Enfermagem em Oncologia 01
Enfermagem em Oncologia 01
Enfermagem em Oncologia 01
Continuada a Distância
Curso de
Enfermagem em Oncologia
Aluno:
MÓDULO I
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descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1. Problema do Câncer no Brasil e Bases da Carcinogênises
1.1 Determinantes sociais do câncer
1.2 Impacto econômico e social
1.3 A epidemiologia do câncer
1.4 Estimativa de incidência e mortalidade por Câncer no Brasil
1.5 A célula normal
1.5.1 Comportamento Biológico das células normais
1.6 Fisiopatologia do Câncer
1.6.1 Características das células cancerosas
1.6.2 Conceitos sobre o crescimento tumoral
1.6.3 Vias de disseminação dos tumores malignos
1.7 Carcinogênese física, química e biológica
1.8 Estadiamento, classificação e nomenclatura dos tumores malignos
1.8.1 Classificação e Nomenclatura do Tumor
1.8.2 Nomenclatura das neoplasias hematológicas
MÓDULO II
2. Ações de prevenção primária e secundária no controle do câncer
2.1 Prevenção e controle do câncer
2.2 Fatores de risco associados ao câncer e prevenção primária
2.3 Prevenção dos principais tipos de câncer e atuação do enfermeiro
2.3.1 Câncer de mama
2.3.2 Câncer de colo de útero
2.3.3 Câncer de boca
2.3.4 Câncer de pele
2.3.5 Câncer de próstata
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MÓDULO III
3. Princípios da Abordagem Terapêutica
3.1 Diagnóstico de câncer
3.1.1 Diagnósticos e intervenções de enfermagem no cuidado ao cliente em
processo de investigação diagnóstica por suspeita de câncer
3.2 Cirurgia oncológica
3.2.1 Aplicações da cirurgia oncológica
3.2.2 Princípios da cirurgia oncológica
3.2.3 Assistência de enfermagem em cirurgia oncológica
3.3 Radioterapia Antineoplásica
3.3.1 Princípios do tratamento radioterápico
3.3.2 Tipos de radiação e modalidades de tratamento radioterápico
3.3.3 Finalidades da Radioterapia
3.3.4 Descrição do Tratamento
3.3.5 Programas de Controle de Garantia da Qualidade e Radioproteção
3.3.6 Radiotoxicidade
3.3.7 Ações de Enfermagem em Radioterapia
3.3.8 Efeitos colaterais da radioterapia, diagnósticos e intervenções de enfermagem
na prevenção e manejo da toxicidade secundária ao tratamento radioterápico
MÓDULO IV
4. Princípios da abordagem terapêutica – Parte 2
4.1 Quimioterapia antineoplásica
4.1.1 Finalidades da Quimioterapia
4.1.2 Classificação dos agentes antineoplásicos
4.1.3 Vias e métodos de administração de quimioterápicos
4.1.4 Formas de aplicação da quimioterapia
4.1.5 Determinantes do Plano Terapêutico
4.1.6 Contraindicações
4.1.7 Padrões de Resposta
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4.1.8 Normas para o manuseio seguro de agentes quimioterápicos
4.1.9 Administração de Agentes Quimioterápicos via Parenteral
4.1.10 Risco ocupacional em Quimioterapia Antineoplásica (QTA)
4.1.11 Efeitos colaterais e Assistência de Enfermagem
4.1.12 Complicações do Tratamento Quimioterápico
4.2 Cateteres Venosos Centrais (CVC)
4.2.1 Cateter Venoso Central Totalmente Implantado (CVC-TI)
4.2.2 Cateter Venoso Central de Longa Permanência Semi-implantado (CVC-SI)
4.2.3 Cateter Venoso Central de Inserção Periférica (CCIP)
4.3 Transplante de Medula Óssea (TMO)
4.3.1 Tipos de TMO e principais indicações
4.3.2 Triagem do doador e Preparo do paciente
4.3.3 Procedimentos de coleta
4.3.4 Procedimento de transplante de Medula Óssea
4.3.5 Complicações
4.3.6 Alta hospitalar
MÓDULO V
5. Emergências oncológicas e cuidados paliativos
5.1 Emergências oncológicas
5.1.1 Hipercalcemia
5.1.2 Síndrome de compressão medular
5.1.3 Síndrome de compressão de veia cava superior
5.1.4 Derrame pleural maligno
5.2 Cuidados paliativos oncológicos
5.2.1 Controle de sintomas em cuidados paliativos oncológicos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
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sido observada uma correlação entre o grau de desenvolvimento urbano e a
mortalidade por câncer. Este fato por ser explicado a partir da análise das
modificações nos hábitos de vida das pessoas com o advento da urbanização.
Observa-se que o aumento das taxas de obesidade, do sedentarismo, uma
alimentação rica em gordura, etilismo, e tabagismo, dentre outros fatores, parecem
ter contribuído para uma maior ocorrência de câncer.
O avanço tecnológico observado no setor da saúde, aliado a uma melhora
das condições socioeconômicas, contribuiu para a diminuição da mortalidade por
doenças controláveis, como por exemplo, a tuberculose, a desnutrição, o diabetes,
etc, através da melhora dos recursos diagnósticos e terapêuticos. O controle destas
doenças faz com que a mortalidade maior seja àquela devido a patologias não
controláveis, como as doenças cardiovasculares e o câncer.
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capacitada e internações frequentes, o que aumenta os custos relacionados ao
tratamento (BRASIL, 2002).
Nos Estados Unidos, no ano de 2004, os custos relacionados ao câncer
foram estimados em quase 190 bilhões de dólares, sendo metade deste valor
relacionado à perda de produtividade devido à morte pela doença (ACS, 2005).
Quanto mais precoce for o diagnóstico do câncer, mais chances de cura o indivíduo
têm e os custos pessoais (toxicidade do tratamento, incapacidade de exercer
atividade laborativa, etc) e aqueles relacionados ao tratamento são menores, e as
chances deste indivíduo continuar a ter uma vida produtiva são maiores. O oposto
também é verdadeiro: quanto mais tardio for o diagnóstico, maiores os custos para o
indivíduo e para o sistema de saúde e menores as chances desta pessoa voltar a ter
uma vida produtiva, seja por incapacidade, seja por óbito, secundários à doença
(BRASIL, 2002).
No Brasil, a maioria da população não tem acesso aos planos de saúde,
dependendo exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para assistência
(BRASIL, 2005a). Além disso, também é o sistema público que responde pela maior
parte da assistência previdenciária no país, fornecendo auxílios, aposentadorias e
pensões (BRASIL, 2005b). Sabe-se que os investimentos nas áreas de prevenção e
diagnóstico precoce do câncer trazem maior benefício social e econômico do que o
custeio do tratamento da doença em fase avançada ainda em unidades de
tratamento curativo (OMS, 2003).
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dos serviços de saúde. A mortalidade por câncer embora seja importante não
permite o entendimento da real magnitude do problema, pois existem centenas de
tipos diferentes de tumores malignos que apresentam letalidade maior ou menor.
Deste modo, a mortalidade por câncer só permite conhecer a incidência dos tumores
malignos mais letais e faltam informações sobre os tipos que têm melhor prognóstico
(BRASIL, 2005c).
As fontes de dados sobre morbidade do câncer são os inquéritos
epidemiológicos, os Registros Hospitalares de Câncer (RHC) e os Registros de
Câncer de Base Populacional (RCBP) (BRASIL, 2002). No Brasil há cerca de 146
RHC implantados em hospitais especializados no tratamento do câncer
credenciados como Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON), e a
grande maioria concentra-se no estados do sul e sudeste. Estes dados representam
a realidade institucional. Trata-se do registro do atendimento e do seguimento dos
casos de câncer, a partir das informações coletadas do prontuário do paciente.
Os RHC fornecem informações que permitem a avaliação da extensão e da
qualidade da sobrevida dos doentes de câncer tratados na respectiva instituição.
Além disso, permitem a sistematização de dados que possibilitam e estimulam
outros tipos de investigação clínica e epidemiológica sobre aspectos relacionados
com as características dos pacientes, da doença e da intervenção terapêutica. Os
RHC ainda são uma fonte de aferição da qualidade do diagnóstico e da assistência
prestada aos pacientes com câncer atendidos nos hospitais onde estão implantados
(BRASIL, 2003).
Existem cerca de 16 RCBP no Brasil, que são centros sistematizados de
coletas, distribuídos entre as regiões do país, que se dedicam à coleta contínua e
sistemática da ocorrência e das características de todos os novos casos de câncer,
em uma população geograficamente definida, representando assim a incidência da
doença (BRASIL, 2003). O Ministério da Saúde utiliza os dados de incidência e
mortalidade para o cálculo das estimativas de incidência e mortalidade de câncer
para os próximos anos, o que permite um planejamento das estratégias de combate
considerando seu impacto na população (BRASIL, 2005c). Na Tabela 1.1 podem ser
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visualizadas as estimativas para a incidência de câncer no Brasil, para o ano de
2006.
Observa-se que o tipo de câncer que apresenta maior taxa de incidência é o
de pele-não melanoma. Este tumor embora tenha uma baixa letalidade, pode levar a
ulcerações e deformidades físicas graves, se não diagnosticado precocemente, mas,
se tratado em tempo oportuno, apresenta elevados índices de cura. Uma vez que os
fatores de risco são conhecidos, torna-se necessária a implementação de programas
de prevenção e detecção precoce do câncer de pele (Brasil, 2004).
Logo após o câncer de pele não-melanoma, podemos observar que as
maiores incidências de câncer estimadas para mulheres são: mama, colo uterino,
cólon e reto pulmão e estômago. Estes tumores estão relacionados a alguns fatores
de riscos identificáveis, como por exemplo, tabagismo, doenças sexualmente
transmissíveis, dieta rica em gordura e pobre em fibras, etc.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa / 2006: Incidência de
Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2005c. Disponível em: <
http://www.inca.gov.br/estimativa/2006/>. Acesso em: 18 fev. 2007.
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Para os homens os tipos de câncer com maior incidência seriam, de acordo
com as estimativas do Ministério da Saúde (BRASIL, 2005): próstata, pulmão,
estômago, cólon e reto, cavidade oral e esôfago. A ocorrência destes tumores
também está relacionada a alguns fatores de riscos identificáveis, como tabagismo,
etilismo, dieta rica em gordura e pobre em fibras, etc. No Gráfico 1.1 estão
apresentadas as estimativas do Ministério da Saúde para os tipos de câncer mais
comuns entre homens e mulheres, para o ano de 2006 no Brasil.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa / 2006: Incidência de
Câncer no Brasil. Rio de Janeiro (RJ): INCA, 2005c. Disponível em: <
http://www.inca.gov.br/estimativa/2006/>. Acesso em: 18 fev. 2007.
Gráfico 1.1 - Estimativas do número de tipos de câncer mais comuns entre homens e mulheres,
segundo a localização primária, para o ano de 2006.
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Os tumores com maiores taxas de mortalidade foram: mama, esôfago, pulmão cólon
e reto, para mulheres; pulmão, próstata, estômago, esôfago, cólon e reto, para
homens (Tabela 1.2).
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Estáticas (que não se dividem)
Deixam de se dividir após o período pós-embrionário
Quando lesadas ou destruídas, não podem ser substituídas
Ex: células nervosas
Expansivas (em repouso)
Temporariamente interrompem a sua replicação ao atingir suas
dimensões normais
Podem voltar a ingressar no ciclo celular e se dividir em
períodos de necessidades fisiológicas
Ex: células do fígado, rim, glândulas endócrinas
Renováveis (que se dividem continuamente)
Apresentam o mais elevado nível de atividade reprodutora
Têm duração de vida finita e se replicam continuamente para
substituírem as células que morrem
Ex: células epiteliais da mucosa gastrointestinal e células
sanguíneas
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Fonte: Adaptado de Vetcher, 2003.
Figura 1. 1 - Ciclo celular.
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Pode ser fisiológica quando os tecidos são estimulados à proliferação para
atender às necessidades normais do organismo (Ex. glândula mamária
durante a gestação) ou patológicas, quando o crescimento celular se deve a
um estímulo excessivo (Ex. hiperplasia endometrial estimulada por excesso
de estrógenos). Caso o estímulo cesse, para também a proliferação celular.
• Metaplasia: Processo proliferativo de reparo em que o tecido formado é
diferente do original. Os desvios morfológicos que ocorrem conferem melhor
proteção aos tecidos e mantêm a filiação embrionária dos tecidos original e
metaplásico. As características celulares e arquiteturais do tecido formado
são normais. É reversível quando cessam os estímulos que a provocam. Ex.
substituição do epitélio colunar pseudoestratificado por epitélio escamoso
estratificado nos brônquios dos fumantes.
• Displasia: alterações de forma e tamanho ou organização ou substituição
por um tipo celular menos maduro nas células adultas normais.
Geralmente associado a um estímulo externo (radiação, inflamação crônica,
etc). Pode ser revertida com a cessação do estímulo. Estudos sobre
displasias em colo uterino observaram que, neste caso, as alterações
progressivas nas células poderiam culminar com o aparecimento de
neoplasias.
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Como já foi dito anteriormente, o crescimento celular normal é controlado
através do equilíbrio entre fatores estimulantes e fatores inibidores. Quanto este
equilíbrio é rompido, inicia-se então um processo de proliferação celular
desordenado e surgem células com propensão ao crescimento e divisão anômalos,
insensíveis aos mecanismos reguladores normais, que levam ao surgimento de
neoplasias.
Para diferenciar neoplasias benignas de tumores malignos, são utilizados os
critérios sintetizados no Quadro 1.1. Os tumores malignos geralmente não
apresentam cápsula, enquanto os tumores benignos costumam ser encapsulados. O
padrão de crescimento nos tumores benignos é mais lento e bem delimitado, por
isso as mitoses são raras e típicas. Ao contrário, nos tumores malignos, é rápido e
infiltrativo e as mitoses são frequentes e atípicas. Quanto à morfologia, os tumores
benignos reproduzem as características do tecido de origem, ao passo que os
tumores malignos não as reproduzem. Outra característica da célula maligna é
capacidade de produzir antígenos tumorais, ausente nos tumores benignos. Por fim,
nos tumores benignos não ocorre a presença de metástases, que são frequentes
nos tumores malignos (BRASIL, 2002).
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1.6.1 Características das células cancerosas
De acordo com Otto (2002); Ferreira & Castro (2005); Brait & Dellamano
(2005), as células malignas apresentam as seguintes características microscópicas:
¾ Pleomorfismo: têm tamanho e forma variáveis e podem ser observados
múltiplos núcleos.
¾ Hipercromatismo: a cromatina nuclear, o principal componente dos
genes cora-se de forma mais acentuada.
¾ Polimorfismo: o núcleo é maior e varia em formato.
¾ Aneuploidia: são observados números incomuns de cromossomos.
¾ Arranjos cromossomiais anormais:
translocações (troca de material entre os cromossomos);
deleções (perda de seções dos cromossomos);
adições (cromossomos extras);
pontos frágeis (seções mais vulneráveis nos cromossomos)
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células cancerosas e as células normais correspondentes. Células
indiferenciadas malignas: células de crescimento rápido e sem as
características morfológicas e funções das células especializadas dos
tecidos.
¾ Propriedades bioquímicas alteradas: podem adquirir novas
propriedades, em decorrência de modificações no padrão enzimático
ou de alterações no DNA:
Produções de antígenos associadas a tumores marcam a célula
como ¨non-self¨, que faz com que as células malignas tornem-se
capazes de “burlar” o sistema de vigilância imunológica.
Produção anormal de hormônios ou de substâncias semelhantes a
hormônios que induzem a síndromes paraneoplásicas e
crescimento tumoral.
o Ex. Fator de angiogênese tumoral: Substância secretada por
células cancerosas que estimula a formação de novos
capilares e aumenta a taxa de crescimento e a invasão
tecidual local.
¾ Perda da coesão e da aderência entre as células: redução da inibição
de movimento pelo contato, o que faz com que as células cancerosas
invadam as outras, sem restrição, assim como ao tecido adjacente.
¾ Instabilidade cromossomial: resulta no surgimento de novos mutantes,
cada vez mais malignos, que criam subpopulações com características
biológicas e citogenéticas ímpares. Esta característica está relacionada
ao desenvolvimento de resistência ao tratamento.
¾ Capacidade de formar metástase: ocorre devido à perda da
dependência de ancoragem, o que afeta o formato e a aderência da
célula. As células cancerosas não precisam se ligar a uma superfície
(membrana basal) para proliferar.
Diminuição da aderência Æ Maior mobilidade celular Æ
Disseminação a partir da localização primária para locais
secundários a distância, viabilizada pela produção de enzimas na
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superfície da célula cancerosa que causam destruição das barreiras
teciduais normais, permitindo a invasão por células tumorais.
¾ Heterogeneidade
Diz respeito a diferenças individuais entre células contidas em um
tumor.
Por exemplo: composição genética, taxa de crescimento, potencial
metastático, receptores hormonais e suscetibilidade à terapia
antineoplásica.
Os tumores são compostos de misturas de células que não se
dividem, de células em repouso e de outras que se dividem
continuamente.
O grau de heterogeneidade aumenta à medida que aumenta o
tamanho do tumor.
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padrão contínuo, porém mais lento, e pode ser representada pela função de
Gompertz: crescimento exponencial, seguido por uma diminuição uniforme
progressiva da FC (OTTO, 2002).
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As células dos tumores metastáticos têm as mesmas características das
células malignas e são capazes de produzir novas metástases (BRASIL, 2002;
OTTO, 2002).
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1.7 Carcinogênese física, química e biológica
Segundo Silva (2005:63) o câncer é uma doença genética, que pode ser
definida como “o resultado de alterações estruturais e/ou funcionais de alguns
genes, cuja função é controlar o crescimento normal e a diferenciação das células
que compõem o organismo”. Estas alterações podem ser herdadas ou surgirem em
decorrência de exposição a carcinógenos ambientais ou agentes infecciosos.
A carcinogênese é o estudo do processo pelo qual as células normais são
transformadas em células cancerosas. O processo de carcinogênese inicia-se
quando uma célula desenvolve e acumula várias mutações genéticas que promovem
sua proliferação descontrolada. Divide-se em três etapas: iniciação, promoção e
progressão (BRASIL, 2002). Este processo está representado na Figura 1.3.
A iniciação representa a primeira etapa no processo de carcinogênese e
refere-se ao momento em que, devido à ação de fatores carcinogênicos, ocorrem
mutações no DNA celular. Se forem irreversíveis essas mutações poderão
transformar a célula normal em célula maligna, caso ocorram as alterações
adicionais necessárias. As células “iniciadas” permanecem latentes, até que sofram
a ação dos agentes promotores.
A promoção refere-se ao período em que a célula que foi iniciada acumula
novas alterações e adquire vantagens proliferativas e capacidade de não responder
aos mecanismos de controle do organismo. A promoção só ocorre caso a célula
tenha sido “iniciada” previamente. A progressão representa a etapa em que as
células malignas apresentam o fenótipo característico, desenvolvem maior
agressividade, crescimento rápido e potencial de invasão e disseminação (BRASIL,
2002; BRAIT, DELLAMANO, 2005b).
Carcinógeno é o termo usado para designar qualquer agente capaz de levar
ao câncer. Os carcinógenos estão relacionados aos fenômenos de iniciação,
promoção e progressão, e podem ser físicos, químicos ou biológicos. Eles podem
atuar isoladamente em uma das fases da carcinogênese, ou podem ser capazes de
atuar em todas as etapas, sendo neste caso classificados como carcinógenos
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completos, ou seja, substâncias que são capazes de induzir à iniciação, à promoção
e a progressão (BRASIL, 2002; OTTO, 2002; BRAIT, DELLAMANO, 2005b).
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o
controle do câncer. Rio de Janeiro (RJ): INCA, 2002. 376p.
Figura 1.2. Etapas da carcinogênese
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Legenda: i = exposição ao agente iniciador; p= exposição ao agente promotor
Fonte: Adaptado de Otto, 2002. Figura 1.3 – Interação entre iniciação e promoção.
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¾ Hormônios: Promovem o processo de carcinogênese mediante a sensibilização
de uma célula à agressão carcinogênica ou à modificação do crescimento do
tumor.
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Em geral, a evolução natural do câncer ocorre da seguinte forma (BRASIL,
1999):
o Invasão local
o Invasão dos órgãos vizinhos
o Disseminação regional (direta)
o Disseminação sistêmica (indireta ou metastática)
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poder estabelecer com o cliente uma relação profissional orientada pelo respeito e
por critério prognóstico mais realista (BRASIL, 2002).
Fonte: OTTO, Shirley. Oncologia. Rio de Janeiro: Reichman e Affonso Editores, 2002. 526 p.
Quadro 1.3 Definições gerais de TNM
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Ovo
Mórula
Blástula
Gástrula
Embrião tridérmico
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• Tumor maligno do tecido cartilaginoso: condrossarcoma
• Tumor maligno do tecido gorduroso: lipossarcoma
• Tumor maligno do tecido muscular liso: leiomiossarcoma
• Tumor maligno de tecido muscular estriado: rabdomiossarcoma
Epitélio glandular: indicado por “adenocarcinoma”
• Adenocarcinoma gástrico
• Adenocarcinoma de ovário, etc
¾ Exceções:
Tumores originários de células blásticas, mais comuns na infância, são
chamados de “blastomas”:
• hepatoblastoma, nefroblastoma, neuroblastoma, retinoblastoma,
osteoblastoma
Tumores mistos: contém mais de um tipo de célula neoplásica
• Teratomas – podem ser malignos ou benignos
Originam-se das células totipotentes (germinativas)
Compostos por diversos tipos de tecidos diferenciados
Originam-se a partir das três camadas germinativas:
endoderma, ectoderma, mesoderma.
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O Quadro 1.4 a seguir apresenta uma síntese da classificação dos tumores:
Tecido hemolinfopoético
Mieloide - Leucemia (vários tipos)
Linfoide - Leucemia linfocítica
- Linfoma
- Plasmocitoma
- Doença de Hodgkin
Células de Langerhans - Histiociotose
Tecido muscular
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Controle do câncer: uma proposta de integração ensino-
serviço. 3. ed. Rio de Janeiro: INCA, 1999. 285 p.
Quadro 1. 4 – Síntese da nomenclatura das neoplasias malignas.
Morfologia tumoral
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• Micose fungoide (linfoma maligno da pele)
• Melanoma Maligno
• Cânceres hematológicos: leucemias, linfomas
• Doenças Trofoblásticas Gestacionais (DIESTEL et al, 2002)
• Formas benignas: Mola Hidatiforme (MH) - MH
Completa e MH Parcial
• Formas malignas: DTG persistente (DTGP) e como
Tumor Trofoblástico Gestacional (TTG)
o Mola Invasora, o Coriocarcinoma e o Tumor
Trofoblástico do Sítio Placentário
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¾ Mieloma múltiplo
Proliferação cancerosa de plasmócitos (linfócitos B)
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