Farmacoterapia Clínica
Farmacoterapia Clínica
Farmacoterapia Clínica
FARMACOTERAPIA CLÍNICA
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FARMACOTERAPIA CLÍNICA
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SUMÁRIO
O método clínico.......................................................................................................... 4
Coleta e organização de dados do paciente ............................................................... 7
Identificação de problemas relacionados à farmacoterapia ....................................... 11
Revisão da Medicação com Foco nos Resultados Terapêuticos .............................. 14
Problemas Relacionados à Farmacoterapia .............................................................. 19
Elaboração do Plano de Cuidado .............................................................................. 25
Seguimento e avaliação de resultados ...................................................................... 39
Desfechos “não-clínicos” ........................................................................................... 44
Custo do tratamento .................................................................................................. 46
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48
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O método clínico
com ótimos resultados, entretanto a maioria desses serviços não se perpetua por
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mais do que uns poucos anos. Por muitos motivos, entre os quais a baixa
de saúde. Ainda que muitos desses argumentos sejam questionáveis, todos esses
sua região e nas queixas que normalmente são mal atendidas no balcão da
clínica. É aberta uma ficha para registro do atendimento, que será arquivada no
Elaborar um
Identificar
plano de
problemas
cuidado em
relacionados à
conjunto com
farmacoterapia
o paciente
feita por meio de uma anamnese e exame clínico e o paciente é a principal fonte das
informações. Além do relato que o próprio paciente faz sobre sua saúde, seus
consulta é agendada, ajuda muito pedir ao paciente que leve seus medicamentos,
principal, história da doença atual, história médica pregressa, história social, familiar
entrevista clínica (esse tema será abordado com maiores detalhes no capitulo 6:
paciente.
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QUEIXA PRINCIPAL
HISTORIA FAMILIAR
HISTORIA SOCIAL
• Outros órgãos que podem ser afetados e que sinalizem casos de maior
gravidade e complexidade
pelos pacientes como medicamentos. Esta abordagem deve ser feita valorizando o
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seus hábitos.
equilíbrio entre escutar e interagir com o paciente e tomar notas enquanto o paciente
não tratadas do paciente. Nesta “foto” inicial deve ser possível também avaliar os
integral do paciente, sua família e relações sociais, e uma postura voltada para o
no uso de medicamentos”.
real, quando manifestado, ou potencial quando há risco de sua ocorrência. Pode ser
publicado no início dos anos 90 por Strand et al. e segue sendo até hoje o conceito
mais difundido sobre o tema. Atualmente, esses autores os definem como “qualquer
vivenciado pelo paciente. O problema pode ter a forma de uma queixa clínica, sinal,
problema.
efeitos terapêuticos sobre o paciente são muito bem compreendidos. Neste livro, a
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Farmacoterapia.
sua rotina e qual o grau de cumprimento do regime posológico. Cabe lembrar que às
vezes será necessária mais de uma consulta a fim de se organizar toda informação
consulta.
de saúde que o justifique e/ou quando há uma prescrição médica válida para tal. Se
não há uma condição clínica que requeira farmacoterapia, então esta farmacoterapia
é desnecessária. Por outro lado, se há uma indicação terapêutica que não está
causado pela farmacoterapia ou se o problema é algo que precisa ser tratado com
farmacoterapia.
farmacoterapia
Practice. The clinician's guide. 2th Ed. New York: McGraw-Hill, 2004. 394p.
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doses muito altas pelo paciente. Assim como na efetividade, as condições clínicas
também podem ser vivenciados pelo paciente como sinais, sintomas ou exames
laboratoriais alterados.
instruções do prescritor.
uma revisão detalhada de como o paciente faz uso dos medicamentos e de sua
como dimensões ligadas ao processo do uso dos medicamentos. Por outro lado, a
clínica deve se basear nas necessidades específicas dos pacientes, nas melhores
classificação com seis RNMs. A nova lista de PRMs inclui problemas como:
outros.
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Necessidade
Adesão Terapêutica
Efetividade
Segurança
paciente
urgência, na qual ações não imediatas não oferecem risco iminente ao paciente ou
prioridade sobre problemas potenciais, mas pode haver exceções. Além disso,
podem ter prioridade diferente daqueles que dependem de mais alguém (família,
plano de cuidado para cada problema de saúde envolvido, assim como as condutas
que todo esse processo inicial leve mais de uma consulta para casos mais
complexos.
utilizando a farmacoterapia e tudo que deve ser feito para que o plano seja
avaliações de seguimento.
método Dáder, propõem alguns elementos desta forma de trabalhar com o paciente
na atenção farmacêutica:
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confidencialidade;
explicação foi satisfatória. Podem-se indicar outras fontes para o paciente pesquisar
permitir um tempo para que cada um reflita sobre suas opiniões até a próxima
consulta;
9. Uma vez tomada à decisão, qualquer que seja, apoiar o paciente para
necessário conversar com o médico caso haja dúvida sobre as metas terapêuticas a
serem atingidas com algum tratamento. De modo geral, o que o farmacêutico deve
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ter em mente é que devem ser definidas metas claras para toda a farmacoterapia e
para medir o resultado. Estes podem ser sinais ou sintomas observáveis pelo
serem alcançados;
2) O prazo definido para alcance dos resultados. Esse prazo deve levar em
farmacoterapia.
Uma vez que todas as metas terapêuticas estão claras e definidas, são
uma intervenção deve considerar as opções terapêuticas disponíveis e deve ser feito
se no topo das estatísticas como uma das principais demandas dos pacientes. A
outras circunstâncias. Vários estudos têm demonstrado que esses pacientes são
sem anuência do prescritor. Esse contato pode ser feito basicamente de três
maneiras:
necessidade de alteração. Cada uma dessas três estratégias pode ser mais ou
voltadas a pacientes crônicos, esse contato não passa de 50%. De modo geral, a
paciente que relate ao médico suas sugestões, pois a informação pode chegar
Este deve ser levado e entregue ao médico pelo paciente, preservando a relação
médico como parceiro, por isso o conteúdo da carta deve ser ético, cordial e
prognóstico.
metodologia Dáder para el seguimiento del tratamiento farmacológico. Pharm Care Esp 2000; 2: 358-
363.
que deve transcorrer entre as consultas depende de muitos fatores. Entre eles o
farmacêutica
97.
mais espaçada ou mesmo por contato remoto. Isso ocorre, por exemplo, para
ser feito por telefone, com a possibilidade de uma nova consulta presencial caso
paciente. Deve ser entregue ao paciente por escrito uma síntese dessas
neste caso deve conter nome do medicamento indicado, regime posológico e prazo
para avaliação de seguimento. Não é simples elaborar um modelo único de DSF que
atenda a todas as finalidades sem correr o risco de criar algo burocrático, poluído
paciente. Além disso, muitos farmacêuticos utilizam a DSF apenas para registrar a
distante de qualquer atendimento clínico. Isso deturpa a ideia do que vem a ser um
farmacêutico
Informações Comentários
retorno agendada.
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Morley chegam a afirmar em seu guia: “se não houve seguimento, não houve
atenção farmacêutica passa a ser apenas mais uma parte do problema, não da
solução.
relatos do paciente sobre seus sintomas. Para cada indicação, um plano de cuidado,
suficiente, suas decisões clínicas sejam precisas, seu plano de cuidado negociado
com o paciente seja efetivo e seguro e que suas intervenções sejam adequadas
obtidas;
mensurável (por meio de dados objetivos ou subjetivos), deve ser específico para a
guarda relação direta com o desfecho final desejado, p.ex. o bom controle pressórico
(desfecho final).
seguintes razões:
hepática do paciente e
uma nova prescrição de Enalapril 10mg duas vezes ao dia deverá aguardar entre 2
reavaliação para um mês após a consulta inicial, tempo suficiente para avaliar a
formas. O modo de registro mais comum no Brasil segue o acrônimo SOAP, em que
condutas realizadas pelo farmacêutico. De modo geral, tanto o método Dáder como
Desfechos “não-clínicos”
percepção do paciente sobre sua vida e sua saúde. A saúde é um fator importante
segurança pública, condição social, faixa etária, gênero, família, entre muitos outros
das pessoas. Por tudo isso, o termo “qualidade de vida relacionada à saúde” (QVRS)
pacientes com o tratamento pode ser variável, entretanto, são desejáveis melhorias
que possam ser sustentadas por longos períodos (avaliação a cada seis meses ou a
cada ano).
também é um desfecho importante, que deve ser avaliados pelo farmacêutico como
também faz parte do cuidado e contribui para os efeitos terapêuticos. De outro lado,
a satisfação com o tratamento também precisa ser abordada, como parte das
tratamento podem ter repercussão positiva sobre como o paciente manifesta sua
Custo do tratamento
e marcas similares de menor preço. Esse tipo de análise é uma das mais solicitadas
portanto, substituições desse tipo devem ser discutidas com o médico do paciente,
tratamento.
simples pressuposto de que não há medicamento mais caro do que aquele que não
funciona. Não há custo maior do que pagar por um medicamento que não é efetivo
ou seguro para o paciente. Assim, o custo deve ser analisado em conjunto com os
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de marcas devem ser seguidas de perto a fim de revalidar os resultados que vinham
sendo obtidos. É fácil concluir que tratamentos altamente efetivos e de baixo custo
clínica nem sempre essas diferenças são tão claras. Além disso, não há interesse
REFERÊNCIAS