2022 MatheusCarvalhoDeSousaDias TCC
2022 MatheusCarvalhoDeSousaDias TCC
2022 MatheusCarvalhoDeSousaDias TCC
Brasília, DF
2022
Matheus Carvalho de Sousa Dias
Brasília, DF
2022
Matheus Carvalho de Sousa Dias
Monitoramento e controle de motores de combustão interna: Um Estudo de
Caso do Motor VW EA211/ Matheus Carvalho de Sousa Dias. – Brasília, DF,
2022-
92 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.
CDU 02:141:005.6
Matheus Carvalho de Sousa Dias
Brasília, DF
2022
Este trabalho é todo dedicado aos meus pais, Luciene Carvalho e Antônio Batista, pois
graças ao seus esforços que hoje posso concluir este curso.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente aos meus pais, Luciene Carvalho e Antônio Batista por
ter me dado todo o suporte possível e por me ajudar a enfrentar todos os obstáculos
encontrados ao longo do curso. Assim como todo o incentivo dado por eles e meus irmãos,
além de compreenderem minha ausência em decorrência de toda a dedicação necessária a
realização deste trabalho.
Agradeço aos amigos que encontrei dentro da universidade, por sempre estarem
presentes e por tornarem toda a jornada da graduação mais leve, além do incentivo dado
nos dias mais difíceis.
Agradeço ao professor Dr.Fábio Cordeiro pela oportunidade de conduzir esse tra-
balho, por dar todo o suporte dado, e por ainda acreditar nesse trabalho mesmo depois
de várias adversidades.
Agradeço a todos o professores, por todos os ensinamentos e correções feitas que me
permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional.
Resumo
Dada a importância do avanço tecnológico do controle eletrônico de motores de com-
bustão interna (MCI), motivado por restrições de emissões atmosféricas cada vez mais
desafiadoras, elaborou-se este estudo com o objetivo de aplicar experimentalmente a teo-
ria pesquisada na literatura em um motor Volkswagem EA 211 instalado no laboratório
de ensaio de motores (LEM) da FGA. Para tanto fez-se uma revisão bibliográfica nas
características de funcionamento de motores de ignição por faísca (MIF) e seus principais
parâmetros de funcionamento. Foi dado ênfase na parte de controle eletrônico dos MIF,
incluindo os sensores usados no motor estudado e sua unidade de controle, neste caso uma
central programável Fuel Tech FT 550. A instalação do chicote elétrico da ECU para o
motor se mostrou correta, possibilitando assim o correto funcionamento e gerenciamento
do motor. O mapa base de controle do motor conseguiu partir o motor e ainda possibilitou
desenvolver testes a velocidade constante para todas as faixas de rotação, mantendo um
comportamento linear se mostrando satisfatório, porém para testes de performance, será
necessário habilitar integralmente os controles do freio eletrônico.
𝜆 Relação Ar-Combustível
Sumário
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1 Justificativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1 Motor de combustão interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2 Combustão nos motores alternativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2.1 Admissão de ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2.2 Mistura ar e combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.3 Avanço de ignição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2.4 Detonação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3 Sistema de alimentação de combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4 Sistema de Ignição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.5 Controle eletrônico de motores de combustão interna . . . . . . . . 29
2.5.1 Estratégia de Controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.6 Injeção eletrônica de combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.7 Controle eletrônico da ignição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.8 Sensores e Atuadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.8.1 Sensor de Oxigênio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.8.2 Sensores de Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.8.3 Sensor de fluxo de massa de ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.8.4 Sensor de rotação e fase do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.8.5 Sensor de posição de borboleta (TPS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.8.6 Acelerador eletrônico (ETC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.8.7 Sensor Knock . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.8.8 Válvula Injetora de Combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.8.9 Vela de Ignição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.8.10 Bobina de Ignição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.9 Parâmetros de desempenho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.9.1 Torque e potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.9.2 Consumo específico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.10 Freios Dinamométricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.10.1 Inversores de frequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.1 Montagem do Laboratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.1.2 Especificações do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.2 Freio Dinamométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.3 VFD - Drive de Frequência Variável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.4 Mapas de injeção e Ignição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.4.1 Mapa base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.5 Consumo específico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.6 Sensores e Atuadores Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.7 O ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.1 O mapa base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.2 O ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.3 Curvas características . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.4 O inversor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.5 O chicote . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.6 Consumo de combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.1 Proposta de trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
1 Introdução
1.1 Justificativas
O gerenciamento eletrônico dos motores possibilitou que estes ficassem menos po-
luentes, mais econômicos e mais potentes, devido a um maior controle sobre os sistemas
de injeção de combustível e de ignição. Entender como essas variáveis influenciam no fun-
cionamento do motor é importante uma vez que ditam o comportamento do mesmo. Com
o objetivo de realizar estudos nos MCI, sistemas capazes de realizar os mais diversos tipos
de teste em motores se fazem necessários. Estes sistemas são conhecidos como Bancos de
prova ou Banco de ensaios.
O presente trabalho justifica-se na necessidade da FGA em conhecer e estudar sis-
temas de ensaios dinamométricos, motores, gerenciamento eletrônico bem como os prin-
cipais parâmetros que influenciam em seu funcionamento.
1.2 Objetivos
2 Revisão bibliografica
2.2.1 Admissão de ar
De acordo com Heywood (1988) a quantidade de ar admitida e retida no interior
dos cilindros está fortemente associado ao desempenho de um motor de combustão interna.
Em motores naturalmente aspirados o fluxo de ar para o interior dos cilindros se dá por
uma diferença de pressão entre o coletor de admissão e o cilindro, gerado unicamente pelo
deslocamento do pistão do PMS ao PMI, o que gera uma depressão no interior do cilindro.
O controle da passagem de ar de admissão para o motor é feita por uma válvula
"borboleta"mecânica ou eletrônica, que regula a passagem de ar através da rotação em
torno do seu eixo axial. Quanto maior a abertura da válvula borboleta, maior é a passagem
de ar de admissão para o interior dos cilindros. No presente trabalho, será utilizado um
2.2. Combustão nos motores alternativos 21
𝑦 𝑧
𝜙 = (1 + − ) (2.1)
4 2
Onde y representa o índice para H (hidrogênio) e z representa o índice de O
(oxigênio).
Nas reações estequiométricas teóricas ( 𝜆 = 1) temos:
𝑦
𝐶𝐻𝑦 𝑂𝑧 + 𝜙 · (𝑂2 + 3, 7738 · 𝑁2 ) → 𝐶𝑂2 + · 𝐻2 0 + 3, 7738 · 𝜙 · 𝑁2 (2.2)
2
𝐴
𝐹
𝑟𝑒𝑎𝑙
𝜆= 𝐴 (2.7)
𝐹
𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜
O Fator Lambda (𝜆) representa uma relação Ar-Combustível e seus valores impli-
cam diretamente no comportamento e funcionamento do motor.
• 𝜆 = 1: Mistura estequiométrica:
e a carga no motor. A carga do motor é a força que age contra a potência que um motor
produz.
2.2.4 Detonação
O aumento da pressão e temperatura dentro do cilindro por conta da propagação
da frente de chama, pode desencadear em alguns pontos a auto ignição da mistura, antes
da chegada da chama principal. Esse efeito quando de baixa intensidade pode reduzir
o tempo de combustão da mistura, auxiliando assim na combustão normal. Quando a
auto ignição atinge uma intensidade muita elevada é denominada Detonação ( do inglês
Knock) e seus efeitos maléficos faz com que seja evitada.
• Função Transformadora, onde o sistema deverá ser capaz de elevar a tensão dis-
ponível na bateria, para valores de tensão necessário para a geração da centelha
elétrica.
2.4. Sistema de Ignição 27
𝑉𝑝 (𝑡) 𝑁𝑝
= =𝑎 (2.8)
𝑉𝑠 (𝑡) 𝑁𝑠
tensão o valor de "a"será menor que 1. Sob aspectos construtivos o enrolamento primário
é formado por um fio de bitola maior com um número relativamente pequeno quando
comparado ao enrolamento Secundário que possui fio de bitola menor e número elevado
de espiras.
A bobina de ignição atua de acordo com os comandos dados pela ECU, que é
responsável pelo controle do tempo de ignição. A ECU comanda a ignição de acordo com
suas tabelas de tempo de ignição, essas muitas vezes são parametrizadas a partir de testes
em dinamômetro, ajustando assim o momento em que a centelha será liberada. Quando
energizada, a bobina de ignição funciona como um circuito RL série, operando em corrente
contínua, onde o indutor fará o armazenamento de energia na forma de campo magnético.
Quando desenergizado, o circuito RL série sofre uma brusca variação de corrente de seu
valor máximo para zero muito rapidamente, nessa condição o circuito equivalente passa a
operar em modo de descarga de energia, induzindo assim uma alta tensão nos terminais do
enrolamento primário, fazendo assim com que os níveis de tensão induzida no secundário
sejam ainda maiores. Esse efeito faz com que o sistema de ignição alcance os níveis de
tensão desejados.
.
O sistema de ignição ainda conta com a vela de ignição que é o componente uti-
lizado para que seja gerada a centelha dentro dos cilindros. Na figura 9 podemos ver a
representação do sistema de ignição com todos os seus componentes.
2.5. Controle eletrônico de motores de combustão interna 29
O gerenciamento eletrônico é feito pela ECU que recebe e processa o sinal dos
sensores que informam a condição imediata do motor. Após o processamento dos dados
são gerados sinais de comando para os atuadores a partir das informações gravadas na
memoria do controlador, garantindo de maneira controlada o fornecimento de combustível
nas proporções ideais Tan (2018). A figura 9 tem como objetivo de exemplificar o processo
de operação de uma ECU, com seus sinais de entrada e saída.
A UCE faz o controle do motor a partir das informações armazenadas nos ma-
pas de controle do motor, um amplo conjunto de tabelas de parâmetros de uma ou duas
dimensões carregadas na memória da UCE. As tabelas são compostas por matrizes de
dimensão MxN, cujas entradas são as condições de operação do MCI e o valor resultante
é um elemento 𝑎𝑖 𝑗 da matriz. Os elementos da matriz são obtidos a partir de ensaios
para o levantamento de dados que traduzem aspectos funcionais de cada MCI. Segundo
Tomasi (2015) nesse processo de mapeamento, se obtém as principais curvas de perfor-
mance, como torque, potência, consumo e emissões, dadas em função das entradas do
sistema. As tabelas contém todas as informações para o adequado funcionamento do mo-
tor e são armazenadas na memória do microcontrolador da ECU. As informações contidas
nas tabelas são recuperadas ponto a ponto de acordo com o regime de operação do motor.
As tabelas principais são as que regem o funcionamento em toda a faixa de operação, a
exemplo da tabela de tempo de injeção que representa o tempo de abertura das válvulas
injetoras em função da rotação do motor (RPM) e Pressão Absoluta do Coletor de Ad-
2.5. Controle eletrônico de motores de combustão interna 31
missão (MAP). Tabelas auxiliares fazem as correções específicas, para condições atípicas,
como por exemplo a alteração do tempo de injeção e ponto de ignição de acordo com a
temperatura.
• Partida do motor;
• Aquecimento
• Marcha lenta;
• Aceleração;
• Desaceleração;
• Velocidade de cruzeiro;
de trabalho Braga (2007). Esse regime de operação é crítico para as emissões de poluentes
e por isso deve durar o mínimo possível, ficando o consumo de combustível e a redução
das emissões em segundo plano.
Na condição de marcha lenta o motor se encontra ligado em baixa rotação com
a válvula borboleta fechada. Segundo Bosch (2005), essa condição é responsável por até
30% do consumo total de combustível em um veículo operando em tráfego urbano. De
modo a reduzir o consumo de combustível é necessário que o controle de marcha lenta
mantenha um funcionamento suave do motor na menor rotação possível, nessa condição
a ECU prioriza uma mistura estequiométrica ou levemente pobre para que o consumo de
combustível seja reduzido. Segundo Alcantara (2015) o controle de marcha lenta se torna
complexo uma vez que em baixas rotações o torque disponível nessa rotação é baixo,
tornando o sistema mais sensível a pertubações. O desafio se torna maior uma vez que se
espera uma grande variação nos parâmetros existentes de um veiculo para outro.
suprir a demanda de torque solicitado. A condição de plena carga ou WOT (Wide open
throttle se caracteriza pela total abertura da válvula borboleta, que acontece quando o
acelerador é totalmente pressionado, ou seja, máxima solicitação de torque. Para que o
motor forneça máxima potência, a ECU incrementa de maneira adequada a massa de
combustível fornecida ao motor, para que o torque solicitado seja obtido. D.Amil (2016)
diz ainda que esse efeito faz com que o motor trabalhe fora da relação estequiométrica.
O regime de desaceleração é caracterizado pelo motor em altas e médias rotações
sem que o pedal do acelerador esteja pressionado. Esse regime tem como principal função
reduzir as emissões de HC, CO e consumo de combustível além de promover um funci-
onamento suave do motor evitando solavancos. Nessa condição segundo Braga (2007) é
necessário adotar o uso de uma mistura pobre para que as emissões sejam reduzidas. A
ECU ainda é responsável por promover o fechamento gradual da válvula borboleta para
que sejam evitados solavancos no motor. Em alguns sistemas na condição de desaceleração
adota-se o corte total de combustível, situação conhecida como cut-off.
O regime de velocidade de cruzeiro acontece quando o motor está em regime de
rotação constante com o pedal do acelerador parcialmente pressionado, quando o veículo
está com velocidade aproximadamente constante. Nessa condição a ECU opera buscando
sempre a relação estecométricas.
• Injeção Sequencial: Esse modo de injeção segundo Bosch (2005) é o mais eficiente
e permite o maior grau de liberdade para ser configurada. Esse modo de injeção
precisa necessariamente da informação do sensor de fase para identificar assim a
posição dos pistões. Com essa informação a ECU consegue controlar individualmente
cada bico injetor, controlando assim de maneira livre o momento de injeção de
combustível, fazendo com que esta seja feita somente no momento da admissão.
elaborada uma estratégia de retirada de ponto de ignição pela ECU, a fim de minimizar
os efeitos danosos ao motor que a detonação pode causar.
As mudanças de hardware foram concentradas na eliminação da bobina centrali-
zada de ignição e distribuidor, que perderam espaço para sistemas multibobinas com a
adoção de bobinas individuais por cilindro. As bobinas individuais são conectadas dire-
tamente nas velas de ignição dispensando assim o uso de cabos de vela, a adoção desse
sistema minimiza as perdas de energia além de melhorar a queima do combustível dentro
do cilindro, aumentar a potência do motor e reduzir a emissão de poluentes por propor-
cionar maior energia para as velas de ignição.
Assim como controle da injeção, o controle da ignição é feito através dos mapas
de ignição, que contem o ponto de ignição para todas as faixas de operação do motor.
Normalmente o mapa principal de ignição relaciona os valores de pressão absoluta obtidas
através do sensor MAP com a rotação do motor (RPM), e seu conteúdo correspondem a
ações diretas de controle nesse caso representa o avanço de ignição a ser aplicado.
O sensor de oxigênio ou Sonda lambda foi construído de forma que consiga men-
surar a concentração de oxigênio nos gases de escape. Esse sensor é o responsavel por
informar o fator 𝜆 para a ECU. Segundo Denton (2004), os aspectos construtivos da
sonda lambda faz com que esse sensor opere com temperatura acima de 300∘ C, e por esse
fator atualmente algumas sondas são aquecidas eletricamente para que entre em sua faixa
de operação mais rapidamente.
Denton (2004) ainda fala que o sensor mais utilizado atualmente são as chamadas
EGO (Exhaust Gas Oxygen), conhecidas como sonda lambda de banda estreita ou sonda
lambda on-off, este sensor faz uma média indireta da mistura ar combustível admitida,
possui uma baixa resolução e ocasionando assim em uma grande janela entre os parâme-
tros, porem cumpre bem a função de indicar se nos gases de escape se possui uma mistura
rica ou pobre. O sinal gerado pelo EGO é útil apenas para o controle em torno da região
estequiométrica o que já atende sistemas convencionais, Braga (2007).
Outro sensor de oxigênio é o UEGO (Universal Exhaust Gas Oxygen) chamado
2.8. Sensores e Atuadores 37
muitas vezes de Wideband ou sonda lambda de banda larga ( Wideband Lambda Sensor),
este tipo de sensor funciona em malha fechada e por isso requer um controlador eletrônico.
A grande diferença entre esse sensor e as sondas convencionais está no fato de sua faixa
de operação de funcionamento ser muito ampla, com grande resolução e com uma ótima
precisão, o que possibilita um controle da mistura de combustível muito mais refinado
para o motor do que usando as sondas convencionais, uma vez que esse tipo de sensor de
oxigênio opera também fora da região estequiométrica.
para a maioria das medições necessárias no veículo sendo necessário alguma adaptação
no sensor para a aplicação.
utilizado para fazer a medição do fluxo de ar admitido pelo motor. Em operação esse
sensor varia sua resistência quase que linerarmente com o fluxo de ar real. Para o correto
funcionamento desse sensor é necessário a utilização de uma tela colmeia para suavizar o
fluxo de ar.
Uma outra maneira de se fazer a medição do fluxo de massa de ar é de maneira
indireta, utilizando o sensor TMAP ( Temperature and Manifold Air Flow Sensor), a partir
da pressão absoluta e temperatura. O fluxo de ar atua sobre um diafragma piezo resistivo
com referência ao vácuo, e faz a medição de pressão absoluta. A deformação do diafragma
presente no sensor resulta em uma mudança de resistência, que consequentemente resulta
em uma variação de tensão, que é usada como base para se identificar a pressão no coletor
de admissão. É importante ressaltar que o sensor TMAP possui sensor de temperatura
funcionando em conjunto e a partir da década de 90 veio senso substituído por sistemas
de medição direta.
O sensor é basicamente um imã permanente e uma bobina que fica localizado pró-
ximo a roda dentada magnetizada. A proximidade desses dois componentes causa
uma perturbação no campo magnético, que acaba gerando na bobina tensão indu-
zida. O sinal de saída do sensor é uma senoide que será proporcional a rotação do
motor, para isso é necessário que esse sinal seja tratado por sistemas de tratamentos
de sinais mais complexos.
Quando o sinal da cossecante passa por zero de positivo para negativo indica o
alinhamento do sensor com o centro do dente da roda dentada, e assim é possível
ajustar o posicionamento da mesma com a árvore de manivelas, onde o primeiro
alinhamento de dente após a falha coincida com o momento em que os cilindros 1 e
4 estejam na posição de ponto morto superior (PMS), como mostra a figura abaixo:
42 Capítulo 2. Fundamentação teórica
potenciômetros fixados no eixo da válvula de admissão, que variam sua resistência elétrica
proporcionalmente a variação ângular da borboleta de admissão. Para aumentar a confi-
abilidade do sistema são utilizados dois potenciômetros que enviam curvas de respostas
opostas, ou seja, enquanto um sinal aumenta o outro diminui, proporcionalmente a ro-
tação da borboleta. Essa configuração habilita a capacidade de diagnose do sistema (em
casos de falha de algum dos sensores) pela ECU. O sinal do sensor TPS é determinante
para o funcionamento do motor, pois a partir desse sinal é feito todo o calculo de injeção
de combustível assim como estratégia de operação abordada pela ECU.
atuais, como temperatura do motor, altitude e cargas de acessórios. O ETC oferece alguns
benefícios em áreas como controle da relação ar-combustível, emissões de escapamento e
redução do consumo de combustível, além de facilitar a integração de recursos como con-
trole de cruzeiro , controle de tração , controle de estabilidade e outros que requerem uma
gestão torque, uma vez que o acelerador pode ser movido independentemente da posição
do pedal do acelerador do condutor.
Figura 23 – Representação sensor Knock e seu respectivo sinal de saída em caso de ocor-
rência de detonação
[Brunetti (2012)]
𝑃 = n𝑇𝑙
˙
𝑚𝑓
𝑠𝑓 𝑐 =
𝑃
Onde:
48 Capítulo 2. Fundamentação teórica
3 Materiais e Métodos
3.1 Metodologia
Esse capitulo tem como finalidade apresentar como decorrerá a realização do tra-
balho em questão. O estudo consiste em criar e testar diferentes mapas de injeção e ignição
para um motor VW( Volkswagen) naturalmente aspirado equipado com uma injeção ele-
trônica programável Fueltech Ft 550, com os sensores necessários para seu funcionamento.
O desenvolvimento dos mapas levarão em conta todos os conhecimentos explicados
até agora, além do manual de uso da própria injeção programável. O desempenho do
motor será medido no laboratório de ensaio de motores da FGA, bem como a aquisição
dos dados dos parâmetros de funcionamento do motor, que fornecem os dados necessários
para a análise dos parâmetros de desempenho. É esperado que a análise dos resultados
dos ensaios, permitam o desenvolvimento de mapas de controle otimizados.
Informação valor
HP 200
RPM 7500
Amps 226
Volts 460
Hz 251.5
Tabela 2 – Informações do motor.
O módulo de injeção recebe os dados dos sensores interpretando-os para então en-
viar sinais de comandos para os atuadores de acordo com a programação. A programação
da Ft 550 é feita diretamente pelo próprio software FTManager específico para compu-
tadores, esse software permite a completa programação do módulo de injeção e facilita a
visualização dos mapas 2D e 3D de injeção e ignição.
Outro dispositivo utilizado para o ajuste do motor é o condicionador de sonda
Wideband O2 da marca Fueltech em conjunto com um sensor de oxigênio de banda larga
(Wideband), que será utilizado para monitorar a mistura de ar e combustível nos gases
de escape.
A FuelTech WB-O2 Nano é uma ferramenta utilizada para monitoramento da
mistura nos motores à combustão. Este equipamento faz o condicionamento e a leitura
da sonda lambda de banda larga bosch LSU 4.2 com rapidez e precisão, mostrando as
informações da mistura de ar e combustível no display. Sua faixa de operação é de 0 a
5volts (0,59 𝜆 a 1,10 𝜆).
3.4. Mapas de injeção e Ignição 59
O mapa padrão segundo a Fueltech, é um mapa para partida do motor, com valores
estimados a partir das informações iniciais. Esse mapa serve como base para o inicio da
calibração facilitando assim o processo inicial do desenvolvimento do mapa.
3.7 O ensaio
O ensaio desenvolvido consiste em um teste a velocidades constantes, para dife-
rentes rotações, sem aplicação de carga no motor. Primeiramente se faz necessário que
seja preparado o ambiente de ensaio, verificando a quantidade de combustível no tanque
e ligando a bateria para energizar todo o sistema, tornando o motor apto a ligar.
O motor é ligado a partir de um comando diretamente na tela da injeção eletrônica,
após o aquecimento do motor inicia-se o Datalogger interno da injeção para obtenção
de dados referentes ao ensaios. Além dos dados coletado pela ECU, foi conectado um
manômetro em uma conexão à mangueira de admissão de ar ao motor, a fim de medir a
pressão absoluta de ar durante os ensaios. A medição da variação de combustível foi feita
em valores mássicos, onde o tanque de combustível contendo etanol foi posicionado sobre
uma balança.
62 Capítulo 3. Metodologia
4 Resultados e discussão
4.2 O ensaio
A partir dos testes feitos em bancada é possível verificar o funcionamento do motor,
essa analise é feita a partir dos logs aquisitados durante o teste. Os Logs são a melhor
forma de verificar os parâmetros de funcionamento do motor durante o funcionamento do
motor. A função de datalogger é nativa da injeção eletrônica e a análise desses arquivos
podem ser feitas no próprio software.
funcionamento estável, sem muitas variações no seu comportamento. Para essa faixa de
rotação o alvo de sonda 𝜆 é 1.
O log para 2000 RPM se demostrou levemente rico com 𝜆 médio de 0.958, esse
tipo de mistura de ar combustível preserva a temperatura dentro do cilindro e podendo
trazer um melhor compromisso quanto a potência. Para manter essa faixa de RPM foi
necessário manter o TPS ( acelerador) pressionado em 1,5%. Para essa faixa de rotação
o alvo de sonda 𝜆 é 0,950.
Para manter a rotação do motor em 3000 RPM foi necessário manter o acelerador
pressionado em 4,5%, o valor médio de 𝜆 para essa faixa de rotação foi de 0,945. Podemos
perceber também que, o comportamento do 𝜆 estável. Para essa faixa de rotação o alvo
de sonda 𝜆 é 0.947.
Para o log de 4000 RPM percebemos uma maior variação do 𝜆, que em média ficou
entre 0.935, um pouco mais rico que as rotações anteriores. Para manter o motor em uma
4.2. O ensaio 67
rotação praticamente fixa foi necessário manter o acelerador pressionado em 6,5%. Para
essa faixa de rotação o alvo de sonda 𝜆 é 0.945.
O log para 5000 RPM mostra o fator 𝜆 menos estável que as demais rotações,
tendo uma média de fator 𝜆 mais ricas que as demais, em aproximadamente 0,920, para
manter a rotação de 5000 RPM foi necessário manter o acelerador pressionado em 9,2%.
Para essa faixa de rotação o alvo de sonda 𝜆 é 0,930.
O mapa base para as condições de teste se mostrou com um bom funcionamento
em marcha lenta, onde conseguiu manter o 𝜆 praticamente estável em 1. Para as demais
rotações demonstrou ser um mapa seguro, mantendo uma mistura de ar combustível mais
rica, o que ajuda na refrigeração da câmara de combustível. Mesmo demonstrando um
bom funcionamento o mapa base precisa ser refinado, principalmente quanto a parte de
ignição.
68 Capítulo 4. resultados
4.4 O inversor
Para o correto funcionamento do inversor foi necessário fazer a verificação das
ligações de potencia do sistema, foi verificado que a ligação da parte de potência do
sistema está correta.
A configuração e a parametrização do inversor pode ser feita a partir de um com-
putador ( necessita um cabo especial) e diretamente pela IHM, modo o qual foi feita a
parametrização. O fabricante enviou os parâmetros de configuração do inversor que foram
inseridos um a um pela IHM, a tabela com todos os parâmetros estão no Anexo A.
Mesmo após a configuração não foi possível fazer a inicialização do motor tanto
pela IHM quanto pelo computador, ou seja, o sistema de freio elétrico do motor ainda
não está operando.
4.5. O chicote 69
4.5 O chicote
Os diagramas de ligação do chicote são de extrema importância para manutenção e
atualização do sistema, a ligação da fueltech 550 é feita a partir de dois chicotes diferentes
tendo o conector A e o conector B. O sistema possui um conector de engate rápido AMP
de 37 vias responsável por unir o chicote do motor com a injeção eletrônica. O diagrama
de ligação desses conectores pode ser vista abaixo.
Figura 51 – Chicote A
[O Autor]
Figura 52 – Chicote B
[O Autor]
5 Conclusão
Referências
PEçA, C. da. Veja como é a fabricação da vela de ignição. 2019. Disponível em:
<https://www.canaldapeca.com.br/blog/como-e-feita-a-vela-de-ignicao/>. Citado na
página 46.