Legislação No Jornalismo - Aula 4
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AULA 4
CRIMES CONTRA À HONRA
- Honra
Objetiva: respeitabilidade social (sua reputação, como as pessoas te veem)
Subjetiva: dignidade (o quanto eu quero ser respeitado no meio social/o conceito que eu tenho de
mim mesmo)
CALÚNIA
Imputar (acusar) falsamente a alguém a prática de um ato criminoso que esteja previsto no Código
Penal ou em alguma lei esparsa como crime.
Viola a honra objetiva, ou seja, a reputação, aquilo que terceiros pensam a seu respeito.
Dos crimes contra à honra, é o mais grave. A pena é de detenção de 6 meses a 2 anos.
Ela tentou se explicar, mas ao imputar o fato criminoso a alguém, a imputação significa uma afirmação
carregada de certeza (sem receio de erro).
Pelo Código Penal, falsificação de documento é crime. O artigo 298 proíbe a falsificação, seja total ou
parcial de qualquer documento particular. A pena é 5 anos de prisão.
Rogério Ceni sentiu sua honra profissional e objetiva (reputação) ferida. Foi uma ofensa caluniosa e
dolosa, portanto, culpável.
O crime cometido por Milly é classificado como “crime formal”, pois foi uma evidência que se confirma
na prova, ou seja, não precisou de investigação.
Rogério Ceni entrou na justiça contra a Milly, uma vez que a ação por ofensa caluniosa só pode ser
movida pelo ofendido.
Ela foi condenada a pagar indenização por danos morais. Aqui, ele entrou na Justiça com uma Ação
Civil, que é a pena paga por algo material (dinheiro – indenização). Se ele tivesse entrado com a Ação
Penal, ela seria julgada a cumprir pena na prisão.
Ceni recebeu a indenização em 2011. A jornalista pediu desculpas ao goleiro e houve um acordo que fez
o valor diminuir. A Rede Globo arcou com as custas processuais.
DIFAMAÇÃO
Atribuir a alguém fato, mas dessa vez não criminoso, apenas desonroso, que ofende a reputação e
manche a imagem do individuo na sociedade. Porém, tal fato não o incrimina perante o ordenamento
político.
Do mesmo modo que a calúnia, protege a honra objetiva da pessoa, isto é, aquilo que terceiros
pensam a seu respeito.
Diferentemente da calúnia, aqui não importa se o fato é verdadeiro ou falso, e sim se houve a
intenção maldosa por parte do difamador.
Detenção de 3 meses a 1 ano.
Em 2002, o jornal O Dia, popular no Rio de Janeiro, estampou em sua capa uma foto da Xuxa semi-nua,
retirada da revista Playboy na qual ela posou nua na década de 80, com o título “Xuxa nua vai a leilão”.
Na verdade, um dono de banca de jornal de São Paulo estava leiloando uma revista masculina com fotos
da apresentadora nua, e o jornal O Dia estava anunciando o leilão deste exemplar. Porém, além do título
ambíguo, a revista violou o direito de imagem da apresentadora. Xuxa tinha assinado um contrato de
exclusividade de direito de imagem com a Playboy, ou seja, as fotos só poderiam ser usadas para aquela
edição.
“Filmes e fotografias desnudas fizeram parte da rotina da postulante, mediante contratos especiais e de
exclusividade e que deveriam ser explorados cautelosamente, na forma de cláusulas pactuadas, com as
instituições patrocinadoras. Portanto, existia proteção em relação ao nome e dignidade da demandante.
Existiam também cuidados e normas que previam responsabilidades, o que não significa venda
indiscriminada de fotografias por meio de leilão, visando alcançar irrestritamente qualquer tipo de
público”, reconheceu a Justiça do Rio.
Xuxa nos anos 2000 tinha outra reputação: ela era mãe e apresentadora de programas infantis. A Xuxa
dos anos 80 que posou nua não existia mais. Com a publicação de sua foto no O Dia, Xuxa sentiu sua
honra objetiva ferida, sentiu sua reputação, personalidade e imagem manchada.
Na ação, Xuxa "alegou que tem família e uma filha de 4 anos de idade (hoje Sasha tem 9) e não gostaria
que essa primeira fase de sua carreira artística voltasse à tona". Ainda em juízo, ela "também afirmou
que desde que assumiu o comando de programas infantis nunca mais fez fotografias de nudez".
“Xuxa atualmente se configura como uma senhora de bem, de vida discreta e cuja atividade gera
empregos, rendas para o erário público, recreação infantil e salutar. Como se vê, não seria deixar de
reconhecer lesão ao seu direito de personalidade, sem responsabilizar a parte responsável”, concluiu a
Justiça fluminense.
OBS - DIREITO DE IMAGEM: Garante às pessoas o controle e a proteção sobre o uso de sua imagem,
impedindo que ela seja reproduzida, divulgada ou explorada comercialmente sem autorização prévia e
expressa. Esse conceito tem suas raízes na Constituição Federal de 1988, que assegura o direito à
intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas. Além disso, é consolidado pelo Código Civil
Brasileiro, que determina que a imagem é um atributo da personalidade e, portanto, possui proteção legal.
INJÚRIA
Diferentemente da calúnia e da difamação, a injúria tutela a honra subjetiva do indivíduo, que é aquilo
que a própria vítima pensa sobre si, ou seja, sobre seus atributos morais, físicos e intelectuais.
Além disso, na injúria não há imputação de fato algum, e sim de uma característica negativa sobre
alguém.
Se enquadram aqui xingamentos ou palavras negativas, que insultam e afetam a autoestima da vítima.
Ofende a dignidade e o decoro. A dignidade, é a ofensa sobre os atributos morais de alguém. Então,
chamar uma pessoa de “ladrão”, “corrupto” ou “mentiroso”, por exemplo, é cometer injúria, já que são
características contrárias ao que ela acredita possuir e abala a sua autoestima; já o decoro, faz menção
aos atributos físicos e intelectuais de alguém. Então seria, por exemplo, chamar um indivíduo de
“baleia”, “loira burra” ou “feia”.
Detenção de 3 meses a 1 ano. Sendo assim, o Direito Penal protege o amor-próprio de cada um também
Injúria: é o ataque à honra, no caso da ofensa racial, envolvendo a cor, raça ou origem da pessoa. É
quando uma determinada mensagem afeta o senso de dignidade pessoal. Um exemplo de injúria racial
ocorreu no episódio em que torcedores do time do Grêmio, de Porto Alegre, insultaram um goleiro de
raça negra chamando-o de “macaco” durante o jogo. No caso, o Ministério Público entrou com uma ação
no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), que aceitou a denúncia por injúria racial,
aplicando, na ocasião, medidas cautelares como o impedimento dos acusados de frequentar estádios.
Após um acordo no Foro Central de Porto Alegre, a ação por injúria foi suspensa.
Porém, apesar da diferenciação entre as condutas, os Tribunais Superiores afirmam que a intenção das ações
é a mesma. Ambos são atos intencionais que procuram impor uma desvantagem a alguém, motivados por
estereótipos, por falsas generalizações sobre um determinado grupo, pela ideia de que essas pessoas, por
serem inferiores, não merecem nem as mesmas oportunidades, nem o mesmo nível de respeitabilidade social
que pessoas brancas têm.
EM 2023: INJÚRIA RACIAL É CRIME DE RACISMO
Desde 12 de janeiro de 2023, com a sanção da Lei 14.532, a prática de injúria racial passou a ser
expressamente uma modalidade do crime de racismo, tratada de acordo com o previsto na Lei 7.716/1989.
A mudança foi importante por reconhecer que a injúria racial também consiste em ato de discriminação por
raça, cor ou origem que tem como finalidade, a partir de uma ofensa, impor humilhação a alguém.
Alterações
Não é mais possível àqueles que cometem o crime de injúria racial responderem ao processo em
liberdade, a partir do pagamento de fiança arbitrada pelo Delegado de Polícia – o que antes era possível.
Agora a injúria racial é um crime imprescritível, ou seja, a qualquer tempo, independente de quando o
fato aconteceu, o mesmo pode ser investigado e os responsáveis processados pelos órgãos do sistema de
justiça e, se condenados, receberam as penas previstas na legislação.
A pena prevista para o crime de injúria racial que era de 1 a 3 anos, passou a ser de 2 a 5 anos de
reclusão.
Também houve mudança para o tratamento do chamado racismo recreativo, que consiste em ofensas
supostamente proferidas como “piadas” ou “brincadeiras”, em contexto ou com intuito de descontração,
diversão ou recreação, mas que tenham caráter racista. Para esses casos, a pena foi aumentada de um
terço até a metade, podendo ainda ser agravada se cometida ou difundida por meio de redes sociais ou
publicações de qualquer natureza.
“No dia 5 de setembro de 2009, o denunciado, agindo de forma livre e consciente, praticou e incitou o
preconceito de raça e cor, publicando em site de sua responsabilidade, denominado ‘Conversa Afiada’:
‘Heraldo é negro de alma branca.’’ E ainda que, “alguns meses depois, no dia 11 de março de 2010, o
denunciado, agindo de forma livre e consciente e com intenção de ofender a dignidade e o decoro de
Heraldo Pereira de Carvalho, o injuriou pela internet, empregando elementos referentes a sua raça e cor,
publicando no mesmo site acima mencionado que Heraldo se agachava, se ajoelhava para o Ministro
Gilmar Mendes e que esse seu comportamento serviçal deveria envergonhar Ali Kamel, inimigo das
cotas para negros nas universidades.”
Porém, após recurso do órgão ministerial, a Turma manteve o entendimento em relação ao crime de
racismo, mas reformou a sentença em relação ao crime de injúria racial, condenando Paulo Henrique
Amorim.
De acordo com a decisão colegiada, “Se o réu divulga artigo que se restringe a criticar a vítima, sem
qualquer dado concreto, referindo-se a ela como pessoa que não conseguiu revelar nada além de ser
‘negro de origem humilde’ e utilizando expressões como ‘negro de alma branca’ resta caracterizado o
crime de injúria preconceituosa”.
A pena estipulada na condenação foi de 1 ano e 8 meses de reclusão e quinze dias-multa, à razão unitária
de 1 salário-mínimo, em regime aberto. A pena restritiva de liberdade foi substituída por duas restritivas
de direitos, estabelecidas pelo juiz da execução penal.