Seminário IV

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Módulo Controle da Incidência Tributária

INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS


MÓDULO: CONTROLE DA INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
SEMINÁRIO: IV- IMUNIDADE E NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
ALUNA: MARCELLA LAÍS DE AZEVEDO VERÍSSIMO

1. Que é imunidade tributária? Diferençar imunidade, isenção, não incidência e


incidência tributária. O conceito de imunidade tributária pode ser aplicável
às taxas, às contribuições e as contribuições de melhoria?
R: De acordo com os preceitos doutrinários, as imunidades tributárias são
limitações ao poder de tributar dos entes públicos, imposta pela Constituição
Federal, que determina que os mesmos se abstenham de instituir tributos sobre
determinadas situações. Conforme o professor Paulo de Barros Carvalho (2021,
p.203):
A imunidade tributaria representa um conjunto de normas jurídicas
dispostas na Constituição Federal, que estabelecem a
incompetência das pessoas políticas de direito constitucional
interno para instituírem tributos sobre determinadas situações.

A imunidade parte de ditames Constitucionais para representar a exclusão do


pagamento de um tributo, enquanto a isenção ocorre quando há presença de um
fato gerador de obrigação tributária mas o tributo está impedido de ser cobrado,
geralmente em decorrência de uma lei ordinária. A incidência tributária, por sua vez,
ocorre quando há a presença de um fato gerador, da obrigação tributária e da
previsão em lei e a não incidência, quando justamente não há essa previsão.
O conceito de imunidade é plenamente cabível às taxas e às contribuições,
visto que o texto constitucional é claro ao aplicar a imunidade aos tributos, não
apenas aos impostos (art. 5º XXXIV e art. 195 CF/88).

2. As imunidades são cláusulas pétreas na Constituição Federal? Uma


Emenda Constitucional pode revogar alguma das imunidades dispostas na
Carta Magna? As normas constitucionais que veiculam imunidades são
autoaplicáveis ou dependem de regulamentação infraconstitucional?
R: Primeiramente, faz-se importante destacar que as Cláusulas Pétreas estão
dispostas na Constituição Federal em seu art. 60, §4º, representam o direito ao
voto nos ditames da Constituição de 88, a separação dos poderes e os direitos e
garantias individuais e não podem ser alteradas nem mesmo por uma Emenda à
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Constituição. Diante disso e dos claros interesses sociais de preservação de


direitos e interesses da sociedade, as imunidades podem ser consideradas
cláusulas pétreas e, por isso, não podem ser alteradas nem mesmo por uma
Emenda.
Por estarem alinhadas com os ditames constitucionais, são autoaplicáveis,
não necessitando obrigatoriamente de uma legislação infraconstitucional para a
sua regulamentação

3. Na sua opinião, são imunes:


(a) quanto ao ISS: os serviços de guarda e estacionamento de veículos
automotores prestados por entidades religiosas (vide anexos I e II);
R: Em que pese a vedação da União sobre a instituição de impostos sobre
“templos de qualquer culto” (art. 150, inciso VI da CF/88), entendo que esta não
se estende ao caso do enunciado, considerando que não se trata de atividade
indispensável à prática religiosa. A menos que seja analisado um caso especifico
em que o funcionamento estrutural da entidade religiosa dependa da renda obtida
por este serviço.

(b) quanto ao IPTU: o imóvel destinado à locação, pertencente à mesma


entidade (vide anexo III); e os cemitérios particulares (vide anexo IV);
R: Caso o imóvel não se relacione com o culto, tendo finalidade diversa, inclusive
de auferição de lucro, não estará abrangido pela imunidade. Quanto ao cemitério
particular, caso seja apenas para fins de aluguel de jazidas ou outro fim que não
diga respeito à prática religiosa, não estará abarcado pela imunidade.
(c) quanto ao ITR: as áreas de reserva indígena, bem como a renda auferida
pelos indígenas (vide Petição n. 3388 STF). Justifique sua resposta. (vide
STF, Petição n. 3388, DJ 04/02/14);
R: De acordo com o art. 231 da CF/88, as glebas destinadas à cultura indígena
são de propriedade da União, sendo inalienáveis e indisponíveis, cabendo, neste
caso, a aplicação da imunidade recíproca disposta no art. 150, IV, “a” da
Constituição. Além disso, as áreas de reserva indígena são consideradas de
preservação permanente, não podendo ser tributada (Decreto 4.382/022 – art. 11,
§2º).
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(d) quanto aos serviços prestados por empresas públicas no regime de


concorrência (vide anexos V);
R: A imunidade deve ser aplicada, por ser empresa prestadora de serviços
públicos, cuja prestação é obrigatória e essencial ao país, o que comprova
claramente o julgado do STF presente no referido anexo V.

(e) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia


mista (vide anexo VI e VII);
R: a partir do momento que prestam serviços públicos, com atividade que seja
obrigatória e exclusiva do Estado, a jurisprudência já é assente no sentido de que
deve ser aplicado a imunidade reciproca.

(f) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia


mista cujas ações sejam negociadas na bolsa de valores (vide anexo XIII).
Justifique suas respostas.
R: Já existe entendimento firmado em sede de repercussão geral (RE
600.86/SP) de que neste caso não há a aplicação da imunidade recíproca, devido
a participação na bolsa de valores.

4. A agência de publicidade Bravia foi contratada pela empresa Xilitol para que
produzisse a campanha de seus novos produtos e, após definida a
estratégia, indicasse os melhores meios para a divulgação do anúncio. Além
da mídia na TV Tupi, a agência Bravia recomendou a exposição da
campanha via folder a ser inserido na revista “A Pastorinha” por dois
domingos seguidos, após a veiculação do anúncio na TV Tupi. No
orçamento referente à divulgação do anúncio, a agência inseriu o preço da
sua veiculação no horário nobre passado pela TV Tupi e também o preço
informado pela revista “A Pastorinha”. Ambos associaram o preço de seus
serviços aos tributos inerentes às suas atividades (gross up, em especial do
ISS, PIS e COFINS).
Ao receber o orçamento, o depto. jurídico da Xilitol questionou o gross up
do ISS apresentado pela revista “A Pastorinha”, com base no item “17.25 -
Inserção de textos, desenhos e outros materiais de propaganda e
publicidade, em qualquer meio (exceto em livros, jornais, periódicos e nas
modalidades de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens de
recepção livre e gratuita)”, introduzido na lista de serviços da LC 116/2003
pela LC 157/2016, e manifestou sua recusa no pagamento. Considerando o
disposto no art. 150 da CF, e os fundamentos utilizados pelos Ministros do
STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676, na sua opinião o
questionamento apresentado pelos advogados da Xilitol quanto à incidência
do ISS sobre os serviços prestados pela revista “A Pastorinha” procede?
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R: Em minha opinião o departamento jurídico da empresa está certo ao realizar


esses questionamentos, visto que o texto constitucional é claro ao elencar livros,
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão como abarcados pela
presente imunidade. O que torna controverso na presente situação é o fato de
que o conceito de periódicos é relativo no contexto social brasileiro. Mas, levando
em consideração a etimologia da palavra, como sendo algo que ocorre e é
demandado com periodicidade, a revista não é algo que consiga ser dissociada
destes termos. Com isso, também goza da referida imunidade.

5. Como deve ser interpretado o disposto no art. 150, VI, “d” da CF: “livro,
jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão”. Pode-se dizer
que livros e periódicos eletrônicos (“e-books”), bem como o material
utilizado para sua comportá-los (“e-book readers”) são imunes com
fundamento neste dispositivo? E os Tablets? (Vide anexos XII e XIII e
considere para sua resposta, os fundamentos utilizados pelos Ministros do
STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676)
R: Deve-se levar em consideração primeiramente, que o objetivo principal da
imunidade tributária nesse ramo é difundir a cultura. Com isso, já se faz pacificado
o entendimento no STF de que a imunidade abarca os periódicos eletrônicos “e-
books”, bem como o material usado para comportá-los.
Em relação aos tablets o entendimento é diferente, visto que a função
primordial do mesmo não é a leitura ou a propagação de informações. É um
aparelho mais completo e com diversas outras funções.

6. No caso da imunidade para as instituições de assistência social sem fins


lucrativos, o cumprimento do art. 14 do CTN é suficiente para garantir sua
aplicação ou ainda é necessária a comprovação do caráter assistencial e
filantrópico previsto no art. 203 da CF/88? É possível que lei ordinária
garanta sua aplicação? (Vide anexo XIV).
R: No caso em questão, não se faz necessário a comprovação, apenas é
necessário que se trate de uma instituição sem fins lucrativos, que não haja a
distribuição de lucros. Porém, não é possível que uma lei ordinária garanta a sua
aplicação, visto que a própria Constituição Federal é claro ao afirmar a
necessidade de uma complementar (art. 146, II da CF/88)
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7. Explicar as diferenças entre as correntes dicotômica e tricotômica na


aplicação das normas gerais de direito tributário. Precisar o sentido da
expressão “normas gerais de direito tributário”, diferenciando lei
complementar nacional e lei complementar federal.
R: Inicialmente, cabe destacar que a corrente dicotômica estabelece que a lei
complementar deve versar sobre as normas gerais no âmbito do direito tributário,
a exemplo, os conflitos de competência que ocorre entre os entes federativos e
também regulações as limitações da Constituição ao poder de tributar. Já no que
tange a corrente tricotômica, tem-se que, para ela, compete a lei complementar
além dos exemplos supracitados, estabelecer normas gerais da legislação
tributária.
Em relação a expressão “normas gerais de direito tributário”, compreende-se
como um conjunto das normas estabelecidas pelo legislativo com o intuito de
instituir regras de tributação, ou seja, normas aptas a vincular todos os entes
federados e os administrados, são normas que complementam e integram o texto
constitucional.
Quando se trata da diferenciação entre lei complementar nacional e lei
complementar federal, pode-se dizer que a complementar nacional é quando a
União dispõe apenas matérias de normas gerais, caberá aos outros entes
federativos complementar o conteúdo, porém, sempre respeitando o texto
constitucional. Pode-se dizer que seria uma competência concorrente. Já em
relação a complementar federal, os entes federativos possuem autonomia
legislativa, caracterizando competência comum.

8. O art. 146, inciso III, da CF, autoriza a lei complementar a definir os fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos já discriminados
na Constituição? Isso não violaria o princípio da autonomia das pessoas
políticas? Considerar as recentes decisões proferidas pelos Ministros do
STF no RE 566.622 e ADI´s 2028, 2036, 2228 e 2621.
R: Sim, faz-se notório que existe essa possibilidade, mas, no meu entendimento
não há uma violação ao princípio da autonomia o que há é uma forma de
solucionar conflitos pois o que há é uma delimitação de limites materiais e
objetivos.

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