Apostila III - DF Convi

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CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA DE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

PROFª. MESTRA GLÁUCIA BORGES

APOSTILA III
DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR

Arts. 19 A 52-D.
É o direito a ter relação familiar e, especialmente, permanecer no meio a que
pertence. Garantia ao máximo de manutenção na família natural (Art. 19, § 3º, ECA) e
convivência ou manutenção na família extensa.
Lei nº 12.010/09, elegeu a família natural como prioridade (art. 1º, § 2º), entidade a
qual a criança e o adolescente devem permanecer, ressalvada a absoluta
impossibilidade, devendo existir decisão judicial fundamentada.
O Direito à Convivência Familiar reflete a importância de crianças e adolescentes
crescerem em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral, ou seja, que garanta
este e todos os demais direitos fundamentais.
Evita-se acolhimentos.
Caso não seja possível com a família natural -> família substituta.
Vide art. 19.

Regra: crescimento e Prioridade de Exceção: na


desenvolvimento da manutenção ou a impossibilidade, serão
criança e do adolescente reintegração à sua família colocados em família
na família natural; (§ 3º); substituta.
(SUBSIDIÁRIO)
Em busca do melhor interesse, ficará junto à família que garantir seu
desenvolvimento integral.

DIREITO À CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA

Trata-se do ingresso da criança e do adolescente na cidadania, bem como no


desenvolvimento de suas relações sociais, questão importante para seu crescimento
saudável. É a convivência que vai para afora da família, trazendo a importância da vida
em comunidade, possibilitando o exercício de seus direitos (educação, lazer, saúde, etc.).
Para além de simples relações sociais, faz emergir a obrigação da sociedade e do
Poder Público de oferecerem um ambiente saudável e que garanta o desenvolvimento
absoluto das crianças e dos adolescentes.
Na convivência comunitária: criança e o adolescente possuem o direito fundamental
de conviver na comunidade, ou seja, na coletividade, abrangendo os mais variados
locais, como o bairro onde residem, a escola, o clube etc. Isto para o perfeito
desenvolvimento deles.

PRINCIPAIS ASPECTOS DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E


COMUNITÁRIA
CONVIVÊNCIA COM PAIS PRIVADOS DE LIBERDADE: Visitas periódicas (§ 4º,
art. 19).

CONVIVÊNCIA COM MÃE ADOLESCENTE EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL:


Assistida por equipe multidisciplinar (§§ 5º e 6º, art. 19).

DIREITO DE CONVIVÊNCIA ENTRE PAIS E FILHOS: Direito de “visitas”.

DIREITO DE CONVIVÊNCIA COM AVÓS E DEMAIS FAMILIARES: Direito de


“visitas”.

IGUALDADE ENTRE OS FILHOS: Art. 20 - havidos ou não da relação do


casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação. Após o advento da CF/88 houve a
proibição de qualquer distinção - art. 227, § 6º, CF (antes: legítimos e ilegítimos [naturais
ou espúrios {adulterinos ou incestuosos}]).

DEVERES DESTINADOS AOS PAIS: Sustento, guarda e educação dos filhos com
menos de 18 anos (art. 22) e mais os requisitos do art. 1.634, do CC.

EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR EM IGUALDADE DE CONDIÇÕES: Difere do


pátrio poder (arts. 21 e 22, § 2º).
Poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais referente a
pessoa dos filhos e seus bens. É inerente aos pais (biológicos ou não). Importante: na
falta de um: o outro exerce integralmente; e divórcio/dissolução, não há alteração do
pleno exercício.
Características: irrenunciável, indelegável e imprescritível.
Para haver a perda ou suspensão: deve ser judicial (art. 24) e há todo um
procedimento detalhado (arts. 155 a 163, do ECA); Perda ou suspensão são sanções
aos pais para proteger a pessoa dos filhos; A regra é não perder o poder familiar!
Falta ou carência de recursos (art. 23, caput): não é motivo exclusivo – CUIDAR
com a negligência; Condenação criminal do pai ou da mãe não implica em destituição.
Exceção: condenação por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem
igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente (§
2º) – Requisitos cumulativos - *Redação alterada pela Lei nº. 13.715/2018.
Exemplo: possibilidade de perda - lesão corporal grave contra a mãe – art. 129, do
CP. Exemplo: manutenção do poder familiar - crime de abandono material contra o
próprio filho – art. 244, CP – é crime doloso, contra o próprio filho, mas a pena é de
detenção.

SUSPENSÃO PERDA

Decorre de faltas graves, que


Imposta nas infrações do art. 1.637,
configuram ilícitos penais (art.
do CC
1.638, do CC)

Temporária Permanente

Obs.1: O objetivo da suspensão e da destituição do poder familiar não visa castigar


pai e/ou mãe, mas sim proteger a criança e o adolescente.
Obs.2: Em caso de perda: só se restabelecerá o poder familiar com a adoção.
Obs.3: Tanto a suspensão quanto a perda podem ser parcial (ou só do pai ou só da
mãe).
Vide arts. 1.635 (extinção) e 1.638 (perda), do CC.

FAMÍLIA DE ORIGEM: FAMÍLIA NATURAL E FAMÍLIA EXTENSA


Vide art. 25, do ECA.

FAMÍLIA DE ORIGEM: Em regra é a família biológica.


FAMÍLIA NATURAL: Composta pelos pais ou qualquer um deles e seus
descendentes (art. 25). Faz restrição, portanto, somente ao pai e/ou a mãe juntos ou
somente um deles e a pessoa dos filhos.

FAMÍLIA EXTENSA ou AMPLIADA: Formada por parentes próximos com os quais


criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (art. 25, §
1º). Vai para além da comunidade formada pelos pais e filhos. Para se englobar no
contexto de família ampliada ou extensa exige-se os três requisitos, de forma cumulativa:
parentesco próximo; convivência; e afinidade/afetividade.
Isso ocorre para: Limitar as buscas nos casos de tentativa de manutenção da
criança ou adolescente junto a família; Evitar demora nas tentativas (pois, do contrário,
será necessário analisar a possibilidade de manutenção com todo e qualquer parente
consanguíneo); Dar maior agilidade na definição da situação da criança/adolescente;
Evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.

ACOLHIMENTOS: INSTITUCIONAL E FAMILIAR


São medidas especiais de proteção (art. 101, incs. VII e VIII), destinada às crianças
e adolescentes em situação de risco que foram afastadas do convívio familiar. O
acolhimento familiar é preferencial (arts. 34, § 1º e 101, § 1º, Estatuto).
Possuem caráter excepcional e provisório.
Em ambos os casos: reavaliação da situação a cada 03 meses (Art. 19, § 1º).
Não é possível colocar criança e adolescente em acolhimento sem autorização
judicial (art. 29). Exceção: medida de urgência.

ACOLHIMENTO FAMILIAR: Efetivados através de serviços nos lares dos


acolhedores. Podem receber nomes variados pelos municípios para denominar o serviço,
como Família Acolhedora. Evita submeter as crianças e adolescentes imediatamente ao
acolhimento institucional.
Permanência em acolhimento familiar: não possui prazo máximo de acolhimento.
Requisitos: cadastro, seleção e capacitação dos membros da sociedade civil pela
equipe técnica. Os acolhedores não podem estar no cadastro de adoção.
Recebe a criança mediante o instituto da guarda (art. 34, § 2º). O serviço é voluntário
para os acolhedores. Recebem aporte financeiro para manter o acolhido (§ 4º).

ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL: Serviços em casa-lar ou abrigo institucional.


Não se fala mais em orfanato.
Permanência em acolhimentos institucionais: até 18 meses ou comprovada
necessidade (art. 19, § 2º). *Redação alterada pela Lei nº. 13.509/17 (antes era de 02
anos).
Não implica em privação de liberdade e não se confunde com ambiente para
prestação de medida socioeducativa (art. 101, § 1º).

APADRINHAMENTO SOCIOAFETIVO
Trata-se de um programa. Artigo 19-B, incluído pela Lei nº. 13.509/17.
Afilhados: crianças e adolescentes em acolhimento institucional ou familiar.
Prioridade: para aqueles com possibilidades remotas de reintegração à família ou
colocação em família substituta pela modalidade da adoção.
Padrinhos: pessoas maiores de 18 anos não inscritas nos cadastros de adoção / ou
pessoas jurídicas (§§ 2º e 3º). Outros requisitos podem ser impostos pela equipe do
programa.
Objetivo: estabelecer vínculos externos ao acolhimento (§ 1º) - convivência
comunitária.

FAMÍLIA SUBSTITUTA
Família substituta é medida de proteção (art. 101, inciso IX, ECA). Trata-se de
qualquer outra pessoa que não os pais. Para colocação em família substitua independe
da situação jurídica da criança ou do adolescente (art. 28, ECA).
Família
natural

Impossibilidade de
manutenção

Colocação direta em família Acolhimento institucional


substituta – situação provisória ou ou familiar
definitiva
Reintegração à família
natural

Colocação em família
substituta

FORMAS DE COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA: guarda, tutela e adoção.

REGRAS GERAIS PARA QUALQUER FAMÍLIA SUBSTITUTA


Necessária a preparação gradual e o acompanhamento posterior (arts. 28, § 5º e.
166, § 7º, ECA). Dependente de procedimento judicial (art. 29), devendo ser respeitados
os requisitos dos arts. 165 a 170, do ECA. Exemplo: posse de avó ou entrega para quem
deseja adotar sem respeitar fila.
Oitiva das crianças e adolescentes: Maior de 12 anos – consentimento em audiência
- obrigatório; Com menos de 12 anos – dependerá do grau de discernimento e de equipe
multidisciplinar.
A adoção depende de concordância dos pais ou do representante legal do adotando
(art. 45), mas poderá ser dispensado se desconhecidos ou destituídos.
Grupos de irmãos - preferência por serem colocados na mesma família substituta.
Criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de
quilombola: devem ser respeitadas as identidades cultural e social, costumes e tradições
(preferencialmente dentro de sua comunidade ou junto de seus membros).
Para família substituta estrangeria: somente é possível a modalidade de adoção.

GUARDA
Guarda é um instituto só! CC: pais (decorre do poder familiar) x Estatuto: terceiros
que não os pais; CC: especialmente para pais que não convivam sob o mesmo teto x
Estatuto: medida de proteção.
A guarda é um dever. Obriga a prestação de assistência material, moral e
educacional à criança ou adolescente, trazendo a relação de dependência (art. 33). O
guardião tem o direito de se opor a terceiros, inclusive os pais (art. 33).
Visa regularizar a posse de fato (§ 1º). Posse x Guarda.
Pode ser também deferida nos procedimentos de tutela e adoção liminar ou
incidentalmente, desde que não se trate de adoção internacional (§ 1º). Não é medida
indicatória de preparação para adoção. Não pressupõe, necessariamente, a destituição
ou suspensão do poder familiar. Não impede visita dos pais nem suspende dever de
prestar alimentos (§4º). Salvo decisão fundamentada ou quando houver preparação para
adoção.
A guarda não faz coisa julgada sob o aspecto material, ocorrendo trânsito em
julgado apenas sob o aspecto meramente formal (para encerrar os autos daquele
processo específico), podendo ser revista a qualquer tempo (art. 35).
Confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e
efeitos de direito, inclusive previdenciários (§ 3º).

TUTELA
A tutela resguarda os interesses de pessoa de até 18 anos incompletos, com o
intuito de proteger estes e os seus bens, em decorrência (arts. 28 e 36, § único, do
Estatuto e arts. 1.728 e 1.734, do Código Civil):
 Do falecimento dos pais;
 Por serem os pais julgados ausentes;
 Ou em caso de os pais estarem suspensos ou decaírem do poder familiar.

No CC, fala apenas em perda do poder familiar. No Estatuto, perda ou suspensão.


Adolescente não pode ser emancipado para ter tutor. Não cabe em perda parcial do
poder familiar.
Implica em dever de guarda: não é só mero administrador de bens. É como um
substituto do poder familiar. Havendo grupos de irmãos, dar-se-á um só tutor comum (art.
1733, CC).
As regras para sua nomeação são regidas pela lei civil (art. 36, caput, do Estatuto),
dispostas entre os arts. 1.728 a 1.766, do Código Civil e, seu processamento judicial, pela
lei processual civil, nos arts. 759 a 763, do Código de Processo Civil, somado ao art. 37,
do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Existem três espécies de tutela (devem seguir essa ordem preferencial):
1. Tutela testamentária: exercida pelos pais, através de testamento ou qualquer
documento autêntico (art. 1729, CC); Somente se restar comprovado que a medida é
vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-
la (art. 37, § único).
2. Tutela legítima: na falta de tutor nomeado pelos pais, a tutela incumbe a parentes
consanguíneos (art. 1731, CC);
3. Tutela dativa: nomeação do juiz. Na falta de tutor testamentário ou legítimo, ou,
caso nomeados, serem excluídos ou escusados ou removidos por não idôneos.

Se o juiz não nomear tutor, serão incluídos em serviços de colocação familiar (art.
1.734, CC).

ADOÇÃO

CONCEITO
Arts. 39 ao 52-D, do ECA.
No sentido formal, trata-se de modalidade de medida de proteção para colocação
de criança ou adolescente em família substituta (art. 101, inc. IX, do Estatuto), gerando
vínculos jurídicos de filiação. Além do sentido formal, a adoção possui cunho moral na
garantia de direitos. É uma das formas de criança ou adolescente ter garantido o Direito
à Convivência Familiar, tornando-se membro da nova família, tornando-se filho(a) para
todos fins.
É a mais completa das modalidades de família substituta: concede o poder familiar,
enquanto as demais limitam-se a conceder ao responsável alguns dos atributos do poder
familiar.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
EXCEPCIONAL: apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança
ou adolescente na família natural ou extensa (art. 39, §1º);
IRREVOGÁVEL: atribui a condição de filho, com os mesmos direitos e deveres,
inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes de origem,
ressalvando apenas os impedimentos matrimoniais (arts. 39, §1º e 41);
PERSONALÍSSIMA: vedada a adoção por procuração (art. 39, §2º);
FORMAL: o vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial (art. 47).

QUEM PODE ADOTAR

Pessoas + Diferença de
maiores de 18 idade mínima de 16
anos anos (art. 42, §3º)
QUEM Pessoas solteiras
PODE Adoção
ADOTAR individual
(art. 42) Pessoas casadas ou
conviventes
Independente
do Estado Pessoas casadas ou
Civil conviventes (art. 42, O estágio de convivência
§ 2º) ter se iniciado na
constância do casamento
Adoção Pessoas ou da união estável
conjunta divorciadas,
separadas
judicialmente ou Haver acordo sobre
guarda e convivência
ex-companheiros
(art. 42, § 4º) Existência de vínculos de
afinidade e afetividade
entre o adotando e quem
não ficará com a guarda

Nenhuma restrição com relação à sexo, cor, religião, situação financeira,


preferência sexual poderá ser utilizada, seja pelo legislador, seja pelo aplicador da lei,
sob pena de estar sendo violado o princípio constitucional da igualdade, decorrente do
princípio constitucional da dignidade humana.

REGRAS PARA ADOTAR


Regra: habilitação nos cadastros prévios.
Exceção: adoção direta, que pode ocorrer nas seguintes situações:
- Unilateral (art. 41, § 1º) (***multiparentalidade);
- Quando formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha
vínculos de afinidade e afetividade;
- Quando oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior
de três anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a
fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé
ou qualquer dos crimes previstos nos arts. 237 ou 238, do Estatuto. (art. 50, §13)

ADOÇÃO À BRASILEIRA: Acontece quando a pessoa, sabendo não ser seu(ua)


filho(a), o registra igualmente, como se pai ou mãe biológicos fossem.
Em regra, configura prática ilícita, tipificada no Código Penal, art. 242.
No entanto, há a possibilidade de reconhecimento de crime praticado por nobreza
(por um bem maior), cuja pena será de detenção, de um a dois anos, ou pode o juiz deixar
de aplicar a pena, ou seja, conceder o perdão judicial. Além do mais, a depender do caso,
também serão analisados os vínculos socioafetivos formados, sempre levando em conta
o melhor interesse da criança e do adolescente.

IMPEDIDOS DE ADOTAR

Ascendentes do adotando
IMPEDIDOS DE ADOTAR (art.
42, § 1º)
Irmãos do adotando

IMPOSSIBILIDADE TEMPORÁRIA ADOTAR


Enquanto não der
Tutores e curadores (art. conta de sua
44) administração e
saldar o seu alcance

Participantes do programa
IMPOSSIBILIDADE
de apadrinhamento
TEMPORÁRIA
socioafetivo (art. 19-B, § 1º)

Participantes dos serviços


em acolhimento familiar
(art. 34, § 3º)
EFEITOS DA ADOÇÃO
Regra: a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva (art. 47, § 7º).
Exceção: adoção póstuma. Produzirá seus efeitos a partir da data do óbito.
ADOÇÃO PÓSTUMA: o adotante falece no curso do procedimento de adoção, antes
de prolatada a sentença, mas após ter manifestado inequívoca vontade de adotar (art.
42, § 6º).

ENTREGA VOLUNTÁRIA
Procedimento caso a gestante ou mãe manifeste interesse de entregar o filho à
adoção (art. 19-A,ECA) – antes ou logo após o nascimento.
Encaminhamento Encaminhamento da gestante
Oitiva por equipe ou mãe, com sua expressa
da gestante ou
interprofissional, concordância, à rede pública
mãe à Justiça da de saúde e assistência social
que apresentará
Infância e para atendimento
relatório ao Juiz
Juventude especializado

Se a mãe não indicar quem é


o pai ou não houver
No caso de desistência do representante da família Preferência que a
desejo de entregar a criança, extensa, o Juiz deverá: criança fique com o
deverá ser manifestada em a) decretar a extinção do pai ou com algum
audiência ou perante a equipe poder familiar, e; representante da
interprofissional. b) determinar a colocação da família extensa
criança sob a guarda
provisória.

MODALIDADES DE ADOÇÃO
NACIONAL: É aquela na qual o pretendente à adoção possui residência habitual
em um país e deseja adotar criança ou adolescente que está no cadastro nacional de
adoção do mesmo país.
INTERNACIONAL: Aquela na qual o pretendente possui residência habitual em um
país e deseja adotar criança ou adolescente em outro (art. 51 – obs.: o Estatuto se reporta
à adoção de países-partes da Convenção).
ADOÇÃO NACIONAL

Entrega de Sentença deferindo


Procurar a Vara documentos + ou não a habilitação
da Infância da curso preparatório (prazo 120 podendo
MP
Comarca onde + estudo social a sua conclusão ser
reside (art. 197-A e prorrogada por igual
seguintes) período)

Aguardar na fila (ordem


Inscrição no Surgindo, serão
cronológica da
cadastro de chamadas as pessoas
sentença de habilitação
pretendentes constantes no cadastro
e segundo a
(municipal, por ordem de
disponibilidade de
estadual ou antiguidade para que a
crianças e
nacional) conheçam
adolescentes)

Ao final do estágio a Os detentores da


O prazo máximo
Havendo equipe guarda, dentro do prazo
para conclusão
interesse entre interprofissional deve de 15 dias contados do
do processo de
elas, será apresentar relatório dia seguinte à data do
adoção será de
realizado o minucioso término do estágio de
120 dias,
estágio de recomendando ou não convivência, devem
prorrogável por
convivência a adoção (art. 46, § 3º propor a ação de
igual período
e 4º). adoção (art. 19-A, § 7º)

PERFIL DO ADOTANDO: Preenchimento do pré-cadastro -


https://www.cnj.jus.br/sna/.
ADOÇÃO NECESSÁRIA OU TARDIA: Prioridade do art. 51, § 15 (pessoas
interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com doença crônica ou
com necessidades específicas de saúde, além de grupo de irmãos).

ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA
Período de adaptação entre adotando e adotante, avaliação da compatibilidade,
devidamente acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância
e da Juventude (art. 46, § 4º e art. 167, caput).
O adotando é entregue através de termo de responsabilidade (art. 167, § único) ou
guarda.
Em regra: o estágio é obrigatório. Exceção: pode ser dispensado se o adotando já
estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja
possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo (art. 46, §§ 1º e 2º).
Nacional

Se dará pelo prazo máximo de 90 dias, observadas a idade da criança ou


adolescente e as peculiaridades do caso (art. 46, caput, do Estatuto).
Prorrogável por até igual período, mediante decisão fundamentada da
autoridade judiciária (§ 2º-A)

Deve ser cumprido em território nacional preferencialmente na comarca de


residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade
limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da
comarca de residência da criança/adolescente (art. 46, § 2º)

ADOÇÃO INTERNACIONAL
Como se dão os cadastros?
CADASTRO DE PRETENDENTES: O cadastro dos pretendentes residentes fora
do pais é separado do cadastro dos nacionais. O cadastro dos internacionais é subsidiário
e que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados
nos cadastros (art. 50, § 6º).
CADASTRO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DISPONÍVEIS: Verificada a
ausência de pretendentes habilitados residentes no país com perfil compatível e interesse
manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscrito nos cadastros existentes, será
realizado o encaminhamento da criança ou adolescente à adoção internacional (art. 50,
§ 10 e art. 51, § 1º).

ADOÇÃO INTERNACIONAL POR RESIDENTES NO EXTERIOR


Quem Pode Adotar? Brasileiros ou estrangeiros residentes no exterior.
Preferência aos brasileiros frente aos estrangeiros residentes fora do país (arts. 50,
§ 10º e 51, § 2º, do Estatuto).
Situação excepcionalíssima.
Para adotar no exterior: verificar se o país é parte da Convenção de Haia: se for
signatário, terá o acompanhamento da autoridade central; se não, não.
ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA
Internacional

No mínimo 30 e no máximo 45 dias, prorrogável por até


igual período, uma única vez, mediante decisão
fundamentada da autoridade judiciária (art. 46, § 3º)

Deve ser cumprido em território nacional preferencialmente


na comarca de residência da criança ou adolescente, ou, a
critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer
hipótese, a competência do juízo da comarca de residência
da criança/adolescente (art. 46, § 5º)

Atenção: Adolescente deve ser consultado. Não cabe guarda. Antes de transitada
em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não poderá sair o adotando
do território nacional (art. 52, § 8°, ECA).

ADOÇÃO INTERNACIONAL POR RESIDENTES NO BRASIL


Pessoas residentes no Brasil que desejam adotar crianças e adolescentes
residentes em outro país.
Verificar se o país é parte da Convenção de Haia.

OUTRAS SITUAÇÕES IMPORTANTES DA ADOÇÃO NACIONAL OU


INTERNACIONAL
SOBRENOME DO ADOTANTE (art. 47, §§ 5º. e 6º., ECA): A decisão que defere a
adoção confere ao adotando o sobrenome do adotante, podendo determinar a
modificação de seu prenome a pedido de qualquer um deles.
PRINCÍPIO DA PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DO ADOTANDO (art. 39,§3º,
ECA): Em caso de conflito entre direitos e interesses do adotando e de outras pessoas,
inclusive seus pais biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando.
ORIGEM BIOLÓGICA E ACESSO IRRESTRITO AO PROCESSO (art. 48): O
adotando tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso
irrestrito ao processo.
DESISTÊNCIA E DEVOLUÇÃO
Vide art. 197-E, § 5º.
DESISTÊNCIA: Dá-se quando já está ocorrendo o estágio de convivência e o
pretendente à adoção não possui mais interesse no procedimento ou naquela
criança/adolescente, renunciando a guarda para fins de adoção. Apesar de o estágio de
convivência ser o período destinado a adaptação da nova situação familiar e verificação
de compatibilidade entre adotando e adotante, a desistência não poderá se dar por
motivos injustificáveis, sob pena de tornar-se violação de direitos de criança ou
adolescente, configurada pelo abandono após os laços socioafetivos já terem se firmado.
DEVOLUÇÃO: Significa a recusa do adotante de ter a pessoa do adotado como seu
filho, entregando o mesmo ao Poder Judiciário após já ter trânsito em julgado a ação de
adoção. Por se configurar quando não há mais possibilidade de recurso, ou seja, quando
criança ou adolescente já foram declarados filhos para todos os fins, sem minimizar as
expressões, devolução após o procedimento da adoção é, literalmente, abandono de
filho(a). A terminologia, portanto, é completamente incorreta, vez que crianças e
adolescentes não são mercadorias passíveis de devolução. Tal colocação da legislação
estatutária viola o Direito das Crianças e dos Adolescentes.

BIBLIOGRAFIA COMPILADA E ESQUEMATIZADA


AMIM, Andréa Rodrigues; MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (coords.). Curso de Direito da
Criança e do Adolescente: aspectos teóricos e práticos, 11. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

VERONESE, Josiane Rose Petry; ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo. Estatuto da
criança e do adolescente: 25 anos de desafios e conquistas. São Paulo: Saraiva, 2015.

VERONESE, Josiane Rose Petry; VERONESE, Valdemar P. da Luz (Coord.). Direito da criança e do
adolescente, v. 5. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2006. P. 9-10.

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