Direito Constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL

META 01

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

SUMÁRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01 ................................................................................................... 5

1. CONSTITUCIONALISMO ...................................................................................................................................5
1.1. Supremacia da Constituição: Constitucionalismo e Neoconstitucionalismo.........................5
2. CONSTITUIÇÃO................................................................................................................................................. 12
2.1. Conceito ........................................................................................................................................................ 12
2.2. Concepções do Conceito de Constituição ........................................................................................ 13
2.3. Objeto da Constituição ........................................................................................................................... 21
2.4. Classificação das Constituições ........................................................................................................... 21
2.5. Elementos da Constituição .................................................................................................................... 25
2.6. Histórico Das Constituições Brasileiras ........................................................................................... 26
2.7. Interpretação das normas Constitucionais ...................................................................................... 36
2.8. Teoria dos Poderes Implícitos .............................................................................................................. 48
2.9. Estrutura Da Constituição...................................................................................................................... 49
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 50
GABARITO DAS QUESTÕES ............................................................................................................................ 57

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DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

TEMA DO DIA

DIREITO CONSITUCIONAL

Constitucionalismo. Constituição.

1. CONSTITUCIONALISMO

1.1. Supremacia da Constituição: Constitucionalismo e Neoconstitucionalismo

1.1.1 Constitucionalismo

O constitucionalismo é o movimento a partir do qual emergem as Constituições. Parte da

noção de que todo Estado deve possuir uma Constituição. A ideia é GARANTIR DIREITOS para

LIMITAR O PODER ESTATAL. Contrapõe-se ao absolutismo na ideia de impedir o uso arbitrário do

poder.

O Constitucionalismo atende às noções de separação dos poderes e de garantia de direitos e

liberdades fundamentais como ferramenta de limitação do poder estatal1.

FASES DO CONSTITUCIONALISMO

a) ANTIGO

É o da Antiguidade Clássica, com a ideia de garantir direitos para limitar o poder, evitar o

arbítrio.

Hebreus: estabelecimento no estado teocrático de limitações ao poder político através da

legitimidade dos profetas para fiscalizar os atos governamentais que extrapolassem os limites

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NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. p. 47.
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bíblicos.

Idade Média: Carta Magna de 1215 – estabelece a proteção a direito individuais.

b) CLÁSSICO (LIBERAL): século XVIII

 Surge a 1ª geração de direito fundamentais (liberdade): direitos civis e políticos. Exigem

abstenção do Estado.

 Separação de Poderes.

 CF rígida e supremacia da CF

 O Poder Judiciário é o principal encarregado de garantir a supremacia da CF. Surgem as

primeiras Constituições escritas.

Quadro europeu: o reconhecimento do valor jurídico das Constituições tardou na Europa. Os

movimentos liberais (século XVIII) enfatizam o princípio da supremacia da lei e do parlamento. A

Constituição NÃO era norma vinculante, embora esse entendimento já começasse a ser

desenvolvido nos EUA.

Nessa fase, há uma diferença entre o quadro europeu e o americano:

QUADRO EUROPEU QUADRO AMERICANO

- Supremacia da lei e do parlamento - Supremacia da Constituição

- O Judiciário NÃO pode controlar a - Para garantir a efetiva supremacia da

legitimidade constitucional das leis, Constituição, cresceu o papel do controle

limitando-se a ser a “boca da lei” (Supremacia judicial: ao Judiciário cabe fazer a interpretação

do parlamento) final e aplicar a Constituição ( judicial review).

- A primazia da Constituição só ocorreu a - Para acentuar a supremacia do Poder

partir do fim da 2ª guerra mundial Constituinte, adotou-se procedimento mais

(redemocratização). Supremacia do Poder dificultoso e solene de mudança da

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Constituinte. Constituição.

c) MODERNO (SOCIAL): após fim da 1ª Guerra Mundial até o início da segunda.

 Exigem atuação positiva do Estado (Estado Social, intervencionista, prestador de serviço

público).

 Crise do liberalismo diante das demandas sociais que abalaram o século XIX. O

abstencionismo estatal não garantia a igualdade essencial para a existência de igualdade

de competições.

 Consagração dos direitos fundamentais de 2ª dimensão: gravitam em torno do valor

IGUALDADE, mas não meramente formal e sim a IGUALDADE MATERIAL (direitos sociais,

econômicos e culturais). Possuem um caráter positivo: exigem uma prestação do Estado.

Surgem garantias institucionais.

 Adoção do Estado Social: o Estado transforma-se em prestador de serviços, intervindo no

âmbito social, econômico e laboral.

d) CONTEMPORÂNEO: após fim da 2ª Guerra Mundial.

 Surgem os direitos fundamentais de 3ª geração (fraternidade): direitos transindividuais,

como meio ambiente, comunicação, consumidor.

 Alguns o chamam de neoconstitucionalismo. Outros diferenciam:

o No constitucionalismo contemporâneo, a hierarquia entre Constituição e lei é

apenas formal: o foco é a limitação do poder estatal.

o No neoconstitucionalismo, a hierarquia é de grau e também axiológica (tem que

observar espírito e valores da CF): o foco é a concretização dos direitos

fundamentais.

Caracteriza-se pelas Constituições garantistas, que tem como pilar a defesa dos direitos

fundamentais.

Período marcado pelas CONSTITUIÇÕES DIRIGENTES, que prescrevem programas a serem


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implementados pelos Estados, normalmente por meio de normas programáticas.

1.1.2. Neoconstitucionalismo

A doutrina passa a desenvolver, a partir do pós-2ª Guerra Mundial, uma nova perspectiva

em relação ao constitucionalismo, denominada neoconstitucionalismo, ou, segundo alguns,

constitucionalismo pós-moderno, ou, ainda, pós-positivismo. Busca-se, dentro dessa nova

realidade, não mais apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder político,

mas, buscar a eficácia da Constituição.

CARACTERÍSTICAS DO NEOCONSTITUCIONALISMO:

 BUSCA EFICÁCIA DA CF E CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

 PÓS-POSITIVISMO: O positivismo tinha permitido barbáries com base na lei. Veio, então, o

pós-positivismo (o direito deve ter um conteúdo moral, vai além da legalidade estrita. Não

basta apenas respeitar a lei, tem que observar os princípios da moralidade e da finalidade

pública).

 NORMATIVIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A Constituição Federal era documento político. Com

o neoconstitucionalismo, passa a ser documento JURÍDICO, com força vinculante.

 FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: As normas constitucionais têm aplicabilida

de direta (conforme sua densidade jurídica), os direitos irradiam da CF.

 CENTRALIDADE DA CONSTITUIÇÃO: A CF é o epicentro do ordenamento jurídico. Tem

supremacia formal e material. Consequências:

o Constitucionalização do direito: normas de outros ramos do direito estão na

Constituição Federal e há releitura dos institutos previstos na legislação

infraconstitucional à luz da Constituição.

o Filtragem constitucional: há interpretação da lei à luz da Constituição Federal.

Segundo a interpretação conforme a CF, passa a lei no filtro da CF para extrair seu

sentido constitucional. Para Luiz Roberto Barroso, toda interpretação jurídica é uma

interpretação constitucional.

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 REMATERIALIZAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: Surgem Constituições prolixas, com extenso

rol de direitos fundamentais.

 MAIOR ABERTURA NA INTERPRETAÇÃO: Os princípios deixam de ser meras diretrizes e

passam a ser espécies de norma;

 FORTALECIMENTO DO JUDICIÁRIO: O Judiciário irá garantir a supremacia da Constituição

Federal. É o ativismo judicial, postura mais ativa do Judiciário na implementação dos direitos.

O Judiciário passa a atuar como legislador positivo.

Marcos do Neoconstitucionalismo (Luís Roberto Barroso):

(i) Marco histórico: A formação do Estado constitucional de direito, cuja

consolidação se deu ao longo das décadas finais do século XX;

(ii) Marco filosófico: O pós-positivismo, com a centralidade dos direitos

fundamentais e a reaproximação entre Direito e ética; e

(iii) Marco teórico: o conjunto de mudanças que incluem a força normativa da

Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma

nova dogmática da interpretação constitucional.

1.1.3. O papel da Constituição em um Estado Democrático de Direito

Frequentemente se cogita qual seria o papel da Constituição em um Estado de Direito. Para

a teoria procedimentalista, que tem como expoente o alemão Jürgen Habermas, a Constituição

deve se limitar à regulação formal do processo democrático, sem estabelecer de antemão quais as

metas ou valores substantivos a serem perseguidos por aquela sociedade. Para esta concepção, uma

vez assegurado um procedimento democrático, caberá à própria sociedade compreender seus

problemas e encontrar soluções, por meio de processos comunicacionais. De fato, para a “teoria do

agir comunicativo” de Habermas, o direito deve ser construído a partir desta interação

intersubjetiva entre os cidadãos na esfera pública, de modo que a legitimidade das normas

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repousaria no “princípio do discurso”, isto é, na possibilidade de que todos seus destinatários com

elas consintam.

Discordando desta visão, a teoria substancialista defende que a Constituição deve consagrar

metas e valores a serem perseguidos por aquela sociedade, traduzindo-se em uma Constituição

dirigente, na expressão de Canotilho. Tal vertente critica, ainda, a concepção liberal do Estado de

Direito pregada pelo constitucionalismo clássico, que defendia que a Constituição deveria se

restringir à previsão de normas limitadoras do poder político. Tais normas correspondem aos

chamados “direitos fundamentais de primeira geração ou dimensão”, tais como os direitos civis e

políticos, que tinham como fundamento impor ao Estado um dever negativo, de abstenção e não

intervenção na esfera particular.

O mencionado viés liberal guarda estreita relação com a filosofia juspositivista, que

encontrou seu auge nos pensamentos de Hans Kelsen e a sua obra “Teoria Pura do Direito”. Para

ele, a ciência do Direito deve ser pura, isto é, abdicar de reflexões metajurídicas, tais como as

relativas à ética, à moral e à justiça, de modo que o objeto de estudo deve se limitar às normas

estatais. A análise da validade de uma norma não passaria, portanto, pela aferição de sua justiça ou

aderência social, mas pela constatação da legitimidade de seu processo criador e da sua

conformidade com as normas hierarquicamente superiores. Isto porque o ordenamento seguiria

um escalonamento na forma de uma pirâmide, no topo da qual estariam as normas constitucionais

e, acima delas, uma norma fundamental hipotética, pressuposta. Seria um sistema fechado de

normas, portanto, e com pretensão à completude. Nesta configuração reducionista do fenômeno

jurídico, o juiz deveria se limitar a realizar um procedimento de formal de subsunção do fato à norma,

colocando-se em posição de neutralidade axiológica. Ou seja, exerceria o papel de “boca da lei”,

conforme expressão de Montesquieu.

A História cuidou de mostrar as falhas conceituais do juspositivismo. Fenômenos como o

nazismo e o apartheid, desenrolados sob o manto da estrita legalidade, evidenciaram que a

pretensa neutralidade do discurso jurídico e seu divórcio de reflexões éticas criaram ambiente fértil

para a barbárie, a injustiça e a intolerância.

O fracasso do juspositivismo, tal como concebido originalmente, suscitou reflexões sobre a

necessidade de trazer as discussões sobre ética, moral e justiça para o interior da ciência jurídica.

A este ideário difuso se convencionou chamar de pós-positivismo. Os seus reflexos no campo


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constitucional formam o assim denominado neoconstitucionalismo. Para esta concepção, a

Constituição, longe de apenas limitar o poder político, deve ter como foco a concretização de direitos

fundamentais (efeito expansivo dos direitos fundamentais). Não basta prevê-los, como meras

aspirações. Deve-se ultrapassar a retórica, pois a Constituição tem força normativa e deve ser

implementada. Portanto, para esta concepção, as normas se dividem entre regras e princípios,

pois estes não são meras aspirações sem caráter vinculativo.

As regras são, então, as normas com conteúdo menos abstrato, que já estabelecem, de

antemão, soluções pré-definidas para cada situação. Sua aplicação se dá, portanto, pelo juízo de

“tudo ou nada” (expressão de Ronald Dworkin): em um caso concreto, ou serão satisfeitas ou não

serão. Por isso, Robert Alexy as reputa “mandados de definição”. Sua aplicação se dá por

subsunção.

Os princípios, por outro lado, são os vetores axiológicos que fundamentam o ordenamento

jurídico, tendo, por isso, caráter nomogenético. Têm certa abstração e alta carga axiológica, não

precisando estar positivados para terem força normativa, vinculativa. É por meio deles que a ética e

a moral ingressam no ordenamento. Alexy os reputa “mandados de otimização”, porque, em caso

de conflito entre eles, cada um deverá ser satisfeito no maior grau possível, pela técnica da

ponderação/sopesamento, fundada na proporcionalidade.

Superando a antiga visão do discurso jurídico como uma racionalidade neutra, objetiva,

imparcial, asséptica, visão esta que apenas se prestação à conformação ao “status quo” e à

manutenção das desigualdades, cabe ao juiz promover uma interpretação prospectiva da norma,

que olhe para o futuro, e dela extrair seu potencial transformador. Uma interpretação, portanto, que

concretize os valores consagrados pelo texto constitucional, para que não sejam “promessas

constitucionais inconsequentes” (feliz expressão do Ministro do STF Celso de Mello), normas

meramente programáticas, retóricas.

Faz-se necessário, portanto, desenvolver uma compreensão crítica do direito e da realidade,

desconstruindo a pretensa neutralidade do discurso jurídico, para reconstruí-lo como ferramenta

de emancipação. Dessa forma, o Judiciário atenderá à sua missão constitucional de concretização

de seus vetores axiológicos e exercerá papel ativo na construção de uma sociedade tal qual

prometida pelo Texto Maior: fraterna, justa, igualitária. Enfim, uma sociedade que realize a finalidade

por excelência de um Estado de Direito: a dignidade da pessoa humana.


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Nesse contexto, em que o Poder Judiciário passa a ser coparticipante do processo

constitucional, questiona-se acerca da legitimidade do chamado “ativismo judicial” na

consecução de políticas públicas, já que os membros do Poder Judiciário não são eleitos

pela vontade da maioria.

Para ser legítimo, o ativismo judicial deve ser excepcional (observar a separação de

poderes) e condicionado (observar o dever de argumentação). A partir dos requisitos para

legitimidade do ativismo judicial, é possível que o advogado público erija tese em sentido contrário,

defendendo que a atuação judicial, na espécie, é ilegítima, por:

1) violar o postulado da Separação dos Poderes;

2) não se sustentar em norma constitucional ou legal;

3) ser casuística; ou

4) descambar em problema ainda maior do que o veiculado na lide

Consignadas tais limitações, vê-se, portanto, que o ativismo judicial não pode descambar

para o arbítrio judicial, que, a pretexto de imprimir juridicidade às normas constitucionais,

especialmente os princípios, finda por relegar a um segundo plano a segurança jurídica e

a democracia.

Segundo Daniel Sarmento, “no Brasil, uma crítica que tem sido feita à recepção do

neoconstitucionalismo – eu mesmo a fiz em vários textos, bem como outros autores, como

Humberto Ávila e Marcelo Neves – é a de que ele tem dado ensejo ao excessivo arbítrio judicial,

através do que chamo de “carnavalização dos princípios constitucionais” (guarde essas

expressões).

2. CONSTITUIÇÃO

2.1. Conceito

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Embora existam várias acepções, basicamente, os doutrinadores conceituam constituição

como “a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes: à estruturação

do Estado; à formação dos poderes públicos; forma de governo e aquisição do poder de

governar; distribuição de competências e; direitos, garantias e deveres do cidadão”. (MORAES.

Alexandre de. Direito Constitucional. 8ª Ed. Editora Atlas, 2000, p. 34) e (HOLTHER. Leo Van.

Direito Constitucional. 4ª Ed. Jus Podivm. 2008, p. 34).

DICA: para não esquecer o conceito, lembrem-se dos objetivos das constituições, começando pela

limitação de poderes e estruturação do Estado).

J. J. Canotilho formulou o chamado conceito ideal de constituição, verbis: ―.Este conceito

ideal identifica-se fundamentalmente com os postulados político liberais, considerando-se como

elementos materiais caracterizadores e distintivos os seguintes:

(a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta

essencialmente concebida no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da

participação dos cidadãos nos actos do poder legislativo através dos parlamentos);

(b) a constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia

orgânica contra os abusos dos poderes estaduais;

(c) a constituição deve ser escrita (documento escrito). (CANOTILHO. José Joaquim

Gomes. Direito Constitucional. 6ª Edição Revista. Livraria Almedina. Coimbra, 1993,

páginas 62 e 63).

2.2. Concepções do Conceito de Constituição

Não há conceito único que defina o que é a Constituição. Por isso, cada doutrinador toma por

base um sentido com o fim de definir o termo “Constituição”.

a) Concepção SocioLógica (Ferdinand Lassale): uma Constituição só seria legítima se

representasse o efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder, do contrário

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seria uma simples “folha de papel”. Portanto, a Constituição, segundo Lassale, seria a somatória

dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade.

b) Concepção PolíTica (Carl SchimiTt): A Constituição seria a decisão política fundamental,

emanada do titular do poder constituinte, enquanto a lei constitucional representaria os demais

dispositivos que estão inseridos no texto constitucional e que não contém matéria de decisão

política fundamental. Faz a distinção entre Constituição (decisão política fundamental) e lei

constitucional (lei formalmente Constitucional).

c) Concepção Jurídica (Hans Kelsen): A Constituição é norma pura, dever-ser, dissociada de

qualquer fundamento sociológico, político ou filosófico. Kelsen dá dois sentidos à palavra

Constituição:

 SENTIDO LÓGICO-JURÍDICO – a Constituição é a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL,

responsável por dar sustentação ao sistema posto, e é o fundamento de validade de todas

as outras leis.

 SENTIDO JURÍDICO-POSITIVO - é a Constituição positiva, conjunto de normas que

regulam a criação de outras normas, da qual todas as outras normas infraconstitucionais

extraem seu fundamento de validade. Logo, a Constituição é a lei máxima do direito

positivo e encontra-se no topo da pirâmide normativa.

d) Concepção Culturalista (Meirelles Teixeira e José Afonso da Silva): A Constituição é produto

de um FATO CULTURAL, produzido pela sociedade e que sobre ela pode influir.

OUTROS SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO (BULOS, 2014, p. 104):

a) Constituição Jusnaturalista: Constituição concebida à luz dos princípios do direito natural,

principalmente no que concerne aos direitos humanos fundamentais.

b) Constituição Positivista: Constituição é o conjunto de normas emanadas do poder do Estado.

Para os seus defensores, basta recorrer ao Direito Constitucional posto pela ação do homem

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para sabermos o conceito de constituição. Assim, para a compreensão da constituição, não

seriam necessários critérios metanormativos (fatores sociais, políticos, econômicos, culturais,

religiosos.

c) Constituição Marxista: Constituição é o produto da supraestrutura ideológica, condicionada

pela infraestrutura econômica. É o caso da constituição-balanço, que, conforme a doutrina

soviética, prescreve e registra a organização política estabelecida, ou seja, os estágios das

relações de poder. A cada passo da evolução socialista, existiria uma nova constituição para

auscultar as necessidades sociais.

OBSERVAÇÃO:

Constituição-balanço é o inverso da constituição-garantia ou constituição-quadro. Esta

última é aquela que almeja garantir a liberdade limitando o poder.

d) Constituição Institucionalista: Constituição é a expressão das ideias fortes e duradouras,

dos fins políticos, com vistas a cumprir programas de ordem social.

e) Constituição Estruturalista: Constituição é o resultado das estruturas sociais, servindo para

equilibrar as relações políticas e o processo de transformação da sociedade. Assim, a

constituição não seria apenas certo número de preceitos cristalizados em artigos e parágrafos,

e sim uma unidade estrutural, um conjunto orgânico e sistemático de caráter normativo sob

inspiração de um pensamento diretor.

f) Constituição Biomédica/biológica (bioconstituição): É a constituição que consagra normas

assecuratórias da identidade genética do ser humano, visando reger o processo de criação,

desenvolvimento e utilização de novas tecnologias científicas. Visa assegurar a dignidade

humana, salvaguardando biodireitos e biobens.

OBSERVAÇÃO:

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A quarta revisão constitucional da Carta portuguesa de 1976, realizada em 1997,

consagrou o sentido biomédico de constituição.

g) Constituição Compromissória: É a constituição que reflete a pluralidade das forças políticas

e sociais. Típica da sociedade plural e complexa em que vivemos, ela é fruto de conflitos

profundos. O procedimento constituinte de elaboração das constituições compromissórias é

tumultuado pelas correntes convergentes e divergentes de pensamento, mas que ao fim

encontram o consenso (compromisso constitucional).

OBSERVAÇÃO:

A Constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são constituições

compromissórias.

h) Constituição Suave: É aquela que não contém exageros. Ao exprimir o pluralismo social,

político e econômico da sociedade, não consagra preceitos impossíveis de realização prática. A

constituição suave não faz promessas baseadas na demagogia política.

OBSERVAÇÃO:

A Carta dos Estados Unidos de 1787 é exemplo de constituição suave.

i) Constituição em Branco: É a constituição que não consagra limitações explícitas ao poder de

reforma constitucional. O processo de sua mudança subordina-se à discricionariedade dos

órgãos revisores, que, por si próprios, ficam encarregados de estabelecer as regras para a

propositura de emendas ou revisões constitucionais.

j) Constituição Plástica (Raul Machado Horta): É aquela que apresenta uma mobilidade,

projetando a sua forçam normativa na realidade social, política, econômica e cultural do Estado.

Qualifica-se de plástica porquanto revela uma maleabilidade. Maleabilidade porque permite a

adequação de suas normas às situações concretas do cotidiano. Tanto as cartas rígidas como as

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flexíveis podem ser plásticas. O que caracteriza a plasticidade é a adaptação das normas

constitucionais às oscilações da opinião pública. Normalmente, as constituições plásticas

consagram preceitos de eficácia limitada, porque deixam a cargo do legislador ordinário a

complexa tarefa de preenchimento das normas constitucionais.

- As constituições plásticas pretendem fazer coincidir o “dever ser” de seus preceitos com a

realidade social. Nesse particular, interligam-se ao fenômeno da mutação constitucional.

OBSERVAÇÃO:

A Constituição brasileira de 1988 é rígida e plástica. Já a Carta da Inglaterra é flexível e

também plástica.

k) Constituição Empresarial: É o conjunto de normas cujo conteúdo estabelece a organização

jurídica de uma dada comunidade, num período histórico determinado. É uma espécie de

constituição programática. Quando os franceses, holandeses e portugueses estiveram no Brasil-

colônia, chegaram a vigorar constituições empresariais, elaboradas por empresas exploradoras

da atividade comercial da época.

l) Constituição Oral: É aquela em que o chefe supremo de um povo proclama, de viva voz, o

conjunto de normas que deverão reger a vida em sociedade. Exemplifica-a a Carta da Islândia

do século IX, quando os vikings instituíram, solene e oralmente, o primeiro parlamento livre da

Europa.

m) Constituição Instrumental: É aquela em que suas normas equivalem a leis processuais. Seu

objetivo é definir competências, para limitar a ação dos Poderes Públicos.

OBSERVAÇÃO:

Grande parte dos constitucionalistas contemporâneos não aceitam essa ideia de

constituição.

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n) Constituição como Estatuto do Poder: Constituição que equivale a um mecanismo para

legitimar o poder soberano, segundo certa ideia de direito, prevalecente no seio da sociedade.

O texto constitucional, enquanto estatuto do poder, seria o pressuposto lógico do próprio Estado

de Direito, servindo para balizar a conduta de governantes, verdadeiros prepostos da sociedade

política, e a conduta dos governados, os quais devem se submeter ao poder de direito,

juridicizado e racionalizado por meio de normas constitucionais.

SENTIDOS CONTEMPORÂNEOS DE CONSTITUIÇÃO (BULOS, 2014, p. 109):

a) Constituição Dirigente (J. J. Gomes Canotilho): Constituição que pretende dirigir a ação

governamental do Estado. Propõe que se adote um programa de conformação da sociedade, no

sentido de estabelecer uma direção política permanente. Significa que o texto constitucional

seria uma lei material, para preordenar programas a serem realizados, objetivos e princípios de

transformação econômica e social. A ideia de constituição dirigente diverge daquela visão

tradicional de constituição, que a concebe como lei processual ou instrumento de governo,

definidora de competências e reguladora de processos.

- No sentido dirigente, a constituição é o “estatuto jurídico do político”, o plano global

normativo de todo o Estado e de toda a sociedade, que estabelece programas, definindo fins

de ação futura.

OBSERVAÇÃO:

A constituição brasileira de 1988 e a portuguesa de 1976 são exemplos de constituições

dirigentes.

b) Constituição como instrumento de realização da atividade estatal: O texto maior é uma

ordenação global do Estado e da sociedade, ao mesmo tempo que é um projeto de determinação

de sua identidade. As constituições são ordens fundamentais que contêm, no âmbito da

historicidade que as subjaz, programas de ação que as identificam com ordenamentos político-

sociais tendentes a um processo de realização concreto. Esse pensamento nutre forte

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semelhança com a tese da constituição dirigente, pois propõe o estabelecimento de metas para

dirigir a atividade estatal.

c) Constituições subconstitucionais (subconstituições): Conjunto de normas que, mesmo

elevadas formalmente ao patamar constitucional, não o são materialmente, pois que limitadas

nos seus objetivos. Demonstram preocupações momentâneas, interesses esporádicos, próprios

do tempo em que foram elaboradas. Em geral, as subconstituições não servem para o futuro,

pois já nascem divorciadas do sentido de estabilidade e perpetuidade que deve encampar o ato

de feitura dos documentos supremos que pretendem ser duradouros. Revelam uma espécie de

constituição de necessidade, algo contrário àqueles documentos normativos que consagram um

poder geral em branco, responsável pela adaptação dos problemas concretos ao “dever ser” das

prescrições supremas do Estado, sem a necessidade de se explicitarem as autorizações

constitucionais.

- As subconstituições decorrem da praxe de incluir uma gama infindável de matérias nas

constituições (totalitarismo constitucional), a ponto de se falar em constituição econômica,

constituição social etc.

d) Constituição como documento regulador do sistema político (Niklas Luhmann): A carta

magna é um instrumento funcional que serve para reduzir a complexidade do sistema político.

Nesse contexto, propicia a reflexão da funcionalidade do Direito, abandonando o exame isolado

da relação de hierarquia das normas constitucionais. Conforme Luhmann, urge banir a mera

visão negativa da análise dos problemas constitucionais. Não basta perquirir o vínculo de

conformidade ou desconformidade das leis e atos normativos com a constituição. É imperioso

que se busque a lógica do sistema político. As constituições não servem, somente, para emitir

juízos de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade. Constituem algo maior, visto que

estão inseridas no campo da contingência de autofixação do sistema político.

e) Constituição como processo público (Peter Haberle): Compreende o texto constitucional

como documento de uma sociedade pluralista e aberta, como obra de vários partícipes, como

uma ordem jurídica fundamental do Estado e da sociedade. Para essa corrente, as constituições

não são atos voluntarísticos do poder constituinte, porque dizem respeito à evolução social da

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comunidade. Assim, o texto constitucional é o reflexo de um processo interpretativo aberto e

conduzido à luz da força normativa da publicidade.

f) Constituição como meio de resolução de conflitos: É uma constituição processual. Essa

constituição não é um meio de resolver problemas, e sim um simples instrumento pelo qual

podemos eliminar conflitos. Isso porque as constituições consagram processos de decisão que

não podem ser impostos, pois servem de parâmetro de resolução de casos concretos perante

circunstâncias particulares, a fim de possibilitar soluções ótimas.

g) Constituição como garantia do status econômico e social: É um sistema de artifícios técnico-

jurídicos, com vistas à racionalização e garantia do status quo, consistindo num pecanismo

formal de garantia, despojado de qualquer conteúdo social, material ou econômico. Objetiva,

apenas, manter o coeficiente de juridicidade e de estadualidade do ordenamento jurídico.

h) Constituição.com (crowdsourcing): É aquela cujo projeto conta com a opinião maciça dos

usuários da internet, que, por meio de sites de relacionamento, externam seus pensamentos a

respeito dos temas a serem constitucionalizados.

OBSERVAÇÃO:

Foi a Islândia que, pioneiramente, fez, no ano de 2011, uma “constituição.com”.

CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA (Marcelo Neves)

O doutrinador Marcelo Neves entende que a ideia de legislação ou de constituição

simbólicas advém da hipertrofia da função simbólica da atividade legiferante e do seu

produto, a lei, em detrimento da função jurídico-instrumental, ou seja, é valorizar mais uma

construção legislativa sem efetividade do que dar possibilidade de a legislação se tornar

efetiva.

O simbolismo se verifica por três mecanismos:

20
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

 A Constituição serve tão-somente para confirmar valores sociais: legislador assume

uma posição em relação a determinado conflito social. Se posiciona de um lado,

dando uma vitória legislativa para um determinado grupo social, em detrimento da

eficácia normativa da lei;

 A Constituição apenas demonstra a capacidade de ação do Estado (legislação álibi):

busca-se aparente solução para problemas da sociedade, ainda que mascare a

realidade. Só cria a imagem de um Estado que responde rapidamente aos anseios

sociais. Introduz um sentimento de bem-estar na sociedade.

 Adiamento da solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios:

transfere a solução de conflitos para um futuro indeterminado.

2.3. Objeto da Constituição

O objeto da Constituição refere-se ao conteúdo que a Constituição deve apresentar e varia de

acordo com o conceito adotado. O conteúdo pode ser limitado a apresentar somente as normas

materialmente constitucionais, que compreendem a estrutura do Estado, a organização dos Poderes

e aos direitos e garantias fundamentais.

No entanto, há constituições que abordam temas apenas formalmente constitucionais, que

versam sobre outros assuntos, além daqueles que presentes na essência da Constituição2.

2.4. Classificação das Constituições

2.4.1 Quanto à origem ou positivação:

 Outorgada, não democrática ou imposta: Impostas pelo detentor do poder de forma

unilateral;

 Promulgada, democrática ou popular: nascem de debates políticos;

 Cesarista ou plebiscitárias: É Constituição imposta, mas que se pretende legitimar por meio

2
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. Salvador: Juspodivm, 2020. p. 94.
21
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

da aprovação popular via plesbicito;

 Pactuada: É a Constituição elaborada em decorrência de pacto realizado entre os vários

titulares do Poder Constituinte que, em conjunto, elaboram a Constituição.

2.4.2. Quanto à forma

 Escritas ou instrumental: É a Constituição sistematizada por procedimento formal;

 Não escritas ou consuetudinária: Resultante das práticas costumeiras.

2.4.3 Quanto à mutabilidade

 Rígidas: O processo de alteração da Constituição mais difícil e solene do que o processo

de formação das leis;

 Flexíveis ou Plásticas: A Constituição é alterada pelo mesmo processo utilizado para as

leis ou até mais simples;

Atenção: NÃO necessariamente as Constituições costumeiras serão plásticas;

 Semirrígida: É a Constituição que exige que apenas uma parte do seu texto seja alterado

por processo legislativo diferenciado e mais dificultoso. Quanto ao restante do texto, é

possível a alteração pelo procedimento ordinário;

 Super-rígidas (Maria Helena Diniz): O processo de alteração da Constituição é mais

dificultoso e solene do que o processo de formação das leis, possuindo pontos imutáveis;

 Imutáveis: A Constituição não admite alteração do seu texto;

 Fixa: Somente o Poder Constituinte Originário pode alterar o texto constitucional.

2.4.4. Quanto ao conteúdo

 Formais: Constituição é tudo aquilo que está inserido no texto elaborado pelo Poder

Constituinte, por meio de um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais

solene do que o processo de formação das demais leis que compõem o ordenamento

jurídico. Dessa forma, como não importa o conteúdo da norma, será constitucional tudo

22
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

que constar do texto da Constituição, mesmo que não se trate de assunto relevante para o

Estado e a sociedade;

 Materiais: leva em consideração o conteúdo da norma para defini-la como constitucional,

que será toda aquela que defina e trate das regras estruturais da sociedade e de seus

alicerces fundamentais. Assim, podem existir normas constitucionais em textos esparsos,

fora da Constituição.

Toda constituição escrita é formal? NÃO, porque a constituição formal vai muito além de

ser escrita, exigindo supralegalidade/supremacia e procedimentos especiais para modificação.

Logo, é possível uma constituição escrita (textos constitucionais) que não seja formal (não goza de

processo legislativo especial para sua alteração).

2.4.5. Quanto à sistemática (Pinto Ferreira)

 Reduzidas: Materializam-se em um único documento sistemático;

 Variadas: É a Constituição que está espalhada por vários documentos legislativos.

2.4.6. Quanto à ideologia:

 Ortodoxas: Elaboradas em uma única linha ideológica;

 Ecléticas: Elaboradas com várias linhas ideológicas, a exemplo da CF/88.

2.4.7. Quanto à eficácia (Karl Lowenstein)

Classificação ontológica, pois analisa o MODO DE SER das Constituições, conforme

adequação à realidade social e política:

 Normativas (máxima eficácia, regulando todos os aspectos da vida social): São aquelas em

que o poder estatal está de tal forma disciplinado que as relações políticas e os agentes

do poder subordinam-se as determinações do seu conteúdo e do seu controle

23
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

procedimental. Se adequa à realidade, eis que pretende e consegue guiar o processo

político. O texto se alinha com a realidade política;

 Nominalistas: Visa limitar a atuação dos detentores do poder econômico, político e social,

mas essa limitação NÃO se efetiva. Não corresponde à realidade, já que, apesar de

pretender regular o processo político, NÃO consegue fazê-lo. Não conseguem ser

implementadas pois em descompasso com a realidade política;

 Semânticas (existe só no papel, não sendo adequada à realidade social): A Constituição

serve de manutenção do poder pela classe dominante, mas NÃO objetiva alterar coisa

alguma. Não tem por fim regular a vida política do Estado, busca somente formalizar e

manter o poder político vigente.

2.4.8. Quanto à extensão

 Constituição Sintética: É Constituição reduzida, sucinta, a exemplo da norteamericana;

 Constituição Analítica: É Constituição extensa e prolixa, a exemplo da CF/88.

2.4.9. Quanto às opções políticas

Outra classificação opõe as constituições-garantia (estatutárias ou liberais) às

constituições programáticas (ou dirigentes), conforme a margem de opções políticas que deixam

ao alvedrio dos Poderes Públicos que instituem.

As constituições-garantia, tendem a concentrar a sua atenção normativa nos aspectos de

estrutura do poder, cercando as atividades políticas das condições necessárias para o seu correto

desempenho. Aparentemente, não fazem opções de política social ou econômica.

As constituições dirigentes, não se bastam com dispor sobre o estatuto do poder. Elas

também traçam metas, programas de ação e objetivos para as atividades do Estado nos domínios

social, cultural e econômico.

De toda sorte, associa-se a constituição-garantia a uma concepção liberal da política,

enquanto a constituição programática remete-se ao ideário do Estado social de direito.

24
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

A Constituição brasileira de 1988 tem induvidosa propensão dirigente.

CLASSIFICAÇÃO DA CF/88

Origem Promulgada (Popular)

Forma Escrita

Extensão Analítica (Prolixa)

Conteúdo Formal

Modo de elaboração Dogmática (Codificada)

Alterabilidade Rígida

2.4.10. Outras terminologias

Constituição moldura -> para Marcelo Novelino tal concepção é “utilizada metaforicamente

para designar a constituição que serve apenas como limite à atuação legislativa. A lei fundamental

atua como uma espécie de moldura dentro da qual o legislador pode atuar, preenchendo-a

conforme a oportunidade política. À jurisdição constitucional caberia apenas controlar ‘se’ (não

‘como’) o legislador atuou dentro da moldura estabelecida”.

As Constituições fixas foram exemplos de constituições em branco. Constituições fixas são

aquelas que não estabelecem, expressamente, o procedimento para sua reforma. Logo, somente

podem ser alteradas por um poder de competência igual àquele que as criou, isto é, poder

constituinte originário. Ex.: Estatuto do Reino da Sardenha de 1848.

2.5. Elementos da Constituição

Conforme classificação elaborada por José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem

ser diferenciadas em elementos, considerando-se estrutura normativa e conteúdo:

 Elementos orgânicos: regulamentam a estrutura do Estado e do Poder;

 Elementos limitativos: limitam a atuação do poder estatal, a exemplo dos direitos e

25
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

garantias fundamentais;

 Elementos sócio ideológicos: Identificam a ideologia adotada pelo constituinte;

 Elementos de estabilização constitucional: asseguram a vigência das normas

constitucionais em situação de conflito, garantem a defesa da Constituição, do Estado e das

instituições democráticas;

 Elementos formais de aplicabilidade: Estabelecem regras de aplicação da Constituição. Ex:

Preâmbulo, ADCT.

2.6. Histórico Das Constituições Brasileiras

2.6.1. Constituição de 1824

A Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada em 25 de março de 1824 e foi, dentre

todas, a que durou mais tempo, tendo sofrido considerável influência da francesa de 1814. Foi

marcada por forte centralismo administrativo e político, tendo em vista a figura do Poder Moderador,

constitucionalizado, e também por unitarismo e absolutismo.

Características:

 Governo: monárquico, hereditário, constitucional e representativo. Tratava-se de forma

unitária de Estado, com nítida centralização político-administrativa.

 Organização dos “Poderes”: não se adotou a separação tripartida de Montesquieu, porque

além as funções legislativa, executiva e judiciária, estabeleceu-se a função moderadora.

 Poder Legislativo: exercido pela Assembleia Geral, com a sanção do Imperador, que era

composta de duas Câmaras: Câmara dos Deputados e Câmara dos Senadores, ou Senado. A

Câmara dos Deputados era eletiva e temporária; a de Senadores, vitalícia, sendo os seus

membros nomeados pelo Imperador dentre uma lista tríplice enviada pela Província. Ou seja,

as eleições para o Legislativo eram indiretas.

 Sufrágio: censitário (baseava-se em determinadas condições econômico-financeiras).

26
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

 Poder Executivo: a função executiva era exercida pela Imperador, chefe do Poder Executivo,

por intermédio de seus Ministros de Estado. Houve uma época de parlamentarismo

monárquico no Brasil durante o Segundo Reinado.

 Poder Judiciário: era independente e composto de juízes e jurados. Os juízes aplicam a lei e

os jurados se pronunciavam sobre os fatos. Aos juízes era assegurada a vitaliciedade, mas

não a inamovibilidade. O órgão de cúpula do Judiciário era o Supremo Tribunal de Justiça.

 Poder Moderador: servia para assegurar a estabilidade do trono no Imperador durante o

reinado no Brasil. O Imperador, que exercia o Poder Moderador, no âmbito do Legislativo,

nomeava os Senadores, convocada a Assembleia Geral extraordinariamente, sancionava e

vetava proposições do Legislativo, dissolvia a Câmara dos Deputados, convocando

imediatamente outra. No âmbito do Executivo, nomeava e demitia livremente os Ministros. E,

por fim, no âmbito do Judiciário, suspendia os Magistrados.

 Constituição semirrígida.

2.6.2. Constituição de 1891

A Assembleia Constituinte foi eleita em 1890. Em 24 de fevereiro de 1891, a primeira

Constituição da República do Brasil (a segunda do constitucionalismo pátrio) é promulgada,

sofrendo pequena reforma em 1926. Sofreu forte influência da Constituição norte-americana de

1787, consagrando o sistema de governo presidencialista, a forma de Estado federal, abandonando

o unitarismo e a forma de governo republicana em substituição à monárquica.

Características:

 Forma de Governo e regime representativo: adotou, como forma de governo, sob o regime

representativo, a República Federativa. Declarou a união perpétua e indissolúvel das antigas

províncias, vedando, assim, a possibilidade de secessão.

 O Brasil tornou-se um país laico ou não confessional.

 Organização dos “Poderes”: o Poder Moderador foi extinto, adotando-se a teoria clássica de

Montesquieu da tripartição dos Poderes.

27
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

 Poder Legislativo: era exercido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da

República, composto por duas Casas: Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Fixava-se,

assim, o “bicameralismo federativo”. A Câmara dos Deputados era composta de

representantes do povo eleitos pelos Estados e pelo Distrito Federal, mediante sufrágio

direto, garantida a representação da minoria. Cada Deputado exercia mandato de 3 anos. Já

o Senado Federal representava os Estados e o Distrito Federal, sendo eleitos 3 Senadores

por Estado e 3 pelo Distrito Federal, eleitos do mesmo modo que os Deputados, para

mandato de 9 anos, renovando-se o Senado pelo terço trienalmente (ou seja, 1 a cada 3 anos,

já que o mandato era de 9 anos e junto com as eleições para Deputados, que tinham mandato

de 3 anos). O Poder Legislativo também foi estabelecido em âmbito estadual. Alguns

Estados, curiosamente, possuíam duas Casas, caracterizando-se, assim, a ideia de

bicameralismo estadual.

 Poder Executivo: exercido pelo Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, como

chefe eletivo da Nação, era eleito junto com o Vice-Presidente por sufrágio direto, para

mandato de 4 anos, não podendo ser reeleito para um período subsequente.

 Poder Judiciário: o órgão máximo do Judiciário passou a chamar-se Supremo Tribunal

Federal, composto por 15 “juízes. Estabeleceu-se a hipótese dos crimes de responsabilidade.

 Constituição rígida.

 Expressa previsão, pela primeira vez, do remédio constitucional do HABEAS CORPUS.

 Reforma de 1926: houve centralização do poder, restringindo a autonomia dos Estados.

2.6.3. Constituição de 1934

A crise econômica de 1929, bem como os diversos movimentos sociais por melhores condições

de trabalho influenciaram a promulgação do texto de 1934, abalando, assim, os ideais do liberalismo

econômico e da democracia liberal da Constituição de 1891. Por isso é que a doutrina afirma, com

tranquilidade, que o texto de 1934 sofreu forte influência da Constituição de Weimar da Alemanha

de 1919, evidenciando, portanto, os direitos humanos de 2.ª geração ou dimensão e a perspectiva

de um Estado social de direito (democracia social). Há influência, também, do fascismo, já que o texto

estabeleceu, o que se verá abaixo, além do voto direto para a escolha dos Deputados, a modalidade

indireta, por intermédio da chamada “representação classista” do Parlamento.

28
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

Características:

 Forma de Governo e regime representativo: mantém a República Federativa, sob o regime

representativo. Os poderes da União foram aumentados.

 Poder Legislativo: Bicameralismo desigual ou unicameralismo imperfeito – era exercido pela

Câmara dos Deputados com a colaboração do Senado Federal, ou seja, o Senado era mero

colaborador da Câmara. O mandato dos Deputados era de 4 anos. A Câmara dos Deputados

compunha-se de representantes do povo, eleitos mediante sistema proporcional e sufrágio

universal, igual e direto, e de representantes eleitos pelas organizações profissionais na

forma que a lei indicasse (representação corporativa de influência fascista). Já em relação ao

Senado Federal, nos termos do art. 41, § 3.º, a competência legislativa se reduzia às matérias

relacionadas à Federação, como a iniciativa das leis sobre a intervenção federal e, em geral,

das que interessassem determinadamente a um ou mais Estados. Conforme o art. 89, o

Senado Federal era composto de dois representantes de cada Estado e o do Distrito Federal,

eleitos mediante sufrágio universal, igual e direto, por 8 anos, dentre brasileiros natos,

alistados eleitores e maiores de 35 anos, sendo que a representação de cada Estado e do

Distrito Federal, no Senado, renovava-se pela metade, conjuntamente com a eleição da

Câmara dos Deputados.

 Poder Judiciário: foram estabelecidos como órgãos do Poder Judiciário: a) a Corte Suprema;

b) os Juízes e Tribunais federais; c) os Juízes e Tribunais militares; d) os Juízes e Tribunais

eleitorais, estabelecendo-se aos juízes as garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e

irredutibilidade de “vencimentos”.

 Constituição rígida.

 Houve a constitucionalização do voto feminino e do voto secreto.

 Previsão, pela primeira vez, do MANDADO DE SEGURANÇA e da AÇÃO POPULAR.

2.6.4. Constituição de 1937

Apelidada de “Polaca” em razão da influência sofrida pela Constituição polonesa fascista de

1935. Além de fechar o Parlamento, o Governo manteve amplo domínio do Judiciário. Buscando

29
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

atrair o apoio popular, a política desenvolvida foi denominada “populista”, consolidando as Leis do

Trabalho (CLT) e importantes direitos sociais, como o salário mínimo.

Características:

 Forma de Governo: República.

 Forma de Estado: Federação. As autonomias estaduais foram reduzidas.

 Organização dos “Poderes”: a tripartição foi “formalmente” mantida.

 Poder Legislativo: exercido pelo Parlamento Nacional com a colaboração do Conselho da

Economia Nacional e do Presidente da República. O Parlamento Nacional era composto pela

Câmara dos Deputados e pelo Conselho Federal (o Senado Federal deixou de existir durante

o chamado Estado Novo). A Câmara dos Deputados seria composta por representantes do

povo eleitos mediante sufrágio indireto para mandato de 4 anos, e o Conselho Federal seria

composto de representantes dos Estados e 10 membros nomeados pelo Presidente da

República, com duração do mandato de 6 anos.

 Poder Executivo: o Presidente da República era autoridade suprema do Estado. A eleição

INDIRETA foi estabelecida para a escolha do Presidente, que cumpriria mandato de 6 anos.

 Poder Judiciário: eram órgãos do Poder Judiciário (art. 90): a) o Supremo Tribunal Federal;

b) os Juízes e Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; c) os Juízes e

Tribunais militares. A Justiça Eleitoral foi extinta e, conforme já visto, também os partidos

políticos.

 Não houve previsão de MS ou ação popular.

 O direito de manifestação do pensamento foi restringido – havia previsão de censura

prévia da imprensa, do teatro etc.

 A pena de morte poderia ser aplicada para crimes políticos e nas hipóteses de homicídio

por motivo fútil e com extremos de perversidade.

 A greve e o lock-out foram proibidos.

2.6.5. Constituição de 1946

Tratava-se da redemocratização do país, repudiando-se o Estado totalitário que vigia desde

30
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

1930. O texto inspirou-se nas ideias liberais da CF de 1891 e nas ideias sociais da de 1934.

Características:

 Forma de Governo Republicana e Forma de Estado Federativa: prestigiam o

municipalismo.

 Organização dos “Poderes”: a teoria clássica da tripartição foi restabelecida.

 Poder Legislativo: exercido pelo Congresso Nacional, composto pela Câmara dos

Deputados e pelo Senado Federal, reaparecendo o bicameralismo igual. A Câmara dos

Deputados compunha-se de representantes do povo, eleitos, segundo o sistema de

representação proporcional, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Territórios, para

mandato de 4 anos. O Senado Federal, por sua vez, compunha-se de representantes dos

Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário e para mandato de 8

anos. Cada Estado, e bem assim o Distrito Federal, elegia 3 Senadores, renovando-se a

representação de cada Estado e a do Distrito Federal de 4 em 4 anos, alternadamente, por

1 e por 2/3. As funções de Presidente do Senado eram exercidas pelo Vice-Presidente da

República.

 Poder Executivo: retomando a normalidade democrática, o Presidente da República deveria

ser eleito de forma direta para mandato de 5 anos, junto com o vice.

 Poder Judiciário: a situação de normalidade foi retomada. O Poder Judiciário era exercido

pelos seguintes órgãos: a) Supremo Tribunal Federal; b) Tribunal Federal de Recursos; c)

Juízes e Tribunais militares; d) Juízes e Tribunais eleitorais; e) Juízes e Tribunais do trabalho.

 O MS e a Ação Popular foram restabelecidos.

 Vedou-se a pena de morte, salvo em tempos de guerra; a de banimento; a de confisco; e

da caráter perpétuo.

 Foi reconhecido o direito de greve.

 Instituição do Parlamentarismo: dualidade do Executivo, exercido pelo Presidente da

República e pelo Conselho de Ministros. Feito o referendo, em 1963, o povo determinou o

retorno imediato ao presidencialismo.

31
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

2.6.6. Constituição de 1967

Após o Golpe de 1964. Na mesma linha da Carta de 1937, a de 1967 concentrou,

bruscamente, o poder no âmbito federal, esvaziando os Estados e Municípios e conferindo amplos

poderes ao Presidente da República. Houve forte preocupação com a segurança nacional.

Características:

 Forma de Governo: República.

 Forma de Estado: República Federativa (na prática se aproximava de um Estado unitário

centralizado).

 Poder Legislativo: era exercido pelo Congresso Nacional, composto pela Câmara dos

Deputados e pelo Senado Federal. Sistemática mantida, porém competência diminuída.

 Poder Executivo: fortalecido, era eleito para mandato de 4 anos, de maneira indireta por

sufrágio do Colégio Eleitoral, composto pelos membros do Congresso Nacional e de

Delegados indicados pelas Assembleias Legislativas dos Estados, em sessão pública e

mediante votação nominal. O Presidente da República legislava por decretos-leis.

 Poder Judiciário: o Poder Judiciário da União era exercido pelos seguintes órgãos: Supremo

Tribunal Federal; Tribunal Federal de Recursos e Juízes Federais; Tribunais e Juízes Militares;

Tribunais e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes do Trabalho. Havia previsão da Justiça

Estadual. Em razão do centralismo, o Judiciário também teve a sua competência diminuída.

 Possibilidade de suspensão de direitos políticos por 10 anos.

 Sistema tributário: ampliação da técnica do federalismo cooperativo.

 AI-5, de 13.12.1968:

a) formalmente, foram mantidas a Constituição de 24.01.1967 e a Constituições

Estaduais, com as modificações constantes do AI-5;

b) o Presidente da República poderia decretar o recesso do Congresso Nacional, das

Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por ato complementar em

estado de sítio ou fora dele, só voltando a funcionar quando convocados seus membros

pelo Presidente da República;

32
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

c) o Presidente da República, no interesse nacional, poderia decretar a intervenção nos

Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição;

d) os direitos políticos de quaisquer cidadãos poderiam ser suspensos pelo prazo de 10

anos e cassados os mandatos eletivos federais, estaduais e municipais;

e) ficaram suspensas as garantias constitucionais ou legais de vitaliciedade,

inamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções por prazo certo;

f) o Presidente da República, em quaisquer dos casos previstos na Constituição, poderia

decretar o estado de sítio e prorrogá-lo, fixando o respectivo prazo;

g) o Presidente da República poderia, após investigação, decretar o confisco de bens de

todos quantos tivessem enriquecido ilicitamente, no exercício do cargo ou função;

h) suspendeu-se a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a

segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular (art. 10 do AI-5);

i) finalmente, a triste previsão do art. 11 do AI-5: “excluem-se de qualquer apreciação

judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato Institucional e seus Atos

Complementares, bem como os respectivos efeitos”.

2.6.7. “Constituição” de 1969

Com base no AI 12, de 31.08.1969, consagrou-se no Brasil um governo de “Juntas Militares”,

uma vez que referido ato permitia que, enquanto Costa e Silva estivesse afastado por motivos de

saúde, governassem os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar. Nesse

sentido, e com “suposto” fundamento, é que a EC n. 1/69 foi baixada pelos Militares, já que o

Congresso Nacional estava fechado.

Dado o seu caráter revolucionário, pode-se considerar a EC 1/69 como manifestação de um

novo poder constituinte originário, outorgando uma nova Carta, que “constitucionalizava a utilização

dos Atos Institucionais. O mandato do Presidente foi aumentado para 5 anos, continuando a eleição

a ser indireta.

Características:

 “Milagre econômico”.

33
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

 Pacote de Abril de 1977: dissolveu o Congresso Nacional.

 Pacote de Junho de 1978: revogação total da AI-5.

 Lei da Anistia: concedida anistia para todos que, no período compreendido entre 02.09.1961

a 15.08.1979 cometerem crimes políticos ou conexos, crimes eleitorais, aos que tiveram seus

direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração, do Legislativo e Judiciário,

aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais.

 Reforma Partidária: pluripartidarismo partidário.

 EC 15/80: eleições diretas em âmbito estadual.

 “Diretas Já”: proposta de eleição direta para Presidente e Vice.

2.6.8. Constituição de 1988

O pluripartidarismo foi ampliado. Foi erradicada a censura à imprensa. O sindicalismo e as

centrais sindicais consolidaram-se. Solidificação da transição entre o antigo regime a “Nova

República”.

Características:

 Plebiscito: 07.09.93 – manutenção da república constitucional e do sistema

presidencialista de governo.

 Poder constituinte derivado revisor – 5 anos contados da promulgação.

 Constituição DEMOCRÁTICA e LIBERAL.

 Forma de governo: República.

 Sistema de Governo: presidencialista.

 Forma de Estado: Federação.

 Capital Federal: Brasília.

 Organização dos “Poderes”: foi retomada a teoria clássica da tripartição.

 Poder Legislativo: bicameral, exercido pelo Congresso Nacional, composto da Câmara

dos Deputados e do Senado Federal, a primeira composta de representantes do povo,

eleitos pelo voto direto, secreto e universal e pelo sistema proporcional para mandato

de 4 anos, e a segunda composta de representantes dos Estados-Membros e do Distrito

34
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

Federal, para mandato de 8 anos (duas legislaturas), eleitos pelo sistema majoritário,

sendo que a representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de 4 em

4 anos, alternadamente, por 1 e 2/3.

 Poder Executivo: exercido pelo Presidente da República, eleito junto com o Vice e

auxiliado pelos Ministros de Estado. Atualmente, após a EC n. 16/97, como visto, o

mandato é de 4 anos, permitindo-se uma única reeleição subsequente. O decreto-lei foi

substituído pela medida provisória.

 Poder Judiciário: são órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal; o Conselho

Nacional de Justiça (EC n. 45/2004); o Superior Tribunal de Justiça; o Tribunal Superior

do Trabalho (EC n. 92/2016); os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; os

Tribunais e Juízes do Trabalho; os Tribunais e Juízes Eleitorais; os Tribunais e Juízes

Militares; os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. Em relação

ao controle de constitucionalidade das leis, tema que será estudado, houve ampliação

dos legitimados para a propositura da ADI. A CF/88 criou o Superior Tribunal de Justiça

(STJ), Corte responsável pela uniformização da interpretação da lei federal em todo o

Brasil, sendo órgão de convergência da Justiça comum.

 Constituição rígida.

 Direitos dos trabalhadores foram ampliados.

 Surgimento do Mandado de Injunção e ADI por omissão.

 Previsão da ADPF.

 Previsão pela primeira vez do Mandado de segurança coletivo e HABEAS DATA.

 Separação da Ordem Econômica e da Ordem Social.

No concurso do MPT (2022), o tema foi cobrado da seguinte forma:

Quanto à formação histórica das Constituições brasileiras, assinale a alternativa


CORRETA:

A- O Poder Moderador, previsto na Constituição de 1824, atribuiu ao Imperador o


caráter de chefe supremo da nação e lhe conferiu um caráter inviolável, sagrado e
receptor de toda a responsabilidade estatal.
B- A Constituição de 1891 instituiu o sistema presidencialista, com a autonomia dos
municípios, e demarcou o Planalto Central para estabelecer a futura capital federal.
C- A Constituição de 1937 instituiu a pena de morte e a tortura, suprimiu as liberdades
individuais e os partidos políticos e concentrou poderes no chefe do Executivo,

35
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

acabando com a independência dos demais Poderes da República.


D- O Ato Institucional n° 5 determinou o fechamento do Congresso Nacional e instituiu
a supressão de direitos e garantias do cidadão, a proibição de reuniões, a imposição da
censura aos meios de comunicação e expressões artísticas, a suspensão do habeas
corpus para os chamados crimes políticos, a autorização para intervenção federal em
estados e municípios e a decretação de estado de calamidade pública.
E- Não respondida.

A alternativa considerada correta foi a letra B.

2.7. Interpretação das normas Constitucionais

2.7.1. Hermenêutica x Interpretação Jurídica

 Hermenêutica: É o domínio da ciência jurídica que se ocupa em formular e sistematizar os

princípios que subsidiarão a interpretação;

 Interpretação: Atividade prática que se dispõe a determinar o sentido e alcance dos

enunciados normativos. Cumpre à interpretação construir a norma. Envolve duas atividades:

o Desvendar/ construir o sentido do enunciado normativo;

o Concretizar o enunciado.

2.7.2. Interpretação Jurídica x Interpretação Constitucional

 A interpretação jurídica é gênero do qual a interpretação constitucional é espécie.

 A interpretação constitucional tem por objeto a compreensão e aplicação das normas

constitucionais, razão pela qual se serve de princípios próprios que lhe conferem

especificidade e autonomia, sendo informada por métodos e princípios específicos e

adequados ao seu objeto.

 Enquanto as normas legais possuem um conteúdo material fechado, as normas

constitucionais apresentam um conteúdo material aberto e fragmentado, circunstância

que justifica e reivindica a existência de uma interpretação especificamente constitucional.

 Além de superiores, as normas constitucionais normalmente veiculam conceitos abertos,

vagos e indeterminados, que conferem ao intérprete um amplo espaço de conformação, não

verificável entre as normas legais.


36
PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

 As normas constitucionais são ainda:

o Normas de organização e estrutura;

o Dotadas de forte carga política.

2.7.3. Correntes Norte-americanas:

a) Corrente interpretativista: Nega qualquer possibilidade de o juiz, na interpretação constitucional,

criar Direito, indo além do que o texto lhe permitir. O juiz deve apenas captar e declarar o sentido

dos preceitos expressos no texto constitucional, sem se valer de valores substantivos, sob pena de

se substituir as decisões políticas pelas judiciais.

b) Corrente não-interpretativista: Defende um ativismo judicial na interpretação da Constituição,

proclamando a possibilidade, e até a necessidade, de os juízes invocarem e aplicarem valores

substantivos, como justiça, igualdade e liberdade. Assim, o juiz torna-se coparticipante do processo

de criação do Direito, completando o trabalho do legislador, ao fazer valorações para conceitos

jurídicos indeterminados e realizar escolhas entre as soluções possíveis e adequadas.

ATENÇÃO!

Note que esta classificação, em um primeiro momento, parece ser contraditório ou

contraintuitiva, vez que na interpretativista, o juiz não interpreta, já na não-interpretativista, o juiz

interpreta.

Mas isso tem um explicação... Deve ser considerado como sujeito que interpreta, não o juiz,

mas sim o constituinte. O que essa classificação quer dizer, de forma esquematizada, é o seguinte.

INTERPRETATIVISTA NÃO-INTERPRETATIVISTA

O constituinte já interpretou, ou seja, delimitou O constituinte não interpretou, deixando espaço

o campo de interpretação, não deixando espaço para o juiz interpretar, a partir dos demais

para o juiz interpretar. valores.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

2.7.4. Métodos de interpretação

Canotilho leciona que a questão do “método justo” em direito constitucional é um dos

problemas mais controvertidos. Por isso, para ele, NÃO há apenas um método de interpretação

constitucional, podendo-se afirmar que, atualmente, a interpretação das normas constitucionais

obtém-se a partir de um conjunto de métodos distintos, porém complementares.

a) Método jurídico ou hermenêutico cláSsico [SAVIGNY]

Parte da consideração de que a Constituição é uma lei, de modo que a interpretação da

Constituição não deixa de ser uma interpretação da lei. => TESE DA IDENTIDADE DA

INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL E INTERPRETAÇÃO LEGAL.

Com isso, para a interpretação da Constituição, deve o intérprete utilizar os elementos

tradicionais ou clássicos da hermenêutica, que remontam à Escola Histórica do Direito de Savigny:

 Elemento gramatical ou filológico: também chamado de literal ou semântico, a análise se

realiza de modo textual e literal;

 Elemento histórico: analise o projeto de lei, a sua justificativa, exposição de motivos,

pareceres, discussões, as condições culturais e psicológicas que resultaram na elaboração da

norma;

 Elemento sistemático ou lógico: busca a análise do todo;

 Elemento teleológico ou racional: busca a finalidade da norma;

 Elementos genético: busca investigar as origens dos conceitos utilizados pelo legislador.

 Elemento popular: a análise se implementa partindo da participação da massa, dos “corpos

intermediários”, dos partidos políticos, sindicatos, valendo-se de instrumentos como o

plebiscito, o referendo, o recall, o veto popular etc.;

 Elemento doutrinário: parte da interpretação feita pela doutrina;

 Elemento evolutivo: segue a linha da mutação constitucional.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

A doutrina, de modo geral, NÃO repele a interpretação de tal método jurídico. No entanto, por

outro lado, a CF traz situações mais complexas cuja interpretação não se realiza com o emprego do

método tradicional. O método jurídico, portanto, é insuficiente e não satisfaz, por si só, a interpretação

constitucional.

b) Método Tópico-problemático [THEODOR VIEHWEG]

Theodor Viehweg – “Tópica e Jurisprudência”: Para o autor, a tópica seria uma técnica de

pensar o problema, ou seja, uma técnica mental que se orienta para a solução do problema. O

método segue as seguintes premissas:

 Caráter Prático da interpretação: Toda a interpretação se destina a solucionar problemas

práticos e concretos;

 Caráter Aberto, Fragmentário ou indeterminado das normas constitucionais, em razão de

sua estrutura normativo-material;

 Preferência pela discussão do problema em razão da abertura das normas constitucionais

que não permitem qualquer subsunção a partir delas próprias.

Conclusão:

A interpretação constitucional leva a um processo aberto de argumentação entre os vários

partícipes ou intérpretes, para se adaptar a norma constitucional ao problema concreto para, só ao

final, se identificar a norma adequada.

Parte-se do problema para a norma. Para este método, deve a interpretação partir da

discussão do problema concreto que se pretende resolver para, só ao final, se identificar a norma

adequada. Parte-se do problema (caso concreto) para a norma, fazendo caminho inverso dos

métodos tradicionais, que buscam a solução do caso a partir da norma.

Canotilho critica esse método, ao fundamento de que a interpretação NÃO deve partir do

problema para a norma, mas desta para os problemas.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

DICA: Para não esquecer o nome do criador do método na hora da prova, relacionar

as iniciais: Theodor – Tópico.

c) Método Hermenêutico-concretizador (Concretista) [HESSE]

Parte da ideia de que a leitura de todo o texto e da Constituição deve se iniciar pela pré-

compreensão do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete.

Admite o primado da norma constitucional sobre o problema.

O método considera a interpretação constitucional como uma atividade de concretização da

Constituição, circunstância que permite ao intérprete determinar o próprio conteúdo material da

norma.

Afasta-se do método tópico-problemático porque a interpretação, para ele, está limitada e se

inicia pelo texto, superando o problema da abertura e indeterminação dos enunciados normativos

através da pré-compreensão do intérprete.

Parte da ideia de que a leitura do texto, em geral, e da Constituição, deve se iniciar pela pré-

compreensão do seu sentido através de uma atividade criativa do intérprete. Ao contrário do método

tópico-problemático, que pressupõe o primado do problema sobre a norma, o método concretista

admite o primado da norma constitucional sobre o problema.

Essa pré-compreensão faz com que o intérprete, na primeira leitura do texto, extraia dele um

determinado conteúdo, que deve ser comparado com a realidade existente. Desse confronto, resulta

a reformulação, pelo intérprete, de sua própria pré-compreensão, no intuito de harmonizar os

conceitos por ele preconcebidos àquilo que deflui do texto constitucional, com base na observação

da realidade social

Essa reformulação e consequente releitura do texto, cotejando cada novo conteúdo obtido com

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

a realidade, deve repetir-se sucessivamente, até que se chegue à solução mais harmoniosa para o

problema. Impõe-se, assim, um "movimento de ir e vir", do subjetivo para o objetivo e, deste, de volta

para aquele -, denominado "círculo hermenêutico” (Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino).

DICA: É possível, igualmente, relacionar as iniciais para não esquecer: Hesse – Hermenêutico.

d) Método científico-eSpiritual [Rudolf Smend]

Idealizado por Rudolf Smend, este método dispõe que a interpretação constitucional deve

levar em consideração a compreensão da Constituição como uma ordem de valores e como elemento

do processo de integração. Deve o intérprete levar em consideração o sistema de valores que é

subjacente ao texto constitucional e à realidade da vida.

Assim, a interpretação deve aprofundar-se na pesquisa do conteúdo axiológico subjacente

ao texto, pois só o recurso à ordem de valores obriga a uma captação espiritual desse conteúdo

axiológico último da Constituição.

e) Método normativo-estruturante [FRIEDERICH MULLER]

Parte da premissa de que existe uma relação necessária entre o texto e a realidade. Foi

idealizado por Friederich Müller, que afirma que o texto é apenas a ponta do iceberg, não

compreendendo a norma apenas o texto, mas também um pedaço da realidade social. É um método

também concretista, diferenciando-se dele, porém, na medida em que a norma a ser concretizada

não está inteiramente no texto, sendo o resultado entre este e a realidade.

Diz-se método normativo estruturante ou concretista aquele em que o intérprete parte do

direito positivo para chegar à estruturação da norma, muito mais complexa que o texto legal. Há

influência da jurisprudência, doutrina, história, cultura e das decisões políticas.

2.7.5. Regras, princípios e postulados normativos

As normas podem revelar-se sob a forma de princípios, regras ou postulados normativos.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

Normas e princípios NÃO guardam hierarquia entre si, especialmente diante do princípio da unidade

da Constituição.

Segundo Canotilho, os princípios são fundamento das regras, ou seja, são normas que estão

na base ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função

normogenética fundamentante.

REGRAS PRINCÍPIOS

Grau de abstração reduzido Grau de abstração elevado

Suscetíveis de aplicação direta Carecem de mediações concretizadoras

Podem ser normas vinculativas com conteúdo São standards juridicamente vinculantes

meramente funcional radicados nas exigências de justiça ou na ideia

de direito

Relatos descritivos de condutas a partir dos A previsão dos relatos dá-se de maneira mais

quais, mediante subsunção, chega-se à abstrata, sem se determinar a conduta

conclusão. correta, já que cada caso concreto deverá ser

analisado para que o intérprete dê o exato

peso entre os princípios em choque

São mandamentos ou mandados de definição: São mandados de otimização (Alexy): devem

são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas ser realizados na maior medida do possível.

(tudo ou nada) Podem ser satisfeitos em graus variados, a

depender das possibilidades jurídicas.

Uma das regras em conflito OU será afastada A colisão resolve-se pela ponderação ou

pelo princípio da especialidade, OU será balanceamento de princípios.

declarada inválida.

Postulados normativos ou metanormas (normas de segundo grau): são normas sobre a

aplicação de normas, ou seja, instituem critério de aplicação de outras normas situadas no plano do

objeto da aplicação. Com o reconhecimento da força normativa da Constituição, a expansão da

jurisdição constitucional e o pós-positivismo, houve o deslocamento da Constituição para todos os

demais ramos do direito, dando origem a uma FILTRAGEM CONSTITUCIONAL. Os postulados são

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

denominados pela maioria da doutrina, como princípios, mas não têm a mesma função dos

princípios. São normas de segundo grau utilizadas para se interpretar os princípios e regras

constitucionais (normas de primeiro grau).

Podem ser:

 Inespecíficos: ponderação, concordância prática e proibição de excesso; ou

 Específicos: igualdade, razoabilidade e proporcionalidade.

OBSERVAÇÃO:

DERROTABILIDADE (Superabilidade das regras/Defeasibility) – Humberto Ávila propõe

algumas condições necessárias:

 requisitos materiais (ou de conteúdo): a superação da regra pelo caso individual não pode

prejudicar a concretização dos valores inerentes à regra. E explica o autor: “... há casos em

que a decisão individualizada, ainda que incompatível com a hipótese da regra geral, não

prejudica nem a promoção da finalidade subjacente à regra, nem a segurança jurídica que

suporta as regras, em virtude da pouca probabilidade de reaparecimento frequente de

situação similar, por dificuldade de ocorrência ou comprovação”;

 requisitos procedimentais (ou de forma): a superação de uma regra deve ter a) justificativa

condizente — devendo haver a “... demonstração de incompatibilidade entre a hipótese

da regra e sua finalidade subjacente.

2.7.6. Princípios de interpretação Constitucional

a) UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO

A Constituição é una e indivisível. Por isso, deve ser interpretada como um todo, de modo a

evitar conflitos, contradições e antagonismos entre suas normas. Em decorrência, não há hierarquia

entre normas constitucionais e não há normas constitucionais originárias inconstitucionais.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

É usado no conflito ABSTRATO de normas constitucionais.

b) CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO

No caso de aparente conflito entre normas constitucionais, devem ser harmonizadas ao caso

concreto, respeitando ambas. Não pode haver sacrifício total de um em relação ao outro, faz uma

redução proporcional (sem supressão), para harmonizá-los. Há uma ponderação de interesses, já

que não há diferença de hierarquia ou de valor entre os bens constitucionais. E só NO CASO

CONCRETO é que podemos dizer qual prevalece, já que não há hierarquia entre normas

constitucionais (unidade da Constituição).

c) EFEITO INTEGRADOR

O intérprete deve preferir a interpretação que gera mais paz social, reforço da unidade política,

integração da sociedade (soluções pluralisticamente integradoras).

d) MÁXIMA EFETIVIDADE

Deve preferir a interpretação que dê mais eficácia e aplicabilidade aos direitos fundamentais,

no sentido de ter a mais ampla efetividade social.

e) FORÇA NORMATIVA

Na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções concretizadoras de suas

normas, que as tornem mais eficazes e permanentes. A principal função desse princípio tem sido

para afastar interpretações divergentes. Segundo o STF, quando se tem interpretações divergentes

sobre a Constituição, estas enfraquecem a sua força normativa.

OBSERVAÇÃO:

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

O Princípio da Força Normativa serve para todas as normas constitucionais; já o da Máxima

Efetividade, serve especificamente para os direitos fundamentais.

f) JUSTEZA OU CONFORMIDADE FUNCIONAL (exatidão ou correção funcional):

Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da interpretação constitucional

cheguem a um resultado que subverta ou pertube o esquema organizatório-funcional estabelecido

pela Constituição. É um princípio de competência constitucional.

g) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE OU CONVENIÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS

Não existem direitos absolutos, pois todos encontram limites em outros direitos ou em

interesses coletivos também consagrados na Constituição. De acordo com Bobbio, teriam caráter

absoluto o direito a não ser torturado e o direito a não ser escravizado.

h) INTERPRETAÇÃO CONFORME A CF

No caso de normas plurissignificativas (vários significados) ou polissêmicas, deve-se preferir

aquela que mais se aproxime da Constituição.

A interpretação conforme encontra limites no sentido inequívoco do dispositivo legal, não

sendo permitido ao intérprete contrariá-lo, assim como no fim supostamente contemplado pelo

legislador, cuja vontade não poderia ser substituída pela do juiz. No entanto, Marcelo Novelino

(2017, p. 216) afirma que esses parâmetros não têm sido observados pelo STF, como ficou

evidenciado na decisão que estendeu às uniões homoafetivas contínuas, públicas e duradouras os

direitos e deveres referentes às uniões estáveis entre homens e mulheres (ADPF 132/RJ).

Segundo Marcelo Novelino (2017, p. 216), a interpretação conforme a constituição tem sido

empregada com dois sentidos distintos:

I- Como princípio interpretativo: “O princípio da interpretação conforme a

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

constituição é corolário da supremacia constitucional e da presunção de

constitucionalidade. O reconhecimento definitivo de sua força normativa e o

seu deslocamento para o centro do sistema jurídico, conferiram à constituição

uma posição de destaque na interpretação dos demais ramos do direito, cujos

dispositivos devem ser compreendidos à luz da constituição, de modo a

realizar, através da chamada 'filtragem constitucional', os valores nela

consagrados. Por outro lado, se as leis e atos normativos têm como

fundamento de validade a constituição e se os poderes competentes para

elaborá-los retiram sua competência desta, deve-se presumir que agiram em

conformidade com os preceitos constitucionais. Esta presunção,

indispensável para segurar a imperatividade das normas jurídicas, é

reforçada pelo controle preventivo de constitucionalidade realizado pelo

Legislativo e Executivo, poderes cujos membros foram democraticamente

eleitos para concretizar os comandos constitucionais. Considerando que a

dúvida milita a favor da manutenção da lei, quando da interpretação de

dispositivos infraconstitucionais polissêmicos ou plurissignificativos, deve-se

optar pelo sentido compatível, e não conflitante com a constituição”

(NOVELINO, 2017, p. 216);

II- Como técnica de decisão judicial: “A interpretação conforme, como

técnica de decisão judicial, costuma ser utilizada em três sentidos diversos.

No primeiro, o ato impugnado é considerado constitucional, desde que

interpretado no sentido fixado pelo órgão jurisdicional. No segundo, exclui-

se uma das possíveis interpretações do dispositivo, por ser incompatível com

a constituição. Nesse sentido, a interpretação conforme equivale à declaração

parcial de nulidade sem redução de texto. Por fim, a interpretação conforme

pode ser utilizada para afastar a aplicação de uma norma válida a

determinada hipótese de incidência possível. Em vez de uma da da

interpretação ser considerada inconstitucional, ocorre a declaração de não

incidência da norma em relação a uma específica situação de fato. Nesse caso,

embora a norma seja considerada constitucional, sua aplicação ao caso

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

concreto é afastada (inconstitucionalidade em concreto) ante as

circunstâncias fáticas específicas” (NOVELINO, 2017, p. 217).

i) PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE

Significa justiça, bom senso, moderação. É para evitar interpretações absurdas, podendo ser

dividida em três subprincípios:

 Adequação: os meios usados têm que ser aptos a atingir os fins. Aptidão entre meio e fim.

 Necessidade: o meio deve ser o menos gravoso possível. Jellinek: não se pode abater pardais

com canhões.

 Proporcionalidade em sentido estrito: ponderação entre o custo e o benefício da medida.

Para ser proporcional, a medida tem que trazer mais benefícios do que custos.

2.7.7. Técnicas de interpretação Constitucional

O movimento doutrinário chamado de moderna hermenêutica constitucional diz que toda a

tarefa de interpretação da CF deve estar voltada para um único objetivo: concretizar os direitos

fundamentais. Dentre essas modernas técnicas, estão previstas:

a) Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade

O Tribunal reconhece a inconstitucionalidade da norma, porém NÃO a tira do ordenamento

jurídico, com a justificativa de que a sua ausência geraria mais danos do que a presença da lei

inconstitucional. É possível, também, que se opere a suspensão de aplicação da lei e dos processos

em curso até que o legislador, dentro de prazo razoável, venha a se manifestar sobre a situação

inconstitucional;

b) Declaração de inconstitucionalidade com apelo ao legislador

Nessa técnica de interpretação, "busca-se não declarar a inconstitucionalidade da norma sem

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

antes fazer um apelo vinculado a "diretivas" para obter do legislador uma atividade subsequente

que torne a regra inconstitucional harmônica com a Carta Maior. Incumbe-se ao legislador a difícil

tarefa de regular determinada matéria, de acordo com o que preceitua a própria Constituição."

A técnica possui relevância no caso da ação de inconstitucionalidade por omissão, em que o

Tribunal limita-se a constatar a inconstitucionalidade da omissão, exortando o legislador a

abandonar o seu estado de inércia, possuindo a decisão um cunho mandamental.

c) Interpretação conforme a Constituição

O órgão jurisdicional declara qual das possíveis interpretações se mostra compatível com a Lei

Maior. É princípio que se situa no âmbito do controle de constitucionalidade, e não simples regra de

interpretação.

INTERPRETAÇÃO CONFORME A DECLARAÇÃO DE

CONSTITUIÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL

SEM REDUÇÃO DE TEXTO

ADI é julgada parcialmente procedente ADI é julgada parcialmente procedente

Técnica de interpretação Técnica de aplicação (Lei “i” NÃO se aplica

à hipótese “H”)

É imprescindível que haja mais de uma Expressa exclusão, por

interpretação possível inconstitucionalidade, de determinada

(André Ramos Tavares: “O Tribunal NÃO hipótese de aplicação sem alteração do

declara que todas as demais texto legal. É mais incisiva do que a

interpretações são inconstitucionais”) interpretação conforme.

2.8. Teoria dos Poderes Implícitos

Conforme anotou o Ministro Celso de Mello, em interessante julgado, a teoria dos poderes

implícitos decorre de doutrina que, tendo como precedente o célebre caso McCULLOCH v.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

MARYLAND (1819), da Suprema Corte dos Estados Unidos, estabelece: “... a outorga de

competência expressa a determinado órgão estatal importa em deferimento implícito, a esse mesmo

órgão, dos meios necessários à integral realização dos fins que lhe foram atribuídos” (MS 26.547-

MC/DF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 23.05.2007, DJ de 29.05.2007).

Em um primeiro caso, o STF reconhece o poder implícito de concessão de medidas cautelares

pelo TCU no exercício de suas atribuições explicitamente fixadas no art. 71 da CF/88 (MS 26.547-

MC/DF).

Em outro precedente, o STF admite a possibilidade de o TJ estadual conhecer e julgar

reclamação para a preservação de sua competência e a autoridade de suas decisões. (ADI 2.212)

2.9. Estrutura Da Constituição

Estruturalmente, a CF/88 contém um preâmbulo, nove títulos (corpo) e o Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias (ADCT).

2.9.1. Preâmbulo

Natureza jurídica: Tese da irrelevância jurídica prevalece - o Ministro Carlos Velloso, Relator

da ADI 2.076, após interessante estudo, conclui que “o preâmbulo ... não se situa no âmbito do

Direito, mas no domínio da política, refletindo posição ideológica do constituinte (...). Não contém o

preâmbulo, portanto, relevância jurídica. O preâmbulo não constitui norma central da Constituição,

de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro. O que acontece é que o preâmbulo

contém, de regra, proclamação ou exortação no sentido dos princípios inscritos na Carta (...). Esses

princípios sim, inscritos na Constituição, constituem normas centrais de reprodução obrigatória, ou

que não pode a Constituição do Estado-membro dispor de forma contrária, dado que, reproduzidos,

ou não, na Constituição estadual, incidirão na ordem local...”. Assim, NÃO é norma de reprodução

obrigatória nos Estados, nem pode servir como parâmetro para o controle de constitucionalidade.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

A invocação de Deus no preâmbulo não é norma de reprodução obrigatória nas

Constituições Estaduais e leis orgânicas do DF e Municípios. Referida previsão não enfraquece a

laicidade do Estado Brasileiro (STF) - Estado laico não significa Estado ateu.

O preâmbulo NÃO tem relevância jurídica, NÃO tem força normativa, NÃO cria direitos ou

obrigações, NÃO tem força obrigatória, servindo apenas como norte interpretativo das normas

constitucionais.

2.9.2. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Finalidade: estabelecer regras de transição entre o antigo ordenamento jurídico e o novo, instituído

pela manifestação do poder constituinte originário, providenciando a acomodação e a transição do

antigo e do novo direito edificado.

O ADCT possui normas exauridas (arts. 1º, 4º, §4º, 15), normas dependentes de legislação e de

execução (arts. 10, § 1º, 12, § 1º etc.), normas dotadas de duração temporária expressa (art. 40, por

ex.), dentre outras.

Natureza jurídica das disposições do ADCT: natureza jurídica de norma constitucional – a

alteração das normas do ADCT ou o acréscimo de novas regras dependerão da manifestação do

poder constituinte derivado reformador, ou seja, necessariamente por meio de emendas

constitucionais. Em razão de sua natureza, servirão de parâmetro ou paradigma de confronto para a

análise da constitucionalidade dos demais atos normativos.

Referências Bibliográficas:

Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.

Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.

Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.

QUESTÕES PROPOSTAS

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

01. (MPT – Procurador do Trabalho/2013) Sobre a história constitucional do Brasil, assinale a

alternativa INCORRETA:

A) A Constituição de 1891 criou o STF e a jurisdição constitucional.

B) A Constituição de 1937, inspirada na Carta Del Lavoro de 1927, do regime fascista italiano, elevou

ao âmbito constitucional o dissídio coletivo e o poder normativo da Justiça do Trabalho.

C) A Constituição de 1946 foi a primeira a incluir a Justiça do Trabalho no Poder Judiciário, conferindo

aos juízes do trabalho as garantias asseguradas a toda a magistratura.

D) A Constituição de 1988 resultou de assembleia constituinte convocada através de uma Emenda

Constitucional à Constituição anteriormente vigente.

E) não respondida.

02. (TRT 23 – Juiz do Trabalho Substituto 23ª Região/ 2010) Analise as proposições abaixo e indique

a resposta correta:

I. No sentido sociológico, a Constituição, segundo a conceituação de Ferdinand Lassalle é a

somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade, e no sentido político, segundo Carl

Schmitt, é a decisão política fundamental, fazendo distinção entre Constituição e leis constitucionais;

II. Para Hans Kelsen a concepção de Constituição tem dois sentidos: lógico-jurídico, que equivale à

norma positiva suprema, ou seja, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei

nacional no seu mais alto grau, e jurídico-positivo, que significa norma fundamental hipotética;

III. A Constituição dita Cesarista é aquela em que a participação popular é democrática, pois visa

ratificar a vontade do detentor do poder;

IV. Os elementos da Constituição trazem valores distintos caracterizando a natureza polifacética da

Constituição, assim pode-se afirmar que o preâmbulo da Constituição constitui seu elemento formal

de aplicabilidade;

a) A proposição I está correta, e as proposições II, III e IV erradas

b) Todas as proposições estão erradas

c) As proposições II e IV estão corretas e as proposições I e III estão erradas

d) Todas as proposições estão corretas

e) As proposições I e IV estão corretas, e as proposições II e III estão erradas.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

03. (MPT – Procurador do Trabalho – MPT/2017) Analise as assertivas abaixo expostas:

I - Considerada a evolução histórico-legislativa do constitucionalismo, pode-se afirmar que o Estado

Liberal Originário, inerente às revoluções liberalistas do século XVIII e desenrolar do século XIX, nos

Estados Unidos da América e Europa Ocidental, caracterizava-se, em linhas gerais, entre outros

aspectos, pelos seguintes pontos: afirmação da liberdade individual em sentido formal; afirmação

das liberdades de pensamento e de expressão; presença de mandatos representativos temporários

no Parlamento; presença de sistema eleitoral censitário; restrição do poder político aos limites da lei.

II - Considerada a evolução histórico-legislativa do constitucionalismo, pode-se afirmar que o Estado

Liberal Originário, seja na Europa Ocidental, seja nas Américas, não estabeleceu regras firmes e

claras com relação à liberdade em sentido real e com relação à igualdade em sentido material. Tais

regras somente começaram a ingressar, ainda que em parte, no constitucionalismo a partir das

primeiras décadas do século XX, com a Constituição do México, de 1917, e a Constituição de

Weimar, de 1919, além do papel de impacto, nessa área, cumprido pela Organização Internacional

do Trabalho, a partir de 1919.

III - No Brasil, o constitucionalismo social inicia-se com a Constituição de 1934 que, à diferença das

Constituições de 1824 e de 1891, ressalvou que o direito de propriedade não poderia ser exercido

contra o interesse social ou coletivo, na forma determinada por lei, além de ter incorporado, em seu

texto, regras de Direito do Trabalho e de Direito Previdenciário.

IV - No Brasil, a Constituição de 1988 é que teve o pioneirismo de incorporar diversos princípios

humanísticos e sociais em seu conteúdo normativo, buscando também arquitetar um Estado

Democrático de Direito no País. Nessa linha, determinou tal Constituição dever a ordem econômica

ser fundada na valorização da livre iniciativa, tendo por fim garantir a todos competitividade e

produtividade, ainda que sem redução das desigualdades regionais e sociais.

Assinale a alternativa CORRETA:

(A) Apenas as assertivas I e II estão corretas.

(B) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.

(C) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.

(D) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.

(E) Não respondida.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

04. (TRT 2 – Juiz do Trabalho Substituto 2ª Região/2012) Em relação à Constituição Federal e suas

normas, é correto afirmar que:

a) Não é cabível que tenhamos uma norma com assunto tipicamente constitucional, que esteja fora

da Constituição.

b) Existem Constituições escritas e não escritas; aquelas se encontram em um documento único, que

sistematiza o direito constitucional de uma comunidade política. As não escritas não se encontram

em um único documento solene, porquanto são compostas por costumes, pela jurisprudência, por

instrumentos escritos dispersos, regulando todos os tipos de situações na vida social, desde

interesses comezinhos, privados, até os interesses do Estado.

c) Constituições rígidas ou flexíveis têm essa classificação assentada segundo o critério do grau de

formalidade do procedimento requerido para a sua mudança. A Constituição brasileira de 1988 é do

tipo rígido.

d) Constituição normativa é aquela formalmente válida, mas que ainda não teve alguns de seus

preceitos, ativados na prática real.

e) A Constituição, ainda que flexível, requer um sistema de controle de constitucionalidade das leis

e atos normativos, como garantia eficaz da supralegalidade das normas constitucionais.

05. (MPT – Procurador do Trabalho – MPT/2017) Considerados os critérios da finalidade, do

conteúdo e da alterabilidade, classifica-se a Constituição da República de 1988 como:

(A) Constituição-dirigente, formal e rígida.

(B) Constituição-garantia, formal e flexível.

(C) Constituição-dirigente, material e flexível.

(D) Constituição-garantia, material e rígida.

(E) Não respondida.

06. (TRT 3 – Juiz do Trabalho Substituto 3ª Região/2013) A Constituição brasileira classifica-se

como:

a) Sistemática, rígida e sintética

b) Sistemática, flexível, analítica e codificada

c) Dogmática, semirrígida e sintética

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

d) Dogmática, histórica e analítica

e) Dogmática, rígida, analítica e codificada

07. (2013 - CESPE - TJ-RN - Juiz de direito) Com relação ao conceito, à classificação e ao conteúdo

das constituições e às disposições transitórias da CF, assinale a opção correta.

a) Fruto do neoconstitucionalismo, a constitucionalização do direito consiste na irradiação dos

valores abrigados nos princípios e regras da constituição para todo o ordenamento jurídico,

notadamente por via da jurisdição constitucional, em seus diferentes níveis.

b) As normas constitucionais, caracterizadas por especificidades no que se refere aos meios de tutela

e às sanções jurídicas, denominam-se normas perfeitas, já que, em caso de violação, há sanção

jurídica suficiente para repor sua força normativa.

c) As disposições transitórias da CF preveem a possibilidade de concessão de anistia aos que, no

período da ditadura militar, foram atingidos, em decorrência de motivação de caráter político ou

discricionário, por atos de exceção, institucionais ou complementares.

d) Define-se constituição, no sentido jurídico, como decisão política fundamental.

e) Adotando-se o critério da observância realista das normas constitucionais por governantes e

governados, as constituições normativas são definidas como aquelas que logram ser lealmente

cumpridas por todos os interessados, limitando, efetivamente, o poder, e as constituições semânticas

como aquelas formalmente válidas, mas que contêm preceitos ainda não ativados na prática real.

08. (2013 - CESPE - BACEN – Procurador) A respeito do conceito, dos elementos e das

classificações das constituições, assinale a opção correta.

a) No que se refere ao modo de elaboração, a constituição dogmática espelha os dogmas e princípios

fundamentais adotados pelo Estado e não será escrita.

b) Quanto à estabilidade, a constituição flexível não se compatibiliza com a forma escrita, ainda que

seu eventual texto admitisse livre alteração do conteúdo por meio de processo legislativo ordinário.

c) Os direitos e garantias fundamentais previstos na CF são considerados elementos

socioideológicos

d) No sentido político, segundo Carl Schmitt, a constituição é a soma dos fatores reais do poder que

formam e regem determinado Estado.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

e) Quanto aos elementos, o ADCT configura exemplo de elemento formal de aplicabilidade da CF.

09. (2013 - CESPE - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz federal) Acerca do conceito, dos elementos e da

classificação das Constituições, assinale a opção correta.

a) As Constituições classificadas, quanto ao modo de elaboração, como Constituições históricas,

apesar de serem juridicamente flexíveis, são, normalmente, politicamente rígidas.

b) De acordo com a concepção que a define como um processo público, a Constituição consiste em

uma ordem jurídica fundamental do Estado e da sociedade, não se caracterizando, portanto, como

Constituição aberta, ou seja, como obra de um processo de interpretação.

c) Entendida como um programa de integração e representação nacionais, a Constituição deve conter

apenas matérias referentes a grupos particularizados e temas passíveis de alterações frequentes, de

modo a propiciar a durabilidade e a estabilidade do próprio texto constitucional.

d) Conforme a concepção política, a Constituição é a soma dos fatores reais de poder que regem o

país.

e) São denominados elementos limitativos das Constituições aqueles que visam assegurar a defesa

da Constituição e do estado democrático de direito.

10. (2016 – CESPE - TCE-PR - Analista de Controle) Assinale a opção correta no que concerne às

classificações das constituições.

a) As Constituições cesaristas são elaboradas com base em determinados princípios e ideais

dominantes em período determinado da história.

b) Constituição escrita é aquela cujas normas estão efetivamente positivadas pelo legislador em

documento solene, sejam leis esparsas contendo normas materialmente constitucionais, seja uma

compilação que consolide, em um só diploma, os dispositivos alusivos à separação de poderes e aos

direitos e garantias fundamentais.

c) A classificação ontológica das Constituições põe em confronto as pretensões normativas da Carta

e a realidade do processo de poder, sendo classificada como nominativa, nesse contexto, a

Constituição que, embora pretenda dirigir o processo político, não o faça efetivamente.

d) As Constituições classificadas como populares ou democráticas são materializadas com o tempo,

com o arranjo e a harmonização de ideais e teorias outrora contrastantes.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

e) As Constituições semânticas possuem força normativa efetiva, regendo os processos políticos e

limitando o exercício do poder.

* PREZADOS ALUNOS, PARA MELHOR APROVEITAMENTO DA RESOLUÇÃO DE QUESTÕES


O GABARITO SEGUE EM LISTA NA PRÓXIMA PÁGINA.

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PRÉ-EDITAL AFT
DIREITO CONSTITUCIONAL – META 01

GABARITO DAS QUESTÕES

1. B

2. E

3. D

4. C

5. A

6. E

7. A

8. E

9. A

10. C

57

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