Responsabilidade Ambiental

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 18

REGIME JURÍDICO DA RESPONSABILIDADE POR DANOS

AMBIENTAIS

Prevenção e Remediação de Danos Ambientais


Manual de Apoio ao Operador

AGOSTO 2016

Responsabilidade
Ambiental
Responsabilidade
Ambiental

ÍNDICE

Introdução ........................................................................................................................ 1
Em que consiste o Regime Jurídico da Responsabilidade por Danos Ambientais? ...... 2
O que são danos ambientais e ameaças iminentes de danos ambientais? .................. 3
Quando se aplica o Diploma RA? .................................................................................... 4
A quem se aplica o Diploma RA? ..................................................................................... 5
Quais as atividades listadas no anexo III do Diploma RA? ............................................. 6
Quem são os intervenientes e quais as suas responsabilidades?................................ 10
Qual o procedimento numa situação de incidente? .................................................... 11
Quais as situações de exclusão de pagamento dos custos das medidas de prevenção
ou de reparação? ........................................................................................................... 12
Quais os requisitos de reparação? ................................................................................ 13
Para quem é obrigatória a constituição de garantia financeira? ................................. 14
Como determinar o montante da garantia financeira? ............................................... 15
Onde obter mais informações? ..................................................................................... 16

i
Responsabilidade
Ambiental

Introdução
O regime jurídico da responsabilidade por danos ambientais (Regime da
Responsabilidade Ambiental – Regime RA) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 147/2008,
de 29 de julho – Diploma RA (alterado pelos Decretos-Lei n.os 245/2009, de 22 de
setembro, 29-A/2011, de 1 de março, 60/2012, de 14 de março, e 13/2016, de 9 de
março) e entrou em vigor a 1 de agosto de 2008.

Com este manual pretende-se esclarecer de uma forma simples e pragmática a quem
se aplica o Diploma RA e as obrigações que este estipula, designadamente para os
operadores. Embora se direcione mais para os operadores (empresas), pode ser
igualmente útil a outras partes interessadas, tais como autoridades e público em geral.

Em particular, este manual aborda:

 O que é o Regime RA;


 Quando e a quem se aplica;
 Papéis e responsabilidades dos intervenientes;
 Quais as atividades listadas no anexo III do Diploma RA;
 Como funciona o Regime RA;
 Qual o procedimento a adotar em caso de incidente;
 Quais os requisitos de reparação;
 Quais as situações de exclusão da obrigação de pagamento dos custos das
medidas de prevenção ou reparação;
 Garantias financeiras obrigatórias.

1
Responsabilidade
Ambiental

Em que consiste o Regime Jurídico da Responsabilidade por Danos


Ambientais?
O Diploma RA transpõe para a ordem O destaque é colocado no operador
jurídica nacional a Diretiva 2004/35/CE que, caso identifique a existência de
do Parlamento e do Conselho, de 21 de uma ameaça iminente de dano, deverá
abril, que aprovou o regime jurídico da executar de imediato as medidas de
responsabilidade por danos ambientais prevenção necessárias e adequadas.
em termos de prevenção e remediação
Caso se confirme uma situação de dano
desses danos.
ambiental, o operador adota
Este diploma alicerça-se no princípio do imediatamente as medidas viáveis para
poluidor-pagador, imputando aos controlar, conter, eliminar ou gerir o
responsáveis pelos danos ambientais a foco de contaminação, de modo a
responsabilidade pela sua prevenção e limitar ou prevenir novos danos
reparação, colocando também em ambientais, e executa as medidas de
prática o princípio da reparação necessárias fixadas pela
responsabilização. autoridade competente pela aplicação
do Diploma RA, mediante proposta do
A definição de danos ambientais neste
operador.
diploma abrange apenas as alterações
adversas mensuráveis de um recurso
natural ou as deteriorações
mensuráveis do serviço de um recurso
que provoquem efeitos significativos
na água, espécies e habitats naturais
protegidos e ou solo. Danos pessoais,
materiais ou económicos à propriedade
e ou pessoas não estão, portanto, em
causa.

2
Responsabilidade
Ambiental

O que são danos ambientais e ameaças iminentes de danos


ambientais?
Consideram-se Danos Ambientais, na  Efeitos significativos e adversos em
aceção do Diploma RA, os: águas de superfície, massas de água
artificiais ou fortemente modificadas,
 Efeitos adversos e significativos
subterrâneas ou marinhas, que
sobre o estado de conservação
conduzam a uma alteração do estado
favorável das espécies e habitats
da água em causa, nos termos da Lei da
naturais protegidos nos termos da lei,
Água, aprovada pela Lei n.º 58/2005,
nomeadamente:
de 29 de dezembro, na sua redação
− Áreas abrangidas pelo Sistema
atual, nos três primeiros casos, e do
Nacional de Áreas Classificadas
Decreto-Lei n.º 108/2010, de 13 de
(SNAC);
outubro, na sua redação atual, no caso
− Habitats e espécies de aves,
das águas marinhas;
fauna e flora listados nos anexos
do Decreto-Lei n.º 140/99, de
 Contaminação do solo que resulte
24 de abril, alterado pelos
em risco significativo para a saúde
Decretos-Lei n.os 49/2005, de 24
humana.
de fevereiro, e 156-A/2013, de 8
de novembro; Consideram-se ameaças iminentes de
− Outras áreas, que não se dano ambiental as que tenham
encontrando abrangidas por probabilidade suficiente de ocorrência
qualquer estatuto de proteção, de um dano ambiental, num futuro
reúnem populações próximo.
significativas de espécies
protegidas ou se considerem
relevantes para a reprodução e
repouso dessas espécies;

3
Responsabilidade
Ambiental

Quando se aplica o Diploma RA?


O Diploma RA aplica-se apenas a danos Também não se aplica aos danos
ambientais e a ameaças iminentes de causados por quaisquer emissões,
danos ocorridos após a entrada em acontecimentos ou incidentes que
vigor do Diploma RA, ou seja, após 1 de hajam decorrido há mais de 30 anos
agosto de 2008. sobre a efetivação dos mesmos. Nesta
situação os danos consideram-se
Emissão, prescritos.
Dano
Acontecimento 1 agosto Ambiental
Incidente 2008

Emissão,
Dano
Acontecimento > 30 anos
Ambiental
Incidente
Não se aplica a danos causados por
quaisquer emissões, acontecimentos
ou incidentes que tenham ocorrido
após a data de entrada em vigor, mas Existem também outras exclusões à
que decorram de uma atividade aplicação do diploma, tais como danos
específica realizada e concluída antes causados por atos de conflito armado,
da referida data. guerra civil ou por fenómenos naturais,
ou danos que resultem de incidentes
Conclusão da Emissão,
Atividade Acontecimento Dano cuja responsabilidade está abrangida
Ocupacional Incidente Ambiental
por determinadas convenções
1 agosto
2008
internacionais (como seja a poluição
por hidrocarbonetos ou os decorrentes
de riscos nucleares).

4
Responsabilidade
Ambiental

A quem se aplica o Diploma RA?


Aplica-se aos operadores que exerçam desenvolvimento de uma das
uma qualquer atividade desenvolvida atividades do anexo III, ainda que não
no âmbito de uma atividade tenha culpa.
económica, independentemente do seu
Existe também responsabilidade
carácter público ou privado, lucrativo
(subjetiva) do operador pelo dano
ou não, abreviadamente designada por
ocorrido com dolo ou negligência, no
atividade ocupacional.
exercício de uma qualquer atividade
Operador é qualquer pessoa singular ocupacional mesmo que não se
ou coletiva, pública ou privada, que encontre listada no anexo III.
execute, controle, registe ou notifique
A responsabilidade ambiental ou
uma atividade cuja responsabilidade
administrativa (objetiva ou subjetiva)
ambiental esteja sujeita ao Regime RA,
não prejudica a responsabilidade a que
quando exerça ou possa exercer
haja lugar nos termos da
poderes decisivos sobre o
responsabilidade civil. Quem ofender
funcionamento técnico e económico
direitos ou interesses alheios por via da
dessa mesma atividade, incluindo o
lesão de um qualquer componente
titular de uma licença ou autorização
ambiental é obrigado a reparar os
para o efeito.
danos resultantes dessa ofensa.
O operador tem responsabilidade
(objetiva) pelo dano ocorrido no

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Responsabilidade objetiva
(independente da existência Responsabilidade subjetiva
de dolo ou culpa) (baseada na culpa)

Atividades Atividades
ocupacionais ocupacionais
listadas no não listadas no
anexo III anexo III

Danos causados às
espécies e Danos causados Danos causados
habitats naturais à água ao solo
protegidos

5
Responsabilidade
Ambiental

Quais as atividades listadas no anexo III do Diploma RA?


Atividade 1 – A exploração de
instalações sujeitas a licença, nos
termos do capítulo II do Decreto-Lei
n.º 127/2013, de 30 de agosto, que
estabelece o regime de emissões
industriais aplicável à prevenção e ao
controlo integrados da poluição Instalações do setor da produção e
(Instalações PCIP). transformação de metais

Instalações de criação intensiva de aves de


Instalações do setor da energia capoeira ou de suínos

Atividade 2 – Operações de gestão de resíduos, compreendendo a recolha, o


transporte, a valorização e a eliminação de resíduos, incluindo a supervisão destas
operações, a manutenção dos locais de eliminação no pós-encerramento, que estejam
sujeitas a licença ou registo, nos termos do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de
setembro, na sua redação atual. Estas operações incluem, entre outras, a exploração
de aterros e instalações de incineração de resíduos.

Transporte de resíduos

Exploração de aterros de resíduos Exploração de instalações de incineração

6
Responsabilidade
Ambiental

Atividade 3 – Descargas para as águas


interiores de superfície que requeiram
licenciamento prévio.

Atividade 4 – Descarga de substâncias


para as águas subterrâneas que
requeiram licenciamento prévio. Descargas de estações de tratamento de águas
residuais

Atividade 5 – Descargas ou injeções de


poluentes nas águas de superfície ou
nas águas subterrâneas que requeiram
título de utilização dos recursos
hídricos ou registo.

Captação de água superficial


Atividade 6 – Captação e represamento
de água sujeitos a título de utilização
de recursos hídricos. Exemplo:
Qualquer atividade que inclua a
exploração de furo(s) de captação de
água ou a sua contenção.

Represamento de água em barragens

Atividade 7 – Fabrico, utilização, armazenamento, processamento, enchimento,


libertação para o ambiente e transporte no local de:

 substâncias ou misturas perigosas,


de acordo com os critérios do
Regulamento (CE) n.º 1272/2008,
de 16 de dezembro, relativo à
classificação, rotulagem e
embalagem de substâncias e
misturas, na sua redação atual.
Exemplo: oficinas de automóveis,
retalhistas GPL, empresas de
construção civil, fábricas de
produtos químicos;

7
Responsabilidade
Ambiental

 produtos fitofarmacêuticos, definidos nos termos do n.º 1 do artigo 2.º do


Regulamento (CE) n.º 1107/2009, de 21 de outubro, na sua redação atual,
relativo à colocação no mercado dos produtos fitofarmacêuticos;

Aplicação de produtos de fitofarmacêuticos

 produtos biocidas, definidos na alínea a) do n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º


121/2002, de 3 de maio, na sua redação atual, relativo à colocação de produtos
biocidas no mercado.

Atividade 8 – Transporte rodoviário,


ferroviário, marítimo, aéreo ou por vias
navegáveis interiores de mercadorias
perigosas ou poluentes, definidas nos
anexos I e II do Decreto-Lei
n.º 41-A/2010 ou no Decreto-Lei
n.º 180/2004, nas suas redações atuais.

Atividade 9 – Instalações industriais com emissões para a atmosfera sujeitas a


autorização, que atualmente se encontram englobadas nas instalações da atividade 1 –
Instalações sujeitas ao Regime de Emissões Industriais (REI) – Instalações PCIP.

Atividade 10 – Utilizações confinadas


que envolvam microrganismos
geneticamente modificados (MGM),
incluindo o transporte.

Atividade 11 – Libertação deliberada


para o ambiente de organismos
geneticamente modificados (OGM),
incluindo a colocação no mercado e o
transporte.

8
Responsabilidade
Ambiental

Atividade 12 – Transferências
transfronteiriças de resíduos, no
interior, à entrada e à saída da UE, que
exijam uma autorização ou sejam
proibidas (na aceção do Regulamento
n.º 1013/2006, de 14 de junho, na sua
redação atual) Exemplo: transporte
transfronteiriço de resíduos perigosos.

Atividade 13 – A gestão dos resíduos


de extração, nos termos do Decreto-Lei
n.º 10/2010, de 4 de fevereiro, alterado
pelo Decreto-Lei n.º 31/2013, de 22 de
fevereiro, que transpõe para a ordem
jurídica interna a Diretiva 2006/21/CE
do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 15 de março, relativa à gestão dos
resíduos das indústrias extrativas.

Atividade 14 – A operação de locais de


armazenamento nos termos do regime
jurídico da atividade de
armazenamento geológico de dióxido
de carbono (CO2).

9
Responsabilidade
Ambiental

Quem são os intervenientes e quais as suas responsabilidades?


Operadores Autoridade Competente

Devem: A autoridade competente para efeitos


de aplicação do Diploma RA é a Agência
 Tomar de imediato medidas para
Portuguesa do Ambiente (APA);
evitar e conter danos e notificar a
autoridade competente; Deve:
 Fornecer informações e tomar
 Atestar se a situação configura um
medidas de prevenção e reparação,
dano ambiental e identificar o
conforme exigido pela autoridade
responsável;
competente;
 Definir as medidas de reparação a
Apresentar proposta de medidas de adotar tendo em conta as medidas
reparação dos danos ambientais propostas pelo operador.
causados.
E pode:
Partes interessadas  Solicitar ao operador informações
suplementares sobre os danos ou
Qualquer pessoa singular ou coletiva
ameaça iminente de danos ocorridos;
que:
 Exigir ou dar instruções ao operador
a) Seja afetada ou possa vir a ser
quanto às medidas de reparação
afetada por danos ambientais; ou
necessárias.
b) Tenha um interesse suficiente no
processo de decisão ambiental
Autoridades fiscalizadoras
relativo ao dano ambiental ou
ameaça iminente do dano em causa; A fiscalização do cumprimento do
ou disposto no Diploma RA é exercida pela
c) Invoque a violação de um direito ou Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar,
de um interesse legítimo protegido do Ambiente e do Ordenamento do
nos termos da lei. Território, abreviadamente designada
por IGAMAOT, pela autoridade
Podem:
competente e pelo Serviço de Proteção
 Notificar as autoridades da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da
competentes de danos ou ameaças Guarda Nacional Republicana, sem
iminentes, fornecendo informações prejuízo das atribuições próprias
sobre os mesmos. atribuídas por lei a outras entidades.

10
Responsabilidade
Ambiental

Qual o procedimento numa situação de incidente?


O procedimento a adotar pelo operador em caso de incidente é o esquematizado na
figura seguinte:

INCIDENTE

Ameaça iminente de dano ou razoável presunção de dano ambiental

AÇÃO IMEDIATA: PREVENIR E INFORMAR A AUTORIDADE COMPETENTE


Operador toma medidas para conter a ameaça iminente de dano ou o dano ambiental ou para prevenir
novos danos. Operador informa a APA (no prazo máximo de 24h em caso de dano ambiental)

DETERMINAÇÃO DE DANO AMBIENTAL


APA determina se a situação se enquadra no âmbito do Diploma RA
Caso se enquadre, notifica o operador responsável

DETERMINAÇÃO DAS MEDIDAS DE REPARAÇÃO


Operador propõe à APA medidas de reparação no prazo de 10 dias
Após audiência ao operador e às partes interessadas, a APA fixa as medidas de reparação e notifica os
interessados da sua decisão

IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS DE REPARAÇÃO


Operador toma as medidas de reparação do dano ambiental , incluindo medidas complementares e
compensatórias, se necessárias

Qualquer parte interessada pode também comunicar à APA observações relativas a


situações de danos ambientais, ou de ameaça iminente desses danos, e pedir a sua
intervenção, apresentando com esse pedido os dados e informações relevantes de que
disponha.

A APA analisa o pedido de intervenção no prazo de 20 dias, comunicando às partes


interessadas o respetivo deferimento ou indeferimento. Em caso de deferimento,
notifica o operador para que se pronuncie, no prazo de 10 dias, sobre o pedido de
intervenção, tendo em vista a tomada de decisão relativa às medidas a adotar.

A comunicação de situações de dano ambiental ou de ameaça iminente desses danos


deve ser efetuada através do preenchimento do Formulário de Comunicação de
Ameaça Iminente e Dano Ambiental, disponibilizado no sítio eletrónico da APA.

11
Responsabilidade
Ambiental

Quais as situações de exclusão de pagamento dos custos das


medidas de prevenção ou de reparação?
Quando o operador é notificado pela APA para que se pronuncie relativamente a um
pedido de intervenção, este pode apresentar as suas alegações, justificadas, que o
excluam da obrigação de pagamento das medidas de prevenção ou de reparação,
nomeadamente:

 Atestando que o dano foi causado por terceiros e ocorreu apesar de terem sido
adotadas as medidas de segurança adequadas;

 Demonstrando que o dano resultou do cumprimento de uma ordem ou


instrução emanada de uma autoridade pública que não seja uma ordem ou
instrução resultante de uma emissão ou incidente causado pela atividade do
operador;

 Evidenciando que não agiu com dolo nem foi negligente e que o dano resultou:
 de uma emissão ou facto permitido e que respeitou as condições
estabelecidas; ou

 de uma emissão, atividade ou qualquer forma de utilização de um produto


no decurso de uma atividade que não era considerada suscetível de causar
dano ambiental, de acordo com o estado do conhecimento científico e
técnico no momento em que se produziu a emissão ou se realizou a
atividade.

Em todo o caso, nas duas primeiras situações supra, o operador fica obrigado a adotar
e executar as medidas de prevenção e de reparação dos danos ambientais nos termos
do diploma, gozando de direito de regresso, conforme o caso, sobre o terceiro
responsável ou sobre a entidade administrativa que tenha dado a ordem ou instrução.

12
Responsabilidade
Ambiental

Quais os requisitos de reparação?


 A reparação de danos ambientais  Reparação compensatória, que
causados às espécies e habitats compreende medidas para
naturais protegidos e à água é compensar as perdas de recursos
alcançada através da restituição do naturais e ou serviços, ocorridos
ambiente ao seu estado inicial por via desde a data do dano até a
de: reparação primária ter atingido
plenamente os seus efeitos.
 Reparação primária, que restitui
Exemplo: Melhoramentos nos habitats
os recursos naturais e ou os serviços e acessos às margens de lago afetado,
danificados ao seu estado inicial, ou compreendendo por exemplo, a
os aproxima desse estado. plantação de caniços para proporcionar
o aumento do stock de peixes e a
Exemplo: Reposição de espécies nativas
construção de plataformas para
(re-stock de peixes) num lago
melhorar o acesso e segurança dos
contaminado;
pescadores.
 Reparação complementar, que  A reparação de danos ambientais
compreende a aplicação de causados ao solo:
medidas, mesmo que em locais
alternativos, para compensar os Consiste na adoção das medidas
locais onde a reparação primária não necessárias para assegurar que os
conseguiu o pleno restabelecimento contaminantes sejam eliminados,
dos recursos naturais e ou serviços controlados, contidos ou reduzidos, a
danificados. fim de que o solo contaminado, tendo
Exemplo: Introdução de peixes num em conta a sua utilização atual ou
lago similar ao lago afetado, não tendo futura, deixe de comportar riscos
sido possível restabelecer o seu estado significativos de efeitos adversos para a
inicial através da reparação primária; saúde humana.

13
Responsabilidade
Ambiental

Para quem é obrigatória a constituição de garantia financeira?


Qualquer operador que exerça, pelo originária ou superveniente, devendo
menos, uma das atividades listadas no ser mantidas válidas, pelo menos,
anexo III do Diploma RA deve durante o período em que desenvolve a
obrigatoriamente constituir uma atividade em causa. Ao deixar de
garantia financeira que lhe permita exercer a atividade, deixa também de
assumir a responsabilidade ambiental existir, para o operador, a obrigação de
inerente à atividade que desenvolve. constituir a garantia financeira.
Esta obrigatoriedade é exigida desde Contudo, o operador continua
1 de janeiro de 2010. responsável por danos causados por
quaisquer emissões, acontecimentos
Cabe aos operadores a verificação do
ou incidentes que decorram durante
enquadramento das atividades por si
um período de 30 anos sobre a
desenvolvidas nas atividades
efetivação do mesmo.
enumeradas no anexo III, uma vez que
são os próprios que dispõem de mais e A(s) garantia(s) financeira(s)
melhor informação relativamente às obrigatória(s) pode(m) constituir-se
atividades que desenvolvem e ao risco através da:
que as mesmas comportam.
1. Subscrição de apólices de seguro;
Esta garantia pretende assegurar que,
2. Obtenção de garantias bancárias;
numa situação de dano
ambiental ou ameaça iminente 3. Constituição de fundos
Apólice
desse dano, o operador tem Seguro próprios reservados para o efeito:
capacidade financeira para  Depósitos-caução a favor
suportar os custos da APA;
das medidas de Fundo Garantia Garantia
 Reservas livres;
prevenção e de Próprio Financeira Bancária
4. Participação em
reparação.
fundos ambientais.
Nos termos do Diploma RA,
Fundo Os requisitos a que devem obedecer
cabe ao operador decidir se Ambiental
cada uma das garantias financeiras
constitui uma ou mais
podem ser consultados no sítio
garantias financeiras certificando-
eletrónico da APA.
se que são próprias e autónomas,
alternativas ou complementares entre A prova da garantia financeira
si e obedecem ao princípio da efetuada, válida e em vigor, deve ser
exclusividade, não podendo ser apresentada sempre que solicitada
desviadas para outro fim, nem objeto pelas autoridades competentes.
de qualquer oneração, total ou parcial,

14
Responsabilidade
Ambiental

Como determinar o montante da garantia financeira?


O montante da garantia financeira 4 – Avaliar os danos ambientais
deve ser estabelecido, pelo operador, associados aos cenários de risco
com base na estimativa dos custos das previsíveis;
medidas de prevenção e de reparação 5 – Definir as medidas de prevenção e
que teria que aplicar numa situação de de reparação dos danos ambientais, nos
dano ambiental ou ameaça iminente termos do disposto no anexo V do
desse dano decorrente da atividade Diploma RA;
desenvolvida, isto é, o montante é
calculado em função do risco da 6 – Estimar os custos das medidas
atividade em causa. referidas.

Para o efeito, o operador deve:


1 – Efetuar a caracterização da sua
atividade ocupacional, incluindo todas
as operações que envolvam riscos para
as espécies e habitats naturais
protegidos, para a água e/ou para o
solo;
2 – Identificar o estado inicial,
analisando a situação atual das espécies
e habitats naturais protegidos, das águas
de superfície, massas de água artificiais A Diretiva e o Diploma RA não
ou fortemente modificadas, águas especificam nenhuma metodologia de
subterrâneas ou águas marinhas e dos análise de risco em particular, pelo que o
solos na envolvente da atividade operador poderá adotar aquela que
ocupacional, suscetíveis de serem melhor se adequar à atividade
afetados pelas situações de risco ocupacional por si desenvolvida e aos
resultantes da atividade ocupacional; danos ambientais que possa causar.

3 – Identificar e analisar os cenários de A análise de risco a efetuar à atividade


risco previsíveis, isto é, os incidentes ocupacional poderá ser realizada pelo
suscetíveis de ocasionar danos próprio operador ou por uma entidade
ambientais com probabilidade de externa contratada por este para o
ocorrência não negligenciável, tais como efeito.
a libertação acidental de substâncias
perigosas, incêndio, explosões, entre
outros;

15
Responsabilidade
Ambiental

Onde obter mais informações?


A leitura deste manual deverá ser aplicação, assim como evidenciar as
complementada com uma consulta à obrigações dos operadores abrangidos,
legislação em vigor, nas suas redações será também uma importante fonte de
atuais, nomeadamente: informação. Este Guia, bem como
outras informações relevantes no
 Decreto-Lei n.º 147/2008, de 29
âmbito da RA, nomeadamente
de julho, que estabelece o
documento com as respostas às
regime jurídico da
perguntas frequentes, podem ser
responsabilidade por danos
consultados no sítio eletrónico da APA:
ambientais – Diploma RA.
http://www.apambiente.pt
E respetivos diplomas que o alteraram:

 Decreto-Lei n.º 245/2009, de 22 Instrumentos
de setembro (altera a alínea ii)

do n.º 1 do artigo 11.º: “Danos
Responsabilidade Ambiental
causados à água”);
 Decreto-Lei n.º 29-A/2011, de 1
de março (altera o n.º 4 do
artigo 22.º relativo “Garantia Outras dúvidas, mais específicas
financeira obrigatória”); poderão ser remetidas diretamente
 Decreto-Lei n.º 60/2012, de 14 para a autoridade competente pela
de março (altera o anexo III); aplicação do Diploma RA:
 Decreto-Lei n.º 13/2016, de 9 Agência Portuguesa do Ambiente, I.P.
de março (altera a alínea ii) do
Rua da Murgueira, 9/9A | Zambujal l Ap. 7585
n.º 1 do artigo 11.º: “Danos 2610-124 Amadora | PORTUGAL
causados à água”).
E-mail: [email protected]
O Guia para a Avaliação de Ameaça
Iminente e Dano Ambiental, publicado
pela APA em outubro de 2011,
elaborado com o objetivo de
providenciar a todos os interessados
(operadores, autoridades competentes
e público em geral) informação
detalhada relativa à aplicação do
Regime RA, procurando clarificar alguns
conceitos, identificar os critérios de
abrangência do regime, desenvolver
aspetos técnicos inerentes à sua

16

Você também pode gostar