Artigo - Espaço, Industrialização e Acumulação Capitalista - Edilson Pereira Junior
Artigo - Espaço, Industrialização e Acumulação Capitalista - Edilson Pereira Junior
Artigo - Espaço, Industrialização e Acumulação Capitalista - Edilson Pereira Junior
No artigo enfocam-se as novas combinações que se con- This paper are focused the new combinations that are
figuram na dinâmica econômica mundial e no espaço geo- configured in the world economical dynamics and in the
gráfico, tentando compreender a particularidade do caso geographical space, trying to understand the particularity
cearense, especialmente através da industrialização que of the case from Ceará, especially through the
ora se consolida. A investigação do processo é desenvol- industrialization that for now if it consolidates. The
vida com base na análise da acumulação capitalista e no investigation of the process is developed with base in the
papel desempenhado pelo espaço, posto como um meca- analysis of the capitalist accumulation and in the paper
nismo de exploração do grande capital. Todavia, os bene- carried by the space, position as a mechanism of exploration
fícios oferecidos pelas externalidades no Ceará são inter- of the great capital. Though, the benefits offered by the
pretados na mesma dimensão de importância que os de- externalidades in Ceará they are interpreted in the same
mais componentes do processo, buscando-se reconhecer dimension of importance that the other components of the
a ação eficiente da política econômica cearense na atração process, being looked for to recognize the efficient action
de investimentos industriais. of the from Ceará economical politics in the attraction of
industrial investments.
Palavras chave: Espaço, acumulação capitalista, industri- key words: Space, capitalist acumulation, industrialization
alização do Ceará. of Ceará.
Introdução
Os vários aspectos da realidade são responsáveis pela renovada percepção de tempo e espaço que
atualmente presenciamos. A partir dos valores impostos pelos novos acontecimentos no plano global, a
sociedade reorganiza a sua realidade e incorpora novas velocidades que se difundem pelo espaço sem em
nenhum momento homogeneizá-lo. A multiplicidade de questões econômicas e espaciais trazidas a partir
da emergência de todas essas transformações vem redefinindo velhos esquemas de organização
socioespacial que parecem substituir sistemas anteriores.
Pretende-se nesse artigo fornecer algumas indicações para a leitura das novas configurações que se
materializam na dinâmica econômica mundial e no espaço geográfico, moldados, cada vez mais, pelas
diferentes combinações engendradas através da acumulação capitalista.
Outro eixo de discussão construirá a interface da dinâmica mundial com a sua representação na
escala regional e local, onde a problemática será trazida ao Estado do Ceará através de sua recente
industrialização. Tentar-se-á compreender a periodização da indústria no Nordeste e no Ceará através da
investigação das principais fases de desenvolvimento do setor secundário nessas regiões. O recente
processo de industrialização da economia cearense e a compreensão da lógica espacial assumida pelos
novos investimentos conduzirão o debate à sua análise final.
O mundo deste início de século se depara com um turbilhão de transformações sem precedentes.
Estamos experimentando um momento de complexidade em que as ações confundem pela velocidade
e atingem aqueles que, por uma ousadia a mais, procuram esgotar a realidade com previsões. Até mesmo
a terminologia disposta a dar conta do processo é variada e parece algumas vezes construir um quadro
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confuso na interpretação do período que se forma. Entre os “rótulos” atribuídos à sociedade atual e aos
estágios evolutivos de transição, é comum ouvirmos os mais diversos termos, de “sociedade programada”
a “sociedade do capitalismo avançado”, passando por “sociedade pós-materialista”, “sociedade
tecnotrônica”, “sociedade pós-industrial”, entre outros.
A maioria dessas expressões objetiva explicar as conseqüências produtivas e comportamentais de
um novo jogo de relações responsável por transformações significativas no entendimento dos processos
sociais. É assim que fenômenos como a dinamização das relações financeiras internacionais, o avanço
acelerado das tecnologias e a aplicação cada vez maior da informação como elemento na produção
material impõem-se como razão determinante de um novo quadro que vem redesenhando as relações
socioespacias.
No plano espacial, o que se vê é uma nova definição de distância, na qual as antigas barreiras físicas
não são mais restrições importantes ao sistema produtivo. Temos um avanço tecnológico preparando o
ambiente para o conjunto de trocas globais. Podemos falar até mesmo de uma rede mundial de
competitividade ou de um mercado financeiro globalizado, um sistema de interação que elege o momento
atual como o mais avançado no processo das relações econômicas internacionais.
Entretanto, não há razões concretas para uma deflagração metafórica acerca do desmoronamento
de uma “era”. Conforme aponta Soja (1993: 206)
[...] a geografia histórica do capitalismo não tem sido marcada por grandes reviravoltas e substituições
completas de sistemas, mas, antes por uma seqüência evolutiva de reestruturações parciais e seletivas,
que não apagam o passado nem destroem as condições estruturais profundas das relações sociais e
espaciais capitalistas.
O que vem se configurando nas últimas décadas, segundo esse autor (ibid), não são substitutos
completos das “antigas divisões”, haja vista que elas não só permanecem vivas como também estão em
plena atividade. A nova organização espacial evidenciada pelo capital aplica-se muito mais à tentativa
deste último de estabelecer novas condições de lucratividade e reforçar o ataque aos direitos
conquistados pela classe trabalhadora.
Nesse sentido, o novo quadro de relações regionais e internacionais não “justifica uma corrida ingênua
e simplista ‘ao pós’ – pós-industrialismo, pós-capitalismo, pós-marxismo – que insista no derradeiro fim
de uma era, como se o passado pudesse ser descascado e jogado fora” (idem, ibid.: 206). Fundamentado
numa lógica de expansão territorial, o capital continua produzindo diversidades regionais, seja no centro,
seja na periferia do capitalismo, o que comprova a continuidade de um modelo excludente e
geograficamente desigual.
Não poderia, contudo, ser diferente. Em decorrência da própria natureza do capitalismo, toda
organização territorial produzida sob a égide desse sistema se destaca como uma estrutura hierárquica de
níveis diferentes de produtividade. O desenvolvimento geograficamente desigual é uma parte essencial
da espacialidade capitalista, sendo característica de fundamental importância para o crescimento
de suas taxas de acumulação.
Esse fenômeno é confirmado por Mandel (1982), quando analisa o desenvolvimento experimentado
pelo capitalismo desde suas origens até a fase atual(1). Na concepção do autor, esse modo de produção
apresenta múltiplas seqüências de expansão e estagnação, no qual o móvel para a superação das crises
será sempre a procura por superlucros.
Ao interpretar Mandel, Soja (1993) informa que “a busca de superlucros gira em torno de três
fontes fundamentais, duas delas primordialmente definidas em torno da diferenciação espacial (subnacional
e internacional), e a terceira, em torno do desenvolvimento setorialmente desigual”. É conveniente,
todavia, esclarecer que, embora cada uma dessas fontes alcance uma proeminência particular
nas diferentes fases do capitalismo, todas elas estão presentes na história desse modo de produção,
mantendo entre si uma ligação estrutural(2).
Para uma compreensão mais clara da importância da diferenciação espacial na conquista
de superlucros, é preciso ver como cada uma das fontes citadas se destaca nas três fases de
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desenvolvimento do capitalismo. Segundo Mandel (apud SOJA, ibid.: 1993), durante a fase em que ele
denomina de era do capitalismo de livre concorrência, “a forma predominante dos superlucros derivou
da justaposição regional da indústria e da agricultura nos países então capitalistas avançados,
justaposição essa que estava profundamente imbricada nas relações entre a cidade e o campo”. Isso se
deu por conta de fatores importantes, naquele momento concentrados nos primeiros países
industrializados, como, por exemplo, a abundância do exército industrial de reserva; a fragilidade das
lutas operárias; a troca desigual de mais-valia entre a jovem indústria e a agricultura e a disposição de
áreas de livre acesso para os investimentos. O que ocorreu durante o século XIX, nesse sentido, foi muito
mais um desenvolvimento desigual e combinado, estruturado numa escala regional; uma expansão
fundamentada na relação cidade/campo que marca as origens do capitalismo.
Toda essa situação de relativa imobilidade espacial começou a se alterar no final do século XIX. A
partir de novos elementos como o reforço da luta operária e o rápido acréscimo no volume do capital,
iniciou-se forte movimentação de investimentos para as regiões menos desenvolvidas, o que
caracterizou a fase imperialista do capitalismo(3). Os superlucros passaram, então, a ser extraídos
principalmente por intermédio da exportação de capitais ociosos para a agricultura/mineração de países
periféricos, aumentando a composição orgânica nesses setores e diminuindo os preços das
matérias-primas. Da mesma forma, em função do enorme exército industrial de reserva, iniciou-se uma
pressão pela queda dos preços da força de trabalho nos países dependentes (BEHRING, 1998).
Assim, ao mesmo tempo em que assume uma feição monopolista e oligopolista, o capital se recupe-
ra da depressão do final do século XIX, configurando num plano internacional o seu modelo de
desenvolvimento desigual e combinado. “A justaposição internacional de desenvolvimento (nos Estados
imperialistas) e subdesenvolvimento (nos territórios coloniais e semicoloniais) tornou-se mais importante
para o capitalismo do que a diferenciação regional subnacional” (SOJA, 1993, p.200).
É preciso enfatizar o fato de que, apesar de assumirem envergadura internacional, os superlucros
continuam a ser extraídos a partir da diferenciação regional subnacional, mesmo que sua importância vá se
tornando gradativamente decrescente. A internacionalização do capital, nesse sentido, não elimina as
disparidades regionais nos países centrais. O que ocorre é muito mais uma redução das antigas
desigualdades, haja vista que as periferias agrárias passaram a ser urbanizadas, mas, em contrapartida, as
regiões que continham as principais capitais imperialistas tenderam a crescer em grau mais acelerado.
Malgrado, porém, a acumulação evidenciada pela sua fase imperialista (primeiras décadas do
século XX), o capitalismo logo voltou a mergulhar numa outra crise, sendo esta de proporção muito
significativa, resultando na Grande Depressão da década de 1930. Para Mandel (1982, p. 70), esse foi
o momento de importantes mudanças na fonte primordial dos superlucros. Ele marca a redução
dos ganhos proporcionados pela desigualdade espacial e o início de maior acumulação a partir da
“justaposição industrial global de desenvolvimento em setores dinâmicos e subdesenvolvimento em
outros”. Entramos numa fase que o autor chama de capitalismo tardio, regime que, ao contrário de esgarçar
o capitalismo monopolista clássico, se sobrepõe a ele como uma camada, preservando todos os seus
antecedentes residuais.
No capitalismo tardio, a combinação diferenciada de fontes de superlucros continua envolvendo a
dimensão espacial (regional e internacional); todavia, o maior destaque agora passa a ser dado aos
diferentes setores da economia, sendo os mais inferiores responsáveis pela transferência de excedente
para os mais dinâmicos. Como acentua Mandel (1982, p.70), “sem a existência de ramos industriais
subdesenvolvidos, não teria havido transferência de excedente para os chamados setores dinâmicos, nem
a aceleração correspondente da acumulação do capital nos últimos 25 anos”.
A disponibilidade e a manipulação de novas tecnologias se transformam em base fundamental para a
reestruturação econômica experimentada no capitalismo tardio, uma vez que “determinadas indústrias,
bem como ramos e empresas específicos dos setores industriais, foram sendo cada vez mais diferencia-
dos em termos de produtividade, lucratividade e controle da força de trabalho” (SOJA, 1993, p.207).
Com efeito, verdadeira revolução tecnológica tomou forma nas últimas décadas, culminando na transfor-
mação dos caminhos seguidos pela indústria e pelos demais setores da economia.
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Somado a isso, o Estado também passa a intervir mais veementemente no sentido de disciplinar a
reprodução ampliada do capital. Por meio da administração das contradições sociais, mas, sobretudo,
possibilitando um melhor arranjo de produtividade e flexibilidade ao processo de trabalho, o Estado se
impõe como instância institucional imprescindível para disciplinar os ganhos proporcionados pelo
desenvolvimento setorialmente desigual (inclusive articulando a mobilidade de setores do capital para
lugares onde o barateamento dos custos da mão-de-obra é significativo).
Também é nessa fase que se verifica a industrialização acelerada de alguns países do mundo
subdesenvolvido, prova contundente de que o espaço não deixa de se apresentar como mecanismo
importante na busca de superlucros. Segundo Mandel (1982), isso se explica pelo deslocamento de
centros de produção das transnacionais para países com salários e preços de matérias-primas mais
baixos. Por apresentar um mercado interno reduzido, não constituindo uma via de absorção efetiva de
produção, esses países acabaram assumindo um modelo de industrialização baseado, principalmente, na
“superexploração dos trabalhadores”.
Mesmo com a importância crescente da reestruturação tecnológica e setorial, o capitalismo tardio
não eliminou a exploração do espaço como fonte de superlucros. As tendências que sugerem uma
transformação radical dos mecanismos de organização produtiva (ou mesmo do capitalismo) parecem
desconhecer ou ignorar esse fato, sendo muitas vezes até confundidas por estratégias que no fundo
representam novas roupagens do esquema de apreensão e consumo do espaço pelo capital.
Contudo, apesar de não representar uma ruptura definitiva com as velhas fontes de acumulação,
o novo quadro de reestruturação, de fato, implica mudanças expressivas na atual dinâmica de
organização do espaço. A especialização flexível e a desintegração de velhos obstáculos territoriais vêm
proporcionando ao capital uma mobilidade sem precedentes na escala mundial. Agora, tanto é possível
integrar o espaço mundial, através de uma rede de investimentos e financiamentos, como separar o
processo produtivo industrial em diferentes lugares. Os novos meios de conexões e telecomunicações
suplantam qualquer limite criado pela descontinuidade geográfica global.
Por conta da acentuação do desenvolvimento setorialmente desigual, “regiões centrais antes
altamente prósperas e industrializadas têm experimentado um declínio e desindustrialização econômicos
acelerados, enquanto muitas regiões periféricas pobres converteram-se em novos centros de crescimento
industrial e expansão econômica” (SOJA, 1993, p.208). Esse aspecto de reestruturação também ocorre
em escala subnacional, haja vista que uma série de investimentos industriais vem proporcionando aos
novos lugares (lugares ainda não orientados plenamente pela lógica do capital) mudanças significativas na
sua estrutura produtiva e setorial.
O processo se caracteriza, sobretudo, pela transferência de segmentos tradicionais da indústria para
lugares onde não estavam constituídas plenamente as condições necessárias de desenvolvimento capi-
talista. Verifica, a partir daí, uma reestruturação espacial (seja ela internacional ou subnacional) fundamen-
tada numa perspectiva de desigualdade setorial. Para Soja (1993, p.208), “é nesse ponto que os cenários
setoriais e espaciais da reestruturação contemporânea convergem e reverberam, acelerando os ciclos de
exploração nos planos vertical e horizontal do desenvolvimento desigual”.
Nesse sentido, ao procurar interpretar os movimentos que norteiam o atual processo de reestruturação
capitalista, não podemos esquecer o papel dos componentes que se mostram imprescindíveis para a
reprodução desse modo de produção.
Inserido no processo, o ordenamento desigual do espaço ainda se mostra crescentemente eficaz
como fonte de manutenção dos superlucros. Trta-se de uma evidência contundente de que , mesmo com
as recentes mudanças tecnológicas, sua importância política e econômica não deixa de se fazer
presente na organização da vida social. Por fim, com respaldo em Soja (1993, p.209), podemos
confirmar tal importância reconhecendo que “a instrumentalidade das estratégias espaciais e locacionais
da acumulação do capital está sendo revelada com mais clareza hoje do que em qualquer outra época dos
últimos cem anos”.
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[...] das 910 indústrias incentivadas através do mecanismo 34/18-FINOR, 63,6% se localizavam nos
estados da Bahia (19,5%), de Pernambuco (24,3%) e do Ceará (19,8%). Ademais, daquele total de
indústrias incentivadas, 46,9% se localizavam nas regiões metropolitanas daqueles respectivos Estados.
Sendo 17,4% na Região Metropolitana de Recife, 15,9% na de Fortaleza e 13,6% na de Salvador.
Somado a isso, no que se refere à origem do capital responsável para a instalação das indústrias
nestes estados, somente na Bahia predominou a presença de investimentos externos, pois para Ceará e
Pernambuco, o capital local foi o maior responsável pela consolidação das inversões (idem, ibid.).
Quanto ao período mais recente da industrialização nordestina, observamos que ele resulta das
novas realidades da política brasileira, assim como da crescente internacionalização econômica no País.
Esta última, hoje, consolida um processo de industrialização bem mais flexível em que o capital se articula
estrategicamente pelo espaço, razão pela qual a migração dos investimentos para o interior do Brasil
torna-se constante. Com efeito, nova modalidade de competição financeira se ergue, colocando as unida-
des de Federação numa arena onde a arma mais eficaz é o benefício fiscal. A análise do processo no
Estado do Ceará irá conceder uma noção mais completa para a atual situação.
Antes de explicitar as recentes estratégias industriais cearenses, necessário se faz compreender a
periodização da atividade no Estado. A formação econômica cearense do período colonial se distanciou
um pouco das outras economias nordestinas litorâneas. Enquanto os estados da Zona da Mata
apresentavam suas economias baseadas na lavoura canavieira, o Ceará fundamentava sua organização
econômica em função das necessidades de suprimento para as regiões agroexportadoras. Assim,
a pecuária foi a primeira grande atividade econômica cearense, “responsável pelas primeiras atividades
ligadas às transformações industriais”, bem como ao povoamento e à colonização do Estado (SILVA,
1994). Logo depois o algodão, produto bem adaptado ao clima semi-árido, se uniu às charqueadas
(atividades ligadas ao consumo de carne), compondo a base para a organização econômica e espacial
cearense. Nesse sentido, o sistema formado pelo tripé gado/algodão/cultura de subsistência não só
estruturou a economia espacial cearense como também marcou profundamente a distribuição fundiária e
o uso da terra no Estado.
Apesar de seu caráter agroexportador, vieram do algodão as primeiras iniciativas industrializadoras
do Ceará, representadas, principalmente, pelas empresas de fiação e tecelagem. Tais firmas, que se
distribuíram por diversos municípios do Estado, uniram-se a outras nos ramos de curtume, metalurgia,
tipografia etc., formando a identidade industrial cearense que predominou até a década de 60 do
século XX.
“A implantação industrial, nessa fase, processou-se espontaneamente e foi realizada por grupos
locais que conseguiram mobilizar os recursos financeiros disponíveis na região, adquiridos, sobretudo,
através das atividades agrícolas e comerciais” (AMORA, 1994, p.124). No geral, a atividade se deu
muito mais como um prolongamento da agricultura, porquanto se ocupou da transformação da
matéria-prima local e se concentrou nas mãos de grupos familiares.
A partir da inserção das práticas desenvolvidas pela SUDENE, o Estado assegura a implantação de
projetos industriais dentro das estratégias centralizadas do planejamento regional. Os incentivos fiscais
passaram então a ser aplicados tanto na “modernização e/ou ampliação de velhas atividades existentes e
implantação nos mesmos ramos dedicados ao beneficiamento de matérias-primas agrícolas, como
também na instalação de novas indústrias consideradas pela SUDENE como de substituição de
importações” (idem, ibid.: 127).
Esse novo momento começou, de fato, a consolidar o processo de industrialização no Ceará.
Segundo Nobre (1989), a criação da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), do Banco do
Nordeste do Brasil (BNB) e da Universidade Federal do Ceará possibilitaram, cada um a sua maneira,
um impulso econômico e industrial muito s ignificativo para o Estado, com destaque para a cidade
de
Considerações finais
Referências bibliográficas