Vida e Obra

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INSTITUTO POLITÉCNICO PRIVADO PEDRO PITÁGORAS

TRABALHO DE LÍNGUA PORTUGUESA

TEMA:
VIDA E OBRA DE UAYENGA XITO

Docente

___________________

Luanda, 2023/2024
INSTITUTO POLITÉCNICO PRIVADO PEDRO PITÁGORAS

TRABALHO DE LÍNGUA PORTUGUESA

TEMA:
VIDA E OBRA DE UAYENGA XITO

Grupo nº 01
Sala: 12
Turma: A
Classe: 10ª
Curso: Informática
Período: Manhã

Integrantes do grupo
 Alberto Albino
 Gisela António
 Guelson da Silva
 Joaquim Gomes
 Paulo de Carvalho
 Relíquia de Almeida

Luanda, 2023/2024
ÍNDICE

I.- INTRODUÇÃO..........................................................................................................1
II.- VIDA E OBRA DE UAYENGA XITO...................................................................2
2.1.- Biografia........................................................................................................2
2.3.- Obras mais comuns de Uayenga Xito...........................................................4
2.3.1.- Memória e História em Mestre Tamoda, de Uayenga Xito.......................4
2.4.- Impacto das obra de na literatura angolana...................................................4
CONCLUSÃO..................................................................................................................7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................8
I.- INTRODUÇÃO

Uayenga Xito é o nome Kinbundu de Agostinho André Mendes de Carvalho


(Ícolo e Bengo, Angola, 29 de Agosto de 1924 - Luanda, Angola, 13 de Fevereiro de
2014) foi um escritor angolano. Nos últimos anos, tem sido objecto de estudos
científicos e homenagens, e recebeu homenagens em território angolano e outros países.

Além da enfermagem, sua profissão formal, exerceu clandestinamente


actividades políticas visando a independência de Angola, vindo a ser preso pela PIDE
em 1959 no seguimento da detenção no aeroporto de Luanda. Tendo sido desterrado
para o Campo de Concentração de Tarrafal em Cabo Verde onde ficou de 1962 a 1970.
II.- VIDA E OBRA DE UAYENGA XITO

2.1.- Biografia

Uayenga Xito
Nasceu na aldeia de Calomboloca,no município de Ícolo e Bengo, província de
Luanda. Seu pai era André Gaspar Mendes de Carvalho, e sua mãe era Luísa Miguel
Fernandes.

Agostinho fez os seus estudos primários nas escolas das missões da Igreja
Metodista que operavam em Ícolo e Bengo, rumando para a cidade de Luanda, em
meados da década de 1930,[4] para concluir os estudos secundários. A partir de 1942
começa a trabalhar como agente de sanitário na zona de Catete- Luanda, nos Serviços
de Assistência Médica ao Indígena e nas Campanhas de Combate a Doença do Sono.

Matricula-se em uma escola técnica de enfermagem em Luanda e, em 1947


forma-se como auxiliar de enfermagem. Passa a exercer, nos postos sanitários de Dinge,
Cuíto, Calumbo, Mungo, Cabiri e Bom Jesus do Cuanza, os hospitais de Benguela e
Lubango, e depois nos serviços de saúde em Luanda,a função de enfermeiro auxiliar de
Segunda classe concursado dos Serviços de Saúde e Higiene de Angola. Em Dinge, em
1947, chegou a se tornar sindicalista e organizar uma greve laboral pelas melhorias das
condições de trabalho. Foi transferido de Dinge para o Cuíto como punição pelo
ocorrido.

Em 1957 passou a exercer, clandestinamente, actividades políticas relacionadas


a independência de Angola dentro dos Comitês de Panfletagem na periferia de Luanda
ligados ao ainda tímido Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e ao
grupo Espalha Brasas. Filiou-se ao Exército de Libertação de Angola (ELA) em 1958, e
acabou por ser implicado juridicamente no âmbito daquilo que viria a ser chamado o
"Processo dos 50". Por conseguinte, foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do
Estado (PIDE) em 1959, no seguimento da detenção no aeroporto de Luanda. Foi
desterrado para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde ficou de
1962 a 1970.
Foi julgado pelo Tribunal Militar e condenado a doze anos de prisão maior,
medidas de segurança de seis meses a três anos prorrogáveis e perda de direitos
políticos por quinze anos. Sua família sofreu severas dificuldades financeiras após sua
prisão, com sua esposa Maria sendo obrigada a trabalhar como lavadeira de roupas. Na
prisão começou a escrever as suas histórias.

Em liberdade condicional a partir de 1970, filiou-se novamente ao MPLA,


ascendendo a liderança do Departamento de Organização Municipal (DOM) do partido
em Luanda no mesmo ano. Somente conseguiu retomar suas funções como enfermeiro
auxiliar de segunda classe concursado em 1974, após a Revolução dos Cravos.
Ascendeu a membro do Comitê Central do MPLA em 1974, estando em funções até
1988, chegando a ser presidente da Comissão Diretiva do partido.

Depois de alcançada a independência de Angola, foi nomeado para o Conselho


Revolucionário do Povo (ou "Conselho da Revolução"), além de exercer as funções de
Comissário Provincial de Luanda entre 1979 e 1980 e de Ministro da Saúde entre 1980
e 1983.Em seguida passou a acumular funções diplomáticas como Embaixador da
República Popular de Angola na Checoslováquia, na Polónia e na Alemanha Oriental —
onde chegou a formar-se em ciências políticas. Foi, ainda, deputado à Assembleia
Nacional pelo MPLA, posteriormente vindo a ser "reformado" por motivos de idade não
mais compatível ao exercício da função.

2.2.- Obras de Uayenga Xito

 Mestre Mestre Tamoda Tamoda (1974)


 Mestre Tamoda e Outros Contos (1977)
 Manana (1974)
 Maka na Sanzala (1979)
 Vozes na Sanzala (Kahitu) (1976)
 Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem (1980)
 Os Discursos de "Mestre" Tamoda (1984)
 Bola com Feitiço (1974)
 O Ministro (1989)
 Cultos Especiais (1997)
 Meu Discurso (1974)
2.3.- Obras mais comuns de Uayenga Xito

2.3.1.- Memória e História em Mestre Tamoda, de Uayenga Xito

Mestre Tamoda (1984), do escritor angolano Uayenga Xito, é a história de um


negro que após assimilar a cultura do branco, volta para sua “sanzala”. Tamoda, além de
se vestir como colonizador, tenta ensinar uma linguagem que ele acreditava ser
portadora do seu status3. Este queria transformar seu povo e as autoridades queriam
entender sua proposta. Um conflito cultural é estabelecido, prevalecendo à cultura
nativa. É uma narrativa em terceira pessoa, que não só ironiza os ensinamentos da
cultura portuguesa trazida por um negro “aculturado”, como também traz à baila a
reação político-sóciocultural em defesa dos valores nacionais. Discute que mesmo que
se estabeleça um conflito de ordem nacionalista, a semente de assimilação de valores
europeus planta-se nas gerações mais jovens, miscigenando, em princípio, a cor local
com a de além-mar.

A obra rememora alguns aspectos da vivência de Xito na sua “sanzala” em


Luanda, bem como sua identidade como integrante daquela sociedade. Dessa forma, a
memória constitui-se como ponte para construir o enredo, ora literário, ora histórico, e
assim organizá-lo, e, por fim, desnudar a história em suas entrelinhas.

As relações entre história e literatura, indubitavelmente, envolvem questões


bastante complexas e mesmo que as duas disciplinas tenham, conforme Freitas (1986),
as suas especificidades, possuem, também, características tais que se torna difícil a
delimitar o término do domínio da criação com o da história e vice-versa.

Essa questão cujo campo de análise extrapola a história pontual ou a literatura


em si, em virtude de tratar de “dois tipos de fontes as arquivísticas e as orais ou apenas
escritas” (WESSELING, 1992, p. 98) ambas em contraponto. Além disso, o século
XIX, antes do advento da “história científica” de Ranke, a história e a literatura eram
consideradas como ramos da mesma árvore saber.

2.4.- Impacto das obra de na literatura angolana


Uayenga Xito é um dos (poucos) autores de língua portuguesa contemplados
nessa antologia. É-o com o conto “ ’Mestre’ Tamoda” (Meister Tamoda), escrito ainda
na prisão do Tarrafal, como o autor confessa na introdução à obra Os discursos do
Mestre Tamoda (Luanda s.d.) e publicado, pela primeira vez, em 1974. O impacto do
conto – segundo pude aperceber-me pelas conversas tidas com professores e colegas –
foi grande, porque o seu autor, com palavras singelas, num estilo que tanto tem de frieza
como de ironia, espelha, com grande profundidade e universalidade, o lado dramático
da relação colonial. Muitos foram os ’Mestres’ Tamodas no mundo colonizado e, nessa
medida, sem desmerecer, de forma alguma, o que posteriormente escreveu, Uayenga
Xito é, e será sempre, o autor – sobretudo quando nos colocamos no plano internacional
– do conto “’Mestre’ Tamoda”.

Sobre este mesmo conto incentivei, anos depois, mais precisamente em 1985,
uma diplomanda da Universidade de Heidelberg, Institut für Übersetzen und
Dolmetschen [Instituto de Tradução e Interpretação], Daniela Schobert, a escrever a sua
dissertação de fim de curso, que veio a ter o seguinte título: “Língua e colonialismo. O
caso específico de Angola na perspectiva de um seu escritor”.

Uaynga Xito é o pseudónimo literário de Agostinho André Mendes de Carvalho,


autor da obra escrita em 1976, mas publicada apenas 13 anos mais tarde.
A narrativa é agora um objecto da pesquisa que pretende provar à sociedade que a
mesma foi construída com recu a matérias de cariz histórico e da realidade sociopolítica
do país.

Para o pesquisador de literatura, o livro escrito pelo antigo Ministro da Saúde do


governo de Angola pós-independência reporta, por meio da escrita criativa, os meandros
da sua realidade sociopolítica dos anos 75 aos finais da década 80.

Manuel Mwanza que não revelou o título da obra assegurou que se trata apenas
de um guia para facilitar a interpretação de textos literários complexos.
«O texto de ficção, O Ministro constrói-se a partir de factos da realidade crua e por
causa disto eu tentei construir um guia de leitura operando uma divisão da obra em três
partes para facilitar a leitura», disse.
Para fundamentar a sua tese, o professor da Universidade Agostinho Neto
recorreu aos documentos da época dentre os quais os diários da República publicados
entre de 1975-1991, jornais, arquivos históricos, teses políticas e Revistas.

O académico dividiu a sua pesquisa baseada na obra de Uayenga Xito em três


partes fundamentais, nomeadamente: Memórias de um político, na qual o académico
revela que o autor, enquanto Ministro, faz uma crítica aos desvios político e as
manobras internas para disputa de cargos no Comité Central do seu partido, o MPLA,
que se verificavam na altura. «Ilídio Machado segundo ele, só foi ao Comité Central
porque ele teve de intervir, porque foi esquecido simplesmente”.

Não se trata de ficção, é aquele outro livro que está no mesmo livro», contou o
docente universitário.

Citando José Carlos Venâncio, Manuel Mwanza salienta que «Mendes de


Carvalho não pretendia criticar o regime de que ele fazia parte, mas criticar as atitudes
que desviavam o partido no poder (MPLA) das linhas que tinha construído».

Na segunda parte da pesquisa o investigador refere que a obra O Ministro critica


o sistema de organização económica de Angola e o excesso de poder atribuído a alguns
Ministros, que por seu turno desrespeitavam o povo.

Já a terceira retrata a forma como em “O Ministro” é abordado o racismo nos


finais da década 70.

De acordo com o estudo, na narrativa Uayenga Xito critica a forma como se


tratavam os brancos em Angola após o alcance da independência, a 11 de Novembro de
1975.

Para Manuel Mwanza obra aparenta ser ficcional, porém contém no seu interior
uma segunda obra não ficcionada com informação sobre alguns factos que ocorreram
nos anos 70 e 80 fazendo críticas sociopolíticas subtis. «Há momento em que o narrador
intervém, portanto produz-se ai a ficção, mas há dum momento ao outro a intromissão
do próprio autor, como ministro, “governante” a dizer aquilo que tinha realmente
acontecido citando inclusive textos governamentais», disse o investigar acrescentando
por outro lado ter “caçado” «ponto a ponto estes textos para confirmar se o que diz
Uayenga Xito como autor pode ser comprovado.

CONCLUSÃO

Uayenga Xito é o nome do ficcionista angolano, Agostinho André Mendes de


Carvalho, nascido em Calomboloca, Icolo e Bengo, a 29 de Agosto de 1924. Era
enfermeiro de profissão.

O escritor faleceu em Luanda, a 13 de Fevereiro de 2014, por motivos de


doença. Ao longo da vida publicou livros como “Meu Discurso”, “Bola Com Feitiço”,
“Manana”, “Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem”, “O Ministro” e “Cultos
Especiais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGOSTINHO, Yuri Manuel Francisco; Marcas da acção colonial em Angola: a luz das
memórias e narrativas de escritores angolanos. In REVISTA TRANSVERSOS.
"Dossiê: REFLEXÕES SOBRE E DE ANGOLA - INSCREVENDO SABERES E
PENSAMENTOS". N° 15, Abril, 2019, pp. 400 – 416

ASSMANN, Aleida. Espaços da Recordação: formas e transformações da memória


cultural. Tradução de Paulo Soethe. Campinas: UNICAMP, 2011.

BURKE, Peter. A nova história, seu passado e seu futuro. In: BURKE, Peter. A Escrita
da história: novas perspectivas. Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Editora da
Universidade Estadual Paulista, 1992.

CYTRYNOWICZ, Roney. O silêncio do sobrevivente: diálogo e rupturas entre


memória e história do Holocausto. In: Seligmann-Silva, Márcio (Org.). História,
memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes. Campinas: Unicamp. 125-140.
2003. DUSILEK, Adriana.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Tradução de Alan François et


al. Campinas: UNICAMP, 2007

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