Admin Depext,+vol+39+artigo+1
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Resumo
O objetivo deste artigo foi analisar os efeitos da significância prática e da estimativa dos
parâmetros em cartas de controle que monitorem a variância dos processos. Os métodos
utilizados foram a modelagem e simulação, visando encontrar soluções numéricas de tal
problemática. A modelagem e a simulação foram realizadas no ambiente do Software
Maple. Os resultados alcançados neste artigo considerando a significância prática
trazem vantagens em cartarelação às cartas tradicionais, pois possibilita poucos sinais
de alarmes falsos detectados pelas cartas. As análises também mostraram o efeito do
aumento de tamanho da amostra na capacidade dessas cartas em discriminar os estados
de fora de controle do processo considerando a significância prática.
Palavras-chave: Controle Estatístico de Processo, Significância prática, Cartas de
controle 𝑆 2 , Parâmetro estimado.
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1. Introdução
O Controle Estatístico de Processo (CEP) compreende um conjunto de técnicas
estatísticas utilizadas no monitoramento sistemático dos processos produtivos a fim de
contribuir para a fabricação de produtos ou serviços que atendam aos requisitos dos
clientes (CASTAGLIOLA; VÄNNMAN, 2008). A essência do CEP é monitorar a
variação inerente dos processos, denominada de variação natural, e distingui-las das
causas especiais, que em geral são identificáveis (JURAN, 1982; MONTGOMERY,
2009).
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o sentido prático dos conceitos clássicos das cartas de Shewhart, propondo uma ampliação
dos limites de controle. A incorporação do conceito de significância prática atende às
especificações de engenharia e as necessidades dos clientes, com o menor custo possível.
Em outras palavras, de modo prático, representa uma expansão dos limites de controle
respeitando a relação de custo-benefício. Para tanto, Montgomery (2009) ressalta a
importância de ter em consideração a questão da significância prática no projeto das cartas
de controle. Pesquisas tem flexibilizado os parâmetros de projeto das cartas de controle
com o objetivo de melhorar o seu desempenho e reduzir custos da sua operacionalização.
Costa (1998) avalia que o desempenho das cartas de controle 𝑋̅/𝑅 melhora conforme os
seus parâmetros variam, enquanto que Magalhães et al. (2001) propõem a seleção dos
parâmetros de modo a reduzir os custos do processo. Portanto, a ideia de adotar
parâmetros variáveis das cartas ao invés da abordagem clássica de torná-los fixos não é
nova, e é recomendada. Costa (1998) em seu artigo, tratou a flexibilização do tamanho e
dos intervalos de tomada das amostras, e propôs além da região central e de ação um
limite de alerta para os processos, possibilitando detectar de modo mais rápido desvios
na média decorrentes de causas especiais.
A implantação das cartas de controle estatístico de processo passa por duas fases,
conforme indicado por Montgomery (2009) e Jensen et al. (2006). É na chamada Fase I
que são estabelecidos os limites de controle. No caso da carta clássica de Shewhart 𝑋̅/S e
𝑋̅/R, o controle é realizado por meio da estimativa dos parâmetros estatísticos da média
(µ) e desvio padrão (σ). Uma fragilidade dessas cartas de controle é supor que os
parâmetros estatísticos sejam conhecidos, o que na prática nem sempre é verdade. Isso
afeta substancialmente a eficiência dessas cartas.
Esse problema foi estudado pelos principais autores da área (CHAO; CHENG,
1996; CHEN; CHENG, 1998; JENSEN et al., 2006; CASTAGLIOLA et al., 2009;
CASTAGLIOLA; MARAVELAKIS, 2011; CASTAGLIOLA; CELANO; FICHERA,
2013). Nesses estudos o objetivo foi melhorar o desempenho das cartas de controle,
redimensionando os procedimentos de cálculo dos limites de controle utilizados
correntemente.
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2. Revisão de Literatura
A carta de controle é uma das principais técnicas utilizadas no CEP, dada sua
suposta simplicidade operacional. Quando os parâmetros de uma determinada
característica da qualidade são desconhecidos, a carta de controle é, normalmente,
construído em duas fases. Na Fase I (fase pré-prospectiva) são estimados os limites de
controle estatístico. Na carta tradicional de Shewhart, em geral, são extraídas 25 amostras
de tamanho cinco (n=5) para estimativa dos parâmetros do processo e dos limites de
controle estatístico. Na Fase II, com a carta já definido, novas amostras são retiradas e
diz-se que o processo está estável quando o resultado da característica observada é plotado
entre os limites de controle. Caso contrário, tem-se que o processo perdeu sua condição
de estabilidade e está sujeito à ação de causas especiais (JENSEN et al., 2006).
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Essa questão é tão significativa que a AIAG (1991) considera, no seu guia de
implantação do controle estatístico de processo, a significância prática. Segundo o
Manual do CEP da AIAG, todo processo está sujeito a ser classificado segundo a sua
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No caso 3, sob certas circunstâncias, os clientes podem permitir que o gestor opere
o processo nos seguintes casos: i) o cliente é insensível à variação da característica da
qualidade dentro da especificação; ii) a economia envolvida em agir sobre as causas
especiais excede o benefício aos clientes; e iii) A causa especial é identificada e tem sido
documentada.
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1 2
𝑠𝑖2 = 𝑛−1 ∑𝑛𝑗=1(𝑥𝑖𝑗 − 𝑥̅𝑖 ) (3)
por conseguinte, dos limites de controle, 𝑃𝑟(𝛼|𝜎̂0 2 ). Para um processo que está OOC,
̂ 𝑠2 = 𝑘𝜎̂02 .
𝜎1 = 𝛿𝜎0 , para 𝛿 > 1, e a estimativa do limite de controle será obtida por 𝐿𝑆𝐶
2 𝑠𝑖2 (𝑛−1)
Em que 𝑋𝑛−1 = é o valor da distribuição de probabilidade do Qui-
𝜎12
̂2
𝜎
quadrado. Como 𝜎12 = 𝛿 2 𝜎02 e 𝑈 = 𝜎02 , pode-se escrever a Expressão 6:
0
𝑘𝑈 (𝑛−1)
𝑃𝑟(𝑠𝑖2 ≤ 𝐿𝑆𝐶) = 𝑃𝑟 (𝑋𝑛−1
2
≤ ) (6)
𝛿2
̂ )) quando 𝛿 = 1. Assim 𝛼 = 1 −
Sendo o erro tipo I 𝛼 = 1 − 𝑃𝑟 (𝑠𝑖2 ∈ (0, 𝐿𝑆𝐶
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Expressão 8:
2 𝑘𝑈 (𝑛−1) 2 𝑘𝑈 (𝑛−1)
𝛽 = 𝑃𝑟 (𝑋𝑛−1 ≤ ) = 𝐹𝑋 2 (𝑋𝑛−1 ≤ ) (8)
𝛿2 𝛿2
Suponha que (𝑋𝑖,1 , … , 𝑋𝑖,𝑛 ) são variáveis aleatórias, 𝑖 = 1,2, . . 𝑚, de uma amostra
independente tomadas na Fase I, com 𝜎0 dsconhecido, em que 𝑖 representa o número do
subgrupo e ∆ é a mudança admissível em 𝜎0 . Quando o processo está em estado de
controle (IC), para 𝜎1 = (𝛿 + ∆)𝜎0, tem-se 𝛿 = 1 e ∆≥ 0.
Então, quando processo está OOC, tem-se que 𝛿 > 1. Assim, H0: 𝜎1 ≤ (𝜎0 +
∆𝜎0 ) (IC), e H1: 𝜎1 > (𝜎0 + ∆𝜎0 ) (OOC). Em IC quando o desvio padrão é conhecido,
tem-se a seguinte relação, ilustrada na Equação 11:
𝑠𝑖2 ∈ {(0; 𝐾(𝜎02 + ∆2 𝜎02 ) = (0; 𝐿𝑆𝐶)} (11)
Em que LSC é o Limite Superior de Controle e K é uma constante. Para 𝜎0 não
̂ )}.
conhecido IC ocorre quando 𝑠𝑖2 ∈ {(0; 𝐾(𝜎̂02 + ∆2 𝜎02 ) = (0; 𝐿𝑆𝐶
Na Fase II, amostras de tamanho 𝑛 são tomadas, e 𝑠𝑖2 é calculado de
̂ )) ou 𝛼 = 1 − 𝑃𝑟 (𝑠𝑖2 ∈
{𝑋𝑖,1 , 𝑋𝑖,2 , . . , 𝑋𝑖,𝑛 }. O erro tipo I é 𝛼 = 𝑃𝑟 (𝑋̅ ∉ (0, 𝐿𝑆𝐶
̂ )). Para um processo que está OOC, 𝜎1 = 𝛿𝜎0 , para 𝛿 > 1, e a estimativa do
(0, 𝐿𝑆𝐶
̂ = 𝐾(𝜎̂02 + ∆2 𝜎02 ).
limite de controle será 𝐿𝑆𝐶
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̂2
𝜎
Se 𝑈 = 𝜎02 , tem-se a seguinte Expressão 15:
0
2 ̂02 (𝑛−1)
𝐾𝜎 𝐾𝜎02 (𝑛−1) 2 𝐾𝑈(𝑛−1) 𝐾∆2 (𝑛−1)
𝑃𝑟 (𝑋𝑛−1 ≤ + ) = 𝑃𝑟 (𝑋𝑛−1 ≤ + ) (15)
𝛿 2 𝜎02 𝛿 2 𝜎02 𝛿2 𝛿2
̂ ))
1 − 𝑃𝑟[𝑋 2 ≤ 𝐾𝑈 (𝑛 − 1) + 𝐾∆2 (𝑛 − 1)]. E, o erro tipo II é 𝛽 = 𝑃𝑟 (𝑠𝑖2 ∈ (0, 𝐿𝑆𝐶
quando 𝛿 > 1. Portanto, foi obtida a seguinte Expressão 16 para o erro tipo II:
5. Análise numérica
a. Métodos numéricos
A análise do desempenho das cartas de variância com parâmetro estimado e
considerando a significância prática foi realizado por meio do Software Maple, versão 13.
A solução numérica da função matemática do ARL é dada pela Expressão 18. Esta
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b. Resultados numéricos
Tabela 1 - Desempenho da carta de controle com significância prática e parâmetro estimado para Δ =
0,50, 𝑚 = 20 e 𝛿 = [1,05; 1,10; 1,15; 1,20; 1,25; 1,30; 1,35]
Δ = 0,50
δ
m n Desempenho 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35
ARL 54,61 36,790 26,230 19,590 15,190 12,160 10,000 8,410
Pa(Ho) 0,982 0,973 0,962 0,949 0,934 0,918 0,900 0,881
3 1-Pa(Ho) 0,018 0,027 0,038 0,051 0,066 0,082 0,100 0,119
ARL 316,36 158,350 87,830 53,560 34,900 24,110 17,490 13,210
20 Pa(Ho) 0,997 0,994 0,989 0,981 0,971 0,959 0,943 0,924
5 1-Pa(Ho) 0,003 0,006 0,011 0,019 0,029 0,041 0,057 0,076
ARL 9903 426,670 205,420 187,670 171,760 89,740 51,400 32,600
Pa(Ho) 0,9999 0,998 0,995 0,995 0,994 0,989 0,981 0,969
9 1-Pa(Ho) 0,0001 0,002 0,005 0,005 0,006 0,011 0,019 0,031
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Tabela 2 - Desempenho da carta de controle com significância prática e parâmetro estimado para Δ =
0,50, 𝑚 = 20 e 𝛿 = [1,50; 1,55; 1,60; 1,65; 1,70; 1,75; 1,80]
Δ = 0,50
δ
m n Desempenho 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70 1,75 1,80
ARL 5,55 4,96 4,48 4,091 3,76 3,48 3,25
Pa(Ho) 0,820 0,798 0,777 0,756 0,734 0,713 0,692
3 1-Pa(Ho) 0,180 0,202 0,223 0,244 0,266 0,287 0,308
ARL 6,860 5,790 4,980 4,280 3,890 3,300 3,000
20 Pa(Ho) 0,854 0,827 0,799 0,766 0,743 0,697 0,667
5 1-Pa(Ho) 0,146 0,173 0,201 0,234 0,257 0,303 0,333
ARL 10,74 8,18 6,44 5,23 4,35 3,70 3,21
Pa(Ho) 0,854 0,827 0,799 0,766 0,743 0,697 0,667
9 1-Pa(Ho) 0,093 0,122 0,155 0,191 0,229 0,270 0,312
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Δ =0,5 m=20
1,00
0,95
0,90
0,85
Probabilidade de aceitar H0
0,80
0,75
0,70
0,65
0,60
0,55
0,50
0,45 n=3
0,40
0,35 n=9
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
2,25
3,15
4,05
4,95
5,85
1,05
1,35
1,65
1,95
2,57
2,87
3,45
3,75
4,35
4,65
5,25
5,55
6,15
6,45
6,75
7,05
7,35
7,65
7,95
8,25
8,55
8,85
δ
m, n K ARL
3 54.61
m=20, n=3 4 235.7
4.3 371.1
3 316.3
m=20, n=5 3.05 358.8
3.06 367.9
2 122.9
m=20, n=9 2.2 276.6
2.27 370.07
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características crítica funcionais e de segurança do sistema de freio, tais como furos, raios
e ângulos. Esse processo de fabricação tem pequena variabilidade instantânea, vou seja,
o desvio padrão de pequenas amostras é muito pequeno, e quando comparada a
capabilidade de máquina em relação as especificações de engenharia, essa é muito alta,
acima 1,68. Assim, cartas de controle tradicionais (conforme a abordagem proposta por
Shewhart), são inadequadas para situações que ocorram pequenas mudanças na variância.
Isso equivale dizer que do ponto de vista prático (custo benefício), não compensaria
interromper o processo para atuar sobre causas especiais. Nesse caso, o uso de gráficos
de controle com significância prática implica em uma solução gerencial que compatibilize
o clássico trade-off entre qualidade de conformação e o custo de inspeção, por exemplo.
6. Conclusão
O objetivo do artigo foi analisar os efeitos da significância prática e da estimativa
dos parâmetros em cartas de controle que monitorem a variância dos processos. Em
termos conceituais, o propósito do uso de cartas de controle com significância prática é
diminuir os custos de intervenções que do ponto de vista prático não são viáveis.
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Este artigo pode servir de apoio prático para gestores que busquem monitorar a
variabilidade do processo. Para tanto é necessário admitir que os requisitos dos clientes
envolvidos na análise estejam satisfeitos e que a mudança no desvio padrão (ou variância)
seja menor que o pleiteado pelo cliente. Assim, foi proposto um procedimento para
calcular os limites de controle que impliquem em melhores números de amostragem e
tamanhos de amostra e que garantam o menor erro tipo I e II.
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Abstract
The goal of this study is to analyze the effects of the practical significance and the
parameters estimation in control charts to monitor the variance of processes. Numerical
solutions were determined by performing modeling and simulation methods using the
Maple Software environment. Experimental results showed that the obtained control
charts using the practical significance detected less false positive signals compared to
traditional charts. Another advantage refers to the higher discrimination of out-of-
control states in processes when increasing the samples size.
Key-words: Statistical Process Control, Practical significance, 𝑆 2 Control charts,
Estimated parameter.
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