III CLRígidas
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III CLRígidas
Objetivos da Unidade:
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
QUESTION B AN KS
TEMA 1 de 3
ʪ Material Teórico
Figura 1
Fonte: Getty Images
A curvatura anterior da córnea não é absolutamente esférica, ela é mais curvada na área
central e, à medida que nos aproximamos da periferia, ela diminui a curvatura.
A ceratometria é um método preciso para a medida do contorno corneano, porém ela fornece
dados limitados a uma área central aproximada de 3 mm. Como alguns portadores de
ceratocone, por exemplo, apresentam medidas muito curvas, podem estar além das aferições
proporcionadas pelo ceratômetro. Nessas ocasiões, para auxílio do pro ssional, contamos
com a topogra a corneal que afere, em média, dependendo do aparelho, quase a total
extensão da córnea.
Nos casos de ceratocone incipiente, a distorção das miras na ceratometria tem mais
importância do que os seus valores numéricos. Nesses casos, indicamos o exame de
topogra a para melhor determinar um diagnóstico de possível ceratocone, degeneração
marginal ou algum astigmatismo irregular, pois os dados obtidos com a ceratometria se
tornam de pouca utilidade.
Figura 5 – Topógrafo demonstrando assimetria corneana
Fonte: Reprodução
As lentes podem ser gelatinosas ou rígidas, porém o maior universo no mercado atual, em se
tratando de lentes multifocais, ainda é o das lentes hidrofílicas.
LC para correção de longe e óculos com complemento da visão de perto (OC com
AD);
Na técnica da monovisão modi cada, nós podemos corrigir o olho dominante para longe com
lente monofocal, e o olho não dominante com lente bifocal ou multifocal, e vice-versa.
Monovisão
A técnica de monovisão como correção visual foi criada pelo oftalmologista Dr. Westsmith, em
1959, e na verdade é um nome inadequado, porque apesar de o paciente car com a visão
central do olho corrigido para perto parcialmente turva, ele tem boa visão periférica,
conservando uma binocularidade importante. Com ambos os olhos, o usuário, geralmente,
tem boa acuidade visual para longe e perto, uma estereopsia aceitável e um melhor campo de
visão do que com os óculos.
É preciso uma anamnese apurada, principalmente em relação aos hábitos e à pro ssão, e
compreender como isto afeta a visão de perto. Avaliar refração, dominância, rima e tônus
palpebral, ceratometria e lme lacrimal é fundamental, além de muitos casos nos quais ela
não proporcionará a mesma qualidade de visão que os óculos. Não são bons candidatos os
pacientes amblíopes e com anormalidades no segmento anterior. Os emetropes, em geral,
também não são, mas como “cada caso é um caso”, às vezes nos surpreendemos pela
motivação do usuário.
Muitos pro ssionais se preocupam com a perda da estereopsia provocada pela anisometropia
que afeta a visão binocular, e muito provavelmente este seja o motivo de muitos usuários não
se adaptarem bem ao método. Na monovisão, corrigimos o olho dominante para longe e o não
dominante para perto, mas existem usuários que relatam distúrbios em sua sensação de
profundidade; nestes casos, o pro ssional adaptador poderá fazer pequenos ajustes com
auxílio da sobrerrefração.
Bifocais/Multifocais
Os desenhos existentes nas lentes RGP podem ser com visão alternante ou concêntrica:
A técnica de adaptação dependerá da idade da criança e da lente a ser usada. Quando não é
possível obter a ceratometria, podemos utilizar o método da tentativa e erro com o uso de
várias lentes de teste até que se conclua qual a melhor para aquele caso. Adaptações muito
planas ou muito apertadas devem ser evitadas; alguns autores apertam a lente até que
apareçam algumas bolhas, e fazem o pedido de 0,50 ou 1,0 dioptria mais plana do que a lente
testada.
Um cuidado especial deve ser tomado com a sobrerrefração, pois a dioptria da criança muda
rapidamente na infância. Além disso, é comum adicionar ao grau nal da lente valores entre +
1,00 e + 3,00 dioptrias para favorecer a visão de perto, já que o universo dessas crianças é
muito próximo. Em casos de afacia monocular, o ideal é manter tratamento junto a um
pro ssional especializado em Ortóptica, a m de evitar a ambliopia que é muito comum
nesses casos.
Alta Miopia Bilateral: neste caso, os pacientes se bene ciam do uso das LC, pois
elas aumentam a imagem retiniana, o que melhora a AV, também eliminando os
efeitos prismáticos e as aberrações dos óculos;
Ortoqueratologia
A técnica da Ortoqueratologia (Orto K) é um método não cirúrgico para melhorara visão. O
objetivo é a redução ou eliminação do poder refrativo pelo uso de lentes de contato RGP de
geometria inversa, durante o sono, promovendo um Warpage programado. Este é um processo
executado há mais de 50 anos, porém somente com o advento de novos materiais e desenhos
que esta técnica se encontra realmente em evidência, inclusive como método de controle da
miopia.
Apesar de o FDA (Food and Drug Administration) ter aprovado a Orto K como uso diurno em
1994, só foi aceita como uso noturno em 2002. Em 2000, durante Congresso Educativo para
Optometristas em Toronto, foi formada a Academia Americana de Ortoqueratologia, que tem
por objetivo apoiar e promover informações cientí cas sobre a Orto K, e, a partir de 2007, um
estudo conseguiu provar diferença estatisticamente signi cativa em crianças de Hong Kong,
que não exibiram alteração na prescrição geral de suas miopias no uso desta técnica.
Cientistas comprovaram, por meio de estudos, que o olho, quando em estado de acomodação,
sofre compressão prolongada, que produz alongamento da câmara vítrea, de maneira a
aumentar a longitude axial do globo, incrementando a miopia. Outro motivo para o
crescimento da miopia é que nos óculos a correção da imagem está optimizada para fóvea,
sendo a retina periférica prejudicada com a formação de imagens hipermetropicamente
desfocadas, o que contribui, também, para o crescimento axial do globo.
Como a miopia é uma condição que está associada a várias outras patologias, como: glaucoma,
catarata, descolamento de retina, neovascularização coroideia e degeneração macular miópica,
consideramos hoje em dia que ela seja a principal causa da perda visual para longe, afetando
quase 30% da população mundial.
Figura 9
Fonte: Getty Images
A Orto K usa lente com curva reversa, que cria um gradiente de pressão negativo sob as lentes,
permitindo movimento de uido intracelular e de células epiteliais para remodelamento
corneano. Ocorre um aplanamento central baseado nas forças hidráulicas do lme lacrimal e
da força palpebral exercida sobre a geometria da lente durante o sono. O volume do epitélio
não se altera, porém ocorre deslocamento de uido celular da área central para área para
central.
A ortoqueratologia é alternativa atrativa não somente para controle de miopia, como também
para os usuários de lentes RGP, em função da ausência de ciscos durante o uso diurno, porém
é importante uma seleção criteriosa dos candidatos para ter sucesso na adaptação. Muito se
tem alterado nos achados bibliográ cos em relação à faixa etária para o início da adaptação
em crianças, e o que era tido como ideal aos 12 anos, já é considerado usual a partir dos
primeiros anos de vida. A indicação dióptrica é de -6.00 esférico com -1.75 cilíndrico, mas há
casos bem-sucedidos de -10.00 dioptrias esféricas.
Figura 10
Fonte: Getty Images
É imprescindível que o pro ssional explique que essa adaptação é dinâmica e que a córnea
pode reagir diferentemente do esperado quando o assunto é remodelação, podendo o usuário
ter que realizar mais visitas de controle do que o esperado inicialmente.
Cirurgias Refrativas
As alterações corneais provocadas pelas primeiras cirurgias refrativas foram completamente
diferentes das técnicas de cirurgia atuais. A ceratotomia radial (CR) não é mais utilizada, pois
suas complicações muitas vezes inviabilizavam os pacientes de uma correção visual com
óculos e, nestes casos, a LC era a única opção de melhorar a visão. Não se sabe ao certo se as
alterações ectásicas ou o aparecimento de ceratocone após essas cirurgias foram em função
de condição predisponente do paciente ou resultante da espessura corneal pós-cirurgia que
sucumbiu à pressão intraocular, porém essas complicações foram decisivas para a sua
suspensão.
Figura 12 – Incisões provenientes de ceratotomia radial
Fonte: GHANEM; GHANEM; KARA-JOSÉ, 2010
A adaptação de LC pós-RK é um desa o para a maioria dos pro ssionais porque, além dos
problemas técnicos em relação aos desenhos disponíveis para adaptação dessas lentes, a
hiperplasia na margem da ferida, que interfere na arquitetura normal do estroma, eleva o grau
de di culdade na adaptação. Essas córneas são mais suscetíveis à neovascularização
(inviabilizando o uso de lentes gelatinosas), aerosões epiteliais e às infecções. Com
frequência, as incisões violam a integridade endotelial, aumentando ainda mais a importância
de adaptar uma LC que permita boa oxigenação da córnea. Com o m da ceratotomia radial,
surgiram novas técnicas cirúrgicas usadas para correção de vícios de refração que utilizam o
excimer laser, são as cirurgias fotorrefrativas, que incluem a PRK (Photorefractive Keratectomy) e
o LASIK (Laser in Situ Keratomileusis).
As complicações ópticas mais encontradas pós-cirurgia eram: hipocorreção, hipercorreção e
astigmatismo induzido (regular ou irregular), que podem resultar em anisometropia e
consequente aniseiconia; nesses casos, o efeito prismático ocasionado pela correção com OC
não ocorre com as LC. Deslumbramentos (glare), brilhos e halos com pouca luminosidade em
função do aumento da pupila invadir a área dos cortes. O astigmatismo irregular é provocado
por diferenças na cicatrização das várias incisões.
Segundo Anderson et al. (2004), por meio de estudo que envolveu testes laboratoriais e
análises matemáticas para determinar as propriedades e a topogra a do material da córnea,
existem fatores além da genética que in uenciam no equilíbrio da dinâmica corneana; os
fatores extracorneanos são: a pressão intraocular e atmosférica, tensão exercida pelas
pálpebras e pelos músculos extraoculares, além da tensão exercida pelo músculo ciliare
trauma. Já os fatores intracorneanos são o entrecruzamento, a densidade, a distribuição e
orientação das bras de colágeno (lamelas), a espessura e a hidratação estromal e o seu
controle pelo endotélio. A pressão intraocular é fator de importância, pois exerce força
contínua na face interna da córnea. Existem relatos mais recentes que sugerem aumento da
pressão intraocular relacionado com o desenvolvimento de ectasia após LASIK.
A sugestão de adaptação de lentes de contato para RK não incluem as gelatinosas por risco de
infecções e neovascularização, porém, em se tratando das cirurgias a laser, as hidrofílicas
podem ser inseridas quando não se alcança resultado satisfatório com as RGP. As LC RGP de
curva secundária inversa raramente são necessárias para adaptar pós-PRK porque a passagem
da zona operada para a córnea normal não é abrupta. As principais opções de LC pós-cirurgia
são: RGP de alta permeabilidade aos gases; Sistema Piggyback ou a cavaleiro; Híbridas (tipo
Softperm); RGP com desenhos de curvas reversas ou asféricas de grande diâmetro. A loso a
de adaptação pode variar dependendo da conduta clínica que o pro ssional se sentir mais à
vontade, porém as caixas de prova com desenho especiais são muito importantes para um
sucesso nessa adaptação delicada.
Cirurgia de Transplante
A adaptação de lentes de contato pós-transplante de córnea está incluída nas adaptações
especiais, e por ser mais trabalhosa, requer caixas de provas com desenhos de lentes
especiais, além de muita prática por parte do pro ssional adaptador.
Figura 14
Fonte: Getty Images
Com a evolução das técnicas de transplante, mais cirurgias lamelares são realizadas em todo o
mundo e a segurança desse procedimento tem aumentado.
A técnica da cirurgia lamelar tem mostrado menos complicações, uma vez que a integridade
do globo do paciente é preservada. A primeira opção após a cirurgia é o uso de óculos,
considerando o risco maior de complicações com as lentes de contato. Porém as lentes são
indicações importantes em astigmatismos irregulares ou quando a visão é ruim com óculos.
Figura 16
Fonte: Getty Images
Não existe regra de nida, e nesses casos a topogra a corneana é ferramenta útil, porém
fornecerá apenas os parâmetros da primeira lente a ser testada, e o padrão uoresceínico
determinará a melhor escolha. A distribuição de uoresceína nessas adaptações não tem
padrão de nido. O importante é que não haja toque excessivo, nem retenção de lágrima sob a
lente de contato. O pro ssional deve centrar a lente o máximo que a situação permitir e dispor
de lente que proporcione boa acuidade visual ao usuário. Nesses casos, não se pode ser muito
exigente quanto ao padrão da adaptação, pois, muitas vezes, as córneas são deformadas e as
di culdades são maiores do que se trabalhar com olhos que nunca foram submetidos a
procedimentos cirúrgicos.
A adaptação de lentes esclerais modernas ainda é um método relativamente novo, porém tem
sido proveitosa em casos especiais, o que a torna uma modalidade com alto potencial. Alguns
anos atrás, em todo o mundo, só alguns adaptadores especializados eram capazes de adaptar
lentes esclerais com sucesso, e só alguns fabricantes as produziam. Atualmente, muitos
fabricantes de lentes de contato têm desenhos de lentes esclerais ou semiesclerais, e a
melhora no processo de fabricação permitiu a criação de novos desenhos a custo menor com
materiais de alto DK. Apesar de existirem lentes esclerais para essas córneas e por estarmos
engatinhando nesta área, ainda não se tem muito material publicado a respeito, mas
esperamos que em breve essa realidade mude e que essas lentes também possam levar os
benefícios para as córneas tão necessitadas de desenhos para essa nalidade especí ca.
Figura 17 – Lente escleral em córnea transplantada
Fonte: Reprodução
Em Síntese
Nesta unidade, você pôde aprender que é muito importante que o
pro ssional tenha caixas de provas com desenhos variados para que
possa atender a diversidade das córneas após as cirurgias ou os casos
especiais da contatologia.
TEMA 2 de 3
ʪ Material Complementar
Leitura
ACESSE
ACESSE
Novos Conceitos em Modelamento Corneano
ACESSE
ACESSE
ACESSE
ACESSE
Fibrose Subepitelial Pós-hidrópsia Aguda Induzida por
Ceratotomia Radial
ACESSE
TEMA 3 de 3
ʪ Referências
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