TCC ANTONIO VITOR NOVAIS L
TCC ANTONIO VITOR NOVAIS L
TCC ANTONIO VITOR NOVAIS L
RESUMO
O ritmo de mudança econômica mundial tem exigido cada vez mais assertividade produtiva e criativa de
todas as indústrias, demandando soluções mais técnicas e sustentáveis. Diante do cenário, a construção
civil assume importante papel na indústria de transformação e o seu aprimoramento de processos torna-
se essencial para o seu desenvolvimento, destarte, o Lean Construction surge como um importante aliado
para o aprimoramento técnico do setor, apresentando novas ferramentas em face ao avanço tecnológico.
No presente trabalho, se tem como objetivo explanar as principais metodologias do Lean Construction,
filosofias e aplicações em canteiro de obras, visando aprimoramento técnico, redução de desperdícios,
melhoria de bem-estar laboral.
INTRODUÇÃO
A Engenharia civil, desde o princípio de sua existência como ciência, tem a história de
seu desenvolvimento profundamente interligada ao desenvolvimento tecnológico antrópico
em diversos âmbitos do progresso civilizatório (QUEIROZ, 2019). Desde então, a
Engenharia vem se ramificando em diversas áreas de conhecimento voltado não só para o
desenvolvimento urbano e de edificações, mas para o desenvolvimento eletromecânico,
químico, ambiental, naval, entre outros. Não obstante, apesar de ser considerada a mãe das
engenharias, a engenharia civil ainda possui uma grande gama de traços artesanais em seus
processos executivos.
Com a crescente demanda empresarial por processos mais enxutos, céleres, garantindo
maior padronização produtiva com a maior rentabilidade, os princípios do Lean têm se
alastrado para diversas indústrias, dentre elas, a construção civil. Por muitos anos, a
construção civil não era enxergada como um processo de cadeia produtiva em série e muitas
das modificações propostas por modelos industriais eram simplesmente rejeitadas ou não
incorporadas com sucesso em canteiros de obras. Não obstante, segundo KOSKELA
(1992), a diferença básica entre o a construção civil e a indústria convencional é meramente
morfológica, em que na indústria temos o trabalhador fixo com a mobilidade dos produtos
enquanto na construção civil, o produto é fixo e o operador se movimenta em seu entorno.
O objetivo deste trabalho, por sua vez, é avaliar, através do uso de indicadores
qualitativos e quantitativos a eficácia da aplicação de ferramentas do Lean oriundas do
Sistema Toyota de produção na otimização de processos construtivos e resolução de
problemas em canteiro de obras. Destacando entre estes, os seguintes objetivos específicos:
2. Revisão Bibliográfica
As unidades habitacionais analisadas possuem dois quartos, sendo uma suíte, contando
com 54.11 m² de área construída e terrenos de 140,25m². O modelo construtivo empregado
é o de alvenaria estrutural com a utilização de lajes maciças pré-fabricadas e içadas por
caminhão Munck, para posterior levante de platibandas.
Após a segunda guerra mundial, com o território japonês fortemente devastado, o país teve
de realizar um plano de soerguimento econômico e industrial para retomar o seu crescimento e
a qualidade de vida do seu povo. Com o apoio dos Estados Unidos, FMI e Banco Mundial, o
governo japonês iniciou um plano de incentivo à indústria e empreendedorismo visando o
resgate do bem estar de sua população (WATANABI, 2011).
Neste cenário, na década de 1950, após visitas à fábrica da Ford nos EUA, Eliji Toyoda,
membro do conselho diretor da Toyota Motors Company, juntamente com seu engenheiro
mecânico Taiichi Ohno (pai da metodologia Lean), optaram por criar uma nova metodologia
de produção que ia de encontro à produção massiva taylorista e fordista, fortemente motivados
pela escassez de recursos financeiros, materiais, mercadológicos e logísticos no Japão
(WOMACK, 2004).
Os princípios do Sistema Toyota de Produção têm como objetivo principal garantir o foco
e a satisfação do cliente, através da manutenção de alta qualidade, com menor despendimento
possível de materiais, atrelado à redução do Lead Time (tempo de atravessamento do produto
na linha de produção). A produção, por sua vez, até considerada como “puxada”, portanto, sob
demanda real e vigente, com envolvimento de todos os colaboradores nas etapas produtivas na
proposição de melhorias e interrupção da produção em caso de identificação de erros (Jidoka).
O sistema Lean também tem como base de sua atuação a melhoria contínua e a
retroalimentação constante de processos administrativos e operacionais, de modo a periódica e
continuamente otimizar o fluxo de etapas e as atividades inerentes a cada etapa. Com isso a
ferramenta do PDCA (plan, do, check, act) é de vital utilização para que a reanálise dos
processos ocorra com acurácia e efetividade no GEMBA, termo de origem japonesa que
significa “onde as coisas acontecem/ chão de fábrica”.
Dentro da metodologia Lean, o Muda é o oposto de valor, ou seja, toda aquela atividade
realizada pela qual o cliente não está disposto a pagar e que não agregam valor ao produto final.
O primeiro passo para atingir uma operação enxuta ou Lean é ter a habilidade de enxergar as
atividades consideradas como desperdício/ muda, de forma a propor alterações efetivas em uma
nova diagramação de tarefas, tempo e espaço para otimização produtiva (DENNIS, 2008).
• MOVIMENTO • ESTOQUE
• ESPERA • EXCESSO DE PRODUÇÃO
• TRANSPORTE • CONHECIMENTO SEM
• RETRABALHO LIGAÇÃO
• PROCESSAMENTO
EXCESSIVO
2.3 LEAN CONSTRUCTION X LEAN MANUFACTURING
• LEAN CONSTRUCTION
Atividades de conversão: atividades que agregam valor ao produto pelo qual o cliente
está disposto a pagar.
O Lean, por sua vez, teria a sua aplicação dividida em etapas de atuação paralela entre
si que contribuem de forma síncrona para a melhoria da gestão de tarefas dentro do
canteiro.
2.5.1 5S
2.5.3 ISHIKAWA
Kaoru Ishikawa foi um estudioso japonês que dedicou sua obra à gestão
organizacional de processos e qualidade total nas corporações. E sua obra, definiu o
diagrama da espinha de peixe, alcunhado de seu nome Ishikawa, como um diagrama
de causa e efeito que, a partir dos outcomes (sintomas) traçaria diversas possibilidades
de incomes (causas-raiz) através da enumeração de cenários de origem dessa causa e
as possibilidades de falha, sugerida pelas partes envolvidas no processo, sendo
operadores, encarregados e setor técnico-administrativo. Desta forma, busca-se
“esgotar” as possibilidades de falhas nos incomes de modo a eleger as combinações
mais prováveis de falha e determinar soluções efetivas (STEFANOVIC, 2014).
2.5.4 MIZUSUMASHI
Termo do japonês que pode ser traduzido como aranha d’água, em função da
agilidade do animal, o Mizusumashi é uma ferramenta do Lean a qual um operador
logístico único torna-se responsável pelo transporte de peças e insumos ao longo de uma
linha de produção (DE ARAÚJO BARROS, 2020).
Sem tradução direta para o português, o Poka Yoke é uma ferramenta do Lean que
tem como significado “prevenção de erro inadvertido”. Sendo uma ferramenta concebida
para reduzir a sobrecarga física e mental do colaborador ao passo que permite a
identificação de anomalias operacionais através de ferramentas simples, o Poka Yoke é
de suma importância para evitar erros de processo, etapas fora de ordem, peças
faltantes/fora de lugar devido, erro de ajuste de máquina e produto, ferramentas e
gabaritos (DENNIS, 2008).
2.5.6 ANDONS
3. METODOLOGIA
Ante o fato citado, alguns preceitos Lean já eram aplicados na empresa, tais como
CICLO PDCA, Last Planner System, 5W2H, matriz SWOT, que, possuíam alta eficácia
na gestão de tarefas de cunho organizacional na esfera administrativa e central. Não
obstante, muitas das ferramentas utilizadas no escritório central não eram 100%
reverberadas para o chão de fábrica devido, muitas vezes, à falta de compatibilização de
metodologias de entendimento das ferramentas por parte dos encarregados e funcionários.
A sequência de aplicação das ferramentas seguiu, assim como o ciclo PDCA, quatro
etapas, elucidadas abaixo em resultados.
4.1.2 APLICAÇÃO DO 5S
4.3.1 MIZUSUMASHI
O Poka Yoke trata-se de uma ferramenta simples, barata e eficaz que, em seu
princípio de criação, tinha como objetivo instaurar mecanismos simples de controle de
zona e inspeção. Não obstante, com o avanço de tecnologias produtivas e do pensamento
Lean na cadeia construtiva, a ferramenta do Poka Yoke transcendeu o seu conceito inicial
e pode ser considerada como uma das ferramentas mais modernas do Lean Construction.
Não obstante, o grande ganho operacional do poka yoke foi obtido na paginação
de telas eletrosoldadas e alvenaria das unidades habitacionais. Em parceria com
indústrias, através de contrato de fornecimento para a obra, a empresa, após análise de
tempo despendido nas etapas de alvenaria e concretagem de lajes superiores e radier,
optou pela paginação e telas e alvenaria visando ganhos de produtividades.
Nas telas em relação às telas, foi feita uma paginação dos vãos das lajes da
concretagem, com como uma adequação do espaçamento e bitolas da tela, criando telas
específicas para lajes específicas, tendo uma área de aço/metro mais assertiva, eliminando
desperdícios oriundo do corte de telas padrão (2,45 x 6,00 m) e do traspasse de telas e
evitando checagem excessiva da localidade das telas. Além disso, a construtora adotou o
modelo de lajes pré fabricadas maciças, utilizando fôrmas metálicas e caminhão Munck
para o içamento, assim, o processo de concretagem de lajes tornou-se mais enxuto em
suas etapas, evitando montagem de formas de madeira in loco, escoramento e,
imediatamente após o içamento, a laje já estava pronta para receber esforços e permitia o
trabalho imediato em platibanda. Desta forma, economizou-se mais de 10.000 kg de aço
e a produtividade da concretagem foi elevada devido à autonomação das etapas.
4.3.3 ANDONS
A cor verde significava que nenhuma inconformidade havia sido notificada, a cor
amarela demonstrava que havia uma não conformidade identificada, todavia, com sua
solução já dada e em tramitação; a cor azul, significava que a unidade já havia
solucionado a não conformidade; o sinal vermelho, por sua vez, tinha como significado
que uma não conformidade tivera sido identificada e sua solução ainda não estava em
andamento ou não fora dada pelo encarregado, identificando uma linha de produção
parada e a necessidade pujante de resolução do problema.
5.0 CONCLUSÃO
Percebe-se que, pela alta complexidade da cadeia construtiva e pelo pouco contato
dos operadores com ferramentas industriais de otimização, ainda há muita margem para
crescimento e aplicação do pensamento Lean, identificando, a longo prazo, cada vez mais
oportunidades, enxergando novos gargalos e propondo cada vez mais soluções
inovadoras que tendem a elevar o valor agregado das soluções vendidas pela empresa,
aumentando sua rentabilidade e competividade em mercado.
Por fim, a aplicação do Lean Construction e suas ferramentas deve ser feita em
todos os setores da empresa, bem como a difusão do pensamento Lean, elevando cada
vez mais os resultados obtidos e permitindo integrações com todos os setores da empresa,
promovendo interligações entre diferentes níveis de cadeia produtiva e organizacional,
disseminando a geração de valor agregado e a melhoria contínua por todos os processos
da malha institucional da empresa.
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