ARTIGO FormaçãoContinuadaEducação
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26843/ae19828632v12n32019p17a38
e-ISSN 1982-8632
ARAÚJO, RMB; SILVA, MD; SILVA, MC. A formação continuada de professores
da educação básica: concepções e desafios na perspectiva dos docentes.
Revista @mbienteeducação. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo, v.
12, n. 3, p. 17-38 set/dez 2019.
RESUMO
O presente estudo investiga a concepção e os desafios enfrentados pelos professores
da Educação Básica na Região dos Inconfidentes, em Minas Gerais, em sua formação
continuada, com foco na compreensão e nas implicações que a mesma pode trazer
para a prática desses profissionais. Considerada como essencial nas discussões sobre
o desenvolvimento profissional docente, a formação continuada dos educadores é um
direito e um dever previsto pela Lei nº 9393, de 1996. Nesta pesquisa de abordagem
qualitativa realizamos, além de análise bibliográfica e documental, a aplicação de
um questionário aos professores que atuam na rede pública do ensino básico, nos
municípios de Mariana e Ouro Preto. Os resultados apontaram uma frágil concepção
de formação continuada por parte dos educadores envolvidos na investigação e a
ausência de ações institucionais que garantam um trabalho mais coerente, crítico e
coletivo. Evidenciamos a necessidade de aprofundamento das políticas que versam
sobre a formação como condição sine qua non para a transformação da escola, da
realidade docente e, acima de tudo, da educação como questão emancipadora das
desigualdades sociais.
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ABSTRACT
The present study investigates the conception and challenges faced by teachers of
Basic Education in the Region of the Inconfidentes, in Minas Gerais, in their continuing
education, focusing on the understanding and the implications that it can bring to the
practice of these professionals. Considered as essential in the discussions about
professional teacher development, the continuing education of educators is a right and
a duty foreseen by the Law nº9393 of 1996. In this research of qualitative approach
we carried out, besides bibliographical and documentary analysis, the application of
a questionnaire to teachers which operate in the public primary school system, in the
municipalities of Mariana and Ouro Preto. The results indicated a fragile conception
of continuing education by the educators involved in the research and the lack of
institutional actions that guarantee a more Coherent, critical and collective work. We
emphasize the need to deepen policies that deal with education as a sine qua non
condition for the transformation of the school, the teaching reality and, above all,
education as an emancipatory issue of social inequalities.
RESUMEN
El presente estudio investiga la concepción y los desafíos enfrentados por los
profesores de la Educación Básica en la Región de los Inconfidentes, en Minas Gerais,
en su formación continuada, con foco en la comprensión y en las implicaciones que la
misma puede traer para la práctica de esos profesionales. Considerada como esencial
en las discusiones sobre el desarrollo profesional docente, la formación continuada
de los educadores es un derecho y un deber previsto por la Ley nº 9394, de 1996. En
esta investigación de abordaje cualitativo realizamos, además de análisis bibliográfico
y documental, la aplicación de un cuestionario a los profesores que actúan en la
red pública de enseñanza básica, en los municipios de Mariana y Ouro Preto. Los
resultados apuntaron una frágil concepción de formación continuada por parte de los
educadores involucrados en la investigación y la ausencia de acciones institucionales
que garanticen un trabajo más coherente, crítico y colectivo. Evidenciamos la
necesidad de profundizar las políticas que versan sobre la formación como condición
sine qua non para la transformación de la escuela, de la realidad docente y, sobre
todo, de la educación como cuestión emancipadora de las desigualdades sociales.
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INTRODUÇÃO
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Conforme assinalam Sampaio e Marin (2014), uma das questões mais nítidas
referentes à precarização docente, deve-se ao salário recebido, “sobretudo quando
se focaliza a imensa maioria, ou seja, os que atuam nas diversas escolas da rede
pública” (p.1210). Nesse sentido, os baixos salários, carga horária alta, número de
escolas em que trabalham, dentre outras condições, levam à precarização do trabalho
docente e, consequentemente, dificultam a busca por formação continuada e, ainda,
os problemas ligados à precarização do trabalho escolar não são recentes no país,
mas constantes e crescentes, e cercam as condições de formação e de trabalho
dos professores, as condições materiais de sustentação do atendimento escolar e da
organização de ensino (SAMPAIO; MARIN, 2004).
Para Brzezinski (2014), as políticas de formação de profissionais da educação
têm sido desenvolvidas, no Brasil, de forma emergencial, com ações pontuais, por
meio de programas e planos. Isso implica, na posição da autora, numa malversação
de recursos públicos.
Na verdade, não existe uma política pública global de formação e valorização
dos profissionais da educação, de modo que se articule a qualidade social
dos processos formativos com condições dignas de trabalho, carreira e
planos de cargos e salários com base no piso salarial nacional (p. 1243).
No artigo 87 em seu inciso III, a LDB deixa claro o dever dos Municípios e,
supletivamente, Estado e a União, de “realizar programas de capacitação para todos
os professores em exercício, utilizando os recursos da educação à distância”. Branco
e Oliveira (2008) discorrem sobre a formação à distância e em serviço, ressaltando
que quando ocorre de maneira adequada é uma possibilidade para a reflexão sobre
as ações que obtiveram êxito, ou não, e sobre as mudanças necessárias em sua
prática. Entretanto, fazem um alerta sobre a formação a distância:
Mas há uma diferença entre falar das potencialidades desses cursos e
considerar que estão, efetivamente, cumprindo essa função, pois, no
contexto geral, segundo Santos (1998) a formação docente a distância e
em serviço tende a ser aligeirada, fragilizada, esvaziada de conteúdo e de
conhecimento, na medida em que se torna uma estratégia de diminuição
de custos, tornando essa formação utilitarista (BRANCO; OLIVEIRA, 2008,
p.7).
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para as instituições escolares. Para Imbernón (2016, p. 87) “passou-se de nada a uma
infinidade e a uma diversidade de cursos, de atividades etc., e agora se necessita
de uma pausa para se refletir sobre as novas capacidades docentes (...)”. Além da
necessidade de um maior aprofundamento nas discussões acerca do que entendemos
por formação continuada.
A expressão “formação continuada” torna-se bastante conhecida no Brasil,
a partir da segunda metade dos anos 1980, de acordo com Pereira (2010), existindo
até essa época as expressões formação inicial ou pré-serviço e continuada ou em
serviço, para designar os processos formativos vivenciados pelos docentes. O que
não representa a realidade brasileira, pois à época, no país, existia “um grande
contingente de pessoas que, ao ingressar em um curso ou programa de formação
docente, em uma instituição de ensino superior, já atua no magistério há vários anos”
(PEREIRA, 2010, p.1).
O autor alerta que apesar da defesa em tratar a formação continuada como
processo, muitas vezes, esta se configura como ações isoladas, com ofertas de
cursos de curta duração, nos quais nem sempre se refletem as necessidades dos
docentes. Em contraposição a tais ações formativas “discute-se hoje na literatura
especializada a ideia do desenvolvimento profissional dos professores como uma
concepção de formação não dissociada da própria realização do trabalho docente”
(PEREIRA, 2010, p.2).
De acordo com Oliveira-Formosinho (2009) “A preferência pelo uso do
conceito de desenvolvimento profissional em gradual substituição pelo de formação
contínua tem a ver com o descontentamento com o caráter diretivo e os fracos
resultados da formação contínua” (p. 225). A autora alerta, ainda, que formação
contínua e desenvolvimento profissional são perspectivas diferentes, embora tratem
da mesma realidade que é a educação permanente. Ainda, a formação contínua
consiste predominantemente nas instituições de formação, nos agentes de formação,
nas modalidades e nos aspectos organizacionais, enquanto o desenvolvimento
profissional implica em processos, conteúdos concretos aprendidos, contextos de
aprendizagem, relevância para as práticas, impacto na aprendizagem dos alunos e
aprendizagem profissional em desenvolvimento.
Após uma análise e reflexão sobre os termos e as questões que envolvem a
formação docente, Oliveira-Formosinho conceitua desenvolvimento profissional como
(...) um processo contínuo de melhoria das práticas docentes, centrado no
professor, ou num grupo de professores em interação, incluindo momentos
formais e não formais, com a preocupação de promover mudanças
educativas em benefício dos alunos, das famílias e das comunidades
(OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2009, p.226).
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4 A figura do assessor de formadores (figura inexistente no Brasil) surge por volta dos anos 70, na Espanha, como
uma assessoria, na qual predominam profissionais provenientes da experiência escolar, em revisão à figura do
“especialista externo à escola” que seriam profissionais de outras instituições e/ou universidades.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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SOBRE OS AUTORES
RECEBIDO: 25/05/2019.
APROVADO: 13/06/2019.
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