Direito Internacional Económico
Direito Internacional Económico
Direito Internacional Económico
Sumário:
1. Noção de empresa
entidades que exercem uma actividade social
2. Formas de coligações
i) acordos
ii) práticas concertadas
iii) decisões de associações de empresas
3. Afectação do comércio entre os Estados-membros
4. Restrição da concorrência
5. Justificação do comportamento restritivo da concorrência ao abrigo do artigo
103.º, n.º 3, TFUE
6. Consequências da violação do artigo 101.º, n.º1, TFUE
Conceito de empresa
O simples facto de uma entidade não ter fins lucrativos não retira à
actividade que exerce a natureza de actividade económica, e não impede a
sua qualificação como empresa na acepção dos artigos 101.º TFUE e ss.
V. Acórdão do Tribunal de Primeira Instância (Primeira Secção Alargada) de 4 de Março de 2003. Federación
Nacional de Empresas de Instrumentación Científica, Médica, Técnica y Dental (FENIN) contra Comissão das
Comunidades Europeias. Processo T-319/99. ECLI:EU:T:2003:50, Par. 36 e 37
Não é necessário que essas decisões sejam obrigatórias para os destinatários; basta que sejam
efectivamente seguidas. Cabe aqui, por exemplo, a recomendação, por parte de uma ordem
profissional, de um preço para a prestação de um determinado serviço
Ónus da Prova
Isenções individuais:
Ónus da prova
Incumbe à empresa ou associação de empresas que invoca o benefício do
disposto no n.º 3 do artigo 101.º do Tratado o ónus da prova do
preenchimento das condições nele previstas
(Artigo 2.º, Regulamento 1/2003)
.
Derrogação à proibição dos acordos restritivos da concorrência
(artigo 101.º, n.º 3, TFUE)
Sumário:
comércio entre os Estados-Membros, o facto de uma ou mais empresas explorarem de forma abusiva
uma posição dominante no mercado interno ou numa parte substancial deste.
Há elementos comuns nas hipóteses dos artigos 101.º e 102.º TFUE, a saber:
A noção de empresa
O comportamento censurável deve ser de natureza a afectar o comércio
entre os Estados-membros
posição de poder económico detida por uma empresa que lhe permite
afastar a manutenção de uma concorrência efectiva no mercado em causa
e lhe possibilita comportar-se, em medida apreciável, de modo
independente em relação aos seus concorrentes, aos seus clientes e,
finalmente, aos consumidores.
A existência de uma posição dominante resulta, em geral, da reunião de
vários factores, que, tomados isoladamente, não seriam necessariamente
Importa observar:
O comportamento abusivo não tem de ser necessariamente prejudicial para
os consumidores; pode ser prejudicial para os concorrentes.
Os efeitos do comportamento abusivo podem produzir-se num mercado
diferente daquele em que a empresa tem posição dominante
Quadro normativo
Regulamento (CE) n.° 1/2003 do Conselho, de 16 de Dezembro de 2002, relativo à execução das
regras de concorrência estabelecidas nos artigos 81.° e 82.° do Tratado
https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A32003R0001&qid=1648420741248
Diretiva (UE) 2019/1 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de dezembro de 2018, que
visa atribuir às autoridades da concorrência dos Estados-Membros competência para aplicarem a
lei de forma mais eficaz e garantir o bom funcionamento do mercado interno
https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A32019L0001&qid=1648420825142
Comunicação da Comissão sobre a cooperação no âmbito da rede de autoridades de
concorrência
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ALL/?uri=CELEX%3A52004XC0427%2802%29
Comunicação da Comissão sobre a cooperação entre a Comissão e os tribunais dos Estados-
Membros da UE na aplicação dos artigos 81.° e 82.° do Tratado CE
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ALL/?uri=CELEX%3A52004XC0427%2803%29
A aplicação do Direito da Concorrência
Controlo administrativo
Comissão
Autoridades responsáveis em matéria de concorrência dos Estados-
membros
Controlo jurisdicional
Tribunal de Justiça
Tribunais nacionais
Para garantir a aplicação das disposições do Tratado, a Comissão pode aprovar decisões que
tenham por destinatários empresas e associações de empresas:
Obrigando-as a porem termo à infracção aos artigos 101.º e 102.º
A Comissão tem competência para impor uma solução, quer de conduta, quer de carácter estrutural.
Quando exista um interesse legítimo, a Comissão pode também declarar verificada a existência de uma infracção
que já tenha cessado.
Ordenando medidas provisórias
Em caso de urgência devida ao risco de um prejuízo grave e irreparável para a concorrência, a Comissão pode,
actuando oficiosamente, com base no apuramento prima facie de uma infracção, ordenar, mediante decisão,
medidas provisórias.
Aceitando compromissos
Quando a Comissão tencione aprovar uma decisão que exija a cessação de uma infracção e as empresas em
causa assumirem compromissos susceptíveis de dar resposta às objecções expressas pela Comissão na sua
apreciação preliminar, esta pode, mediante decisão, tornar estes compromissos obrigatórios para as empresas.
Emitindo uma Declaração de não aplicabilidade
Em casos excepcionais, quando o interesse público assim o exija (por exemplo, por estarem em causa novos
tipos de acordos, não visados na prática decisória anterior), a Comissão, pode, através de decisão, declarar
oficiosamente que o artigo 101.º do Tratado não se aplica a um acordo, decisão de associação de empresas ou
prática concertada, quer por não estarem preenchidas as condições do n.º 1 do artigo 101.º do Tratado, quer por
estarem preenchidas as condições do n.º 3 do artigo 101.º do Tratado.
A Comissão pode fazer declaração semelhante relativamente ao artigo 102.º.o do Tratado.
Competência da Comissão. Aplicação de coimas
A coima aplicada a cada uma das empresas ou associações de empresas que tenha
participado na infracção não deve exceder 10 % do respectivo volume de negócios
total realizado durante o exercício precedente.
Poderes da Comissão
Direito da Concorrência
Lei n.º 19/2012 de 8 de Maio. Diário da República, n.º 89, 8 de maio de 2012, artigos
36.º e ss.
Fusão
Fusão de duas ou mais empresas ou partes de empresas anteriormente independentes
Na sequência de uma fusão, apenas subsiste uma empresa
Aquisição de controlo
Aquisição por uma ou mais pessoas, que já detêm o controlo de pelo menos uma empresa, ou
por uma ou mais empresas por compra de partes de capital ou de elementos do activo, por via
contratual ou por qualquer outro meio, do controlo directo ou indirecto do conjunto ou de partes
de uma ou de várias outras empresas
Na sequência de um negócio jurídico, ocorre uma alteração da estrutura de controlo de uma
empresa, susceptível de influenciar ou coordenar o comportamento das empresas em causa.
Exemplos:
i) aquisição da totalidade ou de parte do capital social
ii) aquisição de direitos de propriedade, de uso ou de fruição sobre a totalidade ou parte dos
activos da empresa
Criação de uma Empresa Comum de Pleno Exercício (full- function joint-
venture)
A criação de uma empresa comum que desempenhe de forma duradoura todas as funções de
uma entidade económica autónoma
Uma concentração que não atinja esses limiares tem dimensão comunitária quando:
a) O volume de negócios total realizado à escala mundial pelo conjunto das empresas em causa for
superior a 2 500 milhões de euros;
b) Em cada um de pelo menos três Estados-Membros, o volume de negócios total realizado pelo
conjunto das empresas em causa for superior a 100 milhões de euros;
c) Em cada um de pelo menos três Estados-Membros considerados para efeitos do disposto na
alínea b), o volume de negócios total realizado individualmente por pelo menos duas das
empresas em causa for superior a 25 milhões de euros; e
d) O volume de negócios total realizado individualmente na Comunidade por pelo menos duas das
empresas em causa for superior a 100 milhões de euros, a menos que cada uma das empresas
em causa realize mais de dois terços do seu volume de negócios total na Comunidade num
único Estado-Membro
Da obrigação de notificação
Em relação às concentrações de dimensão comunitária
Devem ser notificadas à Comissão antes da sua realização e após a conclusão do acordo, o anúncio da oferta
pública de aquisição ou a aquisição de uma participação de controlo (artigo 4.º, n.º 1)
A operação não pode ter lugar nem antes de ser notificada nem antes de ter sido declarada compatível com o
mercado comum (artigo 7.º)
A Comissão pode, por via de decisão, aplicar coimas até 10 % do volume de negócios total realizado pela
empresa em causa (artigo 14.º, n.º 2)