão intimamente
relacionada com o mérito da causa e cuja competência é do Júri Popular, juiz natural da causa, podendo ser acolhida
nesta fase somente quando ausente, de forma inquestionável, elementos de prova em sentido incriminador, Caso
contrário – como no vertente, onde existem duas versões nitidamente contrapostas, quais sejam, a da defesa do
pronunciado – visto que este não foi ouvido por se encontrar foragido - e a das testemunhas, incluindo a da própria
vítima sobrevivente – a matéria deve ser submetida à apreciação da Corte Leiga, cuja competência constitucional
é de ser respeitada em face do princípio do juiz natural.
2. Quando constatado que os crimes de porte irregular de armas e de homicídio qualificado se afiguram
absolutamente autônomos, inexistindo qualquer relação de subordinação entre as condutas, resta inviabilizada a
aplicação do princípio da consunção, devendo o pronunciado responder por ambas as condutas.
3. O concurso material entre o porte irregular de arma de fogo e o crime contra a vida é matéria atinente
ao Tribunal Popular do Júri, em razão da soberania prevista no artigo 5º, inciso XXXVIII da Constituição Federal.
4. É impositiva a desclassificação do delito do artigo 16, caput para o tipificado no artigo 14, da Lei nº. 10.826/03,
porquanto houve modificação da norma complementadora alterando os parâmetros de aferição dos calibres das
armas de fogo e, conforme a Portaria n°. 1.222/2019 do Comando do Exército Brasileiro, a pistola calibre 9mm
passou a ser arma de uso permitido, tratando-se, pois, de novatio legis in mellius.
(N.U 0000195-43.2019.8.11.0064, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, JUVENAL PEREIRA DA SILVA,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 02/11/2022, Publicado no DJE 07/11/2022)
67
2. Não se verifica julgamento manifestamente contrário às provas dos autos quando o Conselho de Sentença acolhe
uma das teses existentes, a qual possui amparo nos elementos de convicção contidos no caderno processual, situ-
ação que legitima a decisão dos jurados leigos, a luz do princípio da soberania dos veredictos.
3. Sendo as qualificadoras reconhecidas pelos jurados, estando amparada no conjunto probatório, inviável a inva-
lidação da sentença, sob pena de violação à soberania dos vereditos.
4. De ofício, seja realizada a compatibilização da custódia cautelar com o modo de execução determinado na sen-
tença (regime semiaberto), a fim de harmonizá-la com as condições do regime prisional imposto; sob pena de estar
impondo ao condenado modo de execução mais gravosos que àquele fixado na sentença.
(N.U 0018783-03.2013.8.11.0002, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, JUVENAL PEREIRA DA SILVA,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 02/11/2022, Publicado no DJE 07/11/2022)
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5) Recurso desprovido.
(N.U 0000253-03.2015.8.11.0059, CÂMARAS ISOLADAS CRIMINAIS, JUVENAL PEREIRA DA SILVA,
Terceira Câmara Criminal, Julgado em 02/11/2022, Publicado no DJE 09/11/2022)
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➢ TURMA DE CÂMARAS CRIMINAIS REUNIDAS
A possível parcialidade dos jurados pode resultar de fundado receio que a periculosidade do réu lhes provoca,
incluindo ameaças de arrebatamento de presos na comarca onde o julgamento ocorreria, impondo o
desaforamento do julgamento para outra comarca, que proporcione maior segurança e limpidez da prestação
jurisdicional. Desaforamento procedente.
A possível parcialidade dos jurados pode resultar de fundado receio que a periculosidade do réu lhes provoca,
incluindo ameaças de arrebatamento de presos na comarca onde o julgamento ocorreria, impondo o
desaforamento do julgamento para outra comarca, que proporcione maior segurança e limpidez da prestação
jurisdicional. Desaforamento procedente.
71
IMPUGNAÇÃO EM TEMPO OPORTUNO – NULIDADE POSTERIOR A PRONÚNCIA – AUSÊNCIA
DE INCONFORMISMO DURANTE A SESSÃO PLENÁRIA – PREJUÍZO NÃO VERIFICADO –
TESTEMUNHAS OUVIDAS NA FASE JUDICIAL – FALTA DE INTIMAÇÃO DO REÚ ACERCA DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA – DESNECESSIDADE – INDIVÍDUO EM LIBERDADE –
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 392, INCISOS I E II, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – DEFENSOR
PRESENTE NA SESSÃO DE JULGAMENTO – RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO
TEMPESTIVAMENTE – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – FALTA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO
DEFENSOR PÚBLICO QUE APRESENTOU AS RAZÕES RECURSAIS QUANTO À DATA DA SESSÃO
DE JULGAMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO E EM RELAÇÃO AO ACÓRDÃO – VIOLAÇÃO
AO ARTIGO 5º, § 5º, DA LEI N. 1.060/1950 – IMPROCEDÊNCIA – PECULIARIDADES – DEFENSORIA
PÚBLICA INTIMADA POR MEIO DO DIÁRIO ELETRÔNICO – AUSÊNCIA DE INCONFORMISMO
NA OCASIÃO – TRÂNSITO EM JULGADO OCORRIDO HÁ MAIS DE CINCO ANOS – PRECLUSÃO –
REVISÃO CRIMINAL IMPROCEDENTE.
Não há falar em nulidade da decisão de pronúncia, quanto em conformidade com o artigo 413 do Código de
Processo Penal, e, sobretudo, porque não padece de excesso de fundamentação, tampouco apresenta linguagem
inadequada, capaz de influenciar os Jurados, porquanto a decisão limitou-se a discorrer acerca da materialidade e
indícios de autoria, sem afirmar certeza plena e inarredável.
Na fase de pronúncia, as qualificadoras só podem ser afastadas quando manifestamente improcedentes, sem
qualquer apoio nos autos, o que não ocorre se o caderno processual traz elementos suficientes a este respeito, e na
decisão fica expressamente consignado que a exclusão se mostrou altamente discutível, devendo a controvérsia ser
dirimida pelo Tribunal do Júri, além do que a matéria foi alvo de apreciação em recurso em sentido estrito e,
posteriormente, confirmada em sede de recurso de apelação.
Embora as testemunhas arroladas pela defesa não tenham sido intimadas para a sessão de julgamento do Júri
Popular, porque não localizadas nos endereços fornecidos, a ausência de inconformismo da defesa, em momento
oportuno, configura preclusão, nos termos do inciso V, do artigo 571 da Lei Processual Penal, bem como não há
qualquer prejuízo, tendo em vista que referidas testemunhas foram ouvidas na fase judicial, sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa, revelando o que presenciaram sobre o crime.
Descabe cogitar em nulidade processual pela ausência de intimação pessoal do réu, quanto aos termos da sentença
condenatória, tendo em vista que, de acordo com o artigo 392, incisos I e II, do Código de Processo Penal, é
inexigível a intimação pessoal quanto o indivíduo não se encontra preso, bem como possuía advogado legalmente
constituído e que estava presente na solenidade, saindo devidamente intimado e apresentou tempestivamente o
recurso de apelação.
Apesar de ser necessária a intimação pessoal do Defensor Público em relação à data da sessão de julgamento de
seus recursos e do acórdão, consoante disposto no artigo 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/1950, não há falar em nulidade,
se o Defensor, embora intimado pelo Diário da Justiça Eletrônico, não manifesta qualquer inconformismo,
Possibilitar que a defesa, depois de consentir com a decisão do Tribunal de Justiça no julgamento do recurso de
apelação, que transitou em julgado há mais de cinco anos, questione a ausência de intimação, somente em revisão
criminal, é permitir que o processo se transforme em um instrumento de estratégias totalmente divorciado dos
seus princípios básicos, que são a busca da verdade real e a aplicação do direito.
72
(N.U 1005605-58.2022.8.11.0000, CÂMARAS CRIMINAIS REUNIDAS, PEDRO SAKAMOTO, Turma de
Câmaras Criminais Reunidas, Julgado em 03/11/2022, Publicado no DJE 11/11/2022)
Não há falar em nulidade da decisão de pronúncia, quanto em conformidade com o artigo 413 do Código de
Processo Penal, e, sobretudo, porque não padece de excesso de fundamentação, tampouco apresenta linguagem
inadequada, capaz de influenciar os Jurados, porquanto a decisão limitou-se a discorrer acerca da materialidade e
indícios de autoria, sem afirmar certeza plena e inarredável.
Na fase de pronúncia, as qualificadoras só podem ser afastadas quando manifestamente improcedentes, sem
qualquer apoio nos autos, o que não ocorre se o caderno processual traz elementos suficientes a este respeito, e na
decisão fica expressamente consignado que a exclusão se mostrou altamente discutível, devendo a controvérsia ser
dirimida pelo Tribunal do Júri, além do que a matéria foi alvo de apreciação em recurso em sentido estrito e,
posteriormente, confirmada em sede de recurso de apelação.
Embora as testemunhas arroladas pela defesa não tenham sido intimadas para a sessão de julgamento do Júri
Popular, porque não localizadas nos endereços fornecidos, a ausência de inconformismo da defesa, em momento
oportuno, configura preclusão, nos termos do inciso V, do artigo 571 da Lei Processual Penal, bem como não há
qualquer prejuízo, tendo em vista que referidas testemunhas foram ouvidas na fase judicial, sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa, revelando o que presenciaram sobre o crime.
73
Descabe cogitar em nulidade processual pela ausência de intimação pessoal do réu, quanto aos termos da sentença
condenatória, tendo em vista que, de acordo com o artigo 392, incisos I e II, do Código de Processo Penal, é
inexigível a intimação pessoal quanto o indivíduo não se encontra preso, bem como possuía advogado legalmente
constituído e que estava presente na solenidade, saindo devidamente intimado e apresentou tempestivamente o
recurso de apelação.
Apesar de ser necessária a intimação pessoal do Defensor Público em relação à data da sessão de julgamento de
seus recursos e do acórdão, consoante disposto no artigo 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/1950, não há falar em nulidade,
se o Defensor, embora intimado pelo Diário da Justiça Eletrônico, não manifesta qualquer inconformismo,
Possibilitar que a defesa, depois de consentir com a decisão do Tribunal de Justiça no julgamento do recurso de
apelação, que transitou em julgado há mais de cinco anos, questione a ausência de intimação, somente em revisão
criminal, é permitir que o processo se transforme em um instrumento de estratégias totalmente divorciado dos
seus princípios básicos, que são a busca da verdade real e a aplicação do direito.
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