Epaminondas Alves Dos Santos
Epaminondas Alves Dos Santos
Epaminondas Alves Dos Santos
Londrina
2019
Epaminondas Alves dos Santos
Programa de Pós-Graduação
Londrina
2019
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração
Automática do Sistema de Bibliotecas da UEL
Agradeço acima de tudo a Deus que tão grandioso que me permitiu o dom da vida, da
sabedoria e que sempre guia meus passos.
Agradeço também à minha mãe, os meus irmãos e minhas filhas que estiveram sempre
ao meu lado, me incentivando e me apoiando em toda essa caminhada.
Ela sempre foi compreensiva e me deu forças em todos os momentos que tanto
necessitei. Agradeço também aos mentores e gestores do programa de mestrado do Profmat-
SBM pela oportunidade de um crescimento profissional ímpar e que, sem dúvida, gerará
ótimos resultados para a educação brasileira.
Este trabalho tem como objetivo propor no âmbito do ensino fundamental e médio a inserção
do tema matemático relacionado ao Princípio das Casas de Pombos (PCP) de Dirichlet, com
a utilização da metodologia da Resolução de Problemas. Essa inserção se mostra vantajosa,
visto se tratar de um conteúdo intuitivo e flexível, cujos conteúdos podem perpassar os vários
níveis de ensino e propiciar aplicações em diversas áreas da Matemática, tais como a Análise
Combinatória e a Teoria dos Números. No ensino fundamental o PCP pode ser utilizado
como coadjuvante na aprendizagem dos conceitos de incógnita e função, entre outros. A
opção pela metodologia da Resolução de Problemas deveu-se ao fato de acreditarmos que a
mesma propicia ao aluno um papel de protagonismo na solução de problemas, o que não
ocorre, em geral, no ensino tradicional. Os problemas propostos partem de uma reflexão
sobre os conteúdos estruturantes da educação básica, considerando não só a negligência
aos problemas de contagem e combinatória na aula de matemática, mas principalmente
no aspecto de alguns dos livros didáticos conduzirem o professor à metodologia tradicional
expositiva, com conteúdos estanques, tirando do aluno o papel de gerador de conhecimento.
O caráter instigante da metodologia da Resolução de Problemas pode trazer certas dificuldade
para aplicação, num primeiro momento, mas apresenta resultados compensadores ao final.
Nessa pesquisa apresentamos uma lista de problemas com indicações de como desenvolvê-
los em sala de aula a partir da metodologia da Resolução de Problemas e o resultado de uma
aplicação preliminar feita com 20 alunos de um curso de formação de docentes.
This work aims to propose in the context of elementary and secondary education the insertion
of the mathematical theme related to the Dirichlet’s Pigeonhole Principle, with the use of
Problems Solving methodology. This insertion shows advantageous, since it is an intuitive
and flexible content, permeating the various levels of education and providing applications
in various parts of mathematics, such as the combinatorics and the theory of numbers. In ele-
mentary school, the Pigeonhole Principle can be used as an support in learning the concepts
of functions and unknowns, among others. The option for the Problems Solving methodology
was due to the fact that we believe it provides the student with a role of protagonism in solving
problems, which does not usually occur in traditional teaching. The proposed problems
originate from a reflection on the structuring contents of basic education, considering not
only the neglect of the problem of counting and combinatorics in the mathematics class,
but mainly in the aspect of the textbook directing the Teacher to the traditional expositive
methodology, with stagnant content, taking the role of the knowledge generator from the stu-
dent. The instigating character of the problem solving methodology may bring some difficulty
for application at first, but it presents rewarding results at the end. In this research we present
a list of problems with indications of how to develop them in the classroom from the Problem
Solving methodology and the result of a preliminary application made with 20 students of a
teacher training course.
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Casas de Pombos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
6 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
12
1 Introdução
Este trabalho apresenta o Princípio das Casas dos Pombos (PCP), com vistas a enfatizar
características que o tornam particularmente útil no processo de ensino-aprendizagem em
Matemática. Também conhecido por Princípio de Dirichlet ou Princípio das Gavetas, esse
princípio tem como enunciado: “se N + 1 pombos devem ocupar N casas, pelo menos uma
das casas será ocupada por dois ou mais pombos.”
Este é um teorema do tipo existencial, ao garantir que dois elementos de certo con-
junto compartilham uma propriedade. Um exemplo em outro contexto é o que assegura a
densidade dos números racionais em R, e cuja demonstração pode ser vista em (LIMA, 1997,
p. 19):
Teorema. Dados dois números reais a e b com a < b existe sempre um número racional r tal
que a < r < b.
Esse princípio foi utilizado pelo matemático alemão Johann Peter Gustav Lejeune
Dirichlet ao resolver um problema sobre aproximações de um número irracional por uma
sequência de números racionais em 1854, aparentemente pela primeira vez (veja o Exem-
plo 3.17, Seção 3.1). Apesar de se apoiar numa ideia bastante elementar e intuitiva, o PCP
apresenta uma vasta gama de aplicações em problemas com variados níveis de complexi-
dade, além de envolver diversas áreas da Matemática tais como Lógica Matemática, Análise
Combinatória, Sequências, Geometria, Funções, entre outras.
chamada Resolução de Problemas, e não temos intenção de esgotar a discussão sobre seus
encaminhamentos no ensino do PCP, mas encorajar outros professores a fazê-lo, apontando
alguns caminhos possíveis.
O trabalho está estruturado em outros cinco capítulos com o seguinte teor: no Capítulo
2 apresentamos duas versões equivalentes do príncipio das casas dos pombos e apresenta-
mos alguns fatos da biografia de Dirichlet. No Capítulo 3 trazemos os referenciais teóricos,
discutindo sobre a formulação de problemas e as metodologias de resolução de problemas,
focando posteriormente na perspectiva de Pólya. No Capítulo 4 tratamos de demonstrar o
caráter flexível do PCP apresentando uma conjunto de problemas com soluções, classificados
entre várias áreas da Matemática, além de uma seção com sugestões de fontes de materiais
sobre o PCP para aplicações e aprofundamento. No Capítulo 5 é apresentado e discutido o
resultado de um trabalho sobre o PCP realizado com uma turma de 20 alunos de nível secun-
dário de uma escola do interior do Paraná. No Capítulo 6 apresentamos as considerações
finais e perspectivas.
14
Proposição 2.1. Seja dado um pombal com N casas e suponha que haja M pombos querendo
ocupá-las. Se M > N , então alguma casa deverá ser ocupada por mais de um pombo.
Demonstração. A prova se faz por redução ao absurdo. Suponhamos que em cada casa não
existisse mais do que um pombo, então ao contar todos os pombos contidos nas N casas
Capítulo 2. O Princípio das Casas dos Pombos 15
não teríamos mais do que N pombos, contrariando a hipótese de haver M > N pombos
distribuídos nas N casas.
Demonstração. Por absurdo, Suponhamos que em cada casa não exista mais do que k pom-
bos, então, contando todos os pombos contidos nas N casas não teremos mais do que N k
pombos, contrariando a hipótese de termos N k + 1 pombos distribuídos nas N casas.
Em seguida, seus pais decidiram transferi-lo para um colégio jesuíta em Colônia, onde
teve Georg Simon Ohm como professor. Permaneceu lá por mais quatro anos até concluir o
ensino básico. Descontente com a qualidade educacional alemã da época, aos dezesseis anos
decidiu mudar-se pra Paris para estudar no Collège de France e na Faculté des Sciences.
Nessa época ele passou a ser assíduo frequentador de palestras com notáveis mate-
máticos, tais como Fourier, Legendre, Poisson, entre outros. Em 1825, Dirichlet voltou para
a Alemanha e contribuiu para uma grande reforma do ensino, a qual fez com que esse se
transformasse num dos melhores do mundo. Em 1828 ele começa a lecionar na Faculdade
Militar de Berlim, cargo que ocupa até 1855 quando, vai pra Göttingen ocupar a posição que
ficara vaga com a morte de Gauss.
Em 1831 ele casou-se com Rebecca Mendelssohn, neta do filósofo Moses Mendelssohn
e irmã do compositor Felix Mendelsohn. As principais contribuições de Dirichlet para a
Matemática deram-se na Teoria dos Números, tendo desenvolvido uma abordagem algébrica
para essa teoria.
Teorema 2.3. Para n natural, n > 2, não existem inteiros x, y e z não nulos tais que x n +y n = z n .
Dirichlet provou esse teorema para n = 5 e algum tempo depois, para n = 14.
Definição 2.4. Sendo A e B dois conjuntos não vazios e uma relação f de A em B , essa relação
f é uma função de A em B quando a cada elemento x do conjunto A está associado um e um
só elemento y do conjunto B .
Ele a usou pela primeira vez em 1837, provocando um importante avanço no desen-
volvimento da álgebra. Naquele mesmo ano ele provou um teorema que estabelecia uma
relação entre os termos de uma certa família de progressões aritméticas e a sequência dos
números primos, o Teorema de Dirichlet:
Outro importante resultado obtido por Dirichlet foi o teorema da aproximação racio-
nal de um número real.
Teorema 2.7. Se α um número irracional, então existem infinitos números racionais r = p/q
1
tais que |α − r | < q2
.
Consta-se que, ao provar esse teorema, Dirichlet lançou mão pela primeira vez do
Princípio das Casas de Pombos. Uma demonstração desse teorema é dada no Exemplo 3.17
na Seção 3.2 desse trabalho.
Dirichlet faleceu em Göttingen em 1859 aos 53 anos e sua obra foi compilada e
publicada após a sua morte em 1863 juntamente com outros trabalhos em teoria dos números
pelo matemático e colega Richard Dedekind sob o título de “Aulas sobre Teoria dos Números”.
No próximo capítulo vamos iniciar uma análise mais crítica e aprofundada sobre
a metodologia da Resolução de Problemas discorrendo sobre o contexto histórico da sua
origem e suas características para, em seguida, demonstrar que ela pode ser uma opção viável
de se trabalhar o tema do Princípio das Casas de Pombos.
18
3 Referenciais Teóricos
convencionais
Um exemplo de problema tradicional pode ser dado quando, em uma aula, após
definir a média aritmética de n números, demonstrar a sua fórmula e ilustrar com um exemplo
de aplicação, o professor propõe o seguinte problema: “Calcule a média aritmética dos
números 5, 4, 2 e 1”. Nessa situação, o professor espera que o aluno se lembre da fórmula
matemática e do exemplo dado, faça a substituição dos valores nessa fórmula e efetue os
cálculos, chegando assim, à solução desejada, ou seja, M a = 5+4+2+1
4 = 12
4 = 3.
Exercícios como esse podem não auxiliar que o aluno refleta sobre o significado de
média aritmética. Não possibilitando a reflexão de que esse conteúdo matemático pode ser
aplicado em situações do cotidiano, mas o transforma num mero processo de memorização
de fórmulas e cálculos mecanizados sem sentido.
O mesmo exemplo da média aritmética pode ser explorado pelo professor de outra
maneira. Se em determinada aula o professor traz doze balas, escolhe quatro alunos e dá
cinco balas para o primeiro, quatro para o segundo, duas para o terceiro e uma para o quarto.
Então ele em seguida pode propor as seguintes questões à turma:
2. De que forma essa distribuição pode ser refeita levando em consideração a igualdade
de condição dos contemplados?
3. Que operações terão que ser efetuadas para “desfazer” essa distribuição e fazer outra
mais justa?
4. Nesse caso quantas balas cada um dos quatro alunos deverá receber?
5. É possível transferir a ideia desse problema para outras situações? Cite alguns exemplos.
Ao final, um leque de conceitos mais amplo terá sido abordado, com o esforço de
cálculo semelhante. Por exemplo, espera-se que a operação de subtração seja utilizada no
item 3, e ainda há conceitos intuitivos que associam justiça à média aritmética.
Capítulo 3. Referenciais Teóricos 20
Uma vez escolhido o tipo de problema adequado para cada nível de ensino e a me-
todologia a ser adotada, o professor deve ter em mente quais os objetivos que precisam ser
alcançados nas atividades propostas. Dante (1991) apresenta sete objetivos que considera
importantes ao ensinar por meio da Resolução de Problemas:
Nas últimas décadas, inúmeros pesquisadores têm contribuído no campo das metodo-
logias para a prática do ensino da Matemática, entre as quais podemos destacar a Modelagem
Matemática, a Etnomatemática, a Resolução de Problemas, a Investigação Matemática, o
uso das Novas Tecnologias e da História da Matemática no contexto da aula de Matemática,
também citadas em Paraná (2018) que dá diretrizes para o ensino da Matemática na educação
básica do Paraná.
Capítulo 3. Referenciais Teóricos 21
Podemos perceber aqui um olhar crítico aos problemas convencionais que, de forma
exagerada, enfatizam o uso mecanizado de algoritmos e as fórmulas de resolução, em detri-
mento do “pensar” matemático. Em geral, problemas elaborados dentro dessa concepção são
do tipo “lista de exercícios” e “siga o modelo”, que servem apenas para fixação de algoritmos.
O livro de Pólya (1977) pode ser considerado seminal neste contexto. Partindo do con-
ceito grego de heurística, associado ao seu trabalho matemático, denominou a metodologia
de resolução de problemas de “a arte da descoberta”.
Para Pólya (1977, p. 88), “o raciocínio heurístico não é o raciocínio final e rigoroso,
mas um raciocínio provisório e plausível cujo objetivo é o de descobrir a solução do problema
que se apresenta pois, às vezes, antes de ter a certeza sobre uma solução, faz-se suposições”.
A última frase dessa citação deixa claro o papel delicado do professor ao se optar
por essa metodologia. Para Pólya (1977), a resolução de problemas deve ser pautada num
processo investigativo que enfatize a importância de levar o aluno a “pensar” pois, segundo
ele, esse é princípio mais importante da aprendizagem em Matemática. Insiste também que
Capítulo 3. Referenciais Teóricos 23
se tome cuidado para que esse processo não seja transformado num método que induza em
“o que pensar” ou “o que fazer”.
No final dos anos 1990 foram publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
que já refletiam essa mudança de mentalidade quanto aos rumos indicados pelas pesquisas
no movimento da Educação Matemática. Dentre outras diretrizes, esses documentos, corro-
borados por documentos seguintes, tais como os PCN de 2002 e as Orientações Curriculares
de 2006, enfatizam a adoção da Resolução de Problemas no ensino de Matemática no Brasil.
Para finalizar este capítulo, apresentamos razões que justificam o ensino do Princípio
das Casas de Pombos no ensino fundamental e médio.
Capítulo 3. Referenciais Teóricos 24
Acreditamos que o PCP, dada a sua versatilidade de aplicações (veja a Seção 3.2),
quando trabalhado de forma adequada, por meio da Resolução de Problemas, pode favo-
recer o exercício da habilidade da transferência e da generalização e também propiciar a
contextualização e a interdisciplinaridade.
1
Pode-se introduzir um debate com a pergunta: “Simples para quem?” A resposta à esta pergunta, no presente
trabalho é: para quem se interessa pelo enunciado e se habitua a ele.
Capítulo 3. Referenciais Teóricos 25
Por outro lado, dada a sua peculiar caracterização, em geral, o PCP tem sido deixado
de lado quando da escolha do currículo para o ensino fundamental e médio, como preconiza
(COSTA, 2013, p. 11):
O PCP tem relações com muitos ramos da Matemática tais como Lógica Matemática,
Teoria dos Números, Combinatória, Álgebra, Geometrias (Plana, Espacial e Analítica), Aritmé-
tica e Funções, entre outros. Com esta vasta gama de aplicações, que serão exemplificadas na
Seção 3.2, esse trabalho pretende demonstrar que o PCP possui as características expostas no
início da citação anterior.
Na sua obra original “How to solve it?”, de 1945, traduzida no Brasil em 1977, o in-
fluente matemático húngaro Pólya propôs um método de resolver problemas baseado em
heurística, decompondo-o em quatro estágios, com o professor induzindo os alunos através
de indagações adaptadas a estes, tentando direcionar o raciocínio matemático dos mesmos
na busca de uma solução do problema. A palavra heurística tem origem grega. O dicionário
Novo Aurélio Século XXI traz, entre outras significações:
Pólya utilizava essa técnica em suas aulas, tendo como base os seguintes princípios:
• Se não puder encontrar a solução, tente fazer um mecanismo inverso para tentar chegar
à solução (engenharia reversa);
• Se o problema for abstrato, tente propor o mesmo problema num exemplo concreto;
Capítulo 3. Referenciais Teóricos 26
• Tente abordar primeiro um problema de maneira mais geral, para depois adentrar no
específico.
Um exemplo mais recente de utilização do método pode ser encontrado em Tao (2013)
em cujo primeiro capítulo o autor expõe uma perspectiva pessoal de como utilizar o método
heurístico na resolução de problemas.
Dentre outras características, esse autor destaca como um primeiro e decisivo passo
na resolução de um problema a percepção de que tipo de problema se está enfrentando. Para
Tao:
Segundo ele, a classificação do tipo de problema já pode dar pistas de como “atacá-lo”,
evitando-se assim algumas abordagens infrutíferas na tentativa da solução.
1. Compreender o problema
Analisar o problema detalhadamente até encontrar, com precisão, quais são os dados e
a sua condição. Nessa fase tenta-se perceber o que é necessário, isto é, trabalhar para o
fim que se deseja, ou ainda, determinar:
2. Conceber um plano
3. Executar o plano
Verificar o resultado por outros caminhos e efetuar uma revisão crítica do trabalho
realizado.
1. Compreender o problema:
2. Conceber um plano:
Esse é o momento de efetivar todas as estratégias e cálculos planejados. Aqui, faz muita
diferença o conhecimento prévio do aluno ou do grupo em relação aos conhecimentos
de outras áreas da Matemática que darão suporte aos cálculos.
3. Executar o plano:
plos
Sabemos que o nosso aluno do ensino regular não está habituado, em geral, a resolver
problemas que exijam uma demonstração lógica de resultado, ou seja, do tipo “prove que ...”
ou “demonstre que ...”. Por isso é necessário que o professor faça uma preparação no sentido
de provê-lo de conhecimentos básicos de lógica matemática para tal. No caso do PCP, faz-se
necessário instruir sobre a noção de encadeamento ou implicações lógicas, ou seja, para se
provar um resultado envolvendo o PCP, basta mostrar que se as variáveis (pombos e casas)
satisfazem as condições necessárias ao princípio, ou seja, que o número de pombos é maior
que o número de casas, então, pelas regras da lógica matemática, o resultado segue.
Outra dificuldade para alguns problemas envolvendo o PCP, está em identificar, quais
variáveis farão o papel dos “pombos” e quais farão o papel das “casas”. Uma regra geral que
pode auxiliar na identificação desses elementos é a observação de que o PCP tem como
objetivo provar que haja dois ou mais pombos em uma mesma casa.
Assim, cabe ao aluno observar no enunciado do problema a que variáveis está atrelada
a condição “... garantir que haja dois ou mais ...” pois essa variável fará o papel dos “pombos”
na aplicação do princípio. A partir daí, estipular o maior valor que a outra variável “casas”
deve assumir para que se garanta as condicionantes do PCP.
No caso das aplicações em geometria, certas variáveis não ficam explícitas no texto
cabendo ao professor, de modo cuidadoso, auxiliar os alunos por meio de indagações a
perceber de forma analógica que distribuir os pontos no interior de uma figura corresponde,
no PCP, a distribuir os pombos nas casas. Logo, eles perceberão que os pontos fazem o papel
dos “pombos” e as “casas” deverão ser as divisões da figura. Cabe então ao aluno, determinar
o número de partes em que a figura deve ser dividida e como deverá dividi-la para que as
áreas sejam iguais. Na sequência, basta estipular a maior distância entre dois pontos em
qualquer dessas partes (por meio de conhecimentos geométricos) e verificar se satisfazem a
condição exigida no problema. Veja os Exemplos 3.1, 3.3 e 3.5 desta seção.
Mas sem dúvidas a maior dificuldade seria de conhecer o PCP e tentar adaptar sua apli-
cação. Esta dificuldade se reduz na medida em que mais professores e estudantes conhecem
o PCP e resolvem problemas envolvendo o mesmo.
Apesar dos conteúdos envolvidos nos problemas da próxima seção serem, na sua
Capítulo 4. Coletânea de Problemas e Sugestão de Encaminhamento em Sala de Aula 32
maioria, pertinentes ao currículo do ensino médio, a maior parte dos exemplos apresentam
um nível de dificuldade de resolução que os tornam pouco produtivos de se aplicar nesse
nível de ensino. As exceções são os que envolvem o tópico Geometria, casos dos Exemplos
4.1, 4.3 e 4.5. Os demais são indicados para o ensino superior ou para aprofundamento por
parte do professor. Para utilização como material de apoio no ensino fundamental e médio,
recomendamos o Problema 1 da Seção 3.3, os Problemas 2, 3 e 4 da Seção 4.2 e as listas de
Problemas apresentadas no Trabalho 1 e Trabalho 2 do Capítulo 5.
Nesta seção do texto trazemos exemplos para ilustrar uma das mais importantes
características do PCP que é a sua flexibilidade e capacidade de interação com diferentes
áreas da matemática abrangendo vários níveis de ensino. Os exemplos foram extraídos e
adaptados de Oliveira e Fernàndez (2010).
Geometria Plana
Exemplo 4.1. Prove que entre quaisquer 5 pontos escolhidos dentro de um triângulo equilátero
1
de lado 1 sempre existe um par deles cuja distância não é maior que .
2
Solução: Vamos estabelecer uma enumeração arbitrária P 1 , P 2 , P 3 , ..., P 25 para os pontos. Seja
C 1 um círculo de raio 1 com centro em P 1 . Se os próximos 12 pontos do conjunto pertencerem
a C 1 , o problema está resolvido. Caso contrário, existe um índice i , 1 < i ≤ 13, tal que P i ∉ C 1 .
Seja C 2 um círculo de raio 1 com centro em P i .
Exemplo 4.3. No interior da região delimitada por um triângulo equilátero de lado 4 são
marcados 10 pontos. Obtenha uma estimativa para a menor distância entre pares de pontos.
Solução: A menor distância entre dois pontos é zero, quando dois deles coincidem. A questão
é avaliar o máximo que eles podem estar afastados. Podemos dividir o triângulo dado em 9
triângulos equiláteros e congruentes de lado medindo 43 , conforme mostra a Figura 5.
Exemplo 4.4. Um disco fechado de raio 1 contém 7 pontos, tais que as distâncias entre quais-
quer dois deles é maior ou igual a 1. Prove que o centro do disco é um desses pontos.
Capítulo 4. Coletânea de Problemas e Sugestão de Encaminhamento em Sala de Aula 34
Exemplo 4.5. Na região delimitada por um retângulo de largura quatro e altura três são
marcados sete pontos. Prove que existe ao menos um par desses pontos tal que a distância entre
p
eles não é maior que 5.
Solução: Dividimos o retângulo dado em seis retângulos congruentes de largura dois e altura
um, conforme mostra a Figura 7.
Usando o PCP, pondo os sete pontos como os (pombos) e os seis retângulos como as
(casas), temos que algum dos retângulos conterá dois pontos. Note que a maior distância
entre dois pontos em um retângulo corresponde à medida da sua diagonal. Sendo d a medida
p
da diagonal desse retângulo e d 2 = 12 + 22 = 5 ⇒ d = 5. Com isto, concluímos que existem
p
dois pontos cuja distância não é maior que 5.
Capítulo 4. Coletânea de Problemas e Sugestão de Encaminhamento em Sala de Aula 35
Sequências
Exemplo 4.6. Um certo livreiro vende pelo menos um livro por dia. Sabendo que o livreiro ven-
deu 463 livros durante 305 dias consecutivos, mostre que em algum período de dias consecutivos
o livreiro vendeu exatamente 144 livros.
Além disso, S 305 = 463. Note que o número de livros vendidos do dia p +1 até o dia q, inclusive,
é dado por S q − S p . Queremos demonstrar que é possível determinar p e q tais que S q − S p =
144.
Pelo PCP, como os elementos da sequência (pombos) são em maior número que o conjunto
A (casas), pelo menos dois dos números da sequência são iguais. Como S 1 < S 2 < ... < S 305 , os
números iguais devem estar em metades diferentes da sequência, ou seja, existem p e q tais
que
S q = S p + 144 ⇒ S q − S p = 144
Com isso, provamos que o livreiro vendeu exatamente 144 livros entre os dias p + 1 e q,
inclusive.
Exemplo 4.7. Em relação ao exemplo anterior, para quais valores de i é possível encontrar um
período de dias consecutivos em que o livreiro tenha vendido exatamente i livros?
Capítulo 4. Coletânea de Problemas e Sugestão de Encaminhamento em Sala de Aula 36
Solução: Para poder aplicar o mesmo raciocínio do problema anterior, devemos ter S 305 + i <
610. Com isto, i < 610 − 463 = 147. Assim, i ≤ 146.
Por outro lado, aumentando o número de dias de observação das vendas do livreiro,
contanto que em cada dia ele venda pelo menos um livro, esta cota superior aumenta.
Combinatória
Exemplo 4.8. Considere o conjunto de pontos no plano com coordenadas inteiras, chamado
reticulado. Suponha que cada ponto do reticulado plano é pintado de vermelho ou azul. Mostre
que necessariamente existe algum retângulo com vértices no reticulado todos da mesma cor.
Solução: Considere os pontos do reticulado de coordenadas (k, 1), (k, 2), (k, 3), k = 1, 2, · · · . As
cores destes pontos podem ter uma de oito combinações: VVV, VVA, VAV, AVV, AAA, AAV, AVA,
VAA, em que V denota a cor vermelha e A a cor azul.
Agora, podemos usar o PCP para concluir que uma destas disposições se repete para
k = k 1 e k = k 2 . Em qualquer que seja a disposição que se repita, poderemos selecionar 4
pontos que formem um retângulo e tenham a mesma cor. A Figura 8 ilustra uma dessas
possibilidades.
Aritmética
Exemplo 4.9. O conjunto dos dígitos {1, 2, . . . , 9} é dividido em três grupos. Prove que o produto
dos números de algum dos grupos deve ser maior que 71.
Como 71 é primo e não figura entre os dígitos, nenhum dos produtos é igual a 71.
Capítulo 4. Coletânea de Problemas e Sugestão de Encaminhamento em Sala de Aula 37
Vamos usar a letra M pra simbolizar um produto maior que 71 e m para um produto
menor que 71. Se valesse P i ≤ m, i = 1, 2, 3, então P 1 · P 2 · P 3 ≤ m 3 < 713 = 357911 < 9!, o que
prova, por absurdo, que pelo menos um dos produtos é maior do que 71.
Neste raciocínio, o argumento tem duas casas m, M e três pombos, mas foi preciso o
cálculo para ver que cada uma das casas precisa ser ocupada.
Outro argumento que resolve o problema é usando a desigualdade entre média arit-
mética, média geométrica e média harmônica.
P1 + P2 + P3 p
3 3 3 × 36 × 70
> 722 × 70 > 21
=
3 + 70
72
106
35 × 3 105 1 36
= 36 × = 36 × = 36 × (2 − ) = 72 − > 71 .
53 53 53 53
Exemplo 4.10. Prove que se N é ímpar então para qualquer bijeção p : I N −→ I N do conjunto
I N = {1, 2, ..., N } o produto P (p) = (1 − p(1))(2 − p(2))...(N − p(N )) é necessariamente par.
N +1 N −1
Solução: Note que em I N temos 2
elementos ímpares e 2
elementos pares, ou seja, há
um elemento ímpar a mais do que os pares em I N .
Para que P (p) fosse ímpar, i − p(i ) deveria ser ímpar para cada i ∈ I N . Considere o
subconjunto dos números ímpares do domínio como os pombos e o subconjunto dos número
pares do contradomínio como as casas. Pelo PCP, deveríamos ter dois elementos ímpares do
domínio com a mesma imagem par, mas como a função p é injetiva, isso não pode ocorrer,
ou seja, para algum número ímpar 2 j + 1 ∈ I N , p(2 j + 1) também é ímpar. Consequentemente
a diferença 2 j + 1 − p(2 j + 1) é par. Dessa forma, teremos P (p) par já que teríamos um fator
par no produto.
Exemplo 4.11. Mostre que entre nove números que não possuem divisores primos maiores que
cinco, existem dois cujo produto é um quadrado.
Solução: Seja {N1 , N2 , N3 , ..., N9 } um conjunto com 9 números cujas decomposições apresen-
tam apenas os fatores 2, 3 e 5. Assim, para todo i , 1 ≤ i ≤ 9, Ni tem a forma 2xi · 3 y i · 5zi , em
que x i , y i e z i são inteiros não negativos.
Exemplo 4.12. Prove que existem duas potências de 3 cuja diferença é divisível por 1997.
Assim, a diferença entre essas duas potências é um número divisível por 1997, como
queríamos provar.
Solução: Note que o conjunto A possui 5 elementos ímpares e 5 elementos pares. Então
podemos escrever A como a união disjunta dos conjuntos I = {1, 3, 5, 7, 9}, os números ímpares,
e P = {2, 4, 6, 8, 10}, números pares. Seja A 0 = {a 1 , a 2 , ..., a 6 } um subconjunto qualquer de A
com 6 elementos. Agora, suponha que os elementos de A 0 sejam escolhidos de I , temos, pelo
PCP, que um número ímpar seria escolhido duas vezes. Absurdo! Logo, um dos elementos de
A 0 é par. Pelo mesmo argumento, vemos que A 0 necessariamente contém um número ímpar.
Assim, a soma desses dois elementos, um par e um ímpar, resulta numa soma ímpar como
queríamos provar.
Exemplo 4.14. Do conjunto A = {1, 2, ..., 99, 100} escolhemos 51 números. Demonstre que, entre
os 51 números escolhidos, existem dois tais que um é múltiplo do outro.
Solução: Note inicialmente que qualquer número do conjunto A pode ser posto na forma 2n q,
com n inteiro não negativo e q ímpar. Assim, usando o PCP, pondo os 51 números escolhidos
como os pombos e os 50 números ímpares 1, 3, 5, ..., 99 do conjunto A como as casas, temos
que, entre os números escolhidos, há dois cujo fator ímpar (q) de suas representações se
repete. Sejam n 1 = 2m q e n 2 = 2n q, com m < n, os números escolhidos em que isso ocorre.
Como o 2m divide 2n , e q é fator comum, temos que n 1 divide n 2 , ou seja, n 2 é múltiplo de n 1 ,
como queríamos provar.
Geometria Analítica
Exemplo 4.15. Seja C um conjunto formado por cinco pontos de coordenadas inteiras no
plano. Prove que o ponto médio de algum dos segmentos com extremos em C tem também
coordenadas inteiras.
Capítulo 4. Coletânea de Problemas e Sugestão de Encaminhamento em Sala de Aula 39
Análise
Exemplo 4.16. Seja x um número real arbitrário. Prove que entre os números
existe um tal que sua diferença com um certo número inteiro é menor que 0,011.
Solução: A parte fracionária de um número z ∈ R é denotada por 0 ≤ {z} < 1. A parte inteira
de z, denotada por [z], é o menor inteiro k tal que k ≤ z < k + 1. Por definição, z = [z] + {z}.
Exemplo 4.17. Seja a um número irracional. Prove que existem infinitos números racionais
r = p/q tais que |a − r | < 1/q 2 .
Como já foi visto na apresentação do PCP, na Seção 1.3, a definição de função so-
brejetora, no caso em que o número de elementos do domínio é maior que o número de
elementos do contradomínio, pode ser usada também como definição do PCP. Mas, um
excelente exercício do PCP é a prova da recíproca dessa afirmação, como veremos a seguir,
mostrando a equivalência entre as duas definições.
Exemplo 4.18. Se A e B são dois conjuntos não vazios com o número de elementos de A
maior que o número de elementos de B e f uma função sobrejetora de A em B . Mostre que se
colocarmos os elementos de A como os “pombos” e os elementos de B como as “casas”, vale a
conclusão do PCP, ou seja, haverá pelo menos uma casa com mais de um pombo.
Problema 4. Doze pessoas lançam dois dados. Então duas destas pessoas obtiveram
a mesma soma. Explique.
Na próxima seção vamos apresentar e posteriormente fazer uma breve análise sobre
dois trabalhos escolhidos de forma aleatória dentre os que foram realizados em uma atividade
sobre o PCP com alunos de nível secundário.
42
bos
O trabalho apresentado a seguir é um exemplo de uma atividade sobre o PCP que foi
realizada com uma turma de 20 alunos do quarto ano do curso de formação de docentes do
período noturno em um colégio estadual do interior do Paraná. O objetivo principal dessa
atividade foi a familiarização dos alunos com o PCP, buscando mostrar a possibilidade de
aplicações em diversas situações do cotidiano.
Para essa atividade foi proposto que cada grupo fizesse uma pesquisa e apresentasse
uma lista de exercícios resolvidos sobre o PCP, levando-se em conta algumas das indagações
presentes no trabalho de Pólya (1977) principalmente as que se referem às variáveis envolvidas
(pombos) e (casas), a relação entre as variáveis e a condição de validade do PCP.
Reporta-se aqui dois dos trabalhos apresentados nessa ocasião. Visando preservar
a privacidade dos alunos envolvidos, excluímos a capa do trabalho apresentado. Para esse
trabalho a turma foi dividida em grupos de quatro ou cinco alunos. Cada um desses grupos
deveria formular, resolver e apresentar um trabalho manuscrito composto de seis problemas
envolvendo o PCP. Os problemas deveriam contemplar as versões simples e geral do PCP e a
metodologia da Resolução de Problemas. As indagações que deveriam ser consideradas na
resolução de cada um dos problemas eram as seguintes:
• Qual dessas variáveis faría o papel dos pombos? E qual faría o papel das casas?
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TRABALHO DO GRUPO 2
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Capítulo 5. Familiarizando os Alunos com Problemas e Soluções pelo Princípio das Casas de Pombos 50
A exigência de que os trabalhos fossem manuscritos foi motivada pela ideia de manter
os alunos numa relação mais próxima dos problemas, buscando evitar que se fizessem
simples cópias de textos da internet ou afins. De modo geral, a autenticidade das resoluções
pode ser constatada pela sutileza dos erros conceituais e de concordância em alguns dos
textos.
Nota-se também uma disparidade na forma de se aplicar o PCP. Alguns alunos são
mais objetivos na aplicação do princípio, muitas vezes até omitindo a desigualdade essencial
à conclusão, enquanto outros são até repetitivos. Percebe-se também alguma predileção em
relação à representação pictórica de algumas soluções.
Esses são alguns exemplos de observações que podem ser feitas em trabalhos desse
tipo e que podem ser usadas pedagogicamente, pelo professor, para promover a compreensão
de conceitos matemáticos e subsidiar o processo avaliativo.
51
6 Considerações Finais
tante tema matemático, podendo levar os alunos a melhor compreender vários conceitos, tais
como as propriedades de funções, e problemas de aproximação em geometria, entre outros.
53
Referências
BRASIL. MEC. Orientações Educacionais Complementares aos PCN. Brasília, DF, 2002.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza.pdf>. Acesso
em: 14 ago. 2019.
BRASIL. MEC. Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília, DF, 2006. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_02_internet.pdf>. Acesso em: 14
ago. 2019.
COSTA, A. L. B. da. O Ensino do Princípio das Casas dos Pombos no Ensino Básico. Dissertação
(Mestrado) — Profmat - SBM, 2013.
FERREIRA, A. B. de H. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. [S.l.]:
Nova Fronteira, 1999.
LIMA, E. L. et al. A Matemática do Ensino Médio Vol. 4: Enunciados e soluções dos exercícios.
Rio de Janeiro: SBM, 2007. (Coleção do Professor de Matemática, v. 4).
LIMA, H. L. Análise Real. 3. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 1997. (Coleção Matemática Universitária,
v. 1).
SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I. Ler, Escrever e Resolver Problemas: Habilidades básicas para
aprender matemática. Porto Alegre: Artmed, 2001. ISBN 978-85-7307-761-2.
TAO, T. Como Resolver Problemas Matemáticos: Uma perspectiva pessoal. Rio de Janeiro:
SBM, 2013. (Coleção do Professor de Matemática).