6-Redes de Distribuição
6-Redes de Distribuição
6-Redes de Distribuição
E DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA
Rede de distribuição
Iberê Carneiro de Oliveira
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os grandes blocos de energia gerados pelas grandes usinas são transportados
pelas linhas de transmissão e entregues às linhas de subtransmissão e dis-
tribuição. Nesse estágio, por se tratar de trechos bastante ramificados, com
níveis de tensão e potência próprios, eles merecem uma atenção diferenciada,
com foco no custo-benefício e na confiabilidade das redes. As configurações
variam bastante, indo de centros urbanos com distribuições subterrâneas
reticuladas até redes rurais monofásicas radiais atingindo longas distâncias.
Os sistemas de subtransmissão, distribuição primária e distribuição se-
cundária realizam uma descida gradual no nível de tensão com o objetivo de
minimizar as perdas e melhor aproveitar os equipamentos e as infraestruturas,
chegando, enfim, ao nível de tensão seguro para o consumo.
Neste capítulo, você vai ser introduzido aos sistemas de distribuição de
subtransmissão de energia elétrica, conhecendo os equipamentos e as confi-
gurações mais utilizadas nesses sistemas. Você saberá diferenciar os diversos
níveis de tensão aplicados a cada patamar de energia e identificar os objetivos
das diversas configurações que essas redes podem assumir.
2 Rede de distribuição
Definição e características
Redes e linhas de distribuição se referem a uma soma de elementos, como
estruturas, condutores, transformadores, proteções, podendo ser aéreos
ou subterrâneos, operando em tensão de distribuição baixa, média ou alta.
A diferenciação entre redes e linhas se dá no fato de serem malhadas ou
radiais, respectivamente (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2018).
O sistema elétrico costuma ser dividido em três fases — geração, transmissão
e distribuição —, sendo a fase da distribuição, geralmente, a responsável por
fazer a interface com o consumidor final (BARROS, 2019).
A Figura 1 apresenta um esquema de funcionamento do sistema elétrico
básico e suas três fases principais.
Subestação
Estação
Usina
Consumidor comercial
Geração Transmissão
Consumidor residencial
Distribuição
Geração
São os produtores de grandes somas de energia, normalmente compostos
de geradores hidráulicos ou térmicos, porém existem diversas formas de
conversores de energia conectados a rede elétrica, como geradores eólicos,
nucleares e solares.
Rede de distribuição 3
Transmissão
São os responsáveis por transportar blocos de energia gerada dos centros
de geração aos centros de consumo. Em países com geração primariamente
hidráulica, como o Brasil, muitas vezes as linhas de transmissão podem assumir
grandes proporções por conta de os centros de cargas serem afastados das
grandes quedas d’água. Em países com dependência energética primariamente
térmica, essas distâncias podem ser menores, embora essa fonte sofra críticas
por conta de sua colaboração para o efeito estufa.
Distribuição
São as infraestruturas elétricas que ligam os sistemas de transmissão aos
consumidores finais, em tensões mais baixas em relação à transmissão e
transportando blocos menores de energia.
Existem diversas maneiras de classificar uma rede de distribuição, po-
dendo ser separadas por nível de tensão; rede primária ou secundária; rede
aérea ou subterrânea; rede malhada ou radial; rede trifásica ou monofásica.
Transformadores
Existem basicamente dois tipos principais de ligações de transformadores que
partem da rede primária para a secundária de distribuição. Podem ser por meio
de uma rede trifásica a três fios no primário, ligadas com um transformador
trifásico, ou de um banco de transformadores monofásicos em configuração
delta-estrela com a rede secundária a quatro fios, pois inclui o fio neutro.
Esse tipo de ligação e instalação em poste pode ser observado na Figura 2.
4 Rede de distribuição
Postes
Os postes de distribuição são os responsáveis pela sustentação dos con-
dutores, transformadores, banco de capacitores, reguladores de tensão,
iluminação pública e todos os outros elementos agregados à rede. Muitas
vezes, são compartilhados com sistemas de telefonia, fibra óptica ou televisão
cabeada, e são feitos, normalmente, de madeira ou concreto, porém existem
postes de outros materiais. Sua altura, em geral, é em torno de 11 metros, e
são dimensionados para suportarem a tensão mecânica que lhes é aplicada,
calculada na unidade de força daN (decaNewton). Por exemplo, é bastante
comum encontrar postes com a resistência à tração de 600 daN. A Figura 4
demonstra um exemplo de poste com sistema de iluminação pública.
Condutores
Os materiais utilizados para condutores em sistemas de distribuição são o
cobre e o alumínio, sendo o segundo o mais comum. Condutores de alumínio,
além de serem mais leves para uma mesma capacidade de condução, ainda têm
um preço menor, porém ocupam maior volume. Condutores podem ser nus,
protegidos ou isolados. Condutores protegidos apresentam uma capa contra
contatos acidentais, porém ela não garante isolação. Cabos de alumínio são
designados CA (cabo de alumínio) ou CAA (cabo de alumínio com alma de aço);
o segundo é utilizado para fornecer reforço mecânico. A Figura 5 apresenta
um exemplo de cabo de alumínio trifásico multiplexado.
Rede de distribuição 7
Banco de capacitores
Os bancos de capacitores na rede de distribuição têm as funções de:
Reguladores de tensão
Esses equipamentos têm como objetivo manter a tensão em alimentadores
dentro dos limites específicos e são basicamente transformadores ou auto-
transformadores com diversos tapes (pontos de acesso), capazes de elevar
ou diminuir a tensão no seu secundário conforme a tensão da rede naquele
instante. A Figura 9 apresenta a vista superior de um regulador de tensão
instalado em um poste.
Chave fusível
São equipamentos com a função de proteção e eles são capazes de retirar
parte da linha de operação para evitar que um curto-circuito, ou uma sobre-
carga, danifique condutores e equipamentos conectados a jusante, isso é,
ao lado da carga. A Figura 10 apresenta uma chave fusível de 300 A instalada
em poste de madeira.
Sistema de subtransmissão
O sistema de subtransmissão é um elo entre as subestações de subtransmis-
são e das subestações de distribuição e consumidores de subtransmissão.
A tensão de operação de subtransmissão costuma ser 138 kV ou 69 kV e,
em alguns casos, 34,5 kV e capacidade de transmissão entre 20 e 150 MW.
Ao se conectar ao sistema de distribuição, o sistema de subtransmissão pode
assumir alguns esquemas, que variam em custo, confiabilidade e segurança.
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Rede 1
O esquema representado pela Figura 11a apresenta baixa confiabilidade,
pois o sistema de distribuição é totalmente dependente do sistema de sub-
transmissão a montante, porém apresenta menor custo, sendo normalmente
utilizado para transformadores não superiores a 15 MVA. Como a chave de
entrada não tem objetivo de manobra e apenas de proteção, usualmente
usa-se chave fusível para esse arranjo.
Rede de distribuição 13
Rede 2
O esquema representado pela Figura 11b apresenta maior continuidade de
serviço e flexibilidade de operação, uma vez que o sistema de distribuição
pode ser atendido por mais de um trecho de subtransmissão; dessa forma,
a falha em um dos trechos não impossibilita o suprimento de energia.
Rede 3
O esquema representado pela Figura 11c tem semelhança com o representado
pela Figura 11b, porém com o inconveniente de que o barramento de alta da
subestação de distribuição pode seccionar o sistema de distribuição. Para
evitar que isso aconteça, é instalada uma chave normalmente aberta (NA)
a montante das chaves seccionadoras. Para essas redes, usam-se disjuntores
como chave de entrada.
Rede 4
O esquema representado pela Figura 11d é chamado de “sangria” de linha,
apresenta confiabilidade e custo inferiores aos encontrados nas Redes 2 e 3
e é utilizado em locais onde os centros de cargas são esparsos.
Subestação de distribuição
As subestações de distribuição são subestações abaixadoras, utilizadas para
ligar a subtransmissão à distribuição primária. Essas subestações podem
assumir diversas configurações dependendo da potência atendida (KAGAN;
OLIVEIRA; ROBBA, 2010).
Barra simples
O esquema representado pela Figura 12 é o de menor custo, utilizado em
locais com baixa densidade de carga (abaixo de 10 MVA). Como apresenta
apenas um caminho para alimentar a carga, tem confiabilidade baixa, sendo
desconectado quando há algum problema no sistema de subtransmissão.
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Múltiplos barramentos
Ao dividir a carga em múltiplos barramentos, como visto na Figura 15, aumenta-
-se a flexibilidade na transferência de blocos de carga entre os transformado-
res, porém as condições de potência instalada e potência firme permanecem.
o disjuntor deve ser reinserido no sistema e sua chave deve ser fechada;
abre-se a chave de transferência do alimentador;
abre-se o disjuntor de transferência, desenergizando, assim, o barra-
mento de transferência e retornando a proteção para o disjuntor do
alimentador.
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Procedimentos de distribuição de energia
elétrica no sistema elétrico nacional – PRODIST. 2018. Disponível em: https://www.aneel.
gov.br/documents/656827/14866914/M%C3%B3dulo1_Revis%C3%A3o10/f6c63d9a-62e9-
af35-591e-5fb020b84c13. Acesso em: 27 set. 2021.
BARROS, B. F. Geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. São
Paulo: Editora Érica, 2019.
BLUME, S. W. Electric power system basics for the nonelectrical professional. Hoboken:
John Wiley & Sons, 2007.
BOLINHA, M. Distribuição de energia elétrica em média e baixa tensão: manual. 2. ed.
Porto: Quântica, 2018.
COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA. Utilização e aplicação de redes de distribuição
subterrâneas. Curitiba: Copel, 2010.
KAGAN, N.; OLIVEIRA, C. C. B.; ROBBA, E. J. Introdução aos sistemas de distribuição de
energia elétrica. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2010.
OSHIRO, C. I.; CARAM JUNIOR, J. C. P. Norma ND.22: projeto de redes aéreas urbana de
distribuição de energia elétrica. Campinas: Elektro, 2015.
PONTELLO, P. R.; SANTOS, R. A. Norma de distribuição 2.2: instalações básicas de redes
de distribuição aéreas rurais. Belo Horizonte: Cemig, 2016.
PRAZERES, R. A. Redes de distribuição de energia elétrica e subestação. São Paulo:
Ibep, 2010.
SILVA, F. A. N. Norma de distribuição 2.7: instalações básicas de redes de distribuição
aéreas isoladas. Belo Horizonte: Cemig, 2016.
Leitura recomendada
MAMEDE FILHO, J. Manual de equipamentos elétricos. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.