O Papel Da Escola Na Formação de Leitores
O Papel Da Escola Na Formação de Leitores
O Papel Da Escola Na Formação de Leitores
Cadernos PDE
RESUMO
O presente artigo traz uma síntese das atividades realizadas durante o Programa de
Desenvolvimento Educacional, edição 2013 na área de Educação Especial, promovido pela Secretaria de
Estado da Educação do Paraná em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná -
UTFPR, tendo como objeto de estudo a Aprendizagem de leitura – Aprender a gostar de ler na escola,
incluindo também o uso das tecnologias no ensino de leitura, no processo de ensino-aprendizagem e
como metodologia a pesquisa bibliográfica. Este estudo subsidiou o suporte à implementação das ações
com alunos do 9º ano B do Colégio Estadual Professor Manoel Borges de Macedo, objetivando
potencializar as condições de desenvolvimento de habilidades leitoras e desempenho acadêmico de
alunos, que pouco se interessam pela leitura, uma vez que ao desenvolver o prazer pela leitura, reflete
também no aproveitamento escolar. Buscou-se, no curso do trabalho, enfatizar o potencial da leitura
prazerosa em sala de aula, haja vista que a leitura é um poderoso estímulo para a aprendizagem
competente. Os resultados dessa intervenção mostram que o trabalho com a leitura,, usando a estética
da recepção e as tecnologias, facilitaram a assimilação de conteúdos, refletindo no despertar dos
saberes cognitivos, favorecendo a aprendizagem; já que a participação no PDE possibilitou incrementar o
trabalho realizado na turma do 9ªB do Colégio Estadual Prof. Manoel Borges de Macedo e organizar um
planejamento de atividades pautado na leitura, usando a tecnologia como ferramenta pedagógica;
estruturando, dessa forma, uma proposta de trabalho, que será incluída também no Projeto Político
Pedagógica da Escola.
1 INTRODUÇÃO
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Doutor em Letras (UNESP). Professor Adjunto do Departamento Acadêmico de Linguagem e Comunicação -
DALIC/UFTPR-Curitiba. e-mail: [email protected]
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Como a leitura pode proporcionar ao aluno grandes possibilidades para alcançar novos
horizontes, é através do desenvolvimento desta aptidão que o indivíduo pode se tornar
crítico socialmente. Neste contexto, foi necessário uma proposta de trabalho, na qual o
ato de ler vai além da decodificação dos signos escritos e fosse visto como um meio de
interação entre o sujeito leitor e o texto. Então coube a necessidade de transformar a
leitura em prazer, dando a ela um significado para os estudantes, o que possibilitou
também transformá-los em leitores críticos.
Neste contexto foi trabalhado, como intervenção pedagógica na escola, a busca
pelo gosto da leitura em diversos gêneros textuais, os quais fazem parte de uma
temática, o idoso, que está relacionada a fatos do cotidiano, que levam a reflexões
sobre o mundo contemporâneo. Como materiais foram utilizados livros, jornais, revista,
propagandas e ainda a leitura digital (propondo alguns links para o acesso de textos),
usando como ferramenta o computador, que contribuiu para a apropriação do
conhecimento, devido à grande importância que se dá para a informática na atualidade.
Para finalizar esta proposta os alunos digitaram seus textos, transformando-os
em um e-book, cumprindo assim o trabalho final da aplicação do referido projeto.
2 DESENVOLVIMENTO
O trabalho de análise das propagandas que foi feito pelos alunos, buscando o
conhecimento do uso de vária linguagens no tocante ao texto, imagem e simbologia etc,
contribuindo uma percepção mais crítica desse tipo de veículo na elaboração de
estratégias para desenvolvimento de sua aprendizagem.
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d) Unidade 4: Estatuto
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O livro lido relata a história de uma família bem humilde, que tinha um avô que usava
um olho de vidro e o outro verdadeiro, seu neto sempre quis saber o que havia
acontecido, porém a única coisa que era de seu conhecimento é que seu avô tinha feito
uma viagem para São Paulo, na qual ele colocou seu olho esquerdo, de vidro. O avô
era um homem quieto, calado e sério, não era de demonstrar seus sentimentos. Toda
tarde passava pelas ruas de sua cidadezinha. Seu neto, o caçula era o mais presente
em todos os momentos e ele sempre quis entender, como seu avô via todas as coisas
do mundo, o que ele realmente sentia. Porém em um dia, todos estranharam o seu
sumiço, espalharam a notícia, porém, sem respostas, mandaram cartas para todos os
familiares. Logo depois de alguns dias encontraram somente seu olho de vidro, e assim
ele foi guardado e nunca ninguém soube dos mistérios escondidos no olho de vidro de
seu avô.
Com a leitura deste texto, os alunos puderam romper inúmeras barreiras, uma
delas foi que a maioria deles nunca tinha lido um livro em sua vida.
f) Trabalho Final
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Para a real apropriação do gosto pela leitura, no 9º ano foi utilizada a estética
da recepção apresentada por Jauss in Zappone (2005) “O valor estético de um texto é
medido pela recepção inicial do público que o compara com outras obras já lidas,
percebe-lhe as singularidades e adquire um novo parâmetro para a avaliação de obras
futuras”.Diante disto a autora apresenta as sete teses de Jauss, onde expõe os
conceitos básicos da proposta da estética da recepção, são elas:
A primeira tese trata da historicidade do tema entre o leitor e o texto a ser
apresentado, o que irá fazer com que o professor possa investigar o conhecimento
prévio do educando em relação temática que será trabalhada.
um fato social (este é o horizonte que marca os limites dentro dos quais uma obra/texto
é compreendida em seu tempo).
Para o autor, a sexta tese discorre que as obras/textos devem ser lidas a partir
de sua história de recepção, provoca um efeito sincrônico, nela é feita análise
simultânea das mudanças, comparando e descobrindo os pontos de intersecção, os
quais definem seu caráter articulador e acionando o processo da evolução textual, o
que leva a momentos formadores e de rupturas, que desencadeia o aspecto diacrônico,
buscando a recepção inicial do texto.
leitura, trazendo consigo uma transformação dos textos, contextos, nos públicos e
modos de ler. Nessa dimensão, ler é a condição de estar no mundo, criando-o outra vez.
(BELLUZZO, 2011, p.44)
Por outro lado, o computador ainda não está acessível para toda a população
brasileira, o que não permite que todos os brasileiros possam interagir com esta
ferramenta, mas na escola pública do Estado do Paraná, professores e alunos têm
disponível esta ferramenta, através do Paraná Digital e Proinfo, que são programas dos
governos estadual e federal que viabilizaram o uso desta tecnologia no âmbito
educacional.
É percebido que no Brasil, ainda não é possível uma educação voltada para o
mundo digital, pois apesar de as escolas estarem munidas de computadores, os
profissionais de educação não estão preparados para o enfrentamento das TICs, pois
os alunos, na sua maioria, tem mais conhecimento digital que os seus professores, o
que vem impossibilitar que nas aulas sejam utilizados apenas os materiais
mencionados pelas autoras.
é o caso do computador, o qual é uma ferramenta que está cada vez mais presente na
vida das crianças (alunos), o que pode transformar as aulas, trazendo mudanças
significativas no que diz respeito à comunicação, interação e aprendizado. Mudanças,
que também podem ser aliadas no que diz respeito ao aumento da interatividade em
sala, quando o aluno encontra-se diante do computador, pois este é um universo de
informações, que ele já está envolvido ou tem curiosidade de conhecer. Então com o
trabalho de leitura, usando o computador, tablet e o data show pode se observar que o
conhecimento digital dos alunos contribuíram para que os educandos tivessem maior
interesse no momento da leitura.
Esse autor ainda argumenta que, desde o período colonial, com a reprodução do
analfabetismo, com a falta de bibliotecas e a inexistência de políticas concretas para
popularização do livro, é que vivemos a tão propagada “crise da leitura”. A conclusão de
seus estudos sobre a questão é que o ato de ler, se efetuado dentro dos moldes
críticos, é um “ato perigoso” àqueles que ilegitimamente dominam o poder. (da SILVA,
1993, p. 12).
Kleiman está coberta de razão quando defende que os professores das áreas
de Ciências, História, Geografia e outros, são, de certa forma, responsáveis pela
formação de leitores, já que fazem parte da cultura letrada. Entretanto, ela deixou de
mencionar uma realidade ainda mais trágica entre uma classe de professores que
também possui cultura letrada: os professores de Português. Nem mesmo estes que
têm como uma das tarefas básicas desenvolver um trabalho digno e competente com a
leitura, o fazem. Logicamente, há as exceções. Mas o resultado que temos obtido
mostra-nos que, realmente, trata-se de exceções. Não é raro ouvirmos os próprios
professores de Português e alunos do Curso de Letras (futuros professores de
Português) dizendo que não gostam de ler. Um exemplo é a uma professora (de língua
portuguesa) de uma escola da rede pública no estado do Paraná – durante um estágio
de observação que comentava que possuía grande aversão pela leitura; sempre que o
assunto vinha à tona, ela dizia: “detesto ler”.
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É por isso que, segundo Pedro Demo, a ênfase à leitura como fundamental
para a aprendizagem, só ocorre de fato nos discursos, pois, no geral, o que tem
ocorrido são as aulas típicas, nas quais “(...) o aluno é compelido a escutar um docente
que também somente copia e repassa, a copiar esse conteúdo repassado, e a
memorizá-lo para reproduzi-lo na prova.” (DEMO, 2005, p.2).
Ora, se o próprio profissional incumbido de instigar o gosto pela leitura, bem
como desenvolver atividades competentes de aprendizagem desta, não gosta de ler,
como será possível desenvolver esse “milagre” nos alunos?
respeito pela dosagem correta, ou ainda, pela falta de atenção aos possíveis efeitos
colaterais.
Conforme nos relata a autora, tal expectativa da professora foi derrubada quando
ela percebeu que seus alunos não estavam interessados nas informações contidas na
bula, e, sim, nos benzedores e outros remédios tradicionais que aprenderam a utilizar
em sua história de vida. No entendimento de Kleiman, “a atividade da professora
esbarrou no problema de valores sociais anteriores”(...). A recomendação contida na
bula passa a ser, assim, “inoportuna, tardia, equivalente a ter que pular na água do lago
para poder ler o letreiro que adverte ser perigoso pular.” (KLEIMAN, 2008, p.11).
É neste sentido que em todos os documentos dos PCNs é sempre lembrado aos
educadores que há indivíduos interessados em aprender e, o que aumenta ainda mais
o compromisso de os profissionais assumirem a responsabilidade de fazer desses
indivíduos detentores do conhecimento.
Portanto, qualquer que seja o enfoque dado à leitura nas bibliografias que
dispomos, todas depõem em favor de um leitor que nada tem a ver com a mera prática
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assim a efetivação do gosto pela leitura, que agora passou a ser uma prática prazerosa
entre os estudantes, alguns desses chegam à sala de aula comentando sobre textos
com o tema idoso, os quais ouviram ou leram em comerciais na TV, em novelas ou
filmes e demonstram interesse em na busca de outros textos
A experiência foi positiva, gratificante e trouxe resultados que doravante vão
orientar as práticas dentro da sala de aula. Visto que se trata de uma vivência
transformadora também para o professor, diante disto espero que os demais colegas
que atuam na área de Língua Portuguesa se interessem em multiplicar este projeto em
suas escolas, estendendo aos seus alunos os benefícios que pude perceber nos alunos
em que fizeram parte desta implementação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Regular de Língua Portuguesa. Pois pode perceber uma mudança de postura nos
educandos em relação à leitura.
Por fim, é preciso ressaltar que a participação no PDE veio incrementar o
trabalho realizado na disciplina de língua portuguesa do Colégio Estadual Prof. Manoel
Borges de Macedo e organizar um planejamento de atividades pautado no uso da
valorização da leitura e da escrita como ferramenta pedagógica; estruturando, dessa
forma, uma proposta de trabalho dentro das Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná e que será incluída também no Projeto Político Pedagógica da Escola.
Para minha experiência profissional na Educação, a experiência foi de grande
importância, pois permitiu institucionalizar uma prática de leitura – que seja pautada no
interesse do educando, trabalhando temas cotidianos e usando como ferramenta a
informática, que faz parte da vivência dos alunos.
Com o apoio e a estrutura que o PDE proporcionou, pude perceber que poderia
tornar a aprendizagem dos alunos mais prazerosa e busquei estratégias que
contribuíram enormemente para a apropriação do conhecimento leitor dos estudantes.
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REFERÊNCIAS
BAGNO, M. Preconceito Linguistico: o que é, como se faz. São Paulo: edições Loyola, 2000.
KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria e prática.10 ed. Campinas, São Paulo: Pontes, 2004.
KLEIMAN, A. Texto e leitor: Aspectos cognitivos da Leitura. 11. ed. Campinas, São Paulo:
Pontes, 2008.
SILVA, Ezequiel Theodoro da.Leitura & realidade brasileira. 3. ed. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1993.
ZAPPONE M.H.Y. Estética da Recepção. In BONNICI T.; ZOLIN, L.O. (orgs) Teoria
Literária – abordagens históricas e tendências contemporâneas. 2 ed. ver e ampliar. Maringá,
2005.
ZILBERMAN, R.A leitura na escola. In: ZILBERMAN, Regina (org.) Leitura em crise na
escola: as alternativas do professor. 4. ed. Porto Alegre : Mercado Aberto, 1985.
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3 17 de 3 horas Edição dos arquivos da propaganda “Vó Gertrudes em trânsito Modereno: Bliz;
fevereiro de Separar material para produção de uma propaganda.
2013
4 De 17 a 21 de 4 horas Trabalho do Gênero Propaganda – leitura com a temática idoso e produção textual
fevereiro de (paráfrase).
2014
8 De 05 a 7 de 7 horas Leitura, interpretação, análise linguística ; Produção de uma crônica com a temática idoso.
março de 2014
12 De 24 a 28 de 3 horas Visita ao Asilo Casa Lar Santiago, nesta visita os alunos irão levar frutas para fazer uma
março de 2014 alimentação com eles.
16 De 07 a 25 de 10 horas Leitura do livro “O Olho de Vidro do Meu Avô” de Bartolomeu Campos Queirós, o qual foi
abril de 2014 lido, inicialmente, em sala e depois em casa.
Interpretação do livro;
18 De 28 de abril 2 horas Montagem um e-book com todos os textos escritos pelos alunos.
a 9 de maio
19 4 horas Produção e organização dos convites para o evento de lançamento do e-book (pais,
professores, convidados e palestrantes)
20 De 12 de a 23 4 horas Evento para o lançamento do e-book. Neste dia foram convidados alguns idosos que se
de maio destacam na cidade para promover palestras, “contação” de histórias sobre as memórias
da sociedade riobranquense e os temas saúde e bem estar do idoso, ministrado por
profissionais da área de saúde.