ENS 5149 Apostila

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ENS 5149 - Economia Ambiental

Semestre 2012.2
Prof. Sebastião Roberto Soares, Dr
Conteúdo

1. APRESENTAÇÃO DO CURSO ............................................................................................................... 1


1.1. OBJETIVOS DA DISCIPLINA .......................................................................................................................... 1
1.2. EMENTA ................................................................................................................................................ 1
1.3. CALENDÁRIO – SEMESTRE 2012.2 .............................................................................................................. 1
1.4. AVALIAÇÃO............................................................................................................................................. 1
1.5. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................... 2
1.6. HORÁRIOS DE ATENDIMENTO PREFERENCIAL.................................................................................................. 2
2. CONTEXTO DO CURSO E NOÇÕES BÁSICAS DE JUROS ........................................................................ 3
2.1. ECONOMIA E ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL ....................................................................................... 3
2.2. JUROS ................................................................................................................................................... 3
2.3. VALOR ATUAL , NOMINAL E FUTURO ........................................................................................................... 4
2.4. JUROS SIMPLES ........................................................................................................................................ 5
2.5. JUROS COMPOSTOS .................................................................................................................................. 5
2.6. COMPARAÇÃO ENTRE JUROS SIMPLES E COMPOSTO ........................................................................................ 5
2.7. PERÍODOS NÃO INTEIROS ........................................................................................................................... 6
2.8. NA INTERNET: ......................................................................................................................................... 7
2.9. EXERCÍCIOS............................................................................................................................................. 8
3. OUTRAS CONSIDERAÇÕES SOBRE TAXAS DE JUROS ........................................................................... 9
3.1. TAXA NOMINAL E TAXA EFETIVA .................................................................................................................. 9
3.2. CONVERSÕES DE TAXAS DE JUROS.............................................................................................................. 10
3.3. TAXAS ANTECIPADAS .............................................................................................................................. 11
3.4. JUROS CONTÍNUOS ................................................................................................................................. 12
3.5. EXERCÍCIOS........................................................................................................................................... 13
4. FLUXO DE CAIXA .............................................................................................................................. 14
4.1. DEFINIÇÃO ........................................................................................................................................... 14
4.2. EXPRESSÃO ANALÍTICA ............................................................................................................................ 14
4.3. EXPRESSÃO GRÁFICA............................................................................................................................... 14
4.4. EXEMPLOS............................................................................................................................................ 17
5. RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA .......................................................................................................... 20
5.1. RELAÇÃO ENTRE P E F ............................................................................................................................. 20
5.2. RELAÇÃO ENTRE F E A............................................................................................................................. 22
5.3. RELAÇÃO ENTRE P E A ............................................................................................................................ 25
5.4. EXERCÍCIOS........................................................................................................................................... 27
6. TAXA INTERNA DE RETORNO E TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE ................................................... 31
6.1. TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ............................................................................................................ 31
6.2. TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA) ................................................................................................... 32
6.3. EXERCÍCIOS........................................................................................................................................... 33
7. AMORTIZAÇÃO DE DÍVIDAS ............................................................................................................. 36
7.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 36
7.2. SISTEMA DE PRESTAÇÃO CONSTANTE (PRICE) ............................................................................................ 36
7.3. SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) ........................................................................................... 41
7.4. SISTEMA DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ................................................... 44
7.5. EXERCÍCIOS........................................................................................................................................... 48
8. ENGENHARIA ECONÔMICA .............................................................................................................. 51
8.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 51
8.2. MÉTODO DO VALOR UNIFORME EQUIVALENTE (VUE) .................................................................................. 51
8.3. MÉTODO DO VALOR PRESENTE (VP) ......................................................................................................... 55
8.4. MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) .......................................................................................... 59
8.5. UTILIZAÇÃO PRÁTICA DOS MÉTODOS .......................................................................................................... 60
9. A DEPRECIAÇÃO E O IR EM ANÁLISES FINANCEIRAS ........................................................................ 63
9.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 63
9.2. UTILIZAÇÃO DA DEPRECIAÇÃO .................................................................................................................. 63
10. ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO ............................................................................................................. 65
10.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 65
10.2. CONCEITOS ........................................................................................................................................ 65
10.3. MEIO AMBIENTE E MICROECONOMIA....................................................................................................... 66
10.4. ANÁLISE CUSTO BENEFÍCIO .................................................................................................................... 68
10.5. EXEMPLO DE AJUSTAMENTO DA PRODUÇÃO - INTERNALIZAR AS EXTERNALIDADES. ............................................ 72
10.6. EXERCÍCIOS: ....................................................................................................................................... 78
10.7. ANÁLISE EXAUSTIVA DE CUSTO/BENEFÍCIO ................................................................................................ 84
11. ESTABELECIMENTO DE CUSTOS DE GESTÃO AMBIENTAL ................................................................. 87
11.1. CUSTOS DE CONTROLE.......................................................................................................................... 87
11.2. CUSTOS DE FALTA DE CONTROLE ............................................................................................................. 87
11.3. EXEMPLO ........................................................................................................................................... 88
11.4. EXERCÍCIOS: ....................................................................................................................................... 91
12. SITUAÇÕES ENVOLVENDO ANÁLISE DE RISCO.................................................................................. 95
12.1. AVALIAÇÃO DE PROJETOS COM ESTIMAÇÃO DE PROBABILIDADES FUTURAS ...................................................... 95
12.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE RISCO................................................................................................................ 96
12.3. ÁRVORE DE PROBABILIDADES OU DE DECISÕES ........................................................................................... 97
12.4. AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS COM DECISÕES ENVOLVENDO RISCO ............................................ 99
13. ANÁLISE DE CUSTOS DO CICLO DE VIDA DE PRODUTOS ................................................................. 108
UFSC – ENS 5149 Economia Ambiental Prof. Dr. Sebastião Roberto Soares

1. Apresentação do curso

1.1. Objetivos da disciplina


Fornecer conhecimentos básicos de matemática financeira e economia necessários à avaliação de projetos
voltados à engenharia sanitária e ambiental.

1.2. Ementa
Conceitos básicos de economia. Matemática financeira. Engenharia econômica. Orçamentos considerando
a variável ambiental. Análises econômicas projetos ambientais. Custos do controle da poluição. Relação
custo-benefício em projetos ambientais.

1.3. Calendário – semestre 2012.2

Dia Setembro Dia Outubro


06 1 - Apresentação do curso/Generalidades/Juros 04 Ausência do Professor (evento internacional)
13 2- Taxas de juros/ Relações de equivalência 11 6 - Análise de investimento de projetos
20 3 - Relações de equivalência 18 7- Análise de investimento de projetos
27 4 - T. I. R. e T. M. A 25 8 - Análise de investimento de projetos
5- Aula extra- Amortização de dívidas(SAC e Price)

Dia Novembro Dia Dezembro


01 9 - Análise custo-benefício 06 13 - Avaliação de projetos & risco
08 10 - Análise custo-benefício 13 14- Orçamentos/preços e tarifas
15 Feriado - 20 15 -Análise de custo de ciclo de vida
22 11 -Custos de gestão ambiental 22 Prova final
29 12 - Avaliação de projetos & risco

Dia Fevereiro/2013
21 18 – Prova de recuperação

1.4. Avaliação
1. n Atividades (Notas) de participação (sala e/ou extra classe)
Nota 1 = (Notas)/(n)

2. Nota 2 = Prova final

Média = (Nota 1 + Nota 2)/2

Aprovação: Média ≥ 6,0

01- Apresentação do curso 1


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Se 3,0 ≤ Média < 6,0  Prova de recuperação (Prova Recuperação + Média)/2 ≥ 6,0  aprovação
As “Atividades” são de participação (portanto, com presença) em classe. Algumas delas, poderão ser
dirigidas à realização extraclasse. Em princípio, a participação poderá ser requerida em todas as aulas.
Não haverá justificativa para não realização de atividades. Para atividades em classe, a exceção será para os casos
envolvendo saúde do aluno, mediante atestado médico apresentado em até 48 horas após a realização das mesmas.
Os resultados das atividades podem ser revistos (a pedido dos alunos) até 48 horas após à divulgação de
cada nota.
A Frequência mínima exigida é de 75% das AULAS DADAS.
A chamada (lista de presença) será realizada 15 minutos após o início da aula.
As datas, número de avaliações e ponderações das atividades poderão ser modificadas pelo professor, se
previamente comunicado em aula.

1.5. Bibliografia
Não há livros-texto obrigatórios para a disciplina. A bibliografia abaixo é uma sugestão de textos nacionais
que abordam o conteúdo da disciplina..
A apostila da disciplina também NÃO CONSTITUI A REFERÊNCIA ÚNICA para acompanhamento das aulas.

 B.S. Dhillon. Life Cycle Costing for Engineers. CRC Press; 2009
 Casarotto, N. e Kopittke, B. Análise de investimentos. São Paulo : Editora Atlas, 2010.
 Da Motta, R. Economia ambiental. Rio de Janeiro: FGV, 2009.

a
De Moura, L. Economia Ambiental. Gestão de Custos e Investimentos. São Paulo : Juarez de Oliveira, 6
edição 2009.
 Donaires, D. Gestão ambiental na empresa. São Paulo : Atlas, 1995.
 Hirschfeld, H. Engenharia Econômica e análise de custos. São Paulo : Editora Atlas, 1998, 6a edição
 Hummel, P. e Taschner, M. Análise e decisão sobre investimentos e financiamentos. São Paulo : Atlas,
1995.
 Mathias, W e Gomes, J. Matemática financeira. São Paulo : Atlas, 2004
 Paiva, P. R. Contabilidade ambiental. São Paulo: Atlas, 2006.
 Pilão, N. e Hummel, P. Matemática financeira e engenharia econômica. São Paulo: Thomson, 2004
 Romeiro, A. et alli. Economia do meio ambiente. São Paulo : Instituto de economia da Unicamp, 1996.
 Securato, J. R. decisões financeiras em condições de risco. São Paulo: Saint Paul editora, 2007

1.6. Horários de atendimento preferencial


 Segunda feira: vespertino
 Terça-feira: vespertino
 Quinta feira: vespertino

01- Apresentação do curso 2


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2. Contexto do curso e noções básicas de juros

2.1. Economia e engenharia sanitária e ambiental


Engenharia: aplicação dos conhecimentos científicos e empíricos à concepção de estruturas, dispositivos e
meios de transformar e converter os recursos naturais de modo a contemplar as necessidades humanas;
Engenheiro: indivíduo que alia a um alto nível tecnológico e racionalização de recursos o trabalho de
criação, organização e direção;
Economia é a ciência que trata dos fenômenos relativos à produção, distribuição, acumulação e consumo
dos bens materiais. Ou ainda, o controle para evitar desperdícios, em qualquer serviço ou atividade
1
(Aurélio, 1999 ).

Os engenheiros, pela sua formação, participam de um grande número de tomadas de decisão em todos os
setores de atividade das empresas. Estes setores envolvem a concepção, o abastecimento, a fabricação,
distribuição e a comercialização. Neste tocante, os engenheiros podem ser responsáveis, entre outras, pela
aquisição de equipamentos, escolha de investimentos em tecnologia ou a gestão de processos, buscando
sempre racionalizar a utilização de recursos e envolvendo diretamente, portanto, a economia.
No contexto da engenharia sanitária e ambiental, em todas as atividades, nas etapas do processo
econômico, são verificadas interações e impactos sobre o meio ambiente em maior ou menor grau. A
recíproca também é verdadeira, ou seja, a eficiência técnica somente se tornará apropriada se for
demonstrada viabilidade econômica. Portanto, o engenheiro sanitarista e ambiental deve estar também
preparado para tomar decisões econômicas. É o caso, por exemplo, do aperfeiçoamento de um
equipamento de tratamento de efluentes domésticos. As novas características fazem o sistema mais
eficiente, porém os preços aumentam em 50 vezes com relação ao processo original. Os equipamentos
serão fabricados ? Adiantará eficiência técnica ? Outros estudos (técnicos e econômicos) serão necessários?
Buscando nortear o(a) aluno(a) para respostas às questões anteriores, a primeira parte deste curso será
voltada à introdução à matemática financeira e à engenharia econômica.

2.2. Juros
Muitas atividades são remuneradas :
O trabalho  salário
Técnica  Royalty
Uso da terra ou habitação  aluguel

O juro é a remuneração paga pelo uso de capital durante um determinado tempo.


Exemplos : cheques especiais, empréstimos, compras à crédito.
Em condições normais, todo uso de dinheiro que envolva tempo (de uma data a outra) sempre implicará
juros. Por outro lado, se o tempo não está envolvido (mesma data), juros não são considerados. Portanto,
neste caso, pode-se somar e subtrair somas de dinheiro diretamente.

1
Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio. Rio de Janeiro : Nova fronteira, 1999. 3 ed.

02 – Contexto do curso e noções básicas de juros 3


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Exemplo :
Emprestar R$ 1.000,00 hoje para pagar R$ 1.100,00 em 1 mês. A remuneração pelo uso do capital foi de R$
100,00. Portanto i = 10% ao mês. Se a condição de empréstimo fosse emprestar R$ 1000,00 hoje para pagar
R$ 1000,00 em 1 mês. A remuneração pelo uso do capital seria de R$ 00,00 ou i = 0% ao mês.

O período em que uma quantia está sujeito a uma taxa de juros chama-se PERÍODO DE CAPITALIZAÇÃO.

Representação :
i = Taxa de juros (%), (i vem de “interest”);
n = Período de capitalização (n);
J = Valor líquido da remuneração do capital no período de capitalização (R$), ou os juros propriamente dito;
P = Valor principal ou valor inicial de aplicação;
F = Montante final, valor futuro ou valor total a receber após a aplicação.

2.3. Valor atual , Nominal e Futuro

• O Valor Atual corresponde ao valor da aplicação em uma data anterior à do vencimento.

20.000

(meses)
0
6 12

“P” é o valor atual da aplicação de 20.000, na data 6.

• O Valor Nominal é o valor do título na data do seu vencimento.


Uma pessoa aplicou uma quantia hoje e vai resgatá-la por 20.000 daqui a 12 meses. 20.000 é o valor
nominal da aplicação no mês 12.

20.000

(meses)
0 12

• O Valor futuro Corresponde ao valor do título em qualquer data posterior à que estamos
considerando no momento  montante.
Uma pessoa possui 10.000 hoje. F” é o valor futuro de 10.000 na data 6.

02 – Contexto do curso e noções básicas de juros 4


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10.000

(meses)
0 6

2.4. Juros simples


A remuneração (juros) é dada somente ao valor inicial, ou valor principal (P)

J = P.i.n

Observação : Se a taxa de juros for, por exemplo, 10 % a.a. (lê-se, ao ano), ela será aplicada nas fórmulas
como i = 0,10 e não i = 10.

O montante final, ou valor futuro (F) ou ainda principal mais juros será calculado da seguinte maneira:

F=P+J
F = P + P.i.n
F = P(1+ i.n)]

2.5. Juros compostos


Os juros são incorporados ao principal (P) após cada período de capitalização, passando a render juros
também.

Período (n) Montante (F)


1 P + Pi = P(1 + i)
2
2 P (1 + i) + (P (1 + i))i = P (1 + i).(1 + i) = P(1 + i)
2 2 2 3
3 P(1 + i) + (P(1 + i) )i = P(1 + i) .(1 + i) = P(1 + i)

n
n P(1 + i)

2.6. Comparação entre juros simples e composto

P = R$ 100,00 i = 10 % a.m. n = 12 meses

02 – Contexto do curso e noções básicas de juros 5


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Tabela 1 : Comparação entre juros simples e compostos.


Período Montante F
Juros simples Juros compostos
0 100,00 100
1 100,00 + 100,00.0,1 = 110,00 100,00 + 100,00.0,1 = 110,00
2 110,00 + 100,00.0,1 = 120,00 110,00 + 110,00.0,1 = 121,00
3 120,00 + 100,00.0,1 = 130,00 121,00 + 121,00.0,1 = 133,10
4 130,00 + 100,00.0,1 = 140,00 133,10 + 133,10.0,1 = 146,41

12 220,00 313,84

Juros simples : J = F – P = 220 – 100 = 120  i anual = 120/100 x 100(%) = 120%


10 % a.m.  120 % a.a
Juros compostos : J = F – P = 313,84 – 100 = 213,84  i anual = 213,84/100 x 100(%) = 213,84%
10 % a.m.  213,84 % a.a.

Observação: Juros simples são raramente utilizados em operações financeiras; Se não houver especificação,
considera-se que os juros adotados são compostos.

2.7. Períodos não inteiros


Existem dois métodos para o cálculo de juros a partir de períodos não inteiros :
- Interpolação linear
- Função exponencial fracionária

Por exemplo, quanto se terá (F) após 10,5 meses se for feita uma aplicação financeira hoje de R$ 1000,00
com juros de 1 % a.m.

Interpolação linear
10
Cálculo com 10 meses : (1 + 0,01) = 1,10462
11
Cálculo com 11 meses : (1 + 0,01) = 1,11566
 1 mês  0,01104
0,01104  30 dias (1 mês)
x  15 dias (0,5 mês)

x = 0,00552

1,10462 + 0,00552 = 1,11014


F = 1,11014 . 1000 = R$ 1110,14

02 – Contexto do curso e noções básicas de juros 6


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Função exponencial fracionária

10,5
F = 1000(1 + 0,01) = R$ 1.110,13

Os resultados obtidos podem ser observados na figura 1.

F11
F10,5
Linear
Exponencial

F10

10 10,5 11

Meses

Figura 1 : Relação entre interpolação linear e exponencial

2.8. Na internet:
http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/financeira/curso/curso.htm#mfin01
http://cursos.bmf.com.br/pages/instituto/certificacoes/Apostila_Matem%C3%A1tica%20Financeira.RD.pdf
http://am.esalq.usp.br/desr/dum/node2.html

02 – Contexto do curso e noções básicas de juros 7


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2.9. Exercícios
1. Um comerciante comprou determinado material por R$ 5.600,00. Por quanto deverá revendê-lo para
obter um lucro de 30% (sobre o valor de venda)? R= $ 8.000,00

2. Um material comprado por R$ 180,00 foi revendido por R$ 304,00. Qual a taxa de lucro sobre o preço
de custo? R= 68,89%

3. Um material foi vendido, com prejuízo de 20%, pelo preço de R$ 680,00. Quanto havia custado? R=
$850,00 sobre Custo

4. Calcular o prejuízo de um comerciante que vendeu certa mercadoria por R$ 364.220,00 perdendo a
quantia equivalente a 12% sobre o preço de custo. R= $49.666,36

5. Qual os juros de uma aplicação de R$ 5.000,00 a 1,5 % a.m. por 2 meses?


n 2
F = P.(1 + i) = 5.000(1 + 0,0015) = 5.151,13, de onde os juros correspondem a
F – P = R$ 151,13

6. Uma loja vende seus produtos nas seguintes condições : à vista com 5 % de desconto ; com cheque pré-
datado para um mês, sem acréscimo; ou com pré-datado para 2 meses com acréscimo de 3%. Qual a
melhor forma de pagamento se a poupança está pagando 3,5 % a.m.?
Resposta : Imagine um produto que custe R$ 100,00
A vista = 95,00 ; 1 mês = 100,00; 2 meses = 103,00
O raciocínio deve ser o seguinte : aplicar R$ 95,00 na poupança com i = 3,5 % a.m. e verificar o resultado
nas duas condições. Se o valor resultante for maior do que uma das propostas, será mais adequado adotar
tal proposta. Caso contrário, o pagamento a vista será mais interessante.
n
Caso 1. F = P.(1 + i) = 95(1 + 0,035)1 = 98,33
n
Caso 2. F = P.(1 + i) = 95(1 + 0,035)2 = 101,77

Portanto o pagamento a vista é mais interessante.

7. Quanto deve ser aplicado hoje para se ter R$ 10.000,00 depois de 3 anos, se a taxa de juros for de 5 %
a.m.?
n
F = P.(1 + i)
36
10.000 = P(1 + 0,05)
P = 1726,57

8. Um apartamento é vendido, à vista, por R$ 220.000,00. Caso o comprador opte por pagar em uma única
parcela após certo período de tempo, o vendedor exige R$ 61.618,59 como juros, pois quer ganhar 2,5%
a.m. Qual é o prazo de financiamento na hipótese acima?

02 – Contexto do curso e noções básicas de juros 8


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3. Outras considerações sobre taxas de juros

Os estudos econômicos são realizados sempre (salvo quando formalmente especificado) considerando taxa
de juros compostos. É necessário agora distinguir se tal taxa se refere a um valor efetivamente aplicado ou
a um valor “aparente” de juros.

3.1. Taxa nominal e taxa efetiva


Imaginar uma quantia de R$ 10000,00 aplicada por um período de 1 ano, rendendo juros de 10% a.a. e
2
sendo o período de capitalização igual a 1 ano. Após este prazo, o valor final F seria :

10000,00 + 0,1.10000,00 = 11000,00

Como a taxa de juros é anual e o período de capitalização também é anual, diz-se que a TAXA É EFETIVA.
Imaginar agora que a quantia de R$ 10000,00 seja aplicada por um período de 1 ano, rendendo juros de
10% a.a. e que o período de capitalização é igual a 1 semestre.
No período de capitalização, que é de 1 semestre (metade de 1 ano), ter-se-ia uma taxa igual a 5% (10%/2).
o
Após o 1 semestre o montante F seria de :
10000,00 + 0,05.10000,00 = 10500,00

Ou ainda, aplicar 10% sobre R$10000,00 e dividir o resultado por 2 = 1000,00/2 = 500,00
F = 10000,00 + 500,00 = 10500,00

No segundo semestre haveria novamente o rendimento de 5%, ou seja,


10500 + 0,05.10500,00 = 11025,00

Neste caso, os juros anuais seriam JUROS NOMINAIS e não efetivos, pois o período de capitalização é
diferente do período da taxa de juros.
Nota-se, portanto, que a quantia inicial sofreu uma valorização de 10,25% a.a, o que vem a ser a TAXA
EFETIVA (correspondente à taxa nominal de 10% a.a com capitalização semestral).
Neste mesmo sentido, são comuns as expressões abaixo :
24 % a.a., em geral, é dito que rende 2 % a.m. (Na verdade 24 %a.a  1,808 % a.m.)
3 % a.m., em geral, é dito que rende 36 % a.a. (Na verdade, 3 % a.m.  42,57 % a.a)
As duas expressões apresentadas estariam certas se a referência fosse TAXAS NOMINAIS DE JUROS.
Neste caso o modo adequado de apresentação seria :
24 % a.a. com capitalização mensal, o que equivaleria a 2% a.m. efetivos ;

2
Relembrando : período de capitalização é um período em que uma quantia rende uma taxa de juros i, após o qual, os valores
resultantes dos juros são somados à quantia acumulada até então.

03 – Outras considerações sobre taxas de juros 9


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36 % a.a. com capitalização mensal, o que equivaleria a 3 % a.m. efetivos;

Assim como :
12 % a.s. com capitalização trimestral, equivale a 6 % a.t. efetivos ou ainda,
2% a.m. efetivos equivale a uma taxa anual nominal de 24 % a.a.

Em resumo :
Em taxas nominais, o período da taxa não coincide com o período de capitalização.
Em taxas efetivas, o período da taxa coincide com o período de capitalização.

Observação : Se não houver especificação quanto à taxa de juros, esta deve ser considerada como efetiva.

3.2. Conversões de taxas de juros


Taxa nominal em taxa efetiva
A partir de uma taxa nominal é possível calcular diretamente a taxa efetiva correspondente ao período de
capitalização. Para tanto, se divide a taxa nominal por período, por exemplo 30 % a.a. com capitalização
mensal, pelo número de períodos de capitalização, no caso 12 meses.
i = 30/12 = 2,5 % a.m.

Outro exemplo : qual a taxa efetiva correspondente a 50 % a.a. com capitalização bimestral ?
Como em 1 ano há 6 bimestres,
i = 50/6 = 8,33 % a.b.

Conversões entre taxas efetivas


Se R$ 1000,00 são aplicados em um fundo com rendimento médio de 1% a.m., ao final de 1 ano qual a taxa
de juros efetivamente paga ?
12
F = 1000 (1 + 0,01)
F = 1126,82
J = F – P = 1126,82 – 1000,00 = 126,82
Ou seja, ao final de 1 ano a taxa de juros aplicada sobre o capital inicial foi de 12,68 %
Pode-se, portanto, concluir que 1% a.m. equivale a 12,68% a.a.
Notar que 12,68% ≠ 12 x 1%(=12%)

12
Neste caso, ianual = (1 + imensal) – 1
De um modo geral, a transformação de taxas efetivas relativas a períodos diferentes se faz da seguinte
maneira :
m m
(1 + i) = (1 + im)  i = (1 + im) – 1
ou
1/m
(1 + i) = 1 + im

03 – Outras considerações sobre taxas de juros 10


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1/m
im = (1 + i) –1
i= taxa no maior período
im = taxa no menor período
m= número de vezes que o período menor ocorre no período maior

Exemplo : transformação de taxa anuais em semestrais, quadrimestrais...


Fórmula Taxa Período Número de vezes
2
1+ia = (1+isem) isem semestre 2
3
1+ia = (1+iquad) iquad quadrimestre 3
4
1+ia = (1+itrim) itrim trimestre 4
12
1+ia = (1+imes) imes mês 12
24
1+ia = (1+iquinz) iquinz quinzena 24
52
1+ia = (1+isemana) isemana semana 52
365
1+ia = (1+idias) idias dia 365

3.3. Taxas antecipadas


Alguns tipos de empréstimos estabelecem a cobrança de juros antecipadamente, ou seja, do valor
solicitado a parte relativa aos juros é retida na fonte.

Por exemplo
a. Um empréstimo de R$ 100.000,00 com juros de 10 % cobrados antecipadamente. A amortização será
feita no final do segundo mês. Qual a taxa efetiva mensal cobrada ?

100.000,00 = valor a ser pago (F)


90.000,00 = valor efetivamente recebido
n=2
i=?

2
100.000 = 90.000(1 + i)
i = 0,054 ou 5,4 % a.m.

b. Calcular a taxa efetiva mensal de juros referentes a um empréstimo com prazo de três meses, sabendo
que é cobrada antecipadamente uma taxa de 22 %
Se 100 são emprestados e são cobrados 22 % adiantados, 100 – 22 = 78
3
78 (1 + i) = 100
1/3
1 + i = (100/78) = 1,0863 ou 8,63 % a.m.

03 – Outras considerações sobre taxas de juros 11


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3.4. Juros contínuos

Quando o intervalo de tempo (período) tende a zero, F aumenta menos do que proporcionalmente ao
aumento de t.
Por exemplo

R$ 100 à taxa de 20% a.a. gera em um ano:


F = 100 (1 + 0,20) = 120,00

R$ 100 à taxa de 20% a.a. com capitalização semestral gera em um anos:


2
F = 100 (1 + 0,20/2) = 121,00

R$ 100 à taxa de 20% a.a. com capitalização trimestral gera em um ano:


4
F = 100 (1 + 0,20/4) = 121,55

Genericamente,

iN m
(1 + i a ) = (1 + )
m

Se m é o número de períodos com tendência ao infinito, tem -se

b
æ aö a
e = 2,71828 é o limite da expressão: ç1+ ÷ de onde,
è bø

Sendo assim,
iN i
1 + ia = e ou simplesmente 1 + ia = e

onde i = taxa nominal equivalente a uma capitalização contínua. Por exemplo taxa anual (mensal, etc.) com
capitalização contínua.
i
ia = e – 1

O cálculo de F a partir de P para n anos será

n in
F = P (1 + ia) = Pe

03 – Outras considerações sobre taxas de juros 12


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3.5. Exercícios
1. Qual a taxa efetiva mensal de 24 % a.a. com capitalização semestral ?
Resposta : taxa efetiva semestral : 24/2 = 12 % a.s.
transformação taxa semestral em taxa mensal
1/6
im = (1 + 0,12) – 1 = 1,9 % a.m.
n
Observação : lembrar sempre que F = P(1 + i)
Sendo taxas efetivas equivalentes  Fs = Fm, então
1 6
P (1 + is) = P (1 + im)
1 6
(1 + 0,12) = (1 + im)
1/6
1,12 = 1 + im
1/6
1,12 – 1 = im = 0,019 ou 1,9 % a.m.

2. Qual a taxa semestral equivalente a 10 % a.m.


1 6
Resposta : (1 + is) = (1 + 0,10)
6
is = (1 + 0,10) – 1 = 0,77 ou 77 % a.s.

3. Um empréstimo é feito nas seguintes condições: “R$ 5.000,00 e reembolso de R$ 5.500,00 em uma
semana. “Qual a taxa de juros mensal e anual efetivas e anual nominal envolvidas na transação?

4. Determinar a taxa para 183 dias equivalente a 65% a.a. i = 28,99 % para 183 dias.

5. Determinar a taxa anual equivalente a 2% a.m. i= 26,82% a.a.

6. Determinar a taxa para 27 dias equivalente a 13% a.trimestre. i = 3,73% em 27 dias.

7. Determinar a taxa anual equivalente a 1% a.quadrimestre. i = 3,03% a.a.

8. Determinar a taxa trimestral equivalente a 47.746% em dois anos. I = 116,26% a.t.

9. Uma duplicata foi descontada pelo valor de R$ 234.375,00, 50 dias antes do seu vencimento à taxa de
45% a.a.. Qual é o seu valor nominal? P = $.

10. Uma duplicata de R$ 69.000,00 foi resgatada pelo valor de R$ 58.909,00. Sabendo que a taxa de
desconto foi de 3 1/4% a.m. qual foi o tempo de antecipação? t= dias.

11. Sendo portador de duas Notas Promissórias, uma de R$ 80.000,00 com vencimento em 150 dias, e outra
de R$ 40.000,00 com vencimento em 120 dias. Pretendendo descontá-las dentro de 90 dias, qual é o valor a
ser recebido de cada uma se a taxa de desconto for de 35% a.m.?
P1= $ e P2= $
3
12. (Samanez, 2009(a)) Uma plantação de eucaliptos para fabricação de celulose tem 80.000 m de
3
madeira. O preço atual da madeira é de R$ 20/m e taxa contínua de crescimento das árvores é de 20% ao
ano. Pede-se:
- O valor da plantação após 4 anos (resp. R$ 3.560.865,49)
- O prazo de dobra do valor da plantação (resp. 3,47 anos)

03 – Outras considerações sobre taxas de juros 13


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4. Fluxo de caixa

4.1. Definição
É a apreciação das contribuições monetárias (entradas e saídas de dinheiro) ao longo do tempo em um
caixa simbólico. O tempo de início das avaliações é considerado como t = 0
Considere, por exemplo, investir hoje (instante zero) R$ 5.000,00 ; nos dois próximos meses receber
respectivamente R$ 2.000,00 e R$ 4.000,00. No terceiro mês, investir R$ 1.000,00 e no mês 4 receber R$
9.000,00.
A situação acima pode ser representada de forma analítica ou gráfica.

4.2. Expressão analítica

Período Entradas Saídas


0 5000,00
1 2000,00
2 4000,00
3 1000,00
4 9000,00

Ou ainda

Período Entradas (+)/Saídas (-)


0 -5000,00
1 +2000,00
2 +4000,00
3 -1000,00
4 +9000,00

Atenção : em períodos diferentes não se pode somar ou subtrair diretamente os valores, pois juros estão
envolvidos. Por outro lado, valores em um mesmo período podem ser adicionados ou subtraídos
diretamente.

4.3. Expressão gráfica


São adotadas as seguintes convenções :
O eixo horizontal representa o tempo a partir do instante considerado inicial até o instante considerado
final no prazo em questão.
Nos diversos pontos que representam instantes ao longo de tempo são traçados segmentos positivos e
negativos.
Segmentos positivos (do eixo horizontal para cima) representam dividendos, receitas ou economias
realizadas.

04 – Fluxo de caixa 14
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Segmentos negativos (do eixo horizontal para baixo), representam despesas, aplicações de dinheiro, custos
de aplicação ou parcelas que foram deixadas de receber.
Assim, o enunciado anterior pode ser representado pela figura 2.

2000 4000 9000

0 1 2 3 4

5000 1000 ...


Figura 2 : Expressão gráfica do fluxo de caixa

De um modo genérico a representação gráfica do fluxo de caixa pode ser resumida da seguinte maneira:

Fluxo de Caixa da pessoa


P

0 1 2 3 ... n-1 n

S1 S2 S3 ... Sn-1 Sn
Figura 3 : Expressão gráfica do fluxo de caixa

A figura 3 representa, por exemplo, um empréstimo bancário realizado por uma pessoa de forma que ela
restituirá este empréstimo em n parcelas nos meses seguintes. Po é o valor que entrou no caixa da pessoa
(caixa positivo) e S1, S2, ..., Sn serão os valores das parcelas que sairão do caixa da pessoa (negativas).
No Fluxo de Caixa do banco, as setas têm os sentidos opostos em relação aos sentidos das setas do Fluxo de
Caixa da Pessoa. Assim:
Fluxo de Caixa do banco
E1 E2 E3 ... En-1 En

0 1 2 3 ... n-1 n

So
Figura 4 : Expressão gráfica do fluxo de caixa

04 – Fluxo de caixa 15
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O fato de cada seta indicar para cima (positivo) ou para baixo (negativo), é assumido por convenção, e o
Fluxo de Caixa dependerá de quem recebe ou paga o Capital num certo instante, sendo que:
t = 0, indica o período inicial de referência ;
n = o número de períodos em que a transação será realizada
Ek = Entrada de capital num momento k;
Sk = Saída de capital num momento k.

Observações :
A convenção positivo/negativo pode ser invertida com relação àquela apresentada na figura anterior.
Entretanto, após a definição da convenção, ela deve ser mantida ao longo da montagem do fluxo de caixa.

Quando da utilização de fluxo de caixa, adota-se geralmente a seguinte notação :


P = Quantia existente ou equivalente no instante inicial e conhecida por Valor Presente ou valor atual. A
notação VP também é utilizada.
F = Quantia existente ou equivalente em um instante futuro em relação ao inicial e conhecida por valor
futuro.
F

0 1 2 3 ... n-1 n

P
Figura 5 - Convenção do fluxo de caixa

A figura 5 representa uma aplicação P hoje para recebimento de F no período n.

A = série de pagamentos (ou recebimentos) uniformes que se inicia no período 1 e termina no período n. É
o caso de depósitos programados para uma retirada futura (ou mensalidades). Se na figura 3 e 4,
respectivamente os valores de S ou E forem constantes, eles podem ser substituídos por A, sendo a
representação equivalente àquela apresentada na figura 6.

200 200 200 200

0 1 2 3 4

Equivalem

04 – Fluxo de caixa 16
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200 200

0 1 2 3 4
Figura 6 : Série uniforme

G = série que aumenta, gradativamente, de forma uniforme, após cada período de capitalização,
constituindo uma série de valores G, 2G, 3G...(n-1)G, que ocorrem nos instantes 2, 3, 4...n (figura 6).

0 1 2 3 4 n

G
2G
3G
(n-1)G

Figura 7 : série em gradiente

4.4. Exemplos
Fonte : http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/matfin/fluxo/flcaixa.htm (Página construída por Ulysses Sodré)

1. Uma pessoa recebeu um empréstimo de R$ 10.000,00 hoje e pagará R$ 11.000,00 daqui há um mês.

Fluxo de Caixa 01
10.000

0 1

11.000

2. Uma pessoa recebeu um empréstimo de R$ 10.000,00 hoje e pagará em duas parcelas iguais e seguidas
de R$ 6.000,00 a partir do próximo mês.
Fluxo de Caixa 02
10.000

0 1 2

6.000 6.000

04 – Fluxo de caixa 17
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3. Uma pessoa emprestou R$ 10.000,00 hoje e pagará R$ 5.500,00 em 30 dias e R$6.500,00 em 60 dias.

Fluxo de Caixa 03
10.000

0 1 2

5.500 6.500

4. Uma pessoa recebeu um empréstimo de R$ 10.000,00 hoje e pagará R$ 1.000,00 em 15 parcelas iguais a
partir do mês seguinte.
Fluxo de Caixa 04
10.000

0 1 2 ... 14 15

1.000 1.000

5. Uma pessoa comprou um carro por R$16.000,00 hoje e pagará o mesmo em 24 parcelas de R$ 840,00 a
partir de hoje.
Fluxo de Caixa 05
16.000

0 1 2 ... 23

840,00 840,00 840,00 840,00 840,00

Há um pagamento no período zero. Desta forma, o fluxo acima pode ser apresentado da seguinte maneira :
Fluxo de Caixa 04
15.160,00

0 1 2 ... 22 23

840,00 840,00

04 – Fluxo de caixa 18
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6. Uma pessoa comprou um carro por R$ 12.000,00 hoje e pagará em 20 parcelas variáveis que começam
com R$ 500,00 e vão aumentando R$ 100,00 a cada mês, sendo a primeira parcela paga a partir do mês
seguinte.

Fluxo de Caixa 06
12.000

0 1 2 ... 19 20

500 600 ... 2.300 2.400

7. Uma pessoa comprou um carro por R$ 12.000,00 hoje e pagará em 20 parcelas variáveis que começam
com R$ 500,00 e vão aumentando R$ 100,00 a cada mês, sendo a primeira parcela paga já no momento
inicial.

Fluxo de Caixa 07
12.000

0 1 2 ... 18 19

500 600 700 ... 2.300 2.400

04 – Fluxo de caixa 19
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5. Relações de equivalência

Conhecidos n e i, se pode sempre transformar P, F ou A em valores equivalentes. Em outras palavras, estas


relações servirão, por exemplo, para o cálculo do valor futuro de uma certa soma aplicada hoje, conhecidos
a taxa de juros aplicada e o período (figura 8).

P P

F F

A i, n A

Figura 8 : Relações de equivalência

5.1. Relação entre P e F


Considerando uma taxa i de juros, qual o valor futuro (F), após n períodos, dado o valor presente (P) e vice-
versa ? (Figura 9)

0 1 2 3 ... n-1 n
P F
Figura 9 : relação entre P e F
n
F = P (1 + i)
n
P = F/(1 + i)
Representação
F = P (F/P; i ; n) Ler : Achar F dado P a uma taxa de juros i em n períodos
P = F (P/F ; i ; n)

05 – Relações de equivalência 20
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Exercícios
1. Se eu quiser ter R$ 400.000,00 dentro de 5 anos, quanto deverei aplicar agora, considerando-se uma taxa
de 10 % a.a. ?
Resposta. P = (P/F ; 10 ; 5)
n
P = F/(1 + i)
5
P = 400/(1 + 0,1) = 248.360,00

2. Apliquei hoje R$ 100,00 em uma caderneta de poupança. No próximo mês aplicarei mais 120 e no
terceiro mês 150. Quanto terei nesta última data? A poupança paga em média 0,6 % a.m.
Resposta.

3. R$ 2.500,00 foram reembolsados em R$ 2.730,00 após 2 meses. Qual a taxa de juros envolvida ?
Resposta.

4. Você adquiriu um produto que será pago em duas prestações mensais iguais de R$ 100,00. Considerando
a taxa de juros do vendedor seja igual a 5 % a.m., qual seria o valor de venda a vista deste produto ?
Resposta.

5. Se um estabelecimento comercial cobra 3% a.m. de juros e um produto é vendido a vista por 1.000,00,
qual seria o valor de três prestações mensais iguais, no caso de uma venda a crédito ?
Resposta.

6. R$ 2.500,00 foram reembolsados em R$ 2.730,00. Se a taxa de juros é de 2% a.m, este empréstimo durou
quantos dias ?

Veja mais exercícios em : http://nelsonco1.sites.uol.com.br/RevMatFin.htm

05 – Relações de equivalência 21
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5.2. Relação entre F e A


Imagine que a partir do próximo mês você comece a depositar R$ 200,00 em uma caderneta de poupança e
isto durante outros 3 meses (4 depósitos).
Considerando que a taxa de juros seja de 0,75 % a.m., quanto você terá após o quarto depósito?

0 1 2 3 4  0 1 2 3 4

200 200 200 200 F

Figura 10. Relação entre F e A

F = F1 + F2 + F3 + F4
3 2 1
F = 200(1 + 0,0075) + 200(1 + 0,0075) + 200(1 + 0,0075) + 200
F = 809,05 ou seja R$ 809,05

n-1
O depósito A em 1 fornece em n : F1 = A(1 + i)
n-2
O depósito A em 2 fornece em n : F2 = A(1 + i)
1
O depósito A em (n-1) fornece em n : Fn-1 = A(1 + i)
0
O depósito A em n fornece em n : Fn = A(1 + i) = A

Assim de forma genérica


n
F  Fi = A (1 + i)
n-1
+ A(1 + i)
n-2
+...+A(1 + i) + A (1)
1

Multiplicando ambos os membros desta equação por –(1 + i), tem-se :

n n-1 2 1
-(1 + i)F = -A(1 + i) -A(1 + i) - …-A(1 + i) - -A(1 + i) (2)

Somando-se as duas equações,

n-1 n n-2 n-1 2 1


F-(1 + i)F = A(1 + i) -A(1 + i) + A(1 + i) -A(1 + i) +...+A(1 + i) -A(1 + i) + A - A(1 + i)
n
-iF = -A(1 + i) + A
n
iF = A[(1+i) – 1]

 1  i n  1
F  A 
 i 

05 – Relações de equivalência 22
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Exercícios

1. Resolvendo o exemplo anterior por meio da equação, obtém-se :

10,0075
4 1 = 809,05
F  200 
 0,0075 
2. Qual a série uniforme equivalente ao seguinte fluxo de caixa (taxa de juros de 5%) :

20 20 20 20

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Resposta :

3. Você acaba de se formar em engenharia sanitária e ambiental e estabelece como projeto de vida a
aquisição de uma casa em 15 anos, que em valores de hoje custaria R$ 240.000. Atualmente você dispõe de
R$ 5000,00 em uma caderneta de poupança. Considerando que a inflação média anual para os próximos 15
anos será de 10 %, quanto deverá ser poupado em média anualmente (e mensalmente) para que no final de
15 anos você disponha de uma quantia suficiente para adquirir a casa planejada ? A caderneta de poupança
apresenta um rendimento médio de 12 % a.a.
Neste caso, primeiramente você deve calcular o valor futuro da casa, ou seja levar 240.000,00 ao n = 15
anos com taxa de juros igual a 10% a.a. (F1) Em seguida você deve levar os 5000,00 ao futuro (n=15) com
taxa de juros de 12% a.a. (F2). Subtraia F1 de F2. O valor obtido deve ser utilizado para calcular o valor
médio a ser poupado anualmente (A), ou seja A/F. Para o cálculo do valor médio mensal, pode-se supor que
o valor A obtido anteriormente seja a meta anual. Neste caso, ele pode ser considerado um F e calcula-se
um novo A para 12 meses com a taxa de juros da poupança.
Resposta :

05 – Relações de equivalência 23
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Série antecipada (F/A)


O que aconteceria se a série iniciasse no período zero e terminasse no período n-1 ?. É o caso, por exemplo,
de depósitos regulares a partir de hoje até um período anterior à retirada (n-1).
Imagine que você comece hoje a depositar R$ 200,00 em uma caderneta de poupança e isto durante outros
3 meses (4 depósitos).
Considerando que a taxa de juros seja de 0,75 % a.m., quanto você terá no mês seguinte ao quarto
depósito?

0 1 2 3 4

200 200 200 200

F = F0 + F1 + F2 + F3
4
O depósito A em 0 fornece no mês 4 : F0 = 200(1 + 0,0075)  206,07
3
O depósito A em 1 fornece no mês 4 : F1 = 200(1 + 0,0075)  204,53
2
O depósito A em 2 fornece no mês 4 : F2 = 200(1 + 0,0075i)  203,01
1
O depósito A em 3 fornece no mês 4 : Fn-1 = 200(1 + 0,0075)  201,50

F = 815,11
Pode-se também generalizar este caso. Assim, a partir da equação F/A, deve-se subtrair a parcela A
n
(depósito no mês da retirada) e acrescentar a parcela A(1 + i) , associada ao depósito na data inicial.
A equação resultante será :
é (1+ i ) n -1ù
F=Aê ú - A + A(1+ i )
n

ë i û

ou

F=A
[(1+ i) -1] (1 + i )
n

i
Resolvendo o exemplo com o uso da equação, tem-se :

F = 200
[(1+ 0,0075) -1] (1 + 0,0075)
4

0,0075

F = 815,11

05 – Relações de equivalência 24
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5.3. Relação entre P e A


É o caso, por exemplo, de determinação de prestações mensais considerando um preço a vista e vice-versa.

0 1 2 3 n Achar 0 1 2 3 n

A P

A A A A
P    ....  (1)
(1  i ) 1
(1  i ) 2
(1  i ) 3
(1  i ) n

1
Multiplicando os dois termos desta equação por , tem-se :
(1  i)1
1 A A A A
P     ....  (2)
(1  i ) 1
(1  i ) 2
(1  i ) 3
(1  i ) 4
(1  i ) n 1

A subtração de (1) de (2) resulta :


1 A A
P P  n1

(1i) 1
(1i) (1i)
æ 1 ö A æ 1 ö
Pç 1 -1÷ = ç n - 1÷
è (1+ i) ø (1+ i) è (1+ i) ø

de onde

 1  i n  1
P A  n 
 i(1  i) 
ou
 i (1  i ) n 
AP  
 1  i   1
n

Uma outra maneira de deduzir esta equação é a seguinte :


n
F = P (1 + i)
e igualmente

 1  i n  1
F  A 
 i 
Desta forma,
é (1+ i ) n -1 ù
P (1 + i) n
=Aê ú
ë i û
De onde

05 – Relações de equivalência 25
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 1  i n  1
P  A n 
 i(1  i) 

Exemplos :
1. Um calorímetro custa R$ 40.000,00. Se uma entrada de R$ 10.000,00 é dada e o restante é financiado em
24 prestações com i = 2 % a.m, qual o valor de cada mensalidade ?

 i (1  i ) n 
AP  
 1  i   1
n

0,0 2
(10,0 2)2 4
A3 0 0 00 
 10,0 2 1 
2 4

A = 1.586,12 ou 24 prestações de R$ 1.586,12

2. Um banco faz empréstimos somando 20% à quantia emprestada e dividindo o total por 10 pagamentos
iguais. Quanto é realmente a taxa de juros paga?

 1  i n  1
P A  n 
 i(1  i) 

P1,2 (1i)1 01


P  
10  i(1i)1 0 
1,2 (1i)1 01
1  
10  i(1i)1 0 

(1  i)1 0  1
8,33 
i(1  i)1 0
i = 3,4%
3. Quanto devo depositar em um fundo que rende juros de 5% a.m., a partir do próximo mês até o mês 10,
para que se possa fazer três retiradas de R$ 100,00 no meses 11, 12 e 13.

100 100 100

0 1 2 3 ... 10 11 12 13

A
 (1  i ) n  1
P1 0 A  n 
 i (1  I ) 
0

 (1  0,0 5)3  1 
P1 0 0 1 0 0 3
 0,0 5(1  0,0 5) 

05 – Relações de equivalência 26
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P100 = 272,32

(1i)h 1
FA  A  
 i 
(1 0,0 5)1 01
2 7 ,23 2 A  
 0,0 5 
A = 21,65

******

Séries antecipadas (P/A)

Até agora a série começa no período 1 e termina no período n. Pode acontecer de a série iniciar no período
“zero” e terminar no período n-1. É o caso, por exemplo, de compras a prazo com entrada.

P  P0  P1  P2  P3  ....  Pn 1

A A A A
P  A    .... 
(1  i) (1  i) (1  i)
1 2 3
(1  i) n 1

 1 1 1 1 
P  A1     ....  
n 1 
 (1  i) (1  i) (1  i) (1  i) 
1 2 3

1  1 1 1 1 
P  A    ...  
(1  i)  (1  i) (1  i) (1  i)
2 3
(1  i) n 

p A P(1  i )  P A(1  i )n  A
P  A 
(1  i ) (1  i) n (1  i ) (1  i) n

P[(1+ i) -1]
= A
[(1+ i) n -1]
P× i = A
[(1+ i) n
-1]
n-1
(1+ i) (1+ i) n (1+ i)

P=A
[(1+ i) n
-1]
n-1
i(1+ i)

Atenção: As fórmulas de séries antecipadas são exercícios de deduções de equações. Se houver dúvidas de
utilização recorra sempre à fórmulas originais (P/A e F/A) com as devidas adaptações aos problemas
propostos.

5.4. Exercícios
1. A associação de turma de engenharia sanitária fez um levantamento de gastos necessários para a
formatura que ocorrerá em 18 meses. O valor apurado foi de R$ 20.000,00 (atual). A previsão de inflação
mensal para os próximos meses será de 0,5%. Para o período pode-se considerar também um rendimento
médio da caderneta de poupança de 0,7% a.m.

05 – Relações de equivalência 27
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Sabendo que a associação de turma conta com 20 membros, qual deverá ser a contribuição média mensal
de cada formando para garantir o pagamento de todos os gastos com o evento ?

Exercícios 2 a 5 oriundos de http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/matfin/fluxo/flcaixa.htm (por Ulysses


Sodré)
2. Uma pessoa financia um objeto em n parcelas iguais e seguidas de R unidades monetárias a partir do
próximo mês. Se a taxa bancária de juros é de i% ao mês, qual é o Valor Presente (VP) deste objeto?

VP ???

0 1 2 ... n-1 n

R R R R R

3. Uma pessoa financia um objeto em 5 parcelas iguais e seguidas de R$1.000,00 a partir do próximo mês.
Se a taxa bancária de juros é de 7% ao mês, qual é o Valor Presente (VP) deste objeto?
VP ???

0 1 2 3 4 5

1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

05 – Relações de equivalência 28
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4. Refinanciar a compra do objeto que custa o Valor Presente (obtido no Fluxo de Caixa do exercício
anterior) em 4 parcelas iguais e seguidas a partir do mês inicial. Considere a mesma taxa bancária de juros.
Qual deverá ser o valor de cada nova parcela R? Qual será o percentual de aumento da prestação em
relação à prestação anterior, com esta nova alternativa?

4.100,20

0 1 2 3

R ??? R ??? R ??? R


???

R = 1.131,30
A nova parcela sobre a anterior aumentou 13,20%.
Observação: Este percentual poderá mudar se a taxa aplicada for alterada.

5. Uma pessoa financia um objeto em n parcelas iguais e seguidas de R unidades monetárias a partir deste
mês. Se a taxa bancária de juros é de i% ao mês, qual é o Valor Presente (VP) deste objeto?

VP ???

0 1 2 ... n-1

R R R R R

05 – Relações de equivalência 29
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Uma Solução do problema:


2 n-1
VP = R + R/(1+i) + R/(1+i) + ... + R/(1+i)

05 – Relações de equivalência 30
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6. Taxa interna de retorno e taxa mínima de atratividade

Esta aula tem por objetivo apresentar duas novas considerações sobre taxas de juros, voltadas
particularmente à avaliação de investimentos.

6.1. Taxa Interna de Retorno (TIR)


TIR é taxa para qual o valor presente do fluxo de caixa é nulo.
Para que o conhecimento da TIR é importante?
Exemplo 1 :
Por exemplo, alguém oferece as seguintes condições : investimento de R$ 1000,00 e reembolso de 6
parcelas de R$ 200,00. Isto seria interessante ? Não sei, pois não conheço a taxa de juros que está sendo
aplicada.

200

0 1 6

1000

VP = -1000 + 200 (P/A; i; 6) = 0


200 (P/A; i; 6) = 1000
(P/A; i; 6) = 1000/200
(P/A; i; 6) = 5

(1  i) 6  1
5
i(1  i) 6

Por tentativas, calcular i:


Se VP (+)   i
Se VP (-)   i
F’ F

0 n

06 – Taxa interna de retorno e taxa mínima de atratividade 31


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VP (+) = F’- P > 0


Aumentando o valor de i o valor presente de F (F’) tende a diminuir.
VP (-) = F’- P < 0
Diminuindo o valor de i, o valor presente de F (F’) tende a aumentar.

Exemplo 2 :
600 600 600 2000

0 1 2 3 4 5

1000
2000

VP = -2000 –1000(P/F; i; 1) + 600(P/A; i; 4).(P/F; i; 1) + 2000 (P/F; i, 5)


VP deve tender a zero !
Por tentativas, i  6,6  VP = 2,8

6.2. Taxa Mínima de Atratividade (TMA)


Quando se deseja investir uma quantia, comparam-se, geralmente, os prováveis dividendos que serão
proporcionados por este investimento com os de outros investimentos disponíveis.
A taxa de juros que o dinheiro irá proporcionar, via de regra, deverá ser superior a uma taxa prefixada com
a qual, mentalmente fazemos a comparação. Esta taxa pode ser chamada de Taxa Mínima de Atratividade
(TMA), podendo ser definida, como a taxa a partir da qual o investidor considera que está obtendo ganhos
financeiros.
Outras denominações:
Taxa de expectativa
 Taxa de equivalência
 Taxa de interesse
 Taxa equivalente de juros

Exemplo 3 :
Uma promissória de R$ 100.000,00 foi emitida para ser resgatada em seis meses com taxa de 2 % a.m. Dois
meses mais tarde, um investidor propõe a aquisição da promissória. Qual o valor que esta deve ser
adquirida se a TMA do proponente for de 2,5 % a.m.

06 – Taxa interna de retorno e taxa mínima de atratividade 32


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0 1 2 3 6

F = 100.000 (F/P; 2%; 6)


F = 112.616,00
Este é o valor de resgate (independente de quem seja o proprietário).

112616,00

0 1 2 3 4 5 6

102.024,77

P = 112.616 (P/F; 2,5%; 4)


P = 102.024,77

O valor de 102.024,77 oferecido será menor do que o valor obtido pelo proprietário, porém este só poderia
resgatá-lo em seis meses.
Atenção: Se eu tenho F, quando  i P, ao contrário, se tenho P quando  i  F.

*****

6.3. Exercícios
1. Quais as taxas de juros efetivas ao mês envolvidas nas seguintes operações:
Uma promissória de R$50.000,00 é “vendida” por R$ 36.000,00, 45 dias antes do vencimento.
I = 500% a.a. com capitalização trimestral.
Respostas :
a)
45
50000 = 36000 (1 + i)
45
1,389 = (1 + i)
0,73 % a.d.
30
(i + im) = (i + id)
im = 24,48% a. m.

06 – Taxa interna de retorno e taxa mínima de atratividade 33


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b)
500/4 = 1,25 % a.t.
3
(1 + it) = (1 + im)
3
(1 + it) = (1 + im)
3
1 + 1,2448 = (1 + i)
im = 31,04 % a.m.

2. Calcular a taxa interna de retorno do plano abaixo. Valor financiado: R$ 60.000,00


1º Período (6 meses)  R$ 3.147,00
2º Período (6 meses)  R$ 3.713,00
3º Período (6 meses)  R$ 4.382,00
4º Período (6 meses)  R$ 5.164,00
Resposta.

3147 3713 4382 5164

0 1 6 7 12 13 18 19 24

VP = - 60000 + 3147 (P/A; i; 6) + 3713 (P/A; i; 6).(P/F; i; 6) + 4382 (P/A; i, 6).(P/F; i; 12) + + 5164 (P/A; i;
6).(P/F; i; 18)
i4%

3. Um empréstimo foi realizado sendo estabelecido o pagamento da dívida em 60 parcelas iguais e mensais
de R$ 1000,00.
Se no final do terceiro ano se quisesse quitar a dívida, quanto deveria ser pago ao credor naquele
momento, se a TIR é de 1% a.m. ?
Resposta. (P/A, 1 %, 24 meses)

06 – Taxa interna de retorno e taxa mínima de atratividade 34


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4. Uma copiadora de alta capacidade, nova, custa R$ 60.000,00 e apresenta uma despesa mensal de 700,00.
Após um ano de uso ela poderá ser vendida por R$ 40.000,00. Supondo que existe a possibilidade de alugá-
la, qual o valor mensal (equivalente à compra) para se ter sempre a máquina do ano ? Considere que o
preço da copiadora permanecerá estável e a TMA igual 1% a.m.
Resposta.

Uma empresa produz 10 unidades de um produto no mês 1, 15 no mês 2, 20 no mês 3 e 25 no mês 4. Se os


custos totais mensais são respectivamente de R$ 20000, 21000 ,23000 e 25000, qual deve ser o valor médio
de venda de cada unidade dos produtos para que a TIR do fluxo de caixa seja de 8% a.m.
Resposta :

Comentários :

06 – Taxa interna de retorno e taxa mínima de atratividade 35


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7. Amortização de dívidas

7.1. Introdução
A restituição de um empréstimo F considera duas frações: o principal (P) e os juros (J).
Se esta restituição é feita em parcelas, deve-se considerar um sistema de amortização, que seja capaz de
fornecer, a qualquer momento, o estado da dívida (saldo devedor ou quanto ainda devo) ou quanto já foi
amortizado.

Sistema de amortização  Forma de pagamento do principal mais os juros.

Existem diferentes sistemas de amortização, dentre os quais três serão vistos aqui :
Sistemas de prestação constante
Sistema de amortização constante e
Sistema de amortização da Caixa Econômica Federal

7.2. Sistema de Prestação Constante (PRICE)


Também conhecido por Sistema Francês de Amortização. O pagamento de uma prestação corresponde a
um pagamento de uma parcela do capital emprestado (amortização) e uma parcela de juros associados ao
saldo devedor, ou seja,
Prestação (p) = Amortização (a) + Juros (J)

Sendo a prestação constante, ela pode ser associada a uma série uniforme A. Assim,
A=a+J

Exemplo :
Empréstimo de R$ 100.000,00, com pagamento em 20 prestações semestrais, com taxa de juros (efetivo) =
50% a.a.
a. Valor das prestações ?
b. Na primeira prestação quanto é amortizado? Quanto é relativo a juros?
2
(is + 1) = 1 + ia
1/2
(1 + ia) – 1 = 1s
is = 0,0225 = 22,5 % a.s.

a) A = P (A/P; is; 20)


A = 22.895,39 (valor das prestações)

07 – Amortização de dívidas 36
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b) Prestação (A) = Amortização (a) + Juros (J)


Juros da primeira prestação
J = P.i
J = 100000 x 0,225
J = 22.500,00 (juros relativos à primeira prestação)

A=a+J
a=A–J
a = 22.895,39 – 22.500,00
a = 395,39 (amortização relativa à primeira prestação)

Assim sendo, após o pagamento da primeira prestação de 22.895,00, abateu-se R$ 395,39 do principal
emprestado (100.000,00). Os juros da segunda prestação incidirão agora sobre 99.604,61 (100.000,00 –
395,39) que é o novo saldo devedor.

Cálculo de amortização e juros


Para um valor P o cálculo da prestação A é igual a P(A/P; i; n)
A parcela de juros da 1ª prestação será J1 = i.P0
A primeira amortização, a1 será : a1 = A – J1 = P(A/P; i; n) – i.P0

 i(1i)n 
a1  P   i P
(1i) 1
n

P (i1  i) n  ( i( i) n  1)i P


a1 
(i  i) n  1

i(1i)n (1i)ni i


a1  P 
 (1i)n 1 

 i 
a1  P  
 (1  i)  1
n

a1 = P (A/F; i; n)

A segunda prestação será : A = a2 + J2


A segunda amortização, a2, por sua vez será :
A = a1 + J1 = a2 + J2
a2 = a1 + (J1 – J2)
07 – Amortização de dívidas 37
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No tocante aos juros, tem-se que J1 = iP0 e J2 = iP1, onde P1 = P0 – a1. Portanto,
J2 = J1 – a1i

onde: a1i = Juros da parcela amortizada


a1i = J1 – J2
a2 = a1 + a1i
a2 = a1(1 + i)

Na seqüência,
A = a2 + J2 = a3 + J3
a3 = a2 + (J2 – J3), como J2 = iP1 e J3 = iP2, onde P3 = P2 – a1. Portanto,
J3 = J2 – a2i

a3 = a2 (1 + i) pois,
a3 = a2 + a2i
a3 = a1 (1 + i)(1 + i)
2
a3 = a1(1 + i)

an = an-1(1 + i)
n-1
an = a1(1 +i)

Juros:
Jn = iPn – 1 = A - an
n-1
Jn = A – a1(1 + 1)
n>1

Observações :
No sistema PRICE, sendo a prestação constante, a fração de amortização aumenta e a de juros diminui:
Os juros são cobrados sobre o saldo devedor

Saldo Devedor
Após o pagamento de k prestações o saldo devedor será o seguinte:
SD = A(P/A; i, n-k) k varia de 0 até n

Ou seja, o saldo devedor é o valor presente das prestações futuras.

07 – Amortização de dívidas 38
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Exercícios

1. Montar a planilha financeira para um financiamento de 1.000,00 a 42% a.a. nominais, com prazo de 6
meses para pagamento.
a. Taxa efetiva mensal:
i = 42/12 = 3,5 % ou 0,035
Juros do 1º mês:
Ji = 0,035 x 1000 = 35

b. Prestação;
A = P(A/P ; 3,5; 6)
i(1  i) n
A  1 0 0 0  1 8 ,67 7
(1  i) n  1

o
c. Amortização (1 mês)
a1 = A – J1
a1 = 187,67 – 35
a1 = 152,67

Desenvolver a planilha:
Mês Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0 1000,00
1 187,67 35 152,67 847,33
2 187,67
3 187,67
4 187,67
5 187,67
6 187,67
Total 1000,00 0

2. Um imóvel foi vendido por um valor a ser pago parte no ano e o saldo pela tabela price de 10 % a.a. com
o
capitalização mensal, em 60 prestações de R$ 1000,00. Ao pagar a prestação do 15 mês, o comprador
desejou liquidar o saldo devedor de uma só vez. Quanto deverá pagar ?

Resposta R$ 37.397,29.

07 – Amortização de dívidas 39
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3. Você é proprietário(a) de uma loja que pretende vender em três vezes sem entrada e sem acréscimo ou à
vista com X% de desconto. Após um estudo das demais variáveis envolvidas na transação você chegou à
conclusão de que a taxa de juros deve ser de 10% ao mês. Qual deverá ser o valor de X?

P (1i)n 1
XP   
3  i(1i)n 
1  (1  i ) n  1 
X   
3  i (1  i ) n 

X = 0,828

Desconto = 1 – 0,828 – 17,10

4. Valor financiado : RS 50.000,00 taxa de Juros : 10,5% a.a. com capitalização mensal
Prazo : 180 meses (15 anos)
Qual o Saldo Devedor e Total de amortização após o pagamento de 4 prestações e o valor da 4ª prestação
?

5. Qual a TIR real de uma operação de venda a prazo que pressupõe cinco pagamentos mensais de R$
1000,00, com a primeira prestação a ser desembolsada 60 dias após a entrega da mercadoria. Sabe-se que
o valor desta mercadoria a vista é de R$ 3000,00.

07 – Amortização de dívidas 40
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7.3. Sistema de Amortização Constante (SAC)


Neste sistema, as amortizações são constantes e iguais ao valor principal (P) dividido pelo número de
pagamentos (n), ou seja :
P
a
n
Prestação = amortização (a) + Juros (J) onde a = constante

Juros1 = iP

Juros2 = iP – ia onde a = P/n


Pi
2  i P
J ur os onde Pi/n = juros da parcela amortizada
n
Pi Pi 2 Pi
Juros 3  iP    iP 
n n n
Pi Pi Pi 3Pi
Juros 4  iP     iP 
n n n n
(k  1)P i
J u r xos i P
n

Cálculo dos valores das prestações

P
P r e s t a1 ç ã o  i P
n

P Pi
Pr e s 2t 
a ç ão 
i P
n n
P Pi Pi P 2 Pi
Prestação 3   iP     Pi 
n n n n n

P (k  1) Pi
Prestação k   iP 
n n

******

Cálculo do Saldo Devedor

SD0 = P
P
SD1  P 
n
2P
SD2  P 
n
07 – Amortização de dívidas 41
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3P
SD3  P 
n
kP
SDk  P 
n

Ainda
Jurosk = iSDk-1

Exemplo :
1. Montar planilha financeira para um financiamento de R$ 1000,00 a 42% a.a. nominais, com pagamento
em 6 mensalidades.

Taxa mensal : 42  3,5 % a.m


12
1000
Amortização :  166 ,67
6
Juros1 = 0,035 x 1000 = 35,00

Observações
Quanto à comparação dos dois sistemas:
Ambos os sistemas são corretos e equivalentes. No SAC as prestações no início são maiores, e depois de um
certo tempo o valor no PRICE passa a ser maior.
Em geral a tabela PRICE é utilizada para financiamentos curtos (até 12 meses).
A tabela SAC é utilizada para financiamentos em longo prazo.

Exercícios
a
1. Um imóvel foi financiado, em 60 prestações mensais. Ao pagar a 5 prestação, o comprador decidiu
liquidar o saldo devedor. Quanto ele deverá pagar pelo SAC e pelo Price ? A taxa de juros envolvida na
transação é de 16% a. a. com capitalização trimestral e primeira prestação (SAC) foi de R$ 1200,00.
im = 1,316% a.m
Prestação (SAC) = P/n + P.i = 1200 = P/60 + P.0,01316  P = 40.232,5
Prestação (Price) = A/P = 973,94
SAC
Mês Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0 - - - 40232,5
1 1200 529,46 670,54 39561,96
2 670,54 38891,42
3 670,54 38220,88
4 670,54 37550,34
5 670,54 36879,80
Total

07 – Amortização de dívidas 42
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Price
Mês Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0 - - - 40232,50
1 973,94 529,46 444,48 39788,02
2 973,94 523,61 450,32 39337,69
3 973,94 517,68 456,25 38881,44
4 973,94 511,68 462,25 38419,18
5 973,94 505,59 468,34 37950,83
Total

2.Com um investimento inicial de R$ 100.000,00 um empreendimento foi financiado com quatro meses de
carência e 12 meses para amortizar a dívida. Durante o prazo de carência, o empresário paga apenas os
juros, sendo a taxa de 2% a.m.
Quais os valores uniformes a serem pagos (price) ? (dos juros nos primeiros 4 meses e das prestações nos
12 meses seguintes);
Qual o valor das prestações (price), admitindo que durante o prazo de carência não se é obrigado a pagar os
juros;
Se o empresário quiser terminar com a dívida no mês dez das amortizações, qual deve ser o saldo devedor ?

Observação :
Período de carência é o prazo no qual o devedor paga somente os juros da dívida, sendo que o valor
emprestado (P) permanece constante. É possível também que neste período os juros não sejam pagos.
Neste caso, eles serão incorporados ao principal (capitalização dos juros).
A amortização, por sua vez, consiste em abater efetivamente o valor emprestado.

07 – Amortização de dívidas 43
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7.4. Sistema de financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal

Tabela SACRE (Sistema de Amortização CREscente)


Este sistema usa para o cálculo do valor das prestações a metodologia do sistema de amortização constante
- SAC anual, sem levar em conta o valor da TR. Com a inclusão, posteriormente, do valor da TR nos cálculos,
este sistema resulta em uma amortização variável. A denominação é inadequada, pois com um valor da TR
baixo, este sistema pode resultar até em uma amortização decrescente.
Nesta modalidade de amortização, a cada período de 12 meses é feito o recálculo da prestação.
Etapas: Faz-se o cálculo da amortização como no SAC.

Seja:
i = taxa de juros efetivo mensal
SD = saldo devedor (ou P) atual
n = número de períodos

SD
Amortização mensal = a 
n
Juros = JiSD
SD
Prestação mensal = p = a  J   iS D
n

O cálculo é feito anualmente.


3
A cada mês o Saldo Devedor (SD) é reajustado pelo valor da TR mensal e o juro real é calculado sobre este
valor.
Para cada mês k é calculado o juro Jk sobre o saldo devedor do mês anterior SDk-1, atualizado pela TR.
J k  1  i   1  TR  1 SDk 1

Atenção: as taxas de juros (i e TR) entram na fórmula em decimais e não em percentuais.

A amortização ak
ak = pk - Jk
SDk = SDk-1 – ak

Com estes cálculos ao final de cada período de 12 meses se obtém o saldo devedor que será utilizado como
base para o estabelecimento das próximas 12 prestações.
*****

3
TR (Taxa Referencial) : A partir de 29/07/1994, a TR voltou a ser calculada com base no índice de Remuneração Média dos CDBs ,
deduzida a taxa real de juros equivalente ao 1.3%. É a taxa que define o rendimento das Cadernetas de Poupança e do SFH (Sistema
Financeiro de Habitação).

07 – Amortização de dívidas 44
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Tabela Price
Neste sistema é usado a sistemática do sistema francês de amortização(tabela Price) apenas para o cálculo
da prestação sem levar em conta o valor da TR e a cada período de 12 meses é feito o recálculo da
prestação baseado no saldo devedor e no tempo restante. Para um valor da TR diferente de zero a cada
recálculo a prestaçãovariará .

i= taxa de juros mensal efetiva


SD0 = saldo devedor atual
n= número de períodos

S D i  1  i
n
Ak   pk
i  1n  1

A cada ano o cálculo é refeito a partir do novo saldo devedor.


O procedimento a seguir é idêntico ao sistema SACRE:

Jk = [(1 + i) (1 + TR) – 1] SDk-1

ak = pk - Jk onde pk = Ak

SDk =SDk-1 – ak

Exemplo 1 :
Empréstimo de R$ 30.000,00 com Taxa de juros nominal anual = 12 % e Taxa Referencial Mensal (TR) = 0,5
% com Prazo = 15 anos. Cálculo pela tabela SACRE
O cálculo das prestações são feitos para cada 12 meses;
Na seqüência é calculado, para cada mês, os juros devidos, a amortização (diferença entre prestação e
juros) e o saldo devedor (diferença entre o saldo do mês anterior e a amortização do mês);
A cada final de período de 12 meses, a partir do saldo devedor, é feito um novo cálculo do valor das
prestações e assim sucessivamente.

Prestação p1 = 30000/(15.12) + 0,01.30000 = 466,66


Juros J1 = [(1 + 0,01)(1 + 0,005) – 1] 30000 = 451,50
Amortização a1 = 466,66 – 451,50 = 15,16
Saldo devedor SD = 30000,00 – 15,16 = 29984,84.

Este valor será utilizado para o cálculo dos juros no mês 2 e assim sucessivamente até o mês 12. No mês 13
será recalculado o valor da prestação para os próximos 12 meses de acordo com a fórmula acima.

07 – Amortização de dívidas 45
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N SD aK JK pk 57 27532.25 80.31 415.56 495.87


1 29984.84 15.16 451.50 466.66 58 27450.73 81.52 414.35 495.87
2 29969.44 15.40 451.26 466.66 59 27367.98 82.75 413.12 495.87
3 29953.81 15.63 451.03 466.66 60 27283.98 84.00 411.87 495.87
4 29937.94 15.87 450.79 466.66 61 27194.39 89.59 410.61 500.20
5 29921.83 16.11 450.55 466.66 62 27103.46 90.93 409.27 500.20
6 29905.48 16.35 450.31 466.66 63 27011.15 92.31 407.89 500.20
7 29888.89 16.59 450.07 466.66 64 26917.46 93.69 406.51 500.20
8 29872.05 16.84 449.82 466.66 65 26822.36 95.10 405.10 500.20
9 29854.96 17.09 449.57 466.66 66 26725.83 96.53 403.67 500.20
10 29837.61 17.35 449.31 466.66 67 26627.84 97.99 402.21 500.20
11 29819.99 17.62 449.04 466.66 68 26528.37 99.47 400.73 500.20
12 29802.11 17.88 448.78 466.66 69 26427.42 100.95 399.25 500.20
13 29775.22 26.89 448.52 475.41 70 26324.94 102.48 397.72 500.20
14 29747.92 27.30 448.11 475.41 71 26220.92 104.02 396.18 500.20
15 29720.20 27.72 447.69 475.41 72 26115.34 105.58 394.62 500.20
16 29692.07 28.13 447.28 475.41 73 26005.40 109.94 393.02 502.96
17 29663.52 28.55 446.86 475.41 74 25893.81 111.59 391.37 502.96
18 29634.53 28.99 446.42 475.41 75 25780.54 113.27 389.69 502.96
19 29605.11 29.42 445.99 475.41 76 25665.57 114.97 387.99 502.96
20 29575.25 29.86 445.55 475.41 77 25548.86 116.71 386.25 502.96
21 29544.94 30.31 445.10 475.41 78 25430.40 118.46 384.50 502.96
22 29514.17 30.77 444.64 475.41 79 25310.16 120.24 382.72 502.96
23 29482.94 31.23 444.18 475.41 80 25188.11 122.05 380.91 502.96
24 29451.24 31.70 443.71 475.41 81 25064.23 123.88 379.08 502.96
25 29411.17 40.07 443.23 483.30 82 24938.48 125.75 377.21 502.96
26 29370.50 40.67 442.63 483.30 83 24810.84 127.64 375.32 502.96
27 29329.22 41.28 442.02 483.30 84 24681.27 129.57 373.39 502.96
28 29287.31 41.91 441.39 483.30 85 24548.81 132.46 371.44 503.90
29 29244.77 42.54 440.76 483.30 86 24414.36 134.44 369.46 503.90
30 29201.59 43.18 440.12 483.30 87 24277.89 136.47 367.43 503.90
31 29157.76 43.83 439.47 483.30 88 24139.36 138.53 365.37 503.90
32 29113.27 44.49 438.81 483.30 89 23998.75 140.61 363.29 503.90
33 29068.11 45.16 438.14 483.30 90 23856.02 142.72 361.18 503.90
34 29022.28 45.83 437.47 483.30 91 23711.16 144.86 359.04 503.90
35 28975.76 46.52 436.78 483.30 92 23564.10 147.06 356.84 503.90
36 28928.53 47.23 436.07 483.30 93 23414.84 149.26 354.64 503.90
37 28873.73 54.80 435.37 490.17 94 23263.33 151.51 352.39 503.90
38 28818.10 55.63 434.54 490.17 95 23109.53 153.80 350.10 503.90
39 28761.64 56.46 433.71 490.17 96 22953.43 156.10 347.80 503.90
40 28704.32 57.32 432.85 490.17 97 22796.09 157.34 345.44 502.78
41 28646.14 58.18 431.99 490.17 98 22636.39 159.69 343.09 502.78
42 28587.09 59.05 431.12 490.17 99 22474.28 162.11 340.67 502.78
43 28527.15 59.94 430.23 490.17 100 22309.73 164.55 338.23 502.78
44 28466.30 60.85 429.32 490.17 101 22142.70 167.03 335.75 502.78
45 28404.54 61.76 428.41 490.17 102 21973.16 169.54 333.24 502.78
46 28341.85 62.69 427.48 490.17 103 21801.07 172.09 330.69 502.78
47 28278.21 63.64 426.53 490.17 104 21626.39 174.68 328.10 502.78
48 28213.62 64.59 425.58 490.17 105 21449.08 177.31 325.47 502.78
49 28142.35 71.27 424.60 495.87 106 21269.10 179.98 322.80 502.78
50 28070.02 72.33 423.54 495.87 107 21086.42 182.68 320.10 502.78
51 27996.60 73.42 422.45 495.87 108 20900.98 185.44 317.33 502.78
52 27922.07 74.53 421.34 495.87 109 20716.23 184.75 314.55 499.30
53 27846.42 75.65 420.22 495.87 110 20528.70 187.53 311.77 499.30
54 27769.63 76.79 419.08 495.87 111 20338.34 190.36 308.94 499.30
55 27691.68 77.95 417.92 495.87 112 20145.14 193.20 306.10 499.30
56 27612.56 79.12 416.75 495.87 113 19949.00 196.14 303.16 499.30

07 – Amortização de dívidas 46
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114 19749.91 199.09 300.20 499.30 148 11300.08 296.13 174.52 470.65
115 19547.83 202.08 297.22 499.30 149 10999.49 300.58 170.07 470.65
116 19342.71 205.12 294.18 499.30 150 10694.37 305.12 165.53 470.65
117 19134.50 208.21 291.08 499.30 151 10384.66 309.70 160.94 470.65
118 18923.16 211.34 287.95 499.30 152 10070.29 314.37 156.28 470.65
119 18708.64 214.52 284.77 499.30 153 9751.19 319.10 151.55 470.65
120 18490.91 217.73 281.57 499.30 154 9427.28 323.91 146.74 470.65
121 18276.09 214.82 278.27 493.09 155 9098.50 328.78 141.87 470.65
122 18058.05 218.04 275.05 493.09 156 8764.77 333.73 136.91 470.65
123 17836.73 221.32 271.77 493.09 157 8443.83 320.94 131.90 452.84
124 17612.08 224.65 268.44 493.09 158 8118.06 325.77 127.07 452.84
125 17384.06 228.02 265.07 493.09 159 7787.39 330.67 122.17 452.84
126 17152.59 231.47 261.62 493.09 160 7451.74 335.65 117.19 452.84
127 16917.65 234.94 258.14 493.09 161 7111.03 340.71 112.13 452.84
128 16679.16 238.49 254.60 493.09 162 6765.20 345.83 107.01 452.84
129 16437.08 242.08 251.01 493.09 163 6414.17 351.03 101.81 452.84
130 16191.36 245.72 247.37 493.09 164 6057.86 356.31 96.53 452.84
131 15941.94 249.42 243.67 493.09 165 5696.18 361.68 91.16 452.84
132 15688.76 253.18 239.91 493.09 166 5329.06 367.12 85.72 452.84
133 15441.14 247.62 236.11 483.73 167 4956.41 372.65 80.19 452.84
134 15189.79 251.35 232.38 483.73 168 4578.16 378.25 74.59 452.84
135 14934.65 255.14 228.59 483.73 169 4219.77 358.39 68.90 427.29
136 14675.68 258.97 224.76 483.73 170 3855.97 363.80 63.49 427.29
137 14412.81 262.87 220.86 483.73 171 3486.70 369.27 58.02 427.29
138 14145.98 266.83 216.90 483.73 172 3111.88 374.82 52.47 427.29
139 13875.13 270.85 212.88 483.73 173 2731.41 380.47 46.82 427.29
140 13600.21 274.92 208.81 483.73 174 2345.21 386.20 41.09 427.29
141 13321.16 279.05 204.68 483.73 175 1953.20 392.01 35.28 427.29
142 13037.90 283.26 200.47 483.73 176 1555.29 397.91 29.38 427.29
143 12750.38 287.52 196.21 483.73 177 1151.40 403.89 23.40 427.29
144 12458.54 291.83 191.90 483.73 178 741.43 409.97 17.32 427.29
145 12175.38 283.16 187.49 470.65 179 325.29 416.14 11.15 427.29
146 11887.96 287.42 183.23 470.65 180 -97.12 422.41 4.88 427.29
147 11596.21 291.75 178.90 470.65

07 – Amortização de dívidas 47
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7.5. Exercícios

Valor financiado : R$ 50000,00 Taxa de juros anual (nominal) : 10,5%


Prazo 180 meses (15 anos) TR (projetada) : 0,6% a.m.

Mês SD ak JK pK
1 50024.86 -24.86 740.13 715.27
2 50050.07 -25.21 740.48 715.27
3 50075.67 -25.60 740.87 715.27
4 50101.64 -25.97 741.24 715.27
5 50127.98 -26.34 741.61 715.27
6 50154.72 -26.74 742.01 715.27
7 50181.85 -27.13 742.40 715.27
8 50209.39 -27.54 742.81 715.27
9 50237.33 -27.94 743.21 715.27
10 50265.69 -28.36 743.63 715.27
11 50294.47 -28.78 744.05 715.27
12 50323.67 -29.20 744.47 715.27
13 50328.72 -5.05 744.92 739.87
14 50333.83 -5.12 744.99 739.87
15 50339.02 -5.19 745.06 739.87
16 50344.28 -5.26 745.13 739.87
17 50349.62 -5.34 745.21 739.87
18 50355.04 -5.42 745.29 739.87
19 50360.55 -5.51 745.38 739.87
20 50366.13 -5.58 745.45 739.87
21 50371.80 -5.67 745.54 739.87
22 50377.55 -5.75 745.62 739.87
23 50383.38 -5.83 745.70 739.87
24 50389.30 -5.92 745.79 739.87
25 50371.27 18.03 745.88 763.91
37 50109.67 44.74 742.40 787.14
49 49496.09 75.52 733.77 809.29
61 48477.04 110.83 719.21 830.04
73 46992.95 151.19 697.84 849.03
85 44977.48 197.16 668.68 865.84
97 42357.02 249.35 630.66 880.02
109 39049.68 308.44 582.58 891.02
121 34965.14 375.11 523.12 898.23
133 30003.53 450.14 450.78 900.92
145 24055.58 534.23 363.98 898.21
157 17002.59 627.91 260.95 888.87
169 8720.52 730.37 139.88 870.26
180 -63.55 858.51 11.75 870.26

07 – Amortização de dívidas 48
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Observações
No último exemplo, nos dois primeiros anos a amortização é crescente, porém negativa (o saldo devedor
está aumentando). Somente a partir do terceiro ano que começará haver amortização. Com relação ao
capital financiado propriamente dito (R$ 50000,00) somente a partir do quarto ano haverá uma redução
efetiva do montante emprestado.

Taxa Referencial de Juros – TR - Mensal

ANO Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Acum.
1991 - 7,00 8,50 8,93 8,99 9,40 10,05 11,95 16,78 19,77 30,52 28,42 335,51
1992 25,48 25,61 24,27 21,08 19,81 21,05 23,69 23,22 25,38 25,07 23,29 23,95 1156,22
1993 26,76 26,40 25,81 28,22 28,68 30,08 30,37 33,34 34,62 36,53 36,16 36,80 2474,73
1994 41,44 39,86 41,85 45,97 46,44 46,88 5,03 2,13 2,44 2,56 2,92 2,87 951,19
1995 2,10 1,85 2,30 3,47 3,25 2,89 2,99 2,60 1,94 1,65 1,44 1,34 31,6207
1996 1,25 0,96 0,81 0,65 0,58 0,6099 0,5851 0,6275 0,6620 0,7419 0,8146 0,8717 9,5551
1997 0,7440 0,6616 0,6316 0,6211 0,6354 0,6535 0,6580 0,6270 0,6474 0,6553 1,5334 1,3085 9,7849
1998 1,1459 0,4461 0,8995 0,4720 0,4543 0,4913 0,5503 0,3749 0,4512 0,8892 0,6136 0,7434 7,7938
1999 0,5163 0,8298 1,1614 0,6092 0,5761 0,3108 0,2933 0,2945 0,2715 0,2265 0,1998 0,2998 5,7295
2000 0,2149 0,2328 0,2242 0,1301 0,2492 0,2140 0,1547 0,2025 0,1038 0,1316 0,1197 0,0991 2,0962
2001 0,1369 0,0368 0,1724 0,1546 0,1827 0,1458 0,2441 0,3436 0,1627 0,2913 0,1928 0,1983 2,2852
2002 0,2591 0,1171 0,1758 0,2357 0,2102 0,1582 0,2656 0,2481 0,1955 0,2768 0,2644 0,3609 2,8023
2003 0,4878 0,4116 0,3782 0,4184 0,4650 0,4166 0,5465 0,4038 0,3364 0,3213 0,1776 0,1899 4,6485
2004 0,1280 0,0458 0,1778 0,0874 0,1546 0,1761 0,1952 0,2005 0,1728 0,1108 0,1146 0,2400 1,8184
2005 0,1880 0,0962 0,2635 0,2003 0,2527 0,2993 0,2575 0,3466 0,2637 0,2100 0,1929 0,2269 2,8335
2006 0,2326 0,0725 0,2073 0,0855 0,1888 0,1937 0,1751 0,2436 0,1521 0,1875 0,1282 0,1522 2,0377
2007 0,2189 0,0721 0,1876 0,1272 0,1689 0,0954 0,1469 0,1466 0,0352 0,1142 0,0590 0,0640 1,4452
2008 0,1010 0,0243 0,0409 0,0955 0,0736 0,1146 0,1914 0,1574 0,1970 0,2506 0,1618 0,2149 1,6348
2009 0,1840 0,0451 0,1438 0,0454 0,0449 0,0656 0,1051 0,0197 0,0000 0,0000 0,0000 0,0533 0,7090
2010 0,0000 0,0000 0,0792 0,0000 0,0510 0,0589 0,1151 0,0909 0,0702 0,0472 0,0336 0,1406 0,6887
2011 0,0715 0,0524 0,1212 0,0369 0,1570 0,1114 0,1229 0,2076 0,1003 - - - 0,9853

FONTES: Base de dados do portal Brasil® e Banco Central do Brasil. (*) O índice acumulado de 1991 é de apenas 11 meses.

*****

2. Valor financiado : R$ 50000,00 Taxa de juros anual (nominal) : 10,5%


Prazo 180 meses (15 anos)
Calcular o valor da prestação e o saldo devedor após os 4 primeiros pagamentos pelos 3 sistemas
apresentados (incluindo sistema sacre e price da CEF). Para os sistemas da CEF, considerar as TRs do ano de
2003, apresentados na tabela acima.

SAC
Mês Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0
1
2
3
4
Total

07 – Amortização de dívidas 49
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Price
Mês Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0
1
2
3
4
Total

SACRE
Mês Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0
1
2
3
4
Total

Price CEF
Mês Prestação Juros Amortização Saldo Devedor
0
1
2
3
4
Total

07 – Amortização de dívidas 50
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8. Engenharia Econômica

8.1. Introdução
A engenharia econômica pode ser definida como um conjunto de procedimentos que permitem a
comparação e a tomada de decisão sob á ótica econômica e financeira, de forma científica, entre
alternativas diferentes que desempenham funções similares. Nesta comparação, as diferenças associadas a
cada alternativa devem ser expressas em termos quantitativos.
Em outras palavras, para soluções técnicas com resultados semelhantes, a tomada de decisão (escolha de
uma alternativa) deverá passar por uma análise de viabilidade das mesmas.
Esta viabilidade considera:
 Critérios econômicos : Rentabilidade do investimento;
 Critérios financeiros : Disponibilidade de recursos;
 Critérios não ponderáveis : Fatores não consideráveis em dinheiro;

Os métodos de análise de investimentos, utilizados para apoiar uma tomada de decisão, estarão aqui
fundamentados essencialmente nos critérios econômicos e financeiros. Para tanto, serão apresentados três
procedimentos :
 Método do Valor Uniforme Equivalente ou VUE;
 Método do Valor Presente ou VP;
 Método da Taxa Interna de Retorno ou TIR;

8.2. Método do Valor Uniforme Equivalente (VUE)


Este método consiste em achar a série uniforme equivalente a todos os custos e receitas para cada opção
em análise, a uma determinada TMA. Portanto, ele consiste em transformar um fluxo de caixa em uma
série uniforme (A). A melhor alternativa apresenta o maior saldo positivo : a maior receita (+) ou a menor
despesa (-).

Exemplo 1
Uma empresa dispõe de R$ 18.000,00 e conta com duas alternativas de investimentos em um sistema de
tratamento de água.
O equipamento 1 custa R$ 14.000,00 e proporciona um ganho anual de R$ 5.000,00 durante 7 anos.
O equipamento 2 custa R$ 18.000,00 e proporciona um ganho anual de R$ 6.500,00 em 7 anos.
TMA= 30% a. a.

Solução:
VUE1 = -14.000,00 (A/P; 0,3; 7) + 5.000,00
VUE1 = 3,7691
VUE2 = -18.000,00 (A/P; 0,3; 7) + 6.500,00

08 – Engenharia Econômica 51
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VUE2 = 76,2746
VUE2 > VUE1

Atenção :
A diferença entre A e B (R$ 4000) provavelmente será aplicada à TMA, o que em termos do fluxo de caixa
acarretaria em um VUE igual a zero ;
Demonstração :

Observações
Se VUE = 0, há uma igualdade dos valores uniformes dos benefícios com os valores uniformes dos custos,
significando que os custos investidos renderam exatamente a taxa mínima de atratividade (TIR = TMA) ;
Se VUE > 0, há uma predominância dos valores uniformes dos benefícios em relação aos valores uniformes
dos custos, ou seja, um benefício acima do previsto na TMA (TIR > TMA) ;
Se VUE < 0, há uma escassez dos valores uniformes dos benefícios em relação aos valores uniformes dos
custos, ou seja, o benefício é inferior ao previsto na TMA (TIR < TMA).

Exemplo 2
Para o exemplo anterior, suponha que a empresa disponha de R$ 16.000,00 para investir. Para a alternativa
2 é necessário um empréstimo de R$ 2.000,00. Considerar um empréstimo pagável no final do ano com
uma taxa de 40%.
2000  2800
6500 – 2800 = 3700
3700 6500

0 1 2 7

16000

08 – Engenharia Econômica 52
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Exercício (fonte : Hummel & Taschner. Análise e decisão sobre investimentos. São Paulo : Atlas, 1995):
Uma companhia deseja mecanizar uma operação de movimentação de material em seu almoxarifado.
Atualmente, esta operação está sendo realizada manualmente por uma equipe de operários. Os custos
anuais devidos aos salários da mão-de-obra e as despesas relacionadas com estes salários, tais como
pagamentos de horas extras, previdência social, seguro contra acidentes, férias, etc., são de R$ 8000,00.
A mecanização dessa operação será obtida por um equipamento de movimentação de materiais cujo valor
é de R$ 20000,00. Com esta mecanização espera-se reduzir o custo da mão-de-obra para R$ 2000,00 ao
ano. As despesas anuais estimadas para operar o equipamento são : energia = R$ 500,00, manutenção = R$
1500,00 e taxas de seguro e outros gastos correlatos = R$ 500,00.
O equipamento tem uma vida útil econômica de dez anos e um valor de revenda de R$ 2000,00. Se a taxa
mínima de atratividade é de 18% a.a., será vantajosa a mecanização ?

Resposta : Alternativa 1 (manter a operação manual) : VUE = - 8000,00


Alternativa 2 (implantar mecanização) : VUE = - 8865,00
Ou seja, não vale a pena investir no equipamento !

Alternativas com vidas diferentes


Em geral, quando há durações desiguais de projetos, deve-se considerar uma duração igual ao mínimo
múltiplo comum das durações ; cada duração original de alternativa será considerada como sendo um ciclo
que se repete até se esgotar a duração igual ao mínimo múltiplo comum.
Para o caso do VUE, o valor uniforme de cada alternativa, com duração igual ao MMC coincide com duração
de apenas um ciclo. Portanto não há necessidade de calcular o MMC das alternativas.

Demonstração :

08 – Engenharia Econômica 53
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Exercício :
A empresa de limpeza urbana da qual você é o diretor se defronta com as seguintes alternativas para
realização de uma atividade :
Alternativa 1 : Terceirização da atividade ao preço anual de R$ 300.000,00, incluindo-se todas as despesas
de mão-de-obra, bem como dos encargos sociais e trabalhistas.
Alternativa 2 : Realização da atividade pela compra de um equipamento por R$ 600.000,00. Tal
equipamento tem uma vida útil de 10 anos e valor residual de R$ 60.000,00. As despesas anuais seriam:
mão-de-obra e encargos sociais e trabalhistas = R$ 180.000,00; Energia e manutenção do equipamento = R$
60.000,00.
Alternativa 3 : Realização da atividade pela compra de outro equipamento mais sofisticado por R$
800.000,00. Tal equipamento tem uma vida útil de 15 anos e valor residual de R$ 80.000,00. As despesas
anuais seriam : mão-de-obra e encargos sociais e trabalhistas = R$ 80.000,00; Energia e manutenção do
equipamento = R$ 40.000,00.
Considerando que a taxa mínima de atratividade da empresa é de 20% a.a., qual será a melhor alternativa?

Resposta.

08 – Engenharia Econômica 54
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8.3. Método do Valor Presente (VP)


Este método consiste em determinar um valor no instante considerado inicial, a partir de um fluxo de caixa
formado de uma série de receitas e dispêndios.
Se tivermos várias alternativas, deve-se escolher aquela que apresente o maior valor presente, ou seja, o
maior valor algébrico de VP.
Se o VP > 0, significa que há predominância dos benefícios em relação aos custos, baseados na TMA do
interessado.
Se o VP < 0, significa que há uma escassez dos benefícios em relação aos custos, baseados na TMA do
interessado.
Se o VP = 0, significa que os benefícios são iguais aos custos, baseados em uma TMA. Neste caso, os custos
investidos renderam exatamente a TMA.

Exemplo 1
Dois equipamentos são examinados. Considerando a TMA = 20 % a.a., qual o equipamento que deve ser
adquirido ?

Equipamento A Equipamento B
Custo de aquisição 50.000,00 80.000,00
Custo anual de manutenção 20.000,00 15.000,00
Valor residual para venda 40.00,00 8.000,00
Duração em anos 10 10

Equipamento A Equipamento B

4.000 8.000

0 1 2 10 0 1 2 10

A = 20.000 A = 15.000

i = 20% a.a. i = 20% a.a.


50.000 80.000

VPA = -50.000 – 20.000(P/A, 20%, 10) + 4.000(P/F, 20%, 10)


VPA = -50.000 – 20.000x4,192 + 4.000x0,1615
VPA = -133.194

VPB = -80.000 – 15.000 (P/A, 20%, 10) + 8.000 (P/F, 20%, 10)
VPB = -80.000 – 15.000x4,192 + 8.000x0,1615
VPB = -141.588

08 - Engenharia Econômica (parte 2) 55


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Senso VPA > VPB, a alternativa A é mais interessante. Ou ainda, a alternativa A equivale a um equipamento
em que se investe R$ 133194,00 enquanto o equipamento B equivale a um investimento de R$ 141588,00.
Entre os dois é preferível o equipamento A.

Alternativas com durações diferentes


A engenharia econômica compara sempre alternativas que devem apresentar durações iguais.
Existem duas maneiras básicas de tornar duas alternativas de durações desiguais em alternativas de
durações iguais :
 Cortar parte de uma das alternativas ou de ambas.
 Adotar como duração final comum das duas alternativas o mínimo múltiplo comum das durações
originais

Para o primeiro caso, um procedimento seria verificar quais das condições seriam modificadas pela
diminuição do horizonte de análise, como por exemplo o valor residual de um bem.
A segunda alternativa é adotada se os projetos tiverem vidas diferentes e puderem ser renovados nas
mesmas condições atuais. Em outras palavras, deve-se supor que os projetos sejam repetidos até que se
chegue a um horizonte de planejamento comum.

Exemplo 2
Dois equipamentos são examinados. Considerando a TMA = 10 % a.a., qual o equipamento que deve ser
adquirido ?

Equipamento A Equipamento B
Custo de aquisição 300.000,00 200.000,00
Valor residual para venda nulo 25.000,00
Vida útil 3 anos 2 anos

o
1 caso : Admitida a não repetitividade.

Supondo utilização dos equipamentos somente durante dois anos, pode-se imaginar que após tal período o
equipamento A poderia ter um valor residual.
Será chamado de R o valor residual de A para um período de 2 anos. Para calcular o valor de R será
admitido que VPA = VPB. Assim,
-300.000 + R(P/F, 10%, 2) = -200.000 + 25.000(P/F, 10%, 2)
R = 146.007

Desta forma, se o valor residual R da alternativa A aos dois anos for superior a 146.007, a melhor alternativa
será A. Caso contrário será B.

o
2 caso : admitida a repetitividade dos ciclos.
Neste caso o m.m.c das duas alternativas é igual a 6.

08 - Engenharia Econômica (parte 2) 56


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Equipamento A Equipamento B

25000,00 25000,00 25000,00

0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6

300000,00 300000,00 200000,00 200000,00 200000,00

VPA = -300.000 – 300.000(P/F, 10%, 3) = -300.000 – 300.000 x 0,7513 = - 525.390


VPB = - 200.000 + (25.000 – 200.000)(P/F, 10%, 2) + (25.000 – 200.000)(P/F, 10%, 4) + 25.000(P/F, 10%, 6) = -
450.032

Como VPB > VPA, conclui-se que a alternativa B é mais interessante do que a alternativa A.

Exercícios

1. A instalação de uma estação de bombeamento custa R$ 20.000,00 e tem uma vida estimada de 15 anos.
O valor de revenda do equipamento é de R 1.000,00 e os custos de operação são de R$ 8.000,00/ano.
A adoção de equipamento auxiliar, nessa estação de bombeamento, elevará seu custo inicial para R$
50.000,00; entretanto, a vida estimada da estação será de 30 anos e o valor de revenda será de R$
15.000,00. O custo operacional da estação será de R$ 5.000,00/ano.
Considerando uma TMA de 8% a.a., qual deve ser a alternativa escolhida ?
Resposta :

2. Para cumprir uma determinada meta ambiental, um determinado processo industrial precisa de
melhorias. A empresa recebeu duas propostas de dois fornecedores (A e B), com resultados técnicos
semelhantes e que apresentam os seguintes fluxos de caixa :

08 - Engenharia Econômica (parte 2) 57


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Projetos Investimento inicial Receitas


A 50.000,00 12000,00 durante 7 anos
B 40.000,00 8000 durante 10 anos

O custo de oportunidade é de 10 % ao ano.


Qual a melhor proposta ?
Resposta.

08 - Engenharia Econômica (parte 2) 58


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8.4. Método da Taxa Interna de Retorno (TIR)


O método da Taxa Interna de Retorno (TIR) requer o cálculo da taxa que zera o valor presente dos fluxos de
caixa das alternativas. Os investimentos com TIR maior que a TMA são considerados rentáveis e são
passíveis de análise.
Entretanto a comparação entre TIR de duas alternativas não permite afirmar que se TIR A > TIRB então A
deve ser preferido a B.
Para provar pelo método da TIR que o projeto B é melhor do que o projeto A, deve-se utilizar um artifício
que consiste em supor que o projeto maior B é formado por duas partes :
A e (B – A) pois A + (B – A) = B
Se for provado que os dois projetos (ou as duas partes de B) rendem mais do que a TMA, então ambos
deveriam ser realizados e isto equivale a escolher B.

Exemplo
Uma empresa dispõe de duas alternativas de investimento.
A alternativa A exige um investimento de R$ 20.000,00 produzindo ganhos anuais de R$ 3116,00 durante
10 anos. A alternativa B necessita de um investimento de R$ 10.000,00 mas devido ao uso mais intenso de
mão-de-obra, propiciará um ganho anual de R$ 1.628,00, também durante 10 anos. Qual a alternativa mais
atraente.
TMA = 6% a.a..
Alternativa A : VPA = -20.000 + 3.116 (P/A, iA, 10) = 0
iA = 9%
Alternativa B : VPB = -10.000 + 1.628(P/A, iB, 10)
iB = 10%

As duas alternativas apresentam TIR maior que a TMA, portanto ambas seriam atrativas para a empresa.
A decisão pode ser tomada supondo que as diferenças no investimento sejam aplicadas à TMA.
Assim, aplicar R$ 20.000,00 em A equivale a aplicar R$ 10.000,00 em B e os restantes R$ 10.000,00 em
outro suposto investimento com taxa não conhecida, chamado investimento incremental.

Ano A B A-B
Investimento 0 -20.000,00 -10.000,00 -10.000,00
Ganho anual 1 a 10 3.116 1.628 1.488 (= 3116-1628)
TIR - 9% 10% 8%

O investimento incremental (A-B) apresenta TIR de 8%.


Se a empresa optasse por B, ela teria que aplicar a diferença em um investimento que rendesse no mínimo
8% para equivaler a A. Como se supõe que a empresa só possui a alternativa de aplicar a diferença à TMA
de 6%, a opção A torna-se a melhor.

Observação : Se houver vidas diferentes entre as alternativas, deve-se considerar o mínimo múltiplo
comum das vidas (no caso de haver repetição)

08 – Engenharia Econômica (parte 3) 59


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Exercício. Um imóvel A pode ser adquirido por R$ 100.000,00 e alugado por R$ 20.000,00 anuais; após cinco
anos será vendido por R$ 50.000,00. O imóvel B pode ser comprado por R$ 180.000,00 e durante cinco
anos ser alugado por R$ 40.000,00 anuais e após ser vendido por R$ 100.000,00.
Se a TMA do investidor for de 10% a.a., o que deverá fazer, comprar A, B ou aplicar na sua TMA ? Utilizar o
método da TIR.

8.5. Utilização prática dos métodos


Método taxa interna de retorno (TIR)
O uso do método dá-se normalmente em projetos de implantação ou expansão industrial com comparação
com os índices normais do setor a que o projeto se referir.
Apesar as dificuldades, este método é um dos mais utilizados por ser mais palpável.

Método do valor presente


Normalmente este método é utilizado para análise de investimentos isolados que envolvam o curto prazo
ou que tenham baixo número de períodos.

Método do Valor Uniforme Equivalente


Este método é adequado para análises que envolvam atividades operacionais da empresa, com
investimentos que normalmente possam se repetir

Exercícios
(Definir método de análise!)

1. Um sistema de bombeamento de água essencial para um processo industrial pode ser comprado de dois
fornecedores. O fornecedor A vende a bomba por R$ 100.000,00 e a despesa mensal de operação e
manutenção é estimada em R$ 12.000,00. A bomba do fornecedor B custa R$ 170.000,00 e a despesa
mensal de operação e manutenção é estimada em R$ 8.000,00. Se ambas as bombas vão ser usadas por
cinco anos e se a taxa mínima de retorno exigida é de 10% a.m., qual das bombas deve ser escolhida ?
Resposta.

08 – Engenharia Econômica (parte 3) 60


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2. Uma construtora cogita em comprar um equipamento de engenharia. Existe a possibilidade de comprar


um usado por R$ 22.000,00 ou um novo por R$ 32.000,00. O equipamento usado terá custo anual de
manutenção de R$ 12.000,00, enquanto o novo terá tal custo de R$ 10.000,00. Considerando que a vida útil
do equipamento usado será de 5 anos com um valor residual de R$ 1.100,00 e a do equipamento novo, de
10 anos com valor residual de R$ 1.600,00, pergunta-se qual dos dois equipamentos deve ser adquirido ?
Adotar a taxa mínima de atratividade igual a 12%. Admitir repetitividade dos ciclos.
Resposta.

3. Deve-se escolher um processo de tratamento de esgotos, usando filtro (processo A) ou lodo ativado
(Processo B). Os custos respectivos são :

Custos Processo A Processo B


Custo inicial (R$) 25.000,00 32.000,00
Custo anual de operação (R$) 2.000,00 1.800,00
3
Custo com produtos químicos (R$/m tratado) 0,30 0,22

Supor que as instalações tenham uma previsão de uso de 5 anos e após este prazo as instalações serão
3
desativadas. A taxa de juros é de 1,4% a.m. Quantos m precisam ser tratados ao ano para que os dois
sistemas tenham igual custo ?
Resposta

08 – Engenharia Econômica (parte 3) 61


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4. A CASAN deve implantar uma nova adutora e estuda 2 projetos com diâmetros de 1,00 e 1.20 m. A
adutora de 1,00 m de diâmetro apresenta um custo inicial de R$ 2.000.000,00 enquanto que a de 1,20 m
custará 5.000.000,00. Considerando que na adutora de 1,20 m há menos perda de carga, seu custo de
manutenção anual é R$ 300.000,00 menor do que o da adutora de 1,00 m., mas necessita de um
investimento complementar de R$ 200.000,00 no segundo ano após a implantação. Sendo que o projeto da
adutora tem vida útil de 20 anos, qual delas deve ser selecionada ? A TMA da empresa é igual a 10 % a.a.
Resposta

5. Pretende-se escolher a melhor alternativa entre os seguintes investimentos :


Compra de um equipamento analítico por R$ 10.000,00 com custo de manutenção de R$ 1.000,00 a cada
final de seis meses, durante 5 anos e um valor residual de R$ 4.000,00.
Compra de outro equipamento, para o mesmo fim, por R$ 8.000,00, utilizado durante 6 anos e um valor
residual R$ 1000,00. Considerando ser a taxa semestral de juros igual a 5%, qual o valor da manutenção
anual do segundo equipamento para que as duas alternativas sejam equivalentes ? É feita a hipótese de
repetição do investimento.
Resposta.

08 – Engenharia Econômica (parte 3) 62


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9. A depreciação e o IR em análises financeiras

9.1. Introdução
Depreciação: Perda de valor de um bem, por deterioração ou obsolência. A depreciação pode ser real ou
contábil.
Depreciação real : é a diminuição efetiva do valor de um bem resultante do desgaste pelo uso, ação da
natureza ou obsolescência normal
Depreciação contábil : é a diminuição do valor contábil de um bem, resultante do decurso do prazo
decorrido desde a sua aquisição até o instante atribuído ao desgaste físico, ao uso ou à obsolescência.
Um bem deprecia-se durante a sua vida útil. Se for estabelecida uma depreciação real deve-se considerar a
vida real ; se for estabelecida uma depreciação contábil deve-se considerar a vida útil contábil.
O conhecimento da depreciação serve, entre outros, para declaração de Imposto de renda. Este consiste no
imposto incidente sobre o lucro das corporações.
Lucro, por sua vez, é a diferença entre receitas e despesas.

******

9.2. Utilização da depreciação


A legislação permite que a depreciação de determinados bens seja feita linearmente. Assim,
Fator de depreciação: 1/N , onde N: prazo de depreciação.
Valor residual contábil: Valor - Valor (1/N).n, onde n: anos de depreciação.

A receita federal publicará periodicamente o prazo de vida útil admissível, em condições normais ou
médias, para cada espécie de bem, ficando assegurado ao contribuinte o direito de computar a quota
efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens, desde que faça a prova desta
adequação, quando adotar taxa diferente.
As taxas mais comuns se depreciação são : 20% (5 anos de depreciação) para veículos; 10 %(10 anos de
depreciação) para equipamentos, máquinas, móveis, utensílios e instalações; 4% (25 anos de depreciação)
para edifícios e construções.
Para efeito de cálculo, o valor de compra é transformado em valores indexados (IPC, IGP, etc.).
A depreciação não é um desembolso, porém uma despesa diminuindo o lucro tributável e
conseqüentemente o imposto de renda.

Atenção:
A depreciação é uma despesa não correspondida por saída de caixa;
A amortização de financiamentos é uma saída de caixa, mas não é uma despesa.

09 – Efeito da depreciação e do imposto de renda em análises financeiras 63


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Exemplo 1
Uma empresa fará um investimento em um equipamento. O investimento será de R$ 10.000,00 e terá
lucros, antes da depreciação e do IR, de R$ 3.000,00 durante 05 anos, após o equipamento será vendido por
R$ 4.000,00. Determinar o VP à 10% ao ano, não considerando o IR e, após considerando o efeito do IR, cuja
taxa é de 35%.

Ano Fluxo antes IR Depreciação Diferença Renda IR Fluxo após


Contábil Tributável. 0,35xRT IR
0 -10.000,00 -10.000,00
1 3.000,00 1.000,00 2.000,00 700,00 2.300,00
2 3.000,00 1.000,00 2.000,00 700,00 2.300,00
3 3.000,00 1.000,00 2.000,00 700,00 2.300,00
4 3.000,00 1.000,00 2.000,00 700,00 2.300,00
5 7.000,00 1.000,00 -1.000,00 1.000,00 350,00 6.650,00
(3000+4000)
VP 3.856,00 1.420,00

Exemplo 2
Supondo no exemplo anterior que o investimento seja financiado através do SAC em 04 amortizações com
valores anuais de R$ 2.500,00 a uma taxa de 15% ao ano.

Ano Fluxo Depreciação Amortização Diferença Renda IR Fluxo após


antes IR Contábil Tributável IR
a b c d e=a-b+c+d f g= a- f
0
1 -1.000,00 1.000,00 2.500,00 500,00 175,00 -1.175,00
2 -625,00 1.000,00 2.500,00 875,00 306,00 -931,00
3 -250,00 1.000,00 2.500,00 1.250,00 438,00 -688,00
4 125,00 1.000,00 2.500,00 1.625,00 569,00 -444,00
5 7.000,00 1.000,00 -1.000,00 1.000,00 350,00 6.650,00
VP 2.818,00 1.471,00

Coluna a, ano 1 : - 1000,00 = 3000,00 –juros (15%10.000,00) – amortização


Coluna a, ano 5 : 7000,00 = 3000,00 + 4000,00
Coluna d = - 1000,00 = Valor contábil (5000,00) – valor de venda (4000,00)

Atenção: um lucro tributável negativo não significa que o governo pagará para a empresa pelo fato desta
estar tendo prejuízo, mas sim que este prejuízo será compensado de lucros futuros, por meio de
abatimentos fiscais, proporcionando redução futura de imposto de renda.

Comentários :

09 – Efeito da depreciação e do imposto de renda em análises financeiras 64


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10. Análise custo-benefício

Texto extraído de De Moura, Luiz Antônio Abdalla. Economia Ambiental. Gestão de Custos e Investimentos.
São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000 (incluindo figuras 5 a 14) e de Ferrão, Paulo Cadete. Introdução à gestão
ambiental : avaliação do ciclo de vida de produtos. Lisboa : IST press, 1998 (incluindo figuras 1 a 4).
Recomenda-se ainda : Romeiro, Ademar et alli (org). Economia do meio ambiente. São Paulo : unicamp,
1997.
******

10.1. Introdução
A necessidade de conceituar o valor econômico do meio ambiente, bem como desenvolver técnicas para
estimar este valor, surge, basicamente, do fato que a maioria dos bens e serviços ambientais e das funções
providas ao homem pelo ambiente não é transacionada pelo mercado. Por isso, pode-se ponderar que
estimar valores para os ativos ambientais atende às necessidades da adoção de medidas que visem a
utilização sustentável do recurso.
Esta aula e as próximas associadas a este tema, não têm a pretensão de avaliar economicamente os
recursos ambientais, mas sim dar subsídios sobre importância (os reflexos) de considerar tais valores na
contabilidade tradicional de uma organização.

******

10.2. Conceitos
Desenvolvimento sustentável : a noção de sustentável refere-se à utilização do recurso ambiental ao longo
do tempo sem riscos de degradação ou extinção, ou seja, garantindo a sua disponibilidade para gerações
futuras.
Externalidade : ação que um determinado sistema de produção causa em outros sistemas externos. Ou em
outras palavras, são custos associados ao consumo ou produção de um bem que não são considerados
pelos agentes e que trazem custos para a sociedade. Exemplo : poluição causada por uma indústria.
A externalidade pode ser tanto positiva quanto negativa.
 Externalidade positiva : criação de abelhas
 Externalidade negativa : remoção da cobertura vegetal
A solução para as externalidades negativas é a sua internalização, ou seja, identificar os custos decorrentes
do empreendimento, sendo estes acrescentados o projeto.
A internalização destes efeitos refere-se às ações (e respectivos custos) que a empresa pode tomar para
eliminar as externalidades (se possível), ou no mínimo reduzi-las a níveis aceitáveis.
Custos e benefícios marginais. Em economia, o termo “marginal” é usualmente empregado com o
significado de “adicional”. Assim, o “custo marginal” é o custo adicional incorrido na produção de uma
unidade a mais daquele produto. Idem para o benefício marginal. Estas curvas refletem, a derivada em cada
ponto das curvas de custo total e benefício total (Figura 7).

10 - Análise custo-benefício 65
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10.3. Meio ambiente e microeconomia


A filosofia de base à economia de mercado é o lucro, o qual motiva a produção, os serviços e as diversas
atividades econômicas. Esta definição implica que um agente do mercado procure minimizar a utilização de
recursos que lhe são necessários e que procure maximizar o preço pelo qual vende os seus produtos ou
serviços.
A análise destes fatores será efetuada nos parágrafos seguintes, com base em um exemplo de uma fábrica
de garrafas de vidro. O montante pelo qual a fábrica vende uma garrafa de vidro é ditado pelo preço de
mercado deste bem. Este preço é, por sua vez, determinado pela relação entre a oferta e a procura deste
produto, fatores que, de uma forma geral, a empresa não controla.
No entanto, a disposição para comprar, ou seja, a procura, tende a aumentar quando o preço do bem
diminui, relação que se pretende representar através da reta P (visão do comprador), ilustrada no gráfico da
figura 1, a qual traduz a dependência do preço de um determinado bem com a quantidade existente no
mercado.
A reta O (visão do produtor), na mesma figura, traduz a oferta do produto e tem uma evolução inversa,
apresentando um declive positivo, indicando que quanto mais elevado é o preço do bem, maior é a
interesse para a sua produção, ou seja, a sua oferta.

Preço
unitário
O - Oferta

Pe

P - Procura

Q Quantidade

Figura 1: Equilíbrio entre a oferta e a procura.

Estas relações representam o equilíbrio estabelecido numa economia de mercado. Esta situação se verifica
em um consumo de Q artigos adquiridos a um. preço P e, pois é no ponto de intersecção das duas retas que
a oferta corresponde à procura das garrafas de vidro.
Qualquer alteração neste equilíbrio, por exemplo pelo aumento de eficiência na produção das garrafas,
provocaria uma diminuição de custos, o que se traduziria numa translação da reta da oferta para a direita, e
a consequente estabilização do mercado para um consumo superior, Q', e para um preço inferior, Pe',
conforme figura 2.

Preço
unitário O - Oferta

Pe
P' e
P - Procura

Q Q' Quantidade

Figura 2: Reequilíbrio entre a oferta e a procura.

10 - Análise custo-benefício 66
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Considerando que as curvas de procura e de oferta, na prática, resultam do conjunto de produtos que
satisfazem a necessidade indivíduos, o preço que se estabelece é o denominado "preço de mercado".
Assim, para uma determinada firma fornecedora, a questão que se coloca é a de saber qual o impacto, para
a firma, de se produzir mais um ou menos um bem ou serviço. Na prática, se uma unidade adicional puder
ser fornecida a um custo (custo marginal) inferior ao valor da sua venda, o fornecedor tem interesse no seu
fornecimento, caso contrário, não o deverá fazer.
Este conceito de valor marginal é fundamental em microeconomia, e está associado ao fornecimento (ou
venda) de uma unidade. Por exemplo, em uma indústria, o custo marginal de um determinado produto será
o custo associado à produção de mais uma unidade desse produto.
Na prática, verifica-se que os custos marginais dependem da quantidade produzida, na medida em que
existe para cada instalação fabril uma produção nominal, para a qual a sua eficiência é máxima. Este fato
implica que quando se pretende produzir acima deste nível a produtividade baixa, consomem-se mais
recursos para produzir o mesmo número de bens e o custo marginal aumenta.
Adicionalmente, de uma forma geral, a análise econômica é afetada pelos custos ambientais através da
alteração da evolução dos custos marginais, o que implica alterações nos níveis de produção máximos da
empresa.
Em particular, se a economia impusesse ao poluidor o pagamento dos custos ambientais provocados pela
sua atividade, esta prática constituiria um incentivo à minimização dos seus impactos ambientais, pelo
menos até ao ponto de equilíbrio em que o custo de redução da poluição igualasse o benefício social
derivado de não se poluir.
Por exemplo, a fábrica de garrafas de vidro pretende instalar uma nova tecnologia menos poluente para a
qual o nível de investimento se encontra dependente da diminuição nas emissões. Nesta situação existe um
balanço entre custo-benefício (figura 3) em termos de custos marginais com unidades de valor monetário
por unidade de emissão poluente.
No gráfico da figura 3 salienta-se a existência de um valor de equilíbrio, que corresponde a evitar uma
quantidade de emissões de Q*, que é normalmente designado por nível econômico ótimo de despoluição.
O principal problema associado a este método consiste na caracterização das curvas apresentadas na figura
3. Se a curva representativa dos custos associados à compra de equipamento para um determinado nível de
despoluição é relativamente fácil de quantificar, a curva associada aos benefícios de não poluir apresenta
quantificação mais complexa, a não ser que corresponda à redução do pagamento de taxas ambientais. As
dificuldades inerentes à determinação desta curva estão associadas ao cálculo das externalidades.

Valor
unitário
Benefício marginal associado Custo marginal associado
ao sistema de despoluição ao sistema de despoluição

0% Q* 100%
Emissões evitadas

Figura 3: Nível ótimo de despoluição.

As implicações sociais das externalidades podem ser evidenciadas através dos conceitos discutidos e, para
isso, retome-se o exemplo da fábrica de produção de garrafas de vidro. Ela se encontra inserida numa

10 - Análise custo-benefício 67
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economia de mercado competitiva, na qual as empresas não são obrigadas a pagar as externalidades, ou
seja, as conseqüências indiretas dos impactos ambientais que provocam.
Considerando que a empresa produz um número de garrafas, Q m de modo que os custos variáveis
marginais (CM) sejam idênticos às receitas marginais, (RM), conforme gráfico da figura 4a.
Subtraindo os custos marginais das receitas marginais, obtém-se uma quantidade que se designará por
Benefício Privado Marginal Líquido (BPML), cuja evolução com a produção se encontra representada na
figura 4b. Naturalmente, a quantidade máxima a produzir, Q m corresponde ao valor para o qual o BPML se
anula, e a área compreendida entre esta reta e os eixos da ordenadas e das abscissas corresponde ao
benefício total obtido com a operação, o qual tem de ser igual à soma da parcela dos custos fixos e do lucro.
Por outro lado, um aumento da produção de garrafas implica no aumento da quantidade de poluição
emitida, o qual se supõe que ultrapassa a capacidade de assimilação natural ou o valor legislado, por
exemplo. O valor limite da capacidade de assimilação é representado pela intersecção das retas,
correspondendo ao nível de produção QA como representado na figura 4c.
Considere-se, neste exemplo, que os custos ambientais para emissões de poluição inferiores à taxa de
assimilação natural são nulos, conforme figura 4d. E ainda que para produções superiores a Q A, o custo
total associado à degradação ambiental aumenta de uma forma não linear, ou seja, cada unidade produzida
a partir deste limite tem um custo ambiental superior à anterior.
Este fato é evidente na figura 4e, que representa a evolução do custo externo marginal através de uma reta
com inclinação positiva, cruzando o eixo das abscissa em Q A. Assim, esta evolução não é mais do que a
derivada da evolução do gráfico da figura 4d. Ela é referente ao custo associado à poluição e significa que o
Custo Externo Marginal (CEM) para fabricar uma garrafa é linearmente crescente para produções
superiores a QA.
Sobrepondo a evolução do Custo Externo Marginal à evolução do BPML, representado na figura 4b, verifica-
se que o valor do CEM excede o BPML para produções superiores a Qs. Isto significa que, se estes custos
fossem internalizados pela empresa, a sua produção baixaria para Qs. O valor Qs corresponde assim ao
valor de produção socialmente ótimo associado ao nível de poluição ótimo do ponto de vista social.
Considerar, por exemplo, a fabricação de X garrafas de vidro, representada no gráfico 4f. Na produção
destas garrafas, o benefício privado marginal líquido, ou seja, o benefício da empresa, representado pelo
segmento XB, é bem inferior ao custo externo marginal, representado pelo segmento XC, ou seja, ao custo
social de produção daquelas garrafas.
No entanto, se a empresa não pagar os custos externos, é do seu interesse fabricar as X unidades de
garrafas, embora não seja do interesse da sociedade como um todo. Em termos de economia ambiental,
designa-se a fabricação das X garrafas como sendo "socialmente ineficiente".

A correção destas situações tem se dado pelo recurso à legislação e a taxas sobre emissões, as quais se
podem tornar equivalentes.

10.4.Análise custo benefício


Como mencionado anteriormente, ela visa comparar o custo estimado de um determinado projeto com os
benefícios esperados. Para a realização desta análise é necessário atribuir valores monetários a todos os
custos incorridos e a todos os benefícios.
O método benefício-custo pode ser empregado para quaisquer análises econômicas, sejam elas pequenas
ou grandes, particulares ou governamentais.
É, entretanto, empregado em maior escala na análise de obras públicas, onde o prazo de duração é,
geralmente, muito grande e a conceituação de benefícios é, às vezes, mais delicada do que em
empreendimentos privados.

10 - Análise custo-benefício 68
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Benefícios são avaliações específicas de receitas, faturamentos, dividendos e tudo o mais que tende a
beneficiar o empreendimento previsto.
Custos são avaliações específicas de dispêndios, gastos, despesas, pagamentos e tudo o mais que tenda a
endividar o empreendimento previsto.

$/unidade CM
RM
(a)

Qm Produção
$/unidade
(b)
BPML

Qm Produção

Poluição Poluição emitida


(c)

Capacidade de assimilação

QA Qm Produção

$ Custo associado à poluição


(d)

QA Qm Produção
$/unidade
(e) Custo externo marginal

QA Qm Produção
$/unidade CEM
BPML
(f) C

QA Qa X Qm Produção

Figura 4 : Avaliação econômica de custos de produção

De forma ampla, no método benefício-custo, o conceito benefícios pode abranger, não somente os ganhos
determinísticos, que podem ser facilmente determinados (exemplo: valor resultante da cobrança de um
pedágio), como também os ganhos sociais, cuja determinação é mais delicada, podendo dar margem a

10 - Análise custo-benefício 69
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interpretações, se não tiverem sido feitas com a máxima cautela, honestidade e base estatística (exemplo:
valor social resultante da construção de uma ponte).
O método benefício-custo pode ser aplicado em qualquer instante considerado, como, por exemplo,
instante inicial zero, instante final n, ou instantes periódicos após zero até n, tomando-se apenas a
precaução de considerar tanto B como C em idênticos instantes referidos.
Quando a duração considerada do fluxo de caixa for pequena e os valores envolvidos forem pequenos,
costuma-se aplicar o método benefício-custo no instante inicial zero ou no instante final n.
Quando, porém, o período abrangido for muito grande (20, 50 ou mais anos) ou os valores envolvidos
forem enormes, sendo que estarão disponíveis apenas nos anos previstos no planejamento, costuma-se
aplicar o método benefício-custo nos instantes periódicos após zero até n (em forma de anuidades).

Exemplos:
Custos
 Estudos e projetos
 Cotação de fabricantes
 Obras civis, montagens e testes
 Operação (mão-de-obra, insumos)
 Manutenção

Benefícios
 Despesas com tratamento de saúde das pessoas
 Custo com tratamento de água residuárias
 “custos” de uma morte
 a perda de uma área contaminada

Os exemplos de benefícios apresentados, na realidade, correspondem ao que se evitaria de gastar a partir


do investimento realizado.
Uma das análises mais comuns para identificar a validade de um empreendimento é feita através das curvas
de custo benefício, sobretudo para definir a quantidade ótima a produzir, condição em que se obtém a
melhor relação custo-benefício (figura 5).

10 - Análise custo-benefício 70
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Curvas de Custo-Benefício

50

40

30
R$

20

10

0 Custo total
0

10

12
Benefício total
Quantidade (unidades)

Figura 5 : curva de custo-benefício

O ponto ótimo situa-se onde ocorrer a maior diferença entre os benefícios e custos, ou onde as tangentes
das duas curvas sejam paralelas (figura 6).

Curvas de Custo-Benefício

50

40

30
Custo total
Benefício total
R$

20
Diferenças
10

0
0

10

11

12

Qe
-10
Quantidades

Figura 6 : ponto ótimo de produção

Observação:
 As curvas de custos e benefícios marginais refletem, a derivada em cada ponto das curvas de custo
total e benefício total (Figura 7).
 Custos : despesas decorrentes da poluição provocada pelo empreendimento
 Benefícios : valor de mercado dos produtos ou serviços gerados naquela instalação ou
empreendimento ou, em última análise, quanto a empresa ou sociedade ganhou por existir aquela
produção.
 O termo benefício é aqui utilizado como sinônimo de faturamento (receitas) e não de lucro
(receitas – despesas)

10 - Análise custo-benefício 71
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10.5.Exemplo de ajustamento da produção - internalizar as externalidades.


Em situações em que a empresa não arque com custos ambientais (pouco controle da sociedade, órgão
ambientais) é provável que como resultado de custos baixos e existência de demanda, ela consiga
aumentar a sua produção. Em situação contrária, haverá aumento de custos. Neste caso, duas situações são
possíveis :
A empresa repassa os custos aos consumidores
A empresa terá de absorver esses custos (internalizar as externalidades), o que poderá resultar em um novo
ponto ótimo de produção, já que com maiores custos o mercado não aceitaria absorver a quantidade mais
elevada.

Curvas de Custo-Benefício

70

60

50

40 CT
R$

30 BT

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Quantidades

Curvas Médias e Marginais

20
18
16
14 Cmédio
R$/unid

12
Bmédio
10
Cmarg
8
6 Bmarg
4
2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Quantidade

Figura 7 : ponto ótimo de produção e custos/benefícios marginais

Supor uma indústria que precisa escolher o ponto ótimo de operação (quanto à quantidade produzida)

Custo total é igual


2 3
CT = 2Q + 0,4Q Q= quantidade de unidades produzidas

Supondo que o preço de venda de cada unidade seja R$ 50,00,

10 - Análise custo-benefício 72
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BT = 50Q
E o gráfico resultante é apresentado na figura 8.

As curvas de “custos marginais” e “benefícios marginais” (figura 9) são obtidas pelas derivadas da equações:

2 3
CT = 2Q + 0,4Q
2
CM = 4Q + 1,2Q
BT = 50Q
BM = 50

Curvas de Custo-Benefício

600

500

400
Custos R$

300

200

100

0 CT
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 BT
Quantidade

Figura 8 : análise custo-benefício

As duas curvas se encontram em Q = 5. Em princípio, este seria o ponto de produção ótima (com o menor
custo obteve-se o máximo benefício)
Supor entretanto que esta empresa gera, em seu processo produtivo, uma certa quantidade de efluentes
2
poluentes, de acordo com a equação : E = 2Q (gramas por unidade produzida) – figura 10.

Custos e Benefícios Marginais


180
160
140
120
100
R$

80
60
40
20
0 CM
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 BM
Quantidade

Figura 9 : ponto ótimo de produção

10 - Análise custo-benefício 73
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Quantidade de Efluente (g/l)

250

200

Efluente (g/l)
150
E
100

50

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Quantidade

Figura 10 : produção de efluente x quantidade produzida

Este resíduo seria descarregado em um rio que passa ao lado da empresa. A empresa em princípio não paga
para descartar esse efluente.
Entretanto, se a jusante uma cidade faz captação da água desse rio para abastecimento público, os custos
da água (captação e tratamento), seguem por exemplo, a equação a seguir :
Cágua = 50 + 2E (existe um custo fixo de 50 e um custo variável que depende da quantidade de efluente).
Substituindo E por seu valor da equação, para correlacionamento do custo de tratamento da água com a
quantidade de produtos da empresa, obtém-se :
2 2
Cágua = 50 + 2E = 50 + 2(2Q ) = 50 + 4Q (figura 11)

Custo da água para a comunidade

450
400
350
300
250
R$

CA
200
150
100
50
0
0

10

Quant. de produtos

Figura 11 : custos com tratamento de água x quantidade produzida

Os custos reais dos produtos são obtidos através da soma do custo de fabricação (internos da empresa)
com os custos de tratamento da água para a comunidade (a rigor deve-se excluir os custos fixos de
captação).

10 - Análise custo-benefício 74
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Custos Produtos + Água

1200

1000

R$ 800

600

400

200

0
0

10
Quant. de produtos

Figura 12 : internalização das externalidades

2 2 3
CT = Cágua + CT1 = 4Q + 2Q + 0,4Q
2 3 2 2 3
CT = 2Q + 0,4Q + 4Q = 6Q + 0,4Q
Comparando a curva de benefícios totais com a curva anterior, obtém-se a figura 13

Curvas de custos + água e de Benefícios

1200

1000

800
CT + CA
R$

600
BT
400

200

0
0

10

Quant. produtos

Figura 13 : custo-benefício considerando as externalidades

Outra forma de cálculo seria através de custos e benefícios marginais (derivando as equações) (figura 14)

2
CM’ = 12Q + 1,2Q
BM’ = 50

Se CM’ = BM’  Q = 3

10 - Análise custo-benefício 75
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O ponto ótimo de produto mudou de 5 para 3 unidades e estaremos também considerando o “ponto ótimo
de poluição”

2
50g  18 g (2Q )

Enquanto a empresa poluía, ela transferia um custo seu para a sociedade (obrigada a tratar a água) 
externalidade.
Antes que ela fosse obrigada a arcar com os custos (internalizar) era mais vantajoso trabalhar com 5
unidades. Ao ser taxada, passou a ser mais interessante produzir 3 unidades.
As outras formas de manter a poluição em níveis aceitáveis seria a regulação (instrumento de comando
controle) e subsídios.

Custos e benefícios marginais (incl. água)

250

200

150
R$

100
Marg (CT +_CA)
50 BM

0
0

10

Quant. produtos

Figura 14 : novo ponto ótimo de produção

Comentários :

10 - Análise custo-benefício 76
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O índice de custo-benefício indica, em uma comparação de possibilidades, qual deve ser a opção mais
vantajosa. Medir os custos de uma determinada instalação que proporcione uma melhoria ambiental é uma
tarefa relativamente fácil, somando-se os custos de projeto, de compra de equipamentos e sistemas, de
obras civis, de montagem, testes, manutenção, gerenciamento, etc. Medir os benefícios é uma tarefa
bastante mais difícil, realizada avaliando-se quais os prejuízos que seriam resultantes da não implantação
da instalação em questão, como por exemplo gastos com recuperação da saúde das pessoas, “custo” das
vidas humanas, gastos com a recuperação de água contaminada para ser reutilizada, etc. ou, de outra
forma mais simples, pode-se interpretar como “beneficio” o valor dos produtos e serviços resultantes da
atividade, em uma análise econômica mais tradicional, nem tanto adaptada ao termo “benefício
ambiental”. Para estas análises, podem ser feitos gráficos que mostrem os custos, os benefícios,
observando-se que para se obter um índice de 100% de redução de poluentes, os custos podem ser
proibitivos. Assim, deve-se trabalhar na região em que as distâncias entre as curvas de custos e de
benefícios sejam mais elevadas, desde que esta determinada emissão de poluentes esteja dentro dos
limites aceitos pela legislação, pelas normas internas da empresa ou dentro dos limites estabelecidos nos
objetivos e metas. Deve-se também analisar os gradientes das curvas. Um gradiente (inclinação) elevado na
curva de benefícios indica que se de avançar mais na busca de melhorias, enquanto o gradiente elevado na
curva de custos mostra que o investimento só deveria ser realizado se a contrapartida de benefícios
justificar os gastos maiores.

Custos e
benefícios

Benefícios

Custos
Região
indicada
20 40 60 80 100 %
Melhorias (red. de poluentes)

Figura 15: custo-benefício em função de eficiência

É importante observar, na figura 15, que as curvas estão com formas muito acentuadas e, neste caso, a
redução de poluentes seria da ordem de 50% (se essa meta cumprisse a legislação). Em casos reais,
provavelmente o índice recomendado de redução seria muito maior.
O mesmo raciocínio com estas curvas poderá ser feito no dimensionamento do porte de uma determinada
instalação (uma estação de tratamento de efluentes, por exemplo). Para que seja tratada uma quantidade
muito pequena de efluente, certamente os custos fixos serão muito elevados (pessoal de operação,
insumos, etc.) neste caso os custos superando os benefícios. Por outro lado, em volumes muito grandes, é
provável que os custos também superem os benefícios, pelas ineficiências do processo. Assim, será
necessário a busca da região ótima de operação, de forma a ser obtida uma instalação com o máximo de
eficiência.

Existem muitas situações em que diversas variáveis atuam nos problemas. Entretanto, observa-se também
que, em muitas situações práticas, podem ocorrer casos em que o peso de uma única variável é muito
maior do que das outras e, em uma simplificação aceitável, poderemos considerar apenas essa variável.

10 – Análise custo-benefício 77
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Essa forma de abordagem facilita a modelagem dos custos através de uma equação algébrica e, através de
cálculo, ficará fácil a obtenção do mínimo custo total.
Na determinação do custo total, observamos que uma parcela deste custo varia na proporção direta da
variável de projeto. Por exemplo, aumentando a quantidade produzida na fábrica, aumenta o custo de
tratamento de efluentes. Aumentando a quantidade produzida, aumenta o custo com matérias primas, com
água, com energia. Esse fator pode ser modelado como y1= aX , onde y , representa essa parcela do custo e
x a quantidade produzida (variável de projeto).
Uma outra parcela do custo, normalmente varia inversamente à variável de projeto. Por exemplo,
aumentando-se a quantidade produzida, reduz-se o custo/unidade referente ao gasto com pessoal de
atuação no Sistema de Gestão Ambiental. Isso é representado por Y2 = b/x

Uma terceira parcela de custo resulta de fatores que independem da variável considerada, neste exemplo a
quantidade produzida. Por exemplo, situam-se neste caso os gastos com aluguéis, os custos com pessoal
administrativa, etc. Esta parcela é representada por Y3 = c
A equação completa será:
y = ax+ b/x + c
onde: y = custo total
x = variável de projeto

Obtém-se o mínimo custo total derivando y em relação à x e igualando-se a zero.

dy b
a 2
dx x

b
a 0
x2

b
x
a

10.6.Exercícios:
1. Suponha que tenhamos que escolher um processo de tratamento de esgotos, usando filtros (processo A)
ou lodo ativado (processo B). Os custos respectivos são :

Custos Processo A Processo B


Custo Inicial (R$) 25000,00 32000,00
Custo anual de operação (R$) 2000,00 1800,00
3
Custo com produtos químicos (R$/m tratado) 0,30 0,22

3
Suponha que a instalação tenha uma previsão de uso por 5 anos. A taxa de juros é de 14%. Quantos rn
precisam ser tratados por ano, para que os dois sistemas tenham igual custo?

10 – Análise custo-benefício 78
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Proposta de solução : a primeira providência será distribuirmos os custos iniciais (investimentos) pelos 5
anos, à taxa de juros considerada:

Proposta A:

 i(1  i) n   0,14(1  0,14) 5 


A  P   25000    25000 x0,2912  7282,09
 (1  i)  1  (1  0,14)  1 
n 5

Da mesma forma para a proposta B:

A= 9321,07

3
Assim, o custo total de A, para uma quantidade de x m tratados no ano será :

CA = 7282,09 + 2.000,00 + 0,3x

O custo de B será
CB= 9321,07 + 1.800,00 + 0,22x

Igualando os custos totais:


9282,09 + 0,3x = 11121,07 + 0,22x
0,08x = 1838,98
3
x = 22987 m

2. Um grande empresa interessada em proporcionar um Curso de Gestão Ambiental a seus gerentes,


decidiu estudar a viabilidade de oferecê-lo em Vitória. Como critério, ela decidiu que metade das vagas
fosse atribuídas aos Gerentes sediados em Vitória, enquanto a outra metade ela previu oferecer aos
Gerentes vindos de outras unidades industriais e outros Estados, tais como o Pará, Sergipe, Minas Gerais e
Mato Grosso do Sul, trazidos a Vitória.
Supor a seguinte situação de custos:

a) o custo dos profissionais de Vitória montaria a R$ 150,00, relativo ao material didático, café e almoço;

b) o custo médio dos profissionais vindos de outros Estados refere-se a passagens aéreas (média de R$
300,00 por pessoa), material didático, almoço e café de R$150,00 por pessoa e custo de estadia em hotel.
Para esse custo, suponha que o hotel dê um desconto na diária para grandes grupos, e, para os quatro dias
de curso, a fórmula seja:
n = número de pessoas
1/4
Custo por pessoa = 500/n

10 – Análise custo-benefício 79
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c) o custos da universidade que oferece o curso é de R$ 5000,00, ficando por conta da empresa contratante
as despesas de locomoção (passagem aérea no valor de R$ 300,00 e hospedagem e alimentação no valor de
R$ 500,00).

Se você é o gerente ambiental encarregado de decidir sobre o treinamento e precisa tomar a seguinte
decisão: quantos gerentes você colocaria no curso, de forma a que houvesse a melhor relação
custo/benefício ? Supor ainda que o beneficio você conseguiria avaliar da seguinte forma: se o curso fosse
apresentado a poucos alunos, o rendimento seria excelente, com mais facilidades à realização de exercícios
práticos), enquanto com maior número de alunos perde-se um pouco em qualidade. A quantificação do
benefício, em custos e imaginando o retorno para a empresa seguiria a fórmula:

2
Beneficio = 1300n – 20n

O custo total pode ser dado pela expressão:


y = y1 + y2 + y3

yl = custos variáveis dos alunos do Vitória:


y2 = custos variáveis dos alunos do fora do Vitória
y3 = custos fixos com a Universidade, passagens e hospedagem (independem do número do alunos)

Seja: x o número de alunos do curso


y1 = (x/2).150 = 75x

 
  1
x 5 0 0 
y2  3 0 01 5 0  x(2 2 5 2 9 ,73.x 4 )
2  x 
 4 
 2

y3= 5000 + 300 + 500 = 5800

Por tanto,
-1/4
y = 75x + 225x + 297,3x x+ 5800
3/4
y = 300x + 297,3x + 5800

Em primeiro lugar, tendo as duas equações, vamos determinar para qual o número de alunos os custos
empatam com os benefícios e, em seguida, para qual número de alunos existe uma maximização da relação
benefício/custo.
A primeira parte será resolvida igualando as duas equações, de custos e de benefícios e resolvendo:
3/4 2
300x + 297,3x + 5800 = 1300x - 20x
2 3/4
x - 50x + 14,86x + 290 = 0

10 – Análise custo-benefício 80
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Verifica-se que essa igualdade existe para os valores de 8,93 e 35,83, ou seja, 9 e 36 pessoas. (nota: um
modo fácil de resolver a equação anterior é usar no Excel a função "Ferramentas" e em seguida “Atingir
meta”).
O ponto de máximo de afastamento das curvas é calculado pelas suas derivadas (que significam as
inclinações em cada ponto) e verificando o ponto onde as derivadas sejam iguais:

Derivada da curva de custos totais:

3/4
y = 300x + 297,3x + 5800
-1/4
dy/dx = 300 + ¾.297,3 x
-0,25
dy/dx = 300 + 222,97x

Derivada da curva de benefícios :


2
y = 1300x – 20x
dy/dx = 1300 – 40x

Igualando as duas derivadas :

-0,25
40x + 222,97x = 1000
-0,25
x = 5,57x = 25
-0,25
300 + 222,97x = 1300 – 40x
A solução desta equação ocorre para x igual a 22,44, ou seja, prever 22 alunos seria o ponto ótimo em
termos de custos e benefícios.
Para evitar a resolução de equações, uma outra forma de solução do problema (embora com mais trabalho
braçal) seria construirmos uma planilha, por exemplo em Excel, verificando os custos e benefícios aluno por
aluno, e montando um gráfico. Os resultados obtidos pelos cálculos seriam:
Igualdade de custos e benefícios : 9 e 36 alunos
Ponto ótimo: 22 alunos

3. O Rio Tietê, que atravessa a cidade de São Paulo, vem constantemente apresentando problemas de
enchentes (o próprio Rio Tietê, e também seus afluentes, como o Tamanduateí, Anhangabaú, córrego
Aricanduva e outros). Essas enchentes resultam da ocupação exagerada do solo com construções e asfalto
(que impedem a penetração das águas no solo e absorção pela vegetação por ocasião de chuvas intensas,
escorrendo com velocidade para os rios), ocupação das áreas originais da várzea com as pistas das
marginais, etc.

Os números apresentados a seguir são fictícios, apenas para exemplo do método, não decorrendo de um
levantamento real. Suponhamos que em nossas análises queremos considerar um período de 60 anos
(tempo de vida útil das eventuais construções, sem nenhum valor residual) e taxa de juros de 5% a.a.
Suponhamos que os prejuízos anuais com as enchentes montam a R$ 18.000.000,00 (despesas com
recuperação de imóveis alagados, perdas comerciais em engarrafamentos, custos de recomposição das
vias, etc.).
Na realidade, não realizar nenhuma obra contra as enchentes é uma opção, arcando-se com o custo acima.
Abreviadamente, representaremos esta opção por [ATUAL].

10 – Análise custo-benefício 81
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Outra opção é realizar um aprofundamento da calha do rio em 2,5 metros. Com isso, conseguiremos uma
maior vazão no rio e em seus afluentes, opção que designaremos por [CALHA]. Nota: esta solução está
descrita na página 16 da revista "Saneamento Ambiental" de março/abril de 1999, no qual se pretende
aprofundar a calha em 24 km de rio, resultando, por exemplo, em um aumento da vazão de 270 para 640
3
m /s na foz do rio Tamanduateí.
Outra opção seria a construção de dois piscinões adicionais ao existente no Pacaembú, que serviriam de
reservatório temporário por ocasião das chuvas intensas, sendo a água transferida para o rio por bombas,
após o controle. Chamaremos a opção de [PISC].
Uma última opção que poderíamos estudar seria a construção de uma barragem no Alto Tietê, em Mogi das
Cruzes e a melhoria (elevação) da barragem de Santana do Parnaíba. Controlando o nível dos reservatórios
e a abertura ou fechamento das comportas, impediríamos os alagamentos. Esta opção designaremos por
[BARRAG].
Os custos de implantação das alternativas são:

[ATUAL]: zero
[CALHA]: R$ 250 milhões e um custo anual de manutenção (dragagens) de R$ 2 milhões
[PISC]: R$ 300 milhões e um custo anual de operação e manutenção de R$ 6 milhões.
[BARRAG]: R$ 400 milhões e um custo anual de operação e manutenção de R$ 0,8 milhões.

Conforme expusemos, suponhamos que a opção [ATUAL] causa um prejuízo anual de R$ 18 milhões.
Suponhamos que os cálculos mostram que a alternativa [CALHA] irá reduzir os prejuízos das enchentes para
R$ 2 milhões (o aprofundamento da calha do rio não resolveria totalmente o problema).
Suponhamos que a alternativa [PISC] reduzirá os prejuízos com as enchentes para R$ 700 mil e que a
alternativa [BARRAG] reduzirá os prejuízos para R$ 200 mil.
Além desses dados, podemos considerar que:
3
a alternativa [CALHA] implica em que teremos que ocupar um terreno para dispor de 6,3 milhões de m de
material inerte a ser escavado, além do material anualmente retirado ao longo dos anos. Como as áreas
pertencem ao Estado, não consideraremos seu valor nos cálculos.
a alternativa [PISC] implica em utilização de áreas que têm um valor equivalente a R$ 100 mil por ano.
A alternativa [BARRAG] implicará na ocupação de solos agrícolas e perda de lavouras, com prejuízos
estimados em R$ 50 mil por ano.

Pergunta-se: levando em conta todos esses fatores, qual seria a solução mais recomendada?
Proposta de solução: iremos comparar duas a duas as alternativas, verificando benefícios e custos. O
benefício será quanto ganharemos por deixar de existirem os prejuízos.
Comparando [ATUAL] com [CALHA]:
B = ([CALHA] - [ATUAL]) = 18 milhões - 2 milhões = 16 milhões
C = ([CALHA] - [ATUAL]).

Para avaliação do custo anual de [CALHA], calcularemos como sendo uma anuidade, ou seja, quanto se
gasta por ano mais o investimento inicial distribuído ao longo dos 60 anos.

C = 250 (A/P, 5%, 60) + 2 (milhões)


C = 15,2 milhões

10 – Análise custo-benefício 82
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Assim: B - C = 16 - 15,2 = 0,8 milhões

Portanto, como uma primeira conclusão, é vantajoso realizar a obra da opção [CALHA] em relação à não
fazer nada. Critério adotado: B - C > 0 ou B/C > 1.
Comparando-a agora com a opção [PISC]:
O benefício adicional será o melhor controle de alagamentos, porém precisaremos também levar em conta
os prejuízos resultantes da não utilização do solo para outras construções:

B ([PISC] - [CALHA]) = (2.000.000 - 700.000) - 100.000 = 1.200.000


C ([PISC] - [CALHA]) = [300 (A/P, 5 %,60) + 6] - [250 (AIP, 5%, 60) + 2] milhões
C ([PISC] - [CALHA]) = [15,85 + 6] - [13,2 + 2] = 6,65 milhões
B - C = 1,2 - 6,65 = -5,45 milhões

Observa-se que a opção [CALHA] continua prevalecendo, pois a opção [PISC] não seria considerada
adequada do ponto de vista econômico.
Comparando-se agora a opção [CALHA] com a opção [BARRAG]:
B ([BARRAG] - [CALHA]) = (2.000.000 - 200.000) - 50.000 = 1.750.000
C ([BARRAG] - [CALHA]) = [400 (A/P, 5%,60) + 0,8] - [250 (A/P, 5%, 60) + 2] milhões
C ([BARRAG] - [CALHA]) = (21,13 + 0,8) - (13,21 +2) = 6,72 milhões

Portanto:

B/C = 0,26
B - C = 1.750.000 - 6.720.000 = -4.970.000

Portanto, concluímos que a melhor opção do ponto de vista econômico seria realizarmos as obras de
aprofundamento da calha do rio, embora continuem os prejuízos anuais de R$ 2.000.000,00.
Entre as duas outras soluções (piscinões ou barragens) verificamos que a solução [BARRAG] apresenta
melhores indicadores.
A situação apresentada exemplifica um caso em que provavelmente outros critérios, que não o técnico ou
econômico, podem definir a melhor solução, e sim um critério político ou social. Suponhamos que seja
considerada inaceitável pela sociedade a continuação das enchentes, mesmo após as obras de
aprofundamento da calha (citamos que os prejuízos passariam de R$ 16 milhões para R$ 2 milhões). Neste
caso, provavelmente seria adotada a solução de construção da barragem, mesmo não sendo a melhor
proposta sob o ponto de vista exclusivamente financeiro.

Observamos que os prejuízos decorrentes de uma determinada opção foram considerados como “perdas
de benefício”, ou seja, deduzidos dos benefícios. Como exemplos de situações desse tipo, temos a redução
de ganhos futuros com o uso dos terrenos (exemplos dos terrenos dos piscinões e barragens), perdas de
lucros que a terra poderia gerar se fosse usada para agricultura ou exploração mineral (casos de barragens),
perdas de pesca, etc. No exemplo, consideramos como redução dos benefícios, porém outra forma seria
considerar essas perdas como custos. Aparentemente se chegaria aos mesmos resultados, porém na análise
de custos/benefícios, os índices resultam em valores distintos. Por exemplo, se considerarmos a
comparação [CALHA] com [BARRAG], enquadrando os prejuízos potenciais como custos, temos:

10 – Análise custo-benefício 83
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B ([BARRAG] - [CALHA]) = (2.000.000 - 200.000) = 1.800.000


C ([BARRAG] - [CALHA]) = [400.000 (A/P, 5%,60) + 800 + 50] - [250.000 (A/P, 5%,60) + 2.000 + 100] mil
C ([BARRAG] - [CALHA]) = (21.131,27 + 800 +50) - (13.207,05 +2000 +100) = 6.674,22 mil

Portanto:
B/C= 0,27
B - C = 1.800.000 - 6.674.220 = - 4.874.220

Neste exemplo, as diferenças foram muito pequenas em vista dos números elevados relativos aos
investimentos e custos, e números pequenos relativos A perda de benefícios. Porém, quando eles se situam
nas mesmas ordens de grandeza, os índices resultam em valores completamente diferentes.

Este último exercício também pode ser resolvido pelos procedimentos clássicos apresentados em aula a
partir do estabelecimento de fluxos de caixa gráficos para cada alternativa e em seguida comparando-se os
investimentos, como por exemplo VUE. Adote este procedimento e compare os resultados.

Comentários :

10.7.Análise Exaustiva de custo/benefício


É sempre possível se realizar a análise exaustiva, na qual se estudam as várias opções possíveis para serem
executadas as alternativas, a partir de determinada quantia monetária disponível, concluindo-se pela
preferência por uma das alternativas apresentadas ou por uma nova opção e conseqüente recusa das
alternativas originariamente apresentadas.
Para que serve a relação B/C?
A relação benefício-custo (B/C) tem como finalidade única verificar se a alternativa analisada é ou não
viável. Se verificarmos a relação B/C das quatro alternativas seguintes teremos os seguintes valores:

Alternativas B= benefício periódico C = custo periódico B/C


K 400.000 186.400 2,14
L 250.000 80.630 3,10
M 260.000 110.770 2,34
N 400.000 236.820 1,69

Poderemos, então, concluir que todas as alternativas são viáveis pois em todas elas B/C > 1.

Não poderemos, porém, concluir que a melhor alternativa é a L por possuir valor B/C maior do que o das
outras alternativas.`

10 – Análise custo-benefício 84
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Para concluir qual a melhor alternativa, teremos que utilizar o método de análise incremental B/C, onde
é comparada cada alternativa com a melhor alternativa anterior, colocando-se os custos em ordem
crescente.

Análise incremental B/C

Nesta análise colocam-se os custos em ordem crescente, comparando-se, como foi dito, cada alternativa
com a melhor alternativa anterior.
Na primeira alternativa (a de custo mais baixo), os benefícios e os custos são comparados respectivamente
com os benefícios e custos iguais a zero, que correspondem à alternativa de não fazer nada.

Custo em
Alternativas Benefício ordem ∆B ∆C ∆B/∆C
crescente
250.000/80.630 = 3,10
250.000 – 0 =
L 250.000 80.630 80.630 – 0 = 80.630 (tomado como padrão
250.000
inicial)

260.000 – 250.000 110.770 –80.630 = 10.000/30.140 = 0,32 <


M 260.000 110.770
= 10.000 30.140 1 (prevalece L)

150.000/105.770 = 1,42
> 1 (ou seja, é maior do
400.000 – 250.000 186.400 – 80.630 =
K 400.000 186.400 que a alternativa
= 150.000 105.770
considerada padrão,
logo K prevalece)

400.000 – 400.000 236.820 – 186.400 = 0/50420 = 0 <1


N 400.000 236.820
=0 50.420 (prevalece K)

Como vemos, a melhor alternativa é a K.

Sem uma análise incremental, poderíamos ter escolhido erradamente a alternativa L como sendo a melhor,
pois ela possuía a maior relação B/C.
Verificamos pelos incrementos que a melhor alternativa é a K, que, além de possuir uma relação B/C > 1,
oferece a maior relação ∆B/∆C em comparação às outras alternativas isoladamente consideradas. .
Tal alternativa K possuirá também a maior taxa de retomo, o maior valor presente líquido, o maior valor
futuro líquido ou qualquer outro melhor resultado, qualquer que seja o método utilizado de comparação
real entre as alternativas.

A alternativa em 2º lugar

Para se escolher a alternativa em 2º lugar deve-se repetir todo o processo examinado, excluindo-se apenas
do conjunto de alternativas analisadas aquela que já foi classificada.
Assim, excluindo a alternativa K que é a que conseguiu a melhor alternativa, teremos:

10 – Análise custo-benefício 85
UFSC – ENS 5149 - Economia Ambiental Prof. Sebastião Roberto Soares, Dr

Custo em
Alternativas Benefício ordem ∆B ∆C ∆B/∆C
crescente
250.000 – 0 = 80.630 – 0 =
L 250.00 80.630 3,10 (padrão)
250.000 80.630
260.000 – 250.000 110.770 – 80.630
M 260000 110.770 0,32 < 1 (prevalece L)
= 10000 = 30.140
400.000 – 250.000 236820 –80630 =
N 400.000 236.820 0,96 < 1 (prevalece L)
= 150.000 156190

Logo, a 2 melhor alternativa é a L.


Repetindo o mesmo sistema para as outras alternativas, teremos a 3 e a 4 alternativas.

Custo em
Alternativas Benefício ordem ∆B ∆C ∆B/∆C
crescente
260.000 – 0 = 110.770 – 0 =
M 260.000 110.770 2,35 (padrão)
260.000 110.770
400.000 –
236.820 –
N 400.000 236.820 260.000 = 1,11 > 1 (prevalece N)
110.770=126050
140000

Portanto, a alternativa em 3º lugar será a N e, consequentemente, a 4ª será M.

*****

10 – Análise custo-benefício 86
UFSC – ENS 5149 - Economia Ambiental Prof. Sebastião Roberto Soares, Dr

11. Estabelecimento de custos de gestão ambiental

Texto extraído/adaptado de De Moura, Luiz Antônio Abdalla. Economia Ambiental. Gestão de Custos e
Investimentos. São Paulo : Juarez de Oliveira, 2000 (incluindo figura).

Os custos associados com a gestão ambiental de uma organização podem ser classificados em custos de
controle da qualidade ambiental e em custos decorrentes da falta de controle.

11.1.Custos de Controle
Custos de prevenção : São custos das atividades que visam prevenir (evitar) os problemas ambientais no
processo industrial, no projeto, no desenvolvimento, bem como nas demais fases do ciclo de vida do
produto.
Custos de avaliação : São os custos despendidos para manter os níveis de qualidade ambiental da empresa,
por meio de trabalhos de laboratórios e avaliações formais do sistema de gestão ambiental ou sistema
gerencial que se ocupe de garantir um bom desempenho ambiental da empresa. Engloba custos com
inspeções, testes, auditorias da qualidade ambiental e despesas similares.

11.2.Custos de falta de controle


Custos de falhas internas : é o primeiro dos custos decorrentes das falhas (ou falta) de controle. Estes custos
resultam de ações internas na empresa, tais como correções de problemas ambientais e recuperação de
áreas degradadas, desperdícios de material, de energia, de água e outros recursos naturais, além de tempo
sem atividade de máquinas, como resultado de problemas ambientais causados (interdições) e retrabalhos
em processos causados por não conformidades ambientais. Em resumo, referem-se a todos os custos
incorridos pelo não atendimento de normas, padrões, procedimentos operacionais explícitos de gestão
ambiental e correções de não conformidades.
Custos de falhas externas : compreendem os custos de qualidade ambiental insatisfatória e não
conformidades fora dos limites da empresa, resultantes de uma gestão ambiental não adequada. Engloba
os custos decorrentes de queixas ambientais de consumidores levando à existência de despesas de
correção, recuperação de áreas externas degradadas ou contaminadas pela atividade da empresa,
pagamento de multas aplicadas por órgãos ambientais de controle, indenizações decorrentes de ações
legais resultante de disposição inadequada de resíduos, acidentes de transportes de produtos tóxicos,
inflamáveis, corrosivos, prejuízos decorrentes de suspensões de vendas e fabricação de produtos,
demolições de obras determinadas por autoridade competente, campanhas publicitárias visando explicar
acidentes e problemas, demandas trabalhistas decorrentes de acidentes ambientais, etc..

Custos intangíveis : São aqueles com alto grau de dificuldade para serem quantificados, embora se perceba
claramente a sua existência. Como exemplo, tem-se a perda de valor da empresa (ou das ações) como
resultado de desempenho ambiental insatisfatório, baixa produtividade dos empregados como resultado de
um ambiente poluído, contaminado ou inseguro, dificuldades e aumento de tempo (e custos) na obtenção
do licenciamento ambiental como resultado de multas e problemas anteriormente constatados.

11 – Estabelecimento de custos de gestão ambiental 87


UFSC – ENS 5149 - Economia Ambiental Prof. Sebastião Roberto Soares, Dr

Custos de prevenção

Custos de controle

Custos de avaliação

Custos de falhas internas

Custos de falta de controle Custos de falhas externas

Custos intangíveis

Figura : representação dos custos ambientais de uma organização

Além do mais é necessário relembrar :


Custo : soma de recursos (mão-de-obra, material, equipamentos, etc.) usados para produzir bens e serviços.
Uma medida do que deve ser cedido para obter algo (mediante a compra, intercâmbio ou produção).
Medidas correntes de custos incluem: custo per capita da população; custo por paciente; custo por serviço
prestado; custo por resultado. Custo é também o total de dinheiro requerido para alcançar algo.
Custos diretos : os custos relacionados com a provisão dos aspectos diretos da atenção, incluindo material e
mão-de-obra.
Custos indiretos : custos que não são apenas atribuíveis a um aspecto da produção, mas que estão
distribuídos em muitos deles (por exemplo, a enfermaria, o escritório, o prédio, salários de supervisores,
serviços de secretaria, etc.)
Custos fixos : também chamados custos gerais. Não variam segundo o rendimento ou volume produzido.
Custos variáveis : custos que mudam segundo o rendimento. Mão-de-obra, material, água e eletricidade,
por exemplo, são custos variáveis.

Custo social : o custo de um programa/projeto/atividade para a sociedade em geral e não apenas para os
diretamente envolvidos (instituições, população-alvo, etc.).

11.3.Exemplo
O ciclo de vida da etapa de produção de um refrigerante utiliza três tipos de matérias primas (xarope,
açúcar e gás carbônico), além de água e energia elétrica. Também devem ser consideradas no processo,
entradas como embalagens plásticas e óleo para uma caldeira. No decorrer da fabricação são empregados
vários processos, tais como a mistura de matérias primas, fervura, pasteurização, lavagem e esterilização de
embalagens retornáveis, engarrafamento, adição de gás, embalagem de garrafas e latas, refrigeração, etc..
Desses processos resultam resíduos como particulados e gases de caldeira, efluentes líquidos e resíduos
sólidos.

11 – Estabelecimento de custos de gestão ambiental 88


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A primeira parte do problema consiste em identificar e registrar os vários tipos de custos ambientais, para
cada tipo de resíduo. Supondo que os números levantados e o seu enquadramento para cada tipo de custos
ambientais sejam os apresentados a seguir :

Falhas Falhas
Custos Prevenção Avaliação Intangíveis Total
internas externas
Emissões (liq e gás) ?
Tratamento de
efluentes (custos 110
diretos)
Tratamento de
efluentes (custos 40
indiretos)
Coletas de amostras e
50
testes de qualidade
Perdas de águas 260
Custos com pessoal de
gestão ambiental (efl. 20 10
Líquidos))
Custos com
treinamento de 30
pessoal de operação
Multas por poluição
60
do rio
Auditorias 40
Operação e
manutenção de filtros
30
de gases de
combustão e outros
Gases perdidos por
30
vazamentos
Custos com pessoal de
gestão ambiental 20 5
(gás)
Custos com
treinamento de
10 5
pessoal (emissão
atmosférica)
Multas por poluição
20
do ar
Resíduos sólidos ?
Custos de transporte
40
para aterros
Taxas de uso de
30
aterros
Custos de inspeções e
15
teste de amostras
Perdas de embalagens 130
Custos de pessoal de
10 5
gestão ambiental
Auditoria de gestão
30
ambiental
Total 340 160 420 80 ? 1000

Identificados os custos e feito o seu enquadramento, percebe-se que a principal área onde se pode atuar
será relativa à economia de insumos, ou seja, água, gases e embalagens (falhas internas, responsáveis por
42% dos custos). Visando obter melhorias, constata-se que seria desejável realizar investimentos no sistema
de gestão ambiental, melhor escolha de matérias primas e do óleo combustível da caldeira, gerando-se

11 – Estabelecimento de custos de gestão ambiental 89


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menor quantidade de emissões atmosféricas (embora o custo explícito não indique a existência de
problemas, sabe-se que os vizinhos têm reclamado muito desse aspecto, tornando-o um custo intangível
elevado). Após a elaboração dos objetivos e metas e a preparação do plano de ação, seguido de um
orçamento detalhado, a diretoria decidiu investir 2 milhões. O gerente ambiental, baseado em dados
levantados e extrapolações chegou às seguintes conclusões (despesas por ano) :

Aumento no custo do óleo combustível (de melhor qualidade) : R$ 30.000,00


Aumento do custo das matérias primas (que geram menos poluentes) : R$ 150.000,00
Aumento nas despesas com produtos químicos necessários ao novo processo: R$ 80.000,00
Redução de despesas com tratamento de efluentes líquidos: R$ 100.000,00
Redução de despesas com tratamento de efluentes gasosos : R$ 40.000,00
Aumento de despesas com o tratamento de resíduos sólidos ; R$ 60.000,00
Aumento de despesas com gestão ambiental; R$ 40.000,00
Redução de despesas com consumo de água ; R$ 120.000,00
Economia de embalagens; R$ 100.000,00
Economia de energia elétrica ; R$ 80.000,00
Multas provavelmente evitadas : R$ 40.000,00

Para os anos subsequentes, avalia-se que os valores irão sofrer pequenas modificações, graças ao
aprimoramento do processo e pequenas variações do custo de matérias primas de acordo com o quadro a
seguir :

Análise financeira :
Custo do investimento : R$ 2.000 mil
Economias líquidas ou custos e despesas (valores entre parênteses)
1º ano 2º ano 3º ano Demais anos
Óleo combustível (30) (30) (30) (30)
Matérias primas (150) (140) (120) (120)
Produtos químicos (80) (70) (70) (70)
Tratamento de
100 120 130 140
efluentes líquidos
Tratamento de
40 45 50 50
efluentes gasosos
Tratamento de
(60) (55) (50) (50)
resíduos sólidos
Gestão ambiental (40) (40) (40) (40)
Consumo de água 120 130 140 140
Embalagens 100 120 140 140
Energia elétrica 80 90 90 90
Multas evitadas 40 50 50 50
Saldos 120 220 290 300
Obs. Valores/1000
Realizando o balanço, constata-se que realizando as modificações, teremos uma economia no primeiro ano
de R$ 480.000 e um custo adicional e despesas de R$ 360.000.

11 – Estabelecimento de custos de gestão ambiental 90


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A pergunta que se faz é : vale a pena realizar esse investimento de 2 milhões ? Quantos anos seriam
necessários para recuperar o investimento ?
Constata-se um saldo a favor da economia de R$ 120.000,00. Sabe-se por outro lado que existem custos
intangíveis, ou seja, a economia pode ser superior a 120.000,00.
Uma forma de avaliar o investimento é calcular o somatório do VP líquido para cada ano.
Assumir uma taxa de juros anual de 10%.
Enquanto o VP estiver negativo, não haverá recuperação do investimento.
O prazo de retorno ocorre quando VP = zero ou quando o valor presente dos benefícios anuais resultantes
for igual ao capital investido.

VP do 1º ano : - 1890,91

VP para 10 anos = - 378,43, ou seja, em 10 anos ainda não seria recuperado o investimento, a essa taxa de
juros Considerar que após o 4º ano o saldo seja sempre de 300.000.
VP para 12 anos = - 178,03
VP para 14 anos = - 12,43
VP para 15 anos = 59,27

Cálculo da rentabilidade do projeto


R = Receita – custos/investimentos

Para o primeiro ano = 6%


Calculo do índice de rentabilidade atualizado
R = 5,4%

11.4.Exercícios:
Fonte: Hansen, D. e Mowen, M. Gestão de custos – contabilidade e controle. São Paulo: Pioneira Thomson,
2003. Pag. 583-585

1. No início de 2001, a Companhia Limpe iniciou um programa para melhorar o seu desempenho
ambiental. Foram feitos esforços para reduzir a produção e a emissão de resíduos contaminantes sólidos,
líquidos e gasosos. No final do ano, em uma reunião executiva, o gestor do meio ambiente indicou que a
empresa havia alcançado uma melhoria significativa no seu desempenho ambiental, reduzindo a emissão
de resíduos contaminantes de todos os rios. O presidente da empresa estava contente com o sucesso
relatado, mas queria uma avaliação das consequências financeiras das melhorias ambientais. Para satisfazer
esse pedido, os seguintes dados financeiros foram coletados para os anos 2010 e 2011 (todas as mudanças
nos custos são produto de melhorias ambientais):

11 – Estabelecimento de custos de gestão ambiental 91


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2010 2011
Vendas $20.000.000 $20.000.000
Avaliação e seleção de fornecedores 0 600.000
Tratamento e descarte de materiais tóxicos 1.200.000 800.000
Inspeção de processos (objetivo ambiental) 200.000 300.000
Restauração de terras (contribuição anual ao fundo) 1.600.000 1.200.000
Manutenção de equipamentos para poluição 400.000 300.000
Testes para detectar contaminantes 150.000 100.000
Pede-se:
a. Classifique os custos como de prevenção, detecção, falhas internas, ou falhas externas.
b. Prepare um relatório de custos ambientais para o ano mais recente, em que os custos são
expressos como uma porcentagem de vendas (em vez de custos operacionais).

Solução
a. Custos de prevenção: Avaliação e seleção de fornecedores; Custos de detecção: Testes para
detectar contaminantes e inspeção de processos; Custos de falhas internas: Manutenção de
equipamentos para a poluição e tratamento e descarte de materiais tóxicos; Custos de falha
externas: Restauração de terras.

b. Companhia Limpe
Relatório de Custos Ambientais para o Ano Encerrado em 2011

Custos ambientais Porcentagem de Vendas

Custos de prevenção:
Avaliação e seleção de fornecedores $ 600.000 3,00%
Custos de detecção:
Testes para detectar contaminantes $ 100.000
Inspeção de processos 300.000
$ 400.000 2,00
Custos de falhas internas:
Manutenção de equipamentos para $ 300.000
poluição
800.000
Tratamento e descarte de materiais tóxicos
$ 1.100.000 5,50
Custos de falhas externas:
Restauração de terras $ 1.200.000 6,00
Total dos custos ambientais $ 3.300.000 16,50%

2. Atribuindo Custos Ambientais, Avaliação de Custos do Ciclo de Vida, Controle do Custo Ambiental
A Empreendimentos Pontal produz dois tipos de fertilizantes: FertiRap e FertiLong. Recentemente, a
Pontal recebeu críticas significativas de grupos do meio ambiente, de residentes locais e do governo
federal com relação ao seu desempenho ambiental. Henrique Macedo, presidente da Pontal, quer
saber como as atividades ambientais da empresa afetam o custo de cada produto. Ele acredita que a

11 – Estabelecimento de custos de gestão ambiental 92


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fonte principal dos problemas ambientais seja o FertiRap, mas gostaria de algumas evidências par
apoiar (ou refutar) essa crença. O controller montou os seguintes dados para ajudar a responder a essa
questão:

FertiRap FertiLong
Quilos de fertilizantes produzidos 1.000.000 2.000.000
Horas de engenharia (projeto do processo) 1.500 4.500
Quilos tratadas de resíduos sólidos 30.000 10.000
Horas de inspeção (ambiental) 10.000 5.000
Horas de limpeza (lago local) 8.000 2.000
Além disso os seguintes custos das atividades ambientais foram relatados
Projeto do processo $150.000
Tratamento de resíduos 600.000
Inspeção de processos 120.000
Limpeza do lago 200.000

Pede-se:
a. Calcule o custo ambiental, por quilo de fertilizante, para cada produto.
b. Baseado nos cálculos do Item a, qual dos produtos parece ser o mais danoso para o meio
ambiente?
c. A avaliação do custo do ciclo de vida forneceria indícios mais fortes sobre a adequabilidade
ambiental de cada produto? Explique.

Solução
a. Primeiro, calcule as taxas das atividades:
Projeto do processo $150.000/6.000 = $25 por hora de engenharia
Tratamento de resíduos $600.000/40.000 = $15 por quilo de resíduo
Inspeção dos processos $120.000/15.000 = $8 por hora de inspeção
Limpeza do lago $200.000/10.000 = $20 por hora de limpeza

Segundo, use as taxas para atribuir custos ambientais e calcular os custos ambientais unitários:
FertiRap
$25 x 1.500 $ 37.500
$15 x 30.000 450.000
$8 x 10.000 80.000
$20 x 8.000 160.000
Total $ 727.500
÷ 1.000.000

Custo por unidade $ 0,7275

11 – Estabelecimento de custos de gestão ambiental 93


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FertiLong
$25 x 4.500 $ 112.500
$15 x 10.000 150.000
$8 x 5.000 40.000
$20 x 2.000 40.000
Total $ 7342.500
÷ 2.000.000

Custo por unidade $ 0,17125

b. Como medido pelo custo ambiental por unidade, o FertiRAP, parece ser o produto que causa maior
dano ambiental, confirmando a crença do presidente.

c. A avaliação do ciclo de vida tem três etapas: análise de estoque, análise de impacto e análise de
melhoria. Das três etapas, as duas primeiras se preocupam com a identificação dos requisitos
materiais e energia, as liberações no meio ambiente e os efeitos ambientais de projetos
competidores de processos e produtos (ao longo do ciclo de vida dos produtos). Assim, a avaliação
do ciclo de vida fornece uma análise mais abrangente dos efeitos ambientais do que o custo
ambiental por unidade (a não ser que o custo por unidade seja um custo ambiental do ciclo de vida
por unidade).

11 – Estabelecimento de custos de gestão ambiental 94


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12. Situações envolvendo análise de risco


Texto extraído/adaptado de De Moura, Luiz Antônio Abdalla. Economia Ambiental. Gestão de Custos e
Investimentos. São Paulo : Juarez de Oliveira, 2000 (incluindo figura).

12.1.Avaliação de projetos com estimação de probabilidades futuras


Há muitas situações em que é difícil realizar escolhas e tomar decisões.
Se ficarmos inseguros sobre a melhor delas e não fizermos nada (nenhuma ação), esta é, na realidade, uma
escolha que foi feita;
Nem sempre não fazer nada é a melhor escolha. Então, mesmo em situações difíceis, recomenda-se que o
problema seja melhor analisado e seja tomada uma decisão.
Nas situações em que não há uma razoável certeza sobre as expectativas futuras, mas se tem dados
suficientes para levantar condições probabilísticas, realiza-se avaliações do tipo análise de risco.
Neste caso, levanta-se as probabilidades de que ocorra um determinado futuro e provavelmente escolhe-se
a alternativa que proporcione o melhor benefício.
Para tanto, pode-se construir uma matriz de avaliação de risco da seguinte forma:
Seja por exemplo, três opções como linha de ação (alternativas A1, A2 e A3) e duas situações previsíveis
como futuro, uma com probabilidade de 60% de ocorrer e outra com probabilidade de 40%.

Situações previsíveis
Alternativas
P1(0,6) P2(0,4)
A1 R11 R12
A2 R21 R22
A3 R31 R32

Outro exemplo:
Supor que, com base em experiências passadas, três cenários possíveis para o futuro, associados a três
probabilidades de ocorrência. Nessas condições, supor seguintes resultados líquidos (Benefícios - Custos)
esperados:

Alternativas Futuro 1 - Prob = 0,6 Futuro 2 - Prob = 0,3 Futuro 3 - Prob = 0,1
A R$ 300.000 R$ 100.000 R$ 100.000
B R$ 400.000 - R$ 100.000 R$ 150.000
C - R$ 50.000 R$ 500.000 R$ 200.000

soluções:
Critérios para escolha da melhor solução, conhecendo-se as probabilidades

Critério do nível desejado:


Leva em conta um certo nível mínimo de lucro ou benefício líquido, e ao mesmo tempo que os prejuízos
não ultrapassem um determinado valor.

12– Situações envolvendo análise de risco 95


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Por exemplo, se o nível desejável de lucro de R$ 300.000,00 e ao mesmo tempo um mínimo de R$


100.000,00. Neste caso, o nível de 300, todas as alternativas atenderiam este requisito, não se descartando
nenhuma. Com base no lucro mínimo de 100, descartar-se-ia as alternativas b e c (b apresenta uma
situação em que haveria uma perda de 100 e c uma situação em que haveria uma perda de 50).
Portanto, a opção escolhida segundo este critério seria a alternativa a.

Critério no futuro mais provável.


Considera apenas o futuro mais provável, descartando-se os demais. Realmente, o resultado passa a
apresentar confiabilidade elevada quando a probabilidade de ocorrência desse futuro é bastante mais
elevada que as demais. Adotando esse futuro, a alternativa b, é a melhor por apresentar o maior ganho.

Critério do valor esperado (esperança matemática):


Considera as probabilidades associadas a cada futuro, para todas as alternativas. Para aplicá-lo, multiplicar
cada ganho ou perda pela probabilidade associada à sua ocorrência :
 Alternativa a: 0,6 x 300 + 0,3 x 100 + 0, 1 x 100 = 220
 Alternativa b: 0,6 x 400 + 0,3 x (-100) + 0,1 x 150 = 225
 Alternativa c: 0,6 x (-50) + 0,3 x 500 + 0, 1 x 200 = 140

Com base neste critério, adotaríamos a alternativa b.

12.2.Considerações sobre risco


Quando são realizadas avaliações de viabilidade técnica e financeira de empreendimentos futuros, a análise
técnica preocupa-se sobretudo com a funcionalidade da instalação, sendo o conceito de risco visto
sobretudo como uma possibilidade de não ser alcançado um certo desempenho esperado.
Em análise financeira de empreendimentos, o conceito de risco está muito ligado às incertezas quanto aos
fluxos de caixa no futuro, ou seja, a variabilidade potencial de um certo fluxo de caixa.
Supor que para um determinado empreendimento, a partir do investimento inicial único de R$ 50.000,00,
consiga-se determinar os fluxos de caixa em termos probabilísticos.

A duração do empreendimento é de 4 anos e a TIR é de 12%a.a. Calcular o VP.


Ano 1 (C1) Ano 2 (C2) Ano 3 (C3) Ano 4 (C4)
Fluxo Prob. Fluxo Prob. Fluxo Prob. Fluxo Prob.
14000 0,2 18200 0,1 13800 0,2 14000 0,2
15000 0,2 18100 0,2 17100 0,4 18000 0,3
16000 0,4 17300 0,3 15400 0,2 17200 0,2
18500 0,1 18000 0,2 17800 0,1 18300 0,2
19200 0,1 17800 0,2 18400 0,1 13400 0,1
Cálculo da Expectativa do VP:
E(C1) = 14000x0,2+15000x0,2+16000x0,4+18500x0,1+19200x0,1 = 15970
E(C2) = 17790

12– Situações envolvendo análise de risco 96


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E(C3) = 16300
E(C4) = 16640

2 3 4
VP = -50000 + 15970/(1+0,12) + 17790/(1,12) + 16300/(1,12) + 16640/(1,12)
VP = 618,04

12.3.Árvore de probabilidades ou de decisões


Leva-se em conta todas as alternativas para a solução do problema (ou as mais importantes) e atribui-se
notas a cada alternativa.

 O nó da árvore representa uma qualidade esperada do sistema


 Os ramos representam as ligações, que receberão a graduação de preferência.
 Os pontos serão dados de forma relativa (entre 0 e 1)
 As notas de cada circuito (A-B-C) serão multiplicadas.
 O maior resultado indicará a melhor opção para o circuito.

Exemplo: Realizar um investimento de R$ 500 000 na modernização de uma instalação. O retorno dos fluxos
de caixa não é bem conhecido.
Tem-se, porém, uma idéia das probabilidades associadas.

Investimento inicial : 500.000


Se o resultado no ano 1 for de
Ano 1 C1 Prob. C1 Prob. C1 Prob.
300.000 0,3 400.000 0,5 500.000 0,2
Então
Ano 2 C2 Prob. C2 Prob. C2 Prob.
100.000 0,2 200.000 0,1 300.000 0,9
200.000 0,6 300.000 0,5 500.000 0,1
400.000 0,2 350.000 0,2
400.000 0,2

 Construir uma árvore de probabilidade representando este problema;


 Calcular a taxa interna de retorno de cada possibilidade, bem como a probabilidade de sua ocorrência;
 Calcular a taxa interna de retorno do empreendimento como um todo, levando em conta todas as
probabilidades existentes e respectivos fluxos.

12– Situações envolvendo análise de risco 97


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Ano 0 Ano 1 Ano 2 T I R cada ramo Probabil. T I R x Probabil


(%) Conjunta
100.000

-16,15 0,06 -0,0097


p = 0,2
300.000
200.000
p = 0,6 0,00 0,18 0,00

p = 0,2

400.000
24,34 0,06 0,0146
p = 0,3

200.000
14,83 0,05 0,0074

-500.000 400.000 p = 0,1

300.000
p = 0,5 p = 0,5
27,18 025 0,0679

p = 0,2
350.000

32,74 0,10 0,0327

p = 0,2
400.000

p = 0,2 37,98 0,10 0,038

300.000

500.000
p = 0,9 42,20 0,18 0,076

p = 0,1
500.000

61,80 0,02 0,0124

0,2393

TIR esperada =
23,93

12– Situações envolvendo análise de risco 98


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12.4.Avaliação de projetos de investimentos com decisões envolvendo risco


Existem situações nas quais não conseguiremos estimar uma probabilidade de ocorrência de resultados no
futuro. São situações mais difíceis de resolver, sendo necessária uma avaliação cuidadosa com a utilização
de determinados critérios.
Por exemplo, imaginemos uma situação em que tenhamos que escolher um determinado equipamento
para modernização de nossa planta industrial, onde temos três opções. Conhecemos, com certeza, o custo
inicial de cada proposta, porém não temos certeza do custo anual de operação e do valor residual e tempo
de duração do equipamento. Constatamos, também, uma dificuldade em definirmos uma probabilidade
em termos numéricos para essas avaliações. Assim, usaremos uma aproximação considerando uma
estimativa (visão) pessimista (P), uma intermediária (I) e uma otimista (O) para cada opção.
Suponhamos que a taxa de retomo considerada seja 10%

Custo anual de
Vida do Valor residual do
Custo inicial operação e
equipamento equipamento
manutenção
Opção A:
P 60.000 18.000 8 0
I 60.000 12.000 12 2.000
O 60.000 6.000 16 4.000
Opção B:
p 80.000 12.000 10 1.000
I 80.000 10.000 15 5.000
O 80.000 8.000 20 10.000
Opção C:
P 70.000 10.000 12 2.000
I 70.000 9.000 15 6.000
O 70.000 8.000 18 12.000

Proposta de solução:
Nossa primeira providência poderia ser a de trazer os valores residuais dos equipamentos para o presente,
para podermos subtrair do valor do investimento inicial (trata-se de um valor recuperável no futuro). A
fórmula é representada por (P/F, i%, n):

Para os outros valores, e indicando a subtração do valor inicial e repartindo ao longo dos anos em uma
série uniforme (A/P, i%, n):

12– Situações envolvendo análise de risco 99


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Valor presente
Diferença (saldo Repartição
Custo inicial corresp. ao valor
no presente) pelos anos
residual
Opção A:
P 60.000 0 60.000,00 11.246,64
I 60.000 637,26 59.362,74 8.712,27
O 60.000 870,52 59.129,48 7.557,73
Opção B:
P 80.000 385,54 79.614,46 12.956,89
I 80.000 1.196,96 78.803,04 10.360,53
O 80.000 1.486,44 78.513,56 9.222,17
Opção C:
P 70.000 637,26 69.362,74 10.179,91
I 70.000 1.436,35 68.563,65 9.014,32
O 70.000 2.158,31 67.841,69 8.271,95

Considerando os custos anuais de operação, os custos ficam

Custos anuais de
Anuidades Operação Custos anuais totais
manutenção
Opção A:
P 11.246,64 18.000 29.246,64
I 8.712,27 12.000 20.712,27
O 7.557,73 6.000 13.557,73
Opção B:
P 12.956,89 12.000 24.956,89
I 10.360,53 10.000 20.360,53
O 9.222,17 8.000 17.222,17
Opção C:
P 10.179,91 10.000 20.179,91
I 9.014,32 9.000 18.014.32
O 8.271,95 8.000 16.271,95

A melhor escolha provavelmente será a opção C, pois ela é a mais uniforme em termos de risco (pouca
variação dos valores), além de ser a de mais baixo custo (exceto pela opção A otimista, que não inspira
tanta confiança).

12– Situações envolvendo análise de risco 100


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O exemplo anteriormente apresentado mostrou uma situação na qual tivemos que usar "bom senso" para
definirmos a melhor opção, que ficou visível após a construção dos gráficos. Na maioria das situações
práticas, entretanto, é possível que isso não ocorra e, para estes casos, teremos que adotar critérios que
nos ajudem a tomar as decisões e escolher uma linha de ação. A representação matricial destes casos é:

letras A: representam alternativas


letras F: representam possíveis estados futuros
letras R: representam os resultados que serão atingidos, adotando-se as respectivas alternativas e
consolidando-se aquele determinado futuro.

Alternativas Situações previsíveis (estado da natureza)


F1 F2
A1 R11 R12
A2 R21 R22
A3 R31 R32

Podemos, em princípio, imaginar duas situações futuras extremas, decorrentes de uma mesma situação
atual e que seriam atingidas com os mesmos recursos financeiros e mesma atuação gerencial, que são:

a. uma situação de elevada hostilidade, com forte predominância de ameaças no ambiente externo e
pontos fracos não solucionados no ambiente interno da empresa. As ameaças podem ser do tipo:
advento de leis ambientais mais rigorosas, acirramento da concorrência com ações agressivas por parte
dos concorrentes, variações na política econômica com quadro recessivo, variação cambial
(acarretando situação difícil se a empresa tiver muitas dívidas em dólar, etc.) No ambiente interno,
predominariam as vulnerabilidades da empresa, ou seja, pontos fracos que não conseguiríamos
resolver, como por exemplo o insucesso em modernizarmos as instalações com vistas a reduzir a
poluição, dificuldades em realizar bons programas de treinamento de nosso pessoal em questões
ambientais, etc. Essa situação previsível seria, portanto, uma visão do pessimista
b. uma situação extremamente favorável, na qual predominariam oportunidades no ambiente externo e
pontos fortes no ambiente interno. Nessa condição, o mercado seria amplamente receptivo aos nossos
produtos e serviços, a imagem da empresa estaria muito elevada e as condições políticas e econômicas
amplamente favoráveis às nossas atividades. Internamente, todas as metas de melhoria de
desempenho ambiental teriam sido atingidas, os procedimentos escritos seriam de elevada qualidade e
completamente seguidos em todos os níveis da empresa. Trata-se de uma situação vislumbrada pelo
otimista.

Evidentemente, poderiam ser definidos outros cenários futuros, em situações intermediárias às acima
descritas.
Nas matrizes que definem os resultados futuros esperados (R ij) é comum expressarmos esses resultados
em termos monetários, ou seja, ganhos obtidos com as medidas preconizadas por cada alternativa
(expressos com sinal positivo), ou perdas esperadas (valores expressos com sinal negativo).
Cabe lembrar que, ao configurarmos um problema desse tipo, é importante conseguirmos identificar todas
as possíveis alternativas. Nesses problemas onde trabalharemos com incertezas, é provável que
esqueçamos de algum estado futuro. No caso da análise de risco, avaliando-se probabilidades fica mais
fácil garantir este aspecto, pois a soma das probabilidades tem que ser igual a 1. Neste tipo de problemas,
vale também lembrar, não haverá uma solução precisa, porém os critérios de avaliação nos
proporcionarão, no mínimo, uma melhor compreensão do problema e idéias de conduta no processo de
tomada de decisões.
Antes de iniciarmos a apresentação dos critérios possíveis, que são na realidade as ferramentas com que
tentaremos encontrar as soluções, gostaria de apresentar um problema desse tipo para refletirmos sobre a
questão.
Suponhamos que, na implantação de um Sistema de Gestão Ambiental em nossa empresa, baseando-se na
Política Ambiental definida pela Alta Administração, a equipe responsável identificou vários conjuntos de

12– Situações envolvendo análise de risco 101


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opções para a fixação de objetivos e metas ambientais, visando melhoria contínua e redução da poluição.
Verificamos que a empresa já cumpre todos os requisitos legais e normas corporativas em termos de
emissões, ou seja, a adoção de qualquer das opções é uma solução aceitável (além de se tratar de soluções
exeqüíveis). Os custos das ações requeridas à implantação das opções são muito próximos, ou seja, não
poderemos fazer uma análise típica de custo-benefício. Além disso, não conseguimos levantar, por falta de
dados, as probabilidades que pudessem nos orientar e prever resultados futuros, ante vendo como seriam
esses resultados em termos financeiros. Porém, suponha que conseguimos realizar uma série de
extrapolações e cálculos que nos levariam a prever os seguintes resultados, no final de um ano (ganhos,
quando positivos e perdas, quando os resultados tiverem sinal negativo):
Cada situação futura (F) dependerá das ameaças externas e oportunidades (variáveis onde nosso controle é
praticamente inexistente) e a evolução dos pontos fortes (potencialidades) e pontos fracos
(vulnerabilidades) no ambiente interno. Suponhamos que as opções e a matriz (relacionada a uma empresa
de mineração) sejam:
Opção 1: Implantar um sistema de aspersão (umectação) e aplicação de aglomerantes em 80% dos pontos
geradores de emissões de material particulado na atmosfera; semeadura de 100% dos taludes para
recuperação de áreas degradadas; incremento em 20% na recirculação de água na planta industrial;
modernização de 10% dos equipamentos de processo, a fim de reduzir emissões e gerar economias
(resultado de operação em ponto de melhor eficiência).
Opção 2: Implantar um sistema de aspersão (umectação) e aplicação de aglomerantes em 60% dos pontos
geradores de emissões de material particulado na atmosfera; investir na proteção de nascentes, através do
plantio de 100.000 mudas com espécies nativas; reduzir em 30% o consumo de energia elétrica; modernizar
20% dos equipamentos de processo, a fim de reduzir emissões e gerar economias.
Opção 3: Reduzir em 80% a emissão de material particulado gerado na britagem e no transporte de
minérios; reduzir o consumo de óleo diesel em 20%; substituir 100% do poliuretano triturado usado na
fabricação de explosivos por palha de arroz; modernização de 25% dos equipamentos de processo, a fim de
reduzir emissões e gerar economias.

F1 F2 F3 F4

(predominância de (predominância de (predominância de (predominância de


oportunidades no ameaças no oportunidade no ameaças no
Alternativas ambiente externo ambiente externo ambiente externo ambiente externo
e pontos fortes no e pontos fortes no e pontos fracos no e pontos fracos no
ambiente interno) ambiente interno) ambiente interno) ambiente interno)

Opção I R$ 8 milhões R$ 7 milhões R$ 6 milhões R$ 4 milhões


Opção 2 R$ 9 milhões R$ 6 milhões R$ 4 milhões R$ 3 milhões
Opção 3 R$ 12 milhões R$ 7 milhões R$ 2 milhões - R$ 3 milhões

Antes, também como exemplo fictício imagine que na nossa empresa, existem com poderes para tomar
decisões três pessoas:
a. um Diretor Financeiro, com perfil agressivo e ambicioso, cujo modo de trabalho é mais identificado a
correr riscos, procurando quase sempre o maior lucro para a empresa.
b. um Diretor Administrativo, com perfil mais conservador, que prefere os caminhos em que o risco de
insucesso seja minimizado. Ele prefere apostar em soluções que sejam mais garantidas quanto ao seu
atendimento, mesmo não obtendo ganhos muito elevados para a empresa.
c. um Gerente Ambiental, com um perfil intermediário entre os dois acima. Aceita alguns riscos, desde que
não sejam muito altos, preferindo, assim, uma certa segurança quanto aos resultados.

12– Situações envolvendo análise de risco 102


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Visto o tipo de problema, passaremos a comentar os critérios de decisão.

a) Critério Maximin (Máximo do mínimo)


Ao usar este critério, também chamado de Critério de Wald, identificaremos os piores resultados possíveis
para cada alternativa e selecionaremos a linha de ação que garanta o melhor resultado em cada opção
(melhor conseqüência). A idéia pessimista embutida nesta opção é de que, se existe uma possibilidade das
coisas correrem mal, elas ocorrerão desta forma. A idéia pessimista é de que sejam limitados os prejuízos
quando os eventos gerarem insucessos

Decisão MAXIMIN: maximiza o ganho mínimo


Representação do Maximin: maxj {mini Rij}
Uma variante, com conceito semelhante é o critério Minimax

Decisão MINIMAX: minimiza a máxima perda

b) Critério Maximax
Este critério, também chamado de Critério de Wald otimista, tem embutida uma filosofia de maximizar o
máximo ganho, ele considera uma filosofia de otimismo e aventura. Quem toma decisões com este critério
espera que todas as coisas corram bem e que tudo que esperam dará certo.
Ao realizar a escolha escolheríamos a situação futura que daria maior ganho e, nesta situação, a opção de
maior ganho.
Representação: Maxj {max [Rij]}

c) Critério de Hurwicz
Este critério prevê um posicionamento intermediário entre o otimista e o
pessimista que é, aliás, o comportamento típico da maioria das pessoas. O grau de otimismo é fixado por
um coeficiente (), que pode ser qualquer valor entre 0 e 1 (0 ≤  ≤ 1).

A aplicação deste critério consiste em definir um certo grau de otimismo do tomador de decisões, fixando o
valor de a e, em seguida, identificar os ganhos máximo e mínimo de cada alternativa. Os ganhos máximos
serão multiplicados por a e os ganhos mínimos multiplicados por (1 - ), realizando-se a soma dos
resultados dessas multiplicações. Escolhe-se a alternativa que resulte na maior soma.
Simbolicamente:
Critério de Hurwicz: maxj {*[maxj (Rij)] + (I-) * [minij (Rij)]}
Nota-se que os critérios maximin e maximax são casos particulares do critério de Hurwicz. Quando  = 1
(otimista), apenas os máximos ganhos serão incluídos na seleção, pois os mínimos ganhos terão sido
excluídos (multiplicados por zero). Na realidade, então, estaremos com o critério maximax. Ao contrário,
quando  = 0, estaremos considerando apenas os ganhos mínimos (e entre eles escolhendo o melhor),
portanto estaremos na verdade com o critério maximin.

d) Critério de Laplace (ou critério de igual probabilidade)


Este critério considera que, se não há nenhuma razão para que o estado futuro da natureza tenha mais
chance de ocorrer do que um outro estado, então todos têm a mesma probabilidade, ou seja, a natureza é
indiferente. Esta consideração é chamada de Princípio de Laplace ou Princípio da Razão Insuficiente.
O critério de Laplace estabelece que a probabilidade de ocorrência de cada estado futuro da natureza é
assumido como sendo 1/n, onde n é o número de possíveis estados futuros. Assim, multiplica-se para cada
alternativa os resultados para cada estado por 1/n e realiza-se a soma. A escolha final será a alternativa que
apresentar o maior ganho.

Representação: max{ 1/n *Rij}

12– Situações envolvendo análise de risco 103


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e) Critério do arrependimento mínimo

Este critério, também chamado de Critério de Savage, preconiza que o

tomador de decisões quer minimizar o seu "arrependimento" (ou perda ocasional) por um erro de decisão.
É também associado ao Minimax, pois ele seleciona a alternativa com o mínimo máximo (menor valor para
o arrependimento de cada alternativa). Este método tende a assumir um ponto de vista conservativo, de
cautela. De certa forma, ele considera os custos de oportunidade do capital, que é o ganho que ele teria
obtido em outras aplicações daquele mesmo capital.
Para aplicar este critério, é necessário criar uma segunda matriz (a "matriz de arrependimento"),
subtraindo-se o resultado de cada alternativa pelo maior resultado da coluna (ou seja, considerar que em
um determinado estado futuro - a coluna- haveria um ganho maior em outra alternativa, ou seja, o número
resultante da subtração passará a indicar o "arrependimento" pela escolha daquela alternativa). Para
finalizar, escolhe-se o maior arrependimento para cada alternativa (o maior número) e finalmente a opção
que proporcione o menor arrependimento.

Antes de aplicar todos esses critérios ao exemplo numérico, ver como as pessoas da empresa (naquele
perfil fictício) se comportariam:
a) o Gerente Financeiro, de perfil agressivo e procurando o máximo lucro teria a tendência de aplicar o
critério Maximax;

b) o Gerente Administrativo, com perfil mais conservador e procurando correr um menor risco de
insucesso, teria a tendência de aplicar o critério Maximin;

c) o Gerente Ambiental, com perfil intermediário, teria a tendência de aplicar o critério de Hurwicz, com
um coeficiente de otimismo igual a, digamos 0,6.

Repetindo a matriz de opções e ganhos e aplicando os critérios ao exemplo numérico e recordando um


pouco como se aplica, para não parecer difícil:

SITUAÇÕES (Estados futuros)


Alternativas:
FI F2 F3 F4
Opção 1 8 7 6 4
Opção 2 9 6 4 3
Opção 3 12 7 2 -3

a) Critério Maximin (Máximo do mínimo).


Relembrando: Procuro o mínimo de cada opção e, entre eles, o ganho máximo para definir a opção
escolhida.
Alternativas Min
Opção 1 4
Opção 2 3
Opção 3 -3

Alternativa escolhida segundo este critério: Opção 1


b) Critério Maximax

12– Situações envolvendo análise de risco 104


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Relembrando: procuro o máximo de cada opção e, entre eles seleciono o máximo ganho.

Alternativas Min
Opção 1 8

Opção 2 9
Opção 3 12

Alternativa escolhida segundo este critério: Opção 3

c) Critério de Hurwicz
Relembrando: usaremos o valor de  = 0,6 (coeficiente de otimismo) e, para cada alternativa
multiplicaremos o ganho máximo por  e o mínimo por (1 - ), somando para encontrar a melhor opção:

Alternativas Hurwicz
Opção 1 0,6 x 8 + (1 - 0,6) x 4 = 6,4
Opção 2 0,6 x 9 + 0,4 x 3 = 6,6
Opção 3 0,6 x 12 + 0,4 x (-3) = 6,0

Portanto, a alternativa escolhida por este critério seria a Opção 2.

d) Critério de Laplace
Usaremos igual probabilidade (1/4) para cada um dos estados futuros e veremos qual deles proporciona o
maior ganho:

Alternativas Laplace
Opção 1 ¼ x 8 + ¼ x 7 + ¼ x 6 + ¼ x 4 = 6,25
Opção 2 ¼ x 9 + ¼ x 6 + ¼ x 4 + ¼ x 3 = 5,5
Opção 3 ¼ x 12 + ¼x 7 + ¼ x 2 + ¼ x (-3) = 4,5

Registramos no quadro a multiplicação pela probabilidade (1/4), mas é interessante observar que é mais
fácil somar todos os valores e obter a média aritmética.
Com base neste critério, a alternativa escolhida será a Opção 1

e) Critério do arrependimento mínimo


Construiremos inicialmente a matriz de arrependimentos, conforme exposto anteriormente:

Matriz de arrependimento
Alternativas:
Situações
FI F2 F3 F4
Opção 1 4 0 0 0
Opção 2 3 1 2 1
Opção 3 0 0 4 7

12– Situações envolvendo análise de risco 105


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Para cada opção, verificaremos qual o pior (maior) arrependimento e selecionaremos a alternativa que
apresentar, entre eles, o menor arrependimento:

Alternativas Maior arrependimento.


Opção I 4
Opção 2 3
Opção 3 7

Através deste critério, selecionaremos a Opção 2. Sumarizando os resultados:

Critério Alternativa escolhida

Maximin Opção I
Maximax Opção 3
Hurwicz Opção 2
Laplace Opção 1
Menor arrependimento Opção 2

Estas são as formas de escolha em situações envolvendo incertezas, nas quais não seria possível a estima de
probabilidades de cada futuro.
Ao verificarmos estes resultados fica a pergunta: por que os tomadores de decisão não adotam sempre os
critérios que levem ao maior ganho, por exemplo o maximax? (na verdade, vimos que ele teria sido o
menos escolhido (1 vez) visto todos os 5 critérios.
A resposta é a seguinte: embora esse critério proporcionasse o maior ganho (seriam R$ 12 milhões caso se
concretizassem as condições favoráveis que levassem ao futuro F1, também poderiam ocorrer condições
desfavoráveis que levariam ao futuro F4, no qual não haveria nenhum ganho, mas sim perdas de R$ 3
milhões.
Adotando uma hipótese onde não houvesse tanto ganho, mas os riscos também não fossem tão elevados
(Hurwicz com 0,6 ou o critério de mínimo arrependimento), chegaríamos com a opção 2 a uma
possibilidade de ganho entre os valores de R$ 9 milhões e R$ 3 milhões.
Outra opção que prioriza mais ainda evitar as alternativas de risco (resultante dos critérios Maximin e
Laplace), opção 1, colocariam nossa faixa de ganhos entre R$ 8 milhões e R$ 4 milhões.

Para uma visualização gráfica de resultados, você deve construir um gráfico no qual variaremos o
coeficiente de otimismo segundo o critério de Hurwicz.

Pode-se verificar que para coeficiente de otimismo entre O e 0,5, a melhor opção é a 1, entre 0,5 e 0,7 será
a Opção 2 e entre 0,7 e 1,0 a melhor opção será a 3. Observando o gráfico, é possível concluir que a
maioria das pessoas optaria pela Opção 2, pois ela proporciona resultados muito próximos à melhor opção
(1) até o coeficiente de otimismo de 0,7 e não tão longe da opção 3, que seria a melhor escolha com
coeficiente de otimismo acima de 0,7.
Lembramos que, para =0, estaremos na prática adotando o critério maximin e para  = 1, estaremos com

12– Situações envolvendo análise de risco 106


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o critério maximax.
O gráfico também nos mostra que as Opções 1 e 2 são muito próximas, em termos de resultados.

Exercício:
Considerando a matriz abaixo, identifique qual seria a melhor opção, segundo os vários critérios
apresentados. Para o critério de Hurwicz, assuma um coeficiente de otimismo igual a 0,4.

Alternativa N1 N2 N3 N4 N5 N6
A 2 4 2 1 5 1
B 2 5 1 2 3 0
C 3 3 3 3 3 3
D 1 2 4 3 2 4
E 4 1 2 3 1 0

Respostas:
Maximin: C
Maximax: A e B
Hurwicz: C
Laplace: C
Mínimo arrependimento: C

Os critérios acima expostos, embora não garantam uma certeza muito grande ao gerente quanto aos
resultados (á que os números representando custos, ganhos ou fluxos de caixa apresentam elevada
incerteza), terão o mérito de proporcionar uma melhor visão do problema e permitir uma escolha com
mais informações.

12– Situações envolvendo análise de risco 107


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13. Análise de custos do ciclo de vida de produtos

12– Situações envolvendo análise de risco 108

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