Ditadura Civil Militar

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COLÉGIO PASCHOAL DANTAS

ENSINO MÉDIO

GIOVANA LIMA OLIVEIRA


GIOVANNA BITARÃES RODRIGUES
GIOVANNA FERNANDES GALDINO
MARCOS R. VERDANIO FILHO
VITOR AUGUSTO MARQUES
JÚLIA GALDENCIO
3ºA

TRABALHO DE HISTÓRIA
DITADURA CIVIL-MILITAR (1964 – 1983)

SÃO PAULO
2023
GIOVANA LIMA OLIVEIRA
GIOVANNA BITARÃES RODRIGUES
GIOVANNA FERNANDES GALDINO
MARCOS R. VERDANIO FILHO
VITOR AUGUSTO MARQUES
JÚLIA GALDENCIO
3ºA

TRABALHO DE HISTÓRIA
DITADURA CIVIL-MILITAR (1964 – 1983)

Este trabalho será apresentado ao


professor Eduardo. Tendo como objetivo a
obtenção da nota de av2 na matéria de
História.

SÃO PAULO
2023
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. DITADURA MILITAR NO BRASIL
2.1 Como ocorreu?
2.2 Consequências
2.3 Atos institucionais
2.4 Economia
2.5 O fim da Ditadura
3. GOVERNO CASTELLO BRANCO
3.1 Golpe de 1964 e posse de Castello Branco
3.2 Aparato de repressão
3.3 A repressão aumenta: AL-2 e AL-3
3.4 Economia
4. GOVERNO COSTA E SILVA
4.1 Política econômica
4.2 A oposição cresce
4.3 Ato institucional nº5
4.4 Fim do governo
5. GOVERNO EMÍLIO MÉDICI
5.1 Governo Médici
5.2 Sequestro do diplomata americano Charles Elbrick
5.3 Milagre econômico
5.4 Biografia de Médici
6. MILAGRE ECONÔMICO
6.1 O que é e início
6.2 Obras durante o Milagre Econômico
6.3 Fim do Milagre Econômico
6.4 Consequências
6.5 Década perdida
7. CULTURA NA DITADURA MILITAR
8. INÍCIO DA ABERTURA POLÍTICA E GOVERNO GEISEL
8.1 Abertura política
8.2 Governo Geisel (1974-1979)
9. FIM DO REGIME MILITAR: GOVERNO JOÃO FIGUEIREDO
9.1 Governo João Figueiredo...........................................................................
9.2 Lei da Anistia...........................................................................................
9.3 Atentado do Riocentro............................................................................
9.4 Pluralidade Partidária..........................................................................
9.5 Revolução Iraniana .........................................................................
9.6 Década Perdida.....................................................................
10. CONCLUSÕES
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................
1. INTRODUÇÃO
A "Ditadura Civil-Militar" refere-se a um período sombrio da história do Brasil que
compreendeu aproximadamente as décadas de 1964 a 1983. Durante esse tempo,
o país foi governado por regimes autoritários que combinaram elementos militares e
civis, resultando em uma repressão política generalizada, restrições às liberdades
civis e violações dos direitos humanos.
O golpe que deu início a essa ditadura ocorreu em 31 de março de 1964, quando
militares brasileiros depuseram o presidente democraticamente eleito, João Goulart.
O pretexto para a intervenção militar foi a suposta ameaça comunista, que os
militares afirmavam que o governo de Goulart representava. No entanto, ao longo
dos anos, ficou claro que a ditadura tinha motivações mais amplas, incluindo
interesses econômicos, políticos e sociais.
O governo militar que se estabeleceu após o golpe suspendeu a Constituição,
dissolveu os órgãos legislativos e executivos, e governou através de atos
institucionais. A censura à imprensa foi imposta, a oposição política foi reprimida e
diversos líderes políticos, artistas, jornalistas e ativistas foram perseguidos, presos,
torturados ou exilados. Um dos episódios mais tristes desse período foi o recorrente
uso de tortura como método de obtenção de informações e controle sobre
dissidentes.
O regime ditatorial também promoveu um crescimento econômico concentrado,
favorecendo setores empresariais e multinacionais, enquanto marginalizava as
camadas mais pobres da sociedade. Programas de desenvolvimento foram
implementados, mas muitas vezes às custas dos direitos humanos e da justiça
social.
Ao longo dos anos, a resistência ao regime cresceu, com manifestações estudantis,
greves e movimentos populares ganhando força. Na década de 1970, a pressão
interna e externa aumentou, com países e organizações internacionais denunciando
as violações dos direitos humanos no Brasil.
O processo de abertura política, conhecido como "Abertura", começou nos anos
1970 e culminou na década de 1980 com a revogação dos atos institucionais e a
convocação de eleições diretas. Em 1985, o Brasil finalmente recuperou a
democracia com a eleição indireta de Tancredo Neves como presidente.
A Ditadura Civil-Militar deixou marcas profundas na sociedade brasileira, afetando
não apenas as vidas daqueles que sofreram diretamente com a repressão, mas
também influenciando a política, a cultura e a consciência coletiva do país até os
dias de hoje. O período é lembrado como um importante capítulo da história do
Brasil, que ressalta a importância da preservação das instituições democráticas, dos
direitos humanos e do Estado de Direito.
2. DITADURA MILITAR NO BRASIL
A Ditadura Militar foi um regime político comandado por membros das Forças
Armadas. Seu período mais recente no Brasil vigorou por 21 anos, entre 1964 e
1985.
Ditadura Militar foi o regime político no qual membros das Forças Armadas de
um país centralizam política e administrativamente o poder do Estado em suas
mãos, negando à maior parte dos cidadãos a participação e a decisão nas
instituições estatais. Seu período mais recente durou de 1964 a 1985. Durante a
ditadura, ocorreu o “milagre econômico”, ao mesmo tempo que houve congelamento
dos salários. Prisões, torturas e outras violências extremas ocorreram nesse regime.
O primeiro governo civil após a ditadura foi de José Sarney, eleito indiretamente em
1985.

2.1 Como ocorreu?


No Brasil, o período mais recente de Ditadura Militar ocorreu entre os anos de
1964 e 1985. Sob o argumento de evitar uma ditadura comunista, no período da
Guerra Fria, as Forças Armadas brasileiras realizaram um golpe de Estado em 31
de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart. Eleito como vice-
presidente em 1960, Jango (como era conhecido) havia assumido o poder após a
renúncia de Quadros, em 1961.
Defendida pelos militares como uma ação revolucionária, a ditadura que
vigorou no Brasil pode ser caracterizada como um regime civil-militar. Isso em
decorrência da efetiva participação de setores importantes do empresariado
brasileiro, principalmente os ligados aos grandes bancos e federações industriais do
país.

2.2 Consequências
A Ditadura Civil-Militar no Brasil foi marcada pela extrema violência com a
qual foram combatidos os opositores do regime. Prisões arbitrárias, torturas,
estupros e assassinatos aconteceram pelas forças militares e policiais no país.
Desde o primeiro momento, direitos políticos foram cassados, instaurando-se ainda
uma rígida censura aos meios de comunicação e à expressão literária e artística da
população.

2.3 Atos Institucionais


Por meio dos Atos Institucionais, os cinco presidentes efetivos do período —
Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e João Figueiredo — governaram, em
muitos momentos, sem o aval do Congresso Nacional. E mesmo quando este
funcionou, era dominado pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), o partido que
apoiava o regime, apesar de haver um partido de oposição, o Movimento
Democrático Brasileiro (MDB).
2.4 Economia
Economicamente, o Brasil conheceu um intenso crescimento econômico,
industrial e agrícola, principalmente em decorrência da grande soma de
investimentos realizados pelo Estado e pelas empresas estrangeiras, o que ficou
conhecido como “milagre econômico brasileiro”. Todavia, houve também grande
repressão aos movimentos de trabalhadores, o que manteve baixos os salários, pois
as possibilidades de reivindicação eram mínimas. Além disso, esse crescimento não
resultou em uma distribuição de renda; pelo contrário, durante a Ditadura Militar, a
concentração de renda nas mãos dos mais ricos cresceu no país.

2.5 O fim da Ditadura


A partir de 1974, foi iniciado um processo de abertura lenta e gradual, que
pretendia restaurar as liberdades políticas da democracia representativa. Em 1979,
foi decretada uma anistia aos presos políticos e aos exilados, permitindo ainda a
formação de novos partidos políticos. Em 1978, ocorreram intensas greves na
região do ABC paulista, o que contribuiu muito para o enfraquecimento do regime.
O esgotamento final do regime militar aconteceu, principalmente, em
decorrência da realização de inúmeras manifestações de massas nas principais
cidades brasileiras, pedindo eleições diretas para presidente da república.
Realizadas por milhões de pessoas, essas manifestações ficaram conhecidas por
Diretas Já.
Apesar da manifestação do interesse popular, os militares não realizaram
uma eleição direta. Em 1984, Tancredo Neves foi eleito presidente do Brasil pelo
Colégio Eleitoral. Entretanto, sua morte pouco antes da posse levou ao governo
José Sarney, o primeiro presidente civil do Brasil após 21 anos de Ditadura Civil-
Militar.

3. GOVERNO CASTELLO BRANCO


Humberto Castello Branco, marechal do Exército brasileiro, foi um dos
organizadores do Golpe Civil-Militar de 1964. Foi nomeado presidente brasileiro
após eleições indiretas realizadas em 1964 e governou o país até 1967. Conhecido
por ter sido o primeiro “presidente” da ditadura militar no Brasil, foi responsável por
implantar as bases do sistema de repressão que caracterizou o país nesse período.
Humberto Castello Branco

3.1 Golpe de 1964 e posse de Castello Branco


Humberto Castello Branco tornou-se presidente do Brasil poucos dias depois
do Golpe de 1964, movimento que articulou grupos golpistas nos meios militares e
civis e que resultou na deposição do presidente João Goulart. Essa articulação
golpista contou também com grande participação dos Estados Unidos, conforme
comprovação documentação existente nos dias de hoje.
Após o golpe, o Brasil foi governado de maneira provisória por Ranieri
Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados, até a realização de uma eleição
indireta em 11 de abril. Nessa eleição, Castello Branco concorreu à presidência
contra Juarez Távora e Eurico Gaspar Dutra e foi eleito com a maioria absoluta dos
votos. A posse de Castello Branco aconteceu, oficialmente, no dia 15 de abril de
1964.

3.2 Aparato de repressão


A Ditadura Militar utilizou como base de seu poder os Atos Institucionais,
normas de caráter constitucional decretadas pelos presidentes militares as quais
deram o tom da repressão durante os anos da ditadura. O primeiro Ato Institucional
foi baixado em 9 de abril, antes mesmo de Castello Branco assumir a presidência do
país.
Conhecido como AI-1, tinha como objetivo justificar e legitimar o movimento
golpista que havia deposto o presidente João Goulart. Além disso, esse ato
institucional assentava as bases para o aparato de repressão dos governos militares
a partir do fortalecimento do poder Executivo, principalmente do presidente.
Neste trecho, a tentativa de justificar o golpe a partir do AI-1 é perceptível: “A
revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta
pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais
radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder
Constituinte, se legitima por si mesma. Ela destitui o governo anterior e tem a
capacidade de constituir o novo governo. Nela se contém a força normativa,
inerente ao Poder Constituinte.”
Como consequência direta dos decretos do AI-1 foi realizada uma grande
quantidade de expurgos. Políticos foram cassados, juízes e outros servidores
públicos foram exonerados, e inúmeros outros civis foram perseguidos. Estádios de
futebol e navios da Marinha foram improvisados como prisões. O objetivo dessas
ações era “sanear” os meios políticos e administrativos do país, ou seja, expulsar de
posições importantes todos aqueles que não compactuassem com as ideias do
regime.
Dados levantados por historiadores evidenciam a generalização da
repressão. As historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling afirmam que o AI-1
sozinho foi responsável direto pela perseguição de 2990 cidadãos, dos quais 1313
eram militares que foram compulsoriamente enviados para reserva, perdendo até
mesmo o direito à aposentadoria.
O historiador Boris Fausto traz números parecidos: afirma que ao menos
1400 pessoas da burocracia civil e 1200 das Forças Armadas foram expurgadas.
Houve perseguição a sindicatos e a movimentos sociais em geral. A União
Nacional dos Estudantes, por exemplo, teve sua sede invadida e incendiada antes
mesmo do decreto do AI-1. As Ligas Camponesas também sofreram dura
repressão: tiveram parte de sua liderança assassinada e o movimento desagregado
ainda em 1964.
Nos meios políticos, a repressão da ditadura aconteceu a partir da cassação
de políticos que não estavam alinhados com o golpe e com os militares. Já em
1964, 41 deputados federais tiveram seus direitos políticos cassados. Desses, 20
pertenciam ao Partido Trabalhista Brasileira (PTB), do qual João Goulart fazia parte.
Outro mecanismo utilizado pela ditadura para a repressão foram os Inquéritos
Policiais Militares (IPMs), ferramentas usadas para investigar supostas atividades de
“subversão”, ou seja, atividades consideradas politicamente ilegais do ponto de vista
da ditadura. Essas investigações eram conduzidas por militares com visões políticas
radicais e foram responsáveis, só em 1964, por colocar 10 mil pessoas como rés.

3.3 A repressão aumenta: AI-2 e AI-3


O AI-1 tinha um prazo de validade para atuação: 31 de janeiro de 1966. Isso
dava esperanças para aqueles que acreditavam que o Brasil retomaria o caminho
da democracia. O AI-1, inclusive, nem havia recebido numeração na época, pois
acreditava-se que seria o único decretado. A junta militar, porém, possuía outros
planos para o Brasil, e o regime, que já era duro, endureceu-se ainda mais.
No final de 1965, foi decretado o Ato Institucional nº 2, que representou uma
resposta do governo Castello Branco àqueles que exigiam o endurecimento do
regime. A partir do AI-2, o Executivo teve seus poderes reforçados, e foi
determinado que a escolha para presidentes aconteceria de maneira indireta.
Essa medida do governo de Castello Branco contrariou profundamente parte
da elite política do país, principalmente os liberais conservadores que haviam
apoiado o golpe de 1964 esperando que o poder fosse transmitido novamente para
os civis (da mesma forma que havia acontecido em 1945). Entre os liberais
insatisfeitos, o grande destaque foi Carlos Lacerda, político conservador que
almejava concorrer à presidência entre 1965 e 1966.
Carlos Lacerda havia apoiado o golpe em 1964, no entanto, com o decreto do
AI-2, rompeu publicamente com a ditadura. Em seguida, formou a Frente Ampla,
movimento de oposição que reivindicava o retorno do regime democrático e lutava
pela continuidade de uma política desenvolvimentista no Brasil. Carlos Lacerda
percorreu todo o país divulgando a Frente Ampla e aliou-se com dois de seus
antigos adversários políticos: João Goulart e Juscelino Kubitschek. Esse movimento
foi colocado na ilegalidade em 1968.
Outra medida que ampliou a repressão e o autoritarismo da ditadura no Brasil
foi o Ato Institucional nº 3, decretado em fevereiro de 1966. Esse ato estipulou no
país um sistema bipartidário e extinguiu os antigos partidos, criando dois novos: a
Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime, e o Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), entendido como a oposição consentida.
Durante o governo de Castello Branco, também foi baixado o Ato Institucional
nº 4, que decretou a redação de uma nova Constituição para o Brasil. Essa
Constituição ficou pronta em janeiro de 1967 e entrou em vigor em março de 1967,
quando Artur Costa e Silva assumiu a presidência do Brasil.

3.4 Economia
No plano econômico, o governo de Castello Branco ficou marcado por uma
política de austeridade que tinha como objetivo primordial o controle e a redução da
inflação no Brasil, além do combate ao endividamento público. Para alcançar esses
propósitos, foi criado o Plano de Ação Econômico do Governo (Paeg).
Esse plano procurava reduzir o endividamento do governo a partir do controle
de gastos. Para isso, foi elaborada também uma política de reajuste salarial que
ofertava ao trabalhador reajustes anuais sempre menores que a inflação do ano
anterior. Essa política de controle dos salários do trabalhador demonstra bem o
caráter austero da política econômica do governo de Castello Branco.
Esse pacote trabalhista e econômico consta também da Lei de Greve de
1964, que estipulava condições extremamente complicadas para a realização de
greve no Brasil, tornando quase impossível a realização desse direito no país.
Em relação aos seus objetivos, o Paeg foi considerado bem-sucedido, pois a
inflação caiu a partir de 1965. Apesar disso, esse plano, bem como toda a política
econômica desse governo, visava a atender aos interesses do grande empresariado
do país, fato que ficou evidente com as medidas tomadas pelo governo de Castello
Branco, como controlar o salário dos trabalhadores, restringir o direito de greve,
além de retirar outros benefícios dos trabalhadores.

4. GOVERNO COSTA E SILVA

Arthur Costa e Silva

Artur Costa e Silva assumiu a presidência no dia 15 de março de 1967, após


vencer a eleição indireta que foi disputada em 1966 e do qual ele foi o único
candidato. Essa vitória foi resultado de uma campanha no interior do próprio
Exército para que o aparato de repressão da Ditadura aumentasse.
O governo de seu antecessor, Castello Branco, é erroneamente enxergado
como um momento de pouca repressão, mas, na verdade, estudos recentes
mostram que se tratou de um período de transição no qual o aparato repressivo era
estabelecido de uma maneira que não causasse ruptura do regime com a sociedade
civil.
Ainda assim, Castello Branco se viu pressionado pelas Forças Armadas a
deixar o poder, e a transição foi realizada com a indicação de Costa e Silva.
Paradoxalmente, a eleição de Costa e Silva foi enxergada por determinados
elementos da sociedade como uma esperança de liberalização do regime, e o
próprio marechal afirmava que prepararia uma “democracia autenticamente nossa”.
Apesar do discurso, o governo Costa e Silva consolidou a transição para o
período mais repressivo da ditadura, ampliando o aparato repressor do movimento,
perseguindo movimentos estudantis e operários e concluindo esse processo com o
decreto do Ato Institucional nº 5 no final do ano de 1968.

4.1 Política econômica


O governo Costa e Silva rompeu, em parte, com a política econômica do
governo anterior.
A partir do governo Costa e Silva teve início uma política econômica que
promovesse um rápido desenvolvimento econômico do país, em moldes parecidos
aos aplicados na década de 1950, mas com outra inspiração ideológica. Além disso,
a política econômica de Costa e Silva visava estimular o consumo e o investimento
público.
Essa política inaugurada por Costa e Silva em 1967 deu nascimento ao
período conhecido como “milagre econômico”, que se estendeu de 1968 a 1973. Tal
período ficou caracterizado por um rápido aquecimento da economia e índices de
crescimento econômico bastante elevados. A respeito do “milagre econômico”, as
historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling fazem a seguinte consideração:
“O milagre tinha explicação terrena. Misturava, com a repressão aos
opositores, a censura aos jornais e demais meios de comunicação, de modo a
impedir a veiculação de críticas à política econômica, e acrescentava os
ingredientes da pauta dessa política: subsídio governamental e diversificação das
exportações, desnacionalização da economia com a entrada crescente de
empresas estrangeiras no mercado, controle do reajuste de preços e fixação
centralizada dos reajustes de salários.”
Os resultados para a economia durante o “milagre econômico” foram
expressivos: em 1968, o PIB cresceu 11,2%, e em 1969 o crescimento foi de 10% 3,
mas o preço a ser pago foi altíssimo. Nesse período aconteceu um acentuado
processo de concentração de renda, intensificando a desigualdade da sociedade e o
endividamento governamental, que começou a disparar.

4.2 A oposição cresce


A partir de 1967, a oposição ao regime cresceu em diversas frentes e se
organizou. O resultado foi um iminente confronto entre o governo e estes grupos de
oposição, o que levou ao endurecimento do regime, consolidando um processo que
estava em curso desde a posse de Castello Branco, em 1964.
No campo político, quadros importantes que haviam apoiado o golpe
começavam a romper com o regime. Entre eles se destacam Ademar de
Barros e Carlos Lacerda, dois nomes do conservadorismo brasileiro que apoiaram
abertamente o golpe em 1964. Carlos Lacerda inclusive chegou a afirmar: “Eu tinha
o dever de mobilizar o povo para corrigir esse erro do qual […] participei.”
A ação tomada por Carlos Lacerda foi organizar a Frente Ampla, que teve
atuação durante os anos do governo de Costa e Silva. A Frente Ampla foi um
movimento político que defendia basicamente o retorno do Brasil à democracia,
além de propor a continuidade de uma política econômica que promovesse o
desenvolvimento do país.
A Frente Ampla contou com o apoio de Juscelino Kubitschek e João Goulart –
ambos duramente criticados por Lacerda durante seus governos. Na perspectiva da
Frente Ampla, deveriam ser realizadas novas eleições presidenciais, com o combate
à ameaça que rondava o país – a ditadura. Proibida de atuar a partir de 1968, a
Frente Ampla representou um esforço de Carlos Lacerda para criar uma ponte de
diálogo com o regime com o objetivo de redemocratizar o país.
O movimento estudantil durante o ciclo 1967/1968 teve atuação
extremamente relevante na luta contra o regime. Os protestos fortaleceram-se a
partir de março de 1968, quando o estudante Edson Luís foi morto pela polícia
durante um pequeno protesto na cidade do Rio de Janeiro. Esse fato causou
comoção, e o velório dele foi acompanhado por milhares de pessoas.
Iniciou-se então uma série de protestos gigantescos, que se estenderam até
meados de julho de 1968. Os protestos dos meses seguintes foram duramente
reprimidos pela polícia e os confrontos com os estudantes, bastante violentos. Um
momento marcante aconteceu em 26 de junho, no que ficou conhecido
como Passeata dos Cem Mil, que contou com ampla participação de estudantes,
artistas e intelectuais.
A resposta do governo foi a repressão: em julho foi proibida a realização de
protestos, e em agosto houve a invasão da Universidade de Brasília (UnB). O
endurecimento dessa repressão fez com que diversos grupos estudantis aderissem
à luta armada como forma de resistência ao regime.
Por fim, outro movimento de oposição que atuou de maneira consistente
durante um certo período do governo de Artur Costa e Silva foi o movimento
operário. O congelamento salarial implementado a partir de 1964 teve forte impacto
sobre a renda do trabalhador. A continuidade dessa situação levou a duas
importantes greves no país: uma em Minas Gerais e outra em São Paulo.
A greve em Minas começou em abril de 1968, em uma siderúrgica instalada
em Contagem (região metropolitana de BH). O movimento pegou o governo de
surpresa e mobilizou cerca de 16 mil trabalhadores. O governo foi obrigado a
negociar e aceitou reajustar os salários em 10%, mas ainda assim houve repressão,
com prisão de trabalhadores e ocupação da cidade de Contagem.
Três meses depois, outra greve estourou em Osasco, no estado de São
Paulo, e foi iniciada com 10 mil trabalhadores cruzando os braços. Dessa vez, o
governo não negociou e a repressão foi duríssima: a cidade foi ocupada, com
centenas de trabalhadores presos, e as lideranças sindicais precisaram desaparecer
na clandestinidade. A repressão do governo fez com que o movimento operário
adormecesse durante uma década.

4.3 Ato Institucional nº 5


A resposta do regime ao fortalecimento dos movimentos de oposição foi
a institucionalização da repressão. O Ato Institucional nº 5 (mais conhecido como
AI-5) foi decretado em 13 de dezembro de 1968. O estopim para seu decreto foi a
ação dos parlamentares em se opor à punição ao deputado Márcio Moreira Alves.
Em setembro de 1968, esse deputado havia criticado o regime chamando o
Exército de “valhacouto de torturadores” (equivalente a asilo, refúgio, abrigo de
torturadores). O governo exigiu que o político fosse processado, mas a ação
governamental foi derrotada na Câmara dos Deputados por 216 votos contra 141
votos5. Com a ameaça de que o regime perdesse o controle sobre os quadros
políticos, a resposta foi o endurecimento.
A reunião que definiu o decreto do AI-5 ficou conhecida como “Missa negra”,
e o Ato Institucional foi lido em rádio para todo o país pelo ministro da Justiça, Gama
e Silva. Lilia Schwarcz e Heloísa Starling definem esse Ato Institucional da seguinte
maneira: “O AI-5 era uma ferramenta de intimidação pelo medo, não tinha prazo de
vigência e seria empregado pela ditadura contra a oposição e a discordância”.

4.4 Fim do governo


O governo de Artur Costa e Silva estendeu-se até março de 1969, quando o
presidente militar sofreu um derrame que o afastou definitivamente da presidência.
Em consequência desse episódio, ele veio a falecer poucos meses depois. Até
outubro de 1969, o Brasil foi governado por uma Junta Militar Provisória, que
transmitiu o poder para Emílio Garrastazu Médici.

5. GOVERNO EMILÍO MÉDICI


Emílio Garrastazu Médici foi o 28º presidente da República do Brasil e
governou o País entre 30 de outubro de 1969 e 15 de março de 1974.
O governo de Médici entrou para a história como um dos mais repressores do
regime militar e foi chamado de "Anos de Chumbo".
Seu mandato ficou marcado tanto pelo aumento da repressão como pelo
crescimento da economia, fenômeno que foi conhecido como "Milagre Econômico".
Emílio Garrastazu Médici

5.1 Governo Médici


O governo Médici sucedeu ao de Costa e Silva. Uma das primeiras medidas
do novo presidente foi incorporar o Ato Institucional nº 5 (AI-5) à Constituição
brasileira.
O AI-5 suspendeu o direito de votar e ser votado nas eleições sindicais,
restringiu o direito de realizar atividades políticas - bem como manifestações - e
instituía a liberdade vigiada para os cidadãos.
A censura e a repressão política foram comuns durante o governo de Médici,
marcado pelas guerrilhas rurais, em Ribeira (SP) e a Guerrilha do Araguaia (PA).
Na região urbana, a reação ao regime miliar era verificada pelo aumento do número
de assaltos a bancos e sequestro de aviões.

5.2 Sequestro do diplomata americano Charles Elbrick


A tensão política aumentou em 1969 com o sequestro do embaixador norte-
americano Charles Burke Elbrick. Este crime é considerado o primeiro rapto com
fins políticos no País.
Os responsáveis eram integrantes do MR8 (Movimento Revolucionário 8 de
Outubro), antiga DI-GB (Dissidência Universitária da Guanabara), em conjunto com
a ALN (Ação Libertadora Nacional).
O objetivo era trocar o embaixador por 15 presos políticos e divulgar um
manifesto contrário ao crescimento da repressão e cerceamento da liberdade no
Brasil pelo regime militar.
Em resposta à atividade revolucionária, o governo aumentou as ações
repressivas e foi registrado o maior número de mortes da ditadura.
Curiosamente, o Congresso permaneceu aberto e nenhum político teve seu
mandato cassado.

5.3 Milagre econômico


"Milagre econômico" é uma referência ao elevado crescimento da economia do País
neste período. A expressão fazia referência à euforia da prosperidade econômica,
que teria acontecido sem planejamento.
No entanto, o crescimento era embasado em pesados empréstimos contraídos junto
ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, o que elevou substancialmente a
dívida externa brasileira.
Da mesma forma, durante o governo de Médici foram criados vários órgãos para
ocupar e explorar a Amazônia. Se destacam o Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária) e o Projeto Rondon. Também foram iniciadas a
construção das rodovias Transamazônica, Cuiabá-Santarém e Manaus-Porto Velho
Além disso, foram inauguradas a hidrelétrica de Ilha Solteira, a maior da América
Latina, a refinaria de Paulínia (SP) e a ponte ligando a cidade do Rio de Janeiro a
Niterói. Todas essas grandes obras eram usadas para transmitir a ideia de um país
em progresso e unido.
5.4 Biografia de Médici
Militar de carreira, Médici nasceu em 4 de dezembro de 1905, na cidade de
Bagé, Rio Grande do Sul. Seu pai era um imigrante italiano e sua mãe era uruguaia,
com antepassados bascos.
Cursou o Colégio Militar de Porto Alegre e a Escola Militar de Realengo, no
Rio de Janeiro.
Participou ativamente da Revolução de 1930, ao lado de Getúlio Vargas.
Igualmente, em 1932, lutou contra a Revolução Constitucionalista, ocorrida em São
Paulo e apoiou o golpe de 1964.
Ocupou os mais altos postos do Exército, entre eles o de chefe da Academia
Militar das Agulhas Negras. Também foi adido militar na embaixada do Brasil em
Washington e presidente do Serviço Nacional de Informações (SNI).

6. MILAGRE ECONÔMICO
6.1 O que era e início
O início do milagre econômico está na criação do Programa de Ação
Econômica do Governo (Paeg) na gestão do presidente Castelo Branco (1964-
1967).
O Paeg previa incentivo às exportações, abertura ao capital exterior, bem
como reforma nas áreas fiscal, tributária e financeira.
Durante o milagre econômico, o PIB alcançou 11,1% de crescimento anual.
Para centralizar as decisões econômicas foi criado o Banco Central. Da
mesma forma, a fim de favorecer o crédito e resolver o déficit habitacional, o
governo instituiu o SFH (Sistema Financeiro Habitacional), formado pelo BNH
(Banco Nacional de Habitação) e pela CEF (Caixa Econômica Federal).
A principal fonte de recursos para o sistema habitacional viria do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Este imposto, criado em 1966, era
descontado do trabalhador e foi usado para estimular a construção civil.
Também se favoreceu a criação de bancos para estimular o mercado de
capitais e a abertura de crédito para o consumidor melhorando, entre outros, o
desempenho da indústria de automóvel.
Além disso, nada mais que 274 estatais, como a Telebrás, Embratel e
Infraero foram abertas neste período.
Na época, o ministro da Fazenda, Delfim Neto, justificou essas medidas como
fundamentais para impulsionar o crescimento do País. Delfim Neto utilizava a
metáfora que “o bolo precisava crescer para depois ser repartido”.

6.2 Obras durante o Milagre Econômico

Além das medidas de incentivo, o milagre econômico foi concretizado por


meio de obras de grande porte como estradas e hidrelétricas.
Entre estas podemos citar a rodovia Transamazônica (que une o Pará até a
Paraíba), a Perimetral Norte (Amazonas, Pará, Amapá e Roraima) e a ponte Rio-
Niterói (ligando as cidades do Rio de Janeiro e Niterói).
Podemos mencionar também a Usina de Itaipu, as usinas de energia nuclear
de Angra e a zona Franca de Manaus.
Os recursos para essas obras foram obtidos por meio de empréstimos
internacionais, que elevaram a dívida externa. O financiamento internacional
também foi empregado para alavancar projetos de mineração, como os das usinas
de Carajás e Trombetas, ambas no Pará.
De igual maneira receberam recursos internacionais as indústrias de bens de
consumo (máquinas e equipamentos), farmacêutica e agricultura. O setor agrícola
voltou-se para a monocultura, visando o mercado internacional.
Estas obras de infraestrutura eram necessárias em um país em crescimento
e com as dimensões do Brasil. No entanto, foram feitas de maneira pouco
transparente e consumiram muito mais recursos do que o previsto inicialmente.
Para atrair o empresariado, o governo federal achatou os salários dos
trabalhadores. Como os sindicatos estavam sob intervenção, as negociações quase
sempre favoreciam o empresário. Nesta época, com fiscalização deficiente, os
acidentes de trabalho se multiplicaram.

6.3 Fim do Milagre Econômico


No cenário externo, a situação mudou a partir de 1973, quando aconteceu o
Primeiro Choque do Petróleo. Neste ano, os países produtores pararam de vender
petróleo para países quem fossem aliados de Israel. Assim, o preço do barril
quadruplicou em apenas um ano, encarecendo a produção industrial.
Para encarar esta subida de preços, os Estados Unidos elevaram os juros do
mercado internacional na década de 70 e reduziram as remessas de dinheiro para
os países em desenvolvimento.
O Brasil parou de receber empréstimos e passou a pagar juros exorbitantes
da dívida externa. Em consequência, houve arrocho salarial, desvalorização cambial
e redução do poder aquisitivo da população.
O salário mínimo ficou abaixo dos US$ 100 resultando em aumento da
pobreza e da miséria.
A política econômica privilegiou as exportações e impôs pesados encargos às
importações. A estratégia resultou no sucateamento das indústrias nacionais.
Por estes motivos, o setor industrial não podia importar máquinas e
modernizar os fábricas que, obsoletas, perderam competitividade.

Pontos Positivos
 Construção de obras importantes, como a ponte Rio-Niterói e a usina de
Itaipu
 Aceleração da industrialização
 Incentivo à indústria da construção civil com a criação do Sistema
Financeiro Habitacional

Pontos Negativos
 Aumento da pobreza
 Aumento da inflação
 Redução do poder aquisitivo do trabalhador pobre
 Investimento mínimo em saúde, educação e previdência social
 Desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar
 Aumento da dívida externa
 Corrupção e favorecimento a empreiteiras ligadas ao governo
 Dependência de empréstimos do exterior, principalmente dos Estados
Unidos
6.4 Consequências
A política econômica do regime ditatorial foi centralizadora, privilegiou o
aumento da máquina pública e favoreceu as camadas mais ricas com isenção de
impostos.
Assim, houve elevado déficit do salário mínimo e a redução da renda das
camadas mais pobres da população. Em contrapartida, os mais ricos acumularam
proventos.
Os serviços de áreas como a saúde, educação e previdência social ficaram
prejudicadas, pois não acompanharam o crescimento populacional e não receberam
investimentos. Desta maneira, foram perdendo a qualidade e eficiência.

6.5 Década Perdida


Os anos 80 são considerados uma década perdida para o Brasil e para a
América Latina. A denominação é utilizada para explicar os efeitos do fim do período
do milagre econômico.
Durante este decênio, o governo deixou de ser o principal investidor e o
empresariado não tinha como fazer frente às despesas. Houve, ainda, aumento da
dívida externa, da pobreza e redução das exportações. O Brasil ficou mais
dependente do capital estrangeiro e a indústria estagnou.
Também ocorreu intensa redução dos salários, com a consequente queda do
poder aquisitivo da população. O PIB caiu e o desemprego aumentou, bem como a
miséria.

7. CULTURA NA DITADURA MILITAR


A cultura durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985) foi profundamente
marcada pelo contexto político repressivo e autoritário da época. Esse período teve
um impacto significativo nas expressões artísticas, na liberdade de expressão e no
desenvolvimento cultural do país.
Logo após o golpe de 1964, o regime militar impôs uma série de medidas de
censura e repressão que afetaram diretamente o cenário cultural. O governo
buscava controlar as produções artísticas e culturais para que estas não
contestassem o regime, o que levou a um clima de autocensura por parte de muitos
artistas e intelectuais. O Ato Institucional nº 5 (AI-5), decretado em 1968, agravou
ainda mais esse cenário, permitindo o fechamento de instituições culturais, a prisão
de artistas e o cerceamento da liberdade criativa.
A música popular foi um campo expressivo que sofreu transformações
significativas. Muitas canções que tratavam de temas sociais ou políticos tiveram
suas letras censuradas, e artistas que eram vistos como "subversivos" eram
perseguidos pelo regime. Porém, mesmo sob pressão, alguns músicos conseguiram
encontrar formas simbólicas de expressar resistência por meio de suas letras e
melodias, muitas vezes utilizando metáforas e alegorias.
O teatro também enfrentou desafios durante esse período. Peças
consideradas críticas ao governo ou que abordassem questões sociais sensíveis
eram vetadas ou fortemente restringidas. Muitos dramaturgos e atores tiveram que
adaptar suas obras para evitar a censura, resultando em um cenário artístico
marcado por autocontrole e limitações.
No campo literário, alguns escritores conseguiram transmitir suas mensagens
através de metáforas e linguagem figurativa, escapando da vigilância dos censores.
Obras que denunciavam injustiças sociais e repressão política eram publicadas de
forma clandestina ou em veículos alternativos.
No âmbito das artes visuais, a censura também teve impacto. Muitos artistas
plásticos se viram limitados em sua expressão criativa, uma vez que o regime militar
buscava evitar a exposição de obras que pudessem ser interpretadas como críticas
ao governo ou que pudessem estimular debates sociais indesejados.
Apesar das restrições, a resistência cultural persistiu de maneira subterrânea
e sutil. Artistas e intelectuais encontraram formas criativas de transmitir mensagens
de protesto e questionamento, muitas vezes utilizando simbolismo e alegoria para
driblar a censura.
Com o fim da ditadura militar e a redemocratização do Brasil na década de
1980, houve um período de efervescência cultural e de resgate da liberdade de
expressão. Muitas obras antes censuradas foram revisitadas e novas expressões
artísticas surgiram, refletindo as mudanças sociais e políticas do país.
Em retrospecto, a cultura durante a ditadura militar no Brasil é um
testemunho das dificuldades e desafios enfrentados pelos artistas e intelectuais sob
um regime autoritário. Suas tentativas de resistência e suas estratégias criativas
para burlar a censura continuam a inspirar gerações posteriores a valorizar a
liberdade de expressão e a importância da cultura como forma de reflexão e
transformação social.

8. INICIO DA ABERTURA POLÍTICA E GOVERNO GEISEL


8.1 Abertura política
Abertura política é o nome dado a uma série de ações voltadas para uma
transição lenta, gradual e segura para a democracia durante os dois últimos
mandatos do governo militar brasileiro.
De 1964 a 1974, o regime militar foi mantido por três generais e viveu o
período mais difícil. A partir da edição de uma série de Atos Institucionais, Castelo
Branco, Costa e Silva e Médici promoveram o combate aos partidos, militantes e
organizações de esquerda por meio de censura, de perseguição política e até
mesmo da tortura e da execução. À medida que o que deveria ser uma intervenção
rápida dos militares se prolonga e se transforma em uma ditadura de longo prazo,
vários movimentos de resistência surgiram buscando restaurar a democracia no
país.O embate entre governo e oposição durante esses anos foi marcado por
diversos episódios, tais como as greves de Contagem e Osasco, as manifestações
da União dos Estudantes (UNE) e a atuação de diferentes grupos de guerrilha
urbana e rural sem contar com a participação de expressiva ala da Igreja Católica.
Após esse período, no contexto da coexistência pacífica, os Estados Unidos
da América passaram a defender a abertura política das ditaduras latino-americanas
- algumas das quais haviam sido apoiadas por sucessivos governos norte-
americanos, como a ditadura brasileira.

8.2 Governo Geisel (1974-1979)


O governo de Ernesto Geisel enfrentou a necessidade de administrar o
avanço da oposição de esquerda contra a crise da ditadura. O processo de eleição
para o novo presidente foi marcado por eleições indiretas, com o MDB lançando
nomes de Ulysses Guimarães e Barbosa Lima Sobrinho, enquanto concorria o
candidato da ARENA. Geisel convocou Mario Henrique Simonsen para assumir o
Ministério da Fazenda, anunciando o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II-
PND). No entanto, as reformas não alcançaram os resultados esperados, pois a
economia nacional não tinha condições de se recuperar. Os militares, conhecidos
como “long line”, começaram a perceber a reprovação popular ao regime, enquanto
outros defendiam a flexibilização para proporcionar maior longevidade militar.
O pano de fundo contraditório acabou incitando a parte mais radical do
regime a cometer comportamentos autoritários extremos. Em outubro de 1975, o
jornalista Vladimir Herzog foi assassinado nos corredores do II Exército em São
Paulo. Segundo fontes oficiais, o jornalista pode cometer suicídio na prisão. No
entanto, as fotos do incidente a mostram estranhamente com o pescoço amarrado
em um lençol e os pés no chão.
O evento finalmente deu força às diversas entidades representativas para se
unirem em torno de duas reivindicações principais: a anistia dos presos políticos e a
constituição de uma nova assembleia constituinte. Entidades que lideram essas
lutas incluem a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Brasileira para o
Progresso da Ciência, a Associação Brasileira de Imprensa, a Comissão Brasileira
de Anistia, grupos religiosos fundadores e a União Brasileira de Estudantes.
Com o objetivo de ampliar a representação política dos setores opositores, o
governo Geisel lançou em 1977 o chamado Pacote de Abril. Esse pacote incentivou
a desarticulação política, mantida pelos princípios do Ato Institucional nº 5 (AI-5).
fechado, enquanto o judiciário e a legislação foram alterados. As campanhas
eleitorais foram limitadas, os mandatos presidenciais foram estendidos por seis
anos e as leis são aprovadas por maioria simples.
Porque a ditadura conseguiu segurar a maioria dos militantes que viam a
situação de forma positiva. Depois de confirmar seu projeto de reabertura política
“lenta e gradual”, o general Geisel afastou os radicais do governo para abrir as
portas para a eleição de João Batista. Figueiredo Durante seu mandato, Ernesto
Geisel deu o último passo, que bem representou o tom conservador de sua abertura
política: cancelou o AI-5 e logo em seguida deu ao próximo presidente o poder de
decretar o estado de emergência a qualquer momento.

9. FIM DO REGIME MILITAR: GOVERNO JOÃO FIGUEIREDO


9.1 Governo João Figueiredo
O fim do regime militar no Brasil ocorreu durante o governo de João
Figueiredo. Ele foi o último presidente a governar durante a chamada "Ditadura
Militar", que teve início em 1964. João Figueiredo assumiu a presidência em 1979,
após a renúncia de Ernesto Geisel.
Durante seu mandato, Figueiredo enfrentou pressões e demandas por
abertura política e redemocratização do país. Ele implementou gradualmente
algumas medidas de abertura, como a Lei da Anistia, que permitiu o retorno de
exilados políticos e a libertação de presos políticos. Além disso, em seu governo,
ocorreram eleições indiretas para governadores estaduais, marcando um certo
avanço no processo de democratização.
No entanto, o governo de Figueiredo também foi marcado por problemas
econômicos, sociais e pressões internacionais. A crise econômica e a insatisfação
popular foram elementos importantes que contribuíram para o processo de
redemocratização.
O ápice desse processo ocorreu em 1985, quando o país realizou a primeira
eleição direta para presidente após mais de duas décadas. Tancredo Neves venceu
a eleição, mas infelizmente faleceu antes de assumir o cargo, sendo sucedido por
seu vice, José Sarney.
Portanto, o governo de João Figueiredo marcou o encerramento gradual do
regime militar no Brasil, culminando na transição para um governo civil e
democrático.

9.2 Lei da Anistia


A Lei da Anistia é uma legislação que foi promulgada no Brasil em 28 de
agosto de 1979, durante o governo de João Baptista Figueiredo, o último presidente
da Ditadura Militar. Essa lei tinha o objetivo de promover a reconciliação nacional e
a pacificação política ao conceder anistia a pessoas que, durante o período de 2 de
setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979, praticaram crimes políticos ou conexos
com estes crimes.
A Lei da Anistia beneficiou tanto aqueles que haviam sido perseguidos e
presos pelo regime militar quanto os agentes do próprio regime que haviam
cometido crimes políticos. Ela teve um papel fundamental na abertura política e no
processo de redemocratização do país, permitindo o retorno de exilados políticos, a
liberdade de presos políticos e a possibilidade de reestruturação das organizações
políticas e sociais que haviam sido oprimidas durante o período autoritário.
No entanto, a Lei da Anistia também gerou controvérsias e debates ao longo
dos anos. Alguns argumentam que a lei foi um passo importante para a
reconciliação nacional, enquanto outros a criticam por ter permitido que agentes do
regime militar que cometeram violações dos direitos humanos não fossem
responsabilizados legalmente por suas ações.
Essas questões continuaram a ser debatidas nos anos seguintes,
especialmente à medida que novas informações e evidências sobre os abusos
ocorridos durante o regime militar foram sendo reveladas. Houve esforços para
reinterpretar ou modificar a lei, a fim de permitir a punição de indivíduos envolvidos
em violações dos direitos humanos, mas também enfrentaram resistência de
setores que acreditavam na manutenção da anistia nos termos originais.
Portanto, a Lei da Anistia desempenhou um papel central na história do Brasil
ao permitir a transição para a democracia, mas também gerou debates duradouros
sobre justiça, responsabilidade e memória em relação aos anos de ditadura militar.

9.3 Atentado do Riocentro


Em 30 de abril de 1981, durante o governo de João Figueiredo no Brasil,
ocorreu um evento significativo conhecido como o "Atentado do Riocentro". Esse
episódio foi um momento marcante da história política brasileira e teve ramificações
no processo de redemocratização do país.
Nesse dia, no Rio de Janeiro, um carro-bomba explodiu no estacionamento
do Riocentro, um centro de convenções onde estava ocorrendo um show em
comemoração ao Dia do Trabalhador. O ataque foi planejado por setores ligados à
linha dura do regime militar e tinha como alvo principal a tentativa de sabotar o
processo de abertura política que estava em andamento no país.
Os responsáveis pelo atentado tinham a intenção de culpar grupos de
oposição de esquerda e criar um pretexto para justificar medidas repressivas e a
continuidade do regime militar. No entanto, o plano falhou. A explosão ocorreu
prematuramente no estacionamento, resultando na morte de um dos envolvidos e
em ferimentos em outro.
Esse incidente teve um impacto importante na opinião pública e contribuiu
para aumentar a pressão por mais abertura política e pelo fim do regime militar. Ele
também revelou as divisões internas dentro das próprias forças armadas e a
complexidade da situação política naquele momento.
O "Atentado do Riocentro" é lembrado como um evento controverso que
destacou a resistência de setores autoritários à abertura política e a crescente
demanda da sociedade por democratização. No contexto mais amplo, esse episódio
é considerado um dos eventos que contribuíram para acelerar o processo de
transição para a democracia no Brasil.

9.4 Pluralidade Partidária


Durante o governo de João Figueiredo no Brasil (1979-1985), houve
importantes avanços em direção à redemocratização e à abertura política. Uma das
mudanças significativas nesse período foi o restabelecimento da pluripartidariedade
no país.
A pluripartidariedade refere-se à existência de múltiplos partidos políticos
atuando legalmente em um sistema político. Durante boa parte do período da
Ditadura Militar no Brasil, que teve início em 1964, houve um sistema de partido
único, onde apenas um partido, a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), era
permitido e controlado pelo regime militar.
No entanto, durante o governo de João Figueiredo, houve uma série de
mudanças no sistema político brasileiro que permitiram a formação de novos
partidos e a volta da pluripartidariedade. Em 28 de agosto de 1979, Figueiredo
sancionou uma nova lei eleitoral que permitia a criação de novos partidos e
estabelecia regras para a formação de alianças políticas.
Essa nova lei possibilitou o surgimento de diversos partidos políticos,
incluindo partidos de oposição que foram criados durante esse período, como o
Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido do Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB) e outros. Esses partidos tiveram um papel importante na articulação
política, na pressão por eleições diretas e na condução do processo de
redemocratização.
A pluripartidariedade permitiu que diferentes correntes políticas tivessem
espaço para se expressar e competir dentro do sistema político. Isso foi um passo
crucial em direção à democratização do Brasil, culminando com a eleição de
Tancredo Neves em 1985 e a consolidação do regime democrático.
Portanto, o governo de João Figueiredo foi marcado pelo restabelecimento da
pluripartidariedade no Brasil, permitindo a formação de vários partidos políticos e
contribuindo para o processo de abertura política e redemocratização do país.

9.5 Revolução Iraniana


A Revolução Iraniana de 1979 foi um evento histórico que resultou na queda
do regime monárquico do Xá Mohammad Reza Pahlavi e na ascensão de um
governo islâmico liderado pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. A revolução teve um
impacto profundo na política, na sociedade e na religião no Irã, além de influenciar a
geopolítica da região e as relações internacionais.
A Revolução Iraniana foi impulsionada por uma combinação de fatores,
incluindo descontentamento popular com o governo autocrático do Xá, questões
econômicas, desigualdade social, repressão política e a busca por reformas
políticas e religiosas. O movimento revolucionário foi liderado por diversos grupos e
indivíduos, com destaque para o aiatolá Khomeini, que estava no exílio,
principalmente em Paris, durante boa parte do processo.
Principais etapas da Revolução Iraniana:
Protestos e agitação social: Os protestos e manifestações contra o governo
do Xá começaram a ganhar força nos anos 1970. A insatisfação popular se
intensificou devido a questões como a corrupção, a opressão política e a influência
ocidental no país.
Retorno de Khomeini: Em fevereiro de 1979, o aiatolá Ruhollah Khomeini
retornou ao Irã após anos de exílio. Sua liderança religiosa e carisma
desempenharam um papel central na mobilização dos manifestantes.
Colapso do governo do Xá: As manifestações e greves aumentaram em
intensidade, e o governo do Xá entrou em colapso. Em 1º de abril de 1979, o Xá
fugiu do país, e Khomeini assumiu um papel de liderança.
Estabelecimento da República Islâmica: Em 1º de abril de 1979, um
referendo aprovou a criação de uma República Islâmica no Irã. Khomeini se tornou
o líder supremo do país, consolidando o poder nas mãos de líderes religiosos.
Mudanças sociais e políticas: A Revolução Iraniana resultou em mudanças
significativas na sociedade iraniana, incluindo a implementação de leis baseadas na
interpretação da lei islâmica (sharia), a nacionalização de indústrias e a eliminação
de influências ocidentais.
Crise dos reféns: A relação do Irã com os Estados Unidos se deteriorou
após a Revolução. Em novembro de 1979, militantes tomaram a embaixada dos
EUA em Teerã e mantiveram 52 cidadãos americanos como reféns por 444 dias, até
janeiro de 1981.
A Revolução Iraniana teve um impacto duradouro na região e nas relações
internacionais, marcando a ascensão de um Estado islâmico com uma política
externa e interna baseada em princípios religiosos. A Revolução também teve
implicações para a economia global devido à interrupção da produção de petróleo
no Irã e às mudanças nas relações diplomáticas com outros países.

9.6 Década Perdida


A expressão "década perdida" é frequentemente usada para se referir à
década de 1980 na América Latina, incluindo o Brasil, que foi marcada por desafios
econômicos, instabilidade política e dificuldades sociais. Embora o termo seja
aplicado à região como um todo, no contexto brasileiro, a "década perdida" se
refere, em grande parte, ao governo de João Figueiredo (1979-1985) e ao início do
governo de José Sarney (1985-1990).
As principais características da "década perdida" no Brasil incluíram:
Crise Econômica: Durante essa década, o Brasil enfrentou uma série de
problemas econômicos, incluindo inflação elevada e instabilidade financeira. A
dívida externa também aumentou significativamente, levando o país a uma situação
de endividamento crescente.
Instabilidade Política: A transição para a democracia após anos de ditadura
militar trouxe desafios políticos e instabilidade. A redemocratização foi marcada por
negociações complexas e por uma série de eleições e trocas de poder.
Ineficiência e Corrupção: Setores do governo e da economia brasileira
foram afetados por problemas de ineficiência administrativa e corrupção, o que
agravou os desafios econômicos.
Reestruturação da Economia: Durante esse período, o Brasil enfrentou uma
série de programas econômicos de ajuste e reestruturação, incluindo tentativas de
controlar a inflação e estabilizar a economia. No entanto, esses programas nem
sempre tiveram sucesso em resolver os problemas subjacentes.
Crise da Dívida Externa: O Brasil, assim como outros países da América
Latina, enfrentou dificuldades para lidar com a crescente dívida externa. Isso
resultou em restrições financeiras e programas de ajuste impostos por organizações
internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A expressão "década perdida" é usada para destacar a perda de
oportunidades de crescimento econômico e desenvolvimento social durante esse
período de turbulência. No entanto, é importante notar que o Brasil também
experimentou avanços significativos em vários aspectos ao longo dessa década,
incluindo o retorno à democracia, a realização de eleições diretas e a criação de um
ambiente mais aberto para a participação política e social.
Em resumo, a "década perdida" no Brasil se refere a um período de desafios
econômicos, políticos e sociais nos anos 1980, marcado por dificuldades em lidar
com a herança da ditadura militar e por esforços para estabilizar a economia e
estabelecer uma trajetória de crescimento sustentável.
10. CONCLUSÕES
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-ditadura-militar.htm
Acessado em: 19/08/2023 às 15:06

https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/governo-marechal-castello-
branco.htm
Acessado em:18/08/2023 às 19:30

https://www.todamateria.com.br/emilio-medici/
Acessado em:17/08/2023 às 17:09

https://www.todamateria.com.br/milagre-economico/
Acessado em: 19/08/2023 às 20:20

https://brasilescola.uol.com.br/historiab/costa-silva.htm
Acessado em: 17/08/2023 às 17:42

https://brasilescola.uol.com.br/historiab/ernesto-geisel.htm
Acessado em: 18/08/2023 às 14:10
https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/abertura-politica/
Acessado em: 18/08/2023 às 14:50

(FALTA O SITE DA FERNANDES)

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