Processo Penal I
Processo Penal I
Processo Penal I
Sistema Inquisitório
Não há separação das funções de acusar, defender e julgar, acumulados em uma única
pessoa (juiz inquisidor: o que ofende a imparcialidade)
Acusado não é sujeito de direitos, sendo tratado como objeto do processo (daí a
possibilidade de tortura para a obtenção da verdade)
Gestão da prova: concentrado nas mãos do juiz
Sistema acusatório
há separação das funções de acusar (em regra MP), defender (advogados ou DP) e
julgar (juiz)
acusado é sujeito de direitos, com amplas garantias: devido processo legal,
contraditório, ampla defesa, etc.
Gestão da prova: recai precipuamente sobre as partes. Atuação do juiz é excepcional
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LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
relativizado quando em conflito com outros valores de similar importância
constitucional. O núcleo da presunção de inocência não pode ser relativizado (teoria
dos limites dos limites). Todavia, a presunção de inocência possui além do núcleo (que
não pode ser relativizado), um âmbito de proteção mais ampla (proteção prima facie),
que pode ser relativizado com base no princípio da proporcionalidade (ponderação de
interesses), quando outros valores constitucionais sobrepujarem. Essa é uma tendência
de vários países democráticos pelo mundo afora. E no Brasil, também percebemos essa
evolução. Vejamos exemplos colhidos dos nossos Tribunais Superiores:
3- A Súmula 444 do STJ, que trata dos maus antecedentes, tem como base a
presunção de inocência: é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações
penais em curso para agravar a pena-base. Da mesma forma decidiu o STF, em
sede de repercussão geral: RE 591054. A presunção de inocência não é um
direito absoluto, podendo ser relativizada (princípio da proporcionalidade) ante
outros princípios constitucionais (no caso, a igualdade e a individualização da
pena).
3. Prisão cautelar
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LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;
4. Execução Provisória da Pena.
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Ainda está pendente de julgamento pelo STF (RE 1235340) a compatibilidade do art. 283 do
CPP com a soberania dos veredictos (art. 5º XXXVIII “c” CF), ganhando ainda mais força com a
previsão expressa do art. 492 I “e” do CPP, que estabelece a execução provisória da pena
decorrente de condenação pelo Tribunal do Júri, quando igual ou superior a 15 (quinze) anos de
reclusão.
os outros valores protegidos pelo sistema judicial-penal passam a ter mais peso do que
a presunção de inocência e, portanto, devem prevalecer. A ponderação é feita com o
auxílio do princípio da proporcionalidade, que possui duas vertentes: a) proibição do
excesso; b) vedação à proteção deficiente. Um sistema em que os processos se
eternizam, gerando longa demora até a punição adequada, prescrição e impunidade
constitui evidente proteção deficiente dos valores constitucionais abrigados na
efetividade mínima exigível do sistema judicial-penal.
Em conclusão, a presunção de inocência pode ser relativizada, não sendo um
valor absoluto. Será, portanto, relativizada para permitir a execução provisória da pena
em duas hipóteses: a) havendo exaurimento do julgamento pela segunda instância,
cabendo apenas recursos excepcionais (especial e extraordinário) que não possuem
efeito suspensivo, prevalecendo na hipótese a proteção eficiente dos bens jurídicos
tutelados pelo sistema judicial-penal e a efetividade da função jurisdicional-penal
do Estado; b) quando exaurido o julgamento pelo Tribunal do Júri, onde qualquer
recurso (apelação, especial ou extraordinário) não poderá substituir a análise fática-
probatória já firmada pelo Júri, prevalecendo na hipótese a soberania dos veredictos.
Identifica-se, assim, o núcleo da presunção de inocência (delimitado temporal e
processualmente: até o fim das instâncias ordinárias ou até o fim do julgamento pelo
tribunal do júri). O núcleo da presunção de inocência não pode ser relativizado (teoria
dos limites dos limites). Todavia, a presunção de inocência possui além do núcleo (que
não pode ser relativizado), um âmbito de proteção mais ampla (proteção prima facie),
temporal e processualmente estabelecido (após o fim das instâncias ordinárias ou após
o fim do julgamento pelo tribunal do júri) que pode ser relativizado com base no
princípio da proporcionalidade (ponderação de interesses), quando outros valores
constitucionais sobrepujarem (como a proteção eficiente dos bens jurídicos tutelados
pelo sistema judicial-penal, a efetividade da função jurisdicional-penal do Estado e
a soberania dos veredictos).
maneira, na fiscalização de trânsito por meio das chamadas blitze ou barreiras de trânsito (artigo 269, §1º
da Lei 9.503/97), incidindo preferencialmente sobre veículos conduzidos em vias públicas onde
numericamente haja maior incidência de delitos de trânsito ou possivelmente sejam utilizados como rota
de fuga de criminosos. Insere-se no âmbito do poder de polícia e, em que pese nem sempre ser vista com
simpatia por quem a ela se submete, é importante. Também pode ser empregada na vistoria de veículos e
pessoas em portos, aeroportos ou pontos de fronteira alfandegados (artigo 34 do Decreto-Lei 37/66), de
modo a incrementar a segurança de todos dentro do território nacional.Tais hipóteses, apesar do
desconforto e constrangimento para quem é revistado, são lícitas por representarem medidas de prevenção
em benefício da sociedade.A tarefa de prevenir a ocorrência de delitos por meio da busca pessoal
preventiva pode ocorrer também em outras situações nas quais não há dispositivo legal expresso, como na
fiscalização de pessoas que transitem por determinadas regiões estatisticamente afetadas pela
criminalidade violenta (locais de risco).Por fim, pode ser empregada para vistoria de presos e visitantes
em estabelecimentos penais. Sua importância decorre das incessantes tentativas de ingresso de drogas,
armas e aparelhos celulares nesses locais (HOFFMAN, Henrique. Além de investigativa, busca pessoal
pode ser preventiva. Conjur).
AÇÃO DECLARATÓRIA DE
CONSTITUCIONALIDADE. DIREITO
CONSTITUCIONAL E PENAL. CRIME PREVISTO NO
ART. 305 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO NACIONAL.
SOLUÇÃO DA CONTROVÉRSIA EM ÂMBITO
NACIONAL QUANDO DO JULGAMENTO DO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO EM REPERCUSSÃO
GERAL. MANUTENÇÃO DO ENTENDIMENTO. AÇÃO
JULGADA PROCEDENTE. 1. A regra que prevê o crime
do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº
9.503/97) é constitucional, posto não infirmar o princípio
da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e
ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da
antijuridicidade. Precedente. 2. Ação direta julgada
procedente. (ADC 35, Relator(a): MARCO AURÉLIO,
Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Tribunal Pleno,
julgado em 13/10/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
272 DIVULG 13-11-2020 PUBLIC 16-11-2020)
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Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência: Infração - gravíssima; Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do
direito de dirigir por 12 (doze) meses. Medida administrativa - recolhimento do documento de
habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no § 4 o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23
de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. Parágrafo único. Aplica-se em dobro a
multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses.
Art. 277 § 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada mediante
imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran,
alteração da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito
admitidas.
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Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas -
detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor. 1o As condutas previstas no caput serão constatadas
por: I- concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou
superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou II - sinais que indiquem, na
forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. § 2o A verificação do
disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame
clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos,
observado o direito à contraprova.
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Infração administrativa: Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia
ou outro procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância
psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277.
Quando alguém exercita um direito (direito de não-autoincriminação) não pode sofrer
qualquer tipo de sanção. O que está autorizado por uma norma não pode estar
proibido por outra. Somente se houver recusa a exame clínico (que não envolve o
corpo do cidadão e não exige dele uma postura ativa), por não ser direito do cidadão,
cabe a penalidade da infração administrativa (GOMES, Luiz Flávio. Lei seca: acertos,
equívocos, abusos e impunidade. Disponível em http://www.lfg.com.br). Em sentido
semelhante, a PGR na ADI 4103 que discute dispositivos da Lei Seca.
5. Identificação genética.
Recentemente foi publicada a lei 12654/12, que trata da identificação genética
em sede de identificação criminal (alterando a lei 12037/09 10) e em sede de execução
criminal (alterando a LEP), nos casos especificamente previstos. Diz a lei que a
identificação genética se dará através de coleta de material biológico, para extração de
DNA, através de técnica adequada e indolor. Todavia, o acesso ao material - que
constará de banco de dados sigiloso - para efeito de comparação, depende de ordem
judicial. Já há vozes entendendo ser inconstitucional a obrigatoriedade do réu (seja
investigado, acusado ou condenado) a se submeter a tal identificação genética.
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Art. 1º O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nos casos
previstos nesta Lei. Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer
identificação criminal quando: IV – a identificação criminal for essencial às investigações
policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou
mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa. Art. 5º A
identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico [...] Parágrafo único. Na
hipótese do inciso IV do art. 3o, a identificação criminal poderá incluir a coleta de material
biológico para a obtenção do perfil genético.
de não produzir prova contra si mesmo. A invocação de
pretenso direito da espécie pela doutrina e jurisprudência
brasileiras é mais fruto de um slogan do que de uma
robusta argumentação jurídica. Portanto, há a
possibilidade legal e constitucional, com limites no
princípio da proporcionalidade, como os sugeridos, de
colheita compulsória de material biológico do acusado e
do investigado para exames genéticos em casos
criminais (MORO, Sérgio. Colheita compulsória de material
biológico para exame genético em casos criminais, RT 853/429-
441).
Em sentido contrário:
Como exemplo: caso Glória Trevi (havia suspeita de que essa cantora
mexicana, que ficou grávida, tinha sido estuprada dentro do presídio; aguardou-se o
nascimento do filho e o DNA foi feito utilizando-se a placenta desintegrada do corpo
dela), onde a prova foi colhida de forma absolutamente lícita.
Contraditório
a) direito à informação
b) direito à manifestação
c) direito à consideração dos argumentos manifestados.
Ampla defesa
b) Art. 366 do CPP Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do
disposto no art. 312.
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Daí decorre a necessidade de intimação do réu acerca dos atos processuais.
e) O direito à autodefesa, somado ao direito ao silencio, só abrange os fatos em tese
criminosos, não abrangendo sua qualificação pessoal, configurando, portanto,
o crime de desobediência (no caso de recusa – art. 330 do CP 12) ou de falsa
identidade (no caso de informação mendaz – art. 307 do CP 13). No tocante aos
dados de identificação, o acusado possui os deveres de informação e
veracidade. Isso se dá porque, no que se refere à qualificação, não há indagação
sobre fatos, não havendo motivos para a incidência da garantia da não auto-
incriminação ou ampla defesa. (MARTELETO FILHO, Wagner. O direito à não
autoincriminação no processo penal contemporâneo. Editora DelRey). No caso de uso
de documentos falsos com o mesmo fim, configurará o crime do art. 304 do CP.
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Podendo configurar a contravenção do art. 68 da LCP (infração subsidiária) caso não haja a
intenção de obter qualquer vantagem ou causar dano a outrem.
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Podendo configurar a contravenção do art. 68, parágrafo único, da LCP (infração subsidiária)
caso não haja a intenção de obter qualquer vantagem ou causar dano a outrem.
paridade de armas, a igualdade entre as partes, a lealdade e boa fé processual, até
mesmo o contraditório.
Defesa ampla não significa que não poder ser limitada. Ampla defesa significa
que não pode ser limitada irracionalmente. Em outras palavras, a ampla defesa
pode sofrer limitações racionais. Há situações em que a limitação da defesa é
necessária para permitir a efetividade da tutela do direito (MARINONI, Luiz
Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo
Civil - Teoria do Processo Civil. Vol. 1. RT. p. 354). Os direitos de ação e de defesa têm
de estar em equilíbrio e não propriamente em simetria absoluta. A eventual
restrição do direito de defesa, caso justificada racionalmente, não fere o direito
constitucional de defesa. (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz;
MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil - Teoria do Processo Civil. Vol. 1. RT.
p. 354). Daí a possibilidade de restrições – justificadas racionalmente – ao direito de
prova, aos recursos, bem como a possibilidade de diferimento da ampla defesa, ante
a necessidade de medidas cautelares urgentes.
Há a prova ilícita por derivação. De acordo com o art. 157 § 1º do CPP, são
também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (teoria dos frutos da árvore
envenenada). Todavia, há exceções: a) fonte independente (quando fontes autônomas
relevam elementos de informação que não guardam relação de dependência da prova
ilícita originária); b) descoberta inevitável (quando a prova derivada da ilícita seria
produzida de qualquer modo, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da
investigação ou instrução criminal); c) nexo causal atenuado (há um certo nexo entre a
prova colhida e a ilícita, todavia, não se trata de um liame direto e imediato; trata-se de
um nexo distante e diminuto, a ponto de juridicamente se desconsiderar a
contaminação)14.
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De acordo com a doutrina, a conexão não deve ser meramente causal, mas sim jurídica.
Assim, são critérios para diluir a conexão de antijuridicidade: lapso temporal entre a violação e
a prova derivada; gravidade da infração; natureza da prova derivada (se testemunhal, há
autonomia de vontade dos testemunhos), bem como a possibilidade de alcançar a prova
derivada por outros meios hipotéticos (AVILA, Thiago André Pierobom de. Provas ilícitas e
proporcionalidade. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília, 2006, p. 266).
Todavia, a prova poderá ser considerada lícita, pois tais garantias não são
absolutas. Podem ser relativizadas, seja pela lei, seja com base no princípio da
proporcionalidade.
Há quem defenda que o processo penal busca a verdade real. Todavia, o que se
busca no processo penal é a verdade processual possível. Só se condena quanto o
standart probatório isento de dúvidas razoáveis.
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Extorsão mediante seqüestro Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
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Corrupcao ativa - Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público,
para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício... corrupção passiva - Art. 317 -
Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:
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art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico I - se não há outro meio de salvar a vida
da gestante.
vigência da lei anterior (teoria do isolamento dos atos processuais ou teoria tempus
regit actum).
Exemplo: interrogatório ao final (desde 2008); protesto por novo júri (recurso que
não existe mais) desde agosto de 2008.
Afinal, o que é uma lei processual? Processual é a norma que repercute apenas no
processo, sem respingar na pretensão punitiva. Exemplo: provas, prisão provisória,
fiança, competência.
Considera-se penal toda e qualquer norma que afete, de alguma maneira, a pretensão
punitiva ou executória do Estado, criando-a, extinguindo-a, aumentando-a ou
reduzindo-a. Exemplo: que traz novo crime, que extingue o crime, que aumenta ou
diminui a pena, que diminui ou aumenta a prescrição.
Temos as normas processuais penais materiais: norma mista. Aqui prevalece, para
fins de aplicação no tempo, a parte penal (retroação benéfica e irretroatividade
maléfica). Exemplo: norma que altera a ação penal. Trata-se de assunto processual mas
que tem efeitos penais (na ação penal pública incondicionada, por exemplo, não há
decadência, não havendo a necessidade da vítima se manifestar em 6 meses contados
do conhecimento da autoria, sob pena de extinção da punibilidade). Estupro, era de
ação penal pública condicionada, em regra. Agora é de ação penal pública
incondicionada (225 do CP, desde 2018). Não retroage. A nova regra só se aplica aos
crimes praticados a partir de 2018.
manifestado adesão.
Em um determinado momento, o deputado diz sobre Fachin
que "todo mundo está cansado dessa sua cara de filha da puta
que tu tem, essa cara de vagabundo... várias e várias vezes já te
imaginei levando uma surra, quantas vezes eu imaginei você e
todos os integrantes dessa corte … quantas vezes eu imaginei
você na rua levando uma surra".
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços
da Câmara dos Deputados (não extensível aos governadores estad/distritais ADI
4764), será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas
infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
CARACTERÍSTICAS:
a) procedimento dispensável;
b) sigiloso (como regra - art 20 CPP). Não existe sigilo para o advogado: É
direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa (SV
14).
PRESIDÊNCIA DO IP:
Crimes federais: PF. De acordo com o art. 144, § 1º, I, CF, à Polícia Federal
incumbe a apuração de infrações penais contra a ordem política e social ou em
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas
públicas (contrabando, moeda falsa, tráfico internacional de drogas, evasão de divisas,
sonegação de impostos federais, terrorismo, etc).
DO VALOR PROBATÓRIO
Ação penal privada Requerimento do ofendido ou seu repr legal (6 meses contados
do conhecimento da autoria)
NOTICIA CRIMINIS
É a forma que é levada a efeito a notícia do crime à autoridade policial. Quando feita
por qq do povo é chamada de delatio criminis.
ARQUIVAMENTO
Quando o Ministério Público entende não ser caso de oferecimento da denúncia,
porque
a) o fato não configura crime
b) porque estão presentes causas de extinção da punibilidade
c) porque não há lastro probatório mínimo para a deflagração da ação penal
PROCEDIMENTO DO ARQUIVAMENTO
Com o pacote anticrime, o MP é soberano na análise do arquivamento, cabendo
reexame necessário ao PGJ ou a câmara de coordenação e revisão do MPF. Vítima é
intimada e pode recorrer. Também são intimados o investigado e o Delegado. Visa
favorecer o sistema acusatório.
ADI 6305- STF – novel art. 28 está suspenso. Prevalece a redação anterior ( o juiz
exercendo o papel anômalo de fiscal da obrigatoriedade da ação penal). O MP
promove o arquivamento, o Juiz caso discorde encaminha ao PGJ ou a câmara de
coordenação e revisão do MPF, que decidirá (pelo arquivamento, pelo oferecimento de
denúncia, ou novas diligências). Não cabe recurso (há exceções na jurisprudência).
EFEITOS DO ARQUIVAMENTO
Possibilidade de desarquivamento? Sim, quando houver provas novas.
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta
de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras
provas tiver notícia. Sumula 524 STF Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Provas substancialmente novas: inéditas (arma
encontrada com digitais do criminoso)
Provas formalmente novas: conhecidas mas
ulteriormente modificadas (testemunha revela a verdade
posteriormente, porque estava ameaçada)
Impossibilidade de desarquivamento? quando o arquivamento faz coisa julgada
Atipicidade ou extinção da punibilidade (salvo certidão óbito falsa)
Arquivamento implícito – quando o MP não se refere a todos os crimes e a todas as
pessoas – não existe no processo penal brasileiro
OUTRAS INVESTIGAÇÕES:
CPI 58 § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais (menos interceptação telefonica,
violação de domicilio e prisão, salvo flagrante), além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a
responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
Investigação do Ministério Público – PIC
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Investigação de autoridades com foro privilegiado (durante e com nexo com a função)
– depende de autorização do foro privilegiado
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
ART. 5º LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
Em sentido contrário:
Como exemplo: caso Glória Trevi (havia suspeita de que essa cantora
mexicana, que ficou grávida, tinha sido estuprada dentro do presídio; aguardou-se o
nascimento do filho e o DNA foi feito utilizando-se a placenta desintegrada do corpo
dela), onde a prova foi colhida de forma absolutamente lícita.
cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público,
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Controle judicial
Ouve-se o autor do fato com seu advogado, avalia-se a voluntariedade e a legalidade
(não o mérito)
AÇÃO PENAL
Conceito:
é o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal
objetivo a um caso concreto
norma de natureza mista – versa sobre processo penal, mas tem reflexos no direito
penal (decadência, renúncia, perdão do ofendido, perempção).
Condições
Condições genéricas
a) Legitimidade
Legitimidade ativa: pública – MP; privada - ofendido
Legitimidade passiva: a quem se imputa o crime praticado. Pessoa jurídica pode ser ré,
nos crimes ambientais.
b) Interesse: a necessidade de se recorrer ao Poder Judiciário para a obtenção do
resultado pretendido. Há quem defenda que nos casos de prescrição em
perspectiva não haveria esse interesse.
Súmula nº 438 do STJ: “É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da
pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da
existência ou sorte do processo penal”.
Condições específicas
a) Representação do ofendido, nos crimes de ação penal pública condicionada à
representação: é o que ocorre, por exemplo, com o delito de ameaça e estelionato (CP,
arts. 147, parágrafo único, e 171, §5º, respectivamente);
b) Requisição do Ministro da Justiça, nos crimes de ação penal pública
condicionada à requisição: cite-se, a título de exemplo de crime que depende de
requisição, os crimes contra a honra do Presidente da República (CP, art. 145, parágrafo
único);
c) Provas novas, quando o inquérito policial tiver sido arquivado com base na
ausência de elementos probatórios: sumula 524 STF
d) autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços de seus membros, para a
instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os
Ministros de Estado (CF, art. 51, I);
e) súmula vinculante n. 24, segundo a qual “não se tipifica crime material contra a
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do tributo”.
Breve classificação da ação penal
Ação penal pública incondicionada – regra – titular MP- denúncia
Ação penal pública condicionada (representação do ofendido e requisição do MJ) –
depende da lei – titular MP – denúncia
Ação penal privada – depende da lei – titular vítima – queixa crime
Ação penal privada subsidiária da pública – inércia do MP na ação penal pública –
titular vítima – queixa crime
Princípios
Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José: art. 8º, nº 4, “o
acusado absolvido por sentença passada em julgado não poderá ser submetido a novo
processo pelos mesmos fatos”.
Impede a dupla persecução, como impede a dupla condenação
O fato deve ser idêntico
O princípio impede novo processo pela simples alteração da condição do réu de autor
para partícipe ou da mudança do elemento anímico (de dolo para culpa).
Mas e na hipótese dessa sentença absolutória ter sido proferida por juízo
absolutamente incompetente? Decisão absolutória ou extintiva da punibilidade, ainda
que prolatada com suposto vício de competência, é capaz de transitar em julgado e
produzir efeitos, impedindo que o acusado seja novamente processado pela mesma
imputação perante a justiça competente. De fato, nas hipóteses de sentença absolutória
ou declaratória extintiva da punibilidade, ainda que proferida por juízo incompetente,
como essa decisão não é tida por inexistente (certidão de óbito falsa, a parte não pode se
beneficiar da própria torpeza), mas sim como nula, e como o ordenamento jurídico não
admite revisão criminal pro societate, não será possível que o acusado seja novamente
processado perante o juízo competente, sob pena de violação ao princípio do ne bis in
idem, o qual impede que alguém seja processado duas vezes pela mesma imputação.
c) Princípio da intranscendência: impessoalidade
Requisição do MJ
Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil 19; crime contra a
honra cometido contra o presidente da república ou chefe de governo estrangeiro
É possível a retratação – ate o oferecimento da denúncia
Não tem prazo decadencial
Mesma eficácia objetiva e subjetiva
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§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes
condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) a) entrar o agente no território
nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) ser o fato punível também no país em que foi
praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais
a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) d) não ter sido o agente
absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) e)
não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) § 3º - A lei
brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 1984) a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b)
houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Renúncia:
Cabe ao ofendido o juízo de oportunidade ou conveniência (princípio da oportunidade e
conveniência da acao penal privada) acerca do oferecimento (ou não) da queixa-crime.
Caso não exerça, caberá a decadência (decurso do prazo) ou renúncia (em que a vítima
abre mão da queixa, de forma expressa ou tácita).
Por força do princípio da indivisibilidade da ação penal privada (48 CPP), o processo contra
um obriga o processo contra todos, sob pena de renúncia tácita ao direito de queixa
contra os não processados, o que se estende aos demais (49 CPP)
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos
autores do crime, a todos se estenderá.
Perdão e perempção
Por força do princípio da disponibilidade da ação penal privada cabe o perdão da
vítima (expresso ou tácito) (tem que ter aceitação, que pode ser tácita) ou perempção
(abandono)20.
Art. 5º LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal;
20
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a
ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias,
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o
querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva
estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando,
sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
corpus buscando o trancamento da ação penal privada e
recorrer da decisão que concede a ordem. 3. A promoção
do arquivamento do inquérito, posterior à propositura da
ação penal privada, não afeta o andamento desta. 4. Os
fatos, tal como admitidos na instância recorrida, são
suficientes para análise da questão constitucional.
Provimento do agravo de instrumento, para análise do
recurso extraordinário. 5. Direito a mover ação penal
privada subsidiária da pública. Art. 5º, LIX, da
Constituição Federal. Direito da vítima e sua família à
aplicação da lei penal, inclusive tomando as rédeas da
ação criminal, se o Ministério Público não agir em
tempo. Relevância jurídica. Repercussão geral
reconhecida. 6. Inquérito policial relatado remetido ao
Ministério Público. Ausência de movimentação externa ao
Parquet por prazo superior ao legal (art. 46 do Código de
Processo Penal). Surgimento do direito potestativo a
propor ação penal privada. 7. Questão constitucional
resolvida no sentido de que: (i) o ajuizamento da ação
penal privada pode ocorrer após o decurso do prazo
legal, sem que seja oferecida denúncia, ou promovido o
arquivamento, ou requisitadas diligências externas ao
Ministério Público. Diligências internas à instituição
são irrelevantes; (ii) a conduta do Ministério Público
posterior ao surgimento do direito de queixa não
prejudica sua propositura. Assim, o oferecimento de
denúncia, a promoção do arquivamento ou a requisição
de diligências externas ao Ministério Público, posterior
ao decurso do prazo legal para a propositura da ação
penal, não afastam o direito de queixa. Nem mesmo a
ciência da vítima ou da família quanto a tais diligências
afasta esse direito, por não representar concordância
com a falta de iniciativa da ação penal pública. 8.
Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal. 9. Recurso extraordinário provido, por maioria,
para reformar o acórdão recorrido e denegar a ordem de
habeas corpus, a fim de que a ação penal privada
prossiga, em seus ulteriores termos. (ARE 859251 RG,
Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado
em 16/04/2015, PROCESSO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-094 DIVULG 20-
05-2015 PUBLIC 21-05-2015)
c) a classificação do crime
d) e, quando necessário, o rol das testemunhas (em regra: 8 testemunhas)
Embora se admita, nos crimes societários e de autoria coletiva, a denúncia geral, esta
não se confunde com a denúncia genérica, que é vedada pelo ordenamento pátrio.
Dessarte, apesar de, em hipóteses como a dos autos, não ser necessário detalhar
minudentemente as ações imputadas aos denunciados, é imprescindível que se
demonstre, ainda que de maneira sutil, a ligação entre sua conduta e o fato delitivo,
o que não se verifica na hipótese dos autos. (PExt no RHC n. 129.883/PR, relator
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 8/2/2022, DJe de
15/2/2022.)
ADITAMENTO