Capítulo 1princípios Batistas e Doutrinas Batistas
Capítulo 1princípios Batistas e Doutrinas Batistas
Capítulo 1princípios Batistas e Doutrinas Batistas
No grego, “princípioselementares” é “
stoikeia”,
palavra que pode significar o
abecê
de um determinadoconhecimento. E, mais adiante na epístola, há também a
expressão “os princípios elementares dadoutrina de Cristo”.
tem o direito de examinar as Escrituras para “acessar” o que Deus lhe diz sob a
iluminação doEspírito Santo.
26
Desejo concluir este tópico com algumas considerações sobre o perigo que
ronda este princípio batista hoje.Em primeiro lugar, as igrejas, principalmente
sua liderança, precisam preocupar-se comos candidatos à profissão de fé para
batismo a fim de evitar que pessoas simplesmente“catequizadas” se tornem
“prosélitos batistas”. A solução é que se efetuem os batismos
apósdiscernimento e constatação segura de que o candidato é um crente
regenerado. O princípio bíblico é que o simples fato de arrolar-se na lista de
membros de uma igreja não torna a pessoamembro do corpo de Cristo.
Cuidado extremo deve ser exercido a fim de que sejam aceitas comomembros
da igreja as pessoas que dêem evidências positivas de regeneração e
verdadeirasubmissão a Cristo.
27
Levar essa recomendação a sério é um remédio eficaz contra o
cristianismonominal.Segundo, é necessário que se pregue e ensine que o ato
de “levantar a mão” para “aceitarJesus como Salvador” não é um passaporte
mágico que evidencia ser o indivíduo um crente emJesus Cristo, e que
decidida, a pessoa terá resolvido seus problemas financeiros e de saúde.Por
isso, é necessário enfatizar que “o aprendizado cristão inicia-se com a entrega
aCristo, como Senhor (...) O discípulo aprende a verdade em Cristo, somente
por obedecê-la. Essaobediência exige a entrega das ambições e dos
propósitos pessoais e a obediência à vontade doPai. A obediência levou Cristo
à cruz e exige de cada discípulo que tome a própria cruz e sigaCristo (...) Sua
vida pessoal [a do discípulo] manifestará autodisciplina, pureza, integridade
eamor cristão, em todas as relações que tem com os outros. O discípulo é
completo”
28
.Apesar da ênfase necessária a um discípulo cristão com base no senhorio de
Cristo paraque não se tenha um rol de membros apenas “inchado”, termino
com o alerta de John Landers:“Sempre existe, com o devido cuidado, a
possibilidade de uma igreja aceitar alguém cuja fé nãoseja verdadeira, mas
cada igreja tem a responsabilidade de tentar limpar suas fileiras a
pessoasrealmente convertidas".
29
Ekklesia
, portanto, é a palavra usada 114 vezes no Novo Testamento grego para se
referirà igreja. Segundo estudos de H. E. Danna,
ekklesia
aparece 93 vezes, referindo-se à igreja como"um corpo local organizado
segundo princípios democráticos, por propósito de louvor eserviço"
30
. Os outros 21 empregos de
ekklesia
referem-se à assembléia pública
31
. Segundoconclusões de Danna, o conceito básico da igreja cristã no Novo
Testamento é uma organizaçãolocal de crente.
32
Todavia, temos também o uso de
ekklesia
no sentido de "reunião universal dosremidos de todos os tempos, exemplificado
em Colossenses 1,18; Hebreus 12.22,23; Efésios1,22,23.
33
Por isso encontramos a palavra igreja no sentido de igreja universal
e,majoritariamente, no uso de igreja local, que é o sentido que nos interessa
quando se fala do princípio da igreja como comunidade local, democrática e
autônoma.A eclesiologia batista fundamenta sua prática eclesiástica no
conceito de igreja local
34
porque é nela que o crente serve a Deus, ao próximo e à sua
comunidade. Segundo a leitura de Atos, foi por meio da igreja local que os
cristãos primitivos “perseveravam na doutrina dosapóstolos, na comunhão, no
partir do pão e nas orações” (At 2.42). Praticavam a mutualidade noamor
cristão (At 4.32-35) e anunciavam a Palavra de Deus (At 5.42; 6.1).Com base
nessas outras passagens do Novo Testamento, a igreja local – um
organismo presidido pelo Espírito Santo – é uma fraternidade de crentes em
Jesus Cristo que se batizaram evoluntariamente se uniram para o culto, o
estudo, a disciplina mútua, o serviço e propagação doevangelho, no local da
igreja e até os confins da terra.
35
Segundo essa compreensão, é na igrejalocal que os cristãos vivem em
comunhão voluntária, cultivam a comunhão com Deus, crescemno
conhecimento das Escrituras, submetem-se à disciplina mútua para manter o
nível de purezada comunidade cristã com testemunho cristão positivo
e propagam o evangelho.Além de comunidade local, a igreja tem de ser
democrática. Aliás, antes de serdemocrática, precisa ser teocrática. Parece um
paradoxo: ser teocrática e democrática ao mesmotempo. Como se sabe,
teocracia é o governo de Deus, e democracia, o governo do povo. Narealidade,
quem deve governar a igreja? O Senhor Jesus. Não é ele o Senhor da igreja
conformese lê em 1Coríntios 8.6; 12.4,5; 15.58; Efésios 3.10,11; 5.23,24?
Como conclusão lógica dosenhorio de Cristo, podemos afirmar: o princípio
governante para uma igreja local é a soberaniade Jesus Cristo. A autonomia da
igreja tem como fundamento o fato de que Cristo está
sempre presente e é a cabeça da congregação do povo. A igreja, portanto, não
pode sujeitar-se àautoridade de qualquer entidade religiosa. Sua autonomia,
então, é válida somente quandoexercida sob o domínio de Cristo.
36
Pelo que vimos, uma igreja batista como uma comunidade democrática só o
pode ser sesubmeter-se à soberania do Senhor Jesus Cristo realmente. Por
que esse
realmente
? Uma
igreja pode ser democrática no sentido secular. Numa democracia qualquer, o
povo pode sermanobrado por um grupo poderoso. Isso, às vezes, acontece em
muitas de nossas igrejas, quandofamílias manobram as assembléias para que
as decisões dos crentes, ou a eleição paradeterminados cargos, sejam
favoráveis a interesses pessoais de grupo. Isso é uma
democracia? Não é; apenas um arremedo. Não se concebe uma democracia n
a qual um grupo exerce
33
Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. p. 15.
34
Existe uma igreja local, na realidade uma seita, fundada por Witness Lee,
de doutrinas e práticas equivocadas,como ser desnecessário entender ou
aprender as Escrituras, bastando orar e ler a Palavra. Os adeptos da igreja
localconsideram os escritos do fundador como inspirados. Enfatizam a
necessidade de filiação à seita para salvação.
35
LANDERS, John.
Teologia dos princípios batistas.
Rio de Janeiro: Juerp, 1986.
36
Ibid.
47
Existem igrejas que até pedem material para construção de templo, mediante
via ilegal. Não seria participar decorrupção, com desvio de verba?
48
Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília, Senado Federal, 1988,
p. 5.
49
BAKER, Roberto.
Los bautistas em la história.
Casa Bautista de Publicaciones: El Paso, 1974, p. 126.
50
LANDERS, John.
Teologia dos princípios batistas.
72
75
. Esta declaração doutrinária vigorou até 1986 quandosurge a atual Declaração
Doutrinária da Convenção Batista Brasileira, em 19 artigos, aprovada pela
Convenção de 1986 em Campo Grande (MS).
5. Afirmação da identidade doutrinária
Iniciamos este tópico com uma declaração de Philip Schaff, historiador dos
credos econfissões, quando disse que: “a igreja cristã nunca ficou sem
um credo”.Por que, através da história, os cristãos sentiram necessidade de ter
suas crençasformuladas resumidamente? Não lhes bastaria dizer: “Temos a
Bíblia. Aqui estão nossasdoutrinas e a base de nossa prática”? Ou como
algumas igrejas americanas, no ínicio do séculoXIX, professaram sob o lema:
“Nenhum credo senão a Bíblia”?Embora as confissões de fé ou declarações
doutrinárias não tenham o mesmo valor dasEscrituras, os protestantes (e
também os batistas) vêem nelas respostas às controvérsiasteológicas e às
pressões doutrinárias da época.Vejamos, como exemplo, o capítulo 29 da
Confissão de Fé Batista de 1689, que trata
do batismo: “O batismo é uma ordenança do Novo Testamento, instituído por J
esus Cristo (...)Somente podem ser submetidos a esta ordenança as pessoas
que de fato professamarrependimento para com Deus, fé e obediência ao
Senhor Jesus Cristo (...) Para a devidaadministração desta ordenança é
necessário a imersão, ou seja, a submersão da pessoa na água”.Os trechos
acima da confissão de fé afirmam a posição doutrinária dos primeiros
batistasda Inglaterra diante da prática não só da igreja romana como também
das várias
igrejas protestantes que ainda preservavam “resíduos” doutrinários do romanis
mo. O texto fala do batismo como ordenança em contraposição a sacramento.
Depois declara que somente os que“professam arrependimento para com
Deus, fé e obediência ao Senhor Jesus Cristo” são de
fato, batistas, o que exclui o batismo infantil ou de “criança de colo” como há, in
clusive em váriasdenominações protestantes. Por último a confissão diz que
para a “ordenança é necessária aimersão”, contrapondo-se à forma da
aspersão ou afusão na qual gotas de água são derramadasna cabeça do
candidato, contrariando as evidências do Novo Testamento.O exemplo do
batismo tornou claro para nós o quanto a confissão de fé ou
declaraçãodoutrinária é importante para demarcar os limites da nossa
teologia.Apesar de as igrejas evangélicas terem a Bíblia como regra de fé e
prática, há desacordosdoutrinários entre elas, assim como divergências
teológicas entre elas e nós. Essa diversidade sedeve a paradigmas diferentes
na interpretação da Bíblia ou ao acomodamento a determinadatradição. Ainda
há casos mais graves em que evangélicos evocam experiências como fonte
deautoridade paralela ou até superior às Escrituras.Devido à babel doutrinária
no meio evangélico de hoje, como sustentar a tese de:“Nenhum credo senão a
Bíblia”? Adventistas do sétimo dia sustentam doutrinas do sono daalma, da
guarda do sábado e da lei, baseando-se em textos bíblicos. Grupos
neopentecostaisadotam a “teologia da prosperidade”, a oração da “louca mania
de mandar em Deus” e
outras práticas absurdas num uso e abuso das Escrituras. Já existem, inclusive
, comunidadesevangélicas, compostas de homossexuais, que defendem
abertamente a prática dohomossexualismo usando textos isolados da Bíblia.
75
todas as coisas, de acordo com o seu eterno propósito e graça”. Isso quer dizer
que Deus nunca éapanhado de surpresa por nenhum acontecimento, pois não
existe destino impessoal e cegooperando na história humana. Os fatos se
sucedem sob “a mão invisível da providência deDeus”, na expressão de Sproul.
Afinal, Deus dirige os rumos dos acontecimentos para o fim porele desejado.
c) O Deus triúno se revela como Pai, Filho e Espírito Santo
A doutrina da trindade ou da triunidade divina significa que Deus manifestou-se
na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O termo triunidade não existe
na Bíblia, mas é usado para referir-se à plenitude divina na qual
Deus existe e se manifesta em três pessoas, como diznossa Declaração
Doutrinária: “Em sua triunidade, o eterno Deus se revela como Pai, Filho
eEspírito Santo, pessoas distintas, mas sem divisão em sua essência”. A
doutrina é apenas umesforço para mostrar uma verdade bíblica: o Pai é Deus,
o Filho é Deus e o Espírito Santo éDeus.A definição do Deus triúno, baseada
em amplas passagens bíblicas, desautoriza afirmarque são três deuses, como
no triteísmo de várias religiões pagãs.Modernamente o unitarismo, propagado
pelas testemunhas de Jeová, ensina que JesusCristo não é Deus mas, sim, a
mais importante das criaturas sendo anterior ao restante da criação.Para o
unitarismo “Jesus não pode ser o Filho eterno do Pai eterno, porque Deus é
apenas uma enão três pessoas”.
80
Essa foi a doutrina exposta por Ário de Alexandria, século IV, por isso
foichamada também de Arianismo. Sua tese foi condenada no Concílio de
Nicéia, em 325, prevalecendo o ensino bíblico de que Deus é um só,
subsistindo em três pessoas.Desejo mencionar, por último, um outro ensino
não-bíblico que tenta explicar orelacionamento do Pai, do Filho e do Espírito
Santo com a unidade de Deus.Trata-se do modalismo, que afirma um só Deus,
numa única pessoa, que se revela de trêsmodos diferentes. Para os
modalistas, Deus, no Antigo Testamento, era o Pai. Nos Evangelhos, oPai
agora se revelou como Filho, na vida e ministério de Jesus que, depois do
Pentecostes, serevelou como Espírito Santo na vida da igreja. Enfim, é como
se Deus usasse uma máscara doPai, depois trocasse pela do Filho e,
finalmente, pela do Espírito Santo.O modalismo foi ensinado por Sabélio, em
Roma, no início do século III, mas já eracombatido na época por falta da
consistência bíblica.Apesar de alguma diferença do modalismo da antigüidade,
hoje a heresia ressurge naforma do unicismo (diferente do unitarismo), que é
um desdobramento do ensino modalista.Um dos movimentos modalistas
modernos é a seita tabernáculo da fé, que nega adoutrina da trindade. O
fundador William Branham dizia que o Pai, o Filho e o Espírito Santosão
apenas títulos, por isso a seita batiza seus adeptos só em nome do Senhor
Jesus Cristo, porque segundo o líder, "é um nome e não um título".Outro grupo
é a igreja voz da verdade, fundada em 1984, em Santo André, SP. Éconhecida
por causa do conjunto voz da verdade que, aliás, tem acesso a várias
igrejasevangélicas com suas músicas para difundir seus ensinos. Batiza
apenas em nome de Jesus