O Direito Social À Saúde, As Teorias Do Mínimo Existencial e Da Reserva Do Possível em Face Do Princípio Da Dignidade Da Pessoa Humana Sob A Análise Do Poder Judiciário
O Direito Social À Saúde, As Teorias Do Mínimo Existencial e Da Reserva Do Possível em Face Do Princípio Da Dignidade Da Pessoa Humana Sob A Análise Do Poder Judiciário
O Direito Social À Saúde, As Teorias Do Mínimo Existencial e Da Reserva Do Possível em Face Do Princípio Da Dignidade Da Pessoa Humana Sob A Análise Do Poder Judiciário
ABSTRACT: This article analyzes the situation of the social right to health in Brazil. It
addresses theories of the existential minimum and the reserve of the possible.
Explain about concepts and conflicts between these theories. It presents arguments
from the Public Administration and the parties involved. It covers fundamental rights,
concept and dimensions. Principle of the dignity of the human person. Formal and
material fundamentality. Ineffectiveness of public policies. Legislative omission and
executive inertia. It aims to identify deficiencies in the provision of health services
that lead to an increase in lawsuits. It is concluded that the judicial demand in relation
to the health had a significant growth and that the public resources do not entail to
attend the totality of the tutelas having the Judiciary Power that analyze in detail each
judicial litigation. Need to review and reformulate the Unified Health System. Creation
of Specialized Sticks with technical support to the judges. It is a bibliographical
research using the deductive method, made from books, internet sites and
documents, with the purpose of helping and inciting the thinking in the solution of this
discussion between the Public Administration and its governed.
1
Graduado em Direito pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS; Pós-graduado em Direito
Público pela Fundação Escola Superior do Ministério Público – FMP; Pós-graduado em Direito Trabalhista e
Previdenciário pela Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC; Mestrando em Direito Público pela Fundação
Escola Superior do Ministério Público – FMP. E-mail: [email protected]
Key - words: right to health; fundamental rights; reservation of the possible;
minimum existential; Judicial power.
1 Introdução:
3 Mínimo existencial
A teoria do mínimo existencial define-se como conjunto de prestações
materiais imprescindíveis para a garantia de uma vida digna e saudável,
acrescentado de segurança social para a plena realização de tal objetivo. O mínimo
existencial está umbilicalmente ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana,
deve-se ater para que não ocorra confusão entre mínimo existencial com mínimo de
sobrevivência, pois este último diz respeito à garantia do direito à vida. Considerado
essencial para a constituição e manutenção de um Estado Social de Direito o
mínimo existencial, vislumbra ampla fruição de garantia efetiva socioeconômica não
se restringindo somente a parte física, considerando-se o padrão socioeconômico de
cada Estado.
O objetivo dessa teoria é possibilitar aos indivíduos a garantia de seus
direitos subjetivos perante o poder estatal, nos casos de inércia ou omissão em
relação à prestação de tais direitos. O Estado Social de Direito (Estado que garante
a observação às liberdades civis, direitos fundamentais, direitos humanos com total
proteção jurídica), sob qualquer hipótese pode privar seus indivíduos do mínimo
existencial, pelo contrário deve suprir suas necessidades por meio de prestações de
políticas públicas, possibilitando uma vida com dignidade. O mínimo existencial é
denominado como um direito-garantia fundamental autônomo, o que faz que seja
independente de previsão constitucional expressa, pois decorre do princípio da
dignidade humana e da proteção da vida. Está implícito no art. 170, caput, CF/88,
entre outros, essa garantia implícita ao mínimo existencial impede omissões, bem
como proteções e promoções insuficientes por parte do ente estatal, incluindo os
particulares se for este o caso.
O mínimo existencial preconiza prestações para sua tutela defensiva,
inibindo que argumentos como a reserva do possível prevaleçam e afastem a devida
satisfação dos direitos fundamentais sociais, grande parte da doutrina, e a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça
coadunam desse entendimento. Certamente que para a tutela do mínimo existencial,
o indivíduo deve fazer uso de elementos probatórios e demonstrar suas verídicas
necessidades e consequentemente alternativas efetivamente eficientes e
indispensáveis ao objeto pleiteado. Coibindo gastos excessivos em tratamentos que
em uma análise mais detalhada se apresentem desnecessários, viabilizando o
atendimento para outros indivíduos em idêntica situação social.
A proteção ao mínimo existencial está sedimentada na ética e se
fundamenta na liberdade, nos direitos humanos e nos princípios de igualdade e da
dignidade humana. A doutrina internacional considera que o mínimo existencial
condiz com condições mínimas de vida digna, sendo que cada um tenha acesso ao
suficiente para sustento próprio e participação na vida social do Estado. Depreende-
se a necessidade de efetivação do mínimo existencial em prol dos indivíduos em
concreta vulnerabilidade social para arcar com os custos de um tratamento ou
medicamento. O direito constitucional de igualdade, não propriamente diz respeito
às prestações iguais por parte do ente estatal, vivemos em uma sociedade desigual,
sendo que o que impede financeiramente alguns não afeta outros, arcar com os
custos de planos de saúde é um ótimo exemplo a ser considerado.
Devido aos vultuosos valores econômicos que necessita para sua
manutenção, o mínimo existencial, encontra óbices por parte de atores legiferantes,
fato que se evidencia quando da concretização dos direitos a prestações. O
argumento apresentado como barreira é a disponibilidade financeira, originando um
elo com a denominada teoria da reserva do possível, próximo segmento que
veremos a seguir.
4 Reserva do possível
5 Direitos fundamentais
Referências:
BERTOLLI, Cláudio Filho, História da Saúde Pública no Brasil, Editora Ática, 1996
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional, Livraria Almedina,
Coimbra, 1991
MENEZES, Bruno Seligman de. O Médico, o Corpo Clínico e o SUS, Editora Minelli,
1ª edição, São Paulo: 2007