Arabe Benjamim Projecto

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Árabe Benjamim

Curso de Licenciatura em Ensino de Básico

Tema do Projecto: O papel da escola no combate ao assédio sexual da aluna: Caso da


Escola Secundária de Mathemele (2021-2022)

Universidade Rovuma
Extensao de Cabo Delgado
2023
Árabe Benjamim

Curso de Licenciatura em Ensino de Básico

Tema do Projecto: O papel da escola no combate ao assédio sexual da aluna:


Caso da Escola Secundária de Mathemele (2021-2022)

Projecto a ser apresentado no Departamento de


Ciências de Educação e Psicologa, no Curso de
Ensino de Básico, para o Desenvolvimento da
Monografia Científica..

Supervisor:

Universidade Rovuma
Extensao de Cabo Delgado
2023
Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO...................................................................................................................4

Contextualização..........................................................................................................................................4

Problema de pesquisa...................................................................................................................................5

Objectivos....................................................................................................................................................7

Objectivo Geral............................................................................................................................................7

Objectivos Específicos.................................................................................................................................7

Perguntas de pesquisa..................................................................................................................................7

Justificativa..................................................................................................................................................7

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA..........................................................................................9

Definição de conceitos-chave......................................................................................................................9

Escola...........................................................................................................................................................9

Assédio........................................................................................................................................................9

2.1.3 Assédio sexual...........................................................................................................................10

Tipos de assédio sexual.............................................................................................................................11

Assédio sexual por Chantagem (assédio sexual quid pro quo).................................................................11

O assédio sexual por intimidação (assédio sexual ambiental)...................................................................12

Causas do assédio sexual...........................................................................................................................13

Estratégias de prevenção de assédio sexual...............................................................................................15

Assédio sexual da aluna no contexto escolar.............................................................................................16

O papel da escola no combate ao assédio sexual da aluna no contexto escolar........................................17

CAPÍTULO: III METODOLOGIA...........................................................................................................18

Descrição da Escola...................................................................................................................................18

Tipo de estudo............................................................................................................................................18

Abordagem metodológica..........................................................................................................................18

3.4. Quanto a natureza........................................................................................................................19

3.5. Quanto aos objectivos.................................................................................................................19

3.6 População e amostra.....................................................................................................................19

Instrumentos de recolha de dados..............................................................................................................20


Análise documental...................................................................................................................................20

Inquérito por questionário.........................................................................................................................20

Entrevista estruturada.................................................................................................................................21

Técnicas de análise de dados.....................................................................................................................21

CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.........................................................................22

Conclusão..................................................................................................................................................22

Recomendações.........................................................................................................................................23

Referências bibliográficas..........................................................................................................................24
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.Contextualização
Pela natureza silenciosa, o assédio sexual da mulher é conhecido por todos e ao mesmo
tempo por ninguém. Este fenómeno tem aumentado de forma significativa no mundo,
sendo um fenómeno que decorre em todo e qualquer ambiente, daí que se criou em
1979 a Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as formas de
discriminação contra as mulheres, visando a protecção das mulheres a nível de trabalho,
saúde, direitos civis e políticos, estereótipos sexuais, prostituição e família e educação
(Barsted Leila, s/d).

De acordo com a Amnistia Internacional (2007), o assédio sexual da mulher no


ambiente educacional tem se destacado nos últimos anos, manifestando-se em agressões
a alunas dentro da escola e no percurso escola – casa, elas são humilhadas, gozadas,
difamadas e ameaçadas maioritariamente por alunos mais velhos e em outros casos, são
alvo de propostas sexuais por parte dos professores em troca de notas, e são até violadas
dentro das escolas.

A questão do assédio sexual no ambiente escolar, segundo Osório (2007), ela ocorre
entre os alunos, professores e gestores que molestam as raparigas para fins sexuais.
Contudo, o cenário mais preocupante para esta autora, é a atitude dos professores, eles
chantageiam as alunas ameaçando dar notas baixas nos testes e nos exames, esta é a
táctica mais usada pelos professores que querem praticar sexo com suas alunas.

No que diz respeito ao contexto educativo moçambicano, o assédio sexual nas escolas
constitui um dos dramas sociais que afecta a sociedade, porque nele reside uma das
principais causas do aumento dos índices de contaminação pelo HIV/SIDA (Santos,
2011).

De acordo com o Regulamento de Combate à Corrupção e Assédio Sexual (2019), o


assédio e violência nas escolas, na maior parte das vezes cometidos por professores,
servidores públicos e formandos, resultam em gravidezes precoces, casamentos
prematuros, traumas psicológicos e abandono escolar comprometendo assim o futuro
das raparigas, excluindo-as das oportunidades que o país oferece na vida social, política
e económica.

Entretanto, independentemente de quem seja o assediador, o facto é que esta acção


constitui uma forma de violação contra a dignidade humana, e que traz consigo
consequências que põem em causa o sucesso escolar das vítimas desde as gravidezes
precoces e indesejadas, problemas psicológicos, terminado em abandono escolar. É
neste contexto, que o presente trabalho centra-se na reflexão acerca do papel da escola
no combate ao assédio sexual da aluna no contexto escolar.

Estruturalmente, o trabalho organiza-se em cinco (5) capítulos interligados. O primeiro


designado “Introdução” apresenta a Contextualização; o Problema de pesquisa; o
objectivo geral e os específicos; Perguntas de pesquisa e por último, a Justificativa.

O segundo capítulo designado “Revisão da literatura” discute os conceitos-chaves do


trabalho (escola, assédio e assédio sexual) e a problemática do assédio sexual nas
escolas à luz de diferentes autores e abordagens se debruçando nos seguintes tópicos:
Tipos de assédio sexual, Causas do assédio sexual, Estratégias de prevenção do assédio
sexual, Assédio sexual da aluna no contexto escolar e o Papel da escola no combate ao
assédio sexual da aluna.

No terceiro capítulo cognominado “Metodologia”, são descritos os procedimentos


metodológicos que nortearam o presente Projecto destacando o Tipo de Estudo;
Abordagem metodológica; População e Amostra; Instrumentos de Recolha de Dados;
Técnicas de Análise de Dados.
O quarto capítulo intitulado “Apresentação e Análise dos Dados” é parte central da monografia onde são
apresentados os principais resultados da monografia e no quinto e último capítulo, são descritas as
conclusões e recomendações.

Problema de pesquisa

O ambiente escolar é rico em diversidade cultural e social, onde crianças e adolescentes


encontram-se em construção de culturas e valores, a escola possui, portanto, o
compromisso de formar cidadãos críticos e conscientes de seus direitos e deveres.
Entretanto, apesar de a escola ser um local onde as crianças devem aprender e crescer
muitas alunas em todo o mundo vão para a escola receando pela sua segurança, temendo
humilhações e tratamento violento, esperando simplesmente superar mais um dia
(Amnistia Internacional, 2007).

Face ao cenário acima descrito e como forma de minimizar os casos de assédio sexual
nas escolas, Vieira (2006) afirma que a escola deve assegurar que os alunos sejam
informados sobre os seus direitos, incentivando os jovens a falar sobre o abuso sexual
na escola. O autor salienta que os pais e/ou encarregado de educação, professores e toda
estrutura pedagógica deve estar ciente de que os alunos merecem um ambiente de
aprendizagem em que o abuso sexual seja punível e não como algo com o qual eles
devam lidar com naturalidade.

Por sua vez, Silva (2007), refere que o educador deve procurar ser participativo,
coordenando às acções desenvolvidas na escola, procurando provocar o debate e a
crítica nos estudantes, durante as actividades realizadas na sala de aula. Ainda sobre o
assunto, Figueira (2009) aponta que a protecção de todas violações da criança e
adolescente (meninos e meninas) na sociedade é tarefa de todos. Seja na família, meio
social ou escola.

Como forma de combater todo tipo de abuso e violência contra a mulher em


Moçambique, o Governo aprovou vários instrumentos legais, (vide em 3.5.1, p.22) que
sumariamente abordam sobre as medidas integradas para prevenir e eliminar a violência
praticada contra a mulher no geral e estabelecer um quadro legal para a protecção das
alunas no ambiente escolar em particular.

Apesar de serem empreendidas esforços na luta contra o assédio sexual de alunas no


ambiente escolar, ainda é visível a visíveis de crimes de violação sexual nas escolas
moçambicanas, sobretudo as públicas, onde os professores e os "maiores de idade"
assediam-nas em troca de promessas que nem sempre são conhecidas. Portanto, a
ausência de uma intervenção imediata e um papel activo das estruturas pedagógicas
locais tende a fomentar a propagação de assédio e abuso sexual da rapariga. Conforme
refere Muchanga (2006, p.5), a maior parte das escolas públicas estão longe de ser um
local seguro para a rapariga, uma vez que elas convivem nos recintos das escolas
com os

professores, alunos e pessoas de conduta duvidosa, sendo que todos são apontados
como os potenciais protagonistas de abuso sexual.

Sendo o assédio um fenómeno que ocorre em muitas instituições socioeducativas com o


destaque a escola, esta por agregar elevado número de pessoas do género feminino, que
é principal vítima, formulou-se a seguinte pergunta de partida:

Qual é o papel da Escola Primária de Ocua no combate ao assédio sexual da aluna?

Objectivos

Objectivo Geral
 Compreender o papel da Escola Primária de Ocua no combate ao assédio sexual
da aluna.

Objectivos Específicos

 Descrever as formas de assédio sexual que ocorrem na Escola Primária de


Ocua

 Identificar as causas do assédio sexual das alunas na Escola Primária de


Ocua

 Descrever as acções levadas a cabo pela Escola Primária de Ocua no combate


ao assédio sexual da aluna.

Perguntas de pesquisa
 Quais são as formas de assédio sexual que ocorrem na Escola Primária de
Ocua?

 Quais são as causas do assédio sexual de alunas na escola Primária de


Ocua?

 Que acções são levadas a cabo pela Escola Primária de Ocua no combate ao
assédio sexual da aluna?

Justificativa
O interesse em abordar sobre a temática do assédio sexual da aluna no meio escolar
prende-se ao facto de no nível Primario , concretamente na 7ª Classe, vezes sem conta,
ter vivenciado os casos relativos ao assédio sexual da rapariga, tais como: simulações de
contacto físico; agressão verbal e aliciamento, cujo protagonista era o professor.

Naquele período, era comum nos espaços comuns da escola ouvir-se os professores a
dizerem: “quero a sua amiga”, ou “aquela sua colega será minha”, “aquela colega eu
vou lhe comer”. Do simples discurso, as vezes se transformava em realidade. Como
efeito, as raparigas frequentavam a escola com o sentimento de medo dos professores
dada a pressão, ameaça e intimidações que sofriam embora fosse de forma indirecta ou
mesmo camuflada.

A promessa da transição de uma classe para outra servia de aliciamento e a reprovação


era destacada como principal consequência em caso da recusa ao não envolvimento
sexual entre professores e alunas.

Durante a realização do curso, através dos módulos de Perspectivas de Género na


Educação; Ética e Deontologia Profissional e Educação para Cidadania, fui
desenvolvendo competência que me permitisse elaborar um trabalho do final do curso
intitulado" O Papel da Escola no Combate ao Assédio sexual. O mesmo toma como
estudo de Caso, a Escola Primária de Ocua
O estudo se reveste da grande importância sobretudo para os actores educativos tendo em conta que o
problema aqui descrito as vezes culmina com a desistência e/ou abandono escolar bem como o baixo
aproveitamento escolar das alunas. Por outro lado, é importante pois busca despertar aos actores
educativos e em particular a figura do presidente do conselho e o director da escola sobre a necessidade
da divulgação de casos de assédio sexual que ocorre no meio escolar. De salientar que, por ser um
fenómeno sensível tem sido muitas vezes encarado como tabú.

Portanto, espera-se que os resultados desse estudo sirvam de fontes para os futuros
pesquisadores que queiram aprofundar a questão do assédio escolar no meio escolar.

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA


Este capítulo é repartido em duas secções, sendo que na primeira são discutidos os
conceito-chaves do trabalho: Escola, Assédio e Assédio Sexual. A segunda secção
discute o posicionamento de teóricos e pensadores em torno dos tipos de assédio sexual,
causas do assédio sexual, estratégias de prevenção do assédio sexual, assédio sexual da
aluna no contexto escolar e o papel da escola no combate ao assédio sexual da aluna.

Definição de conceitos-chave

Escola
Para Silva (1993), escola é uma instituição onde se realiza o direito à educação, que se
exprime pela garantia de uma permanente acção formativa orientada para favorecer o
desenvolvimento global da personalidade, o progresso social e a democratização de uma
determinada sociedade.
Por seu turno, Basílio (2014) concebe a escola como um estabelecimento onde se dá
qualquer género de instrução de que o Homem precisa para o seu enquadramento na
vida em sociedade. Ainda na reflexão deste autor a escola é “um instrumento de
transmissão de valores básicos de suporte de uma sociedade a nível da estandardização
de comportamento, bem como ao nível de diversificação. Por isso a escola deixou de ser
apenas aquele espaço físico, mas todo o ambiente que liga aos pais até a escola.
Conforme refere Silva (1993) a escola deve contribuir no desenvolvimento da
personalidade, na formação de carácter e de cidadania do educando, deve assegurar a
sua formação cívica e moral, assegurar o direito à diferença, desenvolver a capacidade
para o trabalho e proporcionar uma sólida formação geral e uma formação específica
para a ocupação de um justo lugar na vida activa, que permita ao aluno ter uma
participação activa no progresso da sociedade de acordo com os seus interesses.

Assédio
De acordo com Hirigoyen (2010), a expressão assédio, corresponde ao termo inglês
"sexual harassment", que traz, em si, a ideia de insistência, reiteração nas propostas,

convites para a prática de acto com conotação sexual, sendo então, toda e qualquer
conduta abusiva manifestando-se sobretudo por comportamentos, palavras, actos,
gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade
física ou psíquica de uma pessoa.
Cunha (2017) conceitua o assédio como sendo um fenómeno polémico, incómodo,
constrangedor, hostil e humilhante, em ofensa manifesta a valores essencialmente
privados e íntimos, ferindo o mais ético concernente a dignidade da pessoa humana, a
integridade física e moral, ao desenvolvimento da personalidade, a reserva da
intimidade da vida privada e familiar, a liberdade e autodeterminação sexual, a
igualdade e a não descriminação.
Por seu turno, Garrido (2002) citado por Hirigoyen (2010), afirma que o assédio
compreende diferentes comportamentos de perseguição ao longo do tempo; esta
perseguição é vivida pela vítima como uma ameaça, e é potencialmente perigosa, que
varia desde a um telefonema a marcar encontros ou o simples facto de amedrontar a
mulher com palavras ou actos mais invulgares.
Sobre a manifestação do assédio sexual, Cunha (2017) advoga é em duas categorias
comportamentais: assédio moral e assédio sexual. Na mesma linha de pensamento,
Koubi (2006) refere que a palavra assédio ganha sentido apenas quando acompanhada
de um adjectivo, que determina os comportamentos que apontam quaisquer desvios nas
relações interpessoais, sejam eles de teor sexual, moral, entre outros.
Diante das diferentes perspectivas apresentadas, o presente trabalho se guia pela
perspectiva de Cunha (2017) e Koubi (2006) por apontarem que o assédio sempre está
atrelado a componente moral ou sexual das vítimas. Nesta ordem de ideias, elegeu-se o
assédio na perspectiva sexual.

2.1.3 Assédio sexual


O assédio sexual é toda conduta de natureza sexual não desejada que, embora repelida
pelo destinatário, é continuadamente reiterada, cercando-lhea liberdade sexual.O autor

acrescenta ainda que, por se constituir em uma violação do princípio de livre disposição
do próprio corpo, estaconduta estabelece uma situação de profundo constrangimento
(Lippmann, 2004).
Queiroz (2001) define assédio sexual como uma situação em que um indivíduo é
submetido por um outro de modo a obter gratificação sexual. Envolve o emprego,
persuasão, indução, coerção ou qualquer experiência sexual que interfira na saúde do
indivíduo incluindo componentes físicos, verbais e emocionais.
De acordo com Cunha (2017) o assédio sexual é todo comportamento indesejado ou não
recíproco de carácter sexual sob forma verbal, não-verbal ou física, com o objectivo ou
efeito de ofender, perturbar ou constranger a pessoa, afectar a sua dignidade, liberdade e
autodeterminação sexual, integridade física e moral ou de lhe criar um ambiente
vergonhoso, intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.

Dentro deste espírito de conceptualização e tendo em conta a pesquisa dos autores,


entendemos o assédio sexual, como qualquer comportamento ou acções de natureza
sexual, não pretendidos pela vítima; uma atitude constrangedora de alguém com intuito
de levar vantagem ou favorecimento sexual, na sua maioria cometido por homens que
exercem uma condição de superioridade hierárquica ou não em relação às mulheres.

Tipos de assédio sexual


Os autores, Rodolfo (2002); Costa e Silva (s/d) e Santos (1999) classificam o assédio
sexual em duas modalidades ou espécies, com características diferentes a saber: assédio
sexual por chantagem e o assédio sexual por intimidação ou ambiental

Assédio sexual por Chantagem (assédio sexual quid pro quo)


Segundo Costa e Silva (s/d), esta primeira modalidade ocorre quando o sujeito activo do
assédio ocupa uma posição hierárquica superior ao perseguido, valendo-se desta para
obter sua intenção sexual.
Neste tipo de assédio sexual, o agente exige da vítima a prática (e/ou a aceitação) de
uma determinada conduta de natureza sexual, não desejada, sob a ameaça da perda de
um determinado benefício (Rodolfo, 2002, p.18).

O autor sustenta ainda que nesta espécie o assediador pretende que a vítima pratique
determinado acto de natureza sexual, não com a ameaça, mas sim com a promessa de
ganho de algum benefício, cuja concessão dependa da anuência ou recomendação do
agente, é justamente em função desta "barganha" de natureza sexual, é que esta forma
de instigação é conhecida como assédio sexual quid pro quo, que quer dizer,
literalmente, "isto por aquilo".

O assédio sexual quid pro quo é, portanto, uma consequência directa de um abuso de
uma posição de poder, de que o agente é detentor. Por isto mesmo, a sua verificação se
dá, potencialmente, em todas as formas de relações sociais em que há uma discrepância
de poder, como, por exemplo, o campo educacional- professores X discípulos; desporto,
dirigentes de clubes-treinadores X atletas; hospitalar- médicos e auxiliares X pacientes;
e religioso- sacerdotes X fiéis (Rodolfo, 2002).

O assédio sexual por intimidação (assédio sexual ambiental).


Para Rodolfo (2002), o assédio sexual por intimidação é uma forma muitas vezes difusa,
que viola o direito a um meio ambiente sexualmente sadio daí, a expressão assédio
sexual ambiental.
O assédio sexual ambiental é aquele que se caracteriza por incitações sexuais
inoportunas, solicitações sexuais ou outras manifestações da mesma índole, verbais ou
físicas, com o efeito de prejudicar a actuação de uma pessoa ou de criar uma situação
ofensiva, hostil, de intimidação ou abuso no ambiente em que é intentado (Santos,
1999).
De acordo com Costa e Silva (s/d) o assédio sexual por intimidação estabelece-se
através de: ofensas verbais (gostosa, piranha, delícia etc); piadas de cunho sexual;
olhadas lascivas e maliciosas ou fixas e ameaçadoras; comentários obscenos, chulos
sobre seios, nádegas e órgãos genitais; fotos, protectores de tela e pósteres em que a
nudez/pornografia estejam presentes; correio electrónico, bilhetes e outros escritos de
cunho sexual; passar a mão nas partes íntimas; comparações maliciosas entre a vítima e
outras pessoas; tocar ou roçar o corpo do assediado de forma forçada, não quista e
intencional; os agarrões, beliscões e, ainda, os assobios comuns nesta prática; atirar
objectos ao solo para pedir que

as mulheres de saia os recolham, insinuações de como vestir para destacar os seios e/ou
pernas.

Nesta espécie, o elemento poder é irrelevante, sendo o caso típico de assédio sexual
praticado por companheiro de trabalho da vítima, ambos na mesma posição hierárquica
na empresa. O aspecto fundamental, portanto, não é a existência de ameaças, mas sim a
violação ao seu "direito de dizer não", através da submissão – notadamente de mulheres
- a avanços repetidos, gestos sexistas (mesmo que sua recusa não seja seguida de
represálias).
Por seu turno, um estudo realizado por Matavele (2005), mostra que as formas físicas de
abuso envolvendo força são mais reconhecidas que as formas verbais na percepção das
alunas, por exemplo “as carícias sem consenso e as insinuações indecentes são as
manifestações de abuso menos reconhecidas tanto pelos rapazes como pelas raparigas”.
Esta situação em que o assédio verbal e ou psicológico é menos reconhecido do que
uma manifestação física de assédio, embora seja igualmente danoso à saúde das
crianças com efeitos de longo prazo, se pode dar pelo facto das normas sociais e
culturais predominantes entenderem violência e agressão com evidências físicas,
enquanto as outras formais são menos repudiadas e mais passíveis de serem toleradas
pela sociedade. Assim, faz-se relevante dar a conhecer as diferentes formas de assédio
sexual que não envolvem força física.

Causas do assédio sexual


Em relação as causas que levam ao assédio sexual, Santos (1998) afirma que a primeira deles é o abuso
do poder onde um adulto mais desenvolvido físico e psicologicamente possui mais recursos para
dominar. Uma segunda causa reside nos traços da personalidade do perpetrador. Nesse sentido, o mesmo
autor afirma que estados psicóticos ou perversos, depressão, baixo controle dos impulsos, problemas
neuróticos, baixa tolerância ao Stress, bem como o uso do álcool e outras drogas são causas relevantes
para a compreensão desse problema. O autor refere ainda que em muitos casos, o perpetrador sabe que é
uma acção errada e que isso constitui um crime.
O mais preocupante nos casos, é que em geral as vítimas convivem muito
frequentemente com o risco. A situação de risco, neste caso, é compreendida pelo
conjunto de eventos negativos presentes na vida da pessoa em desenvolvimento e que
aumentam a probabilidade de surgirem problemas físicos, sociais e emocionais (Yunes,
Miranda e Cuello, 2004).

Nesta mesma senda dos riscos que caracterizam as vítimas a (OMS) Organização
Mundial da Saúde, (2011) diz que as vítimas de violência apresentam ainda
tendencialmente comportamentos de risco que por sua vez as colocam em situações de
maior vulnerabilidade. Nisto, o abuso sexual em criança está associado a maiores níveis
de comportamentos de risco sexual como sejam a iniciação sexual precoce, múltiplos
parceiros, e sexo desprotegido. É frequente o recurso ao abuso de substâncias e
vulnerabilidade a novas situações de vitimização. Cada um destes comportamentos está
associado, portanto a outros riscos para a saúde.

A maioria dos casos de assédio sexual de crianças acontece, independentemente das


sociedades e estratos sociais, no próprio meio familiar (incesto) e educacional das
crianças. Prevalecendo a mentalidade de aceitação da violência no meio familiar e
contra a mulher o que faz com que esta seja bastante comum (Ministério da Mulher e
Acção Social, 2004, p.38). Consequentemente, as vítimas sentem-se incapazes de lutar
pelos seus direitos e ao invés de denunciarem os casos à polícia tendem a buscar apoio
no seio da família e nos mecanismos informais e tradicionais de aconselhamento cuja
resolução de conflitos está fora da instituição oficial e legal (polícia e tribunais).

Para Save The Children (2003) nestes casos da violência dentro das famílias, as pessoas
não precisam sair de casa, pois “elas presenciam diariamente, no ambiente familiar, os
actos violentos e hostis que, certamente, agem contra a sua natureza e têm influência
destruidora em seu desenvolvimento.

Vicente (2012) afirma que quando se fala em violência e abuso sexual das raparigas
moçambicanas não se pode ignorar o contexto social, económico e político onde estas
temáticas estão inseridas. No contexto sociocultural, sustenta ele que, existem crenças
culturais e práticas comunitárias (informais) inconsistentes com as legislações oficiais
que comprometem os direitos humanos em geral e os direitos das mulheres e crianças
em particular.
Explica ainda que, entre as crenças culturais estão a discriminação e o estigma social
face às vítimas de violência e abuso sexual; papéis sociais rígidos desiguais entre
homens sobre mulheres, e entre adultos sobre crianças; responsabilização da criança em
prol do adulto; diferentes concepções do que é “consentimento” e o que é abuso sexual
e violência.

Quanto às práticas comuns mais violentas e que comprometem o cumprimento da


legislação legal estão o casamento prematuro/precoce, combinado ou forçado; favores
sexuais em troca de bens; resolução de conflitos de forma informal e apaziguadora sem
punição para os perpetradores; e ritos de iniciação que cujos factores socioculturais, na
sociedade moçambicana, promovem o casamento das raparigas logo após a primeira
menstruação e antes da primeira relação sexual, (Vicente, 2012).

De acordo com Save The Children (2005) há nomeadamente formas de abuso, atitudes e
percepções. Os resultados do estudo mostram uma diferencia entre as zonas
rurais/urbanas que pode ser explicada pelo facto de as pessoas nas zonas rurais terem
normalmente níveis de educação mais baixos, estarem mais isoladas que leva a falta de
informação e pobreza. Acrescentando estão os costumes tradicionais locais. Salientaram
como factores que levam a um ambiente abusivo as normas sociais e costumes
tradicionais que se sobrepõem ao sistema judicial existente em Moçambique.

Ainda na óptica de Vicente (2012) as reacções entre as vítimas de violência e assédio


sexual, manifestam-se da seguinte forma:

 Sintomas emocionais - estão os sintomas depressivos, ansiedade, medo,


pensamentos suicidas;
 Sintomas físicos - perturbações alimentares e do sono, dores de cabeça, dores de
estômago, cansaço, distúrbios gastrointestinais, e sensações de mau estar geral;
 Sintomas cognitivos- dificuldades de concentração e memória, híper-vigilância,
pesadelos, flashback dissociação, falta de confiança nos outros.

Estratégias de prevenção de assédio sexual


Furniss (1993) advoga que a prevenção do abuso sexual e todas as formas de violência
intrafamiliar contra crianças e adolescentes ocorrerá em diferentes níveis:

 A prevenção primária é constituída por campanhas de consciencialização da


população sobre o problema, sensibilização das pessoas que trabalham com crianças
e adolescentes;
 Educação às crianças para o reconhecimento do adulto que quer dar carinho e
atenção (“toque bom”) daquele que quer se utilizar do seu corpo (“toque ruim”) e
 Educação aos pais, através da discussão da não utilização da força física no
processo disciplinador, do desenvolvimento da sexualidade infantil, por exemplo.

Como prevenção secundária se incluem os programas e actividades de suporte


emocional e social às famílias em situação de risco.
E, finalmente, como prevenção terciária, há o encaminhamento dos casos suspeitos e
confirmados a um tratamento psicossocial e jurídico, sensibilização e capacitação dos
profissionais de saúde para atendimento às vítimas de violência doméstica e
atendimento e acompanhamento ao agressor.

Assédio sexual da aluna no contexto escolar

O assédio sexual, ocorre onde se mantem relações hierárquicas ou não entre o


perpetrador e a vítima, neste sentido não se pode negar que o ambiente educacional de
certo modo os actores lá existentes mantem relação entre eles: professores com alunos
(as), aluno e alunas, entre outras. Como preconiza o Programa Conjunto sobre Género e
HIV e SIDA (2009),o assédio sexual é uma realidade nas escolas moçambicanas e pode
ser praticado por professores, funcionários e pelos colegas da aluna.

Para Osório (2007) o assédio sexual é objecto de rumores pelos alunos, é reconhecido
como um acto visando estabelecer favores sexuais em troca do aproveitamento escolar
das alunas. O autor identifica três posições relativamente ao perfil das raparigas no
contexto de assédio sexual: as que são assediadas e se conformam (70%), as que
assediam (10%) e as que resistem ao assédio (20%).

Por outro lado, Maffei da Silva (1995). A acusação e a responsabilização das meninas
pelo assédio de que são vítimas, mostram bem como, na incorporação do modelo
cultural na construção do feminismo, as mulheres são cúmplices e agentes da sua
submissão: a noção de decência relativamente ao vestuário é uma forma de
dominação, isto é, as

raparigas “descontroladas” que usam saias curtas expõem-se a uma violência que é
social e culturalmente legítima. Significa que o “descontrolo feminino” justifica e
despenaliza o assédio, fazendo da vítima agente do seu próprio sofrimento.
Segundo Mosse e Cortez (2006), uma das grandes formas de extorsão no sector da
educação em Moçambique se dá por via do sexo, os professores usam a intimidação e a
ameaça para fazer com que as alunas lhes prestem favores sexuais em troca de uma
passagem de classe. Noutros casos, a cobrança de sexo acontece quando determinada
aluna não tem dinheiro para pagar o professor; caso a aluna se recuse chumba de classe,
o que faz com que esta opte por mudar de escola.
A Action Aid (2008) refere que o abuso/assédio sexual na educação consiste em:

 Molestar ou atacar sexualmente uma rapariga ou permitir que este acto ocorra na
escola ou fora dela, protagonizado por professores seus ou outros funcionários da
escola, em troca de benefícios materiais, nota para passar, matrícula, entre outros.
 Encorajar ou forçar uma rapariga a ser usada para a satisfação sexual de
professores, funcionários da escola, ou mesmo elementos da comunidade numa
situação de desigualdade e coerção;
 Envolvimento de uma rapariga em qualquer acto ou actividade sexual com um
adulto ou outra pessoa mais velha, ligados ao estabelecimento de ensino que
frequenta, antes da idade ou de consentimento reconhecido legalmente.
O assédio sexual e a violência sexual começam a surgir como barreiras para o acesso e a
permanência da rapariga na escola, conclui ainda que, o baixo índice da rapariga na
escola resulta do facto de a escola não fornecer segurança para a progressão da rapariga
(Bagnol, 1997).

O papel da escola no combate ao assédio sexual da aluna no contexto escolar

Segundo Oliveira (2012), a escola é o espaço onde as diferenças se encontram,


diferenças de valores, educação familiar, religião e cultura, a diversidade faz da escola
um local permanente de potenciais conflitos. Daí que a escola deve actuar como
motor do desenvolvimento humano, da redução dos níveis de pobreza e desigualdades e
do combate às exclusões e de iniciação ao processo de construção do pensamento
crítico.

Importa à escola, ter um olhar perceptivo voltado para toda e qualquer situação de
violência sexual, desigualdades, discriminação, entre outras, dentro e fora da sala de
aula, pois a mesma é um espaço mediador do desenvolvimento do ser humano não só
para o campo educacional, mas também para o campo ético, político, social e das
relações humanas.
A necessidade de mudança do quadro de assédio sexual e de outras violências contra a
mulher, é gritante, precisa-se urgentemente de providências para que as mulheres sejam
respeitadas. Para tanto, é muito importante que a escola enquanto espaço privilegiado de
formação do ser humano, intervenha, que adopte uma política igualitária e que o
educador procure compreender o universo paralelo dos alunos, como pensam e agem
dentro e fora do âmbito escolar.
Apple e Beane (2000) sugerem que deve-se criar estruturas e processos democráticos
que orientem a vida escolar bem como a construção de um currículo que faculte
experiências democráticas aos jovens. Nesta perspectiva, uma escola democrática é
aquela que indispensavelmente se pauta por uma participação ampla de todos os seus
intervenientes desde docentes e não docentes, alunos, pais e outros membros da
comunidade educativa ainda que para tal surjam conflitos e controvérsias.
CAPÍTULO: III METODOLOGIA
O presente capítulo apresenta os aspectos metodológicos que guiaram a pesquisa
descrevendo a escola, o tipo de estudo; abordagem metodológica; população e amostra;
instrumentos de recolha de dados; técnicas de análise de fados e Questões éticas.

Descrição da Escola
A Escola se localiza no bairro de Namige, Posto Administrativo de Ocua. Ela funciona
desde 1986 com apenas 8 salas. Começou com a 1ª Classe e gradualmente foi
introduzindo as classes subsequentes. A escola possui 3 Blocos, 18 salas operacionais e
4 ainda em construção. A mesma tem 1 gabinete do director, 1 gabinete do pedagógico
e 2 compartimentos que funcionam como secretaria, 1 sala dos professores, 2 casas de
banho, sendo uma para sexo masculino e outro feminino.
Quanto aos recursos humanos, a escola tem 17 Professores, 2 pessoal técnico-administrativo; 1 guardas.

Tipo de estudo
Para a elaboração do trabalho, o método de pesquisa adoptado foi o estudo de caso. De
acordo com Gil (1999) este é um estudo empírico que investiga um fenómeno actual
dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenómeno e o contexto
não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência. Ainda

para Costa e Costa (2013), o estudo de caso é uma pesquisa limitada a uma ou poucas
unidades, sendo esta uma pesquisa detalhada e profunda.

Neste contexto, o estudo de caso permitiu que se recolhesse dados sobre as formas,
causas e acções realizadas com vista ao combate do assédio sexual de aluna na Escola
Primaria de Ocua

Abordagem metodológica
Para a realização do presente trabalho, pautou-se pela combinação da abordagem
quantitativa e qualitativa. De acordo com Gerhart e Silveira (2009), a abordagem
quantitativa é toda aquela em que se foca em aspectos mensuráveis da experiência
humana, permitindo deste modo com que sejam quantificados, enquanto a qualitativa
oferece-nos mais mecanismos para captar aspectos não mensuráveis ou quantificáveis
(em oposição ao quantitativo).

O uso das duas abordagens deveu-se, por um lado, ao facto de pretender-se


compreender o tema a partir dos estudos já realizados incidindo sobre o tema em
destaque. Por outro lado, colher e discutir-se as percepções dos actores educativos
(alunas, professores e gestores) que estão envolvidos no fenómeno assédio sexual que
ocorre no espaço socioeducativo escolar.

3.4. Quanto a natureza

A pesquisa quanto a sua natureza refere-se concretamente há duas classificações


nomeadamente: a pesquisa básica e aplicada (Gil,2010).

Pesquisa Básica: gera conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem
aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais, (Kauark, et al
2010).
Pesquisa Aplicada: gera conhecimentos para aplicação prática, dirigida à solução de
problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais, (Kauark, et al 2010).
3.5. Quanto aos objectivos
Segundo Gil (2010) do ponto de vista de seus objectivos esta pesquisa assume-se como Pesquisa
Exploratória por proporcionar maior familiaridade com o problema com vista a torná-lo explícito
ou construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico,

entrevistas com pessoas que tiveram experiência com o problema pesquisado. Assume,
em geral, as formas de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.

3.6 População e amostra

De acordo com Richardson (2009), população é o conjunto de participantes que


possuem pelo menos uma característica comum. O mesmo autor define amostra como
sendo qualquer subconjunto do conjunto universal ou populacional.

A população do presente trabalho é constituída por 68 professores; 2 gestores e 644


alunas, sendo que a amostra da pesquisa foi de 102 participantes, das quais 64 alunas;
34 professores e 2 gestores escolares.

Para a extracção da amostra, recorreu-se à amostragem não probabilística por


acessibilidade. Na visão de Gil (2008) ela consiste em o pesquisador seleccionar
elementos que tiver acesso, no entanto, os indivíduos empregues nesta pesquisa foram
seleccionados porque mostraram-se disponíveis.

Instrumentos de recolha de dados


Como instrumentos de recolha de dados, recorreu-se a análise documental; inquérito por
questionário e entrevista semi-estruturada.

Análise documental
De acordo com Gil (1999), análise documental consiste na consulta de material já
existente, podendo ser em forma de livros, artigos científicos e outro tipo de material
que possibilitam a recolha da informação sobre um determinado assunto. Para este
estudo, recorreu-se, igualmente, aos instrumentos legais que abordam sobre a violência
e assédio sexual, tais como: Plano Nacional de Acção para a Prevenção e Combate à
Violência Contra a Mulher (2008-2012); Regulamento de combate à corrupção e
assédio sexual (2019) e Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência baseada
nogénero (2018- 2021).

Inquérito por questionário


Segundo Quivy e Campenhoudt (2005:188),

“Permite colocar a um conjunto de indivíduos uma série de perguntas


relativas à sua situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões,
às suas expectativas, ao seu nível de conhecimentos ou de consciência de
um acontecimento ou de um problema, ou ainda sobre qualquer outro
ponto que interesse aos investigadores”.

Segundo Giddens (2000) citado por Escarameia (2008), o inquérito por questionários
permite a recolha eficaz de informações relativas a um elevado número de pessoas e
possibilita uma comparação precisa entre as respostas dos inquiridos, sendo estas
quantificadas e analisadas mais facilmente que na maioria de outros métodos e
investigação.

Do universo populacional do estudo, as alunas e professores se apresentam em maior


número em relação aos gestores escolares, daí que para o processo da recolha de dados
a

este grupo, recorreu-se ao inquérito por questionário e a entrevista estruturada para os


gestores conforme é descrito no iten a seguir.

Entrevista estruturada
Na óptica de Gerhard e Silveira (2009), a entrevista estruturada “segue um roteiro
previamente estabelecido, onde as perguntas são predeterminadas e não abre espaço
para outras questões que podem vir a surgir durante a entrevista”. Numa outra
abordagem, o mesmo autor refere que esta é “uma técnica de interacção social, uma
forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca obter dados, e a outra se
apresenta como fonte de informação”. Pode ter carácter exploratório quando
relativamente estruturada ou de colecta de informações, quando é altamente estruturada
(p.72).

A entrevista estruturada foi empregue aos gestores com vista a identificar-se as formas,
causas e acções levadas a cabo pela Escola Secundária de Matlhemele no combate ao
assédio sexual da aluna.

Técnicas de análise de dados


Após a elaboração dos instrumentos de recolha de dados, seguiu-se ao processo da
análise de dados definido para a realização da pesquisa. Para garantir-se a transparência
dos resultados, os dados recolhidos através do inquérito por questionário foram
analisados através do Excel, versão 10.
Quanto aos dados resultantes da aplicação da entrevista estruturada, foram analisados com recurso a
técnica de análise de conteúdo
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Conclusão
Este trabalho se propôs a compreender o papel da Escola Primaria de Ocua no combate
ao assédio sexual da aluna. Para o efeito, realizou-se a pesquisa bibliográfica e do
campo envolvendo alunas, professores e gestores escolares.

Do estudo realizado, conclui-se que na Escola Primaria de Ocua existe sim o assédio
sexual de alunas. Este fenómeno é sobejamente conhecido pela comunidade educativa
escolar, mas dada a sua delicadeza é pouco discutido.

Quanto às formas que os professores recorrem para a prática do assédio sexual são
destacados os comentários eróticos e toques nas partes íntimas das alunas. E
obviamente, isso leva à prática do acto sexual em caso de aluna ceder em benefício a
certos favores.

Os gestores escolares têm procurado realizar acções com vista a mitigação deste
fenómeno que traz consequências graves na vida de alunas assim como na imagem
institucional, tais acções consistem nas palestras e sensibilização aos professores e
alunas a não se envolverem em actos desta natureza.

Quanto as medidas tomadas em caso da confirmação da ocorrência do assédio sexual,


conclui-se que o estudo não apurou nenhuma. A escola se limita em implementar a
estratégia de sensibilização à comunidade escolar e não na divulgação dos casos e
exposição dos assediadores como forma de desencorajar este tipo de prática.

Em suma, o papel da Escola Primari de Ocua no combate ao assédio sexual de alunas


consiste na sensibilização da comunidade escolar e não no accionamento de medidas
que culminem com o afastamento de assediador, como forma de desencorajamento aos
demais professores, visto que são apontados como sendo os protagonistas.
Recomendações

 Aplicação de medidas concretas visando a mitigação do assédio sexual no meio


escolar
 Promoção de actividades extra-curriculares sob o lema "não ao assédio sexual de
aluna;
 Promoção de concursos com mensagens desencorajadoras a prática do assédio

 Produção de Cartazes e folheto;

 Realização de teatros

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