Epidemiologia Processo Saúde Doença: Pular para o Conteúdo Principal Pular para Navegação
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Epidemiologia e
Processo Saúde
Doença
Bons estudos!
Avançar
UNIDADE 1
Caro Aluno, seja bem-vindo à etapa 1!
A epidemiologia também apresenta uma série aplicações nos serviços de saúde. Uma
delas seria as repostas rápidas às diferentes epidemias que assolaram ou assolam o
mundo, como é o recente caso do novo coronavírus. Isto porque, ao identificar, por
exemplo, comportamentos de risco, fica mais fácil agir na prevenção da doença.
Após a leitura dos assuntos abordados anteriormente, sugerimos que faça a leitura do
artigo: Epidemiologia e serviços de saúde , do autor Moisés Goldbaum.
Processo Saúde-Doença
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos
de aprendizagem:
De acordo com relatos, é de conhecimento cada vez maior essa relação antiga entre
as diferentes doenças e o homem. Em 2010, por exemplo, pesquisadores do Egito, da
Alemanha e da Itália anunciaram que o jovem faraó Tutancâmon teria, em 1324 a.C.,
aos 19 anos de idade, tido uma infecção grave de malária (FOLHA DE SÃO PAULO,
2010).
A conclusão foi obtida através de uma pesquisa detalhada realizada na múmia do
jovem faraó (Figura 1) que incluiu a análise de seu DNA (ácido desoxirribonucléico),
sendo que esta análise possibilitou aos pesquisadores verificarem a presença de
genes do Plasmodium falciparum protozoário que é o agente biológico causador da
,
Na verdade, toda vez que se pensa em relações, a palavra evolução vem à tona,
junto ao célebre princípio formulado de que se não for à luz da evolução nada na
biologia terá sentido (SANT’ANNA et al. 2004). Pode se observar, então, uma
,
2 INTRODUÇÃO
A epidemiologia é considerada o eixo da Saúde Pública, ou seja, a peça-chave no
estudo das informações de saúde (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003). Sobre aspectos
relacionados à Epidemiologia, podemos destacar o fato deste estudo:
proporcionar bases sólidas para a adoção de medidas de promoção, prevenção e
controle das doenças;
fornecer pistas para o efetivo diagnóstico de doenças infecciosas ou não
infecciosas;
verificar a consistência de hipóteses de causalidades entre diversos fatores e
doenças, ou seja, identificar se diferentes fatores (de risco, de proteção ou
determinantes da doença) estão associados efetivamente com as doenças ou não;
estudar a distribuição da morbidade (doença) e mortalidade, objetivando traçar o
perfil do processo saúde-doença nas populações;
realizar testes da eficácia e inocuidade de vacinas;
desenvolver a Vigilância Epidemiológica;
analisar fatores determinantes das doenças, como socioeconômicos e ambientais.
3 DEFINIÇÃO DE DOENÇA
A letra da música “O Pulso”, do grupo musical Titãs, apresentada a seguir, foi
composta na década de 1980, no entanto, sua temática é extremamente atual. A
música constata o quanto diferentes doenças assolaram e assolam nossas vidas,
influenciando a história humana e a modificando ao longo dos tempos.
Existem vários tipos de doenças e seus diferentes conceitos, neste Livro Didático
serão apresentados e discutidos alguns considerados importantes no ponto de vista
epidemiológico. Na perspectiva do mecanismo etiológico, ou seja, causador de
determinada doença, as doenças podem ser classificadas em dois tipos
(ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003):
Doenças infecciosas: causadas por um agente biológico ou etiológico, como vírus,
bactérias, fungos ou parasitas.
Doenças não infecciosas: a priori, não são causadas por agentes biológicos ou
agentes etiológicos.
4 DOENÇAS INFECCIOSAS
A doença infecciosa é sempre resultado de interações entre o hospedeiro (local que
se desenvolve o agente biológico), o agente biológico ou infeccioso (por exemplo,
determinada bactéria) e do meio ambiente (por exemplo, água contaminada)
(GORDIS, 2017).
Fungos.
Parasitas.
Os vírus são os únicos seres vivos que não possuem células, sendo considerados
seres intracelulares obrigatórios, ou seja, necessitam entrar em células dos diferentes
hospedeiros para se desenvolverem. Alguns autores nem os consideram seres vivos
por não possuírem células, mas há autores que os defendem como seres vivos
devido à capacidade intrínseca de multiplicar seu material genético. São seres
microscópicos e medem menos que 0,2 µm e são, basicamente, formados por uma
cápsula protéica e material genético, podendo ser DNA (ácido desexirribonucléico),
RNA (ácido ribonucléico) ou os dois juntos.
Temos vários tipos de vírus com importância na Medicina e na Saúde Pública por
causarem doenças bem conhecidas, como o vírus HIV, causador da AIDS (Síndrome
de Imunodeficiência Adquirida), ou o novo coronavírus, surgido recentemente na
história da humanidade e que é causador da COVID-19.
Conecte-se
vírus da dengue;
vírus do zika;
vírus do ebola.
FIGURA 2 − VÍRUS CAUSADOR DE DOENÇA INFECCIOSA: SARAMPO
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-illustration-measles-virus-1178059438>.
Acesso em: 28 jun. 2020
Micoses: infecções causadas por fungos que atingem a pele, as unhas e o cabelo.
Frieiras: caracterizadas pelo surgimento de bolhas e rachaduras na pele.
Candidíase: infecção que ocorre geralmente na área genital, causando coceira,
secreção e inflamação no local atingido.
Histoplasmose: infecção que afeta os pulmões causando inflamações.
FIGURA 4 − EXEMPLO DE UM FUNGO CAUSADOR DE DOENÇA INFECCIOSA
levá-lo a óbito e, assim, viver às custas do hospedeiro, como muitos parasitas que
interagem com os seres humanos. Dessa forma, o parasita é beneficiado e o
hospedeiro é prejudicado.
FIGURA 5 − EXEMPLO DE PARASITA CAUSADOR DE DOENÇA INFECCIOSA
Existem inúmeros parasitas, mas aqui citaremos alguns com importância para a
saúde, tais como:
Carrapatos.
Piolhos.
Amebas.
Lombrigas.
Giardia.
Tênia.
Esquistossomo.
Os agentes biológicos apresentados, quando infectam, nem sempre interagem
diretamente com o hospedeiro sendo importante a interação com o meio
,
FONTE: A autora
No entanto, a infecção não é sinônimo de doença, pois pode ocorrer infecção sem
que haja o desenvolvimento de doença (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003). Um bom
exemplo dessa condição é o que acontece no caso da infecção com o Mycobacterium
tuberculosis, em que aproximadamente 90% dos casos infectados não desenvolvem a
doença, ou seja, apenas 10% dos indivíduos infectados com o Mycobacterium
tuberculosis desenvolverão a tuberculose pulmonar (PAULA, 2008).
Dessa forma, fica claro que as interações entre diferentes agentes biológicos ,
A Peste Negra atingiu não só o continente europeu, mas também a China e o Oriente
Médio, bem como outras regiões do mundo (BUSHEY; GINDER; O'SULLIVAN, 2000). A
Peste Bubônica, responsável por tantas mortes na Idade Média, era causada pela
bactéria Yersinia pestis transmitida para os seres humanos através de pulgas
,
A varíola foi classificada como uma das doenças mais devastadoras da história da
humanidade, segundo a OMS (WALDMAN, 2010). Essa doença foi a causa de
inúmeras epidemias, atingindo e levando ao óbito populações inteiras, como diversas
tribos indígenas brasileiras (WALDMAN, 2010). Ainda no século XVIII, a varíola foi
responsável pela morte de um recém-nascido para cada dez (1/10) na Suécia e na
França e de um a cada sete (1/7) na Rússia. A letalidade ou seja, o número de óbitos
,
por indivíduos doentes, era tão elevado que era uma prática comum dar nome
apenas às crianças que sobrevivessem à varíola (WALDMAN, 2010).
A varíola é causada após a infecção pelo vírus Orthopoxvírus variolae, mas o
aparecimento dos primeiros sintomas clínicos da varíola ocorre, em média, após 17
dias da infecção (WALDMAN, 2010). Dessa forma, podemos dizer que o período de
incubação da varíola é de 17 dias.
Como principais sintomas da varíola podemos destacar: febre alta, mal-estar, dor de
cabeça, dor nas costas e abatimento. A varíola se apresentava de forma mais violenta
quando a febre baixava e surgiam erupções avermelhadas por todo o corpo do
paciente (WALDMAN, 2010). Com o tempo, tais erupções evoluíam para as chamadas
pústulas (pequenas bolhas repletas de pus) que provocavam coceira intensa e muita
dor (WALDMAN, 2010). Nesse estágio, o paciente poderia apresentar cegueira
decorrente da doença (WALDMAN, 2010).
Até aquele momento não se existia tratamento eficaz contra a varíola, mas o que já
se sabia na época é que os pacientes que contraíssem a forma mais violenta da
doença (varíola major) evoluíam para o óbito, enquanto que aqueles que contraíssem
a forma minor tendiam a sobreviver, mas com grande chance de apresentar alguma
sequela, como cegueira (WALDMAN, 2010).
sendo essa mudança significativa nesses padrões. Tais modificações são conhecidas
como transição epidemiológica (WALDMAN, 2001).
A partir desse novo contexto, muitos pesquisadores e cientistas renomados
passaram a acreditar na chamada teoria da transição epidemiológica ou seja, que
,
Conecte-se
/2020/01/30/novo-coronavirus-e-emergencia-de-saude-
internacional-declara-oms.ghtml
Disponível aqui
Conecte-se
https://veja.abril.com.br/brasil/brasileiros-que-vieram-da-
china-deixam-quarentena-em-anapolis/
Disponível aqui
Conecte-se
/bra/index.php?option=com_content&view=article&
id=6101:covid19&Itemid=875
Disponível aqui
Conecte-se
Disponível aqui
Você sabia que os cientistas acreditam que o vírus responsável pela a gripe
espanhola esteja relacionado com o vírus H1N1 da gripe suína?
Você sabia que doenças como a tuberculose pulmonar ainda atingem
significativamente regiões de pobreza e de superlotação (grandes centros urbanos),
como Nova York, nos EUA, e São Paulo, no Brasil?
Conecte-se
Disponível aqui
drogas ilícitas;
álcool;
tabagismo;
dieta alimentar;
fatores genéticos;
radiação;
poluição do ar;
temperatura;
estresse;
viver em ambientes fechados, como presídios e casas de repouso;
estilo de vida;
hipertensão;
raça;
sexo;
higiene;
saneamento básico.
Nesse sentido, temos, por exemplo, o nível de colesterol elevado como fator de risco
para as doenças associadas ao coração. Para melhor entendimento do cenário de
evolução das doenças não infecciosas, será comentado sobre as principais.
6.2 DIABETES
Diabetes é uma doença caracterizada pela não produção de insulina ou baixa
produção dela pelo pâncreas do indivíduo. A insulina é um hormônio que regula a
glicose no sangue. Dessa forma, a hiperglicemia, ou seja, o aumento de açúcar no
sangue, é o efeito mais comum do diabetes. Os principais sintomas do diabetes são:
Poliúria (urinar a toda hora).
Polidipsia (excessiva sensação de sede).
Cansaço e falta de energia.
Perda de peso.
Polifagia ou hiperfagia (fome frequente).
Visão embaraçada.
Cicatrização lenta.
Infecções frequentes.
Segundo a OPAS (2010b), o diabetes é considerado uma doença crônica de maior
impacto nos gastos de saúde, com o gasto de cerca de 12% do total de recursos em
saúde no mundo todo. Quando mal controlado, o diabetes traz complicações muito
graves ao indivíduo, como cegueira e amputação de membros.
Alguns dados têm apontado para um número total de casos de diabetes cada vez
maior, sendo que o Brasil se apresenta na oitava posição mundial em quantidade de
pessoas com essa doença.
O diabetes é a causa de cerca de 5% de todos os óbitos globais por ano e, por isso, a
importância de se entender e estudar essa doença cada vez mais. Entre os fatores de
risco para essa doença se encontram:
Obesidade.
Sobrepeso.
Glicemia elevada.
Fatores hereditários.
Inatividade física.
6.3.1 Depressão
A depressão é uma doença considerada grave por ser caracterizada por alterações no
humor do indivíduo. Temos dois tipos conhecidos, de acordo com a OPAS (2018):
transtorno depressivo recorrente e transtorno afetivo bipolar. No caso do transtorno
depressivo recorrente, os principais sintomas são:
tristeza profunda;
fadiga;
falta de energia;
sonolência excessiva;
insônia;
sensação de autodesvalorização;
sentimento de culpa;
falta de apetite;
redução do interesse sexual;
ansiedade.
Já o transtorno afetivo bipolar é caracterizado por alternância de episódios de
depressão propriamente dita e de mania, separados por períodos de humor normal.
Os episódios de mania são marcados por humor exaltado ou irritado, excesso de
atividades, pressão de fala, autoestima inflada, insônia, bem como a aceleração de
pensamento.
De acordo com a OPAS (2018), a depressão atinge cerca de 300 milhões de pessoas,
de todas as idades, pelo mundo. Com relação aos óbitos por depressão, 788 mil
pessoas se suicidaram no mundo em 2015 (G1, 2017). No Brasil, cerca de 5,8% da
população foram diagnosticadas com essa doença.
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Acadêmico, foram apresentadas algumas das doenças psicossociais que são muito
expressivas no mundo, tanto em número de casos quanto de óbitos. No entanto,
temos muitas outras que têm surgido no cenário mundial.
6.4 NEOPLASIAS
A neoplasia, mais popularmente conhecida como câncer, é o nome dado a um
conjunto de mais de 100 doenças. Existem tipos de câncer para cada órgão do corpo,
como pulmonar, faríngeo, de bexiga, de cabeça, entre outros. Essas doenças têm em
comum o crescimento desordenado de células que invadem diferentes tecidos e
órgãos, podendo se tornar tumores malignos, se espalhando por outras áreas do
corpo através de metástase. Nesse sentido, há também os tumores benignos, que
são como uma massa de células que crescem em uma velocidade mais lenta que os
malignos.
Os fatores de risco para essas doenças são multifatoriais, desde fatores hereditários
(genéticos) até o estilo de vida, como o hábito de fumar e a dieta alimentar irregular.
7 DEFINIÇÃO DE SAÚDE
Atualmente, a saúde se apresenta como um conceito mais complexo, não sendo
apenas a ausência de doença e sim uma situação de completo bem-estar físico,
mental e social. Para tanto, são acoplados não só conceitos da área de saúde, mas da
área de exatas, como a estatística, e da área de humanas, como história, sociologia,
entre outras. No entanto, até chegar a esse conceito, a saúde passou a ser estudada
e tratada de forma mais ampla com o tempo, sendo estudada através da ciência
como um todo. Entre esses estudos temos a epidemiologia com seu papel
fundamental, uma peça-chave, visto que ela estuda o processo saúde-doença em
nível populacional.
O conceito de saúde tornou-se muito mais complexo ao acoplar o conceito de
qualidade de vida em sua definição. Se formos pensar sobre a história natural da
doença é possível analisar que no estado inicial de saúde há uma interação do
,
organismo sadio com agentes infecciosos ou fatores de risco (um fator que
aumenta a possibilidade de ocorrer determinada doença) que poderão perturbar a
normalidade ou contribuir para a mudança do estado sadio para a doença
propriamente dita (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).
As primeiras inter-relações sucedem as primeiras perturbações leves, que podem ser
detectadas ao analisar as prevenções como é o caso do câncer de mama, que
,
8 EPIDEMIOLOGIA E AS DOENÇAS
A epidemiologia, como já abordado, é de grande valia para o estudo do processo
saúde-doença em nível populacional, e até agora já aprendemos diversos conceitos
ligados a ela. No entanto, no decorrer deste Livro Didático, você aprenderá outros
conceitos importantes.
A epidemiologia básica está muito associada a um pensamento causal, ou seja, que
existem fatores, como os de risco, que auxiliam para desencadear determinada
doença. Além disso, ela faz parte de uma disciplina de Saúde Pública e, com isso,
preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as ações voltadas à
promoção e proteção da saúde da comunidade em geral.
Para uma definição mais precisa, podemos destacar o estudo da frequência, da
distribuição e dos determinantes dos estados ou dos eventos relacionados à saúde
em específicas populações, bem como a aplicação desses estudos no controle dos
problemas de saúde (GORDIS, 2017).
Estudo significa, para a epidemiologia, a vigilância epidemiológica, a observação,
: a
elaboração e o teste de hipóteses e diferentes estudos epidemiológicos.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, vimos um pouco sobre a importância da epidemiologia e seus
diferentes conceitos que se aplicam para o desenvolvimento de doenças infecciosas e
não infecciosas.
Devido ao aumento dos casos das doenças se manifestando como epidemias, deu-se
ênfase nas doenças infecciosas, apresentando breve histórico de sua importância
através dos tempos, até chegar o que temos atualmente. No entanto, as doenças não
infecciosas também desempenham um papel importante no conceito saúde-doença,
aumentando suas taxas cada vez mais.
Gostou da primeira etapa? Espero que tenha aproveitado os conteúdos abordados até
aqui. Convido você a dar continuidade aos seus estudos acessando a Etapa dois. Vamos
lá?!
Avançar
UNIDADE 2
Olá, Aluno!
Epidemologia Básica
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos
de aprendizagem:
Reafirmar as definições de epidemiologia básica e sua aplicação na área de saúde e
no dia a dia.
Adquirir uma visão geral dos conceitos relacionados com a epidemiologia básica.
Compreender os principais marcos teóricos da epidemiologia básica.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O conceito de Epidemiologia foi explanado no Capítulo 1, possibilitando a
visualização da relação da Epidemiologia com o processo saúde-doença, ou seja,
como eles estão intrinsicamente ligados. A Epidemiologia pode ser considerada como
o eixo da Saúde Pública no mundo e no Brasil, ou seja, ela é a base para a avaliação
de medidas preventivas e de profilaxia, fornecendo pistas para o diagnóstico de
doenças infecciosas e não infecciosas (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).
A Epidemiologia também (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003):
Estuda a distribuição da morbidade e da mortalidade pelas diferentes doenças,
para traçar o perfil saúde-doença nas comunidades humanas.
Realiza testes da eficácia e da inocuidade de vacinas.
Desenvolve e aplica a Vigilância Epidemiológica sobre as diferentes doenças.
Analisa os fatores ambientais e socioeconômicos que possam ser considerados
fatores de risco para o desenvolvimento de doenças e nas condições de saúde.
Constitui um elo de ligação entre a comunidade e o governo, estimulando a prática
da cidadania através do controle, pelos cidadãos dos serviços de saúde.
Muitas doenças, cujas origens até recentemente não encontravam explicação, têm
tido suas causas esclarecidas através de uma metodologia epidemiológica, que tem
por base o método científico aplicado da maneira mais abrangente possível a
problemas de doenças que ocorrem em nível populacional (ROUQUAYROL; ALMEIDA,
2003).
A Epidemiologia é considerada uma disciplina viva, em fase de desenvolvimento e
transformação sempre, adaptando-se com o processo saúde-doença que vai se
modificando ao longo do tempo.
Neste capítulo, serão apresentadas mais informações sobre a epidemiologia com
toda a sua importância no contexto da Saúde Pública, bem como os principais
marcos da história da saúde e medicina, os quais se destacaram até termos a
epidemiologia moderna conhecida na atualidade. Além disso, serão também
discutidos seus principais conceitos no processo saúde-doença.
Para melhor entender a relação entre a epidemiologia e o processo saúde-doença,
em nível populacional, se faz importante estabelecer o conceito desse processo, que
se trata do modo específico pelo qual ocorre o processo biológico de desgaste e
reprodução, destacando os momentos em que há a presença de um funcionamento
biológico diferente (ROUQUAYROL; ALMEIDA, 2003).
Ao analisar a distribuição de doenças em uma população e os fatores que
influenciam ou determinam essa distribuição, pensamos em epidemiologia (GORDIS,
2017). Dessa forma, a principal premissa da epidemiologia é que a doença não ocorre
ao acaso na população, pois cada indivíduo possui características genéticas, ou que
resultaram da interação com o meio ambiente ao seu redor, que podem predispô-lo
ou protegê-lo contra as diferentes doenças. Nesse sentido, existem indivíduos mais
suscetíveis a desenvolver determinada doença, como é o caso dos idosos, indivíduos
imunodeprimidos ou portadores de doenças crônicas, como diabetes ou pressão
alta, para o novo coronavírus. Devido ao sistema imunológico desse grupo de
indivíduos ser menos desenvolvido ou estar comprometido, essas suscetibilidades os
colocam no chamado grupo de risco. Dessa forma, temos também a premissa de que
a doença humana apresenta fatores causais, prognósticos e preventivos, que podem
ser identificados através de investigações sistemáticas de diferentes populações ou
subgrupos em diferentes pontos no tempo e/ou no espaço.
Indivíduo suscetível : aquele que tem determinada predisposição para desenvolver
determinada doença.
2 EPIDEMIOLOGIA
Em pauta
Leia um trecho da notícia a seguir sobre a doença
causada pelo novo coronavírus :
A mudança de epidemia para pandemia possui como ideia principal induzir os países
para que ajam rapidamente, no sentido de se detectar, testar, tratar, isolar e rastrear
os casos do novo coronavírus. No entanto, ainda é ressaltada a necessidade de a
população mundial não entrar em pânico ou terror com relação a essa doença,
mesmo sendo considerada uma pandemia.
As doenças endêmicas são aquelas que geralmente ocorrem em determinado lugar
ou população, como a febre amarela e a malária que são comuns na região Norte do
Brasil. A seguir falaremos mais um pouco sobre a epidemiologia e seus conceitos
básicos.
A palavra-chave da epidemiologia é a prevenção e, para tanto, apresenta como
objetivo identificar grupos da população em estudo e observação que se apresentam
com elevado risco de desenvolvimento de determinada doença. Caso seja possível
identificar esses grupos, deve-se identificar fatores ou características específicas que
provavelmente os colocaram no grupo de risco e tentar modificar esses fatores para
uma prevenção adequada (GORDIS, 2017).
É importante salientar que quanto antes for possível evitar o aparecimento de
doenças melhor será sua prevenção. Dessa forma, o grande desafio é ter a
prevenção primária ou seja, a ocorrência de uma medida de prevenção antes do
,
informação necessária para que ocorra essa prevenção de forma efetiva para
inúmeras doenças.
É muito comum não se apresentar dados biológicos, clínicos e epidemiológicos que
sirvam de base para o programa da prevenção primária de muitas doenças e,
assim, se passa a ter enfoque no segundo tipo de prevenção: a prevenção
secundária .
FONTE: A autora
identificar as causas das diferentes doenças (GORDIS, 2017). Para tanto, geralmente
se fala em etapas:
I- Identificação e determinação se existe associação entre um determinado fator
(como uma exposição ambiental) ou uma característica (como um aumento no nível
sérico de colesterol) e o desenvolvimento da doença em questão.
II-Tentar verificar inferências apropriadas se há uma possível relação causal relativa
às associações encontradas na primeira etapa.
Antes de mais nada é importante frisar que a epidemiologia se inicia através da
investigação de dados descritivos conforme propõe a Epidemiologia Descritiva que, ,
etnia/raça;
estado conjugal e familiar;
ocupação;
educação;
hábitos e costumes;
atividades de lazer.
O exemplo da idade já foi apresentado anteriormente neste capítulo ao se considerar
o grupo de risco de idosos para o desenvolvimento da COVID-19. No entanto, pode-
se pensar nas doenças que ocorrem mais entre as crianças, como caxumba e
catapora.
No caso do sexo, existe um estudo que foi observado maior desenvolvimento de
tuberculose pulmonar entre os indivíduos do sexo masculino (PAULA, 2008). Outro
exemplo é demonstrado através da taxa de mortalidade por causas selecionadas por
sexo no Quadro 1 a seguir.
QUADRO 1 − TAXA DE MORTALIDADE POR CAUSAS SELECIONADAS, POR SEXO,
EPILÂNDIA, 2006
FONTE: Waldman (2006, s.p.)
De acordo com o Quadro 2, que compara diferentes taxas de mortalidade por causas
selecionadas por etnia branca e não branca no Município de Epilândia em 2006, tem-
se que para a maioria dessas doenças a taxa de mortalidade é maior para os não
brancos se comparado com os brancos; com exceção da úlcera gastroduodenal e
câncer do aparelho urinário que foram iguais para as etnias brancas e não brancas.
Além disso, para as enfermidades arteriosclerótica do coração, leucemia e suicídio, as
taxas de mortalidade foram maiores para os brancos se comparados com os não
brancos; essa comparação também é mostrada através da razão de taxa de não
brancos e brancos.
Com relação ao estado civil, por exemplo, já foi observado maiores casos de
depressão entre os indivíduos separados e solteiros.
Para a ocupação, pode-se observar através de gráficos, com os dados desta
característica vital, que os veterinários podem ter mais casos de raiva que outros
profissionais. Tem-se também vários estudos epidemiológicos de doenças
ocupacionais, como a observação e a investigação de maiores casos de depressão
entre bancários e motoristas de ônibus.
Já foiobservado taxas maiores de casos de diversas doenças relacionadas com o grau
de educação do indivíduo, sendo que os menos instruídos tendem a desenvolverem
mais doenças, como a tuberculose pulmonar (PAULA, 2008). Foi demonstrado
maiores taxas de casos de tuberculose pulmonar e câncer de pulmão entre os
indivíduos tabagistas (WALDMAN, 2006; PAULA, 2008). Outro exemplo de organizar
os dados, segundo as características de pessoas, é a observação de menos casos de
depressão entre os indivíduos que fazem lazer periodicamente.
Outros tipos de gráficos apresentados para análise da Epidemiologia Descritiva
possuem mais que uma característica no mesmo gráfico, como mostra a Quadro 3.
Esse quadro apresenta os dados de forma mais complexa, mas observando bem
pode-se verificar maiores taxas de mortalidade de determinada doença entre os
indivíduos do sexo masculino e com 65 ou mais anos de idade. Esses foram exemplos
de como a Epidemiologia Descritiva pode ser útil na investigação epidemiológica,
organizando os dados por características de pessoas.
Para se organizar os dados segundo características relacionadas ao tempo, tem-se as
variações regulares e irregulares (WALDMAN, 2006). Entre as variações regulares ,
Epidemias.
2.1 VARIAÇÕES REGULARES
A Tendência Secular é uma variação na ocorrência de determinada doença
observada após longos períodos. Um exemplo dessa variação pode ser observado na
Figura 4 a seguir. Nesse exemplo, a maioria das doenças apresentadas foram
diminuindo ao longo do tempo, com exceção da doença meningocócica que foi
aumentando. Provavelmente, foram diminuindo porque através dos estudos
epidemiológicos foram obtendo-se informações sobre os dados epidemiológicos para
nortear as diferentes ações preventivas, evitando e diminuindo o aparecimento de
novos casos. Essas medidas preventivas já foram apresentadas anteriormente neste
capítulo.
FIGURA 4 − MORTALIDADE ENTRE MENORES DE CINCO ANOS, SEGUNDO A CAUSA
NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, ENTRE 1980 E 1998
A Variação Sazonal ocorre de acordo com algumas épocas, estações, meses, dias da
semana ou horas do dia. A Figura 5 mostra maiores casos de sarampo entre as
décadas de 1960 a 1969 com o pico entre os meses de julho a novembro, que são
meses que correspondem ao inverno e primavera. Para as outras décadas
apresentadas, os picos também correspondem principalmente durante o inverno.
Outro exemplo poderia ser a ocorrência de maiores casos de dengue nas épocas
quentes do ano.
FIGURA 5 − VARIAÇÃO SAZONAL DO SARAMPO EM DIFERENTES DÉCADAS NO
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ENTRE O PERÍODO DE 1960 A 1989
FONTE: Waldman (2006)
Como mostra a Figura 8, foi Dr. John Snow que realizou esse estudo. Adiante deste
capítulo será apresentada a importante participação desse pesquisador na história
da epidemiologia .
Épossível também ter gráficos que organizam os dados por tempo e espaço ao
mesmo tempo, como mostra a Figura 11 a seguir:
FIGURA 11 − DISTRIBUIÇÃO DE DETERMINADA DOENÇA NO BRASIL DE 1991 A
1998
Ensaios clínicos.
Cada um desses estudos da Epidemiologia Analítica tem uma forma diferente de
estudar as possíveis associações entre os fatores de risco e as doenças. No entanto,
neste Livro Didático, não serão detalhados esses estudos epidemiológicos da
Epidemiologia Analítica pois a ementa propõe que sejam explanados conteúdos
,
Conecte-se
Conecte-se
longo dos tempos como tratar a saúde e como estudá-la. Para iniciarmos, é
importante ressaltar que, na mitologia grega, encontramos Panaceia e Higeia que se
relacionavam a esses conceitos voltados à área da saúde.
A Panaceia (Figura 13) era a deusa da cura, assim, era considerada a padroeira da
medicina curativa. Higeia era a deusa da saúde, da limpeza e da higiene. Desde o
início, já foi cultivado a dicotomia entre a medicina curativa e dos conceitos de
higiene e, assim, apesar de não termos ainda claro a denominação do conceito de
epidemiologia como estudo que considera a população e o processo saúde-doença,
naquela época, já era possível separar os conceitos de cura e higiene.
FIGURA 13 − FOTO DA ESTÁTUA DA DEUSA PANACEIA
FIGURA 16 − IGREJA
século XVIII, que se estendeu até o início do século XIX. Essa corrente de estudo
associava as doenças a certas impurezas existentes no ar, denominadas miasmas .
Um exemplo dessas doenças era a malária, que o nome sugere “mau ares”.
De acordo com essa definição de miasmas a presença deles era detectada através
,
muitas vezes confundidas. Somente no final do século XIX é que a Teoria dos
Miasmas foi abandonada e a ideia de que toda a doença tem um agente biológico se
estabelece.
FIGURA 18 − RETRATO DE LOIUS PASTEUR
Em 1864, tem-se os trabalhos realizados por John Snow (Figura 20), que mostrou a
relação da cólera com o consumo de água com materiais fecais. Dessa forma, Snow é
considerado o pai da epidemiologia desenvolvendo o método de estudo
,
sem agentes biológicos Além disso, existem doenças que se tem a infecção, mas
.
não se apresenta a doença, como cerca de 80% dos casos de tuberculose pulmonar
(PAULA, 2008). É nesse cenário que surge a Teoria de Multicausalidade ou seja,
,
existem outros fatores envolvidos. Esses fatores sabemos, atualmente, que são os
chamados fatores determinantes ou de risco, que serão abordados e discutidos no
Capítulo 3.
No entanto, vale destacar que para as doenças infecciosas se tem um cenário
multicausal também, pois muitas dessas doenças têm uma relação entre o agente
biológico, o hospedeiro e o meio ambiente em que estão, a chamada Tríade
Epidemiológica como mostra a Figura 21.
,
Nesse contexto, temos ações que podem ser tomadas para intervir no processo
saúde-doença das doenças infecciosas. Entre os exemplos de ações para intervir no
processo saúde-doença com relação aos agentes biológicos podemos destacar:
Controle biológico dos vetores (intermediários entre o agente biológico e o
hospedeiro).
Vigilância Sanitária de um determinado alimento.
Utilização prudente de antibióticos.
Melhor conhecimento dos mecanismos que promovem a resistência dos
diferentes agentes biológicos frente aos diferentes medicamentos.
Eliminação de vetores na cidade.
Para o hospedeiro homem, podemos ter as seguintes ações para intervir no
processo saúde-doença com relação ao hospedeiro :
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, foram apresentadas inúmeras informações e conceitos importantes
da epidemiologia, como seus marcos históricos mais importantes ao longo da história
da humanidade desde a Grécia antiga até os dias de hoje. Dessa forma, foi possível
reafirmar as definições mais importantes da Epidemiologia Básica e sua aplicação
nos serviços de saúde. Além disso, apresentou-se os principais episódios da história
da humanidade até o surgimento da Epidemiologia propriamente dita.
Estamos quase no fim desta disciplina. Para finalizar nosso estudo, vamos prosseguir
para a Etapa Três?
Avançar
UNIDADE 3
Aluno, para darmos continuidade ao conteúdo da disciplina, estudaremos o terceiro e
último capítulo do nosso livro.
Distribuição, frequência e
os fatores determinantes
dos diferentes problemas
de saúde
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos
de aprendizagem:
Realizar os diferentes cálculos relacionados com a frequência dos diferentes
problemas de saúde da população humana.
Realizar os diferentes cálculos relacionados com a distribuição dos diferentes
problemas de saúde da população humana.
Realizar cálculos para poder avaliar a situação de saúde – doença de determinada
população humana.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A Epidemiologia Básica e seus principais marcos históricos foram apresentados e
discutidos no Capítulo 2. Neste capítulo, serão apresentados e discutidos diferentes
indicadores de saúde ou seja, medidas capazes de expressarem os processos
,
2 INTRODUÇÃO
Os Indicadores de Saúde de Morbidade expressam o risco de adoecer. Dessa
forma, referem-se ao comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma
população exposta. É usada também para mensurar a frequência dos problemas de
saúde na população (PAULA, 2008).
Já os Indicadores de Saúde de Mortalidade medem o risco de morrer (PAULA,
2008). Para se medir morbidade e mortalidade e comparar as suas frequências
brutas, deve-se transformá-las em valores relativos, ou seja, devem ser expressos em
frequências relativas, permitindo ter alguma relação com outros dados, podendo ser
expressos em forma de coeficientes, taxas, índices ou razão (CAMPOS et al ., 2006;
PAULA, 2008). Assim sendo, surgem os conceitos de morbidade e mortalidade
relativas de uso extensivo e intensivo em Saúde Pública (CAMPOS et al., 2006).
,
Agora, se for considerado a frequência relativa, como são nos casos de coeficientes,
taxas, índices ou razão pode-se observar o exemplo da Figura 2, que apresenta não
,
A Figura 4 mostra que se faz necessário multiplicar por uma constante da base 10, ou
seja, 10 n para que possa se entender melhor o resultado obtido do coeficiente em
estudo, no caso: 10 4 Na Figura 5, finalmente, podemos verificar o resultado final.
.
Para maior entendimento, ainda se tem o seguinte exemplo que compara o número
de casos de dengue em relação à população de cada cidade estudada:
I- 531 casos de dengue foram encontrados em Birigui/SP, de 1º a 20 de março de
2018, com a população de 104.138 habitantes.
II-480 casos de dengue foram encontrados em Araçatuba/SP, de 1º a 20 de março de
2018, com a população de 25.168 habitantes.
Ao realizar o cálculo das frequências relativas das duas cidades teremos:
Nesse último exemplo fica evidente que se as duas cidades com casos de dengue
fossem comparadas erroneamente através da frequência absoluta seria ,
Coeficiente de Incidência .
Coeficiente de Letalidade .
Para o estudo dos coeficientes apresentados a seguir ser mais efetivo, você deve
tentar resolver os exercícios apresentados nos exemplos primeiramente, ou seja,
antes de olhar as respostas em baixo de cada questão proposta.
4 COEFICIENTE DE PREVALÊNCIA
O Coeficiente de Prevalência descreve a força com que subsistem as diferentes
doenças ou agravos à saúde nas coletividades (CAMPOS et al. 2006). A medida mais
,
2006). Dessa maneira, o número de casos conhecidos mede os casos que subsistem,
ou seja, a soma dos casos anteriormente conhecidos e que ainda existem com os
casos novos (CAMPOS et al. 2006).
,
65,9 casos para cada 1000 habitantes para a faixa etária > 71 anos; e para a faixa
etária de 0 a 5 anos: 3 casos para cada 1000 habitantes, sendo assim, o coeficiente de
prevalência é maior entre os idosos.
Coeficiente de Prevalência da Faixa Etária de 36 a 50 anos idade:
Conecte-se
pandemias .
5 COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA
O Coeficiente de Incidência traduz a ideia de intensidade com que acontece a
morbidade (risco de adoecer) em uma determinada população, enquanto que se
compararmos com o Coeficiente de Prevalência esse último descreve a força com
,
Questões :
Respostas :
FONTE: A autora
Questões :
I- Primavera: 16,60 para cada 1000 habitantes da Cidade C; verão: 65 para cada
1000 habitantes; outono: 27 para cada 1000 habitantes; inverno: 4,16 para cada 1000
habitantes.
II- Verão.
III- Inverno.
IV- O vetor responsável por transportar o vírus causador da dengue é o Aedes aegypt ,
sendo que ele vive bem em ambientes quentes e que tem água parada, condições
típicas do verão. Dessa forma, pode-se inferir que esses sejam fatores de risco ou
fatores determinantes para o desenvolvimento da dengue na Cidade Z. Se
eliminarmos o vetor, teremos medidas preventivas essenciais para o controle da
dengue ou até sua erradicação.
É importante ressaltar que mais para o final deste capítulo serão detalhados os
fatores de risco ou determinantes para diferentes doenças ou agravos à saúde.
De acordo com a Figura 9, o pico da epidemia da cólera foi entre 1991 e 1996 no
Brasil, atingindo o valor máximo de 39,8 casos novos de cólera para cada 100.000
habitantes no ano de 1993. Seguindo a linha de raciocínio da Epidemiologia
Descritiva, em 1993 e 1994, os maiores valores são apresentados devido a algum
fator de risco ou determinante no período, como saneamento básico precário e
maior nível de pobreza. A partir de 1995, esse índice de saúde melhorou muito,
caindo bruscamente, mostrando medidas preventivas e de controle da cólera mais
efetivas.
A definição de epidemias e pandemias, apresentadas e amplamente discutidas nos
Capítulos 1 e 2 deste Livro Didático, são consideradas restritas se comparadas com as
endemias, que são consideradas ilimitadas no decorrer do tempo (CAMPOS et al.,
2006).
FIGURA 10 − DENGUE EM FORTALEZA NO PERÍODO DE 1996 A 2003: NÚMERO DE
CASOS (EM MILHARES)
FONTE: Adaptado de CAMPOS et al. (2006)
A Figura 10 apresenta três epidemias (D1, D2 e D3) que se acumularam num mesmo
tempo e lugar (CAMPOS et al., 2006). Dessa maneira, é possível observar que
enquanto não se adotou medidas preventivas e de controle da dengue, ao longo do
tempo e de tempos em tempos, aparecerão novas epidemias, como a de Fortaleza.
As medidas seriam realmente efetivas se fosse, definitivamente, eliminado o vetor,
ou seja, o Aedes aegypti Isso seria possível se fossem adotadas algumas medidas, tais
.
como:
Coleta de lixo adequada.
Drenagem.
Eliminar água parada.
Saneamento básico para todos.
Educação sanitária da população.
Conscientização coletiva de governo e população para o controle da dengue.
QUADRO 3 − CASOS CONFIRMADOS DE COVID-19 POR ALGUNS ESTADOS NO
BRASIL NO DIA 02/04/2020
FONTE: <https://covid.saude.gov.br/>. Acesso em: 2 abr.
2020
7 COEFICIENTE DE LETALIDADE
que sua letalidade está entre 2 a 3%. E aí virão as perguntas: Esse valor é alto ou
baixo? Como podemos definir isso? Como se interpreta a letalidade? A letalidade
poderá também informar sobre a qualidade de determinada Assistência em Saúde
ou de um determinado Serviço de Saúde relativos às ações contra uma determinada
doença ou agravo à Saúde.
O cálculo da Letalidade é:
Resposta Para cada 100 indivíduos com COVID-19, dois morrem devido à doença.
:
No entanto, esse resultado é em média, ou seja, não significa que é dois óbitos
exatos, podendo ser um erro, por exemplo, de um ponto para mais ou para menos,
então, entre 1 a 3%.
Exemplo 2 :
8 COEFICIENTE DE MORTALIDADE
Serão apresentados e discutidos aqui os seguintes Coeficientes de Mortalidade:
Coeficiente de Mortalidade Geral.
Exemplo 1 :
Exemplo 2:
I- De acordo com a Figura 11, qual região do Brasil apresentou maior Mortalidade
Geral?
II-De acordo com a Figura 11, qual região do Brasil apresentou menor Mortalidade
Geral?
III- Interprete os resultados encontrados.
Respostas :
I- Sudeste, com 6,4 óbitos por todas as causas para cada 1000 habitantes.
II- Norte, com 3,8 óbitos por todas as causas para cada 1000 habitantes.
III- Pode-se inferir que a Região Norte apresentou menor taxa de mortalidade
geral devido a problemas de subnotificação.
A partir do Figura 12, pode-se verificar que as taxas de mortalidade infantil vêm
declinando gradualmente de modo lento, mas persistente (CAMPOS et al., 2006).
O que é alto, médio ou baixo Coeficiente de Mortalidade Infantil? Como interpretar os
resultados? Geralmente, de acordo com a OMS (2020), são considerados os
seguintes:
Alto de 50 ou mais óbitos para cada 1000 nascidos vivos.
:
completa do corpo da mãe, respira ou dá qualquer outro sinal de vida, tais como:
Batimento cardíaco.
Pulsação do cordão umbilical.
Movimentos musculares de contração voluntária.
Exemplo 2:
Respostas:
I- Ocorreu um declínio da mortalidade infantil ao longo do tempo.
II-Nos anos 1980, ainda muitas pessoas morriam por diarreia, além disso, sofria-se
muito com a falta de saneamento básico e de alimentação adequada. Dessa forma,
esses podem ter sido fatores de risco ou determinantes para o alto coeficiente de
mortalidade infantil nesse período ao compararmos com o início da década de 1990.
Fonte: a autora.
Questões :
Exemplo 1:
Fonte: a autora.
Questões :
Fonte: a autora.
Questão:
I- Calcule o Coeficiente de Mortalidade Pós-Natal.
Resposta:
I- 40 óbitos de crianças entre 28 a um ano de idade para cada 1000 nascidos vivos.
8.5 COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR CAUSA
Mede o risco de morte por determinada causa, em um dado local e período. No
denominador deve conter a população exposta ao risco de morrer por essa mesma
causa.
Cálculo do Coeficiente de Mortalidade por Causa :
Exemplo 1:
QUADRO 10 − POPULAÇÃO E ÓBITOS POR AIDS POR FAIXA ETÁRIA (ANOS) E SEXO NO
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO (SP) EM 1996
Fonte: a autora.
Questões :
I- 0-14 anos = 3,16 óbitos por AIDS para cada 100.000 crianças.
15-19 anos = 2,09 óbitos por AIDS para cada 100.000 jovens.
20-49 anos = 55,04 óbitos por AIDS para cada 100.000 adultos.
≥ 50 anos = 14,58 óbitos por AIDS para cada 100.000 adultos ≥ 50 anos.
II-46,65 óbitos por AIDS para cada 100.000 homens do município de São Paulo em
1996.
III- Foi maior entre a faixa etária de 20 a 49 anos.
IV- Foi relativamente alto por considerar apenas os homens.
V- 9,86 para cada 100.000 habitantes do município de São Paulo em 1996.
Conecte-se
Disponível aqui
Conecte-se
AVC.
Estresse.
A mortalidade por causa do sedentarismo só é menor se comparado com o
tabagismo para a diabetes e doenças cardiovasculares. A OMS (2017) recomenda que
um indivíduo adulto pratique ao menos 150 minutos de atividades físicas moderadas
ou 75 minutos de atividades físicas intensas por semana.
9.3 FATOR DE RISCO: ALCOOLISMO
Esse fator de risco ou fator determinante está associado às seguintes doenças ou
agravos à saúde, de acordo com a literatura especializada:
Tuberculose pulmonar.
Câncer pulmonar.
Cirrose.
Hepatite.
Violência doméstica.
Acidentes de trânsito.
9.4 FATOR DE RISCO: IDADE
Esse fator de risco ou determinante se encontra associado às doenças a seguir:
Caxumba (para crianças).
Catapora (para crianças).
Coqueluche (para crianças).
COVID-19 (para idosos).
AVC (para idosos).
Doenças cardiovasculares (para idosos).
9.5 FATOR DE RISCO: SEXO
Doenças com maior desenvolvimento de acordo com o sexo:
Tuberculose pulmonar (sexo masculino).
Câncer de próstata (sexo masculino).
Câncer de colo de útero (sexo feminino).
Câncer de ovário (sexo feminino).
Câncer de mama (sexo feminino).
10 FATORES DE PROTEÇÃO
Existem fatores que podem ser considerados fatores de proteção e, assim, diminuem
a chance de desenvolver uma determinada doença ou agravo à saúde; tendo um
efeito contrário aos fatores de risco apresentados e discutidos anteriormente. São
exemplos importantes de fatores de proteção:
Variações genéticas.
Atividade física regular.
Alimentação equilibrada.
Saneamento básico adequado.
Educação adequada.
Estado civil.
Idade (por exemplo, ser criança apresenta certa vantagem comparado a uma
pessoa idosa para algumas doenças, como a aterosclerose).
Sexo (por exemplo, ser do sexo feminino protege de ter câncer de próstata).
12 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Capítulo 3, foram apresentados e discutidos importantes Índices de Saúde, tanto
de morbidade como de mortalidade. Além disso, tratamos dos fatores de risco,
proteção ou determinantes, que são extremamente importantes para o
desenvolvimento ou não de determinada doença ou agravo à saúde.
Neste Livro Didático, aprendemos o quão importante é a Epidemiologia para a Saúde
Pública, bem como aos cidadãos. Ainda mais, atualmente, em meio a pandemia da
COVID-19, a Epidemiologia se torna uma ferramenta fundamental para o melhor
entendimento, prevenção e controle dessa doença, como de tantas outras que
assolam o Brasil e os demais países do mundo.
Encerramento da Disciplina
Foi muito bom contar com sua companhia durante nossa jornada do
conhecimento. Agora, para recordar o conteúdo desta disciplina,
escute este podcast.
Disponível aqui
Avançar
a) Letalidade.
b) Prevalência.
c) Incidência.
d) Mortalidade Infantil.
b) Prevalência.
c) Incidência.
d) Mortalidade Infantil.
a) 4,4%
b) 5,3%
c) 10,1%
d) 0,5%
c) Prevalência.
d) Incidência.
MCS, AKERMAN, M, DRUMOND MJ, CARVALHO YM. Tratado de Saúde Coletiva. Editora
Hucitec e Editora Fiocruz, 2006.
a) Mortalidade Infantil.
b) Prevalência.
c) Mortalidade Geral.
d) Incidência.
Este Coeficiente mede o risco da criança morrer nas suas primeiras semanas
de vida. Neste período, geralmente, o óbito está relacionado com agressões
sofridas pelo feto durante a vida intra-uterina ou com condições do parto. As
principais causas de óbito são do tipo endógenos, ou seja, como anomalias
congênitas e afecções neonatais.
b) Prevalência.
c) Mortalidade Geral.
d) Incidência.
b) Prevalência.
c) Mortalidade Geral.
d) Incidência.
Uma das premissas da Epidemiologia é que as doenças não ocorrem ao
acaso, ou seja, existem fatores que influenciam no desenvolvimento de
diversas doenças. Esses fatores podem ser: de Risco, Protetores ou
Determinantes.
b) Tabagismo.
c) Obesidade.
d) Inatividade Física.
a) Vírus.
b) Fatores genéticos.
c) Alimentação Adequada.
a) Obesidade.
b) Saneamento Básico.
c) Alimentação Adequada.
d) Moradia.
Orientação de resposta
Avançar
REFERÊNCIAS
ABRASCO. A Epidemiologia nos Serviços de Saúde. IESUS, v. 3, p. 7-14, 1997.
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e
dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso
em: 22 jul. 2020.
CAMPOS G. W. S. et al. Tratado de saúde coletiva. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006.
MOURA, R. Notas de aula: aula de Epidemiologia dada para o curso de Farmácia. São Paulo:
UNINOVE, 2011.
Avançar
EDITORIAL
DIREÇÃO UNICESUMAR
4. EaD. I. Título.
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:
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ESTUDO DE
CASO
SIGNIFICAÇÃO
população, pois por muitos anos a gestão municipal não investiu nesse setor. Somente
naquele ano houve um aumento de 152% de casos de dengue, Chikungunya e zika vírus
no estado. E o que causou muito impacto foi o número de notificações nesse município:
250 casos. Isso provocou um grande alarme para a nova gestão e para a população
como um todo.
Para esse caso, é importante que você procure recordar alguns elementos da nossa
O caso :
Agora, vamos entender o caso como um todo: Uma nova gestão municipal iniciou as
suas atividades com muitas propostas e estratégias para trazer melhorias para a cidade.
O primeiro desafio a ser enfrentado é a epidemia de dengue que está assolando a
urgentemente nesse caso. Para isso, a secretaria de saúde junto com a vigilância
Primeiramente, cabe ressaltar que quando falamos de epidemias estamos nos referindo
de doenças que se disseminam, de forma inesperada e rápida, atingindo muitos
indivíduos simultaneamente. No caso desse cidade, temos a dengue como uma doença
endêmica. A gestão decidiu adotar como estratégia as medidas de prevenção.
Nesse sentido, uma das primeiras medidas foi trabalhar fortemente com a limpeza dos
terrenos baldios em que há acúmulos de lixos, matos e de objetos que são possíveis
focos para criadouro do mosquito Aedes Aegypti . Outra frente que foi incentivada é dada
há locais de prováveis focos para que o mosquito utilize como criadouro, como por
exemplos, os vasos de plantas, garrafas e utensílios com água parada. Para essa ação
eles utilizaram os Agente Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às Endemias
inseticidas nas ruas dos bairros que apresentam uma alta taxa de incidência da doença.
Ótimas estratégias não acham? Simples de serem aplicadas e que conseguem trazer
identificação dos indivíduos que já estão doentes, mas se encontram na fase inicial do
seu desenvolvimento.
pacientes graves tiveram complicações neurológicas, pois o vírus da dengue pode causar
encefalopatia, encefalite e meningite. Essas complicações podem acontecer pois o vírus
tiveram um bom planejamento e uma ótima organização para atender a demanda sobre a
dengue nessa população. Agora, vamos torcer para que eles sejam resolutivos nos
Avançar
REFERÊNCIAS
A autora.
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EDITORIAL
Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar
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Educação a Distância;
4. EaD. I. Título.
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