Introdução
Muito tem se debatido sobre a historiografia da resistência africana, isto nos dois
sentidos: europeístas e africanistas coube aos estudos recentes sobre o grau de
preparação e organização colonial e do africano.
Durante época de 1880-1920, muitos povos africanos foram humilhados, catequizados e
impedidos de realizar seus ritos e seus costumes. Alguns desses conhecimentos foram
incorporados à novos estudos que surgiam e outros se extinguiram para sempre.
Podemos constatar que de igual forma que resistimos a ocupação colonial mesmo sem
meios equiparáveis do agressor demos o nosso máximo, Alguns povos ficaram
conhecidos pela força de sua resistência na época do imperialismo na África, como
outros que também colaboraram com o Europeu.
Objectivos
Geral
Analisar as resistências africanas a ocupação colonial.
Específicos
Conceptualizar resistência;
Dar a conhecer o processo de resistência na Namíbia e África do Sul;
Analisar a resistência colonial em Moçambique.
Contextualizar o período pré-ocupação colonial de África;
RESISTÊNCIAS EM AFRICANA
De acordo com NEWITTI (2007:288), define a resistência como conjunto de iniciativas
levada a cabo por um grupo de pessoas que defendem uma causa politica na luta, contra
um invasor, para o mesmo autor vai mais alem ao enfatizar que este termo pode se
referir qualquer esforço organizado pelos defensores de um ideal comum contra a
autoridade constituída, sendo qualquer milícia armada que luta contra qualquer
autoridade, governo ou administração imposta.
Tipos de resistências
Como anteriormente referimos a situação de ocupação da África e reacção do africano
foi relativa. Havendo varias possibilidades de resistência, que a seguir mencionaremos:
Resistência passiva
Esta forma de resistência foi a primeira a ser usada pelos africanos. Caracterizava-se
pela recusa do sistema, passividade, fuga para outras áreas de menor actuação e sem
acesso do colono, recusa do pagamento de imposto, recusa como carregador, ou de
produzir culturas obrigatória, simulação de doença, dissimulação, erros voluntários
durante recenseamentos fiscais sobre dados reais nome ou idade, automutilação,
enfraquecimento simulado ou voluntario, sabotagem de culturas, entre outos. (M
´bokolo, 2004:457-8)
Resistência activa ou imediata
É o tipo de resistência de carácter espontâneo, sem sequencia cronológica, recusa a
consequência da colonização, sendo um resistência desorganizada teve como objectivo
de solidariedade não como estratégico, mas com um objectivo imediato e palpável,
como referimos que as resistências eram continuas mesmo com a implantação da
administração colonial, o africano sempre insurgiu. Os awadjis que eram um
movimento característico instalados em floresta tropical de Gabão, que se agrupavam
em serviços militar que orquestravam escaramuças e armadilhas. (M’bokolo, 2004).
Resistência na Namíbia
A Resistência na Namíbia foi um movimento de luta pela independência do país, que
durou mais de trinta anos. O movimento começou em 1966, quando o governo sul-
africano anexou a Namíbia, que era anteriormente conhecida como a Província Sul-
Africana de Ovamboland. O movimento de resistência foi liderado pelo Partido da
Libertação da Namíbia (PLAN), que foi criado em 1960. O PLAN lutou contra a
ocupação sul-africana e a discriminação racial, e foi responsável por muitas ações de
resistência, incluindo sabotagem, ataques armados e campanhas de boicote.
A resistência na Namíbia foi um movimento de resistência pacífica, que incluiu
manifestações, greves, boicotes e outras formas de protesto. O movimento também foi
apoiado por muitos países, incluindo a África do Sul, que forneceu armas e treinamento
aos militantes do PLAN. O movimento de resistência foi bem-sucedido e, em 1990, a
Namíbia foi finalmente libertada da ocupação sul-africana.
A resistência na Namíbia foi um movimento de luta pela liberdade e direitos humanos,
que inspirou muitos outros movimentos de resistência em todo o mundo. O movimento
também foi um exemplo de como a luta pacífica pode ser eficaz na luta contra a
opressão. A resistência na Namíbia foi um movimento que mudou a história do país e
que continua a inspirar muitas pessoas em todo o mundo.
Resistência na África do Sul
A resistência na África do Sul foi um movimento de luta contra o regime de apartheid,
que foi implementado pelo governo sul-africano em 1948. O apartheid foi um sistema
de segregação racial que impôs restrições aos direitos civis e políticos dos cidadãos
negros da África do Sul. Durante o apartheid, os direitos dos cidadãos negros foram
limitados e eles foram submetidos a discriminação racial e violência.
A resistência ao apartheid foi liderada por vários grupos, incluindo o Congresso
Nacional Africano (ANC), o Congresso Pan-Africano (PAC) e o Movimento de
Libertação Sul-Africano (SAL). Estes grupos lutaram por direitos iguais para todos os
cidadãos da África do Sul, independentemente de raça ou etnia.
Durante a resistência ao apartheid, os líderes do ANC, incluindo Nelson Mandela,
foram presos e condenados por seus actos de resistência. O governo sul-africano
também impôs sanções económicas e diplomáticas aos países que apoiavam a
resistência.
O apartheid foi finalmente derrubado em 1994, quando Nelson Mandela foi eleito
presidente da África do Sul. Desde então, a África do Sul tem experimentado uma
transição pacífica para a democracia.
Resistência em Moçambique
Sul
Em finais de 1893 começaram a surgir sinais de insurreição, que foram agravando ao
longo de 1894 com o surgimento de vários incidentes com os portugueses. Na região em
redor de Lourenço Marques, alguns chefes tribais como os de Mahota, Maxaquene,
Matola ou Maputo eram vassalos dos portugueses, pagando o mussoco ou imposto de
palhota, permitindo a livre circulação de tropas nos seus territórios e fornecendo
homens para as tropas auxiliares portuguesas, mas outros chefes de tribo (Manhiça,
Magaia, Zixaxa ou Moamba) obedeciam a Ngungunhane, de quem eram vassalos. Foi
nesse contexto, que a revolta iniciou, despoletada por um conflito que surgiu na tribo
Magaia entre o chefe Mahazul, vassalo de Ngungunhane, e Maveja, aliado dos
portugueses. Mahazul alia-se a Nwamatibyane da tribo Zihlahla, e juntamente com
Angundjuane de Moamba resolvem atacar Lourenço Marques. Em Agosto de 1894, os
rongas de Lourenço Marques, liderados por Mahazul, Nwamatibyane e Angundjuane
cercaram durante mais de dois meses Lourenço Marques, preparando o assalto à cidade.
A 14 de Outubro de 1894, Nwamatibyane, Mahazul e Angundjuane atacaram a cidade
de Lourenço Marques, forçando os portugueses a refugiar-se na fortaleza. A cidade foi
saqueada e a fortaleza cercada, sendo a sua queda impedida pelo bombardeamento feita
pelos navios de guerra a partir do porto, que obrigaram ao levantamento do cerco e à
retirada dos sitiantes para Marracuene.
O plano de António Enes
A missão de conquista do Sul de Moçambique foi incumbida a António Enes, que
baseou a sua acção no seguinte:
Fazer surgir pela força o prestígio português nos pequenos regulados;
Fazer alianças com os chefes submetidos ou amedrontados para cercar Gaza e
dominar Ngungunhane, mas não romper as hostilidades até estabelecer um
dispositivo militar que permitisse agir com segurança
A primeira etapa da conquista colonial foi Marracuene, que como muita dificuldade
conseguiram vencer, depois da célebre batalha de Marracuene, de 2 de Fevereiro de
1895. Em seguida Moamba e Matola aliaram-se aos portugueses e atacaram Zilhalha e
Magaia que se refugiaram em Gaza.
A conquista de Gaza
O estado de Gaza era a principal ameaça ao plano de ocupação dos portugueses. O
plano de António Enes para a ocupação de Gaza envolveu demarches diplomáticas e
militares. A nível diplomático o plano de Enes consistiu no envio de emissários para
estabeleceram contactos com Ngungunhane com os seguintes objectivos:
Convencer o rei de Gaza de que não haveria ataques ao seu território de modo a
impedir que se preparasse militarmente;
Impedir a aliança do rei de Gaza com a Companhia de Moçambique, para a
cobrança de impostos no seu território;
Evitar o estabelecimento de negociações com a British South Africa Company.
Enquanto decorriam os esforços diplomáticos os portugueses foram também se
preparando militarmente para o ataque. Quando todos os preparativos para a intervenção
militar se achavam concluídos os portugueses decidiram atacar. Justificando o ataque
como represália pela recusa de Ngungunhane em entregar os chefes fugitivos, os
portugueses lançaram o ataque em três frentes:
07/09/1895 - uma coluna que partiu do Sul travou com as tropas de
Ngungunhane a batalha de Magul, onde se encontrava Nwamatibyane.
10/ 1895 – quadrilha de embarcações entra pelo Limpopo e submete Bilene e
Xai-Xai;
07/11/1895 – uma coluna parte de Inhambane e trava a batalha de Coolela, com
as tropas de Gaza, próximo da capital Mandlakazi que foi incendiada.
Na sequência deste ataque o estado ficou desorganizado e Ngungunhane refugiou-se em
Chaimite com os seus chefes fiéis. A maioria dos outros chefes aliaram-se aos
portugueses. Em Dezembro de 1895, Mouzinho de Albuquerque foi nomeado
governador do distrito militar de Gaza e, no final do mesmo mês, Mouzinho descobriu o
esconderijo de Ngungunhane e prendeu-o, levando para Lisboa, de onde foi deportado
para a ilha de Açores, onde morreu em 1911.
A prisão de Ngungunhane não pôs fim definitivo à resistência no estado de Gaza. O
exército de Gaza continuou a resistir sob a liderança de Maguiguane Cossa com o
objectivo de restaurar a monarquia e eliminar a dominação colonial. A 27 de Julho de
1897 as tropas de Maguiguane foram derrotadas pelo exército português, chefiado por
Mouzinho de Albuquerque. Mais a Sul o reino Maputo foi conquistado em Fevereiro de
1896 e o seu rei Nguanaze refugiou-se na África do Sul.
Centro
Criada a Primeira Companhia de Moçambique, Paiva de Andrade iniciou contactos com
as aristocracias locais mais influentes tentando obter concessões.
1889 – Acordo com Ngungunhane pelo qual reconhecia à Companhia direitos mineiros
em Manica. Contudo a presença portuguesa no interior continuou muito frágil.
Entre 1889 e 1891 as acções de conquista foram interrompidas devido às disputas entre
os portugueses e ingleses, só ultrapassados com a assinatura do acordo de fronteiras
entre Portugal e Inglaterra, de 27 de Junho de 1891.
A Revolta de Báruè
A derrota de 1902 não foi definitiva. Novas acções de resistência como os
levantamentos contra o mussoco, as fugas para fora do país e outras continuaram a
registar-se. O ponto mais alto da resistência nesta fase foi atingido com a Revolta de
Báruè de 1917/8.
Causas
A construção de uma estrada ligando Tete a Macequece passando por Báruè e o
recrutamento de camponeses para trabalharem nas obras em regime forçado;
Os constantes aumentos dos impostos a que os camponeses estavam sujeitos;
A decisão do governo português de recrutar 5000 homens para a guerra contra
os alemães.
Face a estes acontecimentos os principais chefes de Báruè, nomeadamente, Nongué-
Nongué e Macossa decidiram reorganizar o exército para lutar contra os portugueses. A
rebelião começou em Março de 1917, durante mais de 3 anos afectou diversas regiões e
foi reprimida em Novembro de 1920, devido:
À Incorporação de soldados Nguni e de mercenários vindos da Rodésia do Sul;
Conflitos e deserções entre os membros da elite da resistência.
Norte
A Ocupação de Nampula
As primeiras tentativas de ocupar Nampula foram conduzidas por Mouzinho de
Albuquerque, contra a região da Makuana em 1896 e 1897. Estas acções fracassaram
devido:
À adopção de uma estratégia comum contra a ocupação pelos chefes locais;
Os grandes amuene Makua (Mucutu-munu, Komala e Kuphula e os xeiques
Molid-Volay, Faralay, Suali Bin Ibrahimo) souberam dirigir uma guerra
popular, devido à grande coesão social que a estrutura social e ideológica e
linhageira conferia a essas confederações guerreiras.
Em 1905, os portugueses esboçaram um novo plano de ocupação que consistia na
penetração em profundidade, seguindo os vales dos rios, por linhas perpendiculares à
costa. Assim, os portugueses obtiveram o apoio de alguns chefes tradicionais do interior
que estavam em conflito com os reinos esclavagistas da costa. Assim, processou-se a
ocupação de Nampula, partindo da costa para o interior e do Norte para o Sul.
A ocupação do Niassa e Cabo Delgado
A ocupação das actuais províncias de Cabo Delgado e do Niassa efectivou-se em quatro
fases: 1.ª fase - Os portugueses partem do Ibo para o continente e assinam tratados de
vassalagem com os chefes locais, de modo a reclamarem diante dos seus concorrentes o
Norte como seu. 2.ª fase - Após a entrega formal do Niassa e Cabo Delgado à
Companhia do Niassa (1891), esta programou o início da ocupação para 1899. Neste
ano iniciaram incursões militares para ocupar Niassa, com a destruição da povoação do
chefe Mataca e ergueu um posto militar em Metarica. Entre 1900 e 1902 a companhia
ocupou Mesumba e Metangula. A conquista foi travada pela resistência popular que
levou à expulsão dos representantes da Companhia de várias regiões entre o rio
Lugenda e o Lago Niassa.
3.ª fase - Depois de 1910, quando a Companhia conseguiu mais dinheiro, reiniciou a
ocupação, atacando território de Mataca e destruindo aldeias. Foi instalado um posto
militar em Oizulu e, em 1912, tentou-se a ocupação total de Cabo Delgado e Niassa.
4.ª fase - Depois da I Guerra Mundial e aproveitando os meios e as infraestruturas
utilizados durante aquele conflito os portugueses conseguiram penetrar no planalto de
Mueda e submeter os Macondes. Assim, terminava a resistência no Norte de
Moçambique e consumava-se a ocupação da região.
Conclusão
Feito o presente trabalho concluímos que de 1880 a 1914, toda a África estava quase
colonizada, com excepção da Libéria e Etiópia. Esse fenómeno, para os africanos se
traduziu essencialmente na perda da sua soberania, de sua independência e de suas
terras, desenrolou-se em duas fases: a primeira vai de 1880 aos primeiros anos do século
XX, A segunda até a irrupção da Primeira Guerra Mundial , em 1914. A Resistência na
África se revelou mais violenta dependendo do colonizador, e o nível de preparação
militar ou psicológica do africano. Embora haja detalhes de traição entre africano, não
podemos erroneamente considerar este termo apologético colonial, apenas foi uma
tentativa de procura de aliança entre o africano com o europeu, mas este percebeu a tal
aliança como forma de aproximação dos inimigos e acabou derrotando de vez em vez
que aproximava do africano comeu o último aliado foi derrotado. De uma ou de outra
forma os africanos lutaram para defender ou ate ganharam sua soberania e liberdade
usurpada pelo Europeu, apesar do domínio europeu os africanos sempre resistiram
continuamente, por desobediência, sabotagem ou até rebeliões, este fenómeno foi se
arrastando até o alcance da independência embora tenha tomado um outro carácter
Referencia Bibliográfica
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