Nunes JL Me Botfca
Nunes JL Me Botfca
Nunes JL Me Botfca
Botucatu
2022
JÚLIA LIMA NUNES
Botucatu
2022
3
Dedico este trabalho a minha família,
ao meu orientador Prof Dr. Rogério
Lopes Vieites, por todo o incentivo e
ajuda para que eu realizasse o sonho
de concluir o mestrado na
Universidade Estadual Paulista "Júlio
de Mesquita Filho" de Botucatu.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO..................................................................................19
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................21
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS COGUMELOS....................... 21
2.1.1 CULTIVO DO COGUMELO SHIITAKE (LETINULA EDODES) E
SUAS CARATERÍSTICAS.................................................................... 29
2.1.2 PRODUÇÃO DE COGUMELOS...................................................... 33
2.1.3 SUBPRODUTOS DA PRODUÇÃO DO PROCESSAMENTO DOS
COGUMELOS.................................................................................. 37
2.2 SUSTENTABILIDADE......................................................................40
2.3 CUSTO DE PRODUÇÃO................................................................. 42
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 44
3.1 MATERIAL....................................................................................... 44
3.1.1 EMPRESA DE COGUMELO FUNGIBRAS – BOTUCATU/SP........44
3.2 MÉTODOS........................................................................................ 46
3.2.1 PESQUISA REALIZADA COM OS PRODUTORES DAS CIDADES
DO ESTADO DE SÃO PAULO........................................................ 46
3.2.2 CUSTO DE PRODUÇÃO................................................................. 46
3.2.3 FARINHA DO TALO DO SHIITAKE................................................ 47
3.2.3.1 DESENVOLVIMENTO E PREPARO DA FARINHA........................ 47
3.2.4 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA FARINHA DE ESTIPE DO
COGUMELO SHIITAKE................................................................... 48
3.2.4.1 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE..................................................... 48
3.2.4.2 DETERMINAÇÃO DE CINZAS........................................................ 49
3.2.4.3 DETERMINAÇÃO DE LIPÍDEOS..................................................... 49
3.2.4.4 DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNAS.................................................49
3.2.4.5 DETERMINAÇÃO DE FIBRAS ALIMENTAR.................................. 50
3.2.4.6 DETERMINAÇÃO DE CARBOIDRATOS........................................ 50
3.2.4.7 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AÇÚCARES REDUTORES........ 50
3.2.4.8 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AÇÚCARES SOLÚVEIS
TOTAIS............................................................................................. 51
3.2.4.9 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AMIDO........................................ 52
3.3 ANÁLISES FÍSICAS.........................................................................53
3.3.1 FARINHA DO TALO DO SHIITAKE................................................ 53
3.3.1.1 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (PH)....... 53
3.3.1.2 DETERMINAÇÃO DE ATIVIDADE DE ÁGUA.................................53
3.3.1.3 DETERMINAÇÃO DE COR INSTRUMENTAL................................ 53
3.3.1.4 ANÁLISE ENERGÉTICA..................................................................54
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................... 55
4.1 RESULTADO DA PESQUISA DOS PRODUTORES DAS
CIDADES DO ESTADO DE SÃO PAULO....................................... 55
4.2 CUSTO............................................................................................. 56
4.3 FARINHA DO TALO DE SHIITAKE................................................. 59
4.3.1 COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA FARINHA DE ESTIPE DO
COGUMELO SHIITAKE................................................................... 59
4.3.2 ANÁLISES FÍSICAS DA FARINHA DE ESTIPE DO COGUMELO
SHIITAKE......................................................................................... 65
4.4 DISCUSSÃO FINAL......................................................................... 67
5 CONCLUSÃO................................................................................... 68
REFERÊNCIAS................................................................................ 69
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA COM
PRODUTORES DAS CIDADES DO ESTADO DE SÃO PAULO.... 79
19
1 INTRODUÇÃO
de toneladas de resíduos por ano no mundo, os quais são descartados, destino que
representa um problema ambiental, além de não gerar ganhos econômicos para o
produtor ou para a indústria (ZHANG et al., 2013).
Os cogumelos contêm todas as principais classes de componentes lipídicos
incluindo ácidos graxos livres, mono-,di- e triglicerídeos, esteróis, ésteres de esterol e
fosfolipídios, os níveis são geralmente em torno de 1 até 20% em base seca. De
acordo com Nappi e Moretto (1998), a composição de ácidos graxos presentes no
cogumelo shiitake são: ácido mirístico (0,71%); ácido esteárico (1,66%); ácido
palmitoléico (1,93%); ácido oléico (6,23%); ácido palmítico (21,94%); ácido linoléico
(67,53%). Além disso, os cogumelos possuem vitaminas (B1,B2 e C) e ergosterol têm
sido isolados deste fungo (SUGUI et al., 2003).
Os cogumelos shiitake são conhecidos por serem alimentos de alto valor
nutricional, apresentando alto teor de fibras (41,92%), proteínas (18,98%) e baixo teor
de lipídeos (4,39%) (FURLANI; GODOY, 2007). Além disso, apresentam uma série de
propriedades bioativas, como antifúngica, antimicrobiana (HEARST et al., 2009),
antitumoral (FINIMUNDY et al. 2013) e atividade antioxidante (KITZBERGER et al.,
2007). São também conhecidos por serem realçadores de sabor, por apresentarem
em sua composição compostos que conferem o sabor umami (POOJARY et al., 2017).
Os cogumelos comestíveis por sua vez, por possuírem estes componentes que
beneficiam o organismo podem contribuir para reduzir a desnutrição ou agregar na
boa alimentação, devido esse alto valor nutricional (MOURA, 2008).
Considerando o potencial nutricional, funcional e sensorial do cogumelo shiitake,
estudos sobre a composição química de seu subproduto, o estipe, são importantes,
no sentido de caracterizar o material e desenvolver aplicações futuras deste resíduo
agroindustrial na indústria alimentícia, representando uma alternativa econômica para
os produtores e agroindústrias, nutricional e de saúde para os consumidores e de
sustentabilidade para o meio ambiente. Este trabalho tem como objetivo caracterizar
e desenvolver a farinha de estipe de cogumelo shiitake, de forma reaproveitá-lo e
tornar um possível subproduto de na alimentação humana.
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS COGUMELOS
Os fungos são seres vivos eucarióticos que podem ser classificados como
unicelulares quando constituídos de uma única célula, ou pluricelulares, quando
22
shiitake e 39,62% para o shimeji. Apresentam, também, baixo teor de lipídeos (5,42%
em cogumelo champignon, 4,39% em shiitake e 4,30% em shimeji, todos em base
seca) (FURLANI; GODOY, 2007), características que o tornam um alimento com apelo
à saúde.
A atividade de água é um dos parâmetros mais importantes na
conservação de alimentos, tanto no aspecto biológico como nas transformações
físicas. A água presente nos alimentos pode apresentar-se na forma de molécula livre
ou ligada ao substrato (SCOTT, 1957 e NETO et al., 1976). A Tabela 1 mostra a
atividade de água de alguns alimentos.
Dessa forma, podem ser previstas reações de oxidação lipídica, escurecimento
não enzimático, atividade enzimática, desenvolvimento de microrganismos, assim
como o comportamento de misturas de alimentos com diferentes valores de atividade
de água e sistema de embalagens, além disso, a atividade de água pode afetar em
outros parâmetros como: oxidação e cor (NETO et al., 1976). A Tabela 2 mostra
valores mínimos de atividade de água que permitem a multiplicação de grupos de
microrganismos que alteram os alimentos.
Os cogumelos por sua vez são altamente perecíveis devido ao seu elevado
conteúdo de água de (6,75 a 18,9 kg de água/kg de sólido seco), que representa
aproximadamente 87 a 95% de sua massa úmida. Se os cogumelos frescos não forem
imediatamente consumidos, eles devem passar por algum tipo de tratamento para
evitar sua deterioração, como por exemplo a secagem, que é o processo mais usado
para preservação de cogumelos para o aumento do seu prazo de validade (ARORA
et al., 2003). O prazo de validade da farinha é de 12 meses a partir da produção (LIRA
et al., 2016).
O processo de secagem é um dos mais antigos métodos de conservação de
alimentos e é uma operação que pode provocar mudanças indesejáveis ao produto
desidratado, como o escurecimento enzimático e não enzimático (MASKAN, 2000).
A secagem é uma operação por meio da qual a água ou qualquer outro
líquido é removido de um material. As vantagens dessa operação são: aumento da
vida útil do produto; facilidade no transporte e comercialização; o processo é
econômico; os secadores semi-industriais têm baixo custo; a mão de obra não
necessita ser especializada e os produtos desidratados têm baixo custo de
armazenagem (CELESTINO, 2010).
28
2.2 SUSTENTABILIDADE
3 MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento da farinha do talo de shiitake seguiu-se as etapas do
fluxograma da Figura 11.
3.1 MATERIAL
3.1.1 EMPRESA DE COGUMELO FUNGIBRAS – BOTUCATU/SP
3.2 MÉTODOS
Para tabulação dos dados foi realizado uma pesquisa via WhatsApp com os
produtores das cidades do Estado de São Paulo e as respostas foram colocadas nas
Tabelas 6 e 7. A Tabela 6 mostra as empresas que produz cogumelo shiitake, porte
da empresa, produção média de cogumelo.mês-1, produção média de cogumelo.dia-1.
A Tabela 7 mostra as mesmas empresas da Tabela 6 com os dados sobre descarte
de cogumelo/mês, descarte de talo/mês e descarte de talo.dia-1.
Vale ressaltar que, durante a pesquisa os produtores comentaram sobre o
reaproveitamento dos blocos do shiitake e talos. A empresa D, por exemplo, descarta
em média semanalmente cerca de 2.000 blocos, sendo que metade eles trituram e
utilizam para produzir húmus de minhoca e a outra metade fornecem a agricultores da
região para utilizar como adubo. Húmus de minhoca é um tipo de adubo produzido
por minhocas a partir de restos de matéria orgânica (animais e vegetais), é uma
substância que proporciona uma nutrição de qualidade para as plantas. Os nutrientes
produzidos são: nitrogênio, fósforo e potássio. O húmus de minhoca é uma forma de
adubação barata que pode ser usada facilmente por qualquer produtor. A produção
desse adubo pode ser realizada na própria propriedade, o que diminui custos com a
aquisição de insumos industriais (SCHIEDECK et al., 2006).
A empresa A, reaproveita os talos para adubação das plantas da propriedade e
uma pequena parte vai para culinária doméstica. Porém, a empresa B e a empresa C,
não faz nenhum tipo de reaproveitamento, é tudo descartado.
3 minutos, seguido de resfriamento com água gelada (MARAY et al., 2017), a fim de
evitar o escurecimento enzimático promovido principalmente pelas enzimas tirosinase
e catecolase (MODA et al., 2005). A secagem foi realizada em estufa com renovação
de ar a 70°C, durante 12 h. Todo o material desidratado (Figura 12B) foi acondicionado
em embalagens plásticas, armazenadas em local seco, arejado e ao abrigo da luz. A
moagem foi realizada em moinho de facas da marca Tecnal modelo TE- 650/1 e,
posteriormente, os subprodutos foram peneirados (35 mesh) (Figura 12C). Para o
cálculo do rendimento dos estipes após a secagem utilizou a Equação 2, foi de 11,9%.
A composição centesimal e as análises físico-químicos foram realizadas na farinha do
estipe do cogumelo shiitake.
%𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = (𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑝𝑒𝑠 ú𝑚𝑖𝑑𝑜𝑠 − 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑖𝑝𝑒𝑠 𝑠𝑒𝑐𝑜𝑠) ∗ 100 (2)
A Foto: Júlia Lima Nunes - 2020 B Foto: Júlia Lima Nunes - 2020 C Foto: Júlia Lima Nunes - 2020
𝑉∗𝑁∗0,014
%𝑁𝑖𝑡𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 = ( ) ∗ 100 (6)
𝑚
Onde:
V = volume da solução de ácido clorídrico 0,05 N gasto na titulação; após a correção
do branco, em mL;
50
𝑆1 ∗𝐼1 ∗𝐵1
%𝐹𝑖𝑏𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 = ( ) ∗ 100 − %𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 (8)
𝑚
𝑆2 ∗𝐼2 ∗𝐵2
%𝐹𝑖𝑏𝑟𝑎 𝑠𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 = ( ) ∗ 100 − %𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 (9)
𝑚
Onde:
𝐴∗ 𝐾∗100
%𝐴ç. 𝑟𝑒𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 = (11)
𝜇𝑔
Onde:
𝐴∗ 𝐾∗100
%𝐴ç. 𝑆𝑜𝑙ú𝑣𝑒𝑙 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = (12)
𝜇𝑔
Onde:
A% = absorbância da amostra a 535 nm.
K = constante da curva padrão da glicose (194,26).
𝜇𝑔 = massa da amostra, em microgramas presente na alíquota da reação.
52
𝐴∗ 𝐾∗100
%𝐴. 𝑅. 𝑇. (𝑆𝑜𝑚𝑜𝑔𝑦𝑖/ 𝑁𝑒𝑙𝑠𝑜𝑛) = (13)
𝜇𝑔
Onde:
Onde:
𝑎
𝐻𝑢𝑒𝑎𝑏 = 𝑡𝑎𝑛−1 (𝑏) (16)
𝐶 ∗ = √((𝑎∗ )2 + (𝑏 ∗ )2 ) (17)
Onde:
VE = valor energético (kcal 100 𝑔−1 ).
FC = fator de conversão específico ( kcal 𝑔−1 ).
55
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.2 CUSTO
Componente %
Umidade 5,62 ± 0,78
Cinza 3,33 ± 0,04
Lipídeos 1,36 ± 0,10
Fibra total 60,70 ± 0,52
Fibras solúveis 3,34 ± 0,15
Fibras insolúveis 57,36 ± 0,66
Proteína 13,97 ± 0,39
Carboidratos 15,02 ± 0,00
Açúcar total 0,84 ± 0,09
Açúcares redutores 0,39 ± 0,01
Açúcar solúveis totais 0,45 ± 0,08
Amido 1,18 ± 0,47
Valor energético 128,20 Kcal.100g-1
Média ± desvio padrão. n=3.
O resultado obtido na análise de umidade foi de 5,62%. Uma vez que a amostra
inicial deste estudo foi a farinha desidratada de estipe de cogumelo shiitake, era
esperado que o valor de umidade fosse baixo. Segundo a literatura, o trabalho de
Cunha et al. (2011) avaliou a composição de cogumelo shiitake seco a 55ºC e
encontrou teores de umidade de 11,34% em produto obtido pelo produtor de Brasília
e 11,13% em cogumelo do produtor de Mogi das Cruzes. Em outro trabalho, Lira et al
(2016) relataram o valor de 10,24% em cogumelos shiitake secos a 60ºC durante 24
h. Dessa forma, podemos observar que os resultados da literatura estão acima do que
foi obtido neste trabalho. As discrepâncias no teor de umidade entre as amostras
podem estar relacionadas ao fato de que este estudo avaliou somente o estipe do
cogumelo, enquanto os estudos da literatura utilizaram o cogumelo inteiro.
Além disso, há variações no tempo e temperatura de secagem entre os estudos,
os quais influenciam na intensidade de secagem e, consequentemente, no teor de
umidade final das amostras. De acordo com entendimento de Mattila et al. (2001), um
dos fatores mais importantes quando se trata do valor nutricional é o teor da umidade,
haja vista, que este influencia na quantidade de matéria seca, ou seja, no teor dos
61
saudável, de acordo com Chang e Miles (1989), relatam que pessoa com diabetes
quando submetida a uma dieta rica em fibras, reduz a necessidade diária de insulina
e estabiliza o perfil de glicose no sangue, possivelmente diminuindo a taxa de
absorção de glicose e/ou retardando o transtorno da motilidade gástrica.
O resultado obtido na análise de proteína foi de 13,97%. Valor ligeiramente
superior (15,19% base seca) foi encontrado por Manzi et al. (1999) em cogumelo
shiitake. Chang e Miles (1989) relataram que o valor de proteína de shiitake pode
variar entre 13,4 a 17,5%, indicando que a amostra de estipe se encontra dentro do
esperado. No entanto, diversos estudos relatam teores de proteínas mais elevados,
como o trabalho de Mattila et al. (2000) (19 a 35%), Pauli (2010) (21,7%), Silva (2013)
(21,4%), Bano e Rajarathnam (1988) (17,5%), Bononi et al. (1999) (13,1%) e
Yokomizo e Bononi (1985) (13,4 a 17,5%). Essa discrepância de valores da amostra
em relação a estes estudos pode ser decorrente do estipe apresentar menor teor de
proteína em relação ao cogumelo inteiro ou píleo, conforme indicado no estudo de
Nasiri et al. (2013) com cogumelo A. bisporus. Comparando o resultado de proteína
obtido nesse estudo com outros tipos de alimentos como, por exemplo, a aveia em
flocos (13,9%) e a carne bovina (12,3%), podemos dizer que o estipe do cogumelo
possui considerável teor de proteína (TACO, 2011). Em razão dos estipes de
cogumelos apresentarem alto teor de proteína, eles podem apresentar potencial
substituição de outros tipos de proteína, como a animal, ou para enriquecimento do
teor proteico.
Os cogumelos são considerados ainda, fontes de carboidratos, como manitol e
trealoses (SILVA, 2013). O carboidrato pode ser calculado pela diferença usando os
dados coletados de proteína, lipídeo, cinzas, fibras totais e umidade (INFOODS,
2008). O valor obtido nesse trabalho foi de 15,02%, os quais são bem inferiores dos
relatados na literatura. Segundo Furlani e Godoy (2007), o teor de carboidrato de
cogumelo shiitake é 69,58%, o autor Bano e Rajarathnam (1988) encontram em seu
trabalho o valor de 67,5%, e se comparar com dados de Chang e Miles (1989), o
resultado varia de 67,5–78,0%, porém, de acordo com Silva (2013), o valor encontrado
foi de 51,8%, cujo resultado está abaixo da faixa de comparação e pelos autores
Bononi et al (1999), o valor encontrado foi de 79,2%, sendo que o resultado é um
pouco mais alto em comparação a faixa apresentada pelos autores Chang e Miles
(1989). No entanto, Pauli (2010) mostra em seus resultados um valor de 26,7%, mais
próximo do encontrado no presente estudo (15,02%).
64
Os resultados obtidos para cor instrumental mostram que o parâmetro L*, que
se refere à luminosidade, foi de 31,77 (Tabela 14). Valor ligeiramente mais alto (41,74)
foi encontrado em farinha de estipe de shiitake comercial no estudo de Lin et al.
(2008). Estudo de Lira (2017) encontrou valores de 77,27 para o cogumelo shiitake
inteiro, ou seja, a farinha desenvolvida no presente trabalho é mais escura em relação
à desenvolvida por este autor. Este escurecimento possivelmente ocorreu por se tratar
do estudo do cogumelo inteiro na literatura e pelo fato do tempo utilizado na secagem
da amostra de Lira (2017) ter sido maior (24 h).
No que diz respeito a angulação Hue, o valor encontrado foi de 45º e de acordo
com a Figura 14 mostra uma coloração alaranjada e a intensidade é mostrada pelo
valor do Chroma o qual foi de 0,55, como mostrado na Figura 15.
Os parâmetros de cor estão relacionados com a parte do cogumelo avaliada,
bem como, com a intensidade da secagem realizada, a qual pode afetar a coloração
do produto final, nesse sentido, a aplicação da farinha de estipe de cogumelo em
66
No que se refere ao valor de pH, o resultado obtido neste trabalho foi de 5,90, o
qual está próximo do relatado na literatura (6,12) (Lira et al., 2016). Porém, ao se
comparar com os dados de Cunha et al. (2011), o pH da amostra do cogumelo shiitake
produzido em Brasília foi de 6,52 e o do produzido em Mogi das Cruzes foi de 6,66.
Essa variação no valor do pH, em comparação ao resultado encontrado neste trabalho
pode estar relacionada à diferentes fatores, principalmente ao tipo de substrato
utilizado no cultivo. Pode ainda estar relacionada na concentração dos ácidos no
processo de secagem e a parte do cogumelo analisada (estipe) (CUNHA et al., 2011).
A atividade de água encontrada nesse trabalho foi de 0,44. Segundo Lira et al
(2016), o resultado obtido para farinha de shiitake foi de 0,54 e em outro trabalho,
Cunha et al. (2011) relatou um valor de 0,23. Com esses resultados apresentados,
podemos observar que os produtos são microbiologicamente estáveis à temperatura
ambiente, pois, apresentaram atividade de água menor que 0,6, cujo valor é
considerado limitante para o desenvolvimento de microrganismos (LIRA et al., 2016).
5 CONCLUSÃO
Nas condições em que foi realizado este trabalho, pode-se concluir que a farinha
de estipe de cogumelo shiitake:
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