Gabarito Quarto de Despejo Objetivas
Gabarito Quarto de Despejo Objetivas
Gabarito Quarto de Despejo Objetivas
1 – GABARITOS
Questões objetivas:
1. Os registros de Carolina Maria de Jesus revelam, dentre várias questões, seu desejo
de sair da favela. De acordo com o livro, esse desejo se fundamenta:
Obs.: As demais assertivas contemplam questões que não são abordadas, pela narradora,
como motivos para sair da favela.
I. Política e cidadania
II. Violência doméstica e violência sexual
III. Incesto e pedofilia
IV. Pobreza e miséria
V. Alcoolismo
a) Apenas as assertivas I, IV e V
b) Apenas as assertivas II e III
c) Apenas as assertivas I e IV
d) As assertivas I, II, III, IV e V
e) Apenas a assertiva V
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
O poema O Bicho, escrito pelo autor brasileiro Manuel Bandeira (1886-1968), tece uma
dura crítica social da realidade brasileira dos anos quarenta. Infelizmente essa condição
de desigualdade ainda hoje é encontrada nos grandes centros urbanos do nosso país,
fazendo com que o poema permaneça assustadoramente atual. Dentre os trechos a
seguir, retirados do livro em questão, qual é o que melhor dialoga com o poema acima?
a) “Vesti os meninos que foram para a escola. Eu saí e fui girar para arrancar dinheiro.
Passei no Frigorifico, peguei uns ossos. As mulheres vasculham o lixo procurando carne
para comer. E elas dizem que é para os cachorros. Até eu digo que é para os
cachorros...”
b) “ – Se você fosse meu filho, você era preto. E sendo filho de Rosalina você é branco.
Ele respondeu-me:
- Mas se eu fosse teu filho eu não passava fome. A mamãe ganha pão duro e nos obriga
a comer os pães duro até acabar.”
c) “O serviço de Saude do Estado disse que a agua da lagoa transmite as doenças do
caramujo. Vieram nos revelar o que ignorávamos. Mas não soluciona a deficiência da
água.”
d) “...O que eu acho interessante é quando alguém entra num bar ou emporio logo
aparece um que oferece pinga. Por que não oferece um quilo de arroz, feijão, doce etc?”
e) “... Passei no açougue para comprar meio kilo de carne para bife. Os preços era 24 e
28. Fiquei nervosa com a diferença dos preços. O açogueiro explicou-me que o filé é
mais caro. Pensei na desventura da vaca, a escrava do homem.”
5. “Ele diz que queria ser meu filho. Então eu lhe digo:
- Se você fosse meu filho, você era preto. E sendo filho de Rosalina você é branco.
Ele respondeu-me:
- Mas se eu fosse teu filho eu não passava fome. A mamãe ganha pão duro e nos obriga
a comer os pães duro até acabar.
Segui pensando na desventura das crianças que desde pequeno lamenta sua condição no
mundo. Dizem que a Princesa Margareth da Inglaterra tem desgosto de ser princesa. São
os dilemas da vida.”
a) Carolina era frequentemente procurada por crianças órfãs, que enxergavam nela a
possibilidade de uma vida melhor.
b) Carolina defendia a segregação racial, propondo a divisão da favela entre brancos,
pretos e ciganos.
c) Carolina era considerada pela comunidade como mãe de todos, por diferenciar-se
intelectualmente e ser a porta-voz da favela.
d) A fome dos filhos era o motivo de maior tristeza para Carolina.
e) A referência à Princesa Margareth foi uma contradição.
Obs: Embora Carolina possa ser considerada uma porta-voz da favela, a comunidade se
incomodava com isso e não a considerava “mãe de todos”.
6. “Vi as moças da Fábrica de Doces, tão limpinhas. AI. e a C. podiam trabalhar. Ainda
não tem 18 anos. São infelizes que iniciam a vida no lodo... Hoje estou triste. Deus
devia dar uma alma alegre para o poeta.”
7. “...Comecei queixar para a Dona Maria das Coelhas que o que eu ganho não dá para
tratar os meus filhos. Eles não tem roupas nem o que calçar. E eu não paro um minuto.
Cato tudo que se pode vender e a miseria continua firma ao meu lado.
Ela disse-me que já está com nojo da vida. Ouvi seus lamentos em silêncio. E disse-lhe:
- Nós já estamos predestinados a morrer de fome!”
A partir do perfil de Carolina, é viável afirmar que a “predestinação” observada por ela
diz respeito à/ao:
a) desigualdade social
b) determinismo racial
c) pessimismo
d) seleção natural
e) destino
d) A autora emprega frases muito longas e parágrafos sem nenhuma pontuação, o que
confere extrema lentidão à obra.(Não corresponde a características da escrita do livro.)
9. “...O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também
é professora.”
O trecho acima faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em
Quarto de despejo. Considerando o conjunto dessas observações, indique a alternativa
que resume de modo adequado a posição da autora sobre a lógica política das eleições.
a) A única coisa que os políticos sabem fazer é empregar seus filhos e parentes no
poder.
c) As pessoas pobres não sabem analisar os candidatos, votam naquele que eles acham
que vai ganhar, o que prejudica a democracia.
d) Melhor que a democracia, seria a monarquia, já que o povo não sabe votar.
a) Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo
de literatura-verdade, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela.
b) Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor
pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu.
c) A história se passa na comunidade do Canindé, em São Paulo.
d) Carolina, segundo a narradora, suporta sua rotina de fome e violência através da
escrita.
e) A autenticidade da linguagem utilizada fez com que ninguém questionasse a autoria
do livro, fato que lhe garantiu a publicação.
Obs.: Conforme pode ser verificado no prefácio do livro, a autoria da obra foi
questionada na época de sua primeira publicação.
11. Na obra: “O quarto de despejo: diário de uma favelada”, a autora Carolina Maria
de Jesus, retrata de maneira concreta o cotidiano de um morador de favela. Observe os
trechos abaixo e depois responda à questão.
20 de maio
(...)
Como é horrível ver um filho comer e perguntar: “Tem mais? Esta palavra “tem mais” fica
oscilando dentro do cérebro de uma mãe que olha as panelas e não tem mais.
(...)
21 de maio
(...)
Deu-me uns pedaços. Para não maguá-lo aceitei. Procurei convencê-lo a não comer aquela
carne. Para comer os pães duros ruídos pelos ratos. Ele disse-me que não. Que há dois dias não
comia. Ascendeu o fogo e assou a carne.
(...)
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática, 2007.
Os relatos da obra trazem à tona a desigualdade social no nosso país. A noção dessa
realidade sugerida pela autora revela:
a) A fome como um estágio constante na vida do favelado. (os trechos revelam que
a fome está presente na vida dos mais pobres e dos favelados)
b) A oportunidade de matar a fome por meio do trabalho.(o trabalho, nesse
contexto, não era suficiente para matar a fome)
c) A diferença de condições de vida de um favelado e um morador de rua. (os dois
relatos sugerem uma situação de vulnerabilidade)
d) A preocupação com a política do país.(não está colocada esse preocupação nos
relatos citados).
e) A preocupação com a qualidade do alimento que se consome.(essa não é a
preocupação, não está presente no primeiro relato).
Quando eu era menina o meu sonho era ser homem para defender o Brasil porque eu lia a
História do Brasil e ficava sabendo que existia guerra. Só lia nomes masculinos como defensor
da pátria. Então eu dizia para minha mãe:
(...)
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática, 2007.
13. Leia com atenção os relatos abaixo e depois faça o que se pede:
16 de junho
(...)
14 de agosto
(...)
Quiz saber o que eu estava fazendo no elevador. Expliquei-lhe que a mãe dos meninos havia
dado-me uns jornaes. Era este o motivo da minha presença no elevador. Perguntei-lhe se era
médico ou deputado. Disse-me que era senador.
O homem estava bem vestido. Eu estava descalça. Não estava em condições de andar no
elevador.
(...)
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática, 2007.
15. Ao relatar o cotidiano na favela pelo olhar de uma mulher negra, Carolina Maria de
Jesus contribuiu para o debate acerca de extrema desigualdade que assola,
historicamente, o Brasil. Considerando essas reflexões, assinale a alternativa correta.
20 de setembro
(...)
Fui ao empório, levei 44 cruzeiros. Comprei um quilo de açúcar, um de feijão e dois ovos.
Sobrou dois cruzeiros. Uma senhora que fez compra gastou 43 cruzeiros. E o senhor Eduardo
disse:
Eu disse:
(...)
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática, 2007.
(...)
Na nossa ideologia nacional, temos um mito de três raças formadoras. Não se pode negar o
mito. Mas o que se pode indicar é que o mito é precisamente isso: uma forma sutil de esconder
uma sociedade que ainda não se sabe hierarquizada e divididas entre múltiplas possibilidades de
classificação.
(...)
DaMatta, Roberto. A ilusão das relações raciais. In.: DaMatta, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco,
1986.
a) A atenção dada pelo Estado e pela sociedade à saúde mental dos cidadãos que
vivem nas favelas brasileiras. (não aparece nos relatos ação do Estado sobre
saúde mental).
b) Que a situação de extrema carência material e de pouca perspectiva de vida
levam ao limite pessoas que vivem nessa condição, desencadeando processos
sérios de depressão e desânimo. (desânimo com a miséria pode levar alguns a
pensar na morte).
c) A iniciativa da sociedade civil organizada no atendimento psicológico a essas
pessoas.(não existe nos relatos iniciativas para atendimento psicológico).
d) A preocupação com a saúde mental no centro dos debates políticos.(não é um
tema dos debates políticos).
e) A iniciativa de empresas privadas no atendimento psicológico a essas
pessoas.(não é possível verificar iniciativas de empresas privadas).
18.
“29 DE JUNHO ...Na igreja eu ganhei dois quilos de macarrão, balas,
biscoitos (...) Quando cheguei na favela estavam organizando uma
corrida só para mulheres. Na rua “A” tem um baile. Depois que a favela
superlotou-se de nortistas tem mais intriga. Mais polêmica e mais
distrações. A favela ficou quente igual a pimenta. Fiquei na rua até as
nove horas para prestar atenção nos movimentos da favela. Para ver
como é que o povo age a noite. (...) [página 75]
19.
Leia a matéria publicada no jornal O Globo em 10/09/2019
Negros na liderança: debates sobre desigualdade racial crescem, mas falta de
referências ainda é barreira para profissionais
c)“18 DE JULHO ...Quando eu ia catar papel encontrei a Dona Binidita mãe da Nena
preta. Eu digo Nena preta porque nós temos aqui na favela a Nena branca. (...)
Começamos a falar do menino que morreu nos fios da Light. Ela disse-me que foi o
filho da Laura do Vicentão.
— Oh! — exclamei. Porque conhecia o menino e a sua história de filho engeitado. Aí
vai a história do infausto Miguel Colona:”
d)“22 DE JULHO ... Tem hora que revolto com a medi atribulada que levo. E tem hora
que me conformo. Conversei com uma senhora que cria uma menina de cor. É tão boa
para a menina ... Lhe compra vestidos de alto preço. Eu disse:
— Antigamente eram os pretos que criava os brancos. Hoje são os brancos que criam os
pretos.”
e)“14 de setembro ... Hoje é dia da pascoa de Moysés. O Deus dos judeus. Que libertou
os judeus até hoje. O preto é perseguido porque a sua pele é de cor da noite. E o judeu
porque é inteligente. Moysés quando via os judeus descalços e rotos orava pedindo a
Deus para dar-lhe conforto e riquesas. É por isso que os judeus quase todos são ricos.
Já nós os pretos não tivemos um profeta para orar por nós,”
20.
a) A autora vivia isolada na favela por isso desconhecia o que se passava nos bairros
nobres e no centro de São Paulo.
b) A favela recebeu pessoas expulsas de suas terras ou de suas casas por motivos
diversos; as pessoas que moravam ou nos bairros nobres não passaram por essa
situação . Daí surgiram as metáforas usadas: quarto de despejo e sala de visitas.
c) A favela era a bagunça e a sujeira e o centro, especificamente, a Avenida São João, o
centro de São Paulo e os bairros nobres não se caracterizavam pela organização e pela
limpeza.
d)A favela era o único ambiente conhecido por Carolina Maria. Ela não conhecia a sala
de visitas.
e) O apartamento da Dona Mara era organizado, por isso foi comparado à sala de
visitas, desconhecida por quem só conhece o quarto de despejo.
21.
São temas tratados no livro Quarto de Despejo (1960), escrito por Carolina
Maria de Jesus, exceto:
a) fome
b) miséria
c) violência doméstica
d) misoginia
e) crime organizado