Guia Básico Sobre Disfagia
Guia Básico Sobre Disfagia
Guia Básico Sobre Disfagia
O ato de engolir e se alimentar possui inúmeras importâncias para nossa saúde, bem-estar e
qualidade de vida. Os alimentos que ingerimos são uma das principais fontes de energia para o
nosso dia-a-dia.
Ficar impossibilitado de realizar essa função, além de trazer impactos significativos na nossa
saúde, como a desidratação e desnutrição, traz ao indivíduo impactos emocionais e sociais
importantes.
INTRODUÇÃO
Sendo assim, tratar os problemas de deglutição vai muito além de reabilitar uma função e
permitir que um indivíduo possa ingerir nutrientes de forma segura. Significa possibilitar a um
indivíduo retomar situações sociais como almoço de família ou festas com a mesma qualidade de
vida que tinha antes de ser impossibilitado de deglutir com segurança.
Portanto, saber e poder tratar um paciente com disfagia é poder permitir a ele voltar a sentir um
dos maiores prazeres da vida e deixar de ter seu convívio social limitado por uma dificuldade.
INTRODUÇÃO
Assim sendo, este material tem como objetivo introduzir o tema da atuação fonoaudiológica na
disfagia orofaríngea em pacientes adultos e idosos, possibilitando ao profissional iniciar ou
retomar seus estudos sobre o tema.
Mandíbula estabilizada
Dentes Ponta da língua
pelas contrações dos
tocando as papilas
em oclusão músculos elevadores da
palatinas
mandíbula
Ausência de contração
Ausência de
dos músculos mentual e
movimentos cefálicos.
orbicular
DEGLUTIÇÃO
Quando qualquer uma dessas estruturas não apresenta bom funcionamento a deglutição pode
ficar prejudicada, levando a um impacto significativo na proteção de vias aéreas e na nutrição do
indivíduo.
Desta forma, para trabalhar com deglutição é fundamental que o profissional conheça cada parte
em separado desse processo e a integração do conjunto.
FASES
DA DEGLUTIÇÃO
FASES DA DEGLUTIÇÃO
• Fase Antecipatória
• Fase Oral
• Fase Faríngea
• Fase Esofágica
FASE ANTECIPATÓRIA
FASE ANTECIPATÓRIA
A Fase Antecipatória ocorre desde o momento que colocamos o alimento na boca até o
momento prévio ao disparo do reflexo de deglutição. Essa fase é caracterizada pela preparação
do bolo alimentar para ser deglutido.
O processo de mastigação que ocorre nessa fase da deglutição é compreendido por 3 etapas:
1 2 3
Incisão ou mordida
Trituração
• Apreensão do alimento entre as • É a fase em que o alimento é • Transforma o alimento em
Pulverização
bordas incisais, obtida através triturado e reduzido a partículas elementos tão reduzidos até
da elevação da mandíbula. menores. chegar na consistência ideal
para a deglutição.
• A língua, coordenadamente • Essa fase ocorre principalmente
com as bochechas, posiciona o nos pré-molares, devido a • Ocorre principalmente nos
alimento entre as superfícies pressão intercuspideana ser molares e os movimentos
oclusais dos dentes pré molares maior que a dos molares, com mandibulares são variados e de
e molares, preparando as etapas isso podendo moer mais menor amplitude.
seguintes. facilmente os alimentos.
• Duração: 25-30% do tempo
• Duração: 5-10% do tempo total • Duração: 65-70% do tempo total do ciclo mastigatório
da mastigação total da mastigação
FASE ANTECIPATÓRIA
Bolo
Alimentar
O Esfíncter Superior do
Esôfago (ESE) está fechado
FASE ANTECIPATÓRIA
O intervalo entre o contato da língua com o palato duro e o início do processo do bolo,
juntamente com o movimento cranial do osso hióide é de 1 segundo.
Quando essa fase ocorre com eficiência não resta nenhum resíduo de alimento na boca.
FASE ORAL
Bolo alimentar
na cavidade orofaríngea
FASE ORAL
É composta por uma série de eventos importantes que ocorrem numa sucessão rápida,
coordenada e com precisão.
O Palato Mole eleva-se para vedar a nasofaringe, prevenindo que o alimento vá para
cavidade nasal (refluxo nasal). Língua e o movimento da parede faríngea realizam a
propulsão do bolo no sentido caudal. Laringe é elevada e traquinada anteriormente, ou
seja, se direciona para debaixo da base da língua, realizando a proteção das vias aéreas
inferiores, fechando-a, juntamente com o fechamento das pregas vocais e das pregas
vestibulares e pela cobertura do vestíbulo laríngeo pela epiglote.
FASE FARÍNGEA
Ocorre após a passagem do bolo alimentar pelo Esfíncter Esofágico Superior (EES). Neste
momento a laringe retorna a sua posição normal e o tônus muscular da esfíncter aumenta
evitando a regurgitação do alimento e a aerofagia.
Bolo alimentar
FASE FARÍNGEA
ATENÇÃO
ESTRUTURAS
ENVOLVIDAS NO
PROCESSO DE
DEGLUTIÇÃO
ESTRUTURAS ANATÔMICAS
ESTRUTURAS ANATÔMICAS
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• É composta pelos lábios, • Se comunica com o • Parte intermediária da
Nasofaringe
Orofaringe
Cavidade oral
4 5 6
• Estende-se para • É um órgão curto • É um tubo fibro-
Laringofaringe
Laringe
Esôfago
baixo a partir do que conecta a músculo-mucoso
osso hióide, e faringe com a que se estende
conecta-se com o traquéia. entre a faringe e o
esôfago e estômago.
anteriormente com
a laringe.
ESTRUTURAS ANATÔMICAS
Laringofaringe
Nasofaringe
Laringe
Orofaringe
Cavidade Oral
ESTRUTURAS ÓSSEAS
Osso maxilar 2
1
Osso mandíbular
ESTRUTURAS ÓSSEAS
Coluna cervical
3
Osso hióide
4
ESTRUTURAS ÓSSEAS
1 2 3
• Em forma de anel, cuja • Situam-se na placa • Posiciona-se acima do
Aritenóides
Cricóide
Tiróide
altura aumenta ascendente da cartilagem anel da cricóide, em
paulatinamente para a cricóide, uma de cada forma de meio-tubo com
parte posterior. lado da linha mediana, abertura para trás
com forma piramidal. envolvendo o conjunto
formado pela placa
ascendente da cricóide
encimada pelas
aritenóides.
3 ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS
4 5 6
• Em forma de • Situa-se acima da • É muito pequena e
Epiglote
Corniculadas
Cuneiformes
folha, se fixa na cartilagem localiza-se
parte interna da aritenoide. anteriormente à
cartilagem
face anterior da corniculada
cartilagem correspondente,
tireóide. ligando cada
aritenoide à epiglote.
ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS
Epiglote
Corniculada
Tireóide
Aritenóide
Cricóide
PREGAS VOCAIS
Base da língua
Epiglote
Pregas Vestibulares
Pregas Vocais
Pregas ariepiglóticas
Cartilagem cuneiforme
Cartilagem corniculada
Glote
ESTRUTURAS NEURAIS
ESTRUTURAS NEURAIS
1 • músculos bucinador e
2 • músculos intrínsecos
3 • nervo trigemio (V par)
4 •constritores
Bochechas
Língua
Mandíbula
Faringe
risório → nervo facial → nervo hipoglosso superiores: musculo
(VII par). (XII par) tireofaríngeo e
•músculos extrínsecos cricofaríngeo
•estiloglosso, •constritores inferiores:
hioglosso e músculo
genioglosso → nervo estilofaríngeo,
hipoglosso (XII par) salpinofaringeo e
•palatoglosso → nervo palatofaríngeo
glossofaríngeo e vago •inervados pelo plexo
(IX e X pares) faríngeo
ESTRUTURAS MUSCULARES
ESTRUTURAS MUSCULARES
Músculos da Língua
Músculos da Mastigação
Os músculos da mastigação são
divididos didaticamente em
elevadores, depressores e elevadores
auxiliares. São compostos pelos
músculos que estão ligados à
realização dos movimentos depressores
mandibulares, de língua, lábios,
bochechas e osso hioide.
auxiliares
ESTRUTURAS MUSCULARES
● Músculo Pterigóideo Medial: paralelo ao masseter, é também elevador e age em conjunto com o
masseter na protrusão e na lateralização da mandíbula, com boca fechada.
ESTRUTURAS MUSCULARES
● Músculo Pterigóideo Lateral: projetar a mandíbula à frente, atuar nos movimentos laterais e
estabilizar a articulação temporomandibular.
● Músculos suprahióideos: agem elevando o osso hióideo e com ele a laringe durante a fase
involuntária da deglutição, agindo junto aos infra-hióideos mantém o osso hiódeo, propiciando
uma base firme para os movimentos de língua.
● Músculo Digástrico: é essencialmente depressor.
● Músculo Geni-hióideo: facilita a deglutição.
● Músculo Milo-hióideo: favorece a deglutição puxando o hióide para cima e deprime a
mandíbula.
ESTRUTURAS MUSCULARES
● Músculo Orbicular dos Lábios: produz o fechamento e a projeção à frente dos lábios.
● Músculo Bucinador: puxa a comissura labial, comprime os lábios e as bochechas, empurra o bolo
alimentar para a superfície oclusal.
● Músculo Zigomático Maior: junto com o zigomático menor leva a comissura labial para cima e
para fora.
● Músculo Zigomático Menor: puxa a comissura labial e o lábio superior em particular, para cima e
para fora.
ESTRUTURAS MUSCULARES
● Músculo da úvula: levanta ainda mais o quadrante posterior do véu palatino (eleva a úvula).
● Músculo elevador do véu palatino: eleva o palato mole, tracionando-o posteriormente, fechando
a comunicação da nasofaringe com a orofaringe.
● Musculo tensor do véu palatino: enrijece o palato, auxilia na abertura da tuba auditiva.
ESTRUTURAS MUSCULARES
Músculos da Faringe
● Constritores médios.
Músculos da Laringe
● Musculos extrínsecos:
● Supra-hiódeos: estilo-hiódeo,digástrico, milo-hiódeo e gênio-hiódeo (Aproximam
cranialmente o osso hióde e a laringe)
● Infra-hiódeos: omo-hiódeo, esterno-hiódeo, esternotireóideo e tiro-hiódeo (Deprimem
caudalmente o osso hiódeo e a laringe).
● Músculos intrínsecos: estão relacionados com a alteração no comprimento e tensão das pregas
vocais e no tamanho e formato da rima glótica.
DEFINIÇÃO DAS
ALTERAÇÕES DE
DEGLUTIÇÃO
ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO
DEGLUTIÇÃO ATÍPICA
Ocorre devido a um movimento inadequado de uma das estruturas responsáveis pelo processo de
deglutição durante a fase oral, sem presença de alterações estruturais.
DEGLUTIÇÃO ADAPTADA
Ocorre quando há a presença de uma alteração estrutural na cavidade oral que provoque uma
dificuldade na deglutição. Desta forma, o paciente se adapta às alterações existentes para conseguir
engolir.
Na deglutição adaptada, por mais que o fonoaudiólogo tente, e Pode-se observar, em resumo:
às vezes, até consiga que o paciente degluta de forma correta • Alterações de oclusão dentária,
durante a sessão, este novo padrão de deglutir dificilmente se • Falhas dentárias,
automatizará. Neste caso, encaminhe primeiro para reabilitação • Prótese dentária,
dentária, aguardando a mordida ficar topo a topo para depois • Respirador oral,
iniciar o trabalho fonoaudiológico na adequação da deglutição. • Frênulo curto.
ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO
DISFAGIA
Qualquer alteração no transporte do bolo alimentar da boca até o estômago que gere risco de
penetração e/ou aspiração laríngea.
É neste tipo de alteração da deglutição que iremos dar ênfase neste guia básico de Disfagia.
DISFAGIA
Causas, Sintomas e Estratégias de Intervenção
DISFAGIA
MECÂNICAS NEUROGÊNICAS
Decorrentes de alteração nas estruturas Relacionadas com alterações do Sistema
envolvidas no processo de deglutição Nervoso Central ou Sistema Nervoso Periférico
DADOS SOBRE DISFAGIA
Tosse e/ou
Controle de Voz molhada,
engasgos nas
saliva diminuído úmida
refeições
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• Ocorre principalmente • Leva a depleção • Ocorre quando há a
Pneumonia aspirativa
Desidratação
Desnutrição
pela necessária muscular e disfunção entrada de alimento,
modificação da textura nervosa, afetando líquidos e/ou
dos alimentos e indiretamente a secreções nas vias
espessamento ou deglutição e contribui aéreas (aspiração
suspensão da ingestão para o declínio laríngea).
de líquidos. funcional.
ATUAÇÃO
FONOAUDIOLÓGICA NAS
DISFAGIAS OROFARÍNGEAS
NO ADULTO E IDOSO
ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
Objetivos da terapia
mudar a fisiologia da deglutição :
*Input é um termo da língua inglesa, que em português pode ser traduzido como entrada.
Sendo assim, input sensorial nada mais é do que uma "entrada" sensorial, um estímulo sensorial.
1TÉCNICA DE MUDANÇA DO VOLUME
RESULTADO
A) • Quando aumentamos o
volume por porção que
MELHOR
• Propicia-se ao paciente
input sensorial maior
vai à boca (melhor sensação),
devido ao "peso"do
alimento na língua
VOLUME
MAIOR
1TÉCNICA DE MUDANÇA DO VOLUME
RESULTADO
B) • Quando reduzimos o volume
por porção que vai à boca
DIFERENTE
• O paciente necessita de
menos controle do alimento
em fase oral, proporcionando
à ele a possibilidade de
organizar melhor o alimento
e com mais tempo.
VOLUME
MENOR
1 TÉCNICA DE MUDANÇA DO VOLUME
Não existe uma padronização de quanto é muita ou pouca quantidade de alimento que se
coloca por vez na boca do paciente. Por isso deve-se prestar bastante atenção na forma de
fazer. Perceba qual é a quantidade da alimentação do paciente e manipule a mudança do
volume através desta comparação, tanto em aumentar quanto em diminuir, até encontrar
a mais adequada e segura para o paciente.
2 TÉCNICA DE MUDANÇA DA CONSISTÊNCIA
Líquido
Sólido
Pastoso
controle oral e controle oral e disparo de preparo de fase oral,
mastigação do reflexo de deglutição. bom para pacientes com
pouca organização de
fase oral e atraso no
disparo de deglutição.
• Não depende da
mastigação.
Quanto mais viscoso for o alimento maior a força empregada pela língua na fase oral
2 TÉCNICA DE MUDANÇA DA CONSISTÊNCIA
Por exemplo: se com alimento sólido o paciente apresentar tosse, engasgo, muito resíduo de alimento,
aumento de tempo de trânsito oral, o fonoaudiólogo deve mudar a consistência para semi-sólido ou
pastoso. Fazemos as mudanças necessárias de acordo com cada caso e com as características
encontradas na avaliação.
3 TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO TERMO-TÁTIL
Indicada para pacientes com demora no início da deglutição e diminuição de sensibilidade intraoral.
Pode ser realizada:
Estimulação digital com dedo de luva, com Sempre após a estimulação associar a função →
cotonetes gelados associados ou não a um com alimento ou saliva.
sabor, espelhinho laríngeo, colher de metal.
O movimento realizado é sempre da região • Hipersensibilidade: estímulo aplicado leve e
mais anterior para posterior intra-oralmente. rapidamente.
• Hipossensibilidade: estímulo aplicado com
Regiões de estimulação: gengivas, papila mais força e lentamente.
retroincisal, laterais, ponta e meio e base de
língua.
3 TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO TERMO-TÁTIL
DICA 1 DICA 2
Com o paciente com a postura sentada, com os ombros relaxados, cabeça na posição de 90 graus e o
olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo pede para que ele abra a boca. Com o material escolhido com
temperatura gelada, associado ou não a consistência cítrica, o fonoaudiólogo, com a ajuda de um dedo
de luva ( podendo utilizar também cotonete, espelhinho laríngeo e/ou colher de metal) passa esse
material na região a qual deseja-se estimular.
MANOBRAS POSTURAIS
MANOBRAS POSTURAIS
Essas manobras podem interferir nas mudanças das dimensões faríngeas e no fluxo
gravitacional da comida. Podem também ser utilizadas como Métodos compensatórios para
alterações de deglutição orgânicas.
E tem como objetivo eliminar ou reduzir possíveis penetrações e/ou aspirações laríngeas.
1 MANOBRA DO QUEIXO PARA BAIXO
Indicação: falta de controle oral que leve a escape prematuro do bolo alimentar, atraso na deglutição
faríngea, redução do fechamento de vias aéreas e estase em valéculas.
Pode ser usada com todas consistências.
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Esta postura estreita o espaço entre a aritenóide e a base da
relaxados, cabeça na posição de 90⁰ e o epiglote e direciona o bolo com maior eficiência para o Esfíncter
olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo pede Esofágico Superior (EES), com a possibilidade de:
para que ele no momento que for engolir • Redução da penetração de alimentos.
abaixe a cabeça para frente, como se • Manter o bolo alimentar em posição anterior
tivesse a intenção de encostar o queixo no permitindo maior controle.
pescoço. • Diminuir o tamanho de entrada para vias aéreas.
• Empurrar a base de língua contra parede da faringe.
2 MANOBRA DA CABEÇA PARA TRÁS
Indicação: pacientes com dificuldade de ejetar o bolo da cavidade oral para faringe. Pode ser usada com
todas consistências, porém cuidado maior com líquido.
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Essa postura facilita o trânsito oral devido a ação da gravidade.
relaxados, com a cabeça na posição de 90 Desta forma, ajuda na elevação da laringe e fecha o espaço da
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo valécula, aumentando a propulsão do alimento.
solicita que no momento em que o paciente
for engolir ele coloque/posicione a cabeça PRECAUÇÃO: pode aumentar o risco de aspiração, necessário uma
para trás. fase faríngea adequada.
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros A rotação da cabeça para o lado mais fraco favorece que o bolo
relaxados, com a cabeça na posição de 90⁰ alimentar seja impulsionado para o lado não afetado, auxiliando
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo no:
solicita que um pouco antes e durante a • Direcionamento do bolo alimentar para o lado mais forte.
deglutição o paciente vire totalmente a • Aumento do fechamento de pregas vocais.
cabeça para o lado mais fraco. • Aumento da abertura do esfíncter cricofaríngeo em
comprimento e diminuição da pressão em repouso, reduzindo
a estase em seios piriformes.
4 MANOBRA DE INCLINAÇÃO DE CABEÇA PARA O LADO MELHOR
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Direciona o bolo alimentar para o lado mais forte pela ação
relaxados, com a cabeça na posição de 90 da gravidade, proporcionando uma maior segurança durante
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo a deglutição.
solicita que no momento em que o paciente
for engolir ele incline a cabeça para o melhor
lado.
MANOBRAS DE PROTEÇÃO
DE VIAS AÉREAS
MANOBRAS DE PROTEÇÃO DE VIAS AÉREAS
Para realização dessas manobras é necessário que o paciente apresente boas habilidades
cognitivas, para compreender e gravar a sequência de movimentos, por isso não
conseguimos executá-las com todos os pacientes.
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Melhora o fechamento das vias aéreas, a nível da glote,
relaxados, com a cabeça na posição de 90 antes e depois da deglutição e reduz os riscos de aspiração.
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo
solicita que ele prenda a respiração, degluta e
tussa logo em seguida. Pode ser realizada
primeiramente com saliva, para treino.
Conforme o paciente aprenda a técnica
corretamente pode ser utilizada com alimento.
2 MANOBRA DE PROTEÇÃO SUPER-SUPRAGLÓTICA
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, Melhora o fechamento das vias aéreas, favorecendo o
com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao contato da aritenóide com a base da epiglote para o
horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele prenda a fechamento do vestíbulo laríngeo durante a deglutição.
respiração com força (mantendo a tensão nos
músculos abdominais), degluta e tussa logo em
seguida. Pode ser realizada primeiramente com
saliva, para treino. Conforme o paciente aprenda a
técnica corretamente pode ser utilizada com
alimento.
MANOBRAS DE
LIMPEZA FARÍNGEA
MANOBRAS DE LIMPEZA FARINGEA
Indicação: pacientes com redução da movimentação faríngea e tração de base de língua, por exemplo, com
resíduo alimentar em base de língua, valécula e parede posterior da faringe.
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Proporciona melhora da movimentação posterior e pressão
relaxados, com a cabeça na posição de 90 da base de língua, visando limpeza faríngea.
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo
solicita que ele engula fazendo força na boca e
no pescoço, como se tivesse a intenção de
tensionar essas regiões (como quando se faz
força para evacuar ou pegar um objeto
pesado).
2 MANOBRA DE MENDELSOHN
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumenta a duração e amplitude da elevação cricofaríngea,
relaxados, com a cabeça na posição de 90 reduz estase em seio piriforme, melhora a coordenação dos
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo eventos da deglutição, treina e fortalece os músculos da
solicita que ele engula normalmente, quando elevação laríngea.
sentir que a laringe levantou mantenha-a
elevada por dois segundos e depois relaxe.
Pode ser realizada primeiramente com saliva,
para treino. Conforme o paciente aprenda a
técnica corretamente pode ser utilizada com
alimento.
3 MANOBRA DE MASAKO
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Visa aumentar a movimentação da parede posterior da
relaxados, com a cabeça na posição de 90 faringe, evitando estases alimentares e aumenta o tempo de
graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo elevação laríngea.
solicita que ele engula com a língua no meio
dos dentes. Pode ser realizada primeiramente
com saliva, para treino. Conforme o paciente
aprenda a técnica corretamente pode ser
utilizada com alimento.
4 MANOBRA DE SHAKER
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente deitado, com as costas encostadas na cama, sem Melhora a força e a eficiência da musculatura
travesseiro, o fonoaudiólogo solicita que ele eleve a cabeça e extrínseca da laringe, a qual é responsável
olhe para os próprios pés, sem tirar os ombros da cama. por sua elevação.
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Minimiza os resíduos orais e faríngeos, contribuindo
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus indiretamente para uma deglutição mais funcional,
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita minimizando os riscos de aspiração pós deglutição.
que ele degluta várias vezes consecutivas o
mesmo alimento.
6 MANOBRA DE ALTERNÂNCIA ENTRE COLHER COM ALIMENTO E SEM
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Possibilita uma limpeza de estase em cavidade oral e
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus orofaringe.
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo oferta
uma colher com alimento seguida de uma colher
sem alimento, e ir alternando.
7 MANOBRA DE PRESSÃO COM A COLHER NA LÍNGUA
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumenta a percepção do paciente de que há alimento na
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus cavidade oral, favorecendo uma redução no tempo de
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo ao trânsito oral.
ofertar o alimento faz uma leve pressão com a
colher na parte anterior da língua enquanto o
paciente faz apreensão do alimento.
EXERCÍCIOS MIOFUNCIONAIS
EXERCÍCIOS MIOFUNCIONAIS
1 2 3
Isométricos
Isotônicos
Isocinéticos
• Resistência sem movimento, • Envolvem contração e extensão • Ocorrem quando o músculo encurta
desenvolvem tensão muscular, muscular controlada, contra uma contra uma resistência cooperante
contudo o músculo não encurta carga constante. São mais dinâmicos igualada com a força produzida pelo
nem alonga, ocorre contração e realizados com movimento, com músculo e requer uma velocidade
muscular estática, sem movimento. ou sem pesos. Contribuem para a constante durante toda a amplitude
É o método mais rápido para ganhar coordenação motora, flexibilidade e do movimento. Quanto mais lenta
força muscular, sem aumentar a força. for a velocidade do movimento
massa. isocinético, maior será o ganho em
força e resistência. Estes exercícios
devem ser iniciados com um mínimo
de resistência ao movimento, sendo
aumentada gradativamente.
EXERCÍCIOS MIOFUNCIONAIS
Há uma grande quantidade de exercícios descritos na literatura, contudo como o foco deste material é
uma iniciação ao tema, não descreveremos todos.
É sempre importante que o fonoaudiólogo entenda bem da doença e do prognóstico do paciente para
saber escolher os exercícios mais adequados para cada caso. O número de séries e repetições deve ser
analisado individualmente, de acordo com as dificuldades do pacientes, suas habilidades cognitivas e
fadiga muscular.
A seguir será exemplificado um tipo de exercício para cada estrutura envolvida no processo de
deglutição.
1 EXERCÍCIO COM MOVIMENTO ÂNTERO-POSTERIOR DE LÍNGUA
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a mobilidade de língua do paciente favorecendo
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus uma melhora na movimentação da língua durante a
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita mastigação e uma melhora propulsão do bolo alimentar
que ele passe a ponta da língua desde a frente durante a deglutição.
nos alvéolos dentários até a parte mais posterior
do palato que conseguir.
2 EXERCÍCIO CONTRA-RESISTÊNCIA COM ESPÁTULA EM LÍNGUA
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar o tônus de língua do paciente favorecendo uma
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus melhora na propulsão do bolo alimentar durante a
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo que ele deglutição.
coloque a língua para fora e empurre a espátula
com a ponta da língua enquanto o fonoaudiólogo
faz força ao contrário.
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a mobilidade de lábios do paciente favorecendo
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus uma melhora na pressão intraoral durante a mastigação e
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita deglutição.
que ele faça um bico e um sorriso de maneira
alternada e rápida com a maior extensão
possível do movimento.
4 EXERCÍCIO DE CONTRA-RESISTENCIA COM ESPÁTULA EM LÁBIOS
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar o tonus de lábios do paciente favorecendo uma
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus melhora na pressão intraoral durante a mastigação e
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita deglutição.
que ele faça um bico com os lábios empurre a
espátula enquanto o fonoaudiólogo faz força ao
contrário.
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Ao sustentar infladas por um tempo trabalha-se mais
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus tonicidade e ao se inflar e desinflar de forma alternada e
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita rápida trabalha-se mais mobilidade.
que ele encha as bochechas com ar. Pode ser as
duas ao mesmo tempo ou uma de cada vez.
6 EXERCÍCIO DE ABERTURA DE MANDÍBULA
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a abertura de boca para auxiliar na apreensão do
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus alimento e no processo de mastigação.
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita
que ele abra o máximo possível a boca e
sustente por alguns segundos.
7 EXERCÍCIO DE LATERALIZAÇÃO DE MANDÍBULA
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a lateralização da mandíbula para auxiliar no
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus processo de mastigação.
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita
que o paciente mova a mandíbula para o lado
direito e posteriormente para o lado esquerdo.
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Aumentar a adução de pregas vocais e o fechamento glótico
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus possibilitando uma melhor proteção de vias aéreas durante
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita a deglutição.
que ele produza o som de uma vogal (a mais
usada é a vogal A) em voz alta, forte e de forma
curta ao mesmo tempo em que faz um "puxão”
com os punhos serrados. Outra forma também é CAUTELA: possibilidade de alterações vocais com o uso
puxar com as duas mãos o assento da cadeira muito prolongado.
para cima.
9 EXERCÍCIO DE ALTERNÂNCIA ENTRE SONS HIPO E HIPER AGUDOS (I/U)
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Melhora na amplitude do movimento de elevação laríngea.
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita
que ele produza os sons das vogais I e U, de
forma alternada, sendo o I no tom mais agudo e
o U no tom mais grave que o paciente conseguir
alcançar.
10 EXERCÍCIO PÓSTERO-ANTERIOR DE LÍNGUA
INSTRUÇÕES: OBJETIVO:
Com o paciente sentado, com os ombros Melhora na amplitude do movimento de elevação laríngea.
relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus
e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita
que o paciente coloque a língua bem para fora e
depois bem para dentro de forma alternada.
Esperamos que esse material seja uma porta de
entrada para seus estudos e aprimoramento na
área da disfagia.
NOTAS FINAIS
FERREIRA, L.P; LOPES D.M.B.; LIMONGI, S.C.O. Tratado de Fonoaudiologia. Editora Roca, 2004.
MARCHESAN, I.Q.; SILVA, H.J.; TOMÉ, M.C. Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia.
Editora: Guanabara Koogan Ltda, 2014.
JOTZ, GP; CARRARA-DE-ANGELIS, E. Disfagia Abordagem Clínica e Cirúrgica. Editora Elsevier, 2016.
Um pouco
sobre a autora: