O documento discute dois textos que analisam a América Latina sob a ótica do biopoder e da globalização. Os autores descrevem como os Estados Unidos influenciaram políticas nos países latino-americanos e como o neoliberalismo afetou a região. O segundo texto debate a centralidade do Brasil no cenário global e propõe alternativas ao desenvolvimento como mobilização de políticas sociais.
O documento discute dois textos que analisam a América Latina sob a ótica do biopoder e da globalização. Os autores descrevem como os Estados Unidos influenciaram políticas nos países latino-americanos e como o neoliberalismo afetou a região. O segundo texto debate a centralidade do Brasil no cenário global e propõe alternativas ao desenvolvimento como mobilização de políticas sociais.
O documento discute dois textos que analisam a América Latina sob a ótica do biopoder e da globalização. Os autores descrevem como os Estados Unidos influenciaram políticas nos países latino-americanos e como o neoliberalismo afetou a região. O segundo texto debate a centralidade do Brasil no cenário global e propõe alternativas ao desenvolvimento como mobilização de políticas sociais.
O documento discute dois textos que analisam a América Latina sob a ótica do biopoder e da globalização. Os autores descrevem como os Estados Unidos influenciaram políticas nos países latino-americanos e como o neoliberalismo afetou a região. O segundo texto debate a centralidade do Brasil no cenário global e propõe alternativas ao desenvolvimento como mobilização de políticas sociais.
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SOCIOLOGIA
SEMINÁRIO E DEBATE DE TEXTO
Disciplina: Sujeito, desenvolvimento e políticas de proteção social
Prof. Responsável: Ricardo Luiz Sapia de Campos
autores & obras . EGRI, A.COCCO. G. Biopoder e Luta numa América Latina globalizada. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 29 – 112
. COCCO, G. Os impasses das velhas categorias: o exemplo do debate sobre
política social, In MundoBraz: o devir mundo do Brasil e o devir Brasil do Mundo, Rio de Janeiro: Record, 2009. pp. 93-110 Na obra Biopoder e luta numa América Latina globalizada são três os países analisados: Argentina, Brasil e México, os quais, segundo os autores, registram uma influência dos Estados Unidos. Em função da exploração das matérias-primas e do mercado consumidor desses países, houve inúmeros traços de intervenções políticas dos governos estadunidenses na administração local. Fica evidente que após a colonização “a nação transforma-se em uma herança, não uma conquista, uma etapa de uma linha contínua e não uma ruptura radical: o passado sobre determina o presente” (NEGRI; COCCO, 2005, p. 43). Os autores apresentam as ditaduras e as promessas de um milagre econômico sob as rédeas de um biopoder que elimina as liberdades democráticas. Dessa forma o projeto desenvolvimentista é desnudado como crescimento sem democracia, riqueza sem igualdade e produção econômica sem direitos. O resultado é claro para os autores: ditadura política utilizando seus instrumentos: prisões, torturas e outros tipos de ataques. culminando na hiperinflação e, em seguida, o neoliberalismo: como alternativa apresentada pelo biopoder como forma de manter o obstáculo à democracia. Na década de 80, após a democratização os países latino-americanos novamente se vêem diante de problemas parecidos, dentre eles a dívida externa. Com o crescimento da dependência internacional há também o aumento das desigualdades sociais. Surgindo como soluções nada novas as medidas neoliberais propostas pelo Consenso de Washington – com a abertura de mercado e privatizações.
Todavia, o fracasso do passado inspira a esperança no presente. A construção atual da
democracia se torna possível, segundo Cocco & Negri. Em suma, é possível compreender, que devemos nos ater a corrigir os rumos, pois a desigualdade é uma constante em nossos territórios. A democracia construída depende de uma integração, agindo de baixo para cima, seja se tratando de cidades ou das ditas classes sociais, é preciso a convergência das forças em torno de valores comuns, como a educação, a segurança e soluções para os problemas urbanos. No livro O devir-mundo do Brasil e o devir-Brasil do mundo o autor procura estabelecer prós e contras da centralidade do Brasil na globalização e discute diretamente os rótulos neoliberais que rondam o país. o texto permite mapear horizontes e dificuldades enfrentadas pelo país frente ao mundo e à tão falada globalização para, a partir daí , moldar possíveis soluções para os problemas decorrentes de sua posição no cenário internacional. Essa obra dialoga aprofundundando e desenvolvendo algumas reflexões feitas com Negri sobre a Globalização e a América Latina (obra anterior) Em MundoBraz a proposta é pensar o mundo, o império, o trabalho, a partir de um ponto de vista brasileiro. Para isso o autor dialoga com a antropologia de Eduardo Viveiros de Castro. A relação entre o Brasil e o mundo é uma velha história que ainda segue mal contada. Ela diz respeito à própria constituição da economia-mundo pela colonização européia do novo mundo. A centralidade do Brasil é dupla, positiva e negativa, e, mesmo quando é positiva, acontece pelo avesso do que afirmam os regimes de discurso hegemônicos (sejam eles conservadores ou progressistas). O autor nos mostra que a inovação não está na construção da soberania, mas no governo da interdependência (o G20, os Brics — acrônimo para Brasil, Rússia, Índia e China). Também em termos de desenvolvimento, a novidade não está na homogeneidade social proporcionada pelo crescimento industrial, mas na mobilização pela política social das condições de desenvolvimento, de um outro tipo possível de desenvolvimento. O devir-Brasil do mundo está nessas dinâmicas, na “autonomia-em-rede” de sua política externa, na política social tendo como exemplo (o Bolsa-família e as reservas indígenas) como base de um desenvolvimento democrático, na política cultural (os pontos de cultura e políticas de cotas para pobres e para negros) como base de uma política da diferença. O devir-Brasil não é soberano, nem identitário e ainda menos nacional. Por isso, o devir-Brasil do mundo é ao mesmo tempo um devir-mundo do Brasil: uma desconstrução do Brasil, como diria o Eduardo Viveiros de Castro. O autor cunha o termo Brasilianização sendo este o lado negativo dessa centralidade. É o Brasil do latifúndio, da monocultura de soja ou da pecuária extensiva, da mega barragem de Belo Monte, da violência metropolitana, da desigualdade. Enfim, é o Brasil do Morro do Bumba, para lembrar uma tragédia recente. O campo de concentração dos pobres se transforma em algo como um campo de extermínio; as vitimas (os pobres) são responsabilizadas pelos governantes e pela mídia por suas próprias mortes, como se as merecessem. A prefeitura do Rio de Janeiro, a mídia do Rio de Janeiro são atores fundamentais da brasilianização como política contra os pobres, pela remoção dos pobres. De maneira escandalosa, transferem suas responsabilidades para as vítimas e criminalizam o pouco que foi feito. Por outro lado, Mundobraz é tudo que desloca isso para outra noção de tempo: não mais a cronologia do crescimento que nos levaria do subdesenvolvimento ao desenvolvimento, mas o devir como transformação da noção de desenvolvimento: não mais remover as favelas (como pensam os reacionários e os progressistas neste momento no Rio de Janeiro), mas nelas encontrar (e reconhecer) a potência da vida, a potência dos pobres. O Brasil não precisa se tornar igual aos países desenvolvidos, não precisa passar por um neo-desenvolvimentismo, que necessariamente implica um nacionalismo que esvaziaria a riqueza de sua política externa, por um industrialismo que acabaria com o meio ambiente e não resolveria as questões do emprego, por um identitarismo que destruiria a criatividade de suas diferenças: de uma multidão composta por índios, negros, mestiços, pobres e tantos outros. O autor nos adverte para o cuidado com os rótulos neoliberais. O problema desses rótulos é que eles alimentam aqueles especulares que assim pensam que, para responder a essa globalização, é preciso reconstruir uma soberania, uma identidade e uma separação: nos termos que as novas extremas direitas europeias fazem para discriminar os migrantes internacionais.
A globalização é um processo aberto, é nele que devemos lutar para construir
novas alternativas, por exemplo, entre “brasilianização" do mundo e devir-Brasil do Mundo. A América do Sul e o Brasil anteciparam a crise de valores do neoliberalismo que agora se transformou em crise da bolsa de valores. Mas não temos outro modelo. A crise está aberta, ela pode ser uma perspectiva de construção, de invenção de outros valores.