Artigo AdesaoTemposDitadura
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Artigo AdesaoTemposDitadura
ANANINDUA-PA
2022
BEATRIZ PAIVA DE ARAÚJO
ANANINDEUA-PA
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com
ISBD Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Pará
Gerada automaticamente pelo módulo Ficat, mediante os dados fornecidos pelo(a)
autor(a)
Agradeço, especialmente aos meus pais, Alcileno Araújo e Patrícia Araújo, excelentes
ouvintes e pacientes nos dias que chegava em estado de agonia em casa. Obrigada por serem
ouvintes, conselheiros e incentivadores que nunca mediram esforços para o meu crescimento,
sempre oferecendo amor e dedicação a mim e minha irmã Júlia Araújo. Na mesma medida
agradeço aos meus familiares Alciana Araújo, Joana Araújo, Cleiciane Paiva, José Jodelma e
Sônia Paiva que sempre estiveram comigo, apoiando e sendo solícitos as minhas demandas
materiais e de afago em momentos de crises nessa jornada universitária que foi a graduação.
Ao meu orientador, Dr. Adilson Junior Ishihara Brito que desde o nosso primeiro
contato o admirei em sua função quanto docente. Este que me fez ingressar no mundo das
pesquisas e leituras bem orientadas. Não posso deixar de dizer o quão paciente e compreensivo
foi neste meu processo de escrita, bem como nas diversas outras atividades que estivemos juntos
na academia. Aproveito para agradecer também ao Prof. Dr Cleodir da Conceição Moraes que
me disponibilizou um acervo, praticamente particular já que não encontrei nada em outro órgão
semelhante, essencial para minha pesquisa do presente Trabalho de Conclusão de Curso.
Aos meus amigos que tenho desde a infância e conquistei no Ensino Médio Beatriz
Aragão, Amanda Costa, Pedro Miranda, Karen Paiva, Aline Costa e Djair Júnior que estiveram
comigo oferecendo alegria, ajuda, escuta e saídas, tornando minha trajetória da vida e
acadêmica mais feliz e leve.
Sou imensamente grata aos amigos que fiz na faculdade de História, Ingrid Larêdo,
Ândria Nóbrega, Paulo Wesley e Lucas Leal. Se não fosse com a parceria dos mesmos não
conseguiria ter êxito sozinha, muito menos aguentaria a rotina pesada que foi o intervalar. Entre
risadas, cobranças, brigas, esforço e colaboração nossa relação foi construída, e sei que ficará
marcada em minha memória os anos que estivemos juntos na universidade.
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RESUMO
O presente artigo tem por objetivo problematizar a construção da memória histórica da
“Adesão do Pará à Independência do Brasil” pela política cultural da Ditadura Militar. Partindo
de pesquisas documentais, monumentais e de relatos orais, será analisado e exposto de que
forma os festejos cívicos, em particular o Sesquicentenário da Adesão do Pará, alcançou a
memória coletiva, e mais a ainda fomentou uma memória histórica do processo de Adesão em
1823 como marco fundador da integração do Pará à nação brasileira, relacionando no mesmo
sentido com o presente que o governo na Ditadura militar na década de 1970 quis propagar e
difundir o sentimento de nação,no qual o país patriota que se opunha a qualquer ameaça de
“comunismo” no país, viu nas comemorações uma forma de amenizar os conflitos existentes
no presente repleto de tortura e repressão, fazendo prevalecer a imagem do Brasil que alcançou
o “milagre econômico” a partir do regime autoritário.
Palavras-Chave: Adesão do Pará; Comemoração; Memória Histórica; Ditadura Militar;
Sesquicentenário da Independência;
* Este artigo é produto do Projeto de Pesquisa “Adesão do Pará à Independência do Brasil: memória e ensino de
história”, coordenado pelo Prof. Dr. Adilson Junior Ishihara Brito, desenvolvido com apoio do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Federal do Pará/Campus Universitário de
Ananindeua (PIBIC-UFPA).
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Licencianda em História pela Universidade Federal do Pará- Campus Ananindeua. E-mail:
[email protected]
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Introdução
Dentre tantas datas comemorativas que fazem alusão à história do Pará, uma das mais
representativas e pouco conhecida diz respeito à “Adesão do Pará à Independência do Brasil”
em 1823, comemorado no dia 15 de agosto2. O processo histórico e político que marcou a
última etapa para a fundação do Estado brasileiro é contado na historiografia tradicional de
forma cristalizada, como um processo que se deu de forma harmoniosa a partir de uma ampla
negociação entre os grupos dirigentes da antiga Província do Pará e os enviados militares da
Corte do Rio de Janeiro (BARATA, 1974; BAENA, 1969; MUNIZ, 1974; RAIOL, 1970).
A produção historiográfica, de viés político institucional, tomado como definitivo e
verdadeiro, sobre Adesão do Pará como o marco da sociedade paraense integrando a nação
brasileira independente, foi legitimada com a promoção pelo Instituto Histórico e Geográfico
do Pará do número especial da Revista comemorativa do centenário da Independência política
do do Brasil (REVISTA DO IHGP, 1922)3, revisitada e reeditada pela editora da
Universidade Federal do Pará (UFPA) nas comemorações do Sesquicentenário da
Independência do Pará em 1973, sob o título Adesão do Pará à Independência e Outros
Ensaios (MUNIZ, 1973).Esta última produção fazia parte de uma comemoração maior que
foi o Sesquicentenário da Independência do Brasil, programado pelo General Emilio
Garrastazu Médici, o Conselho Federal de Cultura e a Comissão Executiva Central (CEC) na
Ditadura militar, composta por os festejos cívicos em comemoração do Sesquicentenário
da Independência do Brasil, rememorando o passado de 1822 e ligando ao presente de 1972
fomentando a memória histórica de pertencimento à nação brasileira no ideário cívico
presente na Ditadura Militar brasileira (MAIA, 2014).
É na memória histórica “que entendemos a lista de eventos cuja memória é preservada
na história nacional” (HALBWACHS, 1995, p. 212), que tem função de cumprir o papel
social de formulação da identidade de um povo por meio da rememoração do fato histórico
vivido no passado e que pode ser utilizado e construído no presente. Para adentrar as
subjetividades individuais e promover um sentimento de pertencimento para com a
nacionalidade fabricada nos festejos do Sesquicentenário da Independência e da Adesão
2
No dia 10 de setembro de 1996 a Assembleia Legislativa do Pará sanciona o projeto de lei do deputado estadual
Zeno Veloso. A Lei Nº 5.999 em que “Art. 1º. O dia 15 de agosto, em que se deu a adesão do Pará à Independência
do Brasil, é declarado data magna do Estado do Pará e, como tal, feriado civil, nos termos do disposto no art. 1º
inciso II da Lei Nacional nº 9.093, de 12 de setembro de 1995” (PARÁ, 1996)
3
A Revista encontra-se disponível para consulta de forma digitalizada no site do IHGP:
https://ihgp.net.br/principal/
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podem ser analisados, uma vez que buscaram fomentar uma narrativa de um país livre,
prospero e patriótico desde que alcançou sua Independência.
A elite intelectual do Pará se encontrava insatisfeita com a produção e conhecimento
sobre o processo de Independência do Pará, e que juntamente ao Conselho Estadual de
Cultura do Pará (CEC-PA), a Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA) e instituições
educacionais e de pesquisa como a UFPA e o Instituto Histórico e Geográficodo Pará (IHGP)
promoveu um festejo cívico que viabilizasse uma memória histórica do Pará independente,
carregando o discurso de Nação, e mais ainda contra a ameaça do inimigo comum,o
“comunismo”.
Em 1973, a comemoração do aniversário de 150 anos desse processo histórico ensejou
a construção memorial da Adesão, no qual o governo estadual empreendeu recursos materiais
e humanos para legitimar a efeméride heróica do passado. O Sesquicentenário da Adesão foi,
desta feita, o palco de amplo projeto social e cultural, capitaneado pela Secretaria de Cultura
do Pará, com o objetivo central de elevar a “Adesão” ao patamar de referência de civismo
nas instituições públicas do Estado, assim como na rede pública de ensino. Podemos pensar
as iniciativas nas escolas através de projetos de ensino de História que obedeciam à um
escopo político pedagógico bem mais amplo, que na década de 1970 utilizou de políticas
educacionais e pedagógicas como o locus privilegiado para o desenvolvimento dos conteúdos
e dos métodos utilizados no processo ensino-aprendizagem sob a influência direta dos
aparelhos estatais com intento de implantar um patriotismo abstrato, acrítico e
homogeneizador nas crianças e nos jovens brasileiros (FONSECA, 2006).
Nos festejos da Adesão houve toda uma política de produção cultural voltada para
uma série de atividades intelectuais que tinham por objetivo central difundir uma memória
histórica do passado amazônico a partir de produções historiográficas como: a promoção de
um concurso nacional de monografias e a reedição de diversas obras eleitas como canônicas,
sempre com a ideia de promoção do sentimento de identidade com a nação brasileira. Foram
promovidos, também, concursos de redação dentro de programações especiais nas principais
escolas do Estado – coma o Instituto de Educação do Pará (IEP) e o Colégio Estadual Paes de
Carvalho (CEPC) -, bem como inauguração de novos monumentos, como a Estátua da
Liberdade e a pintura em painel “Adesão do Pará à Independência” (1974), localizados no
hall de entrada da ALEPA, requeridos pelo ex Deputado Gerson Peres. Estes monumentos
carregaramm de sentido cívico ideia de nação pacífica e unida de um Pará inventado
simultaneamente no passado do processo de Independência como no presente de controle e
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Entendemos a denominação como o resultado do plano econômico organizado no Programa de Ação Econômica
do Governo - PAEG (1964) dos militares que consistia na redução da inflação, reorganizar as políticas tributarias
e monetárias, acelerar o desenvolvimento econômico e assegurar, pela política de investimentos, oportunidades de
emprego produtivo à mão-de-obra. O programa passa a ter os primeiros resultados em 1967 e se estende até 1973.
Entre 1968 e 1973, o PIB brasileiro aumentou a uma taxa média superior a 10% por ano, a inflação anual variou
entre 15% e 20%, e o crescimento anual da construção civil foi em média de 15%, no entanto abriu espaço para
uma maior concentração de renda, aumentando a desigualdade social (EARP & PRADO, 2003; GIANNASI, 2011).
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E vendo neste cenário otimista (em especial para elite brasileira) do país que o
General Médici resolveu relacionar diretamente as comemorações do Sesquicentenário da
Independência do Brasil ao “progresso” econômico da nação brasileira. Nesse sentido,
Médici, ainda em 1971, instituiu a Comissão Nacional como responsável para programar e
coordenar comemorações em geral, e, em janeirode 1972, instalou a Comissão Executiva
Central5 (CEC) sob a presidência do historiador e político Arthur Cesar Ferreira Reis e o
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Vale destacar que desde 1964 a ditadura
buscou por meio da cultura exercer seu controle através dos festejos cívicos, dentro do recurso
de propagandas políticas nacionais, como a do “Brasil, ame-o ou deixe-o”, fundamentais
para o cumprimento desta política cultural de controle estatal (MORAES, 2006; CORDEIRO,
2012).
De acordo com Janaína Cordeiro (2012), a festa inicia em 21 de abril e termina no 7
de setembro de 1972, perpassando o território brasileiro e fomentando as comemorações
locais de cada Estado nos seus processos de Adesão à Independencia, que foram dirigidas
pelas Comissões Executivas Estaduais. O festejo foi composto de uma diversidade de
atividades, como expõe Cordeiro:
5
Comissão Executiva Central, criada pelo decreto 69.922, de 13 de janeiro de 1972.
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A peregrinação dos despojos concorreu com outras figuras nacionais consagradas como
heróis. É o caso da capital cearense que recebeu nos “rituais cívicos- fúnebres” em julho os
despojos de D. Pedro I consagrado como o que “trouxe a liberdade do país”, em 18 de julho
os de Castelo Branco que foi dotado de sentido como o responsável pela “revolução de 1964”
e a presença do presidente Emílio Médici que foi visto e divulgado como o “presidente do
milagre” (CORDEIRO, 2012, pp. 76-81). Esses sujeitos rememorados do passado e dotados
de sentidos ligados ao presente da Ditadura, devem ser pensados pela urgência e força daquele
presente. Dotando assim o caráter do passado de acordo com aquele presente
(LOWENTHAL, 1998, p.75) de patriotismo e consolidando o sentimento de pertencimento
à nação brasileira no seio da população.
Os festejos dos 150 anos da Independência do Brasil divulgaram a narrativa de país
integrado e patriota, promovendo a festa cívica por um discurso otimista do passado e daquele
presente brasileiro, onde o civismo incorporou a ideologia nacionalista-conservadora,
sobrepondo à cidadania ao “desconsiderar a legitimidade dos interesses políticos conflitantes
existentes na sociedade; limitar a capacidade de organização política coletiva; aviltar a
liberdade de expressão e os direitos individuais em nome de supostos valores superiores
nacionais” (MAIA, 2015, p. 96).
Outro aspecto a ser posto referente ao uso dos festejos cívicos Roberta Araújo (2017)
exclama a propaganda ufanista, em que militares acreditavam que eram portadores de um
“novo tempo”, buscando, através de toda teatralização de narrativas que ocorrem nas
comemorações a capacidade de anular ou suspender os conflitos da sociedade no tempo
presente (OZOUF, 1976). Nesse sentido, trazer um acontecimento do passado para projetar
um futuro de glória por meio da comemoração cívica, teve como objetivo, impalntar por meio
da pedagogia cívica uma aceitação do regime autoritário por parte da população, camuflando
a realidade de tortura (ARAÚJO, 2017, p.63).
Há uma problemática nesta propagação da narrativa de nação, uma vez que, como foi
visto, se desenvolve a partir do ato de rememorar um passado cristalizado, em que o processo
histórico da Independência em 1823 se deu por “grandes homens” e “ foram heróis” para um
Brasil livre. Deixando de lado os conflitos, revoltas e a participação da população no processo.
Rememorar e comemorar o passado não é um problema, pois como afirma David Lowenthal
opassado é necessário, caso contrário ninguém se responsabilizaria pelas consequências de
seus feitos (LOWENTHAL, 1998). A problemática está no passado histórico que é pensado
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Tomaremos o conceito de lugares de memória desenvolvido por Pierre Norra (1993), como todo e qualquer
monumento e documento instituídos nos festejos da comemoração da Adesão. Entendendo que foram projetados
com a finalidade de preservar e perpassar valores e costumes de uma classe dominante (elite intelectual paraense),e
que na memória coletiva foi construído tanto coletivamente quanto pelo Estado.
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Grão Pará, 1820-1823: gênese, estrutura e fatos de um conflito político7. Sua obra carrega a
historiografia tradicional sobre o processo, consagrando a versão elitista de que os envolvidos
na “sessão histórica” de 11 de agosto de 1823 estavam em consenso para decidir a
Independência, por outro lado fomentou a discordância da ideia de que o processo de adesão
no Pará foi feito à base de pressão do Império com o envio do General Grenfell “Foram, aliás
os brasileiros do Pará que facilitaram a subida da baía de Guajará ao brigue do oficial inglês,
que sem essa ajuda dificilmente ou certamente não chegar a Belém” (BARATA, 1974, p. 235).
Sua obra se detém em abordar desde a realidade política e social às vésperas da Adesão ao
processo de adesão e os conflitos existentes para firmar a Independência no Estado.
Vale destacar nesse contexto, participação da Universidade Federal do Pará no
concurso, que foi possível identificar transcrito nos Anais e também em recortes de jornais em
manchetes como:
Concurso aumentou prêmios: ... a Universidade ofereceu mais 25 mil cruzeiros para
aumentar os prêmios, que passaram a ter o seguinte valor: CR$ 50 mil e o segundo
de CR$ 20 mil. Para despertar mais interesse e possivelmente o número de
participantes, a Universidade Federal do Pará enviou a todas as Universidades do
Brasil o regulamento do concurso (O LIBERAL, 11/02/1973).
Para além desta iniciativa de implantar uma memória histórica da Adesão por meio do
concurso, houve outras proposições de reedição de obras que constam no Programa editorial:
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Foi possível o acesso de sua cópia com o Professor Doutor Cleodir da Conceição Moraes que disponibilizou seu
acervo com recortes de jornais, revistas do CEC-PA, e sua cópia do edital do concurso de monografias.
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O discurso integrador, presente na programação dos festejos, fica muito evidente nas Atas
de reuniões do CEC-PA, como a fala do Conselheiro Otávio de Mendonça em sessão ordinária,
após contar suas experiências em outras cidades que também estavam se organizando para suas
devidas comemorações a entrada no Império Brasileiro afirma:
oficiais, tomando o processo da Adesão apenas pelos grandes sujeitos e ocultando em grande
medida o lado de conflitos e disputas que ocorreram.
Segundo Karen Maknow Lisboa (2008) a comemoração convida a relembrar e refletir
sobre vida institucional, a escrever a (heroica) história dela, a homenagear sua existência e com
isso perfilar e fortalecer sua identidade, posto isto cabe mostrar a inauguração, 15 de agosto de
1973, do monumento da Estátua da Liberdade feito pelo artista plástico e escultor João Pinto
Martins (MORAES, 2006,) na Assembleia Legislativa do Estado do Pará. O monumento
carrega um discurso de Gerson Peres8 que, por meio do monumento, reafirma o contexto de
integração/nação pela vontade e exercício da Liberdade, comparando as inciativas de aderir à
independência, o golpe de 1964 e a função da Assembleia Legislativa como esse exercício do
que ele acredita ser Liberdade, afirmando o monumento ser a “vontade de todos” (A
PROVÍNCIA DO PARÁ, 16/08/1973, 1º caderno).
O Sesquicentenário da Adesão, conforme Moraes (2006) expõe, no dia 14 de agosto de
1973 recebe figuras como o Pedro Calmon e o príncipe D. Pedro de Orleans e Bragança nos
festejos com danças folclóricas no Bosque Rodrigues Alves, embora o príncipe tivesse ficado
encantado com aquela festa, “se limitou a bater palmas acompanhando o ritmo” das músicas:
A palestra proferira por Pedro Calmon marca mais uma vez as tentativas da Ditadura
em associar, por exemplo, pela ideia do “bandeirante” como um recurso simbólico de atrelar o
8
Gerson nasceu em Cametá, 2 de maio de 1931, no interior do Pará, e recebeu a sua educação jurídica na
Universidade Federal do Pará (UFPA). A carreira política começou em 1958, quando ganhou as eleições como
representante do estado. Peres chegou à sua eleição como vice-governador do Pará por meios indiretos, através da
chapa de Alacid Nunes. Mais tarde, ele serviu como Deputado Federal, terminando o seu último mandato em 2006.
Antes de falecer, em 21 de abril de 2020 acometido pelo coronavirus, ocupava o cargo de diretor regional do Senai
no Pará. Para mais informações biográficas consultar: https://www.camara.leg.br/deputados/74076/biografia
https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2020/04/21/ex-deputado-e-ex-vice-governador-do-para-gerson-peres-morre-
em-belem.ghtml
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O que nos faz pensar que a Adesão à Independência foi feita de fora do Estado para
dentro. Era, talvez, a maneira que a Ditadura encontrou para integrar a Amazônia ao Brasil,
neste contexto de desenvolvimento do país, que encontrou nas comemorações a melhor
oportunidade para estabelecer suas vontades Federais para as construções na região Norte, de
forma que fosse aceita e bem recebida em prol da nação.
Em resumo todo o festejo se deu como comemoração cívica, com militares, figuras
políticas e intelectuais. Iniciaram em 11 de agosto de 1973,no jogo de representar o passado no
presente, transmitir um significado - no caso das autoridades para a sociedade paraense do
referido ano – fomentando para isso, como exemplo uma exposição de documentos sobre a
“Adesão” na Biblioteca e Arquivo Público do Estado do Pará (APEP) disponibilizados pelo
também diretor do Arquivo e do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), Ernesto Cruz.
O festejo no dia 14 também teve a inauguração da sala “15 de agosto” no IHGP, onde o
presidente do CEC-PA, Clóvis Moraes Rego proferiu um discurso em homenagem à Domingos
Antônio Raiol (FOLHA DO NORTE, 15/08/1973) e logo após, como já exposto, houve também
apresentações culturais como as danças típicas da região (siriá, lundu e carimbo) no dia 14 no
Bosque Rodrigues Alves, onde o príncipe e Pedro Calmon estavam presentes (MORAES, 2006,
p. 48).
A comemoração do Sesquicentenário se encerra no dia 15, onde foi realizado o Te
Deum solene oficiado por D. Tadeu Prost na Catedral Metropolitana e sessão solene de
encerramento pela noite no Teatro da Paz, com a presença de diversas autoridades, entre elas o
Governador do Estado Fernando Guilhon, presidente do Conselho Federal de Cultura Arthur
Cezar Ferreira Reis, ministrando a palestra “Adesão do Pará a Independência” (O LIBERAL,
16/08/1973, p. 1)
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Moraes (2006), nos diz que Belém no contexto autoritário, os festejos seriam formas de
reforçar o patriotismo na sociedade paraense, uma vez que figuras como Arcebispo de Belém
D. Alberto Ramos tinha afirmado que a juventude paraense já estava contaminada:
Pelas ideias comunistas, além de atingir a própria Igreja, por esse motivo, aceitou
impassível a prisão dos padres denunciados após o golpe. Em agosto de 1973, era
hora de reforçar o patriotismo da sociedade paraense e sua crençanos governantes,
de ontem e de hoje, pois, se em 1823, os “patriotas” paraenses nos libertaram do
domínio português, os contemporâneos haviam garantindo a “liberdade” do povo,
livrando-o do “anticristo” representado peladoutrina comunista. Num debate mais
interno à Igreja, celebrava-se também, em 1973, a vitória do “Cristo patriota”,
símbolo do cidadão resignado com seu destino, conquistada em 1964, contra o
“Cristo socializante”, que operaprodígios revolucionários, defendido pelos padres
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9
A artista Anita nasceu em Alenquer, em 18 de agosto de 1920, batizada Ana Marques Batista, e casou com o
médico de ascendência italiana Nicolau Biagio Panzuti. Professora de pintura, tem mais de 70 quadros incluindo
aquarelas e telas a óleo figurando em coleções particulares no Brasil e no exterior. Essas informações foram
retiradas a partir da Entrevista com a mesma, realizada pelo Jonalista Carlos Boução em 2017 e que me foi
disponibilizada para ser degravada em 2018 e retiradas do Curriculum Vitae da pintora, que também me foi
disponibilizado pelo jornalista em 2018.
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Nasceu em 22 de abril de 1921, Betty (Beatriz de Araújo Santos) foi filha de José Veiga Santos, também artista
paraense, e herdou suas práticas; a mesma faleceu em 14 de abril de 2015 (FARIAS, 2016). Tendo mais de 50
quadros incluindo aquarelas nanquim, desenhos e telas a óleo figurando em coleções particulares no Brasil e no
exterior. Essas informações foram retiradas do Curriculum Vitae da pintora que me foi disponibilizado pelo
jornalista Carlos Boução em 2018.
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No intento de entender as ações das pintoras o jornalista Carlos Boução neste mesmo
encontro com a pintora e sua filha fez uma entrevista, a qual também disponibilizou para
colaborar. A partir de depoimentos orais ficou mais claro os ocorridos naquele momento
histórico e em certa medida, proporcionando o significado do painel. Anita Panzuti, única
aindaviva das duas que confeccionaram o painel, ao ser questionada pelo Jornalista Boução
sobre a produção e significado do painel para além do pedido da mesma por Gerson Peres,
Anita responde:
Bem... eu adorei fazer aquele quadro, queria saber como foi que Belém surgiu...
então através do quadro eu pude saber tudo sobre Belém. Sobre o Pará, né! ”. Ao
ser questionada sobre os três momentos retratados na tela a mesma diz: Foi tudo
tirado do livro do...como é o nome? Do livro...foi um daqui de Belém... eu pesquisei
tudo ali naquela casa no comércio... o ArquivoPúblico do Pará... eu passei um mês
lá pesquisando sobre esse quadro (ENTREVISTA CONCEDIDA POR ANITA
PANZUTI, Belém, 2017).
O que podemos observar a partir da descrição e pelo relato oral é que a painel assume
papel de propagar a visão cristalizada sobre a adesão em 1823, esta e que foi celebrada e
produzida na historiografia da mesma forma em 1923 por Palma Muniz. Pois fomenta uma
imagem harmoniosa do processo, e, em se tratando do presente que foi construído da Ditadura
Militar, cabia ainda deixar a Adesão como um fato histórico auspicioso de nação e integração
sem conflitos. Fica possível de se depreender é que a narrativa produzida na tela foi fruto de
uma pesquisa em produções tradicionais sobre o fato histórico da “Adesão”, sendo “cercado
de autoridades” e “demais pessoas ilustres do clero” e sendo um episódio “aclamado pelo
povo na praça”.
Essa afirmativa retiro da sua fala em que a pintora diz ter pesquisado no Arquivo
Público do Pará, e consultando os catálogos do Arquivo Público de 2022, como o “Fundo:
Secretaria da Capitania” é encontrado apenas documentações11 datadas do século XVIII e
XIX, portanto nos dá a possibilidade de inferir que suas fontes foram documentações oficiais
que mostram o processo histórico da Adesão a partir das principais figuras políticas
envolvidas, o que culminou no painel retratando os três momentos marcantes, segundo a
pintora, do processohistórico da Adesão: a assinatura da Ata de Adesão por D. Romualdo
Coelho no Palácio do Governador, a celebração pelo povo na praça pública em frente ao
Palácio, que estavam “entusiasmados com a separação definitiva do Pará e Portugal e sua
união a Nação Brasileira” e por último o Brigue Maranhão , embarcação que trouxe o General
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Documentações como: Alvarás, Correspondências da Metrópole com a Côrte e com os Governos, Ofícios da
Junta Provisória para com o Comandante Grenfell (1823-1829), Decreto-leis, Instruções, Relatórios e Tratados de
Reconhecimento da Independência do Brasil (1823-1828).
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A Anita Panzuti ela sempre foi uma mulher estudiosa, ela não tinha notoriedade,
mas ela pintava bem, a outra colega dela também quem ajudou ela. Então foi uma
obra dupla... E uma das causas fundamentais é realmente ocusto, né? Nós tínhamos
uma Assembleia organizada, mais pobre do que é hoje... hoje não! Hoje ela tem
tanto dinheiro que faz as suas malandragens lá dentro, não agora, mas passou já
isso... E isso aí eu posso te dizer que foi a dificuldade... que eles não ganharam
alguma coisa, eu é que ajudei eles dentrodos limites, né? Eu tinha muita amizade,
porque ela era minha comadre também, então esse era o problema... então eu disse:
Anita tu tens coragem defazer? E ela disse: “Não... eu faço isso com a minha colega,
e tal”... Então mãos à obra, eu vou te arranjar um agrado. Ela fez mais por amor à
terra, e achou que ia ajudar um amigo da família (ENTREVISTA CONCEDIDA
POR GERSON PERES, Belém, 12/12/2018).
Sentido de uma integração, de pacificação... que o fato mais sólido que ocorreu foi
quando se colocou um bispo para amainar a fúria indomável dos que queriam fazer
pela força da violência, na garra! Esse que é o sentido fundamental daquele quadro
ali... temos a Igreja, a Igreja nesta época tinha uma ligação com o Estado muito
forte, né? Muito grande, como é até hoje! Sevocê me pedisse para pintar um quadro
sobre a Revolução de 1964... eu ia mandar botar primeiro uma beleza de procissões
com terços na mão das mulheres, todas rezando na rua para não entrar o comunismo
(ENTREVISTACONCEDIDA POR GERSON PERES, Belém, 12/12/2018).
No trecho o que se pode perceber é uma narrativa anticomunista, com teor religioso, o
discurso se remete à uma visão sobre figuras religiosas como Dom Romualdo de Souza
Coelho que estavam ali (processo de “Adesão” do Pará à Independência) para “amainar a
fúria” dos que estavam contra a “Adesão” que na verdade queriam um governo popular, o
que culminou em diversas revoltas na primeira metade do século XIX na sociedade paraense.
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Essa produção de sentido sobre a Adesão estava coadunada com a necessidade pragmática da
Ditadura Militar para o contexto político e social da década de 1970, que consistia em propagar
a imagem de um regime aceito, e sem “fúria” na população brasileira.
Gerson Peres ainda faz relação com os conflitos na Cabanagem, e por isto muitas vezes
cita a figura Dom Romualdo que segundo ele foi peça central contra a Cabanagem na sua
terra natal Cametá. Para o Deputado “A Revolução foi acabada com a presença de Dom
Romualdo de Sousa Coelho, cametaense! ... Ele foi o homem que conseguiu conciliar,
conseguiu integraro Pará e o Brasil ao Império português, e depois nós buscarmos nossa
independência do país durante os conflitos” (ENTREVISTA CONCEDIDA POR GERSON
PERES, Belém, 12/12/2018).
Ao mesmo tempo em que se remete ao passado, na fala de Gerson fica perceptível a
relação entre passado e presente, como tentativa de dar o sentido heroico tanto no passado
como processo de Adesão 1823, quanto no presente pós “revolução de 1964”. Onde revisitar
e comemorar aquele passado nos festejos cívico do presente atendia às necessidades da
Ditadura Militar. Que viu, pelas autoridades políticas do Pará, o Sesquicentenário como
símbolo de integração da Amazônia no desenvolvimento do país, e ainda colaboradores para
um país patriótico, harmonioso e cívico, sem a presença do comunismo.
O painel transmite a visão da Adesão do Pará à Independencia como um processo sem
conflitos, descarta por exemplo a existencia da sangria vivida no Brigue Palhaço 12, por uma
versão harmoniosa. Mas no discurso de quem à encomendou que foi o Deputado Gerson
Peres, carrega a lógica para além da harmonia da nação, uma manifestação contra os
movimentos contrários às autoridades vigentes de 1823 e 1973, a cabanagem e os comunistas
respectivamente. Para entender este discurso e posicionamento de Gerson Peres, basta
recapitularmos sua vida política durante a década de 1960
12
De acordo com Magda Ricci após a assinatura da Adesão do Pará à Independência do Brasil, “deixamos de
pertencer ao império português, para pertencer ao império brasileiro”, e isto deixou, principalmente a camada mais
pobre, escravos e mestiços muito insatisfeitos, desencadeando uma série de revoltas, e a primeira foi “três meses
após a adesão, uma revolta das tropas paraenses em Belém, que foi duramente reprimida e conhecemos pela
denominação de Brigue Palhaço. Exatos 256 paraenses que lutavam por direitos iguais aos dos portugueses que
aqui viviam foram confinados no porão do navio São José Diligente e morreram asfixiados, sufocados ou até
mesmo fuzilados”. Estas informações podem ser acessadas na matéria digital publicada em 14 de agosto de 2017
no Portal da UFPA. Disponível em: https://portal.ufpa.br/index.php/ultimas-noticias2/406-pesquisadora-da-ufpa-
explica-a-historia-do-feriado-de-15-de-agosto
28
havia “tido atuação corajosa nos debates, antes de 31 de março, opondo-se ao PSD
e aos comunistas, no plenário da Assembleia Legislativa” (MORAES,2006, pp. 25-
26).
Em seu discurso repete muitas vezes a função do painel, que no passado com os conflitos
na Cabanagem e as invertidas para de fato o Pará integrar a Independência do Brasil e aquele
contexto de repressão nas décadas de 1960 e 1970, serviu para transmitir a imagem de que
“nóssomos um povo pacífico, um povo cristão, e também para mostrar o outro lado mais
pacífico de resistência ao movimento que se espalhou, e ia acabar tendo uma grande revolução
de mortespara a época. Então evitamos a luta sanguinária” (ENTREVISTA CONCEDIDA
POR GERSON PERES, Belém, 12/12/2018). Compreende-se por fim que a função
pedagógica dessepainel é para reafirmar uma versão da “Adesão” repleta de acordos e que se
deu de forma sutile agradável pensado de acordo com o contexto do regime autoritário, e
mais ainda estabelece relações com outros processos históricos como a Cabanagem, mas que
principalmente foi encomendada para dar coesão e afirmação de que o Pará foi importante
para a construção do país livre e Independente.
Considerações finais
Considerando o exposto fica fácil perceber que a grande e diversa mobilização das
instituições governamentais, figuras políticas e religiosas, e uma parcela de intelectuais da
sociedade paraense da década de 70, buscou construir uma memória coletiva, juntamente ao
festejo cívico nacional do Sesquicentenário da Independência, que via no processo histórico
daIndependência o mito fundador da nação brasileira e que era então reforçado na Ditadura
Militar a integração desta nação que comemorava também seu “milagre econômico”. Tudo
em busca de continuar propagando a ideia de um país não conflituoso e que seguia as ideias
de ordem e progresso.
Analisar as comemorações do Sesquicentenário no Pará é perceber o significado
desses artifícios de uma comemoração cívica para um fim pedagógico na sociedade. Afinal
“criações de monumentos materiais e imateriais, comemorações cívicas, a narrativa histórica
dos grandes homens, uma história positivista dos acontecimentos” (PINSKY, 2012) são
postas à sociedade para firmar um ideal, e nesse contexto o ideal de integração nacional.
Investigar a fabricação memorial da “Adesão” nessa temporalidade, faz refletir sobre os
impactos que essa narrativa feita por meio de uma construção monumental da “Adesão” toca
a sociedade paraense, o que éperceptível não foi de grande impacto, haja vista que se trata de
um episódio pouco conhecido entre os mesmos, sem um reconhecimento ou sentimento de
29
a preocupação é ensinar a história tida como oficial e não fomentar uma criticidade nos alunos.
Nos últimos momentos de pesquisa no ano de 2022 ao visitar a exposição “Sentinela
do Norte: A Independência do Brasil no Grão-Pará”13 que teve abertura em 18 de maio no
Instituto Histórico e Geográfico do Pará, já se pode observar uma outra narrativa, não se
desvencilha dosmarcos históricos oficiais mas busca, segundo Aldrin Figueiredo, “ fazer uma
nova leitura do processo de independência do país a partir dos acontecimentos e do olhar
histórico que se originam na Amazônia e na Região Norte do Brasil, por isso o título
Sentinelas do Norte”. A exposição cumpre com o que se propõe, tendo uma diversidade de
fontes como o próprio “programa de comemorações” elaborado pelo CEC-PA em 1973,
além de incluir novos atorese sujeitos sociais nas leituras da Independência do Brasil no Pará,
como mulheres, indígenas ecrianças.
A forma como estão rememorando este passado de forma inclusiva e pelo olhar do
Norte fomenta mais criticidade e participação da população. Estudar e analisar os festejos
cívicos pelo olhar crítico se fazem importante quando possibilita pesquisas sobre esses
espaços e narrativasque interagem com um todo até o tempo presente, possibilitando novas
narrativas sobre os espaços públicos que estiveram envolvidos nas comemorações do
Sesquicentenário da Adesão.Essas novas narrativas sobre os festejo cívico, na possibilidade
da História Pública, e tambémno ensino de História, viabilizam a percepção dessas dinâmicas
intelectuais e temporais de forma a favorecer os discentes e docentes da Educação Básica na
compreensão e discussão sobre a cidadania como participação social e política no presente e
no passado; estimula também ao posicionamento crítico, responsável e construtivo diante das
variadas diferenças sociais presentes tanto hoje como no passado, distanciando o processo
ensino aprendizagem damemorização e aproximando-o cada vez mais do processo educativo
que o Ensino de História precisa construir.
13
“A exposição será organizada em quatro núcleos, recuperando três momentos históricos importantes, sendo eles
a Independência do Brasil, que completa 200 anos em 2022; a Adesão do Pará à Independência do Brasil, que
celebra bicentenário no dia 15 de agosto de 2023; e a Confederação do Equador, movimento que partiu de
Pernambuco, mas houve a participação do Pará e completa 200 anos em 2024” contendo “parte do acervo
museográfico, bibliográfico e arquivístico do próprio instituto relativo à Independência e sua rememoração em
diferentes épocas”. Trecho disponível em: https://portal.ufpa.br/index.php/ultimas-noticias2/13630-exposicao-
sentinela-do-norte-a-independencia-do-brasil-no-grao-para-tera-abertura-nesta-quarta-18-de-maio
31
ABSTRACT
The present article aims to problematize the construction of the historical memory of the
Accession of Pará by the cultural policy of the Military Dictatorship. Based on documental,
monumental, and oral accounts research, it will be analyzed and exposed how the civic
celebrations, in particular the Sesquicentennial of the Accession of Pará, reached the collective
memory, and even more so how it fomented a historical memory of the Accession process in
1823 as a founding mark of the integration of Pará to the Brazilian nation, In the same way, it
relates to the present that the government of the military dictatorship in the 1970s wanted to
propagate and spread the feeling of nationhood, where the patriotic country that opposed any
threat of Communism in the country, saw the commemorations as a way to ease the existing
conflicts in the present full of torture and repression, making prevail the image of Brazil that
achieved the "economic miracle" from the authoritarian regime.
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