Febre de Origem Indeterminada
Febre de Origem Indeterminada
Febre de Origem Indeterminada
É classificada em: clássica, nosocomial, associada à imunossupressão (transplantados e neutropênicos), associada ao HIV e
febre recorrente ou episódica de origem indeterminada [1, 2].
I - ASSISTENCIAL
1. DIAGNÓSTICO
De forma geral, não existe fórmula ou roteiro para a realização de diagnóstico em FOI. A anamnese detalhada, com avaliação
epidemiológica (antecedente de viagens, contato com animais ou pessoas doentes, vacinação nos últimos 30 dias) e
medicamentosa, associada a exame físico minucioso e dirigido, é fundamental para a formulação de hipóteses e solicitação de
exames complementares. [6]
Define-se com a presença de febre (temperatura superior ou igual a 38,3°C) em paciente com
1.4 Definição de Febre de
sorologia positiva para HIV, que dura mais que quatro semanas sob regime ambulatorial e, no
origem indeterminada
ambiente hospitalar, a duração deve superar três dias de investigação com diagnóstico incerto,
associada ao HIV
incluindo dois dias de processamento de amostra para culturas. [1]
2. ESCORE DE RISCO
Não há escore de risco para FOI, pois dependerá da etiologia. De uma forma geral, a investigação diagnóstica pode variar entre
5 a 14 dias.
2. 1 EXAMES
Solicitação de culturas de amostras clínicas dirigidas pela suspeita clínica (sangue, urina, vias aéreas):
Escarro com cultura para aeróbios e pesquisa de BAAR), sorologias de acordo com a suspeita clínica (HIV; hepatites virais A, B e
C; citomegalovírus; mononucleose; toxoplasmose; sífilis, parvovírus B19, herpes 6, herpes 7, coxsackie A e B, etc), uso de
metodologias moleculares como a reação em cadeia da polimerase (PCR) para micobactérias em amostras respiratórias
(escarro), Metagenomica (sequenciamento), PCR ou antigenemia para CMV, testes autoimunes (pesquisa de autoanticorpos:
FAN, fator reumatoide, anti-DNA nativo, anti-RNP, anti-Ro, anti-La, ANCA).
Métodos invasivos:
Biópsia hepática (positividade do diagnóstico em 45%), se hepatoesplenomegalia ou alteração nos testes de função hepática
(especialmente, quando há aumento de fosfatase alcalina); aspirado, biópsia e cultura de medula óssea (positividade no
diagnóstico entre 25% e 34%); biópsia de linfonodo ou pele (no caso da presença de lesões); análise quimio-citológica e cultura
do líquor para aeróbios, fungos e micobactérias.
4. TRATAMENTO
Para o controle da febre, utilizam-se antipiréticos (dipirona ou paracetamol), pois o uso de agentes anti-infecciosos poderá
interferir com os resultados laboratoriais. [7, 8]
Nas situações de suporte intensivo, recomenda-se o início de esquema antimicrobiano após a coleta de culturas, direcionado
para a suspeita do foco.
Nos casos de neutropenia febril, recomenda-se o início do esquema cefepima (2g IV 8/8h), piperacilina-tazobactam (4,5g IV
6/6h) após a coleta de culturas [3, 4] ou ceftazdima 2g EV 8/8h
O esquema empírico antimicrobiano é suspenso no caso de ausência de identificação microbiológica após a investigação.
Quanto à duração do tratamento, dependerá da etiologia da FOI: infecciosa, neoplásica ou auto-imune. [5, 6]
O atraso no diagnóstico de certas doenças pode alterar o prognóstico, como é o caso das neoplasias, infecções disseminadas de
etiologia bacteriana, fúngica, parasitária e tromboembolismo pulmonar.
Pacientes com FOI sem diagnóstico etiológico, após extensiva investigação, apresentam resultado favorável, caracterizado pela
resolução do sintoma de febre após quatro ou mais semanas.
5. ALTA HOSPITALAR
• Indicador de resultado: Taxa de mortalidade da FOI - número de óbitos por FOI / número total de pacientes com
diagnóstico de FOI (CID-10: R50).
III. GLOSSÁRIO
Atualização de template
Inclusão de referências
Inclusão de exame
Revisão pela SCHI
V. Referências
[1] Babu C, McQuillan O, Kingston M. Management of pyrexia of unknown origin in HIV-positive patients. Int J STD AIDS
2009;20(6):369 - 72;
[2] Bouza E, Loeches B, Muñoz P. Fever of unknown origin in solid organ transplant recipients. Infect Dis Clin N Am
2007;21:1033-54;
[3] Cunha BA. Fever of unknown origin: clinical overview of classic and current concepts.Infect Dis Clin N Am 2007;21:867-915
[4] Cunha BA. Fever of unknown origin: focused diagnostic approach based on clinical clues from the history, physical
examination, and laboratory tests. Infect Dis Clin N Am 2007; 21:1137-87
[5] Weitzer F, Hooshmand TN, Pernthaler B, et al. Diagnostic value of F-18 FDG PET/CT in fever or inflammation of unknown
origin in a large single-center retrospective study. Sci Rep. 2022; 12: 1883
[6] Attard L., Tadolini M, De Rose DU, et al. Overview of fever of unknown origin in adult and paediatric patients. Clin Exp
Rheumatol 2018;36 Suppl 110(1):10 - 24;
[7] Koujizer IJ, Mulders-Manders CM, Blekers-Rovers CP, et al. Fever of Unknown Origin: the Value of FDG-PET/CT. Semin Nucl
Med 2018;48(2):100 - 107;
[8] Bharusha T, Cockbain B, Brown M. Pyrexia of unknown origin in clinical practice. Br J Hosp Med (Lond) 2016;77(10):579-83.