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DOI: 10.26823/RevistadoNUFEN.vol10.

n02ensaio39 144

LIMITES NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES SOB


UMA PERSPECTIVA GESTÁLTICA

Limits on the education of children: challenges and possibilities from a gestalt


perspective

Límites en la educación de los niños: desafíos y posibilidades desde una perspectiva


gestáltica

Fabíola Mansur Polito Gaspar


Universidade Federal de Santa Catarina

Elise Haas de Abreu


Clínica e Escola de Psicoterapia

RESUMO

A partir de uma roda de conversa informal entre pais de uma turma de crianças
do quinto ano do Ensino Fundamental, percebeu-se que lidar com os limites e
frustrações na relação com seus filhos é um tema desafiador e angustiante. O
objetivo deste ensaio é ampliar as possibilidades de reflexão e manejo na
relação entre pais e filhos, com vistas a um desenvolvimento emocional e
relacional saudável. A metodologia utilizada é a revisão narrativa - pesquisa
bibliográfica - fundamentada teoricamente nos principais conceitos da Gestalt
Terapia sobre o desenvolvimento humano. Apresentamos alguns exemplos de
experiências para articular a compreensão teórica com orientações de apoio aos
pais e responsáveis pela educação de crianças. Como resultado, destacamos a
importância de respeitar as crianças em suas necessidades genuínas de
acolhimento e também de apoiar o seu aprendizado em lidar com os limites e
frustrações como aspectos imprescindíveis ao seu desenvolvimento saudável.
Palavras-chave: Limites; Educação; Crianças; Gestalt Terapia.

ABSTRACT

An informal chatting circle of fifth grade elementary school children's parents


has shown that coping with limits and frustations in the relationship with their
children can be a challenging and distressing matter. This review aims at
expanding the prospects of how to think about and deal with the parents-
children relationship, looking towards a healthy emotional and relational growth.
The methodology used is the narrative review – a bibliographic research –
based on Gestalt Therapy's main concepts about human development. We
present some experiences to better concatenate the theoretical framework with
supportive guidance to the parents, or those responsible for the children's
upbringing. As a result, the importance of respecting children in their genuine
reception needs and helping them learn to cope with limits and frustrations are
highlighted as essential aspects in their development.

Keywords: Limits; Education; Children; Gestalt Therapy.

Rev. Nufen: Phenom. Interd. | Belém, 10(2), 144-164, mai. – ago., 2018.
DOI: 10.26823/RevistadoNUFEN.vol10.n02ensaio39 145

RESUMEN

A partir de una rueda de charla entre padres de una clase de niños del quinto
año de la Enseñanza Fundamental, se percibió que tratar con los límites y
frustraciones en la relación con sus hijos es un tema desafiante y angustiante. El
objetivo de este ensayo es ampliar las posibilidades de reflexión y conducción en
la relación entre padres e hijos, mirando a un desarrollo emocional y relacional
saludable. La metodología utilizada es la revisión narrativa - investigación
bibliográfica - fundamentada en los principales conceptos de la Terapia Gestalt
sobre el desarrollo humano. Presentamos algunos ejemplos de experiencias
para articular la comprensión teórica con orientaciones de apoyo a los padres y
responsables por la educación de niños. Como resultado, destacamos la
importancia de respetar a los niños en sus necesidades genuinas de acogida y
también de apoyar su aprendizaje en tratar con los límites y frustraciones como
aspectos imprescindibles para su desarrollo saludable.

Palabras-clave: Límites; Educación; Niños; Terapia Gestalt.

CONTEXTUALIZANDO: DE QUE LIMITES FALAMOS?

Há inúmeros livros, textos e vídeos sobre a questão de “como dar limites às


crianças”. Basta realizar uma pesquisa rápida no Google com os termos “limites” e
“crianças” e serão apresentados mais de sete milhões de resultados no Brasil. Os principais
resultados que encontramos nessa busca são textos coloquiais, educativos ou artigos de
opinião, havendo certa escassez no âmbito da produção acadêmica e científica. Chamam a
atenção títulos de alguns desses textos: “Nove passos para impor limites aos filhos” (Lira,
2011), “Educação dos filhos: a importância de impor limites” (Buriasco, 2013), e, finalmente
“Eduque crianças sem limites e elas lhe arrancarão os olhos”. (Eduque crianças sem limites
e elas lhe arrancarão os olhos, 2017).
Passando pelo humor e pelo temor, profissionais da educação, da psicologia,
entidades religiosas, pais e outras pessoas leigas se dispõem a escrever sobre o assunto,
falam de seus receios quanto ao tema e prescrevem orientações. Há modelos dos mais
impositivos aos mais flexíveis, dos mais conservadores aos mais inovadores e a relevância
do tema se mantém atual, assim como as dificuldades nessas relações continuam presentes
e desafiadoras, atravessando gerações. Compreendemos que em vez de “dar limites”, seria
mais coerente pensarmos que os adultos e as crianças – juntos – irão lidar com os limites
como aspectos inerentes e inevitáveis ao desenvolvimento humano. E entendemos que as
tentativas de estabelecer algum passo-a-passo para os pais, ou de enfatizar a consequência
da falta de limites de modo um tanto amedrontador denotam ainda mais a importância de
tratarmos do assunto de maneira responsável e cuidadosa.

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A ideia de refletirmos sobre esse tema à luz da Abordagem Gestáltica surgiu a


partir de uma roda de conversa entre pais com idades que variam dos 30 aos 65 anos, cujos
filhos estudam na mesma escola e frequentam a mesma série (atualmente, a 5ª série do
Ensino Fundamental). Numa confraternização da turma em que participava uma das autoras
deste ensaio, a dificuldade em lidar com limites na educação das crianças foi tema
levantado espontaneamente pelos pais e responsáveis pelas crianças daquela escola. Havia
preocupação evidente quanto às consequências e desdobramentos dos limites ou da falta
deles na vida das crianças. Embora naquela roda de conversa não houvesse expectativa de
discussão teórica sobre o tema, muitas informações ali partilhadas eram contraditórias e
geravam mais insegurança nos adultos do que esclarecimento ou compreensão – aspectos
importantes para a tomada de decisões e atitudes alinhadas com os valores culturais e
educacionais desses pais e familiares.
Em vista dessa necessidade de uma compreensão mais especializada sobre o
tema, as autoras deste ensaio, ambas psicólogas e gestalt-terapeutas, sendo uma delas
também mãe de duas crianças, buscaram discuti-lo sob os referenciais teóricos e práticos
da Gestalt Terapia, não perdendo de vista, principalmente, seus fundamentos
fenomenológicos, cujo princípio é a reflexão acerca das experiências vividas (Forghieri,
1993).
Utilizou-se como metodologia uma revisão narrativa, que se constitui de “análise
da literatura publicada em livros, artigos de revista impressas e/ou eletrônicas na
interpretação e análise crítica pessoal do autor” (Rother, 2007, p. v). Esse método possibilita
discussão de forma mais ampla sobre o tema delimitado e oferece ao leitor reflexão a partir
do conhecimento teórico acerca do assunto estudado, atualizando-o em um curto espaço de
tempo, numa perspectiva educativa continuada e qualitativa (Rother, 2007). Promove
também abertura de discussão para o encaminhamento de futuras pesquisas e
aprofundamentos teóricos sistemáticos sobre o tema estudado.
Delimitado o tema “limites na educação de crianças” e o enfoque teórico sob a
perspectiva da Gestalt Terapia, realizamos pesquisa nas bases acadêmicas eletrônicas de
psicologia, utilizando os descritores “Limites”; “Educação”; “Crianças”; “Gestalt Terapia”, de
forma isolada e combinada, sem especificar intervalo temporal para as publicações. As
bases consultadas na área da Psicologia foram: Periódicos Eletrônicos de Psicologia
(PePSIC), Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia Brasil (BVS-Psi) e também a base
Google Acadêmico, restringindo-se a recuperação dos resultados às áreas temáticas de
Psicologia e subáreas que contivessem Psicologia em sua delimitação (exemplo:
“Psicologia, educacional”). Dos resultados recuperados (41 artigos), nenhum contemplava
todos os descritores do tema, e nenhum trazia o foco neste tema a partir da perspectiva
teórica da Gestalt Terapia. Em Antony (2006), encontramos temas correlatos no artigo “A

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criança em desenvolvimento no mundo: um olhar gestáltico”, embora o enfoque fosse o


desenvolvimento da criança de modo mais abrangente. Em vista disso, realizamos revisão
da literatura gestáltica levantando as contribuições ao tema nas principais obras e autores
da abordagem - Perls, Hefferline e Goodman (1997), Perls (1977), Yontef (1998), Zinker
(2007), Oaklander (1980), Antony (2010) e Aguiar (2014).
O ensaio aqui apresentado busca tecer esse diálogo entre a demanda dos pais e
adultos responsáveis pela educação e desenvolvimento das crianças e a compreensão da
Gestalt Terapia quanto ao desenvolvimento humano como um processo criativo, em que
frustrações e limites são necessários e fundamentais para o crescimento. A proposta é que
tal discussão, embora fundamentada numa abordagem psicológica específica, consista
numa contribuição também ao público leigo – ou seja, àqueles pais e familiares de crianças
em desenvolvimento, assim como a outros profissionais das áreas de Educação, Saúde e
Psicologia que trabalhem com crianças de maneira direta ou indireta.
Sob a compreensão da Gestalt Terapia, a vivência dos limites é crucial para o
processo de diferenciação da criança em relação ao seu meio, pois oferece condições para
que perceba uma fronteira entre ela e o outro (Aguiar, 2014). Muitas vezes, os pais
confundem limite – no sentido de fronteira, de diferença – com a imposição de poder sobre a
criança.
Neste ensaio, queremos incluir uma visão que integre as questões dos pais na
relação com as crianças e apresentar limites como um aspecto necessário ao
desenvolvimento de qualquer ser humano – e não como abuso, tirania, autoritarismo ou
imposição de poder de um adulto sobre uma criança. Em outro sentido, pretendemos nos
diferenciar de uma visão muito comum que olha para a criança de forma estereotipada e
idealizada, e culpabiliza os pais por “falta ou excesso de limites” sem realmente olhar para
suas questões e dificuldades de forma mais cuidadosa. Acompanhar a criança nessa
vivência dos limites é, sim, responsabilidade dos adultos, mas, de maneira geral,
precisamos lembrar que algumas inabilidades e dificuldades dos pais nessas situações
estão ligadas às suas próprias vivências relativas a esse tema.
Acreditamos ainda serem poucos os olhares que acolhem as dificuldades dos
próprios pais e/ou cuidadores nessa relação entre as crianças e os limites e partem desse
reconhecimento para a busca de formas saudáveis de lidar com esse tema. É preciso
lembrar que, na grande maioria das vezes, os adultos consideram difícil lidar com essa
questão por não saberem identificar a diferença entre os tipos de “não” que estão a serviço
de uma educação saudável, de qualidade, em relação a outros que podem contribuir para o
desenvolvimento de prejuízos emocionais e sociais para os filhos.

LIMITES E FRUSTRAÇÕES: UM OLHAR GESTÁLTICO

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Diferentemente de outras abordagens psicológicas, pedagógicas ou


terapêuticas, a Gestalt Terapia compreende o desenvolvimento humano de forma integral,
não separando fases ou etapas por idade como as tradicionais visões de desenvolvimento
infantil. O ser humano, nesse sentido, está sempre em relação com o novo, crescendo e
assimilando as experiências vividas – o que pode ocorrer de forma fluida, ou pode haver
interrupções nesse processo. Perls (1977) coloca que um dos aspectos fundamentais ao
crescimento humano é a maturação, ligada, consequentemente à aprendizagem. O autor –
um dos fundadores da abordagem – considera que aprendizagem é descoberta e uma das
premissas gestálticas é que se aprende algo a partir da experiência. As primeiras
experiências que fornecem a base para as aprendizagens infantis ocorrem na relação com
seus pais – ou com quem assume as funções parentais. Logo, também é nesse
relacionamento, primordialmente, que a criança aprenderá como lidar com os limites e as
frustrações.
Yontef (1998, p. 46) afirma que a criança precisa “de um relacionamento
parental com um equilíbrio organísmico/ecológico nutritivo” para que possa amadurecer e
crescer de maneira saudável, o foco nesse equilíbrio relacional é uma das premissas da
Abordagem Gestáltica, que considera o organismo e o meio como interdependentes e
indissociáveis e essa relação como um processo dinâmico de envolvimento, assimilação e
crescimento (Perls, Hefferline & Goodman, 1997).
Os pais devem cuidar para que suas necessidades “sejam atendidas e para que
o desenvolvimento de suas potencialidades seja facilitado” (Yontef, 1998, p. 46). Esse
aspecto é uma condição essencial para que os limites e dificuldades possam ser
incorporados ao espectro de experiências e descobertas da criança, promovendo,
gradativamente, assimilação e aprendizagem, portanto maturação. As descobertas
envolvem, necessariamente, frustração das expectativas, ou seja, o novo nos surpreende –
frustrando-nos naquilo que já é conhecido, e isso não é algo ruim, é o que nos permite
crescer.
Se, por um lado, é fundamental que os pais constituam um “modelo carinhoso e
nutritivo para se espelhar”, por outro, a criança também precisa “de espaço para lutar, ficar
frustrada e falhar. (...) de limites para experienciar as consequências de seu
comportamento” (Yontef, 1998, p. 46). O desenvolvimento saudável necessita dessas duas
polaridades que, quando não equilibradas, implicam em danos no desenvolvimento da
personalidade das crianças.
Quando esses limites são imposições e exigências que desconsideram as
necessidades genuínas das crianças, elas podem ser moldadas para atender as
necessidades dos pais e se tornarem dependentes de sua aprovação. Já quando não há

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espaço para as frustrações, falhas e limites naturais do processo de maturação serem


vivenciados, algumas crianças podem acreditar que os outros devem atender a todas as
suas necessidades, ignorando, portanto, as necessidades e a autonomia dos outros, o que
resulta em impulsividade e não espontaneidade (Yontef, 1998).
A partir dessa compreensão, a vivência dos limites irá se fundamentar num
relacionamento de nutrição, carinho e acolhimento que possibilite à criança um ambiente
seguro onde as diferenças e frustrações também poderão ser vivenciadas de modo
saudável.
Ainda sobre limites sob a visão gestáltica, Perls, em uma das suas expressões
mais célebres, refere-se à importância de o terapeuta ser um “habilidoso frustrador” (1977).
Fazendo uma transposição dessa forma de se relacionar com um “cliente” em
funcionamento neurótico para a postura dos adultos frente às crianças que estão
aprendendo a se relacionar consigo e com o mundo, frustrar de forma habilidosa é estar
junto com a criança, acolhendo sua singularidade e espontaneidade, sem perder de vista a
firmeza e a responsabilidade de alguém que vê de maneira mais ampla os cuidados
necessários ao desenvolvimento seguro e sustentável dela.
Perls (1977) acrescenta que frustrar de maneira habilidosa é estar na presença
do outro de forma não agressiva, nem desrespeitosa, assumindo uma postura cuidadosa e
firme, que vai se consolidando a partir do vínculo de confiança mútua, numa relação onde se
buscam ajustamentos criativos entre as partes e as necessidades de ambas.
Num contexto de terapia, usando o exemplo do que chamamos de clínica da
neurose, as intervenções visam frustrar as tentativas de manipulação do cliente, de
repetição e de controle do meio. O terapeuta frustra a pessoa em suas tentativas de evitar o
novo. Dessa forma, ela poderá vivenciar as experiências de forma única e criativa,
descobrindo e aprendendo a partir dessas vivências. Já numa relação na qual adultos estão
responsáveis por educar as crianças, temos uma configuração um pouco diferente, em que
as demandas ou dificuldades de uma criança não são necessariamente ajustamentos
neuróticos. Pelo contrário, é muito mais comum que os adultos sintam dificuldade para
discernir o que de espontâneo emerge da criança daquilo que precisa de condução,
orientação, apoio e limites pois eles mesmos já não identificam as suas próprias
necessidades genuínas. Por não disporem de recursos para distinguir suas próprias
interrupções e dificuldades, espelham, muitas vezes, essas dificuldades para as crianças na
forma de inabilidade em lidar com os limites e frustrações, repetindo modelos da sua própria
educação ou reproduzindo aquilo que está se “dizendo que deve ser feito” no meio social.
Nesse sentido, os pais também precisam de apoio para que desenvolvam seus
meios de lidar com as crianças e com as questões dinâmicas e complexas dessa relação
com seus filhos, consigo mesmos no papel de pais, e com o entorno – familiar, social,

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cultural pois, conforme afirma Philippi (2010), a família é uma parte de um campo maior que
também impõe uma série de exigências quanto à responsabilidade pela educação das
crianças.
Buscando, por outro lado, semelhanças entre a frustração habilidosa numa
relação terapêutica e aquela que pode auxiliar a relação entre pais – ou responsáveis – e
seus filhos, podemos ressaltar que, em ambas as situações, frustrar não significa humilhar,
constrangendo ou envergonhando o outro, muito menos diminuir, invalidar ou mostrar
indiferença àquilo que há de valioso e espontâneo da pessoa em terapia ou da criança em
desenvolvimento. Estabelecer limites que façam sentido e possam ser sustentados de forma
coerente é uma forma de confirmar para a criança que alguém está cuidando da sua
integridade. Confirmar, aqui, situa-se numa perspectiva dialógica, num “contexto relacional
total em que a singularidade de cada pessoa é valorizada; relações diretas, mútuas e
abertas entre as pessoas são enfatizadas, e a plenitude e presença do espírito humano são
honradas e abraçadas” (Hycner e Jacobs, 1997, pp. 29-30). Os pais precisam confirmar a
presença da criança, sem que isso implique numa concordância passiva ou indiscriminada
com tudo o que a criança demanda, e sem que a frustração signifique violência ou opressão.
Outra compreensão gestáltica fundamental do desenvolvimento do ser humano,
e que nos esclarece a importância dos limites nesse processo, é a concepção de
heterossuporte e autossuporte. Conforme Aguiar (2014), “o ser humano desloca-se
gradativamente da utilização de um heterossuporte ou suporte ambiental para satisfação de
suas necessidades e escolhas no mundo, para um parâmetro pessoal e singular,
denominado autossuporte” (p. 74). A clareza dos pais em relação a esse processo facilita
também o caminho da criança da sua condição de dependência “a uma maior e progressiva
diferenciação e autonomia em relação ao outro” (Aguiar, 2014, p. 74).
Lidar com os limites permite à criança encontrar formas próprias de se apoiar em
seus recursos. Frente a uma frustração, discordância ou impossibilidade real de realizar o
que deseja, ela pode desenvolver maneiras criativas de portar-se diante das situações da
vida, fazendo e assumindo escolhas frente ao novo. Esse processo vai promover autonomia
crescente da criança e se alicerça nos limites que a ensinam a presença do outro na relação
– a colocam em contato com a existência de outras pessoas e outras situações que também
precisarão respeitar.
É importante destacar “que autonomia não é sinônimo de autossuficiência e, por
isso, uma condição autônoma não é aquela que prescinde do outro, mas a que possui
condições de avaliar e escolher quando e de que forma esse outro é importante” (Aguiar,
2014, p. 74-75).
Considerando esse processo sob a perspectiva dos pais que manifestam
dificuldades e dúvidas quanto às condições da criança de lidarem com os desafios da vida,

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o desenvolvimento do autossuporte fala também do acolhimento do não saber, da confusão,


da sensação de estar perdido. Esperar que algo se elucide é ter fé na relação de confiança
estabelecida entre pais e filhos.
Rosanes-Berret (1989), citada por Antony (2006), afirma que

Quando nossos pais não conseguem tolerar nosso desenvolvimento normal,


quando eles não podem, por exemplo, tolerar nossa dependência ou crescente
independência, na medida em que aprendemos a nos separar e individualizar,
ou nossas emoções normais – incluindo raiva e entusiasmo – nós captamos a
mensagem, quer seja por violência explícita, retraimento sutil, etc., de que nós
não somos aceitos por ser como somos (p.33).

Essa compreensão nos encaminha para uma possível orientação inicial aos pais
quanto a limites: uma de suas funções é ajudar seus filhos nessa passagem de um maior
heterossuporte (ou apoio ambiental) para um maior autossuporte (auto apoio). Nesse
sentido, limites são também possibilidades de esse processo ocorrer de forma que a criança
tenha condições de “andar com suas pernas”, desenvolvendo gradativamente
independência e autonomia nas suas ações e escolhas, permitindo-se ousar e explorar o
novo, porém com segurança e suporte dos pais naquilo que ela ainda não dá conta de forma
independente.

LIMITES COMO POSSIBILIDADES: QUANDO AS DIFICULDADES NORTEIAM


CAMINHOS

A partir dessas considerações, algumas das dificuldades dos pais no que diz
respeito a esse assunto podem ser revisitadas sob um enfoque mais acolhedor dessas
angústias, permitindo novas possibilidades de estar com as crianças e lidar com os limites.
Vejamos alguns exemplos que os pais relatam.
Alguns pais dizem “não” frequentemente aos filhos, sem discernir de fato a
pertinência daquela negativa. É o famoso “não porque não”. Nessas situações, é muito
comum que os próprios pais não tenham clareza quanto aos seus limites e quanto às
necessidades que precisam ser ajustadas entre eles e as crianças. Esse “não” expresso
reiteradamente, sem verificar o que está envolvido na situação específica vivenciada, pode
ser uma forma de evitar “perder tempo” em avaliar novas situações e demandas. Torna-se
“mais fácil” dizer “não” de antemão, sem dar atenção ao que está ocorrendo.
Ora, se o “não porque não” está a serviço de impedir uma nova demanda para o
adulto num momento em que ele não tem condições de dirigir sua atenção ao pedido da

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criança, uma forma possível de estabelecer esse limite claro pode ser contextualizar à
criança o “não”. Um exemplo seria expressar a ela que naquele momento não é possível
atender ao seu pedido, deixando clara a necessidade do adulto de priorizar outra coisa na
situação em curso – e não simplesmente generalizando ou usando um “não” do tipo “cala a
boca”.
Quando esse tipo de “não” é a única forma que os pais conhecem e utilizam,
eles também se sentem desconfortáveis pois há alguma dificuldade em estabelecer
diferenciações entre suas necessidades e as demandas das crianças. Se dizer não para a
demanda da criança para não ser interrompido ou “atrapalhado” for um hábito ou tornar-se
rotineiro, os pais também irão se sentir perdidos, inseguros, confusos e distantes na sua
relação com os filhos. E, para a criança, esse “não” indiferenciado também não deixa claro o
sentido daquele “aparente” limite. Quando essa situação é reiterada ou automatizada na
convivência com a criança, uma das consequências pode ser uma sensação de desamor,
de descuido e, muitas vezes, até de abandono relatada pelos filhos. Eles acabam se
sentindo um peso, um estorvo para os pais. Outra forma é a criança ficar sem referência do
que poderá pedir e demandar dos pais, tornando-se “obediente” ou a “criança que não
incomoda”. Nessas condições, sua confirmação como um ser humano autêntico – com
demandas genuínas – pode ficar inviabilizada.
Um conceito gestáltico fundamental pode nos ajudar a refletir caminhos para os
pais nessas situações – que é o fluxo de awareness – expressão sem uma tradução literal
em português, cujo significado aproximado em nosso idioma seria “dar-se conta ou tomar
consciência de algo, no aqui-e-agora”. Para Perls, Hefferline e Goodman (1997, p. 33)
“awareness caracteriza-se pelo contato, pelo sentir (sensação/percepção), pelo excitamento
e pela formação de gestalten”. A noção central desse conceito é que para assimilarmos do
ambiente aquilo que precisamos para nosso desenvolvimento ou crescimento e rejeitarmos
aquilo que não nos serve ou nos é prejudicial, precisamos dispor de nossa capacidade
sensorial, motora e perceptiva de estar presentes no aqui-e-agora, na experiência como ela
se apresenta em nossa existência. Dessa maneira, poderemos, tanto agir espontaneamente
em busca das nossas necessidades genuínas – fisiológicas, emocionais, psicológicas,
sociais etc. – quanto discernir, organizar e priorizar nossas necessidades em relação às
possibilidades que encontramos no meio. Dito isso, compreendemos que, mesmo nas
circunstâncias nas quais o adulto deseja mais tempo livre para si e seus afazeres, ou está
ocupado em demasia, esse “não porque não”, aparentemente “mais fácil”, pode se tornar
um “não” melhor acordado e ajustado.
Na relação dos pais com as crianças, as necessidades de ambos podem ser
integradas quando há contato genuíno e capacidade de estar presente. No entanto, para
essa conciliação se tornar possível e viável é preciso que os pais também ampliem sua

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habilidade de identificar o que é prioritário, manejar as suas necessidades e as das crianças,


e que possam dar-se conta do que se torna mais vívido e crucial em cada momento. Isso vai
compor uma trajetória de relação com qualidade, ou, gestalticamente falando, com contato –
conceito que abordaremos mais adiante neste artigo.
Sob outra perspectiva, acontecem situações em que os pais agem numa
polaridade oposta da situação anterior: dizem “sim” para tudo, também sem discriminação
das demandas e necessidades de cada um na relação. São frequentes as concordâncias
que buscam compensar ausências ou amenizar “culpas” dos adultos. Muitas vezes, isso
também ocorre quando os pais são muito ocupados, dispondo de pouco tempo para estar
com as crianças.
Esse tipo de situação, quando se cristaliza na relação entre pais e filhos, é o que
frequentemente os pais ou adultos no senso-comum identificam como “falta de limites”. Esse
“sim para tudo”, quando reiterado, também não possibilita a construção de um referencial de
limites claro, já que os pais, acreditando estarem suprindo uma “falta”, estão, na verdade,
reforçando sua falta de presença, de implicação, de envolvimento na relação. Tais vivências
podem ainda favorecer com que as crianças aprendam a significar os afetos como
pertencentes a um mercado, funcionando como um escambo, uma moeda de troca. Esse
tipo de relação mantém a criança num estado de objeto e não de ser humano, o que
certamente terá repercussão no modo como ela irá se ver e aos outros – como objetos,
meios para um fim. A importância de os pais verificarem o que “ganham” ou o que estão
“negociando” de modo implícito com as crianças é crucial. Estão trocando o “sim” por um
aparente “amor” dos filhos em relação a eles? Estão se sentindo em falta nessa relação,
mas priorizam amenizar sua culpa com concessões sem critério? Precisam da aceitação
dos filhos, acima de qualquer outra coisa? Essas são algumas perguntas pertinentes que
podem facilitar a descoberta de formas genuínas de buscar o que necessitam nas suas
relações – evitando impor às crianças barganhas afetivas ou permissividades disfarçadas de
amor.
Ambas as situações anteriormente apresentadas são exemplos de excessos que
deixam a criança sem referências. Vale lembrar que quaisquer limites requerem um
equilíbrio. O “você pode tudo” ou o “você não pode nada” tornam-se lados de uma mesma
moeda, facilitando a instauração da insegurança de ser quem se é.
Outro exemplo que angustia bastante os pais é quando dizem “não” para seu
filho mediante um contexto social em que um sim foi dado pela maioria dos demais pais. A
grande dúvida que se instala é justamente: será que estou fazendo a coisa certa? Será que
estou sendo duro demais, rígido demais? E o mais difícil: sustentar seu não; manter sua
convicção, mesmo que seja o único diante de uma maioria.

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Alguns comportamentos são mais valorizados pelo meio social, enquanto outros
são “mal vistos” ou considerados na “contramão” do que está vigente – na escola, famílias,
moda. Estes podem ser mais bem compreendidos à luz do conceito de introjeção em Gestalt
Terapia.
De acordo com os pressupostos gestálticos, “a introjeção é definida como o
processo primário de internalização de crenças, valores, pensamentos transmitidos pelos
pais, pela cultura e outros ambientes significativos, que interferem e também contribuem na
construção da subjetividade da criança” (Antony, 2009, p. 360). Essa assimilação – tão
relacionada aos aprendizados e à educação em seu sentido amplo – pode ocorrer de forma
criativa (saudável) ou disfuncional. No primeiro caso, as demandas do meio podem ser
mastigadas, digeridas, de modo a constituir uma nutrição cultural, social e moral com base
em valores que se integram à identidade da pessoa. Já na introjeção disfuncional, as
demandas do meio são “engolidas” à força, portanto os pais que não conseguem sustentar a
desaprovação do meio, provavelmente estão espelhando para a criança que ela deve “nadar
com a corrente”, custe o que custar.
Uma direção que pode auxiliar nesse contexto é que a família tenha condições
de identificar e discernir quais são os valores importantes que sustentam as decisões em
relação à educação das crianças. Ver o sentido disso, apoiar-se em seus valores genuínos e
incluir a criança – quando ela tiver condições – nas decisões em que isso for possível, é
fundamental. Além disso, manter certa flexibilidade para revisar e olhar sob novos ângulos
os valores introjetados, questionando e abrindo possibilidades de rever os nãos, quando
essa for uma necessidade da família e da criança diante de um novo contexto, também é de
uma importância ímpar.
É importante que muitos introjetos possam ser ressignificados como, por
exemplo, a máxima de que é preciso “Respeitar os pais”. Respeitar os pais não é ter medo
deles. Respeitar os pais implica poder discordar, construir uma visão de mundo diferente da
deles; em última instância, respeitar os pais é também percebê-los como falhos e, mesmo
assim, pessoas a quem amamos profundamente. Significa ter o direito de expressar que
sentimos raiva deles; que eles podem cometer injustiças, reconhecer isso e pedir desculpas.
Respeitar, inclusive, implica ser respeitado – ou seja, é uma relação de reciprocidade e se
constrói com a participação de todas as partes que estão nesse relacionamento. Assim, ser
respeitado pelos pais também envolve receber suas broncas, reconhecendo que firmeza e
gentileza podem caminhar juntas. Ser respeitado é se permitir argumentar sem culpa, medo
ou vergonha.
A respeito da vergonha, uma situação comum, em que os pais costumam sentir-
se constrangidos, é quando a criança tem um comportamento de “manha” ou “birra”, num
local público, repleto de pessoas. Alguns pais ficam extremamente desconcertados,

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preocupados com a reação e o julgamento alheio. Pedem para a criança parar de chorar,
chegam a fazer ameaças, mandam ficar quieta, sem, contudo, exercer uma autoridade
cuidadosa e efetiva. Nesse tipo de situação, quando o constrangimento dos adultos
perpassa muito mais uma preocupação com o meio, com o que as pessoas vão pensar de
sua atitude enquanto pais, novamente não há contato com a criança. Mergulhados nessas
preocupações, os pais perdem de vista a conexão com o filho, com o que é essencial, com
suas necessidades naquela situação. Embora não haja como prescrever uma atitude única
para essas circunstâncias, como tirar a criança do local, distrai-la, ignorar a “birra”, conter a
criança, ou qualquer outra forma, é essencial sentir-se presente e, novamente, identificar as
prioridades, para que as possibilidades de agir emerjam naquele contexto. De fato, o que
estamos descobrindo a respeito da lida com limites e seus desafios práticos é justamente a
importância de estarmos em condições de assumir as responsabilidades em cada situação
nova com que nos defrontamos. Responsabilidade, aqui, refere-se à habilidade de
responder frente a algo, noção gestáltica que se distingue da mera capacidade de cumprir
deveres ou obrigações (Perls, Hefferline & Goodman, 1997).
Nas situações em que sentimos vergonha, normalmente é difícil reagir, ou dispor
de habilidades para responder frente ao meio. Robine (2004) traz uma contribuição valiosa
acerca da vergonha que cabe muito bem nesta reflexão: “cada vez que estou em uma
situação que me faz sentir que seria melhor eu ser outro que não eu, estou em uma situação
de vergonha” (p. 36). Esse sentimento é vivenciado tanto pelos pais como pelas crianças,
em situações das mais variadas, mas quando as situações constrangedoras são a tônica,
acabam gerando uma sensação de que é vergonhoso ser quem eu sou.
Segundo Yontef (1998), há uma relação intrínseca entre a introjeção e o
processo de vergonha. Para o autor, a mensagem introjetada é geralmente: ‘Nunca é
suficiente’! ‘Seus impulsos, emoções e desejos são inaceitáveis’ (p. 372). Enfatiza ainda que
“a vergonha inclui um sentimento de defeito ou inferioridade e um sentido de não estar apto
para ser amado e merecedor de respeito” (Yontef, 1998, p. 370).
Sabemos que a criança ainda está desenvolvendo sua consciência crítica para
questionar as mensagens educativas de modo geral. Dessa forma, quando ela não é
confirmada, tanto em suas capacidades quanto em suas limitações, de maneira clara e
genuína, o que costuma se cristalizar é uma percepção inautêntica de si mesma e do
mundo. A habilidade para discriminar aquilo que lhe é imposto do que faz ou não sentido
para si mesmo está em construção.
O entendimento do porquê de uma regra de conduta em algum ambiente, como
no exemplo em que se vai a um local onde é necessário silêncio e a criança começa a falar
alto, chorar, gritar, permitirá que ela se aproprie da sua responsabilidade naquele contexto.
A presença do adulto, confirmando e acompanhando a criança naquela atitude, é

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fundamental – no caso exemplificado, o adulto pode conversar falando baixo com ela, sem
repreender, espelhando a conduta cabível naquele lugar. Regras que valem apenas para as
crianças, mas os adultos não respeitam tendem a passar uma mensagem contraditória de
desrespeito aos limites.
Nesse sentido, a importância da discriminação entre a criança e o meio é
construída a partir da clareza com que os adultos possam lidar com os limites de modo
seguro. Vivenciar os “nãos”, as diferenças entre o que ela de fato quer fazer e o que o meio
permite fornece às crianças possibilidades gradativas de questionamento das introjeções,
fundamental para “a construção e sedimentação do que é nutritivo do que é tóxico, de
aceitar, recusar ou transformar e de se perceber forte e segura para tal.” (Aguiar, 2014, p
80)
Dessa forma, alguns limites poderão ser sentidos como frustrações, sim. Mas
frustrações que são parte da vida, do amadurecimento, e promovem um desenvolvimento
saudável diante da aceitação de um obstáculo, de uma adversidade. Além disso, cabe aos
adultos responsáveis pelas crianças compreender, e de alguma forma ensiná-las, que a
realidade da vida não é o prazer sem limites, pois a aparente satisfação de todas as
vontades e desejos delas também pode trazer consequências danosas. Nas palavras de um
dos pais que participava da roda de conversa, quando há falta de limites na educação
infantil, em algum momento “a própria vida vai te cobrar”. Isto significa que, se os pais não
exercerem a sua função de autoridade respeitosa, colocando limites adequadamente, o
mundo vai se encarregar de realizar essa tarefa.
Num outro extremo, quando qualquer tipo de imposição verticalizada prevalece,
a espontaneidade – uma das características mais marcantes nas crianças – vai perdendo
espaço de expressão, culminando em sentimentos de inadequação, menos valia e
insegurança. Desta feita, é fundamental que a sustentação de um não ou de um sim passe
por uma coerência de sentido para ambas as partes.
Corroborando com essa ideia, o conceito de dialogicidade na relação pais e
filhos mostra que a sustentação do “não” pode deixar de ser tão árdua e recheada de culpa,
na medida em que essa relação tenha uma base pautada no respeito às diferenças, na
valorização da autoridade das figuras parentais (ao contrário de um autoritarismo), na
abertura à expressão genuína das emoções e necessidades, independente de estarmos
falando de adultos ou crianças.
A culpa, de uma forma geral, quando pauta a relação entre pais e filhos,
normalmente denota um ambiente em que sentimentos como a raiva e expressões de
agressividade não são bem assimilados. Se os pais colocam limites sem clareza, ou mesmo
agem com violência e autoritarismo, por dificuldades pessoais, e, posteriormente, tentam se
redimir anulando qualquer possibilidade de a criança expressar raiva, agressividade ou

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mesmo seus próprios “nãos” frente àquela situação, é muito possível que a criança também
passe a rejeitar sua agressividade em forma de culpa. Oaklander (1980) aborda a culpa
infantil a partir de sua experiência clínica em terapia, relatando que há muitos adultos cuja
culpa recorrente tem origem na infância, são “sentimentos que se arraigaram há muito
tempo, permeiam todas as áreas de suas vidas, gerando muita aflição.” (1980, p. 308) Uma
das consequências dessa culpa introjetada, segundo a autora, já nas crianças, é sua baixa-
autoestima que, dentre outras formas, também se expressa pela “dificuldade de dizer não”.
Finalmente, um aspecto muito importante e pouco abordado é a noção de que
limites e cuidado caminham juntos. Boff (2008), citado por Cardoso (2013) fala do cuidado

como uma ocorrência vinculada à importância que a existência da outra pessoa


tem para aquele que cuida. Assim, cuidar é uma atitude que traz implicitamente
o desprendimento de si e um voltar-se para o outro, numa relação de
afetividade, de interesse genuíno e de atenção para com a pessoa de quem se
cuida (p. 67).

O sentido de cuidado é amplo e complexo e, ao menos nesta reflexão, não deve


ser confundido com superproteger os filhos ou aprisioná-los nas expectativas dos pais – o
que, diferente de cuidar, estaria evidenciando necessidades de controle e dominação dos
adultos sobre as crianças.
A atitude de cuidar também não significa tentar adaptar a criança ao ambiente
tendo em vista as demandas exclusivamente dos pais ou desse ambiente propriamente dito.
Ao contrário, o cuidado deve estar voltado a uma integração da criança no meio em que
está inserida.
O limite “às avessas” pode também contribuir para o desenvolvimento de um
modo inautêntico de ser e estar no mundo em que as atitudes se voltam para o atendimento
daquilo que os adultos acham que elas “deveriam” – fazer, falar, sentir ou agir –
distanciando-as de suas necessidades básicas ou daquilo que verdadeiramente faz sentido
para cada um. Há inclusive, um conflito entre o que a criança “deveria” e o que “não deveria”
ser para agradar aos adultos, gerando expectativas trágicas como punição, abandono,
perda de amor, vazio, e uma perda da capacidade de se autorregular conforme suas
necessidades genuínas (Antony, 2010).
Heidegger (1981), citado por Cardoso (2013)

distingue dois modos de cuidar: um é aquele no qual o cuidador assume as


escolhas pelo outro e guia, orienta, controla e se ocupa. O foco está no resultado
que se espera que o outro alcance por meio do cuidado. O outro é uma postura

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de voltar-se para o outro e ajudá-lo a se reconhecer e a fazer escolhas próprias.


Nesse caso, a ênfase do cuidado recai sobre a relação e a sua forma de estar
no mundo (p. 71).

Acreditamos que, enquanto pais, incorremos nessas duas formas de cuidar – a


que controla e a que realmente cuida. Seríamos hipócritas ao negar nossas próprias
necessidades de controle e nossas expectativas e desejos que projetamos em nossos filhos.
Ainda assim, precisamos ponderar que algumas situações no processo de desenvolvimento
das crianças, demandam percebermos quanto suporte elas já dispõem para lidar com
alguns riscos ou adversidades presentes na vida.
Em muitos casos, o heterossuporte (suporte do adulto, do meio) será necessário
de forma mais ativa, e até diretiva – em orientações, presença, atitudes e posicionamentos
muito claros. Um exemplo clássico disso é quando a criança pequena – ainda sem
maturidade de avaliação e elaboração frente a alguns perigos – dirige-se às tomadas, ao
fogo e a outras condições com risco à sua integridade e vida. É preciso manejar e conduzir
a criança com segurança e não negligenciar os cuidados necessários nessas situações. Aí,
a importância desse cuidado ser mais diretivo.
Em contrapartida, se os pais estiverem conscientes de que o processo de cuidar
é “fazer com” e não “fazer por” e, ainda, que cuidar “envolve o reconhecimento do outro na
sua singularidade” (Cardoso, 2013, p. 72), as possibilidades de os filhos desenvolverem
gradativamente o autossuporte são imensas.
De um modo geral, compreendemos que cabe aos pais a função de ajudar seus
filhos a fazerem a transição do heterossuporte para o autossuporte e que, para isso, muitas
das soluções apregoadas e repetidas no meio familiar, social, educacional e na mídia não
irão “funcionar”. Aqui, fica evidente a singularidade de cada família, cada criança, e cada
contexto, para que os pais encontrem formas adequadas e também criativas de lidar com
seus filhos.
Quando mencionamos essa forma “criativa” no trato com os filhos, visamos outro
conceito fundamental em Gestalt Terapia que é o de ajustamento. “Ajustar-se criativamente
implica imprimir sua marca nos acontecimentos da vida, ‘pessoalizando-a’, tornando-a
própria, atualizando as potencialidades singulares, presentificando-as na interação com o
mundo” (Cardella, 2014, p. 113). O ajustamento criativo não significa um rompimento com o
conhecido ou mesmo tradicional, mas sim, um recriar, um ressignificar da experiência, a
partir do contato organismo-meio. Para Perls et al. (1977, p. 45), “todo contato é
ajustamento criativo do organismo e ambiente”. Contato é “condição de crescimento e
mudança, possibilidade de atualização e transformação” (Cardella, 2014, p. 113).

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No tema dos limites, o contato é essencial para criar formas únicas e


sustentáveis de vivenciar, assimilar e, até mesmo, aprender a lidar com as frustrações.
Crescer envolve aprender a superar essas frustrações. Perls (1977) afirma que “sem
frustração não existe necessidade, não existe razão para mobilizar os próprios recursos,
para descobrir a própria capacidade...” (p. 54). Quando os pais, por diversos motivos (alguns
deles já ilustrados nesse artigo), optam por não frustrar e sim, mimar os filhos, podem estar
favorecendo à criança o aprendizado da manipulação. Desta forma, “em vez de usar seu
potencial para crescer, ela agora usará seu potencial para controlar o mundo...” (Perls,
1977, p. 55).
Zinker (2007) também ressalta que uma das formas de bloqueio da criatividade é
evitar as frustrações. Sua afirmação fala dos possíveis bloqueadores do trabalho criativo dos
terapeutas, mas compreendemos que também se aplica às relações dos pais com as
crianças na lida com os limites. O adulto “desiste cedo demais ao se deparar com
obstáculos; evita a dor e o desconforto, normalmente associados a mudanças ou novas
soluções para problemas.” (Zinker, 2007, p. 77)
A roda de conversa entre os pais, circunstância que motivou o desenvolvimento
das reflexões acerca desse assunto, é uma forma de trocar, de lidar com essas questões –
onde é possível um diálogo aberto e franco a respeito das dificuldades de cada família com
relação às crianças. É uma das possibilidades de ajustar-se criativamente, buscar recursos
e apoio para arriscar-se a novas atitudes e posturas frente aos limites necessários. Essas
oportunidades de diálogos são experiências em que o contato - que implica o
reconhecimento do novo, do outro, do diferente – acontece. E é justamente o encontro com
o diferente, com o outro que nos convida aos desafios de questionar, de crescer, de
transformar nosso modo de pensar e agir.
Para tanto, é preciso estar disponível, aberto a tais experiências, pois o
ambiente pode se mostrar propício, fértil em possibilidades, mas de nada vale sem que o
organismo também esteja disposto.
Se relacionarmos essa abertura e escuta às figuras parentais, é possível
proporcionar à criança oportunidades para que ela descubra, por si só, o que necessita. Que
ela, metaforicamente falando, não acredite que não tem olhos, pernas, por exemplo. Não
acredite que eles estão projetados no mundo, especialmente nas pessoas do pai ou da mãe.
Mas sim, que descubra que cada uma dessas partes lhe pertence. E a criança “não pode
aprender isto através do ensinamento, condicionamento, informação ou elaboração de
programas ou planos” (Perls, 1977, p. 61) Ela “tem que descobrir isto vendo por si mesma,
ouvindo por si mesma, descobrindo o que existe, compreendendo por si mesma.” (Perls,
1977, p. 61). Enfim, a partir de sua própria e singular experiência!

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Que os pais, em especial, estejam abertos à experiência de escutar e acolher as


singularidades de seus filhos, sem, no entanto, confundirem essa escuta com a suspensão
dos limites e da frustração – fundamentais ao desenvolvimento saudável!
A abertura à experiência depende da disponibilidade tanto dos pais quanto da
criança. Porém, quando os pais se propõem a, verdadeiramente, estarem presentes, eles se
tornam genuínos facilitadores de uma comunicação positiva, saudável, pautada na
transparência e na honestidade da expressão das emoções.
De modo geral, com os breves exemplos que apresentamos, todos ilustrativos
de dificuldades reais de pais, mães e outros adultos responsáveis por crianças, gostaríamos
de esclarecer que as situações relatadas não são, de forma isolada, algo nocivo ao
desenvolvimento das crianças. O que precisamos compreender é que, caso o
funcionamento dessas relações entre pais e filhos se cristalizem – tanto em formas de
opressão, quanto em formas de excessiva permissividade, há necessidade de apoio, ou
orientação aos pais.
Como a criança ainda está em desenvolvimento – físico, moral, emocional,
cognitivo e relacional – a noção de limites precisa ser referendada por quem é responsável
por ela. E, mesmo quando a criança expressa “inteligência”, maturidade ou desenvoltura de
uma maneira precoce ou surpreendente aos adultos, ainda assim, é preciso lembrar que ela
é uma criança e não um adulto em miniatura.

LIMITES PARA CRESCER: RAÍZES E ASAS

“Raízes e asas. Mas que as asas enraízem e que as raízes voem” nos diz o
poeta Jiménez (citado por Cardella, 2014, p. 111). Aos pais está lançado o desafio, de forma
permanente e dinâmica, caótica e poética, de possibilitar que as raízes dos filhos se tornem
asas e que as asas encontrem um solo firme e fértil onde possam se sustentar.
Muitas vezes, os voos dos filhos são fonte de celebração! Outras tantas, de
preocupação. A rota é curva, por vezes entortada, e os ventos são catalisadores de algumas
belas manobras, mas também são riscos que a natureza impõe, demandando resistência, e
pés no chão.
Os voos dos pais também merecem atenção: são sonhos, desejos, asas que
pretendem emprestar aos seus filhos. E, se, por um lado, as crianças não vêm ao mundo
para atender as expectativas dos adultos – familiares, educadores, e outros responsáveis
por seus cuidados – também não podemos ignorar as inúmeras projeções que lançamos
sobre elas. Escolhemos, sem sua participação, o nome que carregará, na maioria das
culturas, “para todo o sempre”. Decidimos que “time de futebol” – especialmente aqui no
Brasil – a levará às lágrimas ou ao êxtase da celebração vitoriosa. Imaginamos – e dirigimos

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seu caminho – para que seja da profissão que nos deixaria orgulhosos. Pretendemos,
inclusive, determinar suas escolhas mais íntimas: de quem será amigo, de quem se
afastará, quem vai amar e como vai reproduzir nossos valores e nossa imagem de família e
relação afetiva.
De certo modo, as pretensões adultas, em geral, são de que a trajetória da
criança avance em relação aos caminhos que já foram trilhados pelos pais, ou responsáveis,
mas que evite tropeços, pedras e percalços. É difícil crescer, como é difícil voar. E todo
adulto, de uma forma nem sempre tão clara, é verdade, sabe que há desafios pela estrada.
Não há mal em projetar – ou seja, planejar, antecipar, identificar perspectivas, visando lidar
da melhor forma possível com as situações abertas no meio; aliás, é inevitável. O que
precisamos, possivelmente, é assumir nossa autoria dessas criações e sonhos, em vez de
buscar a realização de um ideal através das crianças. Aqui, é preciso então criar raízes,
cuidar das nossas próprias asas, antes de mais nada. É preciso crescer. E crescer implica,
inevitavelmente, aprender a lidar com as pedras, desviar de alguns caminhos floridos e
ensolarados, para adentrar atalhos às vezes perigosos, dolorosos.
No entanto, assim como nos contos de fadas, ou histórias de heróis, o mais
importante não é evitar os erros e frustrações, mas sim, dispor de recursos – desde espadas
e cavalos, até amigos, ouvidos sábios, uma boa dose de humildade – para lidar com essas
trilhas árduas que tantas vezes tomamos. É vital crescer. Não há como impedir esse
processo. E os nossos recursos mais preciosos são aqueles que provêm de nosso
enraizamento – das experiências que nos sustentam e nutrem nossa confiança de que
podemos voar.
Os limites são raízes, recursos para os pais que os ajudam mesmo quando um
ímpeto irrefreável os tira da “linha”, quando querem embarcar nos voos dos filhos, em vez
de manter-se em terra firme. Limites enraízam quando o desejo dos pais de que “tudo dê
certo” e de que os filhos sejam muito mais “felizes” do que foram confunde-se com as
próprias dificuldades em lidar com as frustrações que vivenciaram. Os limites são amigos
dos pais quando permitem que se aproximem com carinho e certa coragem de suas próprias
frustrações, e de sua angústia com o que não é possível controlar, prever, saber de
antemão.
Aprender com os limites é outra grande oportunidade de, paradoxalmente,
estória de Fernão Capelo Gaivota, que devemos ultrapassar nossas limitações progressiva
e pacientemente. Fala que elas nos ensinam, justamente, a colocar de lado tudo o que nos
limita, a compreender nosso potencial perfeito e ilimitado quando as olhamos com
entendimento, para que possamos, enfim, descobrir o que já sabemos: Sim, podemos voar!
As raízes são nossa casa, nosso solo de pertencimento, do reconhecimento de
que ter asas não nos isola de nossa condição familiar, social. Podemos descobrir – quando

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as raízes e as asas são plenas, que existimos de forma autêntica, “que somos separados e,
ainda assim, que somos confirmados como um outro ser humano” (Hycner e Jacobs, 1997,
p. 46). O significado de confirmar uma criança ou um adulto não quer dizer concordar com
eles. Ao contrário, a confirmação, no sentido dialógico, fala de uma validação da alteridade
do outro, de sua singularidade.
Daí a importância dos limites para o estabelecimento de relações pautadas na
espontaneidade, na transparência de comunicação e expressão das emoções. Assim,
haverá um terreno propício à construção de um vínculo de segurança e confiança, em que
tanto pais quanto filhos poderão abrir suas asas, sem romper suas raízes. Poderão manter
uma conexão verdadeira e criativa, dispensando “falsos eus”, controles automatizados e
manipulativos. Outrossim, tenderão a sedimentar suas existências em relações cujos
sentimentos de fé e coragem para ser quem se é lhes acompanhem por todo o caminho!
Concluímos essa discussão e ensaio com a expectativa de que as reflexões aqui
apresentadas possam fomentar novas possibilidades, dentre as quais, futuras “rodas de
conversa” que ampliem e aprofundem um diálogo acolhedor e construtivo quanto à
importância dos limites para o desenvolvimento das crianças, sob o olhar diferenciado e
criativo da Gestalt Terapia.
Propomos ainda um convite a todos os pais e pessoas responsáveis pelo
cuidado e educação de crianças, para que se arrisquem em voos autênticos e também
busquem um reencontro com suas raízes – com sua humanidade. Que esse resgate seja
integrador da trajetória única e singular de cada um, da sabedoria e unidade entre o
passado, o presente e o futuro. Que, na vivência dos limites, o passado possa ser acolhido,
o presente seja vivido, e o futuro não seja temido.
Se estivermos abertos para encarar nossas frustrações com naturalidade e,
concomitantemente, se estivermos disponíveis para compartilhar essas vivências, de
maneira transparente com nossos filhos, os limites poderão ser compreendidos como a
chave mestra para o crescimento e o amadurecimento das relações.
Ao superarmos os desafios das frustrações nos caminhos do desenvolvimento,
pais e filhos, de mãos dadas, poderão se fortalecer e estreitar seus vínculos, aprendendo
um com o outro a se olharem com mais amorosidade e respeito às singularidades!

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Nota sobre as autoras:

Fabíola Mansur Polito Gaspar. Mestre em Engenharia de Produção, na Área de


Ergonomia, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Especialista em Psicologia
Clínica pelo Comunidade Gestáltica - Clínica e Escola de Psicoterapia. Especialista em
Psicologia Clínica pelo Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Professora
Permanente e Orientadora de Prática Clínica do Curso de Formação Plena em Gestalt
Terapia do Comunidade Gestáltica - Clínica e Escola de Psicoterapia - Florianópolis-SC.
E-mail: [email protected].

Elise Haas de Abreu. Especialista em Psicologia Clínica pelo Comunidade Gestáltica -


Clínica e Escola de Psicoterapia. Assistente e Orientadora de Prática Clínica no
Comunidade Gestáltica - Clínica e Escola de Psicoterapia - Florianópolis-SC. E-
mail: [email protected].

Recebido: 20/04/2018.
Aprovado: 04/07/2018.

Rev. Nufen: Phenom. Interd. | Belém, 10(2), 144-164, mai. – ago., 2018.

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