Semana 1 Dia 1 - Delegado
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Semana 1 Dia 1 - Delegado
Módulo I
SEMANA 1 DIA 1
LEGISLAÇÃO Art. 1° a 5° da CF
1.DIREITO CONSTITUCIONAL
1.1. CONCEITO
1.2. NATUREZA
O direito constitucional é ramo do direito público interno, que cuida das relações jurídicas
a envolver a figura de Estado.
Ressalte-se que, atualmente, também se tem entendido pela aplicação do direito
constitucional nas relações privadas, através da:
a) disciplina constitucional de alguns institutos de direito privado, como o casamento, a
família e as relações trabalhistas;
b) interpretação conforme a conforme a constituição de institutos de direito privado;
c) aplicação dos direitos fundamentais às relações privadas – o que a doutrina
convencionou chamar de eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
1.3. OBJETO
2. CONSTITUCIONALISMO E NEOCONSTITUCIONALISMO
De início, cumpre salientar, que o professor Pedro Lenza (2016), citando o professor
Canotilho, define o constitucionalismo como uma “teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do
governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização
político-social de uma comunidade”.
Nesse contexto, pode-se dizer que, em linhas gerais, o constitucionalismo parte da ideia de
que todo Estado deve possuir uma Constituição e avança no sentido de que os textos constitucionais
devem conter regras de limitação do poder autoritário e de prevalência dos direitos fundamentais,
inviabilizando que os governantes possam fazer prevalecer seus interesses na condução do Estado.
Entendido esse conceito inicial, passaremos a uma breve análise da evolução histórica desse
movimento constitucional até os dias atuais.
Grécia: A Grécia viveu, por dois séculos, um “Estado político plenamente constitucional”
(Karl Lowenstein), na qual foi adotada a mais avançada forma de governo: a democracia
constitucional. Nesta época, surgiu o conceito de politeia, um instrumento conceitual que buscava
definir uma forma de governo adequada para a polis (cidade-estado), considerando sua unidade e
identidade. A politeia era, como definiu Aristóteles, o “modo de ser” de uma comunidade, sociedade
ou Estado. Tratava-se de uma espécie de Constituição em sentido material (real). A partir da
politeia, os gregos desenvolveram as características políticas e estruturais da cidade-estado e
criaram componentes normativos autônomos (nomoi) para racionalizar o exercício do poder
estatal.
Roma: Durante o período republicano, Roma apresentava uma estrutura política complexa,
prevendo sistema de freios e contrapesos, através de um colegiado das magistraturas superiores,
com estipulação de mandato anual e proibição de reeleição imediata, participação do Senado na
nomeação de funcionários públicos e um sistema avançado para tempos de crise. Entretanto, os
avanços foram interrompidos com a ascensão de Júlio César ao cargo de Ditador vitalício e o início
do período imperial, logo em seguida (FERNANDES, 2016).
VUNESP – 2018 – TJ-MT – Juiz Substituto. Assinale a alternativa correta a respeito da Constituição
e do Constitucionalismo.
a) Nos Estados Unidos, diferentemente da França, a constituição americana deu pouca relevância
ao papel do juiz, dada a aversão à sua figura pelos revolucionários, reduzindo a função do Judiciário
a mero emissor da voz da lei.
b) A Constituição francesa de 1791 construiu um sistema fundado na supremacia do legislativo,
restando ao executivo a função de dispor dos meios aptos à aplicação da lei.
c) O modelo de constitucionalismo praticado no mundo contemporâneo segue, nas suas linhas
gerais, o padrão que foi estabelecido pela Constituição francesa de 1791, especialmente no que diz
respeito à função do Judiciário.
d) A Constituição norte-americana de 1787 e a Constituição francesa de 1791 são os dois marcos
mais importantes do Neoconstitucionalismo.
e) Influenciada pela revolução francesa e pelas revoluções americanas, a Constituição brasileira de
1824 continha importante rol de direitos civis e políticos, tendo adotado a separação tripartite de
Montesquieu na divisão e no exercício do poder político.
Gabarito B.
Por este conceito, Uadi Lâmmego Bulos se refere aos textos constitucionais que “trouxeram
um importante conteúdo social, estabelecendo normas programáticas (metas a serem atingidas
pelo Estado, programas de governo) e ressaltando o sentido de Constituição dirigente defendido
por Canotilho” (LENZA, 2016). Assim, a ideia de totalitarismo constitucional se pauta
primordialmente no aspecto social dos textos constitucionais, realçando o compromisso do Estado
na realização de metas, programas e políticas traçados pelo governo.
Outro conceito que tem aparecido nas provas de concurso, “o denominado novo
constitucionalismo latino-americano” (por alguns chamado de constitucionalismo andino ou
indígena), culmina com a promulgação das Constituições do Equador (2008) e da Bolívia (2009) e
sedimenta-se na ideia de Estado plurinacional, reconhecendo, constitucionalmente, o direito à
diversidade cultural e à identidade e, assim, revendo os conceitos de legitimidade e participação
popular, especialmente de parcela da população historicamente excluída dos processos de decisão,
como a população indígena” (LENZA, 2016).
Desta forma, o constitucionalismo pluralista promove uma ruptura com as tradicionais bases
do constitucionalismo clássico e neoconstitucionalismo de matriz europeia, fundamentando-se no
fato de que, os Estados nacionais modernos foram criados a partir da lógica da homogeneização e
uniformidade, negando, assim, a diversidade que lhes é própria.
Nesse sentido, observa-se que as identidades são sufocadas com a uniformização, as
diferenças rejeitadas, e os demais Estados são artificialmente conformados ao padrão europeu de
Estado nacional.
Esse modelo tradicional passa a ser questionado pelo novo constitucionalismo da América
Latina, que busca o respeito às singularidades, com ênfase no reconhecimento da diversidade,
como, por exemplo, com a participação dos vários grupos e comunidades em todos os poderes.
Nesse contexto, há uma ruptura paradigmática com institutos como:
a) Colonialismo: que reconhece o indígena como ser inferior, propondo uma descolonização
epistemológica para que os sujeitos marginalizados possam construir uma nova
percepção de si mesmos.
b) Constitucionalismo liberal: que constrói o Estado a partir da noção de monismo jurídico,
ou seja, a existência de um único sistema jurídico dentro do Estado, sobressaindo-se um
regramento geral para todos (apesar deste modelo prever a concretização de direitos, a
ideia de pluralismo jurídico ainda não é admitida).
c) Constitucionalismo social-integracionista: marcado pela Constituição do México de
1917 e a de Weimar de 1919, em que há o reconhecimento de direitos sociais e sujeitos
coletivos, com a ampliação das bases de cidadania. Contudo, é o Estado que define o
modelo de integração dos índios com o Estado e o mercado, não havendo, dessa forma,
rompimento da ideia de monismo jurídico.
O constitucionalismo pluralista, isto posto, passa a ser reconhecido por 3 ciclos marcantes e
que ensejam importantes reformas constitucionais nos países latino-americanos, evidenciando-se
os novos atores sociais nos processos decisórios:
1) ciclo multicultural (1982-1988): marcado pela introdução do direito — individual e
coletivo — à identidade cultural, junto com a inclusão de direitos indígenas específicos.
2) ciclo pluricultural (1989-2005): ciclo que afirma o direito (individual e coletivo) à
identidade e diversidade cultural, já introduzido no primeiro ciclo, mas desenvolve mais o conceito
de ‘nação multiétnica’ e ‘estado pluricultural’, qualificando a natureza da população e avançando
rumo ao caráter do Estado. Também reconhece o pluralismo jurídico, assim como novos direitos
indígenas e de afrodescendentes.
3) ciclo plurinacional (2006-2009): neste ciclo os povos indígenas demandam que sejam
reconhecidos não apenas como ‘culturas diversas’, mas como nações originárias ou sujeitos
políticos coletivos com direito a participar nos novos pactos do Estado, que se configurariam, assim,
como Estados plurinacionais. E, além disso, reclamam, ao Estado, direitos sociais e um papel frente
às transnacionais e poderes materiais tradicionais.
Gabarito C.
Esse conceito traz a perspectiva do que se pode esperar do constitucionalismo daqui para
frente. Segundo o autor, o futuro do constitucionalismo “deve estar influenciado até identificar-se
com a verdade, a solidariedade, o consenso, a continuidade, a participação, a integração e a
universalidade. Assim, terá de consolidar os chamados direitos humanos de terceira dimensão,
incorporando à ideia de constitucionalismo social os valores do constitucionalismo fraternal e de
solidariedade, avançando e estabelecendo um equilíbrio entre o constitucionalismo moderno e
alguns excessos do contemporâneo”.
Trata-se da Constituição do “por vir”, que, segundo o autor, deve incorporar os seguintes
valores:
Verdade: a Constituição não pode mais gerar falsas expectativas; o constituinte só poderá
“prometer” o que for viável cumprir, devendo ser transparente e ético;
Solidariedade: trata-se de nova perspectiva de igualdade, sedimentada na solidariedade dos
povos, na dignidade da pessoa humana e na justiça social;
Consenso: a Constituição do futuro deverá ser fruto de consenso democrático;
Continuidade: ao se reformar a Constituição, a ruptura não pode deixar de levar em conta os
avanços já conquistados;
Participação: refere-se à efetiva participação dos “corpos intermediários da sociedade”,
consagrando-se a noção de democracia participativa e de Estado de Direito Democrático;
Integração: trata-se da previsão de órgãos supranacionais para a implementação de uma
integração espiritual, moral, ética e institucional entre os povos;
Universalização: refere-se à consagração dos direitos fundamentais internacionais nas
Constituições futuras, fazendo prevalecer o princípio da dignidade da pessoa humana de maneira
universal e afastando, assim, qualquer forma de desumanização.
SUBSTANCIALISMO PROCEDIMENTALISMO
Defendem um papel mais ativo da Entendem que a Constituição deve
jurisdição constitucional. garantir o funcionamento adequado
Afirma que o Poder Judiciário do sistema de participação
tem essa função porque deve democrático, ficando a cargo da
interpretar a lei a partir de maioria, em cada momento histórico,
critérios morais e valorativos, e a definição de seus valores e suas
que estes critérios não nascem próprias convicções. Entendem que a
com a legislação, não precisam atividade jurisdicional deve ser
ser positivados – são mais cautelosa.
preexistentes à criação da
norma jurídica.
RONALD DWORKIN JÜRGEN HABERMAS
FCC – 2018 – DPE-AM – Defensor Público. Sobre o controle de políticas públicas pelo Poder
Judiciário, é correto afirmar que a base teórica que privilegia os princípios, tornando o juiz um
agente das transformações sociais, atuando não só na verificação da constitucionalidade da lei
formal, mas também na observação das questões materiais relativas às próprias políticas, é
conhecida como
a) participação popular.
b) procedimentalismo.
c) separação dos Poderes.
d) judicialismo.
e) substancialismo.
Gabarito E.
3.1. CONCEITO
Gabarito E.
3.2. ELEMENTOS
Apesar da Constituição ser considerada um todo orgânico e sistematizado, ela é dividida em
títulos, capítulos e seções cujos conteúdos têm origens e finalidades diversas. Por isso, interessa o
estudo dos elementos da Constituição. A esse respeito, notável é a classificação proposta por José
Afonso da Silva, que dividiu a Constituição em cinco categorias de elementos:
a) Elementos orgânicos: compõem-se de normas que regulam a estrutura do Estado e do
Poder, como as normas que tratam sobre as forças armadas e segurança pública, organização do
Estado, organização dos Poderes, tributação e orçamento.
b) Elementos limitativos: caracterizado pelas normas definidoras de direitos e garantias
fundamentais, que limitam a atuação dos poderes estatais, como por exemplo os Direitos e
Garantias Fundamentais (excetuando os Direitos Sociais que são definidos como elementos
socioideológicos).
c) Elementos socioideológicos: composto por normas que consagram a ordem econômico-
financeira e a ordem social, revelando o compromisso da Constituição entre o Estado individualista
e o Estado social, intervencionista. Como por exemplos, as normas que tratam dos direitos sociais,
da ordem econômica e financeira e da ordem social.
d) Elementos de estabilização constitucional: compõem-se de normas destinadas a
solução de conflitos constitucionais (como as normas referentes a intervenção, art. 34 a 36 da CF),
defesa da Constituição Federal (normas ligadas ao controle concentrado de constitucionalidade, art.
102 e 103 da CF), defesa do Estado e das instituições democráticas (normas que tratam do estado
de defesa e estado de sítio, por exemplo), bem como as normas que estabelecem as regras de
alteração da constituição (como o processo de emenda à Constituição do art. 60 da CF).
e) Elementos formais de aplicabilidade: são as normas que estabelecem regras de
aplicação da constituição, como o art. 5º, §1º da CF (que fala que que as normas definidoras dos
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata), Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias e o Preâmbulo.
3.3. CONCEPÇÕES
Existem várias concepções a serem tomadas para definir o termo “Constituição”. Vejamos as
principais delas:
3.3.1. Concepção Sociológica (Ferdinand Lassalle): a constituição é o produto da soma
dos “fatores reais de poder”. Sem a concorrência destes fatores, a Constituição não passaria de uma
“folha de papel”. Segundo Lassalle, estes “fatores reais de poder” são a essência da “constituição
real” de um país. A principal crítica a teoria foi a ausência de percepção da constituição como um
instrumento de alteração realidade.
3.3.2. Concepção Política (Carl Schmitt): A Constituição é uma decisão política
fundamental. Surge a partir de um ato constituinte, fruto de uma vontade política fundamental de
produzir uma decisão eficaz sobre o modo e a forma de existência política do Estado.
O autor diferencia Constituição de “leis constitucionais”. Para este, a constituição dispõe
apenas de matéria de grande relevância jurídica, relacionadas às decisões políticas fundamentais
(organização do Estado, princípio democrático, direitos fundamentais, dentre outros). As demais
normas integrantes do texto constitucional seriam meras “leis constitucionais”.
3.3.3. Concepção Jurídica (Hans Kelsen): a constituição é compreendida a partir de uma
perspectiva estritamente formal, apresentando-se como norma jurídica fundamental do Estado. A
constituição é, então, considerada norma pura, puro dever-ser. Para Kelsen, a constituição possui
dois sentidos. Um primeiro lógico-jurídico, em que a constituição significa a norma fundamental
hipotética, fundamento lógico transcendental da validade da constituição jurídico positiva. E outro
sentido jurídico-positivo, em que a constituição significa a norma positiva suprema do
ordenamento, regulando a criação das outras normas do ordenamento.
Nesse sentido, Kelsen identifica um verdadeiro escalonamento entre as normas, em que uma
constitui o fundamento de validade de outra, numa verticalidade hierárquica. A norma de
hierarquia inferior busca o seu fundamento de validade na norma superior e esta, na seguinte, até
chegar à Constituição, que é o fundamento de validade de todo o sistema.
A Constituição, por sua vez, tem o seu fundamento de validade na norma hipotética
fundamental, situada no plano lógico, e não no jurídico.
2.3.4. Concepção Culturalista (Meirelles Teixeira): agrega as três concepções anteriores,
entendendo que a Constituição é um produto da cultura e deve ser fundamentada em fatores sociais,
nas decisões políticas fundamentais e também nas normas jurídicas de “dever ser” cogentes.
Conclui o professor que a concepção culturalista do direito conduz ao conceito de uma
Constituição Total, de modo que, apresenta, na sua complexidade intrínseca, aspectos econômicos,
sociológicos, jurídicos e filosóficos, a fim de abranger o seu conceito em uma perspectiva unitária.
APROFUNDANDO NA DOUTRINA:
CESPE – 2019 – TJ-BA – Juiz de Direito Substituto. A concepção que compreende o texto da
Constituição como não acabado nem findo, mas como um conjunto de materiais de construção a
partir dos quais a política constitucional viabiliza a realização de princípios e valores da vida
comunitária de uma sociedade plural, caracteriza o conceito de Constituição
a) em branco.
b) semântica.
c) simbólica.
d) dúctil.
e) dirigente.
Gabarito D.
Segundo essa abordagem, a Constituição de 1988, com suas promessas de mudança social e
de tutela de interesses populares, tem valor tão somente simbólico.
O professor aborda a questão da discrepância entre a função hipertroficamente simbólica e
a insuficiente concretização jurídica de diplomas constitucionais. Para tanto, o autor define, em
primeiro momento, o que é legislação simbólica, aplicando as mesmas definições para a
Constituição simbólica, concluindo-se que, nesse tipo de legislação há um predomínio, e até mesmo
uma hipertrofia, da função simbólica da atividade legiferante e do seu produto (as leis), em
detrimento da sua função jurídico-instrumental.
Nesse contexto, Marcelo Neves descreve os tipos de legislação simbólica que podem ser
encontradas com conteúdo diversos, quais sejam:
a) Confirmar valores sociais: ocorre nos casos em que o legislador assume certo
posicionamento em relação a algum conflito social e, ao ter esse posicionamento consagrado pela
atividade legiferante, essa “vitória legislativa” se caracteriza como verdadeira superioridade da
concepção valorativa, sendo secundária a eficácia normativa da lei. O professor traz como exemplo
clássico a lei seca nos Estados Unidos, uma vez que, segundo ele, no caso, os defensores da proibição
de consumo de bebidas alcoólicas não estavam interessados na sua eficácia instrumental, mas
sobretudo em adquirir maior respeito social, constituindo-se a respectiva legislação como símbolo
de status.
b) Demonstrar a capacidade de ação do Estado (legislação-álibi): além de ter o objetivo
de confirmar valores de determinados grupos, a legislação simbólica pode ter o objetivo de
assegurar confiança nos sistemas jurídico e político. Assim, diante de certa insatisfação da
sociedade, a legislação-álibi aparece como uma resposta pronta e rápida do governo e do Estado,
dando uma aparente solução para problemas sociais, mesmo que camuflando a realidade. Nesse
sentido, afirma-se que a legislação-álibi tem o “poder” de introduzir um sentimento de “bem-estar”
na sociedade, solucionando tensões e servindo à “lealdade das massas”.
c) Adiar a solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios: ainda, de
acordo com Neves, a legislação simbólica também pode servir para adiar a solução de conflitos
sociais através de compromissos dilatórios. Nesse caso, utiliza-se do ato legislativo como forma de
transferência da solução do conflito para um futuro indeterminado. Assim, o ato normativo se funda
na perspectiva de ineficácia da respectiva lei.
Cita-se como exemplo a lei norueguesa sobre empregados domésticos de 1948. Através dela,
os empregados ficaram satisfeitos, pois a lei aparentemente fortalece a proteção social. Por sua vez,
os empregadores também se satisfazem, já que a lei, como apresentada, não tem perspectiva de
efetivação, devido à sua “evidente impraticabilidade”.
Por fim, ressalta-se que Marcelo Neves aponta dois efeitos da constitucionalização simbólica,
um em sentido negativo, outro em sentido positivo.
Negativamente, o texto constitucional “não é suficientemente concretizado normativo-
juridicamente de forma generalizada”.
Positivamente, “a atividade constituinte e a linguagem constitucional desempenham um relevante
papel político-ideológico”, servindo para encobrir problemas sociais e obstruindo as transformações efetivas
da sociedade.
Dessa forma, diz-se que a juridicidade da Constituição fica comprometida pela corrupção da
normatividade jurídica igualitária e impessoal, conforme o binômio legal-ilegal. As controvérsias
constitucionais são decididas com base no código do poder.
Gabarito E.
EXERCÍCIOS
2. (VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) Sobre as principais concepções a respeito
da Teoria das Constituições, assinale a alternativa correta.
a) Peter Häberle adota uma visão da Constituição como um processo político, o que conduz à
afirmação de que a verdadeira constituição resulta de um processo interpretativo conduzido à luz
da publicidade.
b) Konrad Hesse adota o denominado sentido sociológico da Constituição e aduz que, para que
possa obter eficácia normativa, é preciso que constituição escrita e constituição real estejam
alinhadas como única substância.
c) Hans Kelsen defende a Constituição como uma decisão política fundamental, o que traz como
consequência a obrigação do Estado em respeitar o texto constitucional, mas permitindo-lhe que,
em situações excepcionais, deixe de atender a Lei Constitucional.
d) Niklas Luhmann, sociólogo alemão, define a Constituição como importante mecanismo de
determinação Estatal direcionando-o num plano de transformação social e implementação de
política públicas na ordem socioeconômica, o que passou a denominar de Constituição dirigente.
e) José Joaquim Gomes Canotilho adota uma concepção jurídica sobre o sentido de Constituição,
aduzindo que o fundamento de validade de uma norma apenas pode ser a validade de outra norma.
3. (Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia) Para alguns espíritos, ou ingênuos em
relação aos fatores reais que influem efetivamente nos governos chamados democráticos, os
interessados em transformar os meios em fins, idealizando-os para o efeito de assegurar, pela
reverência pública, a sua continuação, a democracia não se define pelos valores ou pelos fins, mas
pelos meios, pelos processos, pela máquina, pela técnica ou pelos diversos expedientes mediante os
quais os políticos fabricam a opinião ou elaboram os substitutos legais da vontade do povo ou da
Nação. Ora, a máquina democrática não tem nenhuma relação com o ideal democrático. A máquina
democrática pode produzir e tem, efetivamente, produzido exatamente o contrário da democracia
ou do ideal democrático. Dadas as condições de um país, quanto mais se avoluma e aperfeiçoa a
máquina democrática, tanto mais o Governo se distancia do povo e mais remoto da realidade se
torna o ideal democrático. Não haverá ninguém de boa-fé que dê como democrático um regime pelo
simples fato de haver sido montada, segundo todas as regras, a máquina destinada a registrar a
vontade popular. Seja, porém, qual for a técnica ou a engenharia de um governo, este será realmente
democrático se os valores que inspiram a sua ação decorrem do ideal democrático.” (CAMPOS,
Francisco. O Estado Nacional. Editora Senado Federal, 2001.) Tendo como referência o texto acima
citado, podemos afirmar que, o modelo de constitucionalismo defendido pelo autor, mais se
aproxima do constitucionalismo
a) substancial.
b) aberto aos intérpretes da constituição.
c) procedimental.
d) liberal.
e) como integridade.
10. (CESPE - 2009 - PGE-PE - Procurador do Estado) Chega de ação. Queremos promessas. Assim
protestava o grafite, ainda em tinta fresca, inscrito no muro de uma cidade, no coração do mundo
ocidental. A espirituosa inversão da lógica natural dá conta de uma das marcas dessa geração: a
velocidade da transformação, a profusão de ideias, a multiplicação das novidades. Vivemos a
perplexidade e a angústia da aceleração da vida. Os tempos não andam propícios para doutrinas,
mas para mensagens de consumo rápido. Para jingles, e não para sinfonias. O direito vive uma grave
crise existencial. Não consegue entregar os dois produtos que fizeram sua reputação ao longo dos
séculos. De fato, a injustiça passeia pelas ruas com passos firmes e a insegurança é a característica
da nossa era. Na aflição dessa hora, imerso nos acontecimentos, não pode o intérprete beneficiar-
se do distanciamento crítico em relação ao fenômeno que lhe cabe analisar. Ao contrário, precisa
operar em meio à fumaça e à espuma. Talvez esta seja uma boa explicação para o recurso recorrente
aos prefixos pós e neo: pós-modernidade, pós-positivismo, neoliberalismo, neoconstitucionalismo.
Sabe-se que veio depois e que tem a pretensão de ser novo. Mas ainda não se sabe bem o que é.
Tudo é ainda incerto. Pode ser avanço. Pode ser uma volta ao passado. Pode ser apenas um
movimento circular, uma dessas guinadas de 360 graus. L. R. Barroso. Neoconstitucionalismo e
constitucionalização do direito. O triunfo tardio do direito constitucional no Brasil. In: Internet:
(com adaptações). Tendo o texto acima como motivação, assinale a opção correta a respeito do
constitucionalismo e do neoconstitucionalismo.
a) O neoconstitucionalismo tem como marco filosófico o pós-positivismo, com a centralidade dos
direitos fundamentais, no entanto, não permite uma aproximação entre direito e ética.
b) A democracia, como vontade da maioria, é essencial na moderna teoria constitucional, de forma
que as decisões judiciais devem ter o respaldo da maioria da população, sem o qual não possuem
legitimidade.
c) No neoconstitucionalismo, a Constituição é vista como um documento essencialmente político,
um convite à atuação dos poderes públicos, ressaltando que a concretização de suas propostas fica
condicionada à liberdade de conformação do legislador ou à discricionariedade do administrador.
d) O constitucionalismo pode ser definido como uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do
governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização
político-social de uma comunidade. Nesse sentido, o constitucionalismo moderno representa uma
técnica de limitação do poder com fins garantísticos.
e) O neoconstitucionalismo não autoriza a participação ativa do magistrado na condução das
políticas públicas, sob pena de violação do princípio da separação dos poderes.
GABARITO
1 B
2 A
3 A
4 D
5 Certo
6 A
7 C
8 C
9 B
10 D
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Comentários:
A) Errado. O constitucionalismo Hebreu não aconteceu na época da Idade Média, mas sim durante
o período da antiguidade clássica, de acordo com Karl Loewenstein.
B) Correta. Revoluções francesa e inglesa com os ideais inovadores de “igualdade, fraternidade e
liberdade”.
"A ideia de Constituição, tal como a conhecemos hoje, é produto da Modernidade, sendo tributária
do Iluminismo e das revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII, ocorridas na Inglaterra, nos
Estados Unidos e na França.1 Ela está profundamente associada ao constitucionalismo moderno,"
(SOUZA NETO, Cláudio Pereira de; SARMENTO, Daniel. Direito Constitucional: teoria, história e
métodos de trabalho. trabalho. 1, ed, Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 56)
C) Errada. A Constituição inglesa em sua origem não é escrita, somente alguns documentos
esparsos, e o sistema federalista se refere aos EUA.
D) Errada. Esparta não tinha uma política democrática como Atenas, mas sim se vangloriava de sua
política militar, marcada pela limitação de liberdade individual.
E) Errada. O constitucionalismo social teve início com as Constituições de 1917 do México e 1919
de Weimar.
2. (VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) Sobre as principais concepções a respeito
da Teoria das Constituições, assinale a alternativa correta.
a) Peter Häberle adota uma visão da Constituição como um processo político, o que conduz à
afirmação de que a verdadeira constituição resulta de um processo interpretativo conduzido à luz
da publicidade.
b) Konrad Hesse adota o denominado sentido sociológico da Constituição e aduz que, para que
possa obter eficácia normativa, é preciso que constituição escrita e constituição real estejam
alinhadas como única substância.
c) Hans Kelsen defende a Constituição como uma decisão política fundamental, o que traz como
consequência a obrigação do Estado em respeitar o texto constitucional, mas permitindo-lhe que,
em situações excepcionais, deixe de atender a Lei Constitucional.
d) Niklas Luhmann, sociólogo alemão, define a Constituição como importante mecanismo de
determinação Estatal direcionando-o num plano de transformação social e implementação de
política públicas na ordem socioeconômica, o que passou a denominar de Constituição dirigente.
e) José Joaquim Gomes Canotilho adota uma concepção jurídica sobre o sentido de Constituição,
aduzindo que o fundamento de validade de uma norma apenas pode ser a validade de outra norma.
Comentários:
A) Correto. Peter Haberle (1997) surge com o entendimento de que “todo aquele que vive a
Constituição é um seu legítimo intérprete”, criando, assim, o autor, a sociedade aberta de
intérpretes da Constituição, em contraposição à visão de uma sociedade fechada de intérpretes
constitucionais, que ficaria somente a cargo dos juízes.
B) Errado. O sentido sociológico de constituição é dado por Ferninand Lassalle.
C) Errado. Essa é a tese de Carl Schmitt e não de Hans Kelsen. Hans Kelsen, aborda o sentido jurídico
de Constituição, segundo o qual a Constituição é a norma superior do ordenamento que dá validade
a todas as outras normas do sistema.
D) Errado. A Constituição dirigente é ideia de José Gomes Canotilho.
E) Errado. A concepção de Constituição jurídica é de Hans Kelsen.
3. (Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia) Para alguns espíritos, ou ingênuos em
relação aos fatores reais que influem efetivamente nos governos chamados democráticos, os
interessados em transformar os meios em fins, idealizando-os para o efeito de assegurar, pela
reverência pública, a sua continuação, a democracia não se define pelos valores ou pelos fins, mas
pelos meios, pelos processos, pela máquina, pela técnica ou pelos diversos expedientes mediante os
quais os políticos fabricam a opinião ou elaboram os substitutos legais da vontade do povo ou da
Nação. Ora, a máquina democrática não tem nenhuma relação com o ideal democrático. A máquina
democrática pode produzir e tem, efetivamente, produzido exatamente o contrário da democracia
ou do ideal democrático. Dadas as condições de um país, quanto mais se avoluma e aperfeiçoa a
máquina democrática, tanto mais o Governo se distancia do povo e mais remoto da realidade se
torna o ideal democrático. Não haverá ninguém de boa-fé que dê como democrático um regime pelo
simples fato de haver sido montada, segundo todas as regras, a máquina destinada a registrar a
vontade popular. Seja, porém, qual for a técnica ou a engenharia de um governo, este será realmente
democrático se os valores que inspiram a sua ação decorrem do ideal democrático.” (CAMPOS,
Francisco. O Estado Nacional. Editora Senado Federal, 2001.) Tendo como referência o texto acima
citado, podemos afirmar que, o modelo de constitucionalismo defendido pelo autor, mais se
aproxima do constitucionalismo
a) substancial.
b) aberto aos intérpretes da constituição.
c) procedimental.
d) liberal.
e) como integridade.
Comentários:
A) Correto. Baseado no modelo de Constituição dirigente, onde o Poder Judiciário é uma importante
figura para consolidar os direitos fundamentais (ativismo judicial). Os juízes são responsáveis pelas
políticas públicas, bastando que exista a inércia do poder executivo.
B) Errado. Peter Harbele – Trata-se da democratização da hermenêutica constitucional, onde todo
aquele que vive no contexto regulado por uma norma e que vive com este contexto, é, indireta ou,
até mesmo diretamente, um intérprete da norma.
C) Errado. Os procedimentalistas sustentam o papel autocontido da constituição, que deve se
limitar a definir as regras do jogo político, assegurando com isso a sua natureza democrática. Isso
não quer dizer que não possa haver inclusão de determinados direitos, mas apenas que são
pressupostos para o funcionamento da democracia.
D) Errado. O constitucionalismo liberal teve início no final do séc. XVIII com as revoluções liberais
(Francesa e Americana) onde o que se buscava com essas revoluções era a liberdade dos cidadãos
em relação ao autoritarismo do Estado. Foi a partir daí que houve a necessidade de prever quais
eram os direitos de cada indivíduo, evitando a atividade arbitrária do Estado, tais revoluções deram
início às Constituições escritas.
E) Errado. Trata-se da ideia de Dworkin em analisar as decisões passadas dos outros juízes olhando
para o futuro para melhorar o direito e manter a sua integridade (romance em cadeia).
Comentários:
A) Errado. A Constituição normativa não depende das contingências históricas.
B) Errado. O neoconsitucionalismo atuou de forma vertical e horizontal, se estendendo aos
particulares também.
C) Errado. A assertiva se refere à concepção política, elaborada por Carl Schmitt, consistente em
uma decisão política fundamental, oriunda da vontade do povo, que organiza os elementos
essenciais de um Estado.
D) Correto. A constituição-moldura ilustra os limites dentro dos quais a atividade legislativa pode
ser exercida. Nesse sentido, compete ao Judiciário fiscalizar se a atividade legislativa foi exercida
dentro dos limites, mas não importa controlar como ela foi exercida, pois o legislador é livre dentro
de seu poder de conformação legislativa para editar leis, respeitados os limites da constituição-
moldura.
6. (PC-DF Delegado de Polícia 2015 – FUNIVERSA) Acerca da teoria geral das constituições,
assinale a alternativa correta.
a) Hans Kelsen concebe dois planos distintos do direito: o jurídico-positivo, que são as normas
positivadas; e o lógico-jurídico, situado no plano lógico, como norma fundamental hipotética
pressuposta, criando-se uma verticalidade hierárquica de normas.
b) Para Hans Kelsen, as normas jurídicas podem ser classificadas como normas materialmente
constitucionais e normas formalmente constitucionais. Para o referido autor, mesmo as leis
ordinárias, caso tratem de matéria constitucional, são definidas como normas materialmente
constitucionais.
c) De acordo com o sentido político de Carl Schmitt, a constituição é o somatório dos fatores reais
do poder dentro de uma sociedade. Isso significa que a constituição somente se legitima quando
representa o efetivo poder social.
d) De acordo com o sentido sociológico de Ferdinand Lassale, a constituição não se confunde com
as leis constitucionais. A constituição, como decisão política fundamental, irá cuidar apenas de
determinadas matérias estruturantes do Estado, como órgãos do Estado, e dos direitos e das
garantias fundamentais, entre outros.
e) De acordo com o sentido político-sociológico de Hans Kelsen, a constituição está alocada no
mundo do “dever ser”, e não no mundo do “ser”. É considerada a norma pura ou fundamental, fruto
da racionalidade do homem, e não das leis naturais.
Comentários:
A) Correta. Palavras-chave para Hans Kelsen: Concepção Jurídica. Ideia de uma "norma hipotética-
fundamental" que estaria acima da própria Constituição. Escalonamento de normas hierarquizadas,
famosa pirâmide de Kelsen.
B) Errada. Não se trata de Hans Kelsen, mas de Carl Schmitt.
C) Errada. Trata-se de Ferdinand Lassale e não de Carl Schmitt.
D) Errada. Trata-se de Carl Schmitt e não de Ferdinand Lasssale.
E) Errada. A questão se refere aos sentidos juridico-positivo e lógico-jurídico e não político-
sociológico de Hans Kelsen.
7. (FCC - 2012 - DPE-PR - Defensor Público) O constitucionalismo fez surgir as Constituições
modernas que se caracterizam pela adoção de
a) rol de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais e regime presidencialista de
governo.
b) pactos de poder entre soberanos e súditos que garantem àqueles privilégios, poderes e
prerrogativas sem a contrapartida de deveres e responsabilidades exigíveis por estes.
c) princípio do governo limitado pelas leis, separação de poderes e proteção de direitos e garantias
fundamentais.
d) controle de constitucionalidade difuso das normas realizado por qualquer membro do Poder
Judiciário.
e) cartas constitucionais escritas, formais, dogmáticas, dirigentes, analítica e outorgadas.
Comentários:
A) Errado. o regime presidencialista não é uma característica geral a todos as constituições que
tomaram por base o constitucionalismo moderno.
B) Errado. Prega o contrário do que foi almejado pela população oprimida pelos absolutistas.
C) Correto. O constitucionalismo moderno é fruto do iluminismo e das revoluções francesa e
americana, Canotilho define o constitucionalismo como uma teoria que ergue o princípio do
governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização
político-social de uma comunidade.
D) Errado. O controle difuso surgiu tempos depois, já no século XX, nos Estados Unidos, não sendo
uma condição necessária das constituições modernas com base nas mencionadas revoluções.
E) Errada. A Constituição não é necessariamente dogmática, dirigente ou analítica. Não será
outorgada (força de poucos que obrigam a existência da constituição) mas PROMULGADA por uma
assembleia constituinte com legitimidade.
8. (PC-GO Delegado de Polícia 2013 – UEG) Nos estudos sobre a formação do direito
constitucional, verifica-se que o constitucionalismo representou um importante movimento
político e filosófico, com manifestações distintas, nos diferentes períodos da história. Os teóricos
desse ramo do direito apresentam classificação do constitucionalismo, identificando características
próprias a cada período. Assim, o constitucionalismo
a) antigo, desenvolvido nas cidades-estado da Grécia, entre os séculos V a III a.C., caracteriza-se por
um regime político constitucional ditatorial, cujo poder político é concentrado no chefe político, e o
exercício do governo é afastado dos governados.
b) na Idade Média, marcado pela Magna Carta Inglesa de 1215, caracteriza-se pelo avanço do
absolutismo, tendo em vista que esse documento confere poder ilimitado e absoluto ao Rei,
sobretudo nas questões referentes à propriedade.
c) moderno, identificado nas Constituições dos Estados Unidos da América de 1787 e da França de
1791, caracteriza-se pela vinculação à ideia de constituição escrita e rígida, com força para limitar
e vincular os órgãos do poder político.
d) contemporâneo, cujo marco inicial são as Constituições Mexicanas de 1917 e de Weimar de 1919,
caracteriza-se por inaugurar o modelo de organização do Estado e por limitar o poder estatal, por
meio de uma declaração de direitos e garantias fundamentais.
Comentários:
A) Errada. Trata-se do povo Hebreu durante o Estado teocrático na era da Antiguidade.
B) Errada. O constitucionalismo se baseia sobretudo na limitação do poder do Estado e na garantia
dos direitos fundamentais.
C) Correta. Constituição Norte-americana de 1787 e francesa de 1791 (que teve como preâmbulo a
Declaração Universal de Direitos do Homem e do Cidadão de 1789), nasce o movimento conhecido
como Constitucionalismo Liberal, deflagrado durante o Iluminismo, cujo objetivo era limitar o
arbítrio decorrente do Poder Estatal e promover o individualismo, absenteísmo estatal, valorização
da propriedade privada e proteção do indivíduo. P. LENZA, 2014
D) Errada. O constitucionalismo se liga nesses ideais desde a antiguidade, não sendo tais
constituições um marco.
Comentários:
O neoconstitucionalismo, não é caracterizado por uma separação entre direitos e valores (como
ética, moral e justiça), mas sim uma conjugação entre eles, de forma que haja uma harmonização
entre tais elementos.
10. (CESPE - 2009 - PGE-PE - Procurador do Estado) Chega de ação. Queremos promessas. Assim
protestava o grafite, ainda em tinta fresca, inscrito no muro de uma cidade, no coração do mundo
ocidental. A espirituosa inversão da lógica natural dá conta de uma das marcas dessa geração: a
velocidade da transformação, a profusão de ideias, a multiplicação das novidades. Vivemos a
perplexidade e a angústia da aceleração da vida. Os tempos não andam propícios para doutrinas,
mas para mensagens de consumo rápido. Para jingles, e não para sinfonias. O direito vive uma grave
crise existencial. Não consegue entregar os dois produtos que fizeram sua reputação ao longo dos
séculos. De fato, a injustiça passeia pelas ruas com passos firmes e a insegurança é a característica
da nossa era. Na aflição dessa hora, imerso nos acontecimentos, não pode o intérprete beneficiar-
se do distanciamento crítico em relação ao fenômeno que lhe cabe analisar. Ao contrário, precisa
operar em meio à fumaça e à espuma. Talvez esta seja uma boa explicação para o recurso recorrente
aos prefixos pós e neo: pós-modernidade, pós-positivismo, neoliberalismo, neoconstitucionalismo.
Sabe-se que veio depois e que tem a pretensão de ser novo. Mas ainda não se sabe bem o que é.
Tudo é ainda incerto. Pode ser avanço. Pode ser uma volta ao passado. Pode ser apenas um
movimento circular, uma dessas guinadas de 360 graus. L. R. Barroso. Neoconstitucionalismo e
constitucionalização do direito. O triunfo tardio do direito constitucional no Brasil. In: Internet:
(com adaptações).
Tendo o texto acima como motivação, assinale a opção correta a respeito do constitucionalismo e
do neoconstitucionalismo.
a) O neoconstitucionalismo tem como marco filosófico o pós-positivismo, com a centralidade dos
direitos fundamentais, no entanto, não permite uma aproximação entre direito e ética.
b) A democracia, como vontade da maioria, é essencial na moderna teoria constitucional, de forma
que as decisões judiciais devem ter o respaldo da maioria da população, sem o qual não possuem
legitimidade.
c) No neoconstitucionalismo, a Constituição é vista como um documento essencialmente político,
um convite à atuação dos poderes públicos, ressaltando que a concretização de suas propostas fica
condicionada à liberdade de conformação do legislador ou à discricionariedade do administrador.
d) O constitucionalismo pode ser definido como uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do
governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização
político-social de uma comunidade. Nesse sentido, o constitucionalismo moderno representa uma
técnica de limitação do poder com fins garantísticos.
e) O neoconstitucionalismo não autoriza a participação ativa do magistrado na condução das
políticas públicas, sob pena de violação do princípio da separação dos poderes.
Comentários:
A) Errado. O neoconstitucionalismo, como marco filosófico do póspositivismo, permite e viabiliza a
aproximação entre direito e ética, o que não era viabilizado pelo positivismo.
B) Errado. As decisões judiciais não dependem de respaldo da população, uma vez que o poder
judiciário é independente.
C) Errado. A constituição é um documento jurídico, portanto a concretização das normas não
depende da vontade do legislador ou do administrador, devendo o texto normativo ser obedecido
por todos os cidadãos e membros dos poderes.
D) Correta. O constitucionalismo moderno surgiu dos movimentos do iluminismo e revolução
francesa, no fim do Século XVIII, visando o fim do Absolutismo estatal através da representação do
povo e da limitação do poder do governante.
E) Errado. O neoconstitucionalismo deu maior liberdade à atuação jurisdicional, logo, a atuação
ativa do magistrado nas políticas públicas não necessariamente violará a separação de poderes
BIBLIOGRAFIA
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, 5ª ed. - São Paulo: Saraiva,
2015.
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional, 9ª ed. – Salvador: Jus Podivm, 2019.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 20ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2016.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional, 11ª ed. – Salvador: Jus Podivm, 2016.
BERNARDES, Juliano Taveira e FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito Constitucional –
Tomo I, 9ª ed., coleção sinopses para concursos (v. 16) – Salvador: Jus Podivm, 2019.
SARLET, Ingo Wolfgang. MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito
Constitucional - 7ªed. São Paulo: Saraiva, 2016.
LEGISLAÇÃO
ANOTAÇÕES
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