Comercial - Resumos
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Comercial - Resumos
Comercial
Direito comercial
"Sistema jurídico que disciplina de modo especial os atos de comércio e
comerciantes" - Coutinho Abreu
"Direito comercial como um corpo de normas, conceitos e princípios jurídicos que,
no domínio do direito privado, regem os factos e as relações jurídicas comerciais."
Características do direito comercial: (1) ramo do direito privado e (2) ter uma
aplicabilidade especial
Assim, para nós, Direito Comercial é um ramo do direito privado que de modo
especial e no domínio do direito privado rege os atos de comércio, os comerciantes
entre si, e os factos e relações jurídicas daqueles resultantes.
O direito comercial surge na idade média porque nesta época o Estado era muito
debilitado e exercia pouca influência na sociedade. Por este motivo, os comerciantes
organizaram-se. Assim, surgem as corporação medievais de artes e ofício, também
conhecidas como corporações mercantis.
O direito comercial começou por adotar uma perspetiva subjetivista - nasceu no séc.
XII, época medieval, nas cidades italianas - Direito não com origem estatal mas sim
como um "direito de classes", de cariz subjetivista formado à custa dos costumes
dos comerciantes, dos estatutos das corporações dos mercadores: um direito criado
pelos mercadores para regular as suas atividades profissionais e por eles aplicado.
COMERCIANTE
Requisitos
Os juros
Base legal:
DL 69/2013 - h ps://dre.pt/pesquisa/-/search/499541/details/maximized
Portaria 277/2013 - h ps://dre.pt/pesquisa/-/search/499511/details/maximized
Aviso nº 13486/2021 - h ps://dre.pt/web/guest/home/-/dre/167491792/details/
maximized?dreId=167491779
Portaria 291/03 8/4 - h ps://dre.pt/pesquisa/-/search/223663/details/maximized
Tipos de juros
• Legais: quando resultam da lei
• Convencionais: aqueles que são estabelecidos pelas partes
• Remuneratórios : juros compensatórios, no sentido de constituir uma
contraprestação onerosa pela cedência do capital
Qual a taxa de juro mais alta que as partes podem fixar? O n.º 2 remete, como visto,
para o art. 1146.º do CC.
Quando se trata de um ato civil, a taxa legal é de 4%. A taxa de remuneração do
capital pode ser de mais 3% (7%) se existir garantia real e de mais 5% (9%) se não
existir.
O n.º 2 permite que possa ser mais alta se estabelecida uma taxa de juro
sancionatória, a qual visa a penalização pela mora. Assim, atua a título de sanção
pela mora, sendo necessário especificar isso no contrato. Caso contrário, será de 7%
ou 9%. Assim, pode ser de mais 7% (11%) ou 9% (13%) acima dos 4%.
No caso do direito comercial, a taxa de remuneração de capital é de 7%. Pode
acrescer, em caso de mora, 3% (10%) ou 5% (12%), consoante exista ou não
garantia real.
À taxa de 7% pode acrescer, a título sancionatório, 7% (14%) ou 9% (17%),
consoante exista ou não garantia real.
E se estabelecerem taxa superior às referidas, como por exemplo 21% a título
sancionatório? Estabelece o n.º 3 do art. 1146.º que o valor é reduzido ao máximo
legal
h ps://www.isg.pt/2019/05/21/responsabilidade-dos-conjuges-por-dividas/
Fiança mercantil
O contrato de fiança mercantil, é aquele pelo qual uma pessoa se obriga perante
outra, credor, a satisfazer a obrigação ou o débito do devedor comerciante, caso este
não pague o seu compromisso, e desde que a obrigação derive de causa comercial.
Sob o ponto de vista comercial, para que a fiança seja mercantil é necessário que o
devedor, o afiançado, seja comerciante e a obrigação objeto da fiança decorra de
uma causa comercial.
De modo a garantir uma maior proteção do crédito e mais segurança, regra é a da
aplicação da responsabilidade solidária, no caso das obrigações plurais passivas (art.
100º - nas obrigações comerciais os co-obrigados são solidários, salva estipulação
contrária"). No direito civil a regra é a da conjunção (513º a contrario). Na fiança, a
regra também é a da responsabilidade solidária.
Em virtude da solidariedade das obrigações comerciais, pode o credor escolher entre
o devedor e o afiançado para exercitar a obrigação, podendo preferir exigir do fiador
a satisfação do compromisso.
Mas que coisa é essa? Não se encontra referido no art. 204.º. Não sendo imóvel,
será móvel. Mas o estabelecimento comercial não é uma coisa móvel igual às
outras, é uma coisa móvel anómala ou suis generis.
Composição
Que elementos tem? Quando é negociado o que estamos a negociar? Isto varia de
caso para caso.
Temos os elementos corpóreos, como as mercadorias, matérias primas, automóveis
(utilizados, por exemplo, para transporte) bem como todos os materiais (cadeiras,
mesas, tabuletas, etc.).
Tem ainda os elementos incorpóreos, como a firma do comerciante (identificação
da empresa), os direitos de propriedade industrial (marcas, logotipos, patentes,
desenhos, etc.), todos os direitos ligados ao imóvel (por exemplo, se funciona num
imóvel arrendando, transmite-se com a alienação do estabelecimento comercial o
arrendamento), contratos e obrigações deles derivados (contratos de fornecimento,
de trabalho, de distribuição comercial, de concessão, de prestação de serviços, de
financiamento).
A empresa não se confunde com o estabelecimento comercial. Por exemplo, temos
uma sociedade comercial por quotas, empresa de tecidos de A e K. Esta sociedade
explora uma empresa, mas nada impede que tenha diversos estabelecimentos
comerciais. A empresa é o todo que é objeto de exploração da sociedade. O
estabelecimento comercial trata-se de uma entidade que pode ser negociada
autonomamente.
Temos, ainda, a clientela. Por exemplo, A, dono de um estabelecimento comercial
faz contrato de alienação ou trespasse dizendo que o vende a J e nada mais. O que
foi vendido? A firma tinha que ser em convenção expressa, as dívidas e créditos não
o são. E se determina que não lhe vende os móveis, os contratos de trabalho, as
marcas, a firma, o que sobrou? Nada. Não vendeu um estabelecimento comercial.
Será um negócio jurídico simulado, o qual é nulo.
A clientela é ou não um elemento do estabelecimento comercial? Por exemplo, A
tem um hotel pronto a abrir e vende-o. Não tem clientela. Será que temos um
estabelecimento comercial? Sim. Suponhamos agora que A tem um café com
ARRENDAMENTO MERCANTIL
A. Arrendamento B.
(sobre o imóvel)
Contrato/ acordo contratual através do qual uma das partes se obriga a proporcionar
à outra o gozo temporário de uma coisa - senhorio - mediante o pagamento de uma
prestação - renda (arrendatário) - 1022º cc: contrato bilateral, oneroso, consensual e
sinalagmático. É um contrato de locação para exploração de uma atividade
comercial. A lei qualifica-o como um arrendamento para fins não habitacionais.
O estabelecimento comercial é o conjunto de coisas corpóreas e incorpóreas
devidamente organizadas para a prática do comércio. Corresponde, grosso modo, a
uma ideia de empresa, mas sem o elementos humano e a direção.
Se o senhorio alienar a coisa, terá de comunicar ao arrendatário para que este pague
a renda ao novo senhorio.
Situação mais delicada é a do lugar de pagamento da renda. O art. 1039.º n.º 1 2.ª
parte (“… no domicílio do locatário à data do vencimento, se as partes ou os usos
não fixarem outro regime”) estabelece qual o lugar de cumprimento da obrigação:
no domicílio do locatário, se não for fixado outro regime pelas partes ou pelos
usos. Assim, é possível estipular no contrato um regime diverso. Em regra, tem que
ser o senhorio a dirigir-se ao domicílio do devedor. Este regime afasta-se do
disposto no art. 774.º.
Este facto terá a consequência do art. 1039.º n.º 2 (“se a renda ou aluguer houver de
ser pago no domicílio, geral ou particular, do locatário ou de procurador seu, e o
pagamento não tiver sido efetuado, presume-se que o locador não veio nem mandou
receber a prestação no dia do vencimento”), ou seja, a presunção de que a
responsabilidade, se não tiver sido paga a renda, é do locador. Esta presunção
pode ser ilidida mediante a apresentação de prova em contrário (art. 350.º n.º 2).
Cada renda é autónoma em relação à outra. Esta autonomia releva para múltiplos
efeitos: prescrição da obrigação do pagamento; contagem do prazo para resolução
por falta de pagamento (art. 1083.º n.º 3); caducidade do direito de resolução (art.
1085.º).
No momento de celebração do contrato o arrendatário paga, como vimos, duas
rendas. Pode ser estipulada uma antecipação da renda, tal como dispõe o art.
1076.º no seu n.º 1 (“o pagamento da renda pode ser antecipado, havendo acordo
escrito, por período não superior a três meses”). Esta deve ser efetuada por escrito,
sob pena de nulidade, podendo ir até 3 meses.
É habitual estabelecerem garantias nos termos do art. 1076.º n.º 2 (“as partes podem
caucionar, por qualquer das formas legalmente previstas, o cumprimento das
obrigações respetivas”). Normalmente a garantia utilizada é a fiança.
Tem legitimidade para receber a renda o senhorio, seu cônjuge ou aquele que ele
indicar. Assim havendo transmissão da posição de locador, este deve-o comunicar ao
locatário sob pena de este último continua a pagar ao primeiro.
Tem legitimidade para pagar a renda o arrendatário ou qualquer terceiro que tenha
interesse nisso ou outra pessoa que ele indique – 767º. Se houver transmissão da
posição da posição de arrendatário, tem agora a legitimidade para pagar a renda.
Do lugar para o recebimento da renda, o art. 1039º/1 estabelece o domicílio do
locatário se não for xado outro regime pelas partes. NOTA: 1039º afasta o 774º
Pode ainda fazer uso da via judicial, através da ação declarativa de despejo,
instaurada contra o arrendatário, pedindo a resolução do contrato (art. 1048.º n.º 1
– “o direito à resolução do contrato por falta de pagamento da renda ou aluguer,
quando for exercido judicialmente, caduca logo que o locatário, até ao termo do
prazo para a contestação da ação declarativa, pague, deposite ou consigne em
depósito as somas devidas e a indemnização referida no n.º 1 do artigo 1041.º”).
O arrendatário pode paralisar este direito se pagar as rendas e a indemnização,
tal como estabelece n.º 2 (“o locatário só pode fazer uso da faculdade referida no
número anterior uma única vez, com referência a cada contrato”).
Quanto à mora do arrendatário no pagamento da regra, o legislador introduziu o n.º
4 no art. 1083.º, que estabelece que “é ainda inexigível ao senhorio a manutenção do
arrendamento no caso de o arrendatário se constituir em mora superior a oito dias,
no pagamento da renda, por mais de quatro vezes, seguidas ou interpoladas, num
período de 12 meses, com referência a cada contrato, não sendo aplicável o disposto
nos n.ºs 3 e 4 do artigo seguinte”. São requisitos: a mora relevante superior a 8
dias; que ocorra isso pelo menos 5 vezes (ou mais) no período de 1 ano.
Aqui o arrendatário pagou a renda ou não? Sim. O legislador pretende censurar
aqueles que se atrasam reiteradamente, o incumprimento temporário reiterado.
O senhorio pode resolver (extrajudicialmente) o contrato mediante comunicação
(nos termos do art. 9.º n.º 7 NRAU) ao arrendatário, o qual não tem possibilidade
de paralisar este processo porque não pode utilizar os n.ºs 3 e 4 do art. 1084.º, o
que significa que não pode fazer caducar o direito do senhorio – é quase um direito
potestativo.
Este não pode pagar a indemnização de 50% do valor da renda, tendo que sair do
locado. Se não o faz, o senhorio pode instaurar um procedimento especial de
despejo (art. 15.º n.º 2 al. e).
A al. d) (“o não uso do locado por mais de um ano, salvo nos casos previstos no n.º
2 do artigo 1072.º”) estabelece a possibilidade de resolução quando haja lugar ao
não uso do locador por mais de um ano. O art. 1072.º n.º 1 (“o arrendatário deve
usar efetivamente a coisa para o fim contratado, não deixando de a utilizar por mais
de um ano”) determina que é fundamento para o senhorio vir a resolver, ainda que,
no período de um ano, de vez em quando abra o estabelecimento comercial.
Existem exceções, previstas no n.º 2, as quais podem atenuar ou evitar que o
senhorio possa resolver o contrato de arrendamento, já que o não uso é considerado
lícito em tais casos.
Regime convencional
As partes podem estabelecer o prazo de denúncia, tal como se retira da 1.ª
parte do n.º 1 do art. 1110.º (“as regras relativas à duração, denúncia e
oposição à renovação dos contratos de arrendamento para fins não
habitacionais são livremente estabelecidas pelas partes”). Esse prazo não
pode ser excessivamente longo.
Oposição à renovação
Caducidade
Por remissão do art. 1079.º (“o arrendamento urbano cessa por acordo das
partes, resolução, caducidade, denúncia ou outras causas previstas na lei”)
aplicamos o disposto no art. 1051.º, o qual elenca as causas de caducidade do
contrato de arrendamento.
Destaca-se a perda da coisa (al. e) – “pela perda da coisa locada”), a
expropriação por utilidade pública (al. f) – “pela expropriação por utilidade
pública, salvo quando a expropriação se compadeça com a subsistência do
contrato”) e a morte do arrendatário (al. d) – “por morte do locatário ou,
tratando-se de pessoa coletiva, pela extinção desta, salvo convenção escrita
em contrário”).
Há lugar à perda da coisa, por exemplo, quando esta é perdida por incêndio.
Desde que tal causa não possa ser imputada ao locador, dispõe o art. 790.º
que a obrigação se extingue.
Quando há expropriação por utilidade pública e não puder continuar a
exploração do estabelecimento comercial, o locador recebe uma
indemnização.
Extinção Ardmt
TRESPASSE MERCANTIL
A. (Senhorio)
Arrendamento
Trespasse
B. C. (Trespassário)
(Arrendatário)
• Direito de propriedade
Há, na verdade, um direito de propriedade sobre o estabelecimento comercial.
O estabelecimento comercial é, como vimos, um todo funcional constituído por um
conjunto de coisas. Este todo é uma unidade jurídica e económica, é um todo
organizado. É esse que lhe confere um maior valor, sendo que o todo tem mais valor
do que a soma das partes. É esta unidade económica que o direito trata como uma
unidade jurídica, é este todo que se considera um direito
Não é uma coisa corpórea nem uma coisa incorpórea pura, é uma coisa imaterial sui
generis ou uma coisa composta funcional. É um bem material enraizado em certas
coisas corpóreas que constituem todo o estabelecimento comercial. Admite-se um
direito de propriedade do estabelecimento comercial sobre o todo, os elementos,
mesmo as coisas que não são dele (por exemplo, compra frigorí co em regime de
locação nanceira).
Havendo um direito de propriedade sobre o estabelecimento comercial, o
proprietário pode recorrer à ação de reivindicação (art. 1311.º)
• Posse
A posse é ou não possível? Tem-se entendido que sim. Por maioria de razão, e na
medida em que se admite a posse de coisas incorpóreas puras (como a patente, a
marca, o direito de autor), também a posse do estabelecimento comercial, que não o
é, se admite. É uma coisa incorpórea sui generis, estando em causa a exploração
económica da coisa.
Sendo possível a posse sobre o estabelecimento comercial, também será possível o
recurso aos instrumentos de tutela da posse. Além dos meios extrajudiciais – ação
direta e legítima defesa – pode fazer uso dos instrumentos civilísticos de tutela da
posse, previstos no art. 1276.º e seguintes, bem como o recurso aos embargos de
terceiro (art. 1285.º)
O n.º 2 do art. 1037.º dispõe que “o locatário que for privado da sua coisa ou
perturbado no exercício dos seus direitos pode usar, mesmo contra o locador, dos
meios facultados ao possuidor nos artigos 1276.º e seguintes”
fi
fi
Implica que o estabelecimento comercial exista, mas não tem que estar a funcionar
(pode estar fechado, suspenso ou até nunca ter aberto). Pode não envolver todos os
elementos do estabelecimento comercial, mas tem que haver um mínimo de
elementos para que seja o estabelecimento comercial que estamos a negociar. Se
não o fizer, é uma simulação, está a disponibilizar apenas o espaço e a defraudar o
comprador e o senhorio.
Implica a transmissão definitiva do direito de propriedade. Não é trespasse a
transmissão a título universal, tendo que ser a título singular – não é trespasse, por
exemplo, a sucessão nem a fusão e cisão de sociedades comerciais. Não é trespasse
a transmissão por morte.
Traduz-se em que negócio jurídico? Que figuras estão incluídas no trespasse?
• Compra e venda voluntária do estabelecimento comercial. Aplicam-se as regras
do Código Comercial sobre a matéria, previstas no art. 467.º e seguintes, bem como
o disposto no Código Civil (art. 874.º e seguintes).
• Compra e venda executiva do estabelecimento comercial, ou seja, venda no
quadro de um processo executivo, seja a execução cível ou fiscal. Neste caso deve
ser alienado como um todo.
Temos alguns negócios jurídicos ou contratos que não são trespasse. Vejamo-los.
• Transmissão mortis causa do estabelecimento comercial. Esse património do de
cujus, que será alvo de partilha e que fica para um dos sucessores, não é trespasse,
pois trata-se de uma transmissão a título universal.
• Partilha do estabelecimento comercial no quadro de um processo de partilha
na sequência de divórcio. Neste caso, é apenas uma parte do bem jurídico que está
a ser adjudicado.
• Sociedade que mude de firma. Esta alteração não afeta a personalidade jurídica da
sociedade, nem o seu património, sendo apenas uma alteração do nome.
• Transformação do tipo de sociedade, a qual também não implica a extinção da
personalidade jurídica.
• Transmissão das participações sociais. Por exemplo, temos 4 sócios, cada um com
25% do património social. Em regra, os sócios podem alienar as suas participações
sociais. Um deles vende a sua participação social, havendo alguém que a compra.
Esta venda nada tem a ver com o trespasse, sendo que em nada afeta o património
ou personalidade jurídica da sociedade.
Por exemplo, os 4 sócios vendem as suas participações sociais. Existem outros 4
que as compram. A sociedade mantém a sua personalidade jurídica e o património,
mas os sócios são outros completamente diferentes. É equiparado ao trespasse a
O que é necessário para haver trespasse, para que se transmita a posição contratual
de arrendatário?
Importa atender ao que sucede com a finalidade (ou fim). Se o contrato estabelece
o fim (por exemplo, determina que é apenas a exploração do restaurante), será esse
o fim.
E se determinar que é possível mais do que um fim (como será se determinar que
pode ser um restaurante ou uma livraria), estabelecendo, portanto, um fim amplo?
C, que compra o restaurante, poderá mais tarde alterar o estabelecimento comercial?
Será que a cláusula estabelecida no contrato de arrendamento original se estande ao
novo arrendatário?
Há quem diga que esta cláusula de fim apenas beneficia o arrendatário original,
alegando que tem uma natureza intuitu personae. Assim, o adquirente não podia
alterar.
Entende-se que não é assim: não tem caráter pessoal, salvo se tal for estabelecido
no contrato de arrendamento, ou seja, exceto se as partes estipularem que o fim não
se estende a um eventual novo arrendatário. O novo adquirente poderá usar a
cláusula e alterar o fim.
Nos termos do art. 1112.º n.º 5 do CC, “quando, após a transmissão, seja dado outro
destino ao prédio, ou o transmissário não continue o exercício da mesma profissão
Temos três outras exceções ao art. 432.º, nas quais não é necessário o consentimento
da outra parte. Vejamo-las.
Por exemplo, no estabelecimento comercial existe uma máquina em locação
financeira. O que acontece? Tratando-se de bens de equipamento (que são os bens
essenciais no exercício da atividade mercantil), estabelece o art. 11.º do DL
149/1995, que há a transmissão da posição contratual do arrendatário
financeiro, sem necessidade de consentimento. Esta faz parte do âmbito natural
de entrega – no silêncio das partes transmite-se.
É necessário comunicar o trespasse, nos termos do art. 10.º n.º 1 al. h) do referido
diploma, no prazo de 15 dias. Se não houver comunicação, o locador financeiro
pode resolver o contrato.
Uma vez feita a comunicação, o locador financeiro, nos termos do art. 11.º n.º 3,
pode opor-se à transmissão da posição contratual do locatário financeiro (porque
não apresenta garantia de cumprimento anterior).
A outra exceção prende-se com os contratos de trabalho. Nos termos do art. 285.º
do Código de Trabalho, havendo transmissão do estabelecimento comercial,
transmitem-se os contratos de trabalho. Há uma transmissão da posição
contratual da entidade empregadora. É imperativa e automática, sendo que se
prescinde do consentimento dos trabalhadores.
Em relação aos débitos (ou dívidas) a regra é a mesma, ou seja, temos uma
intransmissibilidade das dívidas. Só se houver convenção nesse sentido é que
aquelas se transmitem.
Qual o regime de transmissão das dívidas? Será o regime de assunção de dívidas,
o qual consta do art. 595.º e seguintes do CC. De acordo com aquele preceito, é
necessário que no contrato do trespasse o trespassário aceite a transmissão da
dívida e a posterior ratificação do credor. Se não o fizer, a dívida continua a ser do
trespassante.
Apesar de este ser o regime geral, devemos ter em consideração a existência de três
desvios a este princípio, nos quais a lei impõe a coresponsabilização do
trespassante e do trespassário:
• Dívidas aos trabalhadores: estabelecem os arts. 285.º e 286.º do Código do
Trabalho que no caso de trespasse e havendo dívidas aos trabalhadores há
coresponsabilização, a qual se traduz num regime solidário. O trespassário terá,
portanto, que tomar o cuidado de aferir se existem ou não.
• Dívidas resultantes de coimas de natureza laboral (contraordenações laborais não
pagas): o mesmo artigo impõe a coresponsabilização.
• Dívidas à Segurança Social: a Lei 110/2009 (Diploma da Segurança da Social)
dispõe nos seus arts. 53.º e 209.º que as dívidas à Segurança Social implicam uma
coresponsabilização. O art. 209.º estabelece que qualquer cláusula em sentido
contrário é nula.
Existe uma obrigação de não concorrência quer por parte do locador, quer do
locatário. Por exemplo, B celebra com C uma locação do restaurante pelo prazo de 3
Direito Bancário
O contrato bancário em geral faz partida vida de todos nós - praticamente toda a
gente tem uma conta bancária.
Este contrato bancário geral e, em regra, de longa duração (podendo, no entanto,
cada pessoa encerrar a sua conta bancária quando quiser).
As relações (tanto comerciais como civis) passam assim por uma conta bancária e,
sendo esta relação longa, gera-se uma relação de confiança entre o banco e o seu
cliente, na qual o princípio da boa fé e confiança irá ter uma relevância jurídica no
que toca às responsabilidades e deveres que a instituição bancária tem perante os
clientes.
Estes deveres são não só de informar o cliente mesmo quando este não coloca
questões mas também proteger o património do mesmo.
Contratos de crédito
Elementos:
1) dilação no tempo,
2) Obrigação de restituir o crédito acrescido de juros
3) Confiança entre as partes
Mútuo civil
É um contrato real quanto à sua constituição - é necessária a entrega do dinheiro
para a perfeição do contrato - 11142º.
O mútuo pode ser gratuito se não for retribuído, e onereso se for retribuído - 1144º
art. 1145º - ao contrário do que diz no artigo, em regra, no mútuo civil, em caso de
dúvida, presume-se a gratuidade do contrato.
1143º - exigência de forma r. 559º
1147º - prazo
Se não tiver sido fixado prazo, o prazo mínimo será de 30 dias - 1148º
O problema manifesta-se no mútuo oneroso com prazo - 1147º r. 781: em cão de
incumprimento, Sendo o mútuo liquidáveis em prestações, o mutuante pode exigir
as prestações em falta, mas não os juros.
Mútuo Bancário
O empréstimo comercial não carece de forma, mas para tal é preciso que seja
celebrado entre comerciantes (394º e 396º). Isto continua a ser aplicável sempre
que o contrato de empréstimo mercantil seja celebrado pelo banco com um
comerciante.
A ideia é que fosse simplificada a forma dos contratos realizados pelos bancos,
Pace á forma mais pesada do regime civil.
Noção extensiva: Locação financeira é o contrato pelo qual uma das partes se
obriga, mediante retribuição, a ceder à outra o gozo temporário de uma coisa, móvel
ou imóvel, adquirida ou construída por indicação desta, e que o locatário poderá
comprar, decorrido o período acordado, por um preço nele determinado ou
determinável mediante simples aplicação dos critérios nele fixados.
O contrato de locação visto à luz do art. 1022º cc, O contrato de locação nanceira é um “mais”
apresenta as seguintes características, de nidoras do perante o contrato de locação. Ou seja, a lei (art. 1º.
seu tipo: DL nº 149/95) acrescenta algumas características
a) uma das partes obriga-se a proporcionar à outra distintivas à “base” constituída pelo contrato de
o gozo de uma coisa; locação. Assim; tal como a locação:
b) A outra parte tem o direito de exigir esse gozo; a) existe a obrigação de ceder o gozo de uma coisa;
c) À cedência do gozo corresponde uma prestação b) O locador é e continua a ser proprietário da coisa;
da outra parte. c) A outra parte tem o direito de exigir aquela
cedência;
d) O gozo é temporário;
e) O gozo é retribuido.
Prescrição - 310º cc