Manual CRIE 2023
Manual CRIE 2023
Manual CRIE 2023
MANUAL DOS
CENTROS DE
REFERÊNCIA PARA
IMUNOBIOLÓGICOS
ESPECIAIS
6a edição
Brasília DF 2023
IÇÃ
IBU O
TR
A
IBID
DIS
O
A PR
VEND
IT
A
G R AT U
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente
Departamento de Imunizações e Doenças Imunopreveníveis
MANUAL DOS
CENTROS DE
REFERÊNCIA PARA
IMUNOBIOLÓGICOS
ESPECIAIS
6a edição
Brasília DF 2023
2013 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta
obra, desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br.
Elaboração, distribuição e informações: Lily Yin Weckx (Crie – São Paulo/SP – Unifesp)
MINISTÉRIO DA SAÚDE Marta Heloisa Lopes (Crie – São Paulo/SP –
Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente Hospital das Clínicas)
Departamento de Imunizações e Doenças Imunopreveníveis Maria Angela Wanderley Rocha (Crie – Pernambuco)
SRTVN, quadra 701, via W 5 Norte, lote D, Edifício PO 700, Rafaela Borges Rolim Barbosa (Crie – Salvador/BA – UFBA)
6º andar Solange Dourado de Andrade (Crie – Manaus/AM)
CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tânia Cristina de Mattos Barros Petraglia (Crie MAG
Tel.: (61) 3315-6128 – Rio de Janeiro/RJ)
Site: www.saude.gov.br/svs
E-mail: [email protected] Colaboração:
Ana Karolina Barreto Berselli Marinho (SP)
Ministra da Saúde:
Ana Goretti Kalume Maranhão (Cgici/DPNI)
Nísia Trindade
Ana Marli C. Sartori (SP)
Victor Bertolo Gomes Porto (DF)
Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente:
Carlos Edson Hott (GI/DPNI)
Ethel Maciel
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Imunizações e Doenças Imunopreveníveis.
Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde
e Ambiente, Departamento de Imunizações e Doenças Imunopreveníveis, Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações.
– 6. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2023.
176 p. : il.
CDU 616.36
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0291
Quadro 6 Condições de imunodepressão nas quais a vacina febre amarela pode ser
considerada após avaliação médica71
Quadro 7 Situações especiais nas quais a vacina febre amarela pode ser administrada72
Quadro 8 Vacinas destinadas a pessoas com condições clínicas que cursam com
suscetibilidade aumentada a infecções de natureza variada78
Quadro 11.1 Esquema de vacinação antipneumocócica com VPC13 e VPP23 para crianças
menores de 5 anos de idade contempladas nas indicações de 1 a 8133
Quadro 13 Esquema inicial de vacinação com VPCP13 e VPP23 para crianças a partir
de 5 anos de idade, adolescentes e adultos, segundo situação de risco134
Tabela 9 Vacinas indicadas nos Crie para pessoas com imunodeficiências primárias
ou erros inatos da imunidade57
APRESENTAÇÃO17
INTRODUÇÃO19
RESUMO DAS INDICAÇÕES 21
Resumo das indicações dos Crie, por imunobiológico 21
PARTE 1 GERAL 27
1 Conceitos básicos em imunizações 29
1.1 Avaliação da resposta imune às vacinas 33
1.2 Intervalos das vacinações entre si e em relação a outros imunobiológicos 34
1.3 Considerações gerais em situações clínicas especiais 36
GLOSSÁRIO169
APRESENTAÇÃO
17
18 SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE E AMBIENTE | MS
INTRODUÇÃO
A oferta de imunobiológicos para as pessoas A Parte 2 trata das indicações dos imunobiológicos
que apresentam contraindicação à utilização oferecidos nos Crie, especificando os usuários
dos produtos disponíveis na rede pública de saúde elegíveis para uso de imunobiológicos especiais,
é uma das atribuições do PNI. Dessa forma, ao apoiar considerando, além dos imunocompetentes e imu
a instalação dos Crie, o Programa contribui para nodeprimidos, aquelas pessoas que apresentam
o fortalecimento dos princípios da universalidade outras condições de risco e outros grupos especiais
e equidade do SUS. que devem ser atendidos na rede de serviços de saúde.
Nessa perspectiva, é importante destacar que A Parte 3 aborda de forma detalhada cada um dos
algumas vacinas, antes ofertadas somente nesses produtos disponíveis nos Crie, descrevendo para os 21
Centros de Referência, vêm sendo gradativamente imunobiológicos, entre outros aspectos: a composição
introduzidas na rotina dos serviços de saúde, como e a apresentação; a dose – via de administração,
a meningite C, a pneumocócica conjugada 10-valente, conservação e validade; o esquema básico e reforço;
a varicela, a hepatite A e a difteria, tétano e pertussis a indicação, as contraindicações e os eventos
acelular para gestantes e profissionais de toda a rede adversos associados temporalmente a cada produto.
do SUS.
A Parte 4 faz referência à responsabilidade dos
Esta 6ª edição do Manual dos Centros de Referência Crie como o serviço do SUS ao qual cabe o atendi
para Imunobiológicos Especiais mantém a estrutura mento dos casos de eventos adversos graves
das publicações anteriores: cinco partes, um pós-vacinação, o que pressupõe a necessidade
glossário e um anexo contendo a relação dos Crie de suporte hospitalar e laboratorial.
em funcionamento no País em 2023, além de
tabelas e quadros referidos no corpo do documento. A Parte 5 aborda aspectos de ordem administrativa
e gerencial necessários ao funcionamento desses
A Parte 1 faz uma síntese conceitual de aspectos Centros de Referência.
importantes relacionados à imunologia e situações
que podem alterar a resposta imune, especifi Observa-se, a partir dessa síntese, que o presente
camente no tocante aos imunobiológicos especiais manual é um instrumental básico para os profissionais
no paciente imunocompetente ou imunodeprimido, que trabalham nos Crie e, do mesmo modo, de
abordando, ainda, a questão do intervalo entre doses grande utilidade para um enorme contingente
dos produtos ofertados nos Crie e, entre estes, e os de trabalhadores, que no cotidiano se defrontam com
disponíveis na rede de serviços do SUS. situações de risco que exigem decisões oportunas
e adequadas quanto ao encaminhamento e/ou
à indicação do imunobiológico apropriado àquela
pessoa ou situação.
19
RESUMO DAS INDICAÇÕES
1 Vacina adsorvida difteria e tétano infantil (dupla 3. Preferencialmente, nas seguintes situações de
infantil – DT) imunodepressão:
Encefalopatia nos sete dias subsequentes à admi a. Pacientes oncológicos com doença em ativi
nistração de dose anterior das vacinas Penta de dade ou até alta médica.
células inteiras (DTP + Hib + HB), DTP, DTPa, Penta b. Pacientes com doenças imunomediadas que
acelular (DTPa + Hib + VIP) e Hexa acelular (DTPa necessitem de imunodepressão terapêutica.
+ Hib + HB + VIP).
c. Transplantados de órgãos sólidos (TOS).
2 Vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis d. Transplantados de células-tronco hemato
acelular (DTPa), Penta acelular (DTPa/Hib/ poiéticas (TCTH).
VIP) e Hexa acelular (DTPa/Hib/HB/VIP):
3 Vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis
1. Após os seguintes eventos adversos graves
acelular adulto (dTpa)
ocorridos com a aplicação da vacina adsorvida
difteria, tétano e pertussis (DTP) ou com a vacina 1. Gestantes a partir de 20 semanas de gestação
adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B e puérperas até 45 dias.
e Haemophilus influenzae tipo b (Penta de 2. Todos os trabalhadores de saúde, principalmente
células inteiras): os que atuam em maternidades e em unidades
a. Convulsão febril ou afebril nas primeiras de internação neonatal (UTI/UCI convencional
72 horas após a vacinação. e UCI Canguru) e aqueles com maior contato
com recém-nascidos (RNs), tais como fisiote
b. Episódio hipotônico-hiporresponsivo (EHH)
rapeutas e estagiários da área da saúde.
nas primeiras 48 horas após a vacinação.
3. Transplantados de células tronco-hemato
2. Para crianças que apresentem risco aumentado
poiéticas (TCTH).
de desenvolvimento de eventos graves à vacina
adsorvida difteria, tétano e pertussis (DTP) ou à Para gestantes, puérperas e trabalhadores de saúde,
vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite essa vacina (dTpa) está disponível na rede de saúde.
B e Haemophilus influenzae tipo b (Penta de Nos Crie, poderá ser aplicada, nas indicações
células inteiras): preconizadas, quando o paciente receber outras
vacinas especiais.
a. Doença convulsiva crônica.
b. Cardiopatias ou pneumopatias crônicas com 4 Imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT)
risco de descompensação em vigência de febre. 1. Indivíduos que apresentaram algum tipo
c. Doenças neurológicas crônicas incapacitantes. de hipersensibilidade quando da utilização
d. Bebês que ainda permaneçam internados na de qualquer soro heterólogo (antitetânico,
unidade neonatal por ocasião da idade de antirrábico, antidiftérico, antiofídico etc.).
vacinação. 2. Indivíduos imunodeprimidos, nas indicações de
e. Bebês prematuros nascidos com menos imunoprofilaxia contra o tétano, mesmo que vaci
de 33 semanas (até 32 semanas e 6 dias) nados. Os imunodeprimidos deverão receber
ou com menos de 1.500 gramas de peso ao sempre a IGHAT no lugar do soro antitetânico
nascimento. (SAT), em razão da meia-vida maior dos anticorpos.
21
3. RN em situações de risco para tétano cujas 6. Doenças de depósito.
mães sejam desconhecidas ou não tenham sido 7. Fibrose cística (mucoviscidose).
adequadamente vacinadas.
8. Trissomias.
4. RN prematuros com lesões potencialmente
9. Candidatos a transplante de órgão sólido,
tetanogênicas, independentemente da história
cadastrados em programas de transplantes.
vacinal da mãe.
10. Transplantados de órgão sólido (TOS).
5 Vacina Haemophilus influenzae tipo b (conju 11. Transplantados de células-tronco hemato
gada) – Hib poiéticas (TCTH).
1. Nas indicações de substituição de Penta de 12. Doadores de órgão sólido ou de células-tronco
células inteiras por DTP acelular + Hib + HB, hematopoiéticas (TCTH), cadastrados em
quando necessário. programas de transplantes.
2. Transplantados de células-tronco hemato 13. Hemoglobinopatias.
poiéticas (TCTH). 14. Asplenia anatômica ou funcional e doenças
3. Transplantados de órgãos sólidos (TOS). relacionadas.
4. Pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA).
7 Vacina hepatite B recombinante (HB) e imuno
5. Pacientes oncológicos com doença em atividade globulina humana anti-hepatite B (IGHAHB)
ou até alta médica.
Vacina HB para indivíduos suscetíveis:
6. Imunodepressão terapêutica.
Os pacientes suscetíveis ao VHB pertencentes
7. Imunodeficiências primárias ou erro inato da
a grupos especiais devem ser vacinados contra
imunidade.
hepatite B nos Crie, caso já não o tenham sido em
8. Fístula liquórica e derivação ventrículo-peritoneal outros serviços, em virtude da vacinação universal
(DVP). adotada pelo País. O Quadro 9 apresenta as doses
9. Implante coclear. e esquemas para os pacientes renais crônicos
10. Hemoglobinopatias. e hemodialisados e para as demais condições. Para
os esquemas e doses PVHA em menores de 19 anos,
11. Asplenia anatômica ou funcional e doenças
consultar a Tabela 11, e para maiores de 19 anos,
relacionadas.
a Tabela 12.
Imunoglobulina pós-exposição
14 Vacina varicela (VZ) e imunoglobulina humana Deve ser utilizada até 96 horas após o contato,
antivaricela-zóster (IGHVZ) desde que atendidas as três condições seguintes:
suscetibilidade, contato significativo e condição
Vacinação pré-exposição em suscetíveis: especial de risco, conforme definidas abaixo:
1. Pessoas imunocompetentes de grupos especiais 1. O comunicante deve ser suscetível:
de risco (profissionais de saúde, cuidadores
a. Pessoas imunocompetentes e imunode
e familiares), suscetíveis à doença, que este
primidas sem história bem definida da doença
jam em convívio domiciliar ou hospitalar com
e/ou de vacinação anterior.
pacientes imunodeprimidos.
b. Pessoas com imunodepressão celular grave,
2. Crianças a partir de 9 meses de idade imunocom
independentemente de história anterior
petentes e suscetíveis à doença, no momento da
de varicela.
internação, em que haja caso de varicela.
3. Candidatos a transplante de órgãos sólidos, 2. Deve ter havido contato significativo com o vírus
suscetíveis à doença, até pelo menos quatro varicela-zóster (VVZ):
semanas antes do procedimento, desde que não a. Contato domiciliar contínuo: permanência
estejam imunodeprimidos. junto com o doente durante pelo menos uma
4. Pacientes com nefropatias crônicas. hora em ambiente fechado.
5. Pacientes com síndrome nefrótica. b. Contato hospitalar: pessoas internadas no
mesmo quarto do doente ou que tenham
6. Doadores de órgãos sólidos e de células-tronco
mantido com ele contato direto prolongado,
hematopoiéticas (TCTH).
de pelo menos uma hora.
7. Transplantados de células-tronco hemato
3. O suscetível deve ser pessoa com risco especial
poiéticas (TCTH): para pacientes transplantados
de desenvolver varicela grave:
há 24 meses ou mais, sendo contraindicadas
quando houver doença enxerto versus hospedeiro. a. Crianças ou adultos imunodeprimidos.
8. PVHA suscetíveis à varicela, a depender da con b. Menores de 9 meses em contato hospitalar
dição imunológica (LT CD4+) com VVZ.
9. Pacientes com deficiência isolada de imunidade c. Gestantes.
humoral (com imunidade celular preservada). d. RN de mães nas quais o início da varicela
10. Pacientes com doenças dermatológicas graves, ocorreu nos cinco últimos dias de gestação
tais como: ictiose, epidermólise bolhosa, psoríase, ou até 48 horas depois do parto.
dermatite atópica grave e outras assemelhadas. e. RN prematuros, com 28 ou mais semanas de
11. Indivíduos em uso crônico de ácido acetilsali gestação, cuja mãe nunca teve varicela.
cílico (suspender uso por seis semanas após f. RN prematuros, com menos de 28 semanas
a vacinação). de gestação (ou com menos de 1.000 g ao
nascimento), independentemente de história
materna de varicela.
GERAL
29
passagem transplacentária de anticorpos da classe As imunoglobulinas humanas específicas são
imunoglobulina G (IgG). Esses anticorpos protegem direcionadas especialmente para a proteção
contra determinadas infecções bacterianas e virais contra determinados microrganismos ou toxinas,
e refletem a experiência imunológica materna. causadores de doenças tais como tétano, hepatite
Essa proteção diminui gradualmente ao longo B, raiva e varicela. São obtidas de doadores humanos
dos primeiros meses de vida e desaparece até selecionados, que apresentam alto título sérico de
os 15 meses de idade. Por outro lado, a proteção anticorpos contra a doença específica – geralmente,
intestinal do recém-nascido e do lactente depende pessoas recentemente vacinadas contra as doenças
de imunoglobulina A (IgA) secretora. Anticorpos que se deseja prevenir.
da classe IgA não atravessam a placenta, mas
estão presentes no leite materno, especialmente As imunoglobulinas de uso médico são constituídas
no colostro. basicamente por IgG e, em circunstâncias habituais,
têm sua concentração sérica reduzida à metade
A imunização passiva artificial pode ser heteróloga, (meia-vida) em 21 a 28 dias, sendo a duração da
conferida por transfusão de anticorpos obtidos proteção variável.
do plasma de animais previamente vacinados,
geralmente equinos, ou homóloga, conferida por O indivíduo que recebe soros pode produzir
transfusão de anticorpos obtidos do plasma de seres anticorpos contra essas proteínas estranhas,
humanos. A imunoglobulina humana (homóloga) determinando risco significante (de aproxima
é extraída de voluntários, sendo muito menos damente 1:40 mil doses para os soros modernos)
reatogênica que os soros (heteróloga). de reações alérgicas (anafilaxia) ou de hipersen
sibilidade, com depósito de complexos imunes
A imunoglobulina humana normal (padrão ou (doença do soro). As imunoglobulinas humanas
standard), obtida de doadores não selecionados, tem só excepcionalmente provocam reações de
espectro de proteção maior, pois inclui anticorpos hipersensibilidade.
capazes de proteger contra mais de uma doença.
Entretanto, em virtude da baixa concentração desses As vacinas, em princípio, são muito superiores
anticorpos, são poucas as doenças infecciosas às imunoglobulinas, mesmo as específicas, como
que podem ser evitadas por intermédio de seu se pode verificar na Tabela 1. Entretanto a principal
uso (exemplos: sarampo, hepatite A) e, devido vantagem das imunoglobulinas é a rapidez da
à existência de vacinas contra essas doenças, o uso proteção por elas conferida.
desse tipo de imunoglobulina tem sido cada vez
menos frequente.
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
Com o desenvolvimento de novas vacinas para É importante salientar que não há evidência científica
o controle de doenças infecciosas, é cada vez de que o sistema imune se sobrecarregue com
maior o número de imunobiológicos utilizados no a administração simultânea de múltiplas vacinas,
Calendário Nacional de Vacinação. Isso demanda sendo segura e eficaz, portanto, a utilização tanto
Vacinas conjugadas são aquelas nas quais antígenos Os testes que medem anticorpos bactericidas
polissacarídicos sofrem mudança química pela e os métodos de neutralização são considerados
associação com proteínas, levando à mudança no padrão-ouro, mas são trabalhosos e nem sempre
tipo de resposta imune ao antígeno, originalmente bem padronizados. Por isso, quando se dispõe de
timo-independente, passando a resposta a timo- um método ELISA que se correlaciona bem com
-dependente. Exemplos são as vacinas conjugadas proteção, como é o caso do ELISA para sarampo
pneumocócicas, meningocócicas e Haemophilus e rubéola, este é em geral o preferido.
influenzae tipo b. Essa mudança proporciona maior
imunogenicidade, havendo resposta de memória O método de escolha para a avaliação de anticorpos
com doses repetidas. Além da proteção direta é vacina-específico. Por exemplo, nas vacinas
do vacinado, as vacinas conjugadas apresentam meningocócicas, anticorpos pela técnica de ELISA
importante vantagem no controle das doenças por têm baixa correlação com proteção, e o teste-padrão
levar à proteção de rebanho: ao reduzirem o estado é a medida de anticorpos bactericidas mediada por
de portador sadio, por meio da imunidade de mucosa, complemento. No caso da febre amarela, o teste
protegem as pessoas não vacinadas à medida que as de neutralização é o preferido.
vacinadas deixam de transmitir a bactéria. Proteínas
usadas para a conjugação (toxoide tetânico, toxina O BCG não tem um marcador sorológico de
diftérica avirulenta, proteína de membrana externa proteção, e a vacina é utilizada pelos seus resultados
de meningococo) estão presentes em mínimas na prevenção da meningite tuberculosa e da
concentrações e não conferem proteção contra tuberculose miliar.
as respectivas doenças. As vacinas conjugadas
podem ser combinadas a outras vacinas, como Por falta de marcadores sorológicos de proteção,
é o caso da vacina Penta (vacina adsorvida difteria, as vacinas de rotavírus e papilomavírus (HPV)
tétano, pertussis, Haemophilus influenzae tipo b foram licenciadas por meio de grandes estudos
conjugada e hepatite B recombinante). de eficácia.
Raiva Ac Nt ≥0,5 UI
1.2 Intervalos das vacinações entre si Como regra geral, todas as vacinas recomendadas
rotineiramente podem ser aplicadas no mesmo dia,
e em relação a outros imunobiológicos
com duas exceções:
A resposta imune às vacinas depende de uma série
de fatores, como tipo de antígeno, conservação 1. As vacinas virais vivas atenuadas sarampo,
dos imunobiológicos, genética, idade e estado caxumba e rubéola, quando possível, não
imunológico do receptor. Sempre que possível, um devem ser aplicadas simultaneamente à vacina
esquema de vacinação deve ser realizado segundo febre amarela, na primovacinação, em crianças
o intervalo de tempo recomendado entre as doses menores de 2 anos de idade.
da vacina, nunca menor que o intervalo de tempo
mínimo especificado para cada vacina. 2. As vacinas pneumocócicas conjugadas VPC10
(Pneumo 10) ou a vacina conjugada VPC13
Doses de vacinas administradas até quatro dias (Pneumo 13) e a pneumocócica polissacarídica
antes do intervalo mínimo ou da idade mínima VPP23 (Pneumo 23) não devem ser aplicadas
indicada para vacinação são consideradas válidas. simultaneamente e devem ser utilizadas com
Se a primeira dose de uma série é administrada pelo menos oito semanas de intervalo entre elas.
mais de quatro (≥5) dias antes da idade mínima
recomendada, a dose deve ser repetida adiante O intervalo mínimo entre as vacinas virais atenuadas
ou após a data em que a criança alcance a idade parenterais (tríplice viral, varicela), caso não sejam
mínima recomendada para essa vacinação. aplicadas simultaneamente, deve ser de 30 dias.
No caso da vacina febre amarela, excepcionalmente,
o intervalo mínimo pode ser de 15 dias. É importante
levar em consideração o intervalo de tempo entre
a aplicação de dois imunobiológicos, quando há
necessidade de utilizá-los. Ver Tabela 4.
IMUNOBIOLÓGICO IMUNOBIOLÓGICO
Viral atenuada parenteral Imunoglobulina – após duas semanas
SANGUE E HEMODERIVADOS
PRODUTOS DOSE HABITUAL INTERVALO (MESES)
Hemácias lavadas 10 mL/kg (quase sem IgG) 0
Concentrado de hemácias 10 mL/kg (20-60 mg de IgG/kg) 5
Sangue total 10 mL/kg (80-100 mg de IgG/kg) 6
Plasma ou plaquetas 10 mL/kg (160 mg de IgG/kg) 7
Imunoglobulina intravenosa (reposição) 300 mg a 400 mg de IgG/kg 8
Imunoglobulina intravenosa (terapêutica*) 1.000 mg de IgG/kg 10
Imunoglobulina intravenosa (terapêutica*) 1.600 a 2.000 mg de IgG/kg 11
Imunoglobulina intramuscular (profilática**) 0,5 mL/kg peso 6
Fonte: elaboração própria com modificações de American Academy of Pediatrics, 2021* e Gastañaduy et al., 2018**.
1.3 Considerações gerais em situações Reações alérgicas de tipo tardio, que ocorram após
48 a 96 horas da vacinação, não representam risco
clínicas especiais de vida e não contraindicam o uso das vacinas.
Doenças leves não contraindicam imunização ativa.
Nos casos de febre com temperatura axilar maior Produtos que contêm mercúrio (timerosal) rara
ou igual a 37,8oC, a vacinação deve ser adiada, a não mente provocam reação de hipersensibilidade,
ser que a condição epidemiológica ou a situação geralmente do tipo local e tardia. A vacinação não
de risco pessoal torne a vacina necessária. é contraindicada nessas situações.
Pessoas com história de reação anafilática sistêmica Crianças prematuras ou de baixo peso podem
após ingestão de ovo (urticária generalizada, ter seu esquema vacinal modificado, conforme
hipotensão e/ou obstrução de vias aéreas superiores recomendado na parte específica deste manual.
ou inferiores comprovadas) devem ser vacinadas
com precauções, em unidade capacitada para Pacientes com síndromes hemorrágicas devem
atendimento de emergência. receber vacinas após uso dos fatores de coagulação
indicados para cada caso, devendo-se dar preferência
Em caso de alergia grave a outros componentes para vacinas combinadas e pela via subcutânea,
vacinais, tais como antibióticos, gelatina (estabilizante sempre que possível. Logo após a aplicação, fazer
de algumas vacinas virais, como varicela, tríplice viral compressa de gelo no local.
e tetraviral), deve-se fazer triagem médica antes da
vacina. Não é indicado teste cutâneo para avaliação.
Bibliografia
ABAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S.
Cellular and molecular immunology. Philadelphia:
Elsevier, 2021.
2.1 Imunizações no paciente imuno Imunodeprimidos são, neste manual, aqueles que
competente e no imunodeprimido se distinguem da população geral por incapacidade
de resposta a inúmeros estímulos antigênicos
A enorme variação genética na população ou infecciosos, o que os torna mais suscetíveis
implica diferentes capacidades de resposta a a apresentar infecções das mais variadas naturezas,
antígenos diversos, podendo o indivíduo revelar-se geralmente com maior gravidade que na população
incompetente para responder a um determinado geral, bem como a responder de forma menos
estímulo antigênico ao qual a maior parte das eficiente a estímulos vacinais. Condições clínicas
pessoas responde satisfatoriamente. Essa é uma como asplenia, câncer, transplantes, doenças
das razões pelas quais nenhuma vacina confere inflamatórias crônicas, infecção por HIV, e outras,
100% de proteção. com frequência induzem alterações qualitativas,
quantitativas e na persistência da resposta imune,
Variações da capacidade de resposta imune são quer seja frente à infecção natural ou às vacinas,
esperadas na população geral. A via de administração, deixando esses indivíduos mais vulneráveis
o esquema vacinal e a experiência imunológica a infecções que a população geral. O grau de
anterior são todos fatores que podem influenciar imunodepressão que apresentam é determinante
a resposta imune de indivíduos imunocompetentes, para essas respostas. Por outro lado, mesmo com
como já demonstrado na literatura. resposta imune menos robusta, tais indivíduos
podem se beneficiar com a imunização. A literatura
A idade também constitui um fator importante em tem mostrado cada vez mais a importância de doses
relação à resposta imune e precisa ser considerada de reforço após o período de imunodepressão
em algumas situações. Recém-nascidos e lactentes em algumas condições clínicas, na tentativa de
apresentam imaturidade do sistema imune e não fortalecer a resposta imune.
devem receber antígenos polissacarídicos antes de
2 anos de idade; recém-nascidos de gestantes que De modo geral, os indivíduos imunodeprimidos
utilizam drogas modificadoras da resposta imune respondem melhor a antígenos já previamente
não devem fazer uso de vacina BCG, antígeno vivo conhecidos pelo sistema imune, quando vacinados
atenuado, pois nascem imunodeprimidos, sendo na situação de imunodepressão, do que quando
necessário aguardar a metabolização da droga em vacinados com antígenos novos, não conhecidos
seu organismo para receberem essa vacina. pelo sistema imune. Além disso, muitas condições
crônicas, a exemplo de neoplasias e síndromes
Na faixa etária dos idosos, acima de 60 anos, a metabólicas, apresentam estado inflamatório
imunossenescência representa fator importante na contínuo quando estão em atividade, o que
diminuição da resposta imune a vacinas, sobretudo também pode interferir na resposta vacinal, que
quando associada a comorbidades comuns nessa primariamente se constitui em uma resposta
época da vida, como diabetes mellitus e outras inflamatória. As variáveis mais importantes a serem
alterações metabólicas e neoplasias. Os avanços analisadas na triagem do indivíduo imunodeprimido
tecnológicos têm favorecido maior sobrevida constam no Quadro 1.
e, com isso, maior engajamento dos indivíduos
imunodeprimidos, idosos ou não, em atividades
ocupacionais e de lazer, o que os torna mais
expostos a doenças imunopreveníveis.
39
Quadro 1 Variáveis importantes na triagem da vacinação de imunodeprimidos
Necessidade de reforços
Avaliar outras medidas de profilaxia que possam ser associadas ou mesmo substituir a vacinação
Fonte: adaptada de Rubin, 2014.
Portanto uma triagem cuidadosa é importante tinais e outras, a imunização com antígenos não
para evitar oportunidades perdidas, proteger os vivos deve ser realizada pelo menos duas semanas
indivíduos imunodeprimidos e, ao mesmo tempo, antes do início da imunossupressão; em relação aos
escolher os imunobiológicos mais adequados para antígenos vivos, a imunização deve ser realizada pelo
cada situação. menos quatro semanas antes da imunossupressão.
Imunidade sérica:
Resposta igual ou inferior em relação
• 2 doses – 95%
VIP: vacina poliomielite 1, à população geral na dependência do grau
• 3 doses – 99% a 100%
2 e 3 inativada de imunossupressão. Maioria dos estudos
Imunidade de mucosa: < que a obtida com em PVHA.
a vacina poliomielite oral atenuada
Imunidade sérica:
• 1 dose – 94% em maiores de 2 anos
HA: vacina adsorvida Soroconversão variavél em PVHA e menores
• 2 doses – 100% em maiores de 2 anos
hepatite A (vírus inativados títulos em hepatopatas graves e outras
da hepatite A) Resposta inferior em lactentes menores situações de imunodepressão.
de 1 ano, por interferência de anticorpos
maternos.
Imunidade sérica:
Imunidade sérica:
• 1 dose – 97% entre 1 e 12 anos de idade.
• 1 dose – 89% em leucêmicos em remissão
• 1 dose – 80% em maiores de 13 anos
• 2 doses – 93% em leucêmicos em
de idade.
remissão
VZ: vacina varicela atenuada • 2 doses – 99% em maiores de 13 anos
• 76% de soroconversão em crianças
de idade.
hemodialisadas.
Proteção de comunicantes quando aplicada • Não vacinar pacientes com déficit de
até 120 horas após contato com a doença. imunidade celular.
Proteção aparentemente duradoura.
VPC10: vacina pneumocócica Imunogênica após 6 semanas de vida em Poucos estudos de imunogenicidade desta
10-valente conjugada crianças <5 anos. vacina em imunodeprimidos.
DT: vacina adsorvida difteria Semelhante à obtida com a DTP, com Poucos estudos de imunogenicidade
e tétano infantil relação a difteria e tétano. desta vacina em imunodeprimidos
IGHAT: imunoglobulina Eficaz se aplicada conforme esquema Eficaz se aplicada conforme esquema de
humana antitetânica de profilaxia preconizado. profilaxia preconizado.
CRANE, H. M. et al. Optimal Timing of Routine STIEHM, E. R.; KELTR, M. A. Passive Immunization.
Vaccination in HIV-Infected Persons. Current In: FEIGN, R. D. et al. Textbook of pediatric
HIV/AIDS Reports, [S. l.], v. 6, p. 93-99, 2009. infectious diseases. 5. ed. Philadelphia: Saunders,
2004. p. 3181-3220.
KERNÉIS, S. et al. Long-term Immune Responses to
Vaccination in HIV-Infected Patients: A Systematic SUCCI, R. C. M. Vacinação do imunodeprimido.
Review and Meta-Analysis. Clinical Infectious In: FARHAT, C. K. et al. (ed.). Imunizações,
Diseases, [S. l.], v. 58, n. 8, p. 1130-9, 2014. fundamentos e prática. 5. ed. São Paulo: Atheneu,
2008. p. 186-195.
KUCHAR, E.; MISKIEWICZ, K.; KARLIKOWSKA,
M. A review of guidance on immunizations SUTCLIFFE, C. G.; MOSS, W. J. Vaccination of
in persons with defective or deficient splenic human immunodeficiency virus-infected persons.
function. British Journal of Hematology, [S. l.], In: PLOTKIN, S. A. et al. (ed.). Vaccines. 7. ed.
v. 171, p. 683-694, 2015. Philadelphia: Elsevier, 2018. p. 1370-1381.
INDICAÇÕES DOS
IMUNOBIOLÓGICOS
DOS CRIE
Varicela
3.1 Pessoas imunocompetentes
Convívio hospitalar
3.1.1 Comunicantes suscetíveis de pacientes
com doenças transmissíveis Vacina varicela (VZ) para os imunocompetentes
a partir de 9 meses de idade, presumidamente
O convívio com pacientes potencialmente infectantes suscetíveis (sem história de varicela):
representa risco para familiares e profissionais
de saúde. 1. Que tenham apresentado contato hospitalar
(face a face, de convívio no mesmo quarto ou no
Hepatite B mesmo ambiente fechado por pelo menos uma
hora) com caso infectante de varicela, o mais
Convívio contínuo domiciliar e sexual precocemente possível, no máximo em até 120
Vacina hepatite B recombinante (HB) para pessoas horas (5 dias) após a exposição; para menores
suscetíveis (sorologia negativa) com convívio de 9 meses de idade, imunocompetentes ou não,
domiciliar e∕ou parceria sexual de portadores do nas mesmas condições, utilizar imunoglobulina
vírus da hepatite B (VHB). humana antivaricela-zóster (IGHVZ) em até 96
horas (4 dias) após o contato. A vacina varicela
Contato eventual ou exposição eventual aplicada em menores de 12 meses de idade não
não percutânea é considerada dose válida.
49
3.1.2 Pessoas que convivem com doentes por Neisseriae meningitidis (no caso dos microbiolo
imunodeprimidos gistas rotineiramente expostos a isolamento desses
Com o advento da aids, da moderna terapia germes), todas preveníveis por meio de vacinas.
antineoplásica e imunodepressora para inúmeras Para outras infecções, como hepatite C e HIV, até
doenças, dos transplantes de órgãos sólidos e de o momento não existem vacinas disponíveis, sendo
células tronco-hematopoiéticas, tem aumentado sempre necessária a adoção de normas de segurança,
o número de pessoas imunodeprimidas que vivem além da profilaxia medicamentosa pós-exposição,
bem por longos períodos. Uma das abordagens no caso do HIV.
para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas é
vaciná-las com imunobiológicos das mais variadas Os trabalhadores de saúde, além das vacinas
naturezas. Entretanto, muitas vezes, essas pessoas preconizadas para adultos conforme o Calendário
não podem receber determinadas vacinas ou Nacional de Vacinação, podem receber nos Crie
respondem insatisfatoriamente ao estímulo vacinal. as vacinas influenza inativada (INF3), hepatite B
Os indivíduos que convivem com essas pessoas, recombinante (HB), varicela (VZ), para aqueles
familiares ou profissionais de saúde, são fontes sem história prévia de doença ou vacinação,
involuntárias de germes patogênicos, muitas vezes e duas doses de vacina sarampo, caxumba e
imunopreveníveis. Devem, portanto, ser vacinados rubéola (tríplice viral), independentemente da
convenientemente para diminuir os riscos de idade. A vacina meningocócica ACWY conjugada
transmissão de doenças. Além das vacinas de rotina (MenACWY) é recomendada aos microbiologistas,
para a faixa etária, as seguintes vacinas devem ser como descrito acima, e a vacina tríplice acelular do
administradas: adulto (dTpa) a todos os trabalhadores de saúde,
principalmente médicos anestesistas, ginecologistas,
1. Vacina influenza inativada (INF3) anualmente. neonatologistas, obstetras, pediatras, enfermeiros,
técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas
2. Vacina varicela (VZ) nos suscetíveis a partir
e estagiários da área de saúde. As vacinas hepatite
de 12 meses, em esquema de duas doses,
B recombinante (HB) e influenza inativada (INF3)
independentemente da idade.
também estão disponíveis na rede pública de saúde
3. Substituição da vacina poliomielite atenuada para esses profissionais.
(VOP) pela vacina poliomielite inativada (VIP)
nas doses de reforço, em crianças. Profissionais em situação de risco para raiva devem
fazer esquema pré-exposição com vacina raiva
4. Vacinas sarampo, caxumba e rubéola (tríplice inativada de cultivo celular, também disponível nas
viral) ou sarampo, caxumba, rubéola e varicela Unidades Básicas de Saúde.
(tetraviral) nos suscetíveis acima de 12 meses,
duas doses, independentemente da idade. Hepatite B
A transmissão do VHB, após exposição a sangue ou
3.1.3 Profissionais expostos a riscos líquidos corporais em hospitais, representa um risco
importante para o profissional de saúde, variando
3.1.3.1 Profissionais de saúde
de 6% a 30%, a depender da natureza dessas
Os trabalhadores de saúde estão sob risco constante exposições. Esses profissionais podem ser vacinados
de exposição às doenças contagiosas, muitas delas contra a hepatite B sem fazer teste sorológico prévio.
imunopreveníveis. A proteção desses profissionais Recomenda-se a sorologia um a dois meses após
por intermédio da vacinação é parte importante a última dose do esquema vacinal, para verificar
do controle e da prevenção de infecções para eles se houve resposta satisfatória à vacina (anti-HBs
mesmos e para seus pacientes. ≥10 mUI/mL), para todos esses profissionais.
Considera-se que trabalhadores de saúde têm Profissionais que já tiveram hepatite B estão imunes
significativa probabilidade de contrair ou transmitir à reinfecção. Para profissionais soronegativos que só
doenças como hepatite B, influenza, sarampo, realizaram teste sorológico mais de seis meses após
caxumba, rubéola, varicela, tuberculose e doenças a série vacinal original, uma dose adicional de vacina
3. Sorologia (anti-HBs) negativa um a dois meses após a terceira Não vacinar mais, considerar suscetível não respondedor;
dose do segundo esquema testar AgHBs para excluir portador crônico.
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
*
Toda dose administrada deve ser considerada, complementando-se o esquema em caso de interrupção, com intervalo mínimo de dois meses entre as doses.
Tabela 8 Recomendações para profilaxia de hepatite B após exposição ocupacional a material biológico
3. Previamente vacinado
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
1
O uso associado de imunoglobulina hiperimune anti-hepatite B está indicado se o paciente-fonte tiver alto risco para infecção pelo VHB, como nos
seguintes casos: usuários de drogas injetáveis; pacientes em programas de diálise; contatos domiciliares e sexuais de portadores de AgHBs; pessoas
que fazem sexo com pessoas do mesmo sexo; heterossexuais com vários parceiros e relações sexuais desprotegidas; história prévia de infecções
sexualmente transmissíveis; pacientes provenientes de áreas geográficas de alta endemicidade para hepatite B; indivíduos privados de liberdade
e de instituições de atendimento a pacientes com deficiência mental.
2
IGHAHB (2x): duas doses de imunoglobulina hiperimune para hepatite B com intervalo de um mês entre as doses. Essa opção deve ser indicada
para aqueles que já receberam duas séries de três doses da vacina, mas não apresentaram resposta vacinal ou apresentem alergia grave à vacina.
Embora o número de linfócitos B circulantes seja 1. Para o RN cuja mãe tenha apresentado quadro
normal, problemas relacionados à fagocitose e à clínico de varicela nos cinco últimos dias de
apresentação do antígeno diminuem a resposta gestação ou até 48 horas depois do parto.
humoral.
2. Para RN prematuros nascidos entre 28 semanas
e 36 semanas de gestação expostos à varicela,
Crianças nascidas pré-termo (menores de 37
quando a mãe tiver história negativa para varicela.
semanas de gestação) ou com baixo peso (menos
de 2.500 gramas) muitas vezes desenvolvem 3. Para RN prematuros nascidos com menos de
problemas no período neonatal, requerem 28 semanas de gestação ou com menos de
internações prolongadas em Unidades de 1.000 gramas de peso expostos à varicela, inde
Terapia Intensiva Neonatal (Utin) e desenvolvem pendentemente da história materna de varicela.
doença pulmonar crônica ou sequelas como
encefalopatia crônica não evolutiva. Em virtude • A dose é de 125 UI por via IM.
desses problemas, por precaução nem sempre
justificada, muitas crianças ficam sem receber as Imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT)
vacinas necessárias e acabam expostas ao risco Está indicada na dose de 250 UI, por via IM, para:
de adoecer. Por outro lado, o pré-termo apresenta
peculiaridades do desenvolvimento imunológico que 1. RN que apresentem situação de risco para
requerem observação especial e, eventualmente, tétano, e cujas mães sejam desconhecidas ou
imunobiológicos especiais. com história vacinal desconhecida ou que não
CONNERS, E .E. et al. Screening and Testing SARTORI, A. M. C.; LOPES, M. H. Vacinação do
for Hepatitis B Virus Infection: CDC profissional de saúde. In: FARHAT, C. K. et al. (ed.).
Recommendations – United States, 2023. Imunizações, fundamentos e prática. 5. ed. São
MMWR, [S. l.], v. 72, n, 1, p. 1-25, 2023. Paulo: Atheneu, 2008. p. 215-230.
SCHILLIE, S. et al. Prevention of Hepatitis B Virus STIEHLM, E. R.; KELLER, M. A. Passive immuization.
Infection in the United States: Recommendations In: PLOTKIN, S. A.; ORENSTEIN, W. A.; OFFIT, P. (ed.).
of the Advisory Committee on Immunization Vaccines. 7. ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2018.
Practices. MMWR, v. 67, n. 1, p. 1-31, 2018.
UK HEALTH PROTECTION AGENCY. Immuno
HOU, J.; LIU, Z.; GU, F. Epidemiology and globulIn: when to use. From: Public Health England.
prevention of hepatitis B virus infection. Int. J. Disponível em: https://www.gov.uk/government/
Med. Sci, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 50-57, 2005. publications/immunoglobulin-when-to-use.
KFOURI, R. A.; BRICKS, L. F. Vacinação de prematuros. WEBER, D. J.; RUTALA, W. A. Vaccines for health
In: AMATO NETO, V. (ed.). Atualizações, orientações care personnel. In: PLOTKIN, S. A. et al. (ed.).
e sugestões sobre imunizações. São Paulo: Segmento Vaccines. 7. ed. Philadelphia: Elsevier, 2018.
Farma, 2011. p. 455-464. p.1402-1419.
LOPES, M. H. et al. Hepatitis B revaccinations for ZIMMERMAN, R. K.; MIDDLETON, D. B.; SMITH, N.
healthcare workers who are anti-HBs-negative after J. Vaccines for persons at high risk due to medical
receiving a primary vaccination series. R. Soc. Bras. conditions, occupation, environment, or lifestyle.
Med. Trop., [S. l.], v. 45, n. 5, p. 639-342, 2012. J. Fam. Pract., [S. l.], v. 52, n. 1, p. 22-35, 2003.
4.1 Imunodeficiências primárias ou erros acompanha esses pacientes para tomar a melhor
inatos da imunidade decisão quanto ao esquema vacinal.
As imunodeficiências primárias, ou erros inatos Como regra geral, vacinas de agentes vivos
da imunidade, são doenças incomuns. Podem ser atenuados não devem ser administradas em
classificadas em: pessoas com deficiências da imunidade celular.
Vacinas de agentes vivos atenuados e não
a. Deficiências da imunidade humoral. vivos podem ser utilizadas em pacientes com
b. Deficiências combinadas da imunidade deficiências isoladas de imunoglobulinas. Os
celular e humoral. pacientes com deficiência de complemento devem
receber as vacinas que protegem contra germes
c. Deficiências do complemento. capsulados, pois as infecções por tais germes,
d. Deficiências da função fagocitária. particularmente a meningocócica, são de alto risco
para esses pacientes. Pacientes com deficiência
Essas imunodeficiências primárias compreendem de fagocitose não devem receber vacinas bacte
ampla gama de apresentações. As deficiências rianas vivas, como a BCG, mas podem receber
isoladas da imunidade humoral, por exemplo, todas as demais vacinas.
variam desde a falta de uma única subclasse de
anticorpos até a ausência completa da produção Como já discutido anteriormente neste manual,
de anticorpos. A segurança e a eficácia das vacinas atenção especial deve ser dada a pessoas que
variam conforme o tipo de imunodeficiência, e os convivem com pacientes imunodeprimidos (ver
Crie devem trabalhar junto à equipe de saúde que Parte 2, item 3.1.2).
Tabela 9 Vacinas indicadas nos Crie para pessoas com imunodeficiências primárias ou erros inatos da imunidade
IMUNODEFICIÊNCIA VACINAS¹
Hib, VIP, VPC13², VPP23, MenACWY, INF3, HA, HPV4. Não usar vacinas
Deficiências combinadas da imunidade
de agentes vivos. Aplicar as demais vacinas não vivas da rotina do PNI,
celular e humoral
e avaliar a imunogenicidade sempre que possível.
Hib, VIP, VZ, VPC13², VPP23, MenACWY, INF3, HA, HPV4 e demais vacinas
Deficiências da imunidade humoral grave
da rotina do PNI, exceto BCG.
Deficiência de IgA e de subclasses de Hib, VIP, VZ, VPC13², VPP23, MenACWY, INF3, HA, HPV4 e demais vacinas
imunoglobulinas da rotina do PNI.
Deficiências do complemento Hib, VZ, VPC13², VPP23, MenACWY, INF3, HA, HPV4 e demais vacinas da rotina do PNI.
Deficiências da fagocitose: doença Hib, VPC13²,VPP23, MenACWY, INF3, HA, HPV4 e demais vacinas de rotina
granulomatosa crônica do PNI, exceto BCG.
Fonte: modificada de American Academy of Pediatrics, 2021.
1
Recomenda-se a aplicação dessas vacinas segundo o esquema básico indicado para cada uma delas, com posologia, número de doses e intervalos
conforme idade.
2
Pneumo 13-valente dentro das indicações descritas neste manual.
57
4.2 Imunodeficiência adquirida – HIV/aids devem receber vacinas o mais precocemente
possível. À medida que aumenta a imunodepressão,
Os estudos sobre a segurança e a eficácia das também aumenta o risco da aplicação de vacinas de
vacinações em pessoas vivendo com HIV/aids agentes vivos atenuados, bem como a possibilidade
(PVHA) atualmente existentes não permitem, de resposta imunológica insuficiente ou inadequada.
ainda, estabelecer condutas livres de controvérsias.
As recomendações a seguir buscam atualizar Se possível, deve-se adiar a administração de
normas já existentes e deverão ser atualizadas vacinas em pacientes sintomáticos ou com indica
à medida que informações mais consistentes forem dores laboratoriais de imunodeficiência grave, até
disponibilizadas. que um grau satisfatório de reconstrução imune
seja obtido com o uso de terapia antirretroviral
Se, por um lado, essas pessoas precisam ter (Tarv), no intuito de melhorar a resposta vacinal
proteção especial contra as doenças evitáveis e reduzir o risco de complicações pós-vacinais.
por vacinas, por outro lado as incógnitas sobre a A administração de vacinas vivas em pacientes
eficácia e a segurança das vacinações nesses casos imunodeprimidos deve ser condicionada à análise
são muitas. individual de risco-benefício e não deve ser realizada
em casos de imunodepressão grave. Ver Tabela 10.
Fica também claro que, frente à infecção pelo HIV,
há grande heterogeneidade de situações, desde Indivíduos que convivem com PVHA atualmente
imunocompetência no início da infecção até grave devem receber vacina poliomielite 1, 2 e 3 inativada
imunodeficiência, com a progressão da doença. (VIP), quando indicado; vacina varicela, vacina
sarampo, caxumba e rubéola, se suscetíveis; e vacina
Crianças, adolescentes e adultos vivendo com influenza inativada. Essa orientação também se
HIV/aids, sem alterações imunológicas e sem sinais aplica ao profissional de saúde e outros profissionais
ou sintomas clínicos indicativos de imunodeficiência, que cuidam de PVHA.
Moderada (2) 750-1.499 (26% a 33%) 500-999 (22% a 29%) 200-499 (14% a 25%)
A PARTIR DE 13 ANOS
Pequena ou ausente ≥350
Grave <200
3 meses MenACWY7
5 meses MenACWY
7 meses INF3
9 meses FA9
18 meses HA12
24 meses VPP2313
6 anos MenACWY
7 anos VPP23
11 anos MenACWY
14 a 19 anos dT MenACWY
9 a 19 anos HPV414
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
1
Vacina BCG, intradérmica: deve ser administrada ao nascimento ou o mais precocemente possível. Para as crianças que chegam aos serviços ainda não
vacinadas, a vacina só deve ser indicada às assintomáticas e sem imunodepressão. Não se indica a revacinação, inclusive para comunicante domiciliar
de hanseníase.
2
Vacina hepatite B (HB): iniciar ao nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. Se a mãe for AgHBs positiva, aplicar simultaneamente,
em outro local, IGHAHB, 0,5 mL IM. O esquema deve ser no dia 0 (ao nascimento, vacina monovalente), 2, 4, 6 e 15 meses (vacina pentavalente).
Recomenda-se a realização de sorologia 30 a 60 dias após o término do esquema. Se anti-HBs <10 mUI/mL, repetir esquema de quatro doses com
vacina hepatite B monovalente, com o dobro da dose. Essa conduta não se aplica a sorologias realizadas tardiamente (vide capítulo de HB). Para crianças
não vacinadas previamente, usar o esquema de quatro doses de vacina hepatite B monovalente, com o dobro da dose. É indicada retestagem anual de
anti-HBs para verificar se encontra-se em níveis protetores. Caso esteja abaixo de 10 mUI/mL, nova dose de reforço (com dose dobrada) deve ser aplicada
e novamente checada a resposta vacinal após 30 a 60 dias.
3
Vacina poliomielite inativada (VIP): três doses com intervalo de dois meses, iniciando aos 2 meses de idade, com o primeiro reforço aos
15 meses e o segundo entre 4 e 6 anos de idade. Contraindicada a VOP. A criança que conviva com pessoa imunodeprimida deve também receber
a vacina inativada.
4
Vacina Penta: vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis celular, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b conjugada, aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade.
Vacina Haemophilus influenzae tipo b (Hib): em maiores de 12 meses, nunca vacinados, aplicar duas doses, com intervalo de dois meses.
5
Pneumo 13 (VPC13): para aqueles vacinados com o esquema completo da PVC10, aplicar duas doses da VPC13 com intervalo de oito semanas; para
maiores de 5 anos, aplicar uma dose de PVC13.
6
Vacina rotavírus humano atenuada (Rota): administrar duas doses da vacina aos 2 e 4 meses de idade. A primeira dose deve ser aplicada a partir de
1 mês e 15 dias até 3 meses e 15 dias de idade; a segunda, a partir de 3 meses e 15 dias até 7 meses e 29 dias de idade. As crianças expostas verticalmente
ao HIV e as infectadas podem receber a vacina, bem como as crianças que convivem com imunodeprimidos.
intervalo mínimo de três meses, até 12 anos de idade. Para crianças a partir de 13 anos de idade, duas doses com intervalo mínimo de quatro semanas.
Crianças vivendo com HIV não devem receber tetraviral.
12
Vacina hepatite A (HA): indicada a partir de 12 meses de idade, em duas doses, com intervalo entre 6 e 12 meses.
13
Pneumo 23-valente (VPP23): aplicar uma segunda dose cinco anos após a primeira dose.
Vacina HPV (HPV4): está indicada para PVHA, homens e mulheres de 9 a 45 anos de idade, independentemente da contagem de LT-CD4+, em
14
esquema de três doses, 0, 2 e 6 meses. Adolescentes que já tenham recebido as duas primeiras doses (0 e 6 meses) deverão receber a terceira dose
com intervalo mínimo de três meses após a última dose.
Crianças expostas verticalmente ao HIV devem receber as vacinas indicadas nesse calendário até os
18 meses de idade. Após essa idade e excluída a infecção pelo HIV, devem seguir o esquema básico
vacinal da criança, recomendado pelo PNI, à exceção de:
• Pólio: devem receber vacina inativada, VIP, durante todo o esquema, e reforços, por conviverem
com pessoas com imunodeficiência.
• Influenza: devem receber anualmente a vacina, enquanto conviverem com pessoas com
imunodeficiência.
Esse calendário deve ser adaptado às circunstâncias operacionais ou epidemiológicas, sempre que necessário.
VACINA ESQUEMA
SCR Aplicar duas doses para qualquer idade, observando a categoria imunológica (Tabela 10).
VACINA ESQUEMA
Gestantes: aplicar uma dose de dTpa a cada gestação a partir da 20ª semana, independentemente
dTpa
de vacinação anterior.
MenACWY Duas doses com intervalo de 8 a 12 semanas, e revacinar a cada cinco anos.
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
Vacina febre amarela em PVHA indetectável. Nos casos em que não seja possível
A vacina febre amarela não tem eficácia e segurança vacinar, deve-se orientar sobre os métodos alternativos
estabelecidas para PVHA. Pode ser recomendada para diminuir os riscos de exposição ao mosquito;
levando-se em consideração a condição imunológica a mesma orientação deve ser dada aos responsáveis
do paciente e a situação epidemiológica local, no caso de crianças com alteração imunológica grave.
conforme a Tabela 13. Para fins de vacinação,
poderá ser utilizado o último exame de LT CD4+ Lembrar que, além do risco de evento adverso grave,
(independentemente da data), desde que a carga em pacientes imunodeprimidos a resposta à vacina
viral atual (menos de seis meses) mantenha-se poderá não ser satisfatória.
PACIENTES
VACINAS CONVIVENTE5
ANTES DO TRATAMENTO DURANTE O TRATAMENTO
BCG Não Não
DPT/DT/dT/DTPa, Penta
Sim3 Sim3
acelular e Hexa acelular
HB Sim Sim
SCR Sim 4
Não Sim2
FA Sim4 Não
HA Sim Sim
VPC13/VPP23
Sim Sim
(de acordo com a idade)
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
1
Seguir, sempre que possível, os intervalos do calendário vacinal de rotina do PNI.
2
De acordo com as normas de vacinação de rotina do PNI.
3
Aplicar preferencialmente vacinas com componente pertussis acelular.
4
Se não houver doença que contraindique o uso de vacinas vivas.
5
Além das vacinas aqui recomendadas, aqueles que convivem com esses pacientes deverão receber as vacinas do calendário normal de vacinações
do PNI, conforme sua idade. A vacinação contra rotavírus e tuberculose, devido à faixa etária restrita de indicação da Rota e da BCG-ID, dificilmente
serão aplicáveis a esses indivíduos, mas não estão contraindicadas para os conviventes domiciliares de pacientes imunodeprimidos.
PACIENTES
CONVÍVIO
VACINAS ANTES DO TRANSPLANTE APÓS O TRANSPLANTE DOADOR
DOMICILIAR6
(CANDIDATO A RECEPTOR) (TRANSPLANTADO)
BCG Não Não Não
Sim, Sim,
VZ Sim, se suscetível4 Não
se suscetível se suscetível
Sim para
conviventes de
Sim,
HA Sim, se suscetível4 Sim transplantados
se suscetível
hepáticos, se
suscetíveis
VPC13/VPP23
Sim Sim Não
(de acordo com a idade5)
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
1
Seguir, sempre que possível, os intervalos do calendário vacinal de rotina do PNI. Pessoas com vacinação anterior comprovada, ou história clínica,
ou de imunidade, quando disponível, não necessitam ser vacinadas.
2
Exclusivamente de acordo com as normas de vacinação de rotina do PNI.
3
Aplicar preferencialmente vacinas com o componente pertussis acelular.
4
Se não houver doença que contraindique o uso de vacinas vivas.
5
Ver Quadros 11, 12 e 13.
6
Além das vacinas aqui indicadas, aqueles que convivem com esses pacientes deverão receber as vacinas do calendário normal de vacinações do PNI,
conforme sua idade. A vacinação contra rotavírus e tuberculose, devido à faixa etária restrita de indicação da VORH e da BCG-ID, dificilmente serão
aplicáveis a esses indivíduos, mas não estão contraindicadas para os conviventes domiciliares de pacientes transplantados.
INTERVALOS SUGERIDOS
VACINAS NÚMERO DE DOSES
ENTRE AS DOSES
Penta, DTP, DTPa,
3 doses mais uma dose de reforço a cada 10 anos
Penta acelular ou Hexa2, Mínimo de 30 dias entre cada dose
2 com dT
dTpa , dT
HA 2 doses 0 e 6 meses
SCR3 2 doses, primeira 12 a 24 meses após o transplante 30 a 60 dias entre cada dose
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
1
Reiniciar vacinação 3 a 12 meses após o transplante.
2
Em <7 anos de idade, administrar preferencialmente vacinas com o componente pertussis acelular ou Hexa acelular se disponível. A partir de 7 anos
de idade, administrar duas doses de dT e uma dose de dTpa.
3
Contraindicadas em pacientes com doença enxerto contra hospedeiro (DECH) ou na vigência de terapêutica imunodepressora.
4
Para crianças, seguir o esquema vacinal para a idade.
12 meses VPP23
8 60 dias
12 a 24 meses SCR* – 2 doses com intervalo de 30 dias entre elas
Fonte:DPNI/SVSA/MS.
*Contraindicadas em pacientes com doença enxerto contra hospedeiro (DECH) ou na vigência de terapêutica imunodepressora.
OBSERVAÇÕES:
• Vacina influenza anualmente, iniciando três a seis meses após o transplante. Número de doses
de acordo com a idade. Menor de 9 anos, duas doses na primovacinação após o TCTH.
• Em <7 anos de idade, administrar preferencialmente vacinas com o componente pertussis acelular,
se disponível. A partir de 7 anos de idade, administrar duas doses de dT e uma dose de dTpa.
O grau de imunodepressão varia com a droga, Vacinas inativadas devem ser administradas pelo
a dose e a duração do tratamento. menos 14 dias antes do início da terapia imunos
supressora para assegurar a imunogenicidade.
PACIENTES SUSCETÍVEIS
VACINAS2 CONVIVENTE6
ANTES DO TRATAMENTO DURANTE O TRATAMENTO
Sim,
VZ Não5 Não5
se suscetível
HA Sim Sim
VPC10/VPP23
Sim Sim
(de acordo com a idade)
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
*Artrite reumatoide, lúpus eritematoso, psoríase, doença de Crohn, retocolite ulcerativa e outras doenças relacionadas à desregulação da liberação
de citocinas e aumento do fator de necrose tumoral (TNF).
1
Seguir, sempre que possível, os intervalos do calendário vacinal de rotina do PNI.
2
De acordo com as normas de vacinação do PNI.
3
Aplicar preferencialmente DTPa ou Penta acelular ou Hexa acelular, se disponível.
4
Recomenda-se aplicar a vacina sarampo, caxumba e rubéola 14 a 30 dias antes da introdução da terapia imunomoduladora.
5
Não se considera o uso de imunomoduladores em baixa dosagem como contraindicação à vacinação contra a varicela. Considerar a situação individual
do paciente.
6
Além das vacinas aqui indicadas, aqueles que convivem com esses pacientes deverão receber as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação
do PNI, conforme sua idade. As vacinas contra rotavírus e tuberculose, devido à faixa etária restrita de indicação da VORH e da BCG-ID, dificilmente
serão aplicáveis a esses indivíduos, mas não estão contraindicadas para os conviventes domiciliares desses pacientes.
Quadro 6 Condições de imunodepressão nas quais a vacina febre amarela pode ser considerada após
avaliação médica
Quadro 7 Situações especiais nas quais a vacina febre amarela pode ser administrada
Lactantes (se amamentando criança <6 meses Vacinar, se alto risco de exposição ao vírus da febre amarela, e
de idade) suspender o aleitamento materno por 10 dias após a vacinação.
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
BRASIL. Ministério da Saúde. Nota Informativa GARCIA, I. F. G. et al. Protection against vaccine
nº 94, 2017/CGPNI/DEVIT/SVS/MST. preventable diseases in children treated for acute
Orientações e indicação de dose única da vacina lymphoblastic leukemia. Pediatric Blood
febre amarela. Brasília, DF: MS, 2017. Disponível & Cancer, [S. l.], v. 64, n. 2, p. 315-320, 2017.
em: http://www.vs.saude.ms.gov.br/wp-content/
uploads/2018/01/NotaInformativa94-FA-DOSE- GOYAL, A. et al. Screening and Vaccinations in
%C3%9ANICA.pdf. Acesso em: 12 jul. 2023. Patients Requiring Systemic Immunosuppression:
An Update for Dermatologists. Am. J. Clin.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Dermatol, [S. l.], v. 16, p. 179-195, 2015.
Vigilância à Saúde. Diretoria de Vigilância
Epidemiológica. Recomendações para terapia
5.1 Asplenia anatômica ou funcional, Crianças com anemias hemolíticas não devidas
hemoglobinopatias, doenças de depó a hemoglobinopatias (esferocitose e assemelhados,
sito e outras condições associadas à anemias hemolíticas autoimunes) podem vir a sofrer
esplenectomia eletiva como método de controle
disfunção esplênica da hemólise.
A anemia falciforme é a hemoglobinopatia mais
prevalente no Brasil, sendo as complicações Nos pacientes que serão submetidos à esple
infecciosas bastante frequentes. Ocorre espleno nectomia eletiva, a vacinação deverá preceder
megalia evoluindo com trombose e infartos, o procedimento cirúrgico pelo período mínimo
atrofia e fibrose do baço (autoesplenectomia). de 14 dias. Os pacientes já esplenectomizados
Alterações da atividade fagocítica por alteração apresentam resposta melhor à vacinação a partir
da via da properdina, alternativa do complemento, de 14 dias do ato cirúrgico, mas deve ser considerada
com deficiências de opsonização e degranulação, a oportunidade de vacinar como prioritária na
associadas aos episódios de vaso-oclusão, e com decisão de quando vacinar.
agressão esplênica persistente, levam à asplenia
funcional, que se torna permanente por volta de
6 a 8 anos de idade. OBSERVAÇÃO: além das vacinas de rotina,
esses pacientes necessitam de vacinas
A doença falciforme manifesta-se em pessoas varicela, hepatite A, influenza inativada e
homozigóticas para hemoglobina S, mas pode contra germes capsulados: pneumococo,
estar combinada com outras hemoglobinas
meningococo e Haemophilus influenzae tipo b.
anormais, levando a quadros de doença falciforme
de gravidade variada (SC, S-talassemia).
Um maior consumo de zinco, comum nas anemias 5.2 Outras condições clínicas crônicas
hemolíticas, pode ser responsável por deficiência
de resposta do linfócito T. de risco
Várias condições médicas, congênitas ou adquiridas,
Infecções graves por germes capsulados, princi levam ao aumento de suscetibilidade a infecções
palmente Haemophilus influenzae tipo b, pneumococo devido a alterações funcionais e/ou anatômicas,
e meningococo, são frequentes nesses pacientes. com repercussão na resposta imune, levando
à incapacidade de barrar a invasão de germes
Embora não haja problema de controle de patogênicos ou de efetuar sua remoção. O Quadro 8
infecções virais para esses indivíduos, a varicela apresenta essas condições e as vacinas indicadas.
pode representar importante fator para a invasão
secundária de bactérias, com significativo aumento
da morbimortalidade.
77
Quadro 8 Vacinas destinadas a pessoas com condições clínicas que cursam com suscetibilidade aumentada
a infecções de natureza variada
CONDIÇÃO CLINÍCA VACINAS A ACRESCENTAR/SUBSTITUIR NO ESQUEMA DE ROTINA
Trissomias (síndrome de Down e outras) INF3, VPP23, VZ, HA, MenC
Pneumopatias crônicas:
1. Doença pulmonar crônica (Dpoc)
2. Pneumonite alveolar
3. Doença respiratória resultante de exposição
ocupacional ou ambiental
4. Bronquiectasias INF3, VPP23
5. Bronquite crônica
6. Sarcoidose
7. Neurofibromatose de Wegener
8. Doença pulmonar crônica do lactente
(antiga displasia broncopulmonar)
Asma persistente moderada ou grave INF3, VPP23
Fibrose cística INF3, VPC13, VPP23, HA, HB
Cardiopatias crônicas INF3, VPP23
Cardiopatia ou pneumopatia crônica em crianças
DTPa, Penta acelular ou Hexa acelular1
com risco de descompensação precipitada por febre
Uso crônico de ácido acetilsalicílico INF3, VZ (suspender aspirina por 6 semanas após vacina varicela)
Fístula liquórica VPC13, VPP23, Hib, MenC, INF3
Derivação ventrículo peritoneal (DVP) VPC13, VPP23 , Hib, MenC, INF3
Hepatopatia crônica. INF3, HA, HB, VPP23, MenC
Doenças de depósito tais como: Gaucher, Niemann-Pick,
INF3, HA, HB, VPP23, MenC
mucopolissacaridoses tipo I e II, glicogenoses
Diabetes INF3, VPP23
Nefropatia crônica/síndrome nefrótica INF3, VPP23, VZ2
Doença neurológica crônica incapacitante DTPa, Penta acelular, Hexa1 INF3, VPP23, MenC
Doença convulsiva crônica DTPa, Penta acelular e Hexa1, INF3
Implante coclear INF3, VPP23, MenC, Hib
Doenças dermatológicas crônicas graves, tais como
epidermólise bolhosa, psoríase, dermatite atópica VZ2
grave, ictiose e outras, assemelhadas
Coagulopatias HA
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
Nota: proceder à vacinação contra covid seguindo esquema preconizado pelo Plano Nacional Operacional do PNI e seguir o esquema preconizado
para idade, exceto se a pessoa utilizar alguma medicação imunossupressora. Vacinas Covid devem ser recomendadas para comorbidade, com esquema
de doses, de acordo com a recomendação do Plano Nacional Operacional do PNI.
Em menores de 7 anos, aplicar as vacinas com o componente pertussis acelular.
1
2
Se não houver condição que contraindique o uso de vacinas vivas.
OS IMUNOBIOLÓGICOS
DOS CRIE
83
Bibliografia
Na rede pública brasileira, desde julho de 2012, Em 2021, o Sistema Único de Saúde (SUS) introduziu
a vacina utilizada habitualmente é a Penta de as vacinas pertussis acelulares combinadas, Penta
células inteiras, que contém a tríplice celular (DTP), acelular (contra difteria, tétano, pertussis acelular,
cujo componente contra pertussis (coqueluche) inativada contra a poliomielite e Haemophilus
é de bactérias inteiras, combinada com a vacina influenzae tipo b) e/ou Hexa acelular (contra
Haemophilus influenzae tipo b conjugada (Hib) e com difteria, tétano, pertussis acelular, inativada contra
a vacina hepatite B recombinante (HB). a poliomielite, Haemophilus influenzae tipo b e
Hepatite B recombinante) em substituição à vacina
A vacina adsorvida de difteria, tétano e pertussis DTPa nos Crie. O intuito dessa incorporação foi
acelular do adulto (dTpa) foi introduzida em novembro diminuir o número de injeções em um mesmo
de 2014, no Calendário Nacional de Vacinação momento, reduzir a dor e o estresse nos bebês
da gestante, como reforço ou complementação do e nas crianças.
esquema da vacina dupla adulta (difteria e tétano)
com o objetivo de diminuir a incidência e a mortalidade Em geral, as vacinas acelulares, quando combinadas
por coqueluche nos recém-nascidos, ampliando com a vacina Hib, são menos imunogênicas contra
posteriormente a indicação para puérperas, além esse último antígeno do que as vacinas celulares.
de disponibilizada para os trabalhadores de saúde Assim, ao utilizar pelo menos uma dose de vacina
que atuavam principalmente em maternidades e em acelular combinada no esquema primário, é reco
unidades de internação neonatal (UTI/UCI neonatal), mendada uma dose de reforço com Hib após
reforçando as estratégias de controle já vigentes. 12 meses de idade.
Em 2019, foi ampliada a indicação da dTpa para A Organização Mundial da Saúde (OMS) continua
todos os trabalhadores de saúde e parteiras a preconizar a vacina tríplice bacteriana celular
tradicionais, como dose complementar no esquema (DTP) como vacina de escolha para a maioria
básico da dT, para aqueles sem histórico vacinal dos países, atestando sua eficácia e segurança.
ou incompleto para difteria/tétano, e como dose A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)
de reforço a cada 10 anos. tem a mesma recomendação para a América Latina.
85
O PNI ainda não inclui a vacina adsorvida difteria, 7.2.2 Vacina adsorvida difteria, tétano
tétano e pertussis acelular (DTPa, Penta acelular ou e pertussis acelular adulto (dTpa)
Hexa acelular) no calendário de rotina, em vista dos No Brasil, a vacina dTpa é licenciada e apresentada
seguintes aspectos: isoladamente com os componentes difteria,
tétano e coqueluche ou combinada com antígeno
a. Na maioria dos estudos, as vacinas acelulares inativado contra poliomielite. Difere da DTPa pela
não são mais eficazes que as vacinas pertussis concentração de seus componentes difteria e
celulares na prevenção da coqueluche em todas pertussis. Contém fenoxietanol como conservante,
as suas formas clínicas. sendo adsorvida a sais de alumínio.
b. Em geral, as vacinas acelulares, quando combi
nadas com a vacina Hib, são menos imunogênicas 7.2.3 Vacina Penta acelular (adsorvida difteria,
contra esse último antígeno do que as vacinas tétano, pertussis (acelular), Haemophilus
celulares. influenzae tipo b (conjugada) e poliomielite
c. O Brasil possui tecnologia para produção da 1, 2 e 3 (inativada) – DTPa/Hib/VIP
vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (DTP)
de células inteiras. Esta vacina contém de dois a cinco antígenos
purificados da bactéria Bordetella pertussis, toxoide
d. O custo das vacinas acelulares é muito maior.
pertussis (TPxd) e hemaglutinina filamentosa
Diante disso, a vacina Penta acelular ou Hexa (FHA), combinados com um preparado de toxoide
acelular e a DTPa estão disponíveis nos Crie, nas tetânico e toxoide diftérico adsorvidos em adjuvante
indicações específicas até a idade de 6 anos, (exemplo: hidróxido de alumínio), poliovírus
11 meses e 29 dias. A partir dessa idade, a literatura inativados do tipo 1 (Mahoney), tipo 2 (MEF-1)
recomenda a vacina adsorvida difteria, tétano e tipo 3 (Saukett) cultivados em linhagem de células
e pertussis acelular adulto (dTpa). VERO e polissacarídeo de Haemophilus influenzae
tipo b conjugado com proteína tetânica.
A dose é de 0,5 mL. As vacinas são apresentadas A dose é de 0,5 mL. As vacinas são apresentadas
em forma de suspensão, em seringas ou ampolas em forma de suspensão, em seringas ou ampolas
unidose. Recomenda-se sempre consultar a bula do unidose. Recomenda-se sempre consultar a bula do
produto, já que podem surgir novas apresentações. produto, já que podem surgir novas apresentações.
Pode ser administrada a partir dos 2 meses de idade, Pode ser administrada a partir dos 2 meses de idade,
sendo a idade máxima 6 anos, 11 meses e 29 dias, sendo a idade máxima 6 anos, 11 meses e 29 dias,
por via IM profunda. por via IM profunda.
A vacina deve ser conservada entre +2°C e +8°C e não A vacina deve ser conservada entre +2°C e +8°C e não
pode ser congelada. O prazo de validade é indicado pode ser congelada. O prazo de validade é indicado
pelo fabricante e deve ser rigorosamente respeitado. pelo fabricante e deve ser rigorosamente respeitado.
7.3.2 Vacina adsorvida difteria, tétano e 7.4 Eficácia das vacinas adsorvidas
pertussis acelular adulto (dTpa)
com pertussis acelulares
A dose é de 0,5 mL. As vacinas são apresentadas A eficácia na proteção contra coqueluche clínica
em forma de suspensão, em seringas unidose. e a imunogenicidade contra difteria e tétano das
Recomenda-se sempre consultar a bula do produto, vacinas com pertussis acelulares com três ou seis
já que podem surgir novas apresentações. É admi componentes assemelham-se às da pertussis de
nistrada por via IM profunda, na população indicada. células inteiras. O grande benefício dessas vacinas
acelulares é sua menor reatogenicidade.
A vacina deve ser conservada entre +2°C e +8°C e não
pode ser congelada. O prazo de validade é indicado De modo geral, a resposta sorológica em pacientes
pelo fabricante e deve ser rigorosamente respeitado. imunodeprimidos é adequada, embora alguns estudos
mostrem menor resposta sorológica ao componente
7.3.3 Vacina Penta acelular (adsorvida difteria, tetânico nesses indivíduos, incluindo os infectados
tétano, pertussis (acelular), e Haemophilus pelo HIV, em relação aos imunocompetentes.
influenzae tipo b (conjugada) e poliomielite 1,
2 e 3 (inativada) – DTPa/Hib/VIP Estudos demonstraram que os componentes
tetânico e diftérico são imunogênicos nos receptores
A dose é de 0,5 mL. As vacinas são apresentadas de transplante de células-tronco hematopoiéticas
em forma de suspensão, em seringas ou ampolas (transplante de medula óssea – TCTH) após
unidose. Recomenda-se sempre consultar a bula do a reconstituição imunológica. As respostas foram
produto, já que podem surgir novas apresentações. melhores quando os doadores receberam a vacina
antes da doação.
Pode ser administrada a partir dos 2 meses de idade,
sendo a idade máxima 6 anos, 11 meses e 29 dias, Para aqueles que receberam pelo menos uma dose
por via IM profunda. de vacina contendo o componente pertussis acelular
antes de 1 ano de idade, deverão receber uma dose
A vacina deve ser conservada entre +2°C e +8°C e não de reforço com o componente Hib após os 12 meses
pode ser congelada. O prazo de validade é indicado de idade.
pelo fabricante e deve ser rigorosamente respeitado.
Precauções devem ser tomadas na aplicação dessas BRASIL. Ministério da Saúde. Situação da
vacinas, quando houver: prevenção e controle das doenças transmissíveis
no Brasil. In: BRASIL. Ministério da Saúde.
• História prévia de síndrome Guillain-Barré até seis Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento
semanas após receber vacina contendo toxoide de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil
tetânico. 2004: uma análise da situação de saúde. Brasília,
• Doença neurológica progressiva, até estabilização DF: MS, 2004. p. 304-305.
do quadro clínico.
• Reação local intensa (reação de Arthus) após dose Brasil. Ministério da Saúde. Informe Técnico
de vacina contendo toxoide tetânico ou diftérico. para Implantação da Vacina Adsorvida Difteria,
Tétano e Coqueluche (Pertussis Acelular) Tipo
• Doença aguda moderada ou grave.
adulto – dTpa. Brasília, DF: MS, 2014.
93
8.7 Contraindicações SLIFKA, M. K.; AMANNA, I. J. Passive
Anafilaxia à dose anterior. Gravidez e imuno immunization. In: PLOTKIN, S. A. et al. (ed.).
depressão não constituem contraindicações. Vaccines. 7. ed. Philadelphia: Elsevier, 2018.
Bibliografia
AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS.
American Academy of Pediatrics. Tetanus. In:
KIMBERLIN, D. W. et al. (ed.). Red book: report
of the Committee on Infectious Diseases. 32. ed.
Itasca: American Academy of Pediatrics, 2021.
95
A eficácia clínica das vacinas conjugadas Haemophilus 9.4 Eficácia
influenzae tipo b (Hib) é próxima a 100% em pessoas
9.4.1 Eficácia em pessoas imunocompetentes
imunocompetentes. Estudos realizados em muitos
países mostraram redução drástica no número As vacinas conjugadas contra Haemophilus influenzae
de casos de infecção invasiva por Haemophilus tipo b atuam como antígenos T-dependentes e são,
influenzae tipo b, superior inclusive ao que se poderia portanto, altamente imunogênicas a partir de 6
esperar com base nas coberturas vacinais obtidas. semanas de vida. Conferem elevada proteção contra
Isso se deve à capacidade da Hib de reduzir ou doenças invasivas por Haemophilus influenzae tipo b
eliminar os portadores de Haemophilus influenzae e diminuem o número de portadores assintomáticos,
tipo b, diminuindo a circulação desse patógeno levando ainda proteção às pessoas não vacinadas,
na comunidade, protegendo indiretamente os não na chamada proteção de rebanho.
vacinados (imunidade coletiva).
A redução de doenças invasivas por Haemophilus
A vacina Haemophilus influenzae tipo b (conjugada) influenzae tipo b vem sendo observada em muitos
faz parte do calendário básico do Programa Nacional países onde a vacina foi utilizada em larga escala.
de Imunizações, compondo a vacina pentavalente Estudos realizados na África (Gâmbia) e no Chile
(DTP/Hib/HB). A vacina isolada é restrita a situações indicaram que a vacina Hib é capaz de reduzir o
especiais, nos Crie. número de pneumonias por Haemophilus influenzae
tipo b.
9.2 Composição e apresentação
A Hib foi incorporada ao calendário vacinal de rotina
Há várias vacinas disponíveis no mercado, com no Brasil em 1999 e levou à drástica redução da
o PRP sendo conjugado a diferentes proteínas. incidência de meningite por Haemophilus influenzae
As utilizadas no Brasil são as conjugadas ao toxoide tipo b.
tetânico (PRP-T), ao mutante não tóxico da toxina
diftérica (CRM 197) e às proteínas da membrana 9.4.2 Eficácia em pacientes imunodeprimidos
externa do meningococo do grupo B (HbOC).
As formulações das vacinas podem conter timerosal Crianças com doenças crônicas associadas a
como conservante. Elas são semelhantes quanto aumento de risco de infecção pelo Haemophilus
à capacidade imunogênica e podem ser substituídas influenzae tipo b podem ter resposta inadequada
entre si em qualquer das doses. à vacinação, a exemplo de PVHA, com deficiência
de imunoglobulinas, com asplenia anatômica ou
Essas vacinas são apresentadas em frascos uni ou funcional e com anemia falciforme, assim como
multidoses. pacientes em quimioterapia. Esses pacientes podem
se beneficiar de doses extras de vacina.
9.3 Doses, via de administração, conser
vação e validade 9.5 Esquemas
Deve ser aplicada a partir dos 2 meses de idade, por Conforme a Tabela 16 a seguir, nas indicações do Crie.
via intramuscular, em doses de 0,5 mL.
9.6 Indicações
OBSERVAÇÃO: em crianças menores de
1. Nas indicações de substituição de pentavalente
7 anos, nas indicações de substituição
de células inteiras por DTP acelular + Hib + HB,
da vacina pentavalente de células inteiras,
quando necessário.
caso não estejam disponíveis vacinas
2. Transplantados de células-tronco hemato combinadas acelulares contendo Hib.
poiéticas (TCTH).
3. Transplantados de órgãos sólidos.
9.7 Contraindicações
4. Pessoas vivendo com HIV/aids.
Anafilaxia à dose anterior ou a algum componente
5. Pacientes oncológicos com doença em atividade da vacina.
ou até alta médica.
6. Imunodepressão terapêutica. 9.8 Eventos adversos
7. Imunodeficiências primárias ou erro inato da São incomuns e de pequena intensidade, ocorrendo
imunidade. em menos de 25% dos vacinados, e limitam-se
8. Fístula liquórica e derivação ventrículo-peritoneal às primeiras 24 horas após a vacinação:
(DVP). Locais: dor, eritema e edema.
9. Implante coclear. Sistêmicos: febre, irritabilidade e sonolência. Não há
10. Hemoglobinopatias. relatos de eventos pós-vacinais graves que possam
ser atribuídos à vacinação.
11. Asplenia anatômica ou funcional e doenças
relacionadas. Alérgicos: anafilaxia é rara.
99
10.4 Eficácia e imunogenicidade 10.4.2 Eficácia e imunogenicidade em
pacientes imunodeprimidos
10.4.1 Eficácia e imunogenicidade em pessoas
A soroconversão após a vacina hepatite A tem
imunocompetentes
sido avaliada em pessoas com estado imunológico
A vacina hepatite A é altamente imunogênica, comprometido. Em indivíduos HIV positivos,
e os títulos de anticorpos após a vacinação variam as taxas de soroconversão, após duas doses da
com a dose e o esquema utilizado. O nível mínimo vacina, variam de 52% a 94%, e a melhor resposta
de anticorpos protetores contra o VHA ainda não é observada em indivíduos com níveis de LT CD4+,
está padronizado, sendo a concentração desses maiores que 300. Estudo em indivíduos tratados
anticorpos medidos em relação a um padrão de com esquemas antirretrovirais atuais observou
imunoglobulina referenciado pela Organização resposta sorológica em 130 de 214 indivíduos
Mundial da Saúde e expresso em µU/mL. Anticorpos vacinados, e essa resposta também se correlacionou
contra o vírus da hepatite A em níveis protetores apenas com o nível de células LT CD4+, sendo nula
são detectados em 95% a 97% dos vacinados, quando esse nível foi menor que 200 e mais intensa
um mês após a primeira dose, e em mais de quando maior que 500/mm3.
99% dos indivíduos após a segunda dose. Não é
recomendado controle sorológico após a vacinação, A infecção pelo vírus da hepatite A em pacientes
nem revacinação. com doença hepática crônica (DHC), viral ou
não, pode levar a quadros de hepatite grave
Os níveis séricos de anticorpos alcançados ou fulminante. O estágio da doença hepática e a
pela infecção natural são maiores que os níveis presença de doença alcoólica têm sido considerados
secundários à vacinação. fatores preditivos de menor resposta sorológica
à vacina hepatite A. Portanto, na situação de
As vacinas hepatite A são altamente eficazes em doença hepática crônica, a vacina hepatite A deve
crianças, adolescentes e adultos imunocompetentes. ser administrada o mais precocemente possível.
Em um estudo randomizado e controlado, a eficá As taxas de soroconversão variam de 0% a 97,7%,
cia protetora contra a infecção por hepatite A sendo menores em indivíduos submetidos a trans
sintomática foi de 94% a 100%. plante de fígado.
Tem sido demonstrado, na literatura, que esses Ainda não existe consenso sobre revacinação em
anticorpos persistem por seis a oito anos após imunodeprimidos.
a vacinação. Estudos baseados em modelos
matemáticos estimam que o nível de anticorpos
10.5 Esquemas
após o esquema vacinal completo deve persistir
por pelo menos 17 anos em adultos e 15 anos em Pode ser aplicada a partir de 1 ano de idade.
crianças ou mais.
Está indicada nos Crie, em duas doses, devendo ser
Em crianças com menos de 12 meses de idade, observado intervalo de seis meses entre elas.
estudos de imunogenicidade têm evidenciado
interferência dos anticorpos maternos na resposta Também pode ser aplicada simultaneamente
imune à vacina hepatite A. às outras vacinas do PNI, com qualquer intervalo.
103
A HB protege também contra infecção pelo vírus da A vacinação contra a hepatite B foi estendida pelo
hepatite D, uma vez que esse vírus só se encontra PNI a todas as faixas etárias.
em pessoas infectadas pelo VHB.
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
Crianças nascidas de mãe com perfil sorológico Fonte: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pós-
-Exposição (PEP) de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais, 2021.
desconhecido para o VHB devem receber apenas a
vacina. O aleitamento materno não é contraindicado 11.6.1.5 Imunodeprimidos após exposição de risco,
para filhos de mãe AgHBs positivas.
mesmo que previamente vacinados
11.6.1.2 Vítimas de acidentes com material biológico Imunodeprimidos devem receber IGHAHB após
positivo ou fortemente suspeito de infecção por VHB exposição de risco, pois sua resposta à vacinação
Ver profissionais expostos a risco, Tabela 7 e Tabela 8. pode ser inadequada.
SOROLOGIA
CONDIÇÃO DOSE/ESQUEMA
PÓS-VACINAÇÃO
Fibrose cística 3 doses com esquema de 0/1/6 meses Não é necessária
Transplantados de células-tronco
3 doses com esquema de 0/1/6 meses Sim
hematopoiéticas (TCTH)
4 doses com o dobro da dose para a idade, Sim. Repetir esquema para
Renais crônicos, pré-diálise
esquema de 0/1/2/6 meses os não reagentes.
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo clínico HOU, J. et al. Epidemiology and prevention of
e diretrizes terapêuticas para prevenção da hepatitis B virus infection. Int. J. Med. Sci., [S. l.],
transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites v. 2, n. 1, p. 50-57, 2005.
virais. 2. ed. rev. Brasília, DF: MS, 2022.
KIMBERLIN, D. W. et al. (ed.). Red book: report
BRODERICK, A. L.; JONAS, M. M. Hepatitis B in of the Committee on Infectious Diseases. 32. ed.
children. Seminar in Liver Disease, [S. l.], v. 23, Itasca: American Academy of Pediatrics, 2018.
n. 1, p. 59-68, 2003. Edição eletrônica.
BRUCE, M. G. et al. Antibody Levels and KOZIEL, M. J.; SIDDIQUI, A. Hepatitis B virus
Protection after Hepatitis B Vaccine: Results of and hepatitis delta virus. In: MANDELL, G. L.;
a 30-Year Follow-up Study and Response to a BENNETT, J. E.; DOLIN, R. Principles and practice
Booster Dose. J. Infect. Dis., [S. l.], v. 214, n. 1, of infectious diseases. 6. ed. Philadelphia:
p. 16-22, 2016. Elsevier, 2005. p 1864-1890.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND LEE, C. et al. Effect of hepatitis B immunization in
PREVENTION. CDC Guidance for Evaluating newborn infants of mothers positive for hepatitis
Health-Care Personnel for Hepatitis B Virus B surface antigen: systematic review and meta-
Protection and for Administering Postexposure analysis. BMJ. [S. l.], v. 332, p. 328-336, 2006.
Management. MMWR Recomm. Rep., [S. l.], v. 62,
n. RR-10, p. 1-19, 20 dez. 2013.
LEURIDAN, E.; VAN DAMME, P. Hepatitis B and YOSHIOKA, N. et al. Durability of immunity
the need for a booster dose. Clin. Infect. Dis., by hepatitis B vaccine in Japanese health care
[S. l.], v. 53, n. 1, p. 68-75, 2011. workers depends on primary response titers and
durations. Plos One, [S. l.], v. 12, n. 11, p. e0187661,
LOPES, M. H. et al. Hepatitis B revaccinations Nov. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1371/
for healthcare workers who are anti-HBs-negative journal.pone.0187661.
after receiving a primary vaccinations series.
R. Soc. Bras. Med. Trop., [S. l.], v. 45, n. 5, p. 639- WORLD HEALTH ORGANIZATION.
642, 2012. Guidelines for the prevention, care and
treatment of persons with chronic hepatitis
MEIN, J. K. et al. Management of acute adult B infection. Geneva: WHO, mar. 2015.
sexual assault. Med. J. Aust., [S. l.], v. 178, n. 5, Disponível em: http://apps.who.int/iris/
p. 226-230, 2003. bitstream/10665/154590/1/9789241549059_
eng.pdf?ua=1&ua=. Acesso em: 13 jul. 2023.
OSHIKATA, C. T. et al. Atendimento de
emergência a mulheres que sofreram violência WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global
sexual: características das mulheres e resultados Hepatitis Report, 2017. [S. l.]: WHO, 2017.
até seis meses pós-agressão. Cad. Saúde Pública, Disponível em: http://www.who.int/hepatitis/
[S. l.], v. 21, n. 1, p. 192-9, 2005. publications/global-hepatitis-report2017-
executive-summary/en/. Acesso em: 13 jul. 2023.
POLAND, G. A.; JACOBSON, R. M. Prevention of
hepatitis B with the hepatitis B vaccine. N. Engl. J.
Med., [S. l.], v. 351, p. 2832-8, 2004.
111
• A conservação deve ser entre +2oC e +8oC.
No estudo IMPAACT (International Maternal
• O prazo de validade é indicado pelo fabricante Pediatric Adolescent AIDS Clinical Trials), foram
e deve ser rigorosamente respeitado. vacinados com a vacina quadrivalente meninas e
meninos de 7 a 12 anos infectados pelo HIV, com LT
12.4 Eficácia CD4+ ≥ 15%. A soroconversão foi de 90% a 100%,
porém detectaram-se diferenças em relação aos
12.4.1 Em pessoas imunocompetentes títulos de anticorpos, que foram menores para os
As respostas sorológicas após a vacinação com tipos 6 e 18, comparados a grupos históricos da
as vacinas disponíveis são robustas quando mesma faixa etária, não infectados pelo HIV. Cabe
comparadas àquelas provocadas pela infecção ressaltar que, ao se compararem os títulos do HPV 6
natural; em seguida, decaem paulatinamente com os títulos de anticorpos de indivíduos de 16 a 26
e estabilizam-se após 18 meses, aproximadamente. anos não infectados pelo HIV, não houve diferenças,
Correlatos de proteção não estão definidos ainda. o que comprova títulos de anticorpos provocados
pela vacina superiores à infecção natural.
Os estudos para licenciamento da vacina quadri
valente, em um esquema de três doses (0,2 e Estudos avaliando transplantados de órgãos sólidos
6 meses), demonstraram soropositividade da e portadores de doenças autoimunes encontraram
ordem de 97,6%, 96,3%, 100% e 91,4%, respecti títulos de anticorpos inferiores quando comparados
vamente, para os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18, e aos controles. O tipo de droga utilizada também
eficácia para lesão de alto grau cervical, vulvar pode interferir na resposta imune. Muito importante
e vaginal de 98,2% (95%, IC: 93,3-99,8). Para foi a demonstração de um bom perfil de segurança
faixas etárias precoces, o licenciamento foi feito e a ausência de exacerbação de doenças de base
a partir de estudos de imunogenicidade, baseados após a vacinação nesses grupos.
na comparação com os resultados de indivíduos
acima de 16 anos, devido às questões éticas
envolvidas para estudos de eficácia.
12.5 Esquemas
• De 9 a 14 anos: duas doses (0 e 6 meses), exceto
Nas indicações especiais preconizadas para os imunocomprometidos.
Crie, não se recomenda esquema de duas doses,
• Nas indicações do Crie: de 9 a 45 anos, sempre
que segue rotina do calendário básico de vacinação
no esquema de três doses aos 0, 1-2 e 6 meses.
nacional.
A IGHAR é apresentada em frascos de 2 mL com A avaliação direta da proteção contra raiva nas
150 UI/mL, sendo importante sempre checar as situações em que está indicado o uso de vacina
informações do fabricante. + IGHAR é baseada na eficácia desse esquema
nas situações de pós-exposição a animais com
13.3 Doses, via de administração, conser diagnóstico de raiva comprovado.
vação e validade Além disso, não há um correlato de proteção para
Pode ser administrada em qualquer idade na dose raiva, sendo aceito, na literatura médica e pela OMS,
de 20 UI/kg, tanto para adultos como para crianças. um título mínimo de 0,5 UI/mL como referência a
ser alcançado com ou sem utilização de IGHAR nas
Deve ser infiltrada na(s) porta(s) de entrada, na situações de profilaxia pós-exposição de risco, inde
maior quantidade possível, sempre que o local pendentemente da idade do indivíduo. A sorologia é
anatômico permitir. Quando a lesão for localizada apenas uma estimativa da resposta imune ao vírus
nos dedos, a administração deve ser cautelosa, da raiva, quer seja pela exposição ou pela vacinação.
115
Na literatura, considera-se que o uso de vacina para Bibliografia
raiva e/ou IGHAR, quando indicado, é adequado
para situações de risco pós-exposição. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
O retardo para iniciar vacina e/ou IGHAR, ou ainda Epidemiológica. Normas técnicas de profilaxia
a falha em completar a correta indicação do da raiva humana. Brasília, DF: MS, 2014. 60 p.
esquema de profilaxia pós-exposição, pode resultar
em morte, especialmente quando o local anatômico BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria
da lesão for cabeça, pescoço ou mãos. de Vigilância em Saúde. Departamento de
Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde.
Falha verdadeira na profilaxia pós-exposição é consi – 5. ed. – Brasília, DF: MS, 2021. 989 p.
derada rara na literatura médica, se o esquema
adequado for utilizado. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Nota Técnica n.o 8/2022-CGZV/
13.5 Esquemas
DEIDT/SVS/MS. Atualizações no Protocolo de
Dose única. Deve ser aplicada até a utilização da Profilaxia pré, pós e reexposição da raiva humana
terceira dose da vacina antirrábica no esquema no Brasil. Brasília, DF: MS, 2022.
de pós-exposição, o que corresponde ao sétimo
dia após o início do esquema. A justificativa é que, JENTES, E. S. et al. The Global Availability of
a partir da terceira dose, há evidência de produção Rabies Immune Globulin and Rabies Vaccine in
adequada de anticorpos antirrábicos, não havendo Clinics Providing Direct Care to Travelers. Journal
mais necessidade de usar a IGHAR. of Travel Medicine, [S. l.], v. 20, p. 148-158, 2013.
Os vírus influenza A são subclassificados de acordo O Brasil promoveu uma campanha de vacinação em
com os tipos de proteínas de sua superfície: a hema 2010, utilizando a vacina monovalente H1N1, com
glutinina (HA) e a neuraminidase (N). Os principais e sem adjuvante, para enfrentamento da pandemia
subtipos de hemaglutininas são H1, H2 e H3; em populações de maior risco, quais sejam:
e os de neuraminidases, N1 e N2. trabalhadores de saúde, gestantes, população
indígena aldeada, crianças de 6 meses a menores
A imunidade a esses antígenos – especialmente de 2 anos, população de 20 a 39 anos e portadores
à hemaglutinina – reduz a probabilidade de infecção de doenças crônicas. A partir de então, a vacinação
e diminui a gravidade da doença. A imunidade sazonal passou a ser realizada utilizando vacina
119
trivalente inativada (H1N1, H3N2 e B), tendo como Utilizam-se dois tipos de vacinas influenza inativadas:
alvo trabalhadores de saúde de saúde, crianças a. Vacinas de vírus fracionados (split-virus).
de 6 meses a menores de 2 anos e maiores de 60 As vacinas atualmente disponíveis no Brasil
anos. Em 2013, foi ampliada para povos indígenas, são desse tipo.
gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto),
reclusos, portadores de doenças crônicas não b. Vacinas de subunidades.
transmissíveis e outras condições clínicas especiais. Na composição das vacinas entram antibióticos como
Em 2014, a vacinação de crianças foi estendida para a neomicina ou polimixina, e as vacinas em frascos de
aquelas de 6 meses a menores de 5 anos. Em 2023, multidoses podem conter timerosal como conservante.
a oferta para vacinação abrange os seguintes grupos,
além dos já citados: profissionais da educação, As vacinas têm sido fornecidas em seringas com
forças de segurança e salvamento, Forças Armadas, doses individuais, contendo 0,25 mL e 0,5 mL, bem
funcionários do sistema prisional, população como em frascos com múltiplas doses. Recomenda-
privada de liberdade, trabalhadores de transporte -se consultar sempre a bula do produto.
rodoviário de passageiros urbano e de longo curso,
trabalhadores portuários e caminhoneiros.
14.3 Doses, via de administração, conser
A vacina contra influenza diminui as hospitalizações vação e validade
e mortes por pneumonia em idosos e crianças. A dose da vacina inativada é de 0,25 mL, para
Outras doenças respiratórias de etiologia viral são menores de 3 anos de idade, e de 0,5 mL para
frequentes, especialmente em crianças, sendo aqueles acima de 3 anos.
vulgarmente chamadas de “gripe” pela população,
o que pode levar a interpretações errôneas sobre a A vacina pode ser aplicada a partir dos 6 meses
eficácia da vacina e suas complicações. de idade, por via IM. Deve ser conservada entre
+2oC e +8oC. O prazo de validade estabelecido pelo
Nos Crie, a vacina pode ser obtida, inclusive fora do produtor deve ser rigorosamente respeitado.
período de campanha, para os grupos especiais de
risco relacionados em “Indicações”, neste capítulo.
14.4 Eficácia
A maioria das crianças e dos adultos jovens
14.2 Composição e apresentação
desenvolve altos títulos de anticorpos inibidores da
A composição da vacina é estabelecida anualmente hemaglutinação após a vacinação, que conferem
pela OMS, com base nas informações recebidas proteção contra os tipos contidos na vacina, bem
de laboratórios de referência sobre a prevalência como contra variantes similares.
das cepas circulantes. A partir de 1998, a OMS
faz recomendações sobre a composição da vacina Quando há boa equivalência entre a cepa viral
no segundo semestre de cada ano, para atender contida na vacina e a cepa circulante, a proteção
às necessidades de proteção contra influenza no contra influenza é da ordem de 70% a 90% em
inverno do Hemisfério Sul. menores de 65 anos.
As vacinas atualmente utilizadas no PNI são As pessoas mais idosas ou com algumas doenças
trivalentes, obtidas de fluido alantoide, a partir crônicas podem apresentar títulos mais baixos de
de culturas em ovos embrionados de galinha. anticorpos séricos após a vacinação e continuar
Geralmente contêm 15 μg de cada um de dois suscetíveis à influenza. Entretanto estudos realizados
subtipos do sorotipo A, e 15 μg de uma cepa do na América do Norte e na Europa mostram que,
sorotipo B. Está disponível no mercado uma vacina mesmo nesses casos, os vacinados têm menor risco
influenza quadrivalente que contém as três cepas de pneumonia, hospitalização e morte por influenza.
da vacina trivalente mais uma cepa do sorotipo B, Entre os idosos mais debilitados, a eficácia na
de acordo com as recomendações da OMS. prevenção da influenza é de cerca de 30% a 40%.
125
conjugada ACWY. Indivíduos que já receberam 15.4 Eficácia
a vacina men C podem ser vacinados com a 15.4.1 Vacina MenC conjugada
menACWY, respeitando intervalo mínimo de um
A eficácia é de 90% ou mais para todos os grupos
mês após a última dose da men C.
etários.
No Brasil, as seguintes vacinas meningocócicas
conjugadas estão atualmente disponibilizadas nos 15.4.2 Vacinas MenACWY conjugadas
Crie: meningocócica C conjugada e meningocócica Os estudos de imunogenicidade mostraram
ACWY conjugada. resposta protetora para os quatro sorogrupos nas
vacinas licenciadas.
15.2 Composição e apresentação
15.2.1 Vacina meningocócica C conjugada 15.5 Esquemas
Cada dose corresponde a 0,5 mL de suspensão e 15.5.1 Vacina MenC conjugada/ACWY conjugada
contém 10 μg do polissacarídeo do meningococo C Administrar a vacina meningocócica C conjugada em
conjugado a toxoide tetânico ou proteína diftérica. duas doses, aos 3 e 5 meses de idade, com intervalo
Contém hidróxido de alumínio como adjuvante. de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias, e um
reforço entre 12 e 15 meses de idade. Aplicar uma
15.2.2 Vacinas meningocócicas ACWY conjugadas dose de reforço na adolescência, de acordo com
Cada dose corresponde a 0,5 mL de suspensão o PNI, com a vacina MenACWY conjugada.
e contém polissacarídeos de meningococo A, C, W,
Y conjugados a uma proteína. Contém hidróxido de Em pessoas a partir dos 12 meses de idade, adminis
alumínio como adjuvante. trar uma ou duas doses das vacinas meningocócicas
conjugadas C ou ACWY, conforme a indicação.
15.3 Dose e via de administração, conser
15.5.2 Indicações e esquema da vacina MenC
vação e validade conjugada
15.3.1 Vacina MenC conjugada Nas indicações constantes a seguir, que compreen
A dose é de 0,5 mL por via IM. Em crianças com dem situações de risco para doença meningocócica,
menos de 2 anos de idade, na região anterolateral em pessoas a partir dos 12 meses de idade, admi
da coxa; em crianças maiores e adultos, na região nistrar uma ou duas doses com intervalo de 8 a 12
deltoide ou na região anterolateral da coxa. semanas, de acordo com a condição de risco, e uma
dose de reforço após cinco anos, repetindo uma
A vacina é conservada entre +2°C a +8°C e não deve dose a cada cinco anos ou não, também de acordo
ser congelada. O prazo de validade é indicado pelo com cada uma das situações de risco que constam
fabricante e necessita ser rigorosamente respeitado. no Quadro 10.
Trissomias 1 dose –
Deficiência de complemento e frações 2 doses com intervalo de 8 semanas 1 dose a cada 5 anos
Terapia com inibidor de complemento 2 doses com intervalo de 8 semanas 1 dose a cada 5 anos
Pessoas vivendo com HIV/aids 2 doses com intervalo de 8 semanas 1 dose a cada 5 anos
Imunodeficiências primárias ou erro inato da imunidade 2 doses com intervalo de 8 semanas 1 dose a cada 5 anos
Transplante de órgãos sólidos (TOS) 2 doses com intervalo de 8 semanas 1 dose a cada 5 anos
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
129
e só era disponibilizada pelos Crie para crianças sorotipo conjugado ao toxoide diftérico e um sorotipo
em situações especiais. Foi substituída, em março conjugado ao toxoide tetânico. A vacina possui como
de 2010, pela vacina pneumocócica conjugada adjuvante o fosfato de alumínio e tem cloreto de
10-valente, que, além das indicações dos Crie, foi sódio e água para injeção. Não contém conservantes.
introduzida também no esquema de rotina do PNI. É apresentada em frascos com doses individuais.
Cada dose de 0,5 mL contém os seguintes sorotipos:
A partir do segundo semestre de 2019, a vacina • Conjugados à proteína D de Haemophilus influenzae
pneumocócica conjugada 13-valente passou a ser não tipável: 1 (1 μg), 4 (3 μg), 5 (1 μg), 6B (1 μg),
disponibilizada nos Crie para indivíduos ≥5 anos de 7F (1 μg), 9V (1 μg), 14 (1 μg), 23F (1 μg).
idade, incluindo adultos, nas situações especificadas
deste manual. • Conjugado a toxoide diftérico: 19F (3 μg).
• Conjugado a toxoide tetânico: 18C (3 μg).
Atualmente, os Crie dispõem de três vacinas pneu
mocócicas. Uma vacina pneumocócica 23-valente 16.2.3 VPC 13
(polissacarídica – Pneumo 23), as vacinas pneu A vacina pneumocócica conjugada 13-valente
mocócicas 10-valente (conjugada – Pneumo 10) é constituída por 13 sorotipos de pneumococos
e 13-valente (conjugada – Pneumo 13). As vacinas conjugados à proteína CRM 197, que é uma proteína
conjugadas são de alta imunogenicidade, T-depen diftérica não tóxica. É apresentada em seringa
dentes, indutoras de memória imunológica e de preenchida com 0,5 mL de suspensão (dose única).
resposta anamnéstica, e podem ser utilizadas em
crianças a partir dos 2 meses de idade, faixa etária em Cada 0,5 mL da vacina pneumocócica conjugada
que a morbimortalidade da doença pneumocócica 13-valente contém os seguintes sorotipos:
é muito elevada. A vacina pneumocócica 23-valente
é polissacarídica, T-independente, e só pode ser • 2,2 μg de sacarídeo por sorotipo 1, 3, 4, 5, 6A, 7F,
utilizada em crianças a partir de 2 anos de idade. 9V, 14, 18C, 19A, 19F e 23F.
• 4,4 μg de sacarídeo para o sorotipo 6B.
Alguns grupos populacionais são especialmente
suscetíveis à doença invasiva pelo pneumococo. Todos os sorotipos são conjugados a aproxima
Eles podem ser contemplados no Crie com as damente 32 μg de proteína CRM 197. A vacina
vacinas pneumocócicas citadas acima, a depender pneumocócica conjugada 13-valente contém
da idade e da situação clínica do paciente. 0,125 mg de fosfato de alumínio como adjuvante.
A revacinação, quando indicada, deve ser realizada Cinco anos após a introdução da vacina pneumo
apenas uma vez após cinco anos da primeira dose. cócica conjugada 10-valente, na vacinação de rotina
O aumento do nível dos anticorpos após a revaci no Brasil, foi observada também relevante redução
nação é menor que na primovacinação, não havendo nas hospitalizações por pneumonia nos grupos
evidência definitiva de tolerância imunológica. etários vacinados (crianças de 2 meses a 4 anos
Contudo a revacinação a intervalos curtos não de idade).
é benéfica.
16.4.3 VPC13
16.4.2 VPC 10 Há muito debate sobre as vantagens do uso
A avaliação da eficácia potencial da vacina Pneumo 10 das vacinas conjugadas em adultos, tanto em
contra doença pneumocócica invasiva foi baseada na termos de imunogenicidade quanto de potencial
comparação das respostas imunes aos sete sorotipos efetividade, quando comparada com a vacinação
comuns entre a vacina pneumocócica 10-valente com Pneumo 23-valente. Há algumas evidências
conjugada e a vacina pneumocócica 7-valente de que as vacinas pneumocócicas conjugadas
conjugada. Foi demonstrado, em ensaio clínico de são mais imunogênicas em adultos que a vacina
comparação direta com a vacina pneumocócica pneumocócica polissacarídica, embora não tenham
conjugada 7-valente, a não inferioridade da resposta sido consistentemente demonstradas.
Quadro 11 Esquema de vacinação antipneumocócica com VPC10 e VPP23 para crianças menores de 5 anos de
idade contempladas nas indicações de 9 a 19
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
Fonte:DPNI/SVSA/MS.
Em crianças com vacinação incompleta com Crianças com esquema completo com a VPC10
VPC10, isto é, que receberam uma ou mais doses devem receber duas doses adicionais de VPC13
da VPC10, completar o esquema de imunização com com intervalo de pelo menos oito semanas após
a vacina VPC13, conforme esquema indicado no a última dose de Pneumo 10 para as indicações
Quadro 12, desde que estejam contempladas dentro de 1 a 8.
das indicações de 1 a 8.
Quadro 12 Esquema recomendado para transição de vacina VPC10 para VPC13, conforme número de doses
de VPC10 previamente recebidos nas indicações de 1 a 8
D1 D2 D3 R1 15 A 59 MESES
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
VPC13 VPP23
INDICAÇÕES RECOMENDADO REVACINAÇÃO
RECOMENDADO
(8 SEM. APÓS VPC13) APÓS 5 ANOS
Pessoas vivendo com HIV/aids 1 dose 1 dose 1 dose
Transplantados de células-tronco
3 doses 1 dose 1 dose
hematopoiéticas (TCTH)
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
139
A vacina inativada atual é de potência aumentada 17.4.2 Em pacientes imunodeprimidos
em relação à que se usou inicialmente, sendo eficaz A VIP induz níveis adequados de anticorpos séricos,
e segura e não provocando poliomielite vacinal. Por comparáveis aos induzidos pela VOP, em pessoas
estimular baixa imunidade intestinal (imunidade de assintomáticas infectadas pelo HIV.
mucosa), não impede a circulação do vírus selvagem
por via intestinal, não protegendo os comunicantes Em pacientes com imunodepressão grave, congênita
dos vacinados. ou adquirida, a resposta sorológica é menor e pode
mesmo ser ausente.
17.2 Composição e apresentação
17.5 Esquemas
A VIP é uma vacina trivalente de potência aumen
Esquema básico VIP:
tada, que contém poliovírus dos tipos 1, 2 e 3 obtidos
em cultura celular e inativados por formaldeído. Crianças: 3 doses com intervalo de 60 dias, intervalo
Pode conter traços de estreptomicina, neomicina mínimo de 30 dias, a partir de 2 meses de idade,
e polimixina e 2-fenoxietanol como conservante. É aos 2, 4 e 6 meses. Reforços: administrar 2 reforços
apresentada sob a forma de solução injetável, em aos 15 meses e aos 4 anos de idade.
doses individuais ou frascos multidoses.
Adultos: 3 doses com intervalo de 60 dias.
17.3 Doses, via de administração, conser
A VIP pode ser aplicada simultaneamente às outras
vação e validade vacinas utilizadas no PNI.
Aplicada a partir de 2 meses de idade por via IM em
dose de 0,5 mL. A via subcutânea pode ser usada
17.6 Indicações
em situações especiais.
1. Crianças imunodeprimidas com deficiência
Deve ser conservada entre +2oC e +8oC. O prazo imunológica congênita ou adquirida não vaci
de validade é indicado pelo fabricante e deve ser nadas ou que receberam esquema incompleto
rigorosamente respeitado. de vacinação contra poliomielite.
143
A vacina varicela está licenciada no Brasil na apre desenvolver varicela em um período de dez anos
sentação monovalente ou combinada com a vacina pós-imunização que aquelas que recebem uma
tríplice viral – sarampo, caxumba e rubéola (tetraviral). única dose.
18.3 Doses, via de administração, conser De maneira geral, a varicela que se desenvolve em
vacinados tende a ser menos intensa que as mani
vação e validade festações clínicas que ocorrem em não vacinados.
A vacina varicela é recomendada a partir dos Os vacinados costumam apresentar poucas lesões
12 meses de idade. Na profilaxia pós-exposição, de pele (<50) e tendem a se recuperar mais rapida
ela pode ser utilizada a partir de 9 meses de idade. mente da doença. As manifestações clínicas da
A dose da vacina VZ é de 0,5 mL, devendo ser varicela em vacinados, algumas vezes, são tão
aplicada por via subcutânea. discretas que dificultam o diagnóstico. No entanto,
mesmo com poucas lesões, o risco de contágio existe.
A dose de IGHAVZ é de 125 UI para cada 10 kg
de peso corporal, dose mínima de 125 UI e máxima Quanto à duração da imunidade produzida pela
de 625 UI, devendo ser aplicada por via IM. vacina, estudos desenvolvidos no Japão indicam
persistência de anticorpos por pelo menos 20
Ambas a VZ e a IGHAVZ devem ser conservadas anos. No entanto, esses estudos foram conduzidos
entre +2°C e +8°C. em um período em que o vírus selvagem circulava
de forma significativa na comunidade, induzindo
Os prazos de validade são indicados pelos fabri reforço da imunidade natural. Com o aumento das
cantes e devem ser rigorosamente respeitados. coberturas vacinais nos países em que a vacina faz
parte do Calendário Nacional de Vacinação, são
18.4 Eficácia necessários mais estudos para avaliar a persistência
de anticorpos e a proteção em longo prazo conferida
18.4.1 Eficácia da vacina em imunocompetentes contra a doença.
Aproximadamente 85% das crianças imunocom
petentes maiores de 12 meses de idade, vacinadas 18.4.2 Eficácia da vacina em imunodeprimidos
com vacina varicela, desenvolvem resposta imuno Embora seja uma vacina constituída de vírus vivos
lógica do tipo celular e humoral em níveis associados atenuados, nos Estados Unidos e no Canadá,
à proteção contra a doença. Os níveis de proteção desde o final da década de 1970, a vacina varicela
são significantemente mais elevados com duas foi amplamente utilizada em pesquisas clínicas
doses da vacina. envolvendo crianças com leucemia. Nessa popu
lação vacinada, a taxa de proteção avaliada pós-
A eficácia com uma dose da vacina varia de 70% -exposição domiciliar à varicela foi de 86%. Nas
a 90% contra infecção, e 95% contra doença grave. pessoas que desenvolveram varicela, a doença foi
Nos estudos pós-licenciamento, a vacina tem se considerada leve quanto à gravidade, e nenhum
mostrado altamente efetiva para prevenir formas paciente necessitou de tratamento com drogas
graves da doença. Os estudos também têm demons antivirais. Estudos também têm demonstrado
trado que crianças imunocompetentes que recebem persistência de anticorpos séricos na maioria das
duas doses da vacina têm 3,3 vezes menos risco de crianças, oito a dez anos após a vacinação.
1. Se estiverem recebendo baixas doses (menor d. RN de mães nas quais o início da varicela
que 2 mg/kg de peso/dia e menor que 20 mg/dia ocorreu nos cinco últimos dias de gestação
de prednisona ou equivalente). O uso de corti ou até 48 horas depois do parto.
costeroides por via inalatória, tópica ou intra- e. RN prematuros, com 28 ou mais semanas
articular não contraindica a administração de gestação, cuja mãe nunca teve varicela.
da vacina.
f. RN prematuros, com menos de 28 semanas
2. Se o corticoide tiver sido suspenso há pelo menos de gestação (ou com menos de 1.000 gramas
um mês, quando usado em doses superiores ao nascimento), independentemente de
às referidas acima. história materna de varicela.
Vacinação pós-exposição:
A vacina é indicada para controle de surto em OBSERVAÇÕES:
ambiente hospitalar, creches e escolas que atendam 1. O período de transmissibilidade da varicela
crianças menores de 7 anos, comunicantes susce
inicia-se dois dias antes da erupção e termina
tíveis imunocompetentes a partir de 9 meses de
quando todas as lesões estiverem em fase
idade, até 120 horas (5 dias) após o contato.
de crosta.
18.6.2 IGHAVZ 2. A IGHAVZ não tem qualquer indicação
Deve ser utilizada em até 96 horas após o contato, terapêutica. Seu uso tem finalidade exclusi
desde que atendidas as três condições seguintes: vamente profilática.
suscetibilidade, contato significativo e condição
especial de risco, conforme definidas a seguir:
18.7 Contraindicações
1. O comunicante deve ser suscetível:
18.7.1 Vacina
a. Pessoas imunocompetentes e imunode a. Pacientes imunodeprimidos, exceto nos casos
primidas sem história bem definida da doença previstos nas indicações.
e/ou de vacinação anterior.
b. Durante o período de três a seis meses após
b. Pessoas com imunodepressão celular grave,
a suspensão de terapia imunodepressora
independentemente de história anterior
(variando de acordo com a medicação utili
de varicela.
zada), ou um mês, em caso de corticoterapia.
ASANO, Y. et al. Protective efficacy of vaccination GERSHON, A. A.; STEIMBERG, S.P. Persistence
in children in four episodes of natural varicella of immunity to varicella in children with leukemia
and zoster in the ward. Pediatrics, [S. l.], v. 59, n. 1, immunized with live attenuated varicella vaccine.
p. 8-12, 1977. N. Engl. J. Med., [S. l.], v. 320, p. 892-897, 1989.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de LEVI, M. Varicela. In: AMATO NETO, V. (ed.).
Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids Atualizações, orientações e sugestões sobre
e Hepatites Virais. Recomendações para terapia imunizações. São Paulo: Segmento Farma, 2011.
antirretroviral em crianças e adolescentes p. 359-366.
infectados pelo HIV 2009. Brasília, DF: MS, 2009.
p. 9-16. Supl. 1. LOPEZ, A. et al. Varicella. In: ROUSH, S. W.;
BALDY, L. M., HALL, M. A. K. (ed.). Manual for the
BRICKS, L. F. Varicela. In: FARHAT, C. K. et al. (ed.). Surveillance of Vaccine-Preventable Diseases.
Imunizações, fundamentos e prática. 5. ed. São [S. l.]: CDC, 2018. Disponível em: http://www.cdc.
Paulo: Atheneu, 2008. p. 414-424. gov/vaccines/pubs/surv-manual/chpt17-varicella.
pdf. Acesso em: 13 jul. 2023.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND
PREVENTION. Prevention of varicella: LOPEZ, A. et al. Vaccination recommendations
recommendations of the Advisory Committee on for the adult immunosuppressed patient:
Immunization Practices (ACIP). MMWR Recomm. A systematic review and comprehensive field
Rep., [S. l.], v. 56, n. RR-4, p. 1-40, 2007. synopsis. Journal of Autoimmunity, v. 80,
p. 10-27, 2017.
CHAVES, T. S. et al. Seroprevalence of antibodies
against varicella-zoster virus and response to MARIN, M. et al. Varicella prevention in the United
the varicella vaccine in pediatric renal transplant States: a review of successes and challenges.
patients. Pediatr. Transplant, [S. l.], v. 9, n. 2, Pediatrics, [S. l.], v. 122, n. 3, p. 744-751, 2008.
p. 192-196, 2005.
MILLER, E. et al. Outcome in newborns babies given
ENDERS, G. et al. Consequences of varicella and anti-varicella-zoster immunoglobulin after perinatal
herpes zoster in pregnancy: prospective study of maternal infection with varicella-zoster virus.
1.739 cases. Lancet, [S. l.], v. 343, n. 8912, Lancet, [S. l.], v. 2, n. 8.659, p. 371-373, 1989.
p. 1548-51, 1994.
SARTORI, A. M. C. Review of varicella vaccine
GERSHON, A. A. et al. Collaborative varicella in immunocompromised individuals. Internat. J.
vaccine study group-live attenuated varicella Infect. Dis., [S. l.], v. 8, p. 259-270, 2004.
vaccine: efficacy for children with leukemia in
remission. JAMA, [S. l.], v. 252, p. 355-362, 1984. Stucchi, R. S. B. et al. Vaccine Recommendations
for Solid-Organ Transplant Recipients and Donors.
GERSHON, A. A. et al. Varicella vaccines. Transplantation, [S. l.], v. 102, n. 2S, p. S72–S80,
In: PLOTKIN, S. A. et al. (ed.). Vaccines. 7. ed. fev. 2018.
Philadelphia: Elsevier, 2018. Edição eletrônica.
OS CRIE E OS
EVENTOS ADVERSOS
PÓS-VACINAÇÃO
153
em que os Crie estão abrigados ou com o gestor de Em função desses eventos raros, os Crie devem
atenção à saúde local devem ser realizados para que ter sempre disponível material de emergência e
esse atendimento seja disponibilizado com a maior ressuscitação, constituído no mínimo dos itens
presteza possível. discriminados a seguir.
Os fluxos de comunicação entre os Crie e os locais 19.1 Materiais necessários para trata
de apoio definidos pelo PNI devem ser fáceis, mento da anafilaxia e que devem estar
para que os procedimentos como internamentos,
coleta de material (líquor, sangue, fezes, secreção
contidos nos carrinhos de emergência
de orofaringe etc.) e outros exames subsidiários e Os procedimentos detalhados de atendimento
anatomopatológicos sejam obtidos e encaminhados a esses casos estão especificados no Manual de
de forma adequada e em tempo hábil. Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-
-Vacinação, que apresenta orientação quanto à
Aspectos fundamentais no atendimento de eventos conduta a ser adotada diante de eventos adversos
adversos devem ser esclarecidos à família, sobretudo comuns a vários imunobiológicos. Deve-se, além
os acontecimentos observados no decorrer do disso, consultar cada capítulo, para as peculiaridades
acompanhamento do paciente. de cada um deles. O Quadro 14 demonstra resumi
damente a conduta para o atendimento de casos
A retroalimentação das fichas de eventos adversos de anafilaxia. Um algoritmo de atendimento a esses
deve ser realizada de maneira ágil, possibilitando casos deve ser mantido à vista.
a análise, a avaliação de causalidade e a tomada
de novas decisões, se necessário. Não confundir anafilaxia com síncope ou reações
vasovagais (palidez, tontura, desmaio), comuns
Na eventualidade de óbito em crianças ou adultos, depois de injeções em adolescentes. A reação
a necropsia deve ser realizada com a colaboração vasovagal ocorre imediatamente após a injeção
do serviço experimentado em exames histopato ser aplicada e melhora rapidamente com o decúbito
lógicos, lembrando que a família sempre deve ser horizontal; a pressão arterial está dentro dos limites
informada sobre a necessidade desse procedimento. normais ou discretamente diminuída. Podem ocorrer
náuseas e sudorese. O paciente com esse quadro
Apesar de raros, eventos anafiláticos graves deve ser mantido em observação cuidadosa, em
sistêmicos podem ocorrer após o uso de qualquer ambiente bem ventilado e com temperatura amena,
imunobiológico, incluindo os soros (como o anti até sua recuperação completa. Adolescentes
tetânico, o antidiftérico e o antirrábico), especial e adultos devem estar sentados ou deitados durante
mente quando estes já foram usados anteriormente a vacinação e é recomendado observar o paciente
pelo paciente, mas a anafilaxia grave é possível após por 15 minutos após a vacinação para diminuir
qualquer medicamento, mesmo quando utilizado o risco de traumas caso eles desmaiem. Se um
pela primeira vez. Trata-se de uma reação de quadro de síncope ocorrer, os pacientes devem
hipersensibilidade grave, envolvendo dois ou mais ser observados até que os sintomas se resolvam
sistemas. Nessas situações, é fundamental a rapidez (General Best Practice Guidelines for Immunization.
do atendimento. A adrenalina é a medicação de ACIP, 2017).
urgência mais importante nesse caso.
b) Adrenalina intramuscular (músculo vasto lateral da coxa) conforme dosagem descrita no Quadro 15.
Até 3 doses a cada 5-15 minutos, se necessário.
e) Oxigênio em máscara: quando indicado, fornecer oxigênio suplementar de alto fluxo (6-8 L/minuto) por máscara facial
ou via aérea orofaríngea (se disponível) a pessoas com cianose, dispneia ou qualquer outra reação grave que necessite
de doses repetidas de adrenalina.
j) Glucagon: 1-5 mg/dose (indicado se o paciente está em uso de betabloqueador e sem resposta à adrenalina).
ADRENALINA
DOSAGEM DOSAGEM
VIA DE
MEDICAMENTO FORMULAÇÃO PEDIÁTRICA ADULTO
ADMINISTRAÇÃO
( MENOS DE 30 KG) (MAIS DE 30 KG)
• < 10 kg: 0,01ml/kg
Adrenalina Ampola 1:1000 IM (músculo vasto
• 1 a 5 anos: 0,15 ml 0,5 ml
(epinefrina) (1 mg/ml) lateral da coxa)
• 6 a 12 anos: 0,3 ml
TRATAMENTO ADJUNTO
DOSAGEM DOSAGEM
VIA DE
MEDICAMENTO FORMULAÇÃO PEDIÁTRICA ADULTO
ADMINISTRAÇÃO
( MENOS DE 30 KG) (MAIS DE 30 KG)
• 2 a 6 anos: 5 mg 1 cp/dose
Xarope 1 mg/mL • >6 anos: 10 mg Repetir a dose
Loratadina VO
Comprimido 10 mg Repetir a dose em em 20 min se
Anti-histamínico 20 min s/n necessário
1 das opções
25-50 mg/dose
Solução injetável 1-2mg/Kg 4-6h
Prometazina IM 4-6h
25 mg/ml (máx. 50 mg/dose)
(máx. 50 mg/dose)
Solução oral
Prednisolona VO 0,5 a 1,0 mg/Kg/dose –
3 mg/ml
1,5-2 mg/kg
Corticosteroide
Ondansetrona Comprimido 20 mg VO – (dose máxima
1 das opções
60 mg)
Pó para solução 5mg/Kg/dose 100-200 mg
Hidrocortisona IM/IV/intraósseo
Injetável 500 mg (máx. 500mg) a cada 4h-6h
4-8 jatos a cada
Aerossol oral Inalação com 2-4 jatos a cada
20 minutos –
Broncodilatador Salbutamol 100 microgramas/ espaçador e 20 minutos até
até 3 doses em
dose máscara 3 doses em 1 hora.
1 hora
Comprimido
orodispersível 4 mg
Ondansetrona Sublingual/VO 2-4 mg 8 mg
ou 8 mg/comprimido
4 mg ou 8 mg
Anti-hemético
1 das opções • Comprimido 10 mg • < 1 ano:
VO
• Solução oral 4 mg/ml contraindicado
Metoclopramida VO 10 mg
• Solução injetável • > 1 ano: 0,1 mg/kg
IV (máximo 10mg)
5 mg/ml
Referências
SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E
IMUNOLOGIA. Guia de Imunização SBIm/ASBAI:
Asma, Alergia e Imunodeficiências 2020-2021.
[S. l.]: Sbim, 2020. Disponível em: https://sbim.
org.br/publicacoes/guias/1369-asma-alergia-
e-imunodeficiencias-sbim-e-asbai-2020-2021.
Acesso em: 22 de maio 2022.
Bibliografia
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
das Doenças Transmissíveis. Manual de
Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos
Pós-Vacinação. 3. ed. Brasília, DF: MS, 2014.
ASPECTOS
ADMINISTRATIVOS E
GERENCIAIS DOS CRIE
Deve-se ressaltar que os imunobiológicos dos O controle da temperatura deve ser rigoroso.
Crie são, em geral, de custo elevado, e que sua Os refrigeradores atuais requerem atenção especial,
utilização correta resultará em considerável eco pois utilizam novos gases refrigerantes e são mais
nomia de recursos; para isso, é necessário que os instáveis para temperaturas altas e baixas.
equipamentos da rede de frio dos Crie funcionem
adequadamente. Como os Crie distribuem imunobiológicos especiais
para outras unidades de saúde, é necessário
A Política de Imunização e os procedimentos de providenciar condições de transporte apropriadas.
armazenamento e manuseio são os recursos mais O acondicionamento das vacinas deve ser adequado,
oportunos para promover a oferta de um serviço o tempo de transporte o menor possível, e a caixa
qualificado e padronizado. Assim, devem estar térmica não deve ser aberta.
adequadamente delineados, descritos e disponíveis
à equipe atuante. A termoestabilidade dos imunobiológicos varia
de acordo com as características de cada produto.
As condições de transporte, armazenamento e As vacinas constituídas de vírus vivos atenuados,
manuseio dos imunobiológicos sofrem influência por exemplo, são mais sensíveis ao calor. As que
das condições do ambiente e das características contêm derivados de alumínio como adjuvantes,
do equipamento no qual são armazenados, sendo a tais como os toxoides, são mais tolerantes às
qualidade e a eficácia do medicamento diretamente temperaturas elevadas, mas o congelamento pode
161
inutilizá-las. Outros imunobiológicos são sensíveis Os Quadros 16 e 17 fornecem orientações acerca
à luz, como a vacina BCG-ID; por isso, são envasados das condições de conservação exigidas para os
em ampolas/frascos de cor âmbar. imunobiológicos utilizados habitualmente nos Crie.
Para maiores detalhes sobre os procedimentos O conteúdo dos frascos deve ser observado e, se
de manutenção da rede de frio, deve-se consultar houver alterações de cor ou presença de partículas
o Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação, indevidas em suspensão, não deve ser aplicado.
do Ministério da Saúde, que deve ser facilmente Recomenda-se, outrossim, a leitura atenta das
acessível a todos os funcionários dos Crie. bulas, para obtenção de maiores detalhes e também
porque novos produtos poderão vir a ser utilizados.
TEMPERATURA DURAÇÃO DA
IMUNOBIOLÓGICO APARÊNCIA NORMAL
RECOMENDADA ESTABILIDADE/VALIDADE
De +2ºC a +8ºC. Validade de 36 meses a partir Após a homogeneização,
DTPa Não congelar. da data de fabricação impressa suspensão turva de coloração
Manter ao abrigo da luz. na embalagem. branca a amarelado homogêneo.
Após a homogeneização,
De +2°C a +8ºC. Validade de 36 meses a partir suspensão branca e turva.
dTpa Não congelar. da data de fabricação impressa Durante o armazenamento, pode
Manter ao abrigo da luz. na embalagem. ser observado um depósito branco
e um sobrenadante claro.
TEMPERATURA DURAÇÃO DA
IMUNOBIOLÓGICO APARÊNCIA NORMAL
RECOMENDADA ESTABILIDADE/VALIDADE
Após a homogeneização,
De +2°C a +8ºC. Validade de 48 meses a partir suspensão branca e turva.
VPC10 Não congelar. da data de fabricação impressa Durante o armazenamento pode
Manter ao abrigo da luz. na embalagem. Uso imediato. ser observado um depósito branco
e um sobrenadante claro.
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
TEMPERATURA DURAÇÃO DA
IMUNOBIOLÓGICO APARÊNCIA NORMAL
RECOMENDADA ESTABILIDADE/VALIDADE
IGHAT (imunoglobulina humana De +2°C a +8ºC. Sol injetável, frasco-
Ver bula/prazo de validade.
antitetânica) Não congelar. -ampola. Incolor.
Fonte: DPNI/SVSA/MS.
165
contempladas pelas normas em vigor. As ações o atendimento de pacientes imunodeprimidos
desses Centros são apoiadas pelo Comitê Técnico e situar-se, preferencialmente, nas proximidades
Assessor em Imunizações e pelo Comitê Interins de hospitais universitários, centros de onco-
titucional de Farmacovigilância de Vacinas e outros -hematologia ou ambulatórios de especialidades,
Imunobiológicos (Cifavi), criados mediante portarias além de possuírem equipamentos de apoio para
ministeriais. Esse apoio foi fundamental para a emergência e análise laboratorial.
expansão dos Crie.
Faz-se necessário o planejamento eficiente da
O funcionamento e a operacionalização desses aquisição, do armazenamento, da distribuição e da
Centros estão também legitimados pela Portaria administração dos imunobiológicos, de modo a evitar
n.o 48, de 28 de julho de 2004, da Secretaria de a falta ou a perda deles. O monitoramento do fluxo
Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), que institui de informações é de suma importância, devendo
diretrizes gerais para funcionamento dos Centros de a avaliação qualitativa e quantitativa ser realizada
Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), nos diversos níveis de gerenciamento e execução.
define as competências da SVSA, dos estados, do
Distrito Federal e dos Crie, e dá outras providências. Os Crie são centros especializados que possuem
infraestrutura e logística especiais destinadas ao
Os Crie devem manter o registro individual do atendimento de indivíduos portadores de quadros
usuário, com todas as vacinas aplicadas. As vacinas clínicos especiais.
administradas devem ser registradas em cartão
próprio, a ser entregue à pessoa, contendo o número Com a reformulação do Sistema de Informação
do lote, a data, a dose aplicada e o nome da vacina. do Programa Nacional de Imunizações, será
Os Crie deverão registrar as doses de vacinas disponibilizada uma interface destinada ao registro
aplicadas no Sistema de Informação do Programa de vacinação nos Crie.
Nacional de Imunizações, escolhendo a estratégia
“Especial”. Essa dose será computada para as
21.2 Norma legal
coberturas vacinais e enviada para a caderneta
digital do usuário com o histórico de vacinas Os Crie são atualmente regidos por portaria,
administradas. da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente
do Ministério da Saúde (SVSA/MS), que “institui
Para atender aos objetivos propostos, é fundamental diretrizes gerais para funcionamento dos Centros de
que as diretrizes de funcionamento geral e as Referência para Imunobiológicos Especiais – CRIE,
normas de indicação dos imunobiológicos especiais define as competências da Secretária de Vigilância
sejam rigorosamente cumpridas. Os Crie devem em Saúde, dos Estados, Distrito Federal e CRIE e dá
funcionar diariamente, em tempo integral, com outras providências”.
disponibilidade de imunobiológicos especiais para
os casos de urgências, inclusive no período noturno, Todos os Crie devem estar cadastrados no Cadastro
em feriados e finais de semana. Sua equipe técnica Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes),
mínima deve ser composta por médico, enfermeiro e de acordo com a Portaria n.º 1.883, de 4 de novem
técnico/auxiliar de enfermagem, devidamente habi bro de 2018. Segundo artigo 11 dessa Portaria,
litados para desenvolver as atividades de vacinação. os estabelecimentos de saúde que realizam
o serviço especializado devem ser cadastrados
Os Crie devem dispor de instalações mínimas, de com código: 174 – Imunização, classificação 002
preferência em área hospitalar, com os seguintes – Grupos Especiais.
ambientes: recepção, consultório, sala de vacinas
e sanitário. Devem estar em local de fácil acesso
à população, dispondo de equipamentos para
manter os produtos em temperatura adequada,
de forma a garantir sua qualidade e conservação.
Devem, ainda, dispor de condições técnicas para
Adjuvantes – Agentes que ampliam a estimulação Anticorpo – Molécula de imunoglobulina que se fixa
do sistema imune pelo aumento da apresentação especificamente a um antígeno.
de antígenos (formulações em depósito, sistemas
de administração de vacinas) ou que induzem sinais Anticorpos – Proteínas da família das imunoglo
coestimulatórios. Utilizam-se geralmente os sais de bulinas, presentes na superfície de linfócitos B,
alumínio. A vacina HPV bivalente utiliza AS04, uma secretados em resposta a estímulos antigênicos,
mistura de um sal de alumínio com monofosforil permitindo bloquear os antígenos pela fixação a
lipídio A. Algumas vacinas influenza utilizam AS03 sítios específicos em sua superfície.
ou MF59, adjuvantes contendo esqualeno, um
lipídio natural. Antígeno – Substância que, introduzida no orga
nismo, provoca resposta imunológica específica;
Afinidade e avidez – Força de interação entre os haptenos constituem exceção.
um anticorpo e um epítopo na superfície de um
antígeno. Avidez é o somatório das interações entre Antitoxina – Anticorpo específico para uma toxina.
o anticorpo e os eptopos no mesmo antígeno.
Asplenia anatômica ou funcional – Ausência do
Aids – Síndrome da imunodeficiência humana baço ou de sua função.
adquirida, causada pelo vírus da imunodeficiência
humana (HIV). Atopia – Predisposição genética a alergias e mani
festações de hipersensibilidade de tipo I como asma,
Alelos – Duas ou mais formas alternativas de um eczema, rinite, anafilaxia.
gene em um determinado local do cromossomo.
Autólogo – Relativo a substâncias ou a formações
Alergia – Resposta imunológica anormal e pato anatômicas do próprio organismo do indivíduo;
gênica, mais frequente em predispostos (“atópicos”). transplante de tecidos retirados previamente do
próprio corpo do indivíduo, preservados e reim
Alogênicos – Membros geneticamente diferentes plantados.
da mesma espécie; transplante recebido de outro
ser humano. Calendário vacinal – Recomendações de uma
instituição para aplicação das vacinas de uso
Alotipos – Determinantes genéticos característicos habitual.
de alguns membros da espécie, mas não de todos.
Cardiopatias crônicas – Doenças ou transtornos do
Autólogo – Transplante recebido de outra pessoa. coração que necessitam de controle permanente.
Anafilaxia – Reação de hipersensibilidade do Células natural killer (NK) – Linfócitos grandes que
tipo I de Gell & Coombs, mediada por IgE; pode têm capacidade citotóxica, mas sem receptores
ser sistêmica (choque anafilático), disseminada para antígenos; podem eliminar células tumorais
(urticária generalizada) ou localizada (urticária sem a presença de anticorpos ou eliminar células
leve, edema). infectadas com a participação de anticorpos
(citotoxicidade mediada por anticorpos).
169
Células plasmáticas (plasmócitos) – Células celulares finas são especialmente sensíveis ao
resultantes de linfócitos B estimulados por ataque pelo complemento.
antígenos, diferenciados para produzir anticorpos.
Complexo maior de histocompatibilidade (MHC)
Células apresentadoras de antígenos – Células que – Grupo de genes que codificam moléculas da
capturam antígenos e os processam em peptídeos superfície celular, necessárias à apresentação de
pequenos, que são apresentados na sua superfície antígenos às células T e à rejeição de enxertos;
pelos complexos maiores de histocompatibilidade, na espécie humana, recebem a designação de HLA.
MHC-I e MHC-II. Incluem as células dendríticas,
macrófagos e linfócitos B. O MHC-II só é expresso Comunicante – Qualquer pessoa ou animal cuja
nas células apresentadoras de antígenos. relação com uma fonte de infecção tenha ocorrido
de tal modo que possa acarretar transmissão do
Células dendríticas – Células que capturam patógeno a terceiros; em inglês, usa-se geralmente
antígenos e os apresentam pelo MHC aos linfócitos o termo contato (contact).
T CD4+ ou T CD8+.
Contato – Ver “Comunicante”.
Células T – Linfócitos processados no timo,
responsáveis pelo conjunto de mecanismos Diabetes mellitus – Distúrbio crônico do metabo
denominados imunidade celular. lismo dos carboidratos, decorrente da falta ou
inadequação da produção de insulina, que acarreta
Células T citotóxicas – Linfócitos T com antígeno hiperglicemia e vasta gama de manifestações
CD8 na sua membrana, que destroem células que patológicas agudas e crônicas.
contêm antígenos estranhos em sua superfície.
Doença alérgica – Doença resultante da auto
Cepa – Raça (variedade) de uma mesma espécie agressão pelo próprio sistema imunológico em
microbiana; aplica-se a linhagens de vírus e também decorrência da exposição recente a um antígeno.
a linhagens de outros tipos de microrganismos.
Doença autoimune – Doença crônica resultante da
Choro persistente – Choro incontrolável, estridente, autoagressão pelo próprio sistema imunológico,
por três horas ou mais, diferente do choro habitual independentemente da exposição recente a um
da criança, que os pais referem “nunca terem antígeno; não confundir com doença alérgica.
ouvido antes”.
Doença do enxerto versus hospedeiro – Reação que
Citocinas – Proteínas secretadas por diferentes tipos se desenvolve quando um enxerto tem linfócitos T
de células inflamatórias e que ativam ou modulam imunocompetentes que atacam as células do indi
a resposta imune. São de baixo peso molecular e víduo que recebeu o transplante, reconhecendo-as
atuam de forma semelhante a hormônios, mas em como estranhas.
geral localmente, diferentemente dos hormônios,
que têm ação mais sistêmica. Doença do soro – Reação de hipersensibilidade
em que há formação e deposição de complexos
Complemento – Conjunto de proteínas séricas, imunes; frequente após a administração de soros
ativadas por complexos de antígenos com anticorpos heterólogos.
de classe IgM ou IgG (via clássica), ou diretamente
por contato com microrganismos, sem anticorpos Eficácia – Capacidade de atingir determinado
(vias da lectina e via alternativa). Após ativação em objetivo; por exemplo, proteção contra a doença
cascata, há um ataque à membrana do patógeno, que uma vacina é capaz de conferir, em condições
que é lisado. Além disso, promove a amplificação da ideais; geralmente obtida em estudos controlados.
resposta imune. É um importante mecanismo para
opsonização e destruição de bactérias encapsu
ladas, principalmente o meningococo, cujas paredes
Neoplasia – Formação de novos tecidos; tumor, Proteína carreadora – Proteína conjugada quimica
câncer, malignidade. mente a polissacarídeo para gerar as vacinas
conjugadas, imunógenos mais potentes que os
Opsonização – Processo de cobertura de patógenos polissacarídeos isoladamente. A conjugação permite
com anticorpos e complemento, os quais podem a participação de linfócitos T CD4+ (células T
assim ser mais facilmente fagocitados e destruídos. auxiliares, “helper”) na resposta imune.
MHC-I (HLA-A, HLA-B, HLA-C) – Complexo Quimiocinas – Proteínas secretadas que promovem
principal de histocompatibilidade de classe I – a atração de células inflamatórias para o sítio de
proteína intracelular, que apresenta peptídeos de infecção.
patógenos de origem intracelular (por exemplo,
vírus) processados em proteossomos a linfócitos Receptores reconhecedores de padrões (PRR)
T CD8+. O MHC-I é expresso em todas as células – Receptores tissulares que percebem padrões
nucleadas. Os IFNs α, β e γ aumentam a expressão moleculares microbianos e desencadeiam uma
do MHC-I, que direciona a resposta imune para o sequência de sinais que ativam a resposta imune
braço celular, citotóxico. inata e direcionam a resposta imune adquirida,
específica.
MHC-II (HLA-DR, HLA-DQ, HLA-DP) – Complexo
principal de histocompatibilidade de classe II – Receptores Toll e outros receptores celulares –
proteína intracelular, que apresenta peptídeos de Receptores localizados na superfície ou dentro
patógenos de origem extracelular processados das células, que reconhecem microorganismos
em endossomos a linfócitos T CD4+. O MHC-II patogênicos, por meio de alguns padrões
é expresso apenas em células apresentadoras de moleculares característicos, e ativam a resposta
antígenos. Direciona a resposta imune para o braço imune inata.
humoral, isto é, produção de anticorpos.
Troca de isotipo, troca de classe – Troca de IgM para Transmissão vertical – Neste manual, refere-se
IgG, IgA ou IgE, que ocorre durante a maturação da à transmissão de agentes infecciosos da mãe
resposta imune. para o feto (congênita) ou para o recém-nascido
(perinatal).
Púrpura – Doença caracterizada por extravasamento
de sangue de capilares que se manifesta na pele por Transplantado – Indivíduo que recebeu transplante
petéquias (pequenos pontos vermelhos), equimoses de órgãos sólidos ou de medula óssea.
(placas avermelhadas), hematomas (manchas
roxas) e nas mucosas por sangramentos; pode ter Transplante de órgãos sólidos – Transferência de
causas múltiplas. tecido de alguma parte do corpo de uma pessoa para
outra, exceto medula óssea, sangue e derivados.
Recém-nascido de baixo peso – Aquele cujo peso
é menor que 2,5 kg ao nascimento. Transplante de medula óssea – Transferência de
pequena quantidade de medula óssea de uma pessoa
Recém-nascido pré-termo ou prematuro – Aquele para outra ou de medula óssea da própria pessoa
cuja idade gestacional é menor que 38 semanas ao retirada previamente e conservada por congelamento.
nascimento.
Vacina acelular – Vacina constituída por proteínas
Saudável – Indivíduo sem patologias reconhecíveis. purificadas, como o componente pertussis da vacina
tríplice DTP acelular, em contraposição à vacina de
Sem doença de base – Indivíduo sem patologias bactérias inteiras contra coqueluche (DTP celular).
pré-existentes.
Vacina combinada – Vacina constituída por vários
Síndrome congênita – Patologia inata caracterizada imunógenos diferentes no mesmo frasco (por
por um conjunto de sinais e sintomas mais ou exemplo, a vacina tríplice viral, contra sarampo,
menos típicos. caxumba e rubéola, e a vacina tríplice DTP contra
coqueluche, difteria e tétano).
Síndrome hipotônico-hiporresponsiva – Ver
“Episódio hipotônico-hiporresponsivo”. Vacina conjugada – Vacina que combina antígeno
polissacarídeo a uma proteína para aumentar sua
Síndrome nefrótica – Doença renal caracterizada imunogenicidade, tornando-a timo-dependente, isto
por perda excessiva de proteínas na urina e edema, é, capaz de induzir memória imunológica.
com graus variados de insuficiência renal, e que
pode ter múltiplas causas. Vacina recombinante – Vacina obtida por engenharia
genética, pela inserção do gene que produz a
Soro (soro heterólogo) – Produto constituído por proteína imunógena em um microrganismo (como
imunoglobulinas específicas de origem animal o levedo de cerveja), o que permite sua obtenção na
(geralmente equina). forma purificada em grande quantidade.