Nunes JL Me Botfca

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JÚLIA LIMA NUNES

FARINHA DE ESTIPE DO COGUMELO SHIITAKE (Letinula edodes):


CARACTERIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Botucatu

2022
JÚLIA LIMA NUNES

FARINHA DE ESTIPE DO COGUMELO SHIITAKE (Letinula edodes):


CARACTERIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Dissertação apresentada à Faculdade


de Ciências Agronômicas da Unesp
Câmpus de Botucatu, para obtenção do
título de Mestre em Agronomia –
Energia na Agricultura.

Orientador: Prof. Dr. Rogério Lopes


Vieites.

Botucatu
2022
3
Dedico este trabalho a minha família,
ao meu orientador Prof Dr. Rogério
Lopes Vieites, por todo o incentivo e
ajuda para que eu realizasse o sonho
de concluir o mestrado na
Universidade Estadual Paulista "Júlio
de Mesquita Filho" de Botucatu.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por mais esta realização.


A todos aqueles que me apoiaram nessa jornada, sobretudo à minha família.
Ao meu orientador, Prof Dr. Rogério Lopes Vieites e por toda a colaboração e
paciência durante o desenvolvimento deste trabalho.
À Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" de Botucatu, pela minha
formação profissional.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
RESUMO

Os cogumelos foram introduzidos na culinária oriental e europeia por possuírem


um alto valor nutritivo e por sua importância medicinal, e como consequência do
relevante aumento na produção e consumo de cogumelos, houve aumento no
volume de resíduos gerados, decorrente das etapas de colheita e
processamento, principalmente o estipe. O estipe é descartado por apresentar
características sensoriais indesejadas pelos consumidores, e representa de 25-
33% do peso do produto, o que resulta em volumes de 2,5 a 3,3 milhões de
toneladas de resíduos por ano no mundo, e seu destino, além de representar
problema ambiental, também não gera ganhos econômicos para o produtor ou
para a indústria. O presente estudo teve como objetivo caracterizar e desenvolver
a farinha de estipe de cogumelo shiitake, de forma reaproveitá-lo e tornar um
possível o subproduto na alimentação humana. Para o desenvolvimento da
farinha de estipe, o processo seguiu fluxograma com as seguintes etapas:
congelamento dos talos de shiitake; descongelamento; higienização;
resfriamento; branqueamento; corte; secagem; acondicionamento;
armazenamento; moagem e peneiragem. Após o cumprimento do fluxograma,
observou-se que os resultados obtidos nas análises foram: umidade (5,62%);
cinzas (3,33%); lipídeos (1,36%); fibra total (60,70%); fibras insolúveis (57,36%),
proteína (13,97%), carboidrato (15,02%); açúcares redutores (0,39%), açúcar
solúveis totais (0,45%); amido (1,18%) e valor energético (128,20 kcal/100g). Por
fim, no presente estudo, pode-se concluir que a farinha de estipe de cogumelo
shiitake: se destacou quanto ao teor de proteína e fibras alimentares, podendo
ser utilizada como complementação alimentar, além disso, também apresentou
alto teor de fibras insolúveis; baixo teor de umidade e baixa atividade de água,
mostrando ser um produto com estabilidade microbiológica, apresentou quanto
aos nutrientes: proteína, lipídeo, carboidratos e fibras uma semelhança aos da
farinha do píleo do cogumelo shiitake desidratado e o custo de produção de 0,5
kg da farinha de estipe de cogumelo shiitake apresentou preço unitário R$ 4,05
e o valor de venda R$ 4,53, estando dentro dos padrões de comercialização de
outras farinhas.

Palavras chaves: custo; fibras; píleo; processamento; proteína.


ABSTRACT

Mushrooms were introduced in oriental and European cuisine because of their


high nutritional value and medicinal importance, and as a consequence of the
significant increase in mushroom production and consumption, there has been an
increase in the volume of waste generated from the harvesting and processing
stages, especially the stipe. The stipe is discarded because it presents undesired
sensory characteristics, and represents 25-33% of product weight, resulting in
volumes of 2.5 to 3.3 million tons of waste per year worldwide, and its destination,
besides representing an environmental problem, also does not generate
economic gains for the producer or the industry. The present study aims to
characterize and develop the flour of shiitake mushroom stipe, in order to reuse
it and make a possible by-product in human food. For the development of the
shiitake stalk flour, the process followed a flowchart with the following steps:
freezing of shiitake stalks; thawing; sanitization; cooling; blanching; cutting;
drying; packaging; storage; grinding and sieving. After following the flowchart, it
was observed that the results obtained in the analyses were: moisture (5.62%);
ash (3.33%); lipids (1.36%); total fiber (60.70%); insoluble fiber (57.36%), protein
(13.97%), carbohydrate (15.02%); reducing sugars (0.39%), total soluble sugars
(0.45%); starch (1.18%) and energetic value (128.20 kcal/100g). Finally, in this
study, it can be concluded that the shiitake mushroom stipe flour: stood out as to
the content of protein and dietary fiber, and can be used as a food supplement,
in addition, also showed high content of insoluble fiber; low moisture content and
low water activity, showing to be a product with microbiological stability, presented
as to nutrients: protein, lipid, carbohydrates and fiber a similarity to those of the
dehydrated shiitake mushroom pile flour and the production cost of 0.5kg shiitake
mushroom's stipe flour presented R$ 4.05 unit price and the sale value of R$
4.53, being within the marketing standards of other flours.

Keywords: cost; fiber; pileus; processing; protein.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Classificação do Reino Fungi ............................................................... 21


Figura 2 - Estrutura de um basidiomiceto (a) Fungo Basidiomiceto (b)............. 22
Figura 3 - Corpo de frutificação de um cogumelo e suas partes ........................ 23
Figura 4 - Ciclo de vida de um cogumelo .............................................................. 24
Figura 5 - Algumas estruturas e sua classificação do píleo do cogumelo ........ 24
Figura 6 - Variedade de estipe representado entre diferentes espécies de
cogumelo ................................................................................................ 25
Figura 7 - Cultivo de cogumelos comestíveis conhecido como cultivo
rudimentar, em toras (A), frutificação do cogumelo “Shiitake” (B) ... 31
Figura 8 - Cultivo de cogumelo shiitake em substratos sintéticos ..................... 31
Figura 9 - Dados da produção mundial de cogumelos no período de 2004 a
2018 ......................................................................................................... 36
Figura 10 - Evolução das importações de cogumelos oriundos da China em
2008/2013 ................................................................................................ 37
Figura 11 - Fluxograma do preparo da farinha do talo de shiitake ..................... 45
Figura 12 - Estipes do cogumelo Shiitake após a higienização (A), após a
secagem em estufa (B), e após a moagem – farinha do estipe do
cogumelo (C)........................................................................................... 48
Figura 13 - Diagrama de cromaticidade ................................................................ 54
Figura 14 - Círculo de cor ....................................................................................... 66
Figura 15 - Espaço de cor L*C*hº ........................................................................... 66
Figura 16 - Questionário utilizado na pesquisa com os produtores das cidades
do Estado de São Paulo ......................................................................... 79
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atividade de água (Aw) de alguns alimentos ...................................... 28


Tabela 2 - Valores mínimo de atividade de água (Aw) que permitem a
multiplicação de grupos de microrganismos que alteram os
alimentos ................................................................................................. 28
Tabela 3 - Produção estimada de cogumelos produzidos no Brasil em 2011 ... 34
Tabela 4 - Produção estimada de cogumelos produzidos no Brasil em 2019 ... 35
Tabela 5 - Principais países produtores de cogumelos e trufas em 2017 .......... 35
Tabela 6 - Empresas produtoras de cogumelo shiitake, porte da empresa,
produção média de cogumelo.mês-1, produção média de
cogumelo.dia-1 ........................................................................................ 55
Tabela 7 - Empresas produtoras de cogumelo shiitake, descarte médio de
cogumelo.mês-1, descarte médio de talo.mês-1 e descarte médio de
talo.dia-1 ................................................................................................... 55
Tabela 8 - Investimento inicial de equipamentos estimado para produção de
1000 kg.mês-1 de farinha de estipe de cogumelo shiitake:
discriminação, quantidade, preço unitário e total ............................... 57
Tabela 9 - Custo da mão de obra estimado para produção de 1000 kg.mês-1 de
farinha de estipe de cogumelo shiitake: discriminação, quantidade,
preço unitário e total .............................................................................. 57
Tabela 10 - Custos fixos estimados para produção de 1000 kg.mês-1 de farinha
de estipe de cogumelo shiitake............................................................. 58
Tabela 11 - Custos unitários estimados de insumos diretos para produção de
1000kg.mês-1 de farinha de estipe de cogumelo shiitake ................... 58
Tabela 12 - Custo geral de produção para produção de 1000kg.mês-1 de farinha
de estipe de cogumelo shiitake............................................................. 58
Tabela 13 - Composição centesimal (%) em base seca da farinha de estipe de
shiitake .................................................................................................... 60
Tabela 14 - Luminosidade (L*), ângulo Hue (ºHue), chroma, pH, atividade de
água (Aw) da farinha de estipe de shiitake .......................................... 66
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................19
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................21
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS COGUMELOS....................... 21
2.1.1 CULTIVO DO COGUMELO SHIITAKE (LETINULA EDODES) E
SUAS CARATERÍSTICAS.................................................................... 29
2.1.2 PRODUÇÃO DE COGUMELOS...................................................... 33
2.1.3 SUBPRODUTOS DA PRODUÇÃO DO PROCESSAMENTO DOS
COGUMELOS.................................................................................. 37
2.2 SUSTENTABILIDADE......................................................................40
2.3 CUSTO DE PRODUÇÃO................................................................. 42
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 44
3.1 MATERIAL....................................................................................... 44
3.1.1 EMPRESA DE COGUMELO FUNGIBRAS – BOTUCATU/SP........44
3.2 MÉTODOS........................................................................................ 46
3.2.1 PESQUISA REALIZADA COM OS PRODUTORES DAS CIDADES
DO ESTADO DE SÃO PAULO........................................................ 46
3.2.2 CUSTO DE PRODUÇÃO................................................................. 46
3.2.3 FARINHA DO TALO DO SHIITAKE................................................ 47
3.2.3.1 DESENVOLVIMENTO E PREPARO DA FARINHA........................ 47
3.2.4 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA FARINHA DE ESTIPE DO
COGUMELO SHIITAKE................................................................... 48
3.2.4.1 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE..................................................... 48
3.2.4.2 DETERMINAÇÃO DE CINZAS........................................................ 49
3.2.4.3 DETERMINAÇÃO DE LIPÍDEOS..................................................... 49
3.2.4.4 DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNAS.................................................49
3.2.4.5 DETERMINAÇÃO DE FIBRAS ALIMENTAR.................................. 50
3.2.4.6 DETERMINAÇÃO DE CARBOIDRATOS........................................ 50
3.2.4.7 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AÇÚCARES REDUTORES........ 50
3.2.4.8 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AÇÚCARES SOLÚVEIS
TOTAIS............................................................................................. 51
3.2.4.9 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AMIDO........................................ 52
3.3 ANÁLISES FÍSICAS.........................................................................53
3.3.1 FARINHA DO TALO DO SHIITAKE................................................ 53
3.3.1.1 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (PH)....... 53
3.3.1.2 DETERMINAÇÃO DE ATIVIDADE DE ÁGUA.................................53
3.3.1.3 DETERMINAÇÃO DE COR INSTRUMENTAL................................ 53
3.3.1.4 ANÁLISE ENERGÉTICA..................................................................54
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................... 55
4.1 RESULTADO DA PESQUISA DOS PRODUTORES DAS
CIDADES DO ESTADO DE SÃO PAULO....................................... 55
4.2 CUSTO............................................................................................. 56
4.3 FARINHA DO TALO DE SHIITAKE................................................. 59
4.3.1 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA FARINHA DE ESTIPE DO
COGUMELO SHIITAKE................................................................... 59
4.3.2 ANÁLISES FÍSICAS DA FARINHA DE ESTIPE DO COGUMELO
SHIITAKE......................................................................................... 65
4.4 DISCUSSÃO FINAL......................................................................... 67
5 CONCLUSÃO................................................................................... 68
REFERÊNCIAS................................................................................ 69
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA COM
PRODUTORES DAS CIDADES DO ESTADO DE SÃO PAULO.... 79
19

1 INTRODUÇÃO

O conhecimento sobre fungos ocorreu a partir de registro fóssil desde o período


Siluriano, de 408 a 438 milhões de anos atrás, na era Paleozoica. As primeiras
civilizações apreciavam os cogumelos como iguaria, pois, conheciam o seu valor
terapêutico e o utilizavam com frequência em suas cerimônias religiosas (CHANG;
MILES, 1989).
Os cogumelos, há milhares de anos, passaram a ser apreciados na culinária
oriental e europeia em razão do seu alto valor nutritivo e nos tratamentos medicinais.
Sua produção mundial tem aumentado nos últimos anos, tendo atingido o valor de
pouco mais de 10 milhões de toneladas em 2017, número cinco vezes maior que o
produzido em 1990 (FAOSTAT, 2017). No Brasil, o aumento na produção de
cogumelos também tem sido observado devido à atual demanda crescente da
população, à popularização e ao crescimento de restaurantes orientais no país.
Dentre as espécies dos cogumelos comestíveis cultivadas no Brasil, destacam-
se a Agaricus bisporus (champignon de Paris), a Lentinula edodes (shiitake) e o
Pleurotus (shimeji ou hiratake) (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PRODUTORES DE
COGUMELOS, 2013). Em relação ao cogumelo shiitake, o seu cultivo teve início no
Brasil no início da década de 90, sendo que nos dias de hoje apresenta aumento
significativo em sua produção devido à viabilidade do seu cultivo em áreas pequenas,
ocupando atualmente o segundo lugar em produção em relação a todos os cogumelos
cultivados no mundo (MACIEL, 2012).
Os fungos exercem um grande papel no ecossistema, pois, possuem a
capacidade em degradar os substratos da produção agrícola e estes são os
microrganismos mais significativo na decomposição da matéria prima orgânica devido
a sua característica própria na ação degradativa. Isso ocorre devido a produção das
enzimas extracelulares, principalmente a lignocelulósicos, a qual é importante na
degradação dos componentes dos substratos (VÁLAZQUEZ-CEDEÑO et al., 2002).
Como consequência do relevante aumento na produção e do consumo de
cogumelos, observa-se aumento no volume de resíduos gerados decorrente das
etapas de colheita e processamento, compostos principalmente pelo estipe (a base
do cogumelo), que geralmente é descartado por apresentar características sensoriais
indesejadas pelos consumidores (ZHANG et al., 2013), e que representa de 25-33%
do peso do produto (CHOU et al., 2013). Isto resulta em volumes de 2,5 a 3,3 milhões
20

de toneladas de resíduos por ano no mundo, os quais são descartados, destino que
representa um problema ambiental, além de não gerar ganhos econômicos para o
produtor ou para a indústria (ZHANG et al., 2013).
Os cogumelos contêm todas as principais classes de componentes lipídicos
incluindo ácidos graxos livres, mono-,di- e triglicerídeos, esteróis, ésteres de esterol e
fosfolipídios, os níveis são geralmente em torno de 1 até 20% em base seca. De
acordo com Nappi e Moretto (1998), a composição de ácidos graxos presentes no
cogumelo shiitake são: ácido mirístico (0,71%); ácido esteárico (1,66%); ácido
palmitoléico (1,93%); ácido oléico (6,23%); ácido palmítico (21,94%); ácido linoléico
(67,53%). Além disso, os cogumelos possuem vitaminas (B1,B2 e C) e ergosterol têm
sido isolados deste fungo (SUGUI et al., 2003).
Os cogumelos shiitake são conhecidos por serem alimentos de alto valor
nutricional, apresentando alto teor de fibras (41,92%), proteínas (18,98%) e baixo teor
de lipídeos (4,39%) (FURLANI; GODOY, 2007). Além disso, apresentam uma série de
propriedades bioativas, como antifúngica, antimicrobiana (HEARST et al., 2009),
antitumoral (FINIMUNDY et al. 2013) e atividade antioxidante (KITZBERGER et al.,
2007). São também conhecidos por serem realçadores de sabor, por apresentarem
em sua composição compostos que conferem o sabor umami (POOJARY et al., 2017).
Os cogumelos comestíveis por sua vez, por possuírem estes componentes que
beneficiam o organismo podem contribuir para reduzir a desnutrição ou agregar na
boa alimentação, devido esse alto valor nutricional (MOURA, 2008).
Considerando o potencial nutricional, funcional e sensorial do cogumelo shiitake,
estudos sobre a composição química de seu subproduto, o estipe, são importantes,
no sentido de caracterizar o material e desenvolver aplicações futuras deste resíduo
agroindustrial na indústria alimentícia, representando uma alternativa econômica para
os produtores e agroindústrias, nutricional e de saúde para os consumidores e de
sustentabilidade para o meio ambiente. Este trabalho tem como objetivo caracterizar
e desenvolver a farinha de estipe de cogumelo shiitake, de forma reaproveitá-lo e
tornar um possível subproduto de na alimentação humana.
21

2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS COGUMELOS

O reino Fungi é dividido em 5 filos segundo a Figura 1, os quais apresentam


diversas características, principalmente em relação a reprodução sexuada e
assexuada, às microestruturas, especializações com o modo de vida, enzimas
produzidas, entre outras ( BONONI et al., 1999).
Os cogumelos são corpos frutificados dos fungos, conhecidos desde a
antiguidade. Os cogumelos comestíveis fazem parte de dois grandes grupos de
fungos: Ascomycotina (ascomicetos) e Basidiomycotina (basidiomicetos) (HERRERA,
2001).

Figura 1 - Classificação do Reino Fungi

Fonte: MOURA (2008).

Os fungos são seres vivos eucarióticos que podem ser classificados como
unicelulares quando constituídos de uma única célula, ou pluricelulares, quando
22

possuem células agrupadas em filamentos, constituindo assim, as hifas


(HAWKSWORTH et al., 1995).
Os cogumelos são macrofungos e apresentam dimensões microscópicas,
porém, alguns apresentam uma estrutura macroscópica produtora de esporos
denominada corpo de frutificação característicos, grandes o suficiente para serem
visíveis a olho nu e coletados com as mãos (CHANG; MILES, 1989; BOA, 2004).
O Reino Fungi possui 5 filos: Mastigomycotina, Zygomycota, Deuteromycotina,
Ascomycota e Basidiomycota, visto que, dentro do filo Ascomycota e Basidiomycota
encontram-se os fungos comestíveis. No filo Ascomycota são fungos
economicamente importantes, os quais podemos destacar: leveduras, morchelas e
trufas comestíveis, já no filo Basidiomycota encontram-se os cogumelos comestíveis,
alucinógenos, tóxicos e venenosos (RAVEN et al., 2007). Na Figura 2 mostra uma
estrutura de um basidiomiceto.

Figura 2 - Estrutura de um basidiomiceto (a) Fungo Basidiomiceto (b)

Fonte: KALIPEDIA (2012).

A reprodução dos cogumelos pode ocorrer sexuadamente ou assexuadamente.


A reprodução sexuada ocorre por meio de esporos e a reprodução assexuada é
realizada pela multiplicação de qualquer parte do corpo de frutificação (ROSA, 2006).
Quando os esporos são germinados, eles produzem células que se rearranjam
em filamentos denominados hifas. As hifas crescem no solo ou sobre outro substrato,
formando o micélio. Inicialmente há a junção das hifas e de dois micélios
23

geneticamente diferentes, e destes se origina o corpo de frutificação, ou seja, o


cogumelo propriamente dito (ROSA, 2006).
O corpo de frutificação do cogumelo, portanto, pode apresentar aspecto
característico de cada espécie, como por exemplo, o shiitake, cujo corpo de
frutificação é formado por um estipe (talo) e um chapéu denominado píleo (BONONl,
et al., 1999). Outras espécies de cogumelo possui o corpo de frutificação formado
apenas pelo píleo sem estipe, como é o caso do cogumelo Pycnoporus sanguineus
(orelha de pau) e outras espécies ainda podem denominar uma estrutura volva (forma
de copo) na face inferior do estipe e um anel longo abaixo do píleo, como por exemplo
do cogumelo Amanita caesarea. Além disso, o tom da coloração do píleo é muito
variado entre as espécies podendo ser: vermelho, marrom, verde, amarelo, laranja e
azul (BONONl, et al., 1999).
A Figura 3 mostra o corpo de frutificação de um cogumelo e suas partes, a Figura
4 mostra o ciclo de vida de um cogumelo, a Figura 5 mostra algumas estruturas e sua
classificação do píleo e a Figura 6 mostra a variedade de estipe representado entre
diferentes espécies de cogumelo.

Figura 3 - Corpo de frutificação de um cogumelo e suas partes

Fonte: ROSA (2006).


24

Figura 4 - Ciclo de vida de um cogumelo

Fonte: ROSA, 2006.

Figura 5 - Algumas estruturas e sua classificação do píleo do cogumelo

Fonte: MOURA (2008).


25

Figura 6 - Variedade de estipe representado entre diferentes espécies de


cogumelo

Fonte: FERREIRA (2013).

O reino Fungi como comentado anteriormente, é dividido em 5 filos, dos quais o


Basidiomiceto engloba tanto cogumelos comestíveis como os não comestíveis. Na
ordem Agaricales e família Agaricaceae se encontram as espécies Agarius bisporus
(champignon de Paris) e Lentinula edodes (shiitake) (SANTOS, 2011), os quais,
conforme citado anteriormente, estão entre os principais cogumelos comercializados
no Brasil (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PRODUTORES DE COGUMELOS, 2013).
Dentre os cogumelos não comestíveis, podemos destacar os cogumelos tóxicos,
venosos e alucinógenos e entre estes, alguns podem apresentar características
morfológicas semelhantes aos cogumelos comestíveis, como por exemplo, tamanho,
forma, coloração e espessuras do corpo frutífero, dessa forma, deve-se ter uma
atenção especial na hora de consumi-los (URBEN; SIQUEIRA, 2003).
A identificação desses cogumelos não comestíveis pode ser feita a olho nu,
porém, muitas vezes acaba não sendo identificado da maneira correta, por esse
motivo, geralmente a identificação é feita por especialistas em laboratório através das
análises morfológicas e bioquímicas (UBERN; SIQUEIRA, 2003).
26

Os cogumelos são conhecidos há milhares de anos, sendo que, além de serem


apreciados na culinária oriental, possuem um alto valor nutritivo e são utilizados em
tratamento medicinais. Com a popularização da cultura e culinária japonesa no Brasil,
o aumento do vegetarianismo e do veganismo, além da crescente preocupação da
população por uma alimentação mais saudável, os cogumelos têm ganhado cada vez
mais espaço no mercado (SANTOS, 2011).
São alimentos que possuem alto valor nutricional e baixo valor calórico. Seus
nutrientes podem variar conforme a espécie e composição genética (CHANG; MILES,
1989). Furlani e Godoy (2007) estudaram o valor nutricional das 3 espécies de
cogumelos mais consumidas no Brasil (champignon, shiitake e shimeji) e relataram o
excelente valor nutritivo com variações entre as espécies. De acordo com os
resultados destes autores, o champignon apresentou valores de proteína entre 16,46
a 31,57%, o shiitake entre 18,24 a 20,48% e o shimeji entre 16,19 a 33,73% (base
seca) (FURLANI; GODOY, 2007). Por esse motivo eles têm sido muito utilizados como
substitutos da proteína animal no desenvolvimento de novos produtos, tanto para o
público vegetariano/vegano, como também para o público flexitariano que quer
diminuir o consumo da carne e realizar uma substituição rápida (BECKER, 2020).
As proteínas e peptídeos presentes nos cogumelos apresentam excelente
atividade biológica, e a qualidade proteica do L. edodes é uma das principais
características dessa espécie. Ela contém elevados teores de todos os aminoácidos
essenciais e não essenciais e uma excelente digestibilidade proteica (CARRASCO-
GONZÁLEZ et al.,2017).
No que diz respeito a digestibilidade, a mesma está relacionada à quantidade
de proteína de determinado alimento que é realmente absorvido e utilizado pelo
organismo e o seu valor baseia-se na razão entre a quantidade de proteína ingerida e
a quantidade excretada da mesma proteína (BALBI et al., 2013). De acordo com
FAO/WHO (2002), conforme citado no trabalho realizado por Balbi et al. (2013), as
digestibilidades das proteínas de carne bovina, soja e feijão são iguais a 0,924, 0,717
e 0,787, respectivamente. Longvah e Deostale (1998), determinaram
experimentalmente a digestibilidade de proteínas do shitake, obtendo valor de 0,763.
Este valor apresenta diferença significativa com a carne bovina e o ovo, que apresenta
0,924 e 0,97 de digestibilidade, respectivamente (PIRES et al, 2006).
Além disso, os cogumelos destacam-se quanto ao conteúdo de fibra alimentar,
com valores médios (base seca) de 20,44% para o champignon, 41,92% para o
27

shiitake e 39,62% para o shimeji. Apresentam, também, baixo teor de lipídeos (5,42%
em cogumelo champignon, 4,39% em shiitake e 4,30% em shimeji, todos em base
seca) (FURLANI; GODOY, 2007), características que o tornam um alimento com apelo
à saúde.
A atividade de água é um dos parâmetros mais importantes na
conservação de alimentos, tanto no aspecto biológico como nas transformações
físicas. A água presente nos alimentos pode apresentar-se na forma de molécula livre
ou ligada ao substrato (SCOTT, 1957 e NETO et al., 1976). A Tabela 1 mostra a
atividade de água de alguns alimentos.
Dessa forma, podem ser previstas reações de oxidação lipídica, escurecimento
não enzimático, atividade enzimática, desenvolvimento de microrganismos, assim
como o comportamento de misturas de alimentos com diferentes valores de atividade
de água e sistema de embalagens, além disso, a atividade de água pode afetar em
outros parâmetros como: oxidação e cor (NETO et al., 1976). A Tabela 2 mostra
valores mínimos de atividade de água que permitem a multiplicação de grupos de
microrganismos que alteram os alimentos.
Os cogumelos por sua vez são altamente perecíveis devido ao seu elevado
conteúdo de água de (6,75 a 18,9 kg de água/kg de sólido seco), que representa
aproximadamente 87 a 95% de sua massa úmida. Se os cogumelos frescos não forem
imediatamente consumidos, eles devem passar por algum tipo de tratamento para
evitar sua deterioração, como por exemplo a secagem, que é o processo mais usado
para preservação de cogumelos para o aumento do seu prazo de validade (ARORA
et al., 2003). O prazo de validade da farinha é de 12 meses a partir da produção (LIRA
et al., 2016).
O processo de secagem é um dos mais antigos métodos de conservação de
alimentos e é uma operação que pode provocar mudanças indesejáveis ao produto
desidratado, como o escurecimento enzimático e não enzimático (MASKAN, 2000).
A secagem é uma operação por meio da qual a água ou qualquer outro
líquido é removido de um material. As vantagens dessa operação são: aumento da
vida útil do produto; facilidade no transporte e comercialização; o processo é
econômico; os secadores semi-industriais têm baixo custo; a mão de obra não
necessita ser especializada e os produtos desidratados têm baixo custo de
armazenagem (CELESTINO, 2010).
28

Tabela 1 - Atividade de água (Aw) de alguns alimentos


Alimento Atividade de Alimento Atividade de
água (Aw) água (Aw)
Frutas ou vegetais frescos >0,97 Geleia 0,82 a 0,94
Aves ou peixes frescos >0,98 Arroz 0,80 a 0,87
Carnes frescas >0,95 Farinha de trigo 0,67 a 0,87
Ovos 0,97 Mel 0,54 a 0,75
Sucos – (frutas e vegetais) 0,97 Fruta seca 0,51 a 0,89
Queijos (maioria) >0,91 Chocolate 0,69
Parmesão 0,66 a 0,76 Caramelo 0,60 a 0,65
Carne defumada 0,87 a 0,95 Macarrão 0,50
Nozes 0,66 a 0,84 Ovo desidratado 0,40
Doce de frutas 0,75 a 0,80 Vegetais desidratados 0,20
Açúcar 0,10 Cereais 0,10 a 0,20
Pão 0,95 a 0,96 Bolo assado 0,90 a 0,94
Xarope de bordo 0,90 Melaço 0,76
Aveia em flocos 0,65 a 0,75 Biscoito 0,30
Pudim 0,97 Massa de biscoito refrigerada 0,94
Fonte: BANWART (1989).
A secagem é uma operação por meio da qual a água ou qualquer outro
líquido é removido de um material. As vantagens dessa operação são: aumento da
vida útil do produto; facilidade no transporte e comercialização; o processo é
econômico; os secadores semi-industriais têm baixo custo; a mão de obra não
necessita ser especializada e os produtos desidratados têm baixo custo de
armazenagem (CELESTINO, 2010).

Tabela 2 - Valores mínimo de atividade de água (Aw) que permitem a


multiplicação de grupos de microrganismos que alteram os alimentos
Grupos de Valores mínimo de
microrganismos Atividade de água (Aw)
Maioria das bactérias 0,91
Maioria das leveduras 0,88
Maioria dos bolores 0,80
Bactérias halofílicas 0,75
Fungos xerofílicos 0,65
Leveduras osmofílicas 0,60
Fonte: BEUCHAT (1981).
29

2.1.1 CULTIVO DO COGUMELO SHIITAKE (Letinula edodes) E SUAS


CARATERÍSTICAS

O cultivo do shiitake começou na China há cerca de 1.100 a.C, na província


Zhejiang. Posteriormente, os agricultores chineses levaram o cultivo deste cogumelo
para o Japão e hoje ele é umas das espécies mais consumidas no mundo (MACIEL,
2012; LIN; LIN,1995). No Brasil, o seu cultivo começou no início dos anos 90
(SAMPAIO, 2003).
A melhor maneira de demonstrar o desenvolvimento da exploração comercial
dos fungos nos últimos 50 anos na China é a história do cultivo de shiitake. O cultivo
do shiitake antes de 1960 era de maneira tradicional, porém, a partir da década de 60,
o seu cultivo passou a ser em toras com inoculação de sementes, o que relatou a
primeira mudança no cultivo comercial do shiitake (LIN; LIN,1995).
A segunda maior mudança ocorreu no final da década de 1970, devido a
popularização do uso da serragem, do farelo de arroz e de trigo como substratos e de
sacos plásticos como recipientes (LIN; LIN,1995). Vale ressaltar que, esse cultivo na
serragem fez com que aumentasse a produção e também contribuiu com a
preservação dos recursos florestais. E por fim, a técnica JunCao (Jun = cogumelo;
Cao= gramíneas) proporcionou a terceira mudança, visto que, unificou os benefícios
sociais aos ecológicos e econômicos, estabelecendo assim, um equilíbrio melhor
ecologicamente entre plantas, fungos e animais (LIN; LIN,1995).
Essa técnica o JunCao apresenta uma fonte rica para o desenvolvimento natural
ou em áreas plantadas, além disso, o substrato residual pode ser usado como
forragem proteica de alta qualidade, dessa forma, é viável harmonizar a proteção do
ecossistema de florestas e solucionar possíveis problemas de escassez de alimentos
para os animais no desenvolvimento da prática da fungicultura (URBEN, 2017).
O cultivo do shiitake é dividido em dois tipos: o rudimentar, que é realizado em
toras de madeira, e aquele realizado em substratos sintéticos. Na forma de toras, o
mais usual atualmente, o cultivo é realizado em madeiras de eucalipto, e os substratos
sintéticos são feitos a partir de resíduos agrícolas e outros tipos de resíduos, como o
farelo de arroz, pó de madeira, farelo de trigo, palha de milho, gesso, cal, calcário,
entre outros (URBEN, 2017).
No cultivo do L. edodes em substrato, são utilizadas as seguintes etapas:
obtenção da matriz primária, produção da "semente" ou "spawn" (matriz secundária),
30

preparo, inoculação e colonização do substrato, indução de primórdios, frutificação e


colheita (MONTINI, 2001).
Quando se utiliza o cultivo em substrato sintético por exemplo, essa prática
apresenta maior rentabilidade, quando comparado ao cultivo rudimentar, em toras,
pois, oferece vantagens relevantes, tais como: menor tempo e maior eficiência
biológica da produção (KALBERER, 2000; KIRCHHOFF; LELLEY, 1991; TAN;
MOORE, 1992). Contudo, esse cultivo em substratos sintéticos é mais oneroso, em
razão da sua formulação de substrato ser adequada, sendo necessário um controle
preciso das condições de crescimento e frutificação e, em sua maioria, depende do
genótipo da cepa utilizada (CHEN, et al, 2000; ROYSE; BAHLER, 1986; SABOTA,
1996).
Alguns resíduos agroindustriais podem ser utilizados na formulação do substrato
na produção de shiitake, tais como: serragem, farelo de arroz, de trigo, de soja, polpa
de beterraba, de café, quirera de milho, bagaço de cana-de-açúcar, levedo de cerveja,
entre outros (EIRA; MINHONI, 1997). Vale ressaltar que a serragem que se utiliza na
produção do substrato do shiitake é da mesma espécie de árvore do cultivo em toras,
visto que, esta é um resíduo agroindustrial livre de produtos químicos e essa adição
altera as condições químicas e/ou físicas do substrato, aumentando a velocidade de
crescimento e a produção L. edodes ( PRZYBYLOWICZ; DONOGHUE, 1998).
Vale lembrar ainda, que a escolha de um ou mais resíduos como suplemento à
serragem depende dos seguintes fatores: custos e disponibilidade na região (EIRA;
MINHONI, 1997).
A Figura 7 mostra o cultivo de cogumelos comestíveis conhecido como cultivo
rudimentar, em toras (A), frutificação do cogumelo “Shiitake” (B). e Figura 8 mostra o
cultivo de cogumelo shiitake em substratos sintéticos.
O cogumelo Lentinula edodes, é um fungo saprófita e extrai nutrientes do
substrato por meio do micélio e as substâncias tais como: carbono, nitrogênio,
minerais e vitaminas que podem ser encontradas nos substratos de cultivo como toras
de madeira, serragem e nos resíduos agrícolas. Um dos fatores mais importantes no
desenvolvimento do cogumelo shiitake é a temperatura, visto que, quando elevada
pode afetar no desenvolvimento dos esporos e do micélio; na diferenciação dos
primórdios; no desenvolvimento do corpo de frutificação e na qualidade do produto
LIN; LIN,1995).
31

Figura 7 - Cultivo de cogumelos comestíveis conhecido como cultivo


rudimentar, em toras (A), frutificação do cogumelo “Shiitake” (B)

Fonte: SIQUEIRA et al. (2012).

Figura 8 - Cultivo de cogumelo shiitake em substratos sintéticos

Fonte: FUNGIBRAS (2020).


A temperatura ideal para o cultivo é na faixa de 16ºC a 18ºC e a umidade deve
estar a 90%, porém, durante a frutificação, a temperatura deve ficar entre 8 °C e 16
°C e a umidade deve ficar entre 60% e 80%, visto que, nesta umidade os cogumelos
conseguem se desenvolver (MACIEL, 2012).
O parâmetro temperatura influencia muito na qualidade do cogumelo, pois, em
temperaturas menores, o corpo de frutificação cresce lentamente, porém, engorda o
pé, encurta o estipe e intensifica a textura, obtendo um produto de melhor qualidade.
32

No entanto, em temperaturas mais altas, o corpo de frutificação cresce mais rápido,


mas, também, abre rapidamente o chapéu fino, obtendo assim um cogumelo de baixa
qualidade (URBEN, 2017).
Outro fator importante para o desenvolvimento do cogumelo é a umidade, visto
que, os esporos germinam somente sob alta umidade. Já para o desenvolvimento do
micélio é necessário temperatura alta (15ºC a 25ºC) e baixa umidade (mínimo 60%)
(URBEN, 2017).
Para formação do corpo de frutificação é necessária uma certa quantidade de
luz difusa, visto que, quando expostos a escuridão completa esse corpo não se forma
por completo, além disso, a luz pode influenciar na cor do corpo de frutificação,
apresentando uma cor pálida, estipe longo e alta taxa de deformação se não houver
luz parcial (URBEN, 2017).
O cogumelo Lentinula edodes é um fungo aeróbico, ou seja, o seu processo de
respiração é sob condições escassas de oxigênio (O2). Se não houver renovação de
ar adequada nas câmeras de produção de cogumelo adequadamente, pode ocorrer
um acúmulo de dióxido de carbono e isso afetará o crescimento do micélio e do corpo
de frutificação, dando como característica um estipe grosso e um chapéu pequeno,
por essa razão, a sala de cultivo precisa ser bem ventilada ou com renovação de ar
(URBEN, 2017).
E por último, um fator que deve ser controlado é o pH, esse controle é realizado
através da escolha dos materiais que compõem o substrato, o local do cultivo e a fonte
de suprimento de água, a faixa de pH para o desenvolvimento do micélio é de 3,0 a
6,5, visto que, os valores ideais são entre 4,0 e 5,5, porém, pH na faixa de 3,5 a 5,0
são excelentes para a formação dos primórdios e desenvolvimento do corpo de
frutificação (URBEN, 2017).
Com relação aos valores nutricionais (base seca), o shiitake apresenta elevado
teor de umidade (90,22 - 94,59%), considerável teor de proteína (17,97 - 20,48%) e
fibra alimentar (37,26 - 47,60%), baixo teor de lipídeos (2,44 - 6,29%), alto teor de
carboidratos totais (66,57 - 70,86%), teor de cinzas variando de 5,44 a 8,92% e de
ácido ascórbico entre 550 a 9,74 mg/100 g (FURLANI; GODOY, 2007).
Devido ao seu uso medicinal há anos, os cogumelos também têm ganhado
destaque devido ao número crescente de pesquisas sobre suas atividades biológicas,
demonstrando propriedades antioxidantes (KITZBERGER et al., 2007),
33

antimicrobianas, antifúngicas (HEARTS et al., 2009) e antitumorais (FINIMUNDY et


al. 2013).

2.1.2 PRODUÇÃO DE COGUMELOS

O ramo agroindustrial que se destina a produção de cogumelo é chamado de


fungicultura, espécies de fungos conhecidos também como macrofungos. Essa
atividade tornou uma estratégia de conservação e manejo dos ecossistemas em
vários países e além disso, uma forma de reduzir o êxodo de áreas rurais (MARTÍNEZ-
IBARRA et al, 2019).
Dentre os cogumelos conhecidos ou fungos produtores de corpos de frutificação
podemos destacar: 50% são comestíveis, 18% medicinais, 10% venenosos e 22%
continuam com propriedades aos interesses comerciais, porém, ainda não
estabelecidas (FLOUDAS et al., 2012).
A indústria de cogumelos comestíveis representa três segmentos principais,
tais como, cogumelos cultivados, cogumelos medicinais e cogumelos silvestres
comestíveis (selvagens) e são conhecidas aproximadamente 2000 espécies de
cogumelos comestíveis, no entanto, somente 25 delas são cultivadas em ampla
escala industrial. Em razão das qualidades nutricionais dos cogumelos, dos avanços
biotecnológicos para obtenção de bioprodutos para os setores farmacêuticos,
biorremediação, agricultura e pecuária, houve um grande crescimento no consumo de
cogumelos mundialmente (CHANG; WASSER, 2018).
Os grandes produtores de cogumelo no Brasil estão concentrados no estado de
São Paulo, onde aproximadamente 500 produtores movimentam R$ 21 milhões de
reais, mas também há produção nos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro,
Brasília, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco. Dentre os produtores do estado de
São Paulo, as cidades que mais se destacam são Mogi das Cruzes, Pinhalzinho,
Ibiúna, Sorocaba, Salto, Cabreúva, Juquitiba e Valinhos. Segundo a Associação
Nacional dos Produtores de Cogumelos – ANCP (2013), existe uma estimativa de
mais de 300 produtores de cogumelos no país, visto que, em sua maioria, são micro
e pequenos agricultores familiares (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PRODUTORES
DE COGUMELOS, 2013; ABPC, 2020).
Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Cogumelos - ABPC (2020),
a produção no Brasil gera em torno de 3000 empregos diretos e os produtores vem
34

investindo em técnicas e profissionalização no cultivo de cogumelos em algumas


regiões, havendo assim mudanças no cenário da fungicultura, como por exemplo, São
Paulo, que possui empresas com alta tecnologia para produção de Pleurotus sp. e L.
edodes como na cidade de Mogi das Cruzes e Sorocaba e no Estado da Bahia (Vitória
da Conquista) (VILELA, 2015).
Dados recentes sobre a fungicultura nacional são escassos por se tratar de uma
cultura recente e fragmentada. De acordo com a ANCP, a produção de cogumelos no
Brasil em 2011 foi de cerca de 12.000 toneladas (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS
PRODUTORES DE COGUMELOS, 2013).
Os principais cogumelos produzidos no Brasil são o champignon de Paris
(Agaricus bisporus), sendo cultivado por 52,2% dos produtores, seguido dos
cogumelos do gênero Pleurotus (chamado de shimeji no Brasil), cultivado por 24,55%
dos produtores, e do cultivo do cogumelo shiitake (Lentinula edodes), que representa
16,44% (GOMES et al., 2016). A Tabela 3 mostra a produção brasileira estimada em
toneladas/ano em 2011 e a Tabela 4 mostra a produção brasileira estimada em
toneladas/ano em 2019, conforme as espécies de cada cogumelo.
A produção mundial de cogumelos se concentra em apenas alguns países como,
China, Itália, Estados Unidos e Holanda. Em 2005, a produção mundial atingiu 25,7
milhões de toneladas e se compararmos com 2013, houve um aumento de 42,3% na
produção de cogumelos comestíveis, passando para 48,7 milhões de tonelada no
mundo (MARTÍNEZ-IBARRA et al., 2019).

Tabela 3 - Produção estimada de cogumelos produzidos no Brasil em 2011

Espécies Produção estimada


(tonelada/ano)
Agaricus bisporus (Champignon de Paris) 8.000
Pleurotus spp 2.000
Lentinula edodes (Shiitake) 1.500
Agaricus blazei murrill 500
Outros 50
Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PRODUTORES DE COGUMELOS (2013).
35

Tabela 4 - Produção estimada de cogumelos produzidos no Brasil em 2019

Espécies Produção estimada


(tonelada/ano)
Agaricus bisporus (Champignon de Paris) 9.000
Pleurotus spp 8.500
Lentinula edodes (Shiitake) 5.000
Fonte: STEFFEN et al. (2019).

Essa produção mundial de cogumelos vem crescendo desde a década de 1960


até o ano de 2013, sendo que, esse aumento ocorreu consideravelmente nos últimos
anos, tendo atingido o valor de pouco mais de 10 milhões de toneladas em 2017,
número cinco vezes maior que o produzido em 1990, visto que, o principal responsável
pelo aumento da produtividade e o número de produtores foi a China (FAOSTAT,
2017; MARTÍNEZ-IBARRA et al, 2019).
Ao comparar a produção de cogumelos no Brasil com a de outros países, como
a China, Estados Unidos, entre outros (Tabela 5), verifica-se que a nacional é muito
baixa. Entretanto, esse tipo de atividade produtiva tem um importante caráter social,
sendo uma alternativa de renda para os pequenos e médios produtores. Observa-se,
igualmente, que o país que mais se destaca na produção de cogumelos é a China,
com quase 8 milhões de toneladas em 2017 (FAOSTAT, 2017).
Anualmente, o mercado mundial de cogumelos movimenta 35 bilhões de dólares
e estimativas apontam um crescimento de 9 a 12% no volume comercializado até
2021. Em 2013, o volume das importações dos cogumelos aumentou mais de 30%
(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PRODUTORES DE COGUMELOS, 2013; ABPC,
2020).
Tabela 5 - Principais países produtores de cogumelos e trufas em 2017

País Produção (toneladas)


China 7.855,698
Estados Unidos 421,208
Polônia 302,916
Holanda 300,000
Espanha 159,018
Canadá 132,556
Reino Unido 99,652
França 99,096
Fonte: FAOSTAT (2017).
36

O cultivo de cogumelos está difundido em todo o mundo e a sua produção global


aumentou significativamente desde 2010 como mostra a Figura 9, com dados da
produção mundial de cogumelos no período de 2004 a 2018. A Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) relatou que a China é o
maior produtor de cogumelos, em 2018 a produção global atingiu quase 8,99 milhões
toneladas e espera-se que continue com esse aumento de produção de cogumelo
com o passar do tempo. Avaliando especificamente os cogumelos importados da
China, esse aumento foi de mais de 1000% em pouco mais de 5 anos (Figura 10).

Figura 9 - Dados da produção mundial de cogumelos no período de 2004


a 2018

Fonte: FAOSTAT (2022).

No que diz respeito ao consumo de cogumelos, o brasileiro ainda está muito


aquém do consumo da população dos outros países, principalmente da população
asiática. Países como China e Coréia, que se destacam como maiores consumidores
mundiais atingem um consumo per capita de mais de 8 kg de cogumelo por habitante.
Já nos países da Europa como França, Itália e Alemanha, o consumo per capita é um
pouco maior que 2 kg por ano, enquanto no Brasil esse valor atinge aproximadamente
160 g/hab/ano. Esse baixo consumo do brasileiro se dá, muitas vezes, pelo
desconhecimento da forma de preparo dos produtos e dos seus benefícios
(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PRODUTORES DE COGUMELOS, 2013).
37

Figura 10 - Evolução das importações de cogumelos oriundos da


China em 2008/2013

Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PRODUTORES DE COGUMELOS (2013).

2.1.3 SUBPRODUTOS DA PRODUÇÃO DO PROCESSAMENTO DOS


COGUMELOS

Como consequência do relevante aumento na produção e consumo de


cogumelos, observa-se aumento no volume de resíduos gerados decorrente das
etapas de colheita e processamento (CHANG; WASSER, 2018).
Para a produção de cogumelo é necessário um substrato com características
químicas e físicas efetiva, e estes devem oferecer condições adequadas para um
desenvolvimento ideal. As enzimas produzidas e liberadas pelo micélio dos
cogumelos são enzimas que atuam na degradação de biomassa lignocelulósica,
fontes de nutrição e além disso, atual um papel muito importante na colonização e
degradação dos substratos, gerando assim rendimentos de corpos de frutificação
(CHANG; WASSER, 2018).
A degradação desses tipos de biomassa é devido a função do complexo
enzimático quando ocorre a desconstrução da parede celular (SIQUEIRA; FILHO,
2010; GOMES, 2015). Porém, em questões comerciais na fungicultura, desconstruir
e metabolizar os componentes da parede celular vegetal não é eficiente para uma
produção em escala, dessa forma, é necessária a adição de suplementos nutricionais
38

como farelos provenientes de fontes de plantas/sementes oleaginosas, as quais são


ricas em proteínas e lipídios, como por exemplo: soja, algodão, girassol, entre outros,
para assim conseguir um maior rendimento de cogumelos frescos (BERNARDI et al.,
2008).
Os resíduos produzidos na produção de shiitake em blocos sintéticos são os
estipes e os blocos sintéticos propriamente ditos. O estipe (a base do cogumelo)
representa de 25-33% do peso do produto (CHOU et al., 2013). Esta perda em
rendimento de produto resulta em volumes de 2,5 a 3,3 milhões de toneladas de
resíduos por ano no mundo, os quais usualmente são descartados na natureza,
destino que representa problema ambiental, além de não gerar ganhos econômicos
para o produtor ou para a indústria. E os blocos sintéticos podem ser utilizado como
alimento para animais e fertilizantes (CHOU et al., 2013).
Sabendo-se do alto valor nutritivo e funcional do cogumelo, é esperado que o
seu estipe apresente composição similar, o que indica um material potencial para
estudo sobre seu reaproveitamento como ingrediente em diferentes alimentos, dando
um destino ambientalmente correto ao resíduo. Isto tornaria a atividade ainda mais
sustentável, já que na própria produção dos cogumelos, os substratos utilizados são
em sua maioria obtidos através de resíduos agrícolas e agroindustriais, como palhas,
pó de serragem, bagaço de cana, farelo de trigo, farelo de arroz, os quais, depois do
uso, podem ainda ser utilizados para adubação de hortas e plantações (FURLANI;
GODOY, 2007).
Existem poucos estudos na literatura sobre a caracterização dos estipes de
cogumelo shiitake (L. edodes). Nasiri et al. (2013) caracterizaram quimicamente o
píleo e o estipe do cogumelo A. bisporus e verificaram composições semelhantes,
mas que apresentam valores significativamente mais altos de proteína, cinza,
potássio, fósforo e selênio no píleo e maiores teores de fibra, carboidrato, cálcio e
ferro no estipe. Outro estudo avaliou as propriedades antioxidantes do píleo e do
estipe de cogumelos selvagens de Portugal (L. deliciosus e T. portentosum) e foi
verificado que ambas as partes do cogumelo apresentaram potencial antioxidante,
com destaque para os extratos obtidos do píleo do cogumelo (FERREIRA et al., 2007).
Especificamente sobre o cogumelo shiitake, Kang et al. (2012) avaliaram as atividades
antioxidantes e antimutagênicas de subprodutos de shiitake e P. eryngii e relataram
que ambos os subprodutos de cogumelo possuem forte capacidade antioxidante in
39

vitro e podem ser úteis como biomaterial na preparação de alimentos promotores de


saúde.
Estudos sobre a aplicação de resíduos da produção de cogumelos em alimentos
são ainda mais escassos. Brennan et al. (2012) enriqueceram snacks extrusados com
5, 10 e 15% de sub-produtos de cogumelo A. aegerita liofilizados e obtiveram produtos
com crocância similar ao controle, além de maior teor de fibras e maior taxa de
expansão. Além disso, mostraram redução significativa na liberação de glicose
durante a digestão in vitro, podendo ser de interesse para a indústria alimentícia na
tentativa de regular a resposta glicêmica dos alimentos. Já o estudo de Vital et al.
(2017) avaliaram o efeito da adição de resíduo de Agaricus blazei em leite enriquecido
com ômega 3 (1, 2 e 3 g/kg) e verificaram que o resíduo do cogumelo agiu como
antioxidante no leite, reduzindo a oxidação lipídica do ômega 3 quando submetido à
foto-oxidação. Os autores concluíram que o resíduo do cogumelo A. blazei, que
geralmente é descartado, pode ser utilizado como um potencial ingrediente
antioxidante, capaz de enriquecer alimentos a um baixo custo.
Não foram encontrados estudos sobre a aplicação do estipe de cogumelo
shiitake em alimentos, mas encontramos trabalhos sobre a aplicação do cogumelo
shiitake inteiro. Na pesquisa realizada por Lira (2017), a aplicação de farinha de
cogumelos shiitake (de 0 a 20%) em pão foi estudada e verificou-se que o produto
com até 10% apresentou-se viável quanto à aceitação sensorial. Em termos
tecnológicos houve diminuição do volume específico, aumento na dureza, e redução
da luminosidade. Já o estudo de Mattar (2016) objetivou reduzir o teor de sódio em
hambúrguer bovino utilizando extrato de cogumelo shiitake como realçador de sabor.
Como resultado, as formulações com 50% de redução de cloreto de sódio e
adição de extrato obtido a partir de 12,5% e 20% de cogumelo apresentaram maior
intensidade do gosto salgado, e as características físico-químicas dos hambúrgueres
não apresentaram alterações relevantes. O autor conclui que é possível promover a
redução de até 75% de cloreto de sódio de hambúrguer por meio da adição de extrato
obtido a partir de 12,5% de cogumelo shiitake, mantendo as características sensoriais
desejadas pelos consumidores (MATTAR, 2016).
40

2.2 SUSTENTABILIDADE

Quando pensamos em sustentabilidade a primeira coisa que pode vir à nossa


mente seriam as emissões de gases para atmosfera, como por exemplo, o gás
carbônico, e que isso representa o único que o planeta está exposto, porém isso é um
mal-entendido, visto que, desenvolvimento sustentável não se limita apenas a uma
ação, como reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa, mas, também,
abriga um conjunto de modelos para o uso dos recursos que visam atender as
necessidades humanas (BOFF, 2017).
Devido a evolução da degradação da natureza e do protesto mundial, houve
uma pressão sobre os governadores e nas empresas para que fizessem com que
todos estipulassem esforços para conferir sustentabilidade ao planeta. Inicialmente
como iniciativa começar a reduzir as emissões de dióxido de carbono e outros gases
de efeito estufa, organizar a produção de baixo carbono e utilizar os três erres: reduzir,
reutilizar e reciclar (BOFF, 2017).
Porém, segundo o mesmo autor, a responsabilidade social não é suficiente, pois,
a sociedade não pode ser pensada sem a sua interação entre sistemas, como por
exemplo a natureza, visto que, existem recursos que as empresas utilizam para
sobreviverem, dessa forma, instituiu o termo da responsabilidade socioambiental,
cujos programas possuem objetivos, como reduzir a pressão que a atividade produtiva
e industrial exerce sobre a natureza e sobre o nosso planeta por completo.
Com isso, a partir dos avanços tecnológicos pode-se superar a escassez de
recursos e atender as necessidades da população crescente, sem colocar em risco
as gerações futuras, através do avanço da qualidade de vida, superando desafios
sociais, ambientais e econômicos (BOFF, 2017).
O desenvolvimento sustentável possui o conceito que surge em meio a
controvérsias importantes sobre a relação entre crescimento econômico, sociedade e
meio ambiente cujo termo surgiu em 1981, sendo consagrado em 1987 pela Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento- Comissão Brundtland e de
acordo com Relatório Brundtland: "desenvolvimento sustentável é um processo de
transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a
orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam
e reforça o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações
futuras ... é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
41

possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.”


(IBGE, 2008).
De fato, o desenvolvimento sustentável propõe qualidade em vez de quantidade,
com a diminuição do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização
e da reciclagem, o que mostra a estreita relação entre inovação tecnológica e
desenvolvimento sustentável (SCHOMMER, 2007).
Os cogumelos por sua vez, por serem organismos não verdes e por não
possuírem clorofila, não podem converter a energia solar em matéria orgânica como
as plantas, mas podem converter grande quantidade de matéria lignocelulósicos como
comentado anteriormente, considerados resíduos agrícolas ou florestais em ração
animal e fertilizantes. Dessa forma, podemos chamar o cultivo de cogumelo uma
atividade de desenvolvimento sustentável, mais conhecida como “a revolução não-
verde”, que pode auxiliar na proteção e recuperação do meio ambiente e gerar
crescimento econômico (POPPE, 2000).
Anualmente, são produzidos 500 milhões de toneladas de resíduos agrícolas,
visto que, destes, 400 milhões são das atividades agropecuária e 100 milhões são das
atividades florestais e apenas 50 milhões são reaproveitados deste total. O restante,
450 milhões de toneladas é incinerado ou fica sem uso (MACHADO, 2019).
De acordo com autor Poppe (2000), é possível produzir 600 milhões de kg de
cogumelos com esse volume de resíduo, considerando que a população possui um
consumo médio anual de 1 kg per capita, no entanto, esse volume é insuficiente para
sanar a fome, porém, poderia ser utilizado como finalidade nutricional.
Além disso, o autor Poppe (2000) aponta os seguintes benefícios da conversão
de resíduos em cogumelos: fornecimento de alimentos, geração de empregos, maior
renda familiar, equilíbrio de geração de resíduos, limpeza nos campos, margens de
estrada e florestas, precaução de incêndios florestais, uso do substrato de cogumelos
como composto para jardim ou horta, e proteção da flora natural dos cogumelos.
Aproximadamente 1,8 milhões de pessoas, ou seja, 30% da população da Terra,
possui deficiência de proteínas, e como a taxa média de proteína encontrada nos
cogumelos varia de 13,4 a 17,5%, eles poderiam ter a finalidade de atender as
deficiências nutricionais (POPPE, 2000; CHANG; MILES, 1989).
De acordo com Eira e Braga (1997) e Bano e Rajarathnam (1988), relatam em
seu trabalho a importância do cogumelo convencional como fonte alternativa de
proteínas, dessa forma, segundo os autores, de forma comparativa, um boi de 500 kg
42

e o equivalente vegetal de 500 kg de soja convertem em energia e produzem,


respectivamente, 500 g e 50 kg de proteína/dia, enquanto o mesmo peso em
leveduras tem a capacidade de produzir 50000 kg/dia.

2.3 CUSTO DE PRODUÇÃO

O custo de produção é importante para que o gestor consiga avaliar a eficiência


da produção da empresa e a lucratividade das suas vendas e ainda possa prever os
ganhos ou perdas futuras (OLIVEIRA, 2000). Além disso, é possível perceber se os
custos estão muito altos e procurar formas de realizar melhorias para aumentar os
retornos financeiros do negócio. O gestor é capaz de usar este indicador para tomar
medidas de redução dos custos, embasar suas decisões estratégicas, melhorar o
processo de produção e com isso, pode conseguir maior margem de lucro
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2008).
Segundo os autores Vasconcellos e Garcia (2008), o custo de produção é
definido como o total de despesas realizadas pela firma com a utilização da
combinação mais econômica dos fatores, por meio da qual é obtida uma quantidade
de produção.
De acordo com o autor Boas et al. (2011), a análise dos custos de produção
consiste em classificar os insumos fixos e variáveis. Fixo é um insumo cuja quantidade
não pode ser alterada rapidamente quando as condições de mercado indicam uma
mudança na produção e variável é um insumo cuja quantidade pode ser alterada
rapidamente quando as condições de mercado indicam uma mudança na produção.
O custo variável é caraterizado pela variação do custo em relação ao volume de
produção de um período, esse indicador sofre alteração diretamente em função da
atividade da empresa e está ligado diretamente ao produto, ou seja, quanto maior a
produção da empresa, maior será o seu custo variável (OLIVEIRA, 2000). Podemos
citar alguns exemplos: fertilizantes, defensivos, combustíveis, alimentação,
medicamentos, manutenção, mão de obra, serviços de máquinas e equipamentos no
setor agrícola (REIS, 2002; PINDYCK; RUBINFELD, 2009)
O custo fixo é aquele que onera a empresa independentemente do nível de
atividade, não variam proporcionalmente ao volume produzido no período e não são
assimilados totalmente pelo produto no curto prazo, ou seja, é considerada apenas a
parte de sua vida útil, via depreciação, como exemplo no setor agrícola, as terras,
43

benfeitorias, máquinas, equipamentos, impostos e taxas fixas, lavouras, obras de


irrigação e drenagem (REIS, 2002; PINDYCK;RUBINFELD, 2009).
Com isso, a classificação dos custos como fixos ou variáveis, permite analisar e
prever o volume necessário de receita em um período para que possa ser sustentado
o nível de atividade planejado (CLEMENTE; SOUZA, 2011).
44

3 MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento da farinha do talo de shiitake seguiu-se as etapas do
fluxograma da Figura 11.

3.1 MATERIAL
3.1.1 EMPRESA DE COGUMELO FUNGIBRAS – BOTUCATU/SP

A empresa Fungibras fica localizada no Estado de São Paulo na cidade de


Botucatu, no Distrito Industrial III. A Fungibras foi fundada em 2003 na Incubadora de
Empresas de Botucatu e desde seu início a empresa pode contar com a grande
experiência do Prof. Dr. Augusto Ferreira da Eira “in memorian”, inovador e
pesquisador de diversos trabalhos científicos, projetos Temáticos, cursos e
publicações relacionadas com o cultivo de cogumelos na Faculdade de Ciências
Agronômicas – UNESP de Botucatu. Hoje formam uma equipe qualificada, cultivando
cogumelos shiitake para atender os diversos setores da alimentação e os
consumidores.
A empresa produz em média 20 toneladas.mês-1 de cogumelos shiitake, quando
há picos na produção pode produzir por dia uma média de 1.350 kg e em dias que
não há picos pode chegar em média 700 kg por dia. Em relação as perdas, das 20
toneladas produzidas por mês, cerca de 10% destes são descartes, podendo ser talos
em excesso, cogumelos manchados, blocos e entre outros, porém, 5% das perdas
está relacionada ao descarte dos talos, isso equivale a 100kg.mês-1 jogado fora sem
nenhum aproveitamento para empresa.
45

Figura 11 - Fluxograma do preparo da farinha do talo de shiitake

Fonte: ELABORADO PELO AUTOR (ABNT – Nbr 12607).


46

3.2 MÉTODOS

3.2.1 PESQUISA REALIZADA COM OS PRODUTORES DAS CIDADES DO


ESTADO DE SÃO PAULO

Para tabulação dos dados foi realizado uma pesquisa via WhatsApp com os
produtores das cidades do Estado de São Paulo e as respostas foram colocadas nas
Tabelas 6 e 7. A Tabela 6 mostra as empresas que produz cogumelo shiitake, porte
da empresa, produção média de cogumelo.mês-1, produção média de cogumelo.dia-1.
A Tabela 7 mostra as mesmas empresas da Tabela 6 com os dados sobre descarte
de cogumelo/mês, descarte de talo/mês e descarte de talo.dia-1.
Vale ressaltar que, durante a pesquisa os produtores comentaram sobre o
reaproveitamento dos blocos do shiitake e talos. A empresa D, por exemplo, descarta
em média semanalmente cerca de 2.000 blocos, sendo que metade eles trituram e
utilizam para produzir húmus de minhoca e a outra metade fornecem a agricultores da
região para utilizar como adubo. Húmus de minhoca é um tipo de adubo produzido
por minhocas a partir de restos de matéria orgânica (animais e vegetais), é uma
substância que proporciona uma nutrição de qualidade para as plantas. Os nutrientes
produzidos são: nitrogênio, fósforo e potássio. O húmus de minhoca é uma forma de
adubação barata que pode ser usada facilmente por qualquer produtor. A produção
desse adubo pode ser realizada na própria propriedade, o que diminui custos com a
aquisição de insumos industriais (SCHIEDECK et al., 2006).
A empresa A, reaproveita os talos para adubação das plantas da propriedade e
uma pequena parte vai para culinária doméstica. Porém, a empresa B e a empresa C,
não faz nenhum tipo de reaproveitamento, é tudo descartado.

3.2.2 CUSTO DE PRODUÇÃO

Para o cálculo do custo de produção, baseou-se no trabalho de Júnior e Alves


(2021), e considerando uma situação hipotética para produção de farinha de estipe de
cogumelo shiitake, serão produzidos 1000kg.mês-1 de farinha de talo com uma jornada
de trabalho de 8 horas diárias de segunda a sexta feiras, contanto três funcionários.
Para o cálculo do custo geral para produzir a farinha do estipe do cogumelo
shiitake, foi realizada uma pesquisa de mercado dos materiais necessários e dessa
47

forma calculou-se o investimento inicial, a mão de obra, os custos fixos e o custo


unitário de insumos diretos.
Com essa situação hipotética para produção de 1000kg.mês-1 de farinha de
talo, pode-se estimar o rendimento de secagem dos talos na estufa com renovação
de ar de 11,9%, com isso, a máquina de secagem receberá por batelada 280 kg.dia-1
de talo úmido e saíra da máquina 33,33 kg.dia-1 de talo seco. A partir desses dados
foi possível definir os equipamentos e suas capacidades.
Para o cálculo do transporte do talo seco e úmido utilizou a tabela da Resolução
Nº 5.959, de 20 de janeiro de 2022 citado por BRASIL (2022) o preço mínimo por Km
de frete de R$2,58 reais.km-1. O cálculo do custo de água e energia utilizou o
simulador próprio das empresas SABESP e CPFL. Para o cálculo do custo de energia
para os equipamentos usados na empresa utilizou um simulador segundo o autor
AOLI (2022). O cálculo para determinação da depreciação dos equipamentos foi
utilizado a Equação 1 (DAUDT, 2021). E de acordo com Brasil (1998) e Brasil (1999),
através das Instruções Normativas 162/98 e 130/99 citado pela Agência Nacional de
Transportes Terrestres - ANTT (2022) , a depreciação para máquinas e equipamentos
é de 10% (valor residual) e a vida útil de 10 anos.

(𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çã𝑜−𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙)


𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çã𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 = (1)
𝑎𝑛𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑣𝑖𝑑𝑎 ú𝑡𝑖𝑙

3.2.3 FARINHA DO TALO DO SHIITAKE

3.2.3.1 DESENVOLVIMENTO E PREPARO DA FARINHA

Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizados estipes de cogumelo


shiitake doados em julho de 2020 pela empresa Fungibras, localizada em Botucatu–
SP. As amostras coletadas foram congeladas no processo de congelamento lento (-
18ºC) e transportadas em caixas térmicas até à UNESP - Botucatu, onde foram
mantidas em freezer a -18ºC até o momento de sua utilização. As amostras foram
descongeladas e higienizadas em solução aquosa de hipoclorito de sódio 200 ppm
por 10 minutos (Figura 12A), seguido de enxágue em água corrente potável de boa
qualidade. Em seguida, as amostras foram cortadas manualmente (largura de
aproximadamente 1cm), branqueadas utilizando água fervente (100ºC±1) durante 2-
48

3 minutos, seguido de resfriamento com água gelada (MARAY et al., 2017), a fim de
evitar o escurecimento enzimático promovido principalmente pelas enzimas tirosinase
e catecolase (MODA et al., 2005). A secagem foi realizada em estufa com renovação
de ar a 70°C, durante 12 h. Todo o material desidratado (Figura 12B) foi acondicionado
em embalagens plásticas, armazenadas em local seco, arejado e ao abrigo da luz. A
moagem foi realizada em moinho de facas da marca Tecnal modelo TE- 650/1 e,
posteriormente, os subprodutos foram peneirados (35 mesh) (Figura 12C). Para o
cálculo do rendimento dos estipes após a secagem utilizou a Equação 2, foi de 11,9%.
A composição centesimal e as análises físico-químicos foram realizadas na farinha do
estipe do cogumelo shiitake.

%𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = (𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑝𝑒𝑠 ú𝑚𝑖𝑑𝑜𝑠 − 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑝𝑒𝑠 𝑠𝑒𝑐𝑜𝑠) ∗ 100 (2)

Figura 12 - Estipes do cogumelo Shiitake após a higienização (A),


após a secagem em estufa (B), e após a moagem – farinha do estipe do
cogumelo (C)

A Foto: Júlia Lima Nunes - 2020 B Foto: Júlia Lima Nunes - 2020 C Foto: Júlia Lima Nunes - 2020

3.2.4 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA FARINHA DE ESTIPE DO COGUMELO


SHIITAKE

3.2.4.1 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE

A determinação de umidade foi realizada em triplicata, por gravimetria (AOAC,


1995), através da secagem em estufa a 105ºC, até peso constante. A porcentagem
de umidade na amostra foi calculada através da Equação 3.
49

(massa cápsula+amostra final)−(massa do cápsula)


% 𝑈𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 100 − (( ) ∗ 100) (3)
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

3.2.4.2 DETERMINAÇÃO DE CINZAS

A determinação de cinzas foi realizada por gravimetria (AOAC, 1995). O método


empregado foi o da incineração em mufla à 550ºC, até as cinzas estarem brancas ou
acinzentadas.
Essa análise foi realizada em triplicada. O cálculo para determinar a
porcentagem de cinzas é apresentado na Equação 4.

(massa cadinho+cinzas final )−(massa do cadinho)


%𝐶𝑖𝑛𝑧𝑎𝑠 = 100 − (( ) ∗ 100) (4)
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

3.2.4.3 DETERMINAÇÃO DE LIPÍDEOS

A determinação de lipídeos foi realizada pelo método de Soxhlet (AOAC, 1995).


Essa análise foi realizada em triplicata. O cálculo da porcentagem de gordura nas
amostras é demostrado pela Equação 5:

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑥 100


%𝐿𝑖𝑝í𝑑𝑒𝑜𝑠 = (5)
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

3.2.4.4 DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNAS

A determinação de proteínas na farinha de estipe do cogumelo shiitake foi


realizada em triplicata pelo método Kjeldahl (AOAC, 1995). Para o cálculo do teor de
nitrogênio utilizou a Equação 6 e para a conversão do teor de nitrogênio em proteína
foi utilizado o fator de 6,25 (Equação 7).

𝑉∗𝑁∗0,014
%𝑁𝑖𝑡𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 = ( ) ∗ 100 (6)
𝑚

%𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 = %𝑁𝑖𝑡𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 ∗ 6,25 (7)

Onde:
V = volume da solução de ácido clorídrico 0,05 N gasto na titulação; após a correção
do branco, em mL;
50

N = normalidade teórica da solução de ácido clorídrico 0,05 N ou solução de ácido


clorídrico 0,1 N;
m = massa da amostra, em gramas.

3.2.4.5 DETERMINAÇÃO DE FIBRAS ALIMENTAR

O teor de fibra foi determinado em triplicata, através do método enzimático-


gravimétrico descrito por Asp et. al (1983). As Equações 8 e 9 foram usadas para
calcular a porcentagem de fibra insolúvel e solúvel, respectivamente. O teor de fibra
total correspondeu à soma das duas frações.

𝑆1 ∗𝐼1 ∗𝐵1
%𝐹𝑖𝑏𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 = ( ) ∗ 100 − %𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 (8)
𝑚
𝑆2 ∗𝐼2 ∗𝐵2
%𝐹𝑖𝑏𝑟𝑎 𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 = ( ) ∗ 100 − %𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 (9)
𝑚

Onde:

m = massa da amostra (g);


S = massa após secagem (g);
I = massa após incineração (g);
B = branco.

3.2.4.6 DETERMINAÇÃO DE CARBOIDRATOS

O teor de carboidratos na amostra de farinha de estipe do cogumelo shiitake foi


determinado por diferença, como mostra a Equação 10 (INFOODS, 2008).

𝐶𝑎𝑟𝑏𝑜i𝑑𝑟𝑎𝑡𝑜 (%) = 100 − (%𝑈𝑀𝐼 + %𝐶𝐼𝑁 + %𝐿𝐼𝑃 + %𝑃𝑇 + %𝐹𝐼𝐵) (10)

3.2.4.7 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AÇÚCARES REDUTORES

A análise de determinação do teor de açúcares redutores foi determinada em


triplicata, através do método de espectrofotometria de Somogyi-Nelson.
O método baseia-se na determinação espectrofotométrica a 535 nm do
composto colorido formado pela reação entre os reativos de Somogyi-Nelson. A
51

determinação de açúcares por esse método é baseada nas propriedades redutoras


dos açúcares, pela reação da hidroxila hemiacetálica dos monossacarídeos.
O princípio do método de Somogyi-Nelson baseia-se na redução de Cu++ a Cu+
pelo açúcar redutor com formação Cu2O, que reduz o arsenomolibato e produz um
composto de coloração azul (NELSON, 1960).
Realizou a leitura no espectrofotômetro a 535nm e para o cálculo da
porcentagem do teor de açúcar redutor utilizou a Equação 11.

𝐴∗ 𝐾∗100
%𝐴ç. 𝑟𝑒𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 = (11)
𝜇𝑔

Onde:

A% = absorbância da amostra a 535 nm.


K = constante da curva padrão da glicose (194,26).
𝜇𝑔 = massa da amostra, em microgramas presente na alíquota da reação.

3.2.4.8 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AÇÚCARES SOLÚVEIS TOTAIS

A análise de determinação do teor de açúcares solúveis totais foi determinada


em triplicata, através do método de espectrofotometria. O método baseia-se na
determinação do teor de açúcares solúveis totais que representa o conteúdo total de
açúcares redutores, mais a sacarose e outros possíveis açúcares solúveis presentes
na amostra. Realizou a leitura no espectrofotômetro a 535nm (NELSON, 1960;
SOMOGY,1945) e para o cálculo da porcentagem do teor de açúcar açúcares solúveis
totais utilizou a Equação 12.

𝐴∗ 𝐾∗100
%𝐴ç. 𝑆𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = (12)
𝜇𝑔

Onde:
A% = absorbância da amostra a 535 nm.
K = constante da curva padrão da glicose (194,26).
𝜇𝑔 = massa da amostra, em microgramas presente na alíquota da reação.
52

3.2.4.9 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AMIDO

A análise de determinação do teor de amido foi determinada em triplicata,


através do método de espectrofotométrica, conforme metodologia descrita por
Somogy (1945). Amostra utilizada para essa análise foi peneirada em uma peneira de
60 mesch. Realizou a leitura no espectrofotômetro a 535nm e para o cálculo da
porcentagem do teor de amido utilizou a Equação 13, 14 e 15.

𝐴∗ 𝐾∗100
%𝐴. 𝑅. 𝑇. (𝑆𝑜𝑚𝑜𝑔𝑦𝑖/ 𝑁𝑒𝑙𝑠𝑜𝑛) = (13)
𝜇𝑔

Onde:

A% = absorbância da amostra a 535 nm.


K = constante da curva padrão da glicose (194,26).
𝜇𝑔 = massa da amostra, em microgramas presente na alíquota da reação.

%Amido(base úmida) = [% A.R.T. (Somogyi / Nelson) – (%Aç. redutor ou solúveis

totais)] x 0,9 (14)

%𝑎𝑚𝑖𝑑𝑜 𝑏𝑎𝑠𝑒 ú𝑚𝑖𝑑𝑎 𝑥 100


%𝐴𝑚𝑖𝑑𝑜(𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑠𝑒𝑐𝑎) = (15)
(100−%𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒)

Onde:

A.R.T. (Somogyi / Nelson) = porcentagem de açúcares totais (expresso em


glicose, após a hidrólise completa dos açúcares da amostra).
%Aç. redutor ou solúveis totais = açúcares livres na amostra sem hidrólise
enzimática, determinado em alíquota da amostra.
%umidade = porcentagem de umidade da amostra analisada.
53

3.3 ANÁLISES FÍSICAS

3.3.1 FARINHA DO TALO DO SHIITAKE

3.3.1.1 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH)

A leitura do pH foi realizada em pHmetro de bancada equipado com eletrodo


de vidro (Micronal; modelo TEC-5), através do método descrito por AOAC (1975).
Foram pesadas 10 g da farinha de estipe do cogumelo shiitake em um béquer de 250
ml e adicionou 100 ml de água destilada e o pH da solução foi mensurado. A análise
foi realizada em triplicata.

3.3.1.2 DETERMINAÇÃO DE ATIVIDADE DE ÁGUA

A atividade de água foi determinada em triplicata, com amostras estabilizadas a


25°C, utilizando o analisador AquaLab 4TE. Esta análise foi realizada em triplicata.

3.3.1.3 DETERMINAÇÃO DE COR INSTRUMENTAL

A determinação da cor instrumental da farinha de estipe de cogumelo foi utilizada


o aparelho colorímetro portátil (Minolta Chroma Meter, Modelo CR-400), realizando-
se a leitura dos parâmetros L* (luminosidade), variando de 0 (preto) a 100 (branco),
a* (intensidade de vermelho/verde), b* (intensidade de amarelo/azul) do sistema
CIELab, com fonte iluminante D65, calibrado em porcelana branca padrão com
Y=93,7, x=0,3160 e y=0,3323 (MINOLTA,1998). A determinação de cor foi realizada
em triplicata.
O ângulo Hue (ângulo de tonalidade) é o valor em graus correspondente ao
diagrama tridimensional de cores, iniciando no eixo +a, sendo que 0º (+a) corresponde
a vermelho, (+b) 90º corresponde a amarelo, 180º (-a) corresponde a verde e 270º (-
b) corresponde a azul. O Croma é representado pelo C* o qual define a intensidade
da cor, o valor de croma é 0 no centro e aumenta conforme a distância deste
(MINOLTA,1998). Os valores numéricos de a* e b* foram convertidos em ângulo Hue
e em Croma (que são as variáveis que melhor representam a cor da farinha do estipe
54

de cogumelo shiitake), conforme as Equações 16 e 17. A Figura 13 mostra um


diagrama de cromaticidade.

𝑎
𝐻𝑢𝑒𝑎𝑏 = 𝑡𝑎𝑛−1 (𝑏) (16)

𝐶 ∗ = √((𝑎∗ )2 + (𝑏 ∗ )2 ) (17)

Figura 13 - Diagrama de cromaticidade

Fonte: LEÃO; ARAÚJO; SOUZA (2005).

3.3.1.4 ANÁLISE ENERGÉTICA

Segundo as normas da legislação brasileira (BRASIL, 2003), o valor energético


deve ser expresso em kcal nos rótulos dos produtos. Portanto, os valores energéticos
obtidos em kcal foram convertidos para kJ (1kcal equivale a 4,186 kJ).
Esse valor foi calculado a partir dos valores de proteína, lipídeo e carboidrato,
utilizando os fatores energéticos de conversão, com auxílio da Equação 17.
• Proteína: 4 kcal 100𝑔−1 ;
• Lipídeo: 9 kcal 100𝑔−1 ;
• Carboidrato: 4kcal 100𝑔−1 .

𝑉𝐸 = 𝑃𝑟𝑜𝑡é𝑖𝑛𝑎 𝑥 𝐹𝐶𝑝𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 + 𝐿𝑖𝑝í𝑑𝑒𝑜 𝑥 𝐹𝐶𝑙𝑖𝑝í𝑑𝑒𝑜 + 𝐶𝑎𝑟𝑏𝑜𝑖𝑑𝑟𝑎𝑡𝑜 𝑥 𝐹𝐶𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑖𝑑𝑟𝑎𝑡𝑜 (17)

Onde:
VE = valor energético (kcal 100 𝑔−1 ).
FC = fator de conversão específico ( kcal 𝑔−1 ).
55

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 RESULTADO DA PESQUISA DOS PRODUTORES DAS CIDADES DO


ESTADO DE SÃO PAULO

Os resultados obtidos na pesquisa dos produtores das cidades do estado de São


Paulo são mostrados na Tabela 6 e 7. A Tabela 6 mostra as empresas produtoras de
cogumelo shiitake, porte da empresa, produção média de cogumelo.mês-1, produção
média de cogumelo.dia-1 e na Tabela 7 mostra as mesmas empresas da Tabela 6 com
os dados sobre descarte de cogumelo.mês-1, descarte de talo.mês-1 e descarte de
talo.dia-1.

Tabela 6 - Empresas produtoras de cogumelo shiitake, porte da empresa,


produção média de cogumelo.mês-1, produção média de cogumelo.dia-1

Empresa/Cidade Porte da Produção média de Produção média


empresa cogumelo.mês-1 de cogumelo.dia-1

Empresa A Pequena/média 2 ton 65kg


Empresa B Pequena 4 ton 133kg
Empresa C Revendedora 25 a 30 ton 830 a 1000kg
Empresa D Empresa rural - 6,6 ton 220kg
média
Empresa E Pequena 600-700kg 25kg
Fonte: ELABORADO PELO AUTOR (2022).
Tabela 7 - Empresas produtoras de cogumelo shiitake, descarte médio de
cogumelo.mês-1, descarte médio de talo.mês-1 e descarte médio de talo.dia-1

Empresa/Cidade Descarte médio de Descarte médio Descarte médio


cogumelos.mês-1 de talo.mês-1 de talo.dia-1

Empresa A 100kg 162,5 kg 3,25kg


Empresa B 250kg 100kg 3,30kg
Empresa C - 1.200kg 40kg
Empresa D 1,5 ton 24.000kg 800kg
Empresa E - 70kg 2,3kg
Fonte: ELABORADO PELO AUTOR (2022).
56

De acordo com a pesquisa realizada, pode-se observar que as empresas da


Tabela 6 são de pequeno e médio porte e produzem por mês uma média de 3,3
toneladas de cogumelos shiitake, e além disso, o descarte médio de cogumelo por
mês entre as empresas foi de 1,85 toneladas e de talos a média entre as empresas
foi de 5,10 toneladas.

4.2 CUSTO

A Tabela 8 mostra o investimento inicial de equipamentos estimado para


produção de 1000 kg.mês-1 de farinha de estipe de cogumelo shiitake: discriminação,
quantidade, preço unitário e total. A Tabela 9 mostra o custo da mão de obra estimado
para produção de 1000kg.mês-1 de farinha de estipe de cogumelo shiitake:
discriminação, quantidade, preço unitário e total.
Os custos fixos correspondem às despesas mensais que não sofrem alterações
com o volume de produção. A Tabela 10 mostra o custo fixo estimado para produção
de 1000kg.mês-1 de farinha de estipe de cogumelo shiitake. A Tabela 11 mostra custos
unitários estimados para produção de 1000kg.mês-1 de farinha de estipe de cogumelo
shiitake e por fim, a Tabela 12 mostra o custo geral para produção de 1000kg.mês-1
de farinha de estipe de cogumelo shiitake.
O investimento inicial necessário para produção de 1000kg.mês-1 de farinha de
estipe de cogumelo shiitake foi de R$ 60.221,18 (Tabela 8), a mão de obra para
produção dessa quantidade contempla três funcionários, sendo que cada um receberá
por mês R$ 1.212,00 (salário mínimo), totalizando o valor de R$ 3.636,00 mensais
(Tabela 9), e cada funcionário receberá ainda o valor diário de R$ 8,00 de vale
transporte (ida e volta ao trabalho), totalizando no mês R$ 528,00 (Tabela 10), dessa
forma, os custos fixos mensais são de R$ 2.497,77.
A depreciação dos equipamentos no mês foi de R$ 492,172 (Tabela 10). Em
uma situação hipotética, supondo que a distância da empresa fornecedora dos estipes
de cogumelo shiitake até a empresa beneficiadora para produção da farinha seja de
6 km e a entrega da matéria prima seja realizada diariamente, dessa forma, o custo
desse transporte será de R$ 341,22.mês-1, e supondo que a distância da beneficiadora
até o estabelecimento de revenda do produto final seja 10 km, o custo desse
transporte será R$ 48,18 no mês, totalizando R$ 389,40.mês-1 (Tabela 10).
57

Tabela 8 - Investimento inicial de equipamentos estimado para produção


de 1000 kg.mês-1 de farinha de estipe de cogumelo shiitake: discriminação,
quantidade, preço unitário e total
Item Discriminação Quantidade Preço Total (R$)
unitário (R$)
1 Estufa com renovação de ar 1 R$ 31.207,50 R$ 31.207,50
1600L
2 Moinho de facas – 30 kg.h-1 1 R$ 9.857,00 R$ 9.857,00
3 Dosadora Semi-automática RG- 1 R$ 17.090,00 R$ 17.090,00
FM5000
Seladora Automática Contínua 1 R$ 1.570,00 R$ 1.570,00
Horizontal RG-900H
4 Peneira (35 mesh). 1 R$ 291,48 R$ 291,48
5 Bandejas perfurada de alumínio 6 R$ 34,20 R$ 205,20
Total R$ 60.221,18
Fonte: ELABORADO PELO AUTOR (2022).

Tabela 9 - Custo da mão de obra estimado para produção de 1000 kg.mês-1


de farinha de estipe de cogumelo shiitake: discriminação, quantidade, preço
unitário e total
Item Discriminação Quantidade Total.mês-1 (R$)
1 Atividade de higienizar e branquear os 1 R$ 1.212,00
talos.
2 Atividade de secagem e moagem dos 1 R$ 1.212,00
talos.
3 Atividade de peneiragem, embalagem, 1 R$ 1.212,00
selagem e armazenagem da farinha
Total R$ 3.636,00
Fonte: ELABORADO PELO AUTOR (2022).

No que diz respeito a embalagem secundária, serão necessárias 16 unidades de


25 caixas de papelão (Tabela 11), visto que, uma caixa terá 10 pacotes de 0,5kg de
farinha de estipe de cogumelo shiitake.
Os custos unitários estimados foram de R$ 1.975,31 (Tabela 11), considerando
que os talos de shiitake terão custo no processamento, uma vez que os talos in-natura
serão doados pela empresa Fungibrás/Botucatu-SP. Serão necessárias embalagens
plásticas de 0,5kg, com custo mensal de R$ 38,99.
58

Tabela 10 - Custos fixos estimados para produção de 1000 kg.mês-1 de farinha


de estipe de cogumelo shiitake

Item Discriminação Total.mês-1 (R$)


1 Vale transporte – funcionários R$ 528,00
2 Luz e água R$ 937,65
3 Produtos de limpeza R$ 150,00
4 Depreciação R$ 492,72
5 Transporte R$ 389,40
Total R$ 2.497,77
Fonte: ELABORADO PELO AUTOR (2022).

Tabela 11 - Custos unitários estimados de insumos diretos para produção de


1000kg.mês-1 de farinha de estipe de cogumelo shiitake
Item Discriminação Quantidade Preço Total.mês-1
unitário (R$) (R$)
1 Farinha de estipe de 1000 kg - R$ 792,00
cogumelo shiitake
2 Embalagens plásticas 1 pacote R$ 19,49 R$ 38,99
0,5kg (2000un)
(5x10)
3 Hipoclorito de sódio 100L R$ 30,00 R$ 660,00
4 Embalagem secundária 16 un R$ 30,27 R$ 484,32
(25 caixas - papelão
31x22x17 cm)
Total R$1.975,31
Fonte: ELABORADO PELO AUTOR (2022).

Tabela 12 - Custo geral de produção para produção de 1000kg.mês-1 de farinha


de estipe de cogumelo shiitake

Item Discriminação Total (R$)


1 Custos unitários R$1.975,31
2 Custo de mão de obra R$ 3.636,00
3 Custos fixos R$ 2.497,77
Total R$ 8.109,08
Fonte: ELABORADO PELO AUTOR (2022).
59

O custo geral para produção de 1000 kg.mês-1 de farinha de estipe de cogumelo


shiitake é de R$ 8.109,08, e a venda dos pacotes de 0,5kg de farinha de estipe de
cogumelo shiitake será de R$4,05. Comparando o preço desta farinha com as farinhas
de trigo de 0,5kg conhecidas no mercado, estas apresentam uma média de preço de
R$ 4,03. Agora, comparando com o preço de farinhas diferenciadas como por
exemplo: farinha de grão de bico, farinha de aveia, farinha de chia, farinha de uva,
farinha de castanha de caju, farinha de linhaça dourada, farinha de coco branca,
farinha de amêndoas fina, farinha de coco sem glúten e entre outras, a média de preço
de um pacote de 0,5kg é de R$ 11,26.
Pode-se dizer que farinha de estipe de cogumelo shiitake apresenta preço
unitário de 0,5kg (R$ 4,05), próximo ao preço médio das farinhas de trigo do mercado
de 0,5kg (R$4,03), e em comparação com as farinhas diferenciadas, apresenta no
qual valor bem inferior (R$11,26).
O lucro é a recompensa e a motivação para a instalação e continuidade de um
empreendimento na sociedade capitalista, é importante saber administrar os valores
dos serviços que disponibiliza e dos lucros de cada item vendido, além disso, para
garantir um sucesso no seu negócio deve-se ter uma boa estratégia no preço
competitivo e concorrentes, planejar a despesas e possuir um diferencial no
atendimento (FUJI, 2004), como verificado neste trabalho para a farinha de estipe de
cogumelo shiitake. E para finalizar, de acordo com Marques (2020), o lucro ideal para
as indústrias é entre 8% a 12%, portanto, considerando-se o lucro máximo de 12%, o
valor final da venda do pacote de 0,5 kg de farinha de estipe de cogumelo shiitake
será de R$ 4,53, valor este dentro do recomendado pelo autor.

4.3 FARINHA DO TALO DE SHIITAKE

4.3.1 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA FARINHA DE ESTIPE DO COGUMELO


SHIITAKE

Os resultados obtidos na análise da composição centesimal em base seca da


farinha de estipe do cogumelo shiitake são mostrados na Tabela 13.
60

Tabela 13 - Composição centesimal (%) em base seca da farinha de estipe de


shiitake

Componente %
Umidade 5,62 ± 0,78
Cinza 3,33 ± 0,04
Lipídeos 1,36 ± 0,10
Fibra total 60,70 ± 0,52
Fibras solúveis 3,34 ± 0,15
Fibras insolúveis 57,36 ± 0,66
Proteína 13,97 ± 0,39
Carboidratos 15,02 ± 0,00
Açúcar total 0,84 ± 0,09
Açúcares redutores 0,39 ± 0,01
Açúcar solúveis totais 0,45 ± 0,08
Amido 1,18 ± 0,47
Valor energético 128,20 Kcal.100g-1
Média ± desvio padrão. n=3.

O resultado obtido na análise de umidade foi de 5,62%. Uma vez que a amostra
inicial deste estudo foi a farinha desidratada de estipe de cogumelo shiitake, era
esperado que o valor de umidade fosse baixo. Segundo a literatura, o trabalho de
Cunha et al. (2011) avaliou a composição de cogumelo shiitake seco a 55ºC e
encontrou teores de umidade de 11,34% em produto obtido pelo produtor de Brasília
e 11,13% em cogumelo do produtor de Mogi das Cruzes. Em outro trabalho, Lira et al
(2016) relataram o valor de 10,24% em cogumelos shiitake secos a 60ºC durante 24
h. Dessa forma, podemos observar que os resultados da literatura estão acima do que
foi obtido neste trabalho. As discrepâncias no teor de umidade entre as amostras
podem estar relacionadas ao fato de que este estudo avaliou somente o estipe do
cogumelo, enquanto os estudos da literatura utilizaram o cogumelo inteiro.
Além disso, há variações no tempo e temperatura de secagem entre os estudos,
os quais influenciam na intensidade de secagem e, consequentemente, no teor de
umidade final das amostras. De acordo com entendimento de Mattila et al. (2001), um
dos fatores mais importantes quando se trata do valor nutricional é o teor da umidade,
haja vista, que este influencia na quantidade de matéria seca, ou seja, no teor dos
61

demais componentes do material em estudo. Afirma ainda que outros fatores


ambientais podem afetar a quantidade de umidade nos cogumelos, tais como: a
temperatura e a umidade relativa do ar e o pH, o que justifica a diferença existente
entre o resultado apresentado neste trabalho em relação à literatura existente sobre o
assunto.
Na análise de cinzas o valor encontrado no presente trabalho foi de 3,33%, valor
muito semelhante ao relatado por Lin et al. (2008), que encontraram 3,5% em farinha
de shiitake. Furlani e Godoy (2007) avaliaram 5 diferentes marcas de cogumelo
shiitake e encontraram valores de cinzas em base seca variando de 5,44 a 8,92%.
Cunha et al (2011) avaliaram amostras de produtores de cogumelo de diferentes
estados e relataram valores de 6,55% em cogumelo produzido no Distrito Federal e
de 6,83% em cogumelo de Mogi das Cruzes. Em outros trabalhos realizados por Helm
et al. (2009) e Pauli (2010), o shiitake apresentou teor de cinzas de 7,90% e 6,70%,
respectivamente. De acordo com o trabalho apresentado por Bano e Rajarathnam
(1988), o shiitake, mostrou o teor de cinzas de 7% e Silva (2013) apresentou o valor
de 4,9%. No trabalho de Mizuno (1995) a composição química do cogumelo A. blazei
desidratado mostra um teor de cinzas entre 5%-7%.
Ao analisar os valores da literatura podemos verificar que alguns resultados
estão acima do encontrado na amostra avaliada neste trabalho. De acordo com Chang
e Miles (1989), o teor de cinzas de cogumelo shiitake apresenta uma variação de 3,7–
7,0%, sendo que o intervalo inferior indicado foi similar ao determinado neste estudo.
De acordo com a literatura, o conteúdo mineral existente no cogumelo (cálcio,
magnésio, potássio, ferro, zinco e cobre, entre outros minerais) sofre influência das
condições apresentadas durante o seu cultivo, isto é: espécie, área de cultivo,
fertilizantes utilizados, tempo de crescimento do corpo de frutificação (SILVA, 2013).
Estas questões, juntamente com o fato que avaliamos, somente o estipe do cogumelo,
podem ter influenciando nas diferenças entre os resultados dos teores de cinza.
No que diz respeito à análise de lipídeo, o valor encontrado no estipe de shiitake
foi de 1,36%. Corroborando com o resultado deste estudo, Lira et al. (2016)
encontraram um teor de 1,96% em farinha de cogumelo shiitake. No entanto, Furlani
e Godoy (2007) e Pauli (2010) encontraram valores para o cogumelo shiitake em base
seca de 4,39% e 3,9%, respectivamente, valores consideravelmente maiores que o
encontrado no estipe. No trabalho apresentado por Bano e Rajarathnam (1988) e
Bononi et al. (1999) os valores em base seca do cogumelo shiitake para o teor de
62

lipídeo foi de 8% e 1,2%, respectivamente. E de acordo com o trabalho de Yokomizo


e Bononi (1985) mostra teores de lipídeos entre 4,9% a 8,0%.
De acordo com Chang e Miles (1989), os cogumelos apresentam baixas
quantidades de lipídeos, variando de 1,1 a 8,3%. Dessa forma, podemos dizer que o
valor obtido para o estipe está de acordo com o intervalo relatado na literatura para
shiitake.
As fibras alimentares presentes nos cogumelos são compostas principalmente
pela hemicelulose, manana e beta-glucana, sendo a última, a principal fibra solúvel
dos cogumelos com ação potencializadora do sistema imunológico (MANZI;
PIZZOFERRATO, 2000). As fibras alimentares estão presentes em grandes
quantidades nos cogumelos comestíveis, o que condiz com o entendimento de Furlani
e Godoy (2007), que relataram valores de 37,26 a 47,60% em base seca e de Reguła
e Siwulski (2007), que encontraram 46,15%. No estudo apresentado por Silva (2013)
e Pauli (2010), relatam valores de 47,2% e 41%, respectivamente. No entanto, no
presente trabalho, o teor de fibra alimentar total foi de 60,70%, valor
consideravelmente maior que os relatados na literatura.
O estipe é descartado por apresentar características sensoriais não desejadas
pelos consumidores, como textura dura e fibrosa, o que pode ser um indicativo que
ele apresenta maior teor de fibra que o cogumelo inteiro, justificando o valor mais alto
encontrado. Outro indicativo são os resultados do estudo de Nasiri et al. (2013), que
apesar de não terem trabalhado com shiitake, compararam a composição do píleo e
do estipe de cogumelo champignon e verificaram que o estipe tem uma quantidade
de fibra superior que a do píleo. Ressalta-se, ainda, o alto teor de fibras da farinha de
estipe de shiitake se compararmos com os conteúdos de fibras de outros alimentos,
como aveia (9,1%) e semente de linhaça (33,5%) (TACO, 2011).
Os resultados para fibras insolúveis e solúveis foram 57,36% e 3,34%,
respectivamente. Regula e Siwulski (2007) obtiveram para fibras solúveis de
cogumelo L. edodes inteiro o teor de 1,95% e para fibras insolúveis 44,2%. Essa alta
quantidade de fibras alimentares confere aos cogumelos uma importante
funcionalidade, por promoverem efeitos fisiológicos benéficos. A fibra alimentar
insolúvel atua como um agente de volume, normalizando a motilidade intestinal e
prevenindo a constipação, enquanto que a fibra solúvel é associada à diminuição na
absorção intestinal de colesterol e glicose (RODRÍGUEZ et al., 2003). Dessa forma, a
fibra total é considerada um ingrediente importante em uma dieta equilibrada e
63

saudável, de acordo com Chang e Miles (1989), relatam que pessoa com diabetes
quando submetida a uma dieta rica em fibras, reduz a necessidade diária de insulina
e estabiliza o perfil de glicose no sangue, possivelmente diminuindo a taxa de
absorção de glicose e/ou retardando o transtorno da motilidade gástrica.
O resultado obtido na análise de proteína foi de 13,97%. Valor ligeiramente
superior (15,19% base seca) foi encontrado por Manzi et al. (1999) em cogumelo
shiitake. Chang e Miles (1989) relataram que o valor de proteína de shiitake pode
variar entre 13,4 a 17,5%, indicando que a amostra de estipe se encontra dentro do
esperado. No entanto, diversos estudos relatam teores de proteínas mais elevados,
como o trabalho de Mattila et al. (2000) (19 a 35%), Pauli (2010) (21,7%), Silva (2013)
(21,4%), Bano e Rajarathnam (1988) (17,5%), Bononi et al. (1999) (13,1%) e
Yokomizo e Bononi (1985) (13,4 a 17,5%). Essa discrepância de valores da amostra
em relação a estes estudos pode ser decorrente do estipe apresentar menor teor de
proteína em relação ao cogumelo inteiro ou píleo, conforme indicado no estudo de
Nasiri et al. (2013) com cogumelo A. bisporus. Comparando o resultado de proteína
obtido nesse estudo com outros tipos de alimentos como, por exemplo, a aveia em
flocos (13,9%) e a carne bovina (12,3%), podemos dizer que o estipe do cogumelo
possui considerável teor de proteína (TACO, 2011). Em razão dos estipes de
cogumelos apresentarem alto teor de proteína, eles podem apresentar potencial
substituição de outros tipos de proteína, como a animal, ou para enriquecimento do
teor proteico.
Os cogumelos são considerados ainda, fontes de carboidratos, como manitol e
trealoses (SILVA, 2013). O carboidrato pode ser calculado pela diferença usando os
dados coletados de proteína, lipídeo, cinzas, fibras totais e umidade (INFOODS,
2008). O valor obtido nesse trabalho foi de 15,02%, os quais são bem inferiores dos
relatados na literatura. Segundo Furlani e Godoy (2007), o teor de carboidrato de
cogumelo shiitake é 69,58%, o autor Bano e Rajarathnam (1988) encontram em seu
trabalho o valor de 67,5%, e se comparar com dados de Chang e Miles (1989), o
resultado varia de 67,5–78,0%, porém, de acordo com Silva (2013), o valor encontrado
foi de 51,8%, cujo resultado está abaixo da faixa de comparação e pelos autores
Bononi et al (1999), o valor encontrado foi de 79,2%, sendo que o resultado é um
pouco mais alto em comparação a faixa apresentada pelos autores Chang e Miles
(1989). No entanto, Pauli (2010) mostra em seus resultados um valor de 26,7%, mais
próximo do encontrado no presente estudo (15,02%).
64

Novamente, ao utilizarmos o estudo de Nasiri et al. (2013) como referência para


a comparação da composição do estipe e do píleo de cogumelos, o estipe do A.
bisporus apresentou 10,82% a mais de carboidratos que o píleo, ou seja, é provável
que o estipe do L. edodes apresente maior teor de carboidrato que o cogumelo inteiro.
Além disso, uma vez que o teor de carboidrato é obtido por diferença, ou seja,
corresponde ao somatório da porcentagem de umidade, gordura, proteína, cinza e
fibra subtraído de 100, variações e possíveis erros nas outras determinações
acarretarão erros no teor de carboidratos.
No trabalho da autora Lira (2017) sobre a aplicação de farinhas de cogumelos
na produção de pão, a farinha de cogumelo shiitake mostrou um teor de açúcar redutor
de 50,20%, um valor alto em comparação ao encontrado neste trabalho que foi de
0,39% e se compararmos com a farinha de trigo (14,56%), esse valor ainda continua
alto. No entanto, ao comparar com o autor Ferreira et al. (2013), o valor do açúcar
redutor da farinha de grãos quebrados de arroz in natura em seu estudo foi de 0,56%,
cujo valor é próximo ao encontrado na farinha de estipe de cogumelo shiitake. Os
açúcares redutores (monossacarídeos, glicose e frutose), reagem com aminoácidos
na reação de Maillard (reação não-enzimática), que ocorre principalmente ao cozinhar
uma comida em temperaturas altas, conferindo sabor. Essa reação pode ser
desejável, como no caso do pão, onde obtém coloração escura e o sabor
característico do produto ou prejudicial quando estas características são alteradas ou
ocorrem perdas de proteínas utilizáveis pelo homem (NITZKE; BIEDRZYCKI, 2021),
fato verificado neste trabalho, cujo valor foi de 0,39%, corroborando uma pequena
probabilidade de ocorrer o escurecimento na farinha do estipe de cogumelo shiitake,
no entanto, suas características sensoriais não sofrerão alterações quando submetida
em altas temperaturas.
O valor encontrado dos açúcares solúveis totais na farinha de estipe de
cogumelo foi de 0,45% e de acordo com o autor Silva (2007), no seu trabalho sobre o
cogumelo A. blazei Murril o teor de açúcares solúveis totais encontrado varia de
0,8323 a 1,6810% e comparando com a literatura, observa-se um valor acima do
encontrado neste trabalho. O teor de amido na farinha de estipe foi de 1,18%. Não foi
encontrado na literatura valores de teor de amido em farinha de cogumelo ou de
estipe, no entanto, segundo o autor Goesaert et al., (2005), o principal constituinte nas
farinhas de trigo é o amido, apresentando um valor de 70-75%, cujo valor está muito
elevado em comparação com a farinha de estipe de cogumelo shiitake.
65

No que diz respeito ao valor energético da farinha do talo de shiitake, o valor


encontrado neste trabalho foi de 128,20 Kcal.100g-1. Segundo o autor Bano e
Rajarathnam (1988), o valor energético encontrado em cogumelo shiitake em seu
estudo foi de 387 Kcal.100g-1 e no estudo dos autores Yokomizo e Bononi (1985), o
valor energético para esse cogumelo pode variar entre 387 a 392 Kcal/100g, e ao se
comparar com a literatura mostra um resultado muito baixo, o motivo dessa diferença
é por se tratar do cogumelo em si, uma vez que o objeto de estudo deste trabalho foi
a farinha de estipe de cogumelo shiitake. E se comparar o valor energético dos outros
alimentos da tabela TACO (2011) com o resultado encontrado neste trabalho,
podemos destacar os valores encontrados nos seguintes alimentos: arroz tipo 1
cozido (128 Kcal.100g-1), batata doce crua (118 Kcal.100g-1), mandioca cozida (126
Kcal.100g-1), banana doce em barra (128 Kcal.100g-1), atum (118 Kcal.100g-1),
sardinha (114 Kcal.100g-1), capa de contrafilé crua (131 Kcal.100g-1), picanha crua
(134 Kcal.100g-1), peito de frango grelhado (119 Kcal.100g-1), queijo petit suisse (121
Kcal.100g-1), macarrão, molho bolognesa (120Kcal.100g-1), entre outros. E ao
comparar com as farinhas, como de trigo (360Kcal.100g-1) e mandioca (361Kcal.100g-
1) esses valores são bem altos em relação ao encontrado neste trabalho.

4.3.2 ANÁLISES FÍSICAS DA FARINHA DE ESTIPE DO COGUMELO SHIITAKE

Os resultados obtidos para cor instrumental mostram que o parâmetro L*, que
se refere à luminosidade, foi de 31,77 (Tabela 14). Valor ligeiramente mais alto (41,74)
foi encontrado em farinha de estipe de shiitake comercial no estudo de Lin et al.
(2008). Estudo de Lira (2017) encontrou valores de 77,27 para o cogumelo shiitake
inteiro, ou seja, a farinha desenvolvida no presente trabalho é mais escura em relação
à desenvolvida por este autor. Este escurecimento possivelmente ocorreu por se tratar
do estudo do cogumelo inteiro na literatura e pelo fato do tempo utilizado na secagem
da amostra de Lira (2017) ter sido maior (24 h).
No que diz respeito a angulação Hue, o valor encontrado foi de 45º e de acordo
com a Figura 14 mostra uma coloração alaranjada e a intensidade é mostrada pelo
valor do Chroma o qual foi de 0,55, como mostrado na Figura 15.
Os parâmetros de cor estão relacionados com a parte do cogumelo avaliada,
bem como, com a intensidade da secagem realizada, a qual pode afetar a coloração
do produto final, nesse sentido, a aplicação da farinha de estipe de cogumelo em
66

produtos, pode ocasionar coloração diferente do tradicional, que pode levar o


consumidor a ser influenciado pela cor na hora da compra.

Tabela 14 - Luminosidade (L*), ângulo Hue (ºHue), chroma, pH, atividade de


água (Aw) da farinha de estipe de shiitake

Parâmetros Estipe de shiitake


L* 31,77 ± 0,36
ºHue 45º
Chroma 0,55 ± 0,01
pH 5,90 ± 0,06
Aw 0,44 ± 0,012
Média ± desvio padrão. n=3.

Figura 14 - Círculo de cor

Fonte: NOGUEIRA et al.(2016).

Figura 15 - Espaço de cor L*C*hº

Fonte: ADAPTADO POR FERREIRA E SPRICIGO (2017).


67

No que se refere ao valor de pH, o resultado obtido neste trabalho foi de 5,90, o
qual está próximo do relatado na literatura (6,12) (Lira et al., 2016). Porém, ao se
comparar com os dados de Cunha et al. (2011), o pH da amostra do cogumelo shiitake
produzido em Brasília foi de 6,52 e o do produzido em Mogi das Cruzes foi de 6,66.
Essa variação no valor do pH, em comparação ao resultado encontrado neste trabalho
pode estar relacionada à diferentes fatores, principalmente ao tipo de substrato
utilizado no cultivo. Pode ainda estar relacionada na concentração dos ácidos no
processo de secagem e a parte do cogumelo analisada (estipe) (CUNHA et al., 2011).
A atividade de água encontrada nesse trabalho foi de 0,44. Segundo Lira et al
(2016), o resultado obtido para farinha de shiitake foi de 0,54 e em outro trabalho,
Cunha et al. (2011) relatou um valor de 0,23. Com esses resultados apresentados,
podemos observar que os produtos são microbiologicamente estáveis à temperatura
ambiente, pois, apresentaram atividade de água menor que 0,6, cujo valor é
considerado limitante para o desenvolvimento de microrganismos (LIRA et al., 2016).

4.4 DISCUSSÃO FINAL

A farinha de cogumelo shiitake pode ser utilizada como ingrediente no


desenvolvimento de produtos e apresenta um potencial de utilização para o
enriquecimento de alimentos. Com isso, a farinha do talo de cogumelo shiitake possui
uma nova aplicação potencial nessas áreas, especificamente quanto aos teores de
fibra e proteína. A farinha de estipe de cogumelo apresentou atividade de água baixa,
o que mostra uma estabilidade microbiológica do produto, além disso, a luminosidade
(L*) mostrou ligeiramente escura o que pode limitar sua aplicação em produtos de cor
muito clara. E ainda traz a oportunidade de converter esses resíduos da produção de
cogumelos em ingredientes alimentares de alto valor agregado, favorecendo o
desenvolvimento de produtos com potencial nutricional benéfico.
A farinha poderia ser incluída como opção a outros alimentos de origem animal
e vegetal, inclusive com potencial probiótico. O custo de produção da farinha de estipe
de cogumelo shiitake apresentou preço unitário (R$ 4,05), cujo valor mostrou menor
em comparação ao preço médio das farinhas diferenciadas (R$ 11,26).
68

5 CONCLUSÃO

Nas condições em que foi realizado este trabalho, pode-se concluir que a farinha
de estipe de cogumelo shiitake:

• Pode ser recomendada na alimentação, podendo ser utilizada como


complementação alimentar no que refere no teor de proteína e fibras
alimentares.
• Apresentou alto teor de fibras, especialmente às fibras insolúveis (57,36%),
baixo teor de umidade (5,62%), baixa atividade de água (0,44%); elevado teor
de proteína (13,97%), baixo teor de lipídeo (1,36%), ligeiramente escura de
acordo com seu teor luminosidade (L*) (31,77), baixo teor de açúcar redutor
(0,39%), revelando pequena probabilidade de ocorrer o seu escurecimento.
• Com relação aos nutrientes proteína, lipídeo, carboidratos e fibras apresentou
uma semelhança aos da farinha do píleo do cogumelo shiitake desidratado.
• O custo de produção da farinha de estipe de cogumelo shiitake representa
preço unitário (R$ 4,05) e valor de venda R$ 4,53, estando dentro dos padrões
de comercialização de outras farinhas.
69

REFERÊNCIAS

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valores atualizados de frete rodoviário: novos preços mínimos para a atividade
estão no Diário Oficial da União. 2022. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-01/antt-publica-tabela-com-
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AOLI, A. Simulador de consumo de energia elétrica. 2021. Disponível em:


https://adrianoaoli.com/eletronica/calculadora-consumo-eletrico.html. Acesso em: 20
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE COGUMELOS (ABPC).


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https://www.zanatta.com.br/category/cogumelo/. Acesso em: 22 abr. 2022.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PRODUTORES DE COGUMELOS (ANPC).


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BANO, Z. A., RAJARATHNAM, S. Pleurotus mushrooms. Part II. Chemical


composition, preservation, ad role and human food. Critical Reviews in Food
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79

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA COM PRODUTORES


DAS CIDADES DO ESTADO DE SÃO PAULO

Figura 16 - Questionário utilizado na pesquisa com os produtores das cidades


do Estado de São Paulo

Fonte: ELABORADO PELO AUTOR (2022).

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