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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP

FACULDADE DE DIREITO DO LARGO DE SÃO FRANCISCO

IASMIN VITÓRIA OLIVEIRA VERÍSSIMO

BRASIL SOCIAL: UMA PERSPECTIVA POLÍTICA E ECONÔMICA PARA


COMPREENDER AS ADVERSIDADES DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E A
RESPECTIVA CONSEQUÊNCIA JURÍDICA DO SISTEMA EM VOGA

SÃO PAULO
2023
n° USP: 14750772
IASMIN VITÓRIA OLIVEIRA VERÍSSIMO

BRASIL SOCIAL: UMA PERSPECTIVA POLÍTICA E ECONÔMICA PARA


COMPREENDER AS ADVERSIDADES DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E A
RESPECTIVA CONSEQUÊNCIA JURÍDICA DO SISTEMA EM VOGA

Trabalho apresentado como requisito parcial


para aprovação na disciplina de Economia
Política (DEF0113), ministrada pelo Prof.
Alessandro Octaviani, no âmbito do curso de
Graduação em Direito da Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo.
Orientador: Alessandro Octaviani

SÃO PAULO
2023
SUMÁRIO

Resumo....................................................................................................................................... 4
Introdução..................................................................................................................................5
Fundamentação teórica............................................................................................................ 7
1. Maneira como a economia política ajuda a compreender os dilemas do
desenvolvimento brasileiro:................................................................................................7
2. O papel do direito no processo de superação das dificuldades econômicas
brasileiras:......................................................................................................................... 10
Considerações finais................................................................................................................13
Referências bibliográficas...................................................................................................... 14
Resumo

O direito e a ciência da economia política estão intrinsecamente associados no que


tange às relações humanas. Em reflexão a tal fato, a abordagem do presente texto é pautada
em uma construção cronológica dos eventos históricos mais discutidos durante os séculos XX
e XXI, a partir de teorias fundamentadas na política do marxismo e consoantes
desenvolvimentistas. Para tanto, o método adotado para explorar as vertentes indicadas foi
empregado por intermédio de uma pesquisa qualitativa, especificamente análise bibliográfica,
na qual produziu como resultado a compreensão das adversidades da economia brasileira em
distintas temporalidades, bem como a elaboração de uma argumentação sólida para explicar as
seguintes indagações: 1. De que maneira a economia política ajuda a compreender os dilemas
do desenvolvimento brasileiro?; 2. Qual seria o papel do direito no processo de superação das
dificuldades econômicas brasileiras?. Foi-se obtida como conclusão, portanto, a necessidade
de compreender a interferência de regimes jurídicos que condicionam o ser humano a agir de
acordo com as necessidades coletivas para que o desenvolvimento econômico seja
evidenciado de forma exponencial e paulatina.

Palavras-chave: direito; economia; política; desenvolvimento; Brasil.


Introdução

A história de uma nação é formada em detrimento de um desenvolvimento


prolongado, o qual, a cada temporalidade, adquire um novo conceito frente aos empasses
sociais. Atualmente, pensar sobre o estado de formação de um país é compreender que uma
reflexão complexa, utópica, e abstrata, em determinados casos, será geminada. Consoante a
isso, ponderações importantes, de forma contínua, são produzidas por pesquisadores e
cientistas que dedicam-se à análise de problemas sociopolíticos e a respectiva produção de
explicações para eventos cotidianos.
Crise, revolução, renascimento, eleições, comícios, revolta, promulgações, marcha…
Assim como na tentativa falha de inúmeros escritores, apresenta-se como indevida a pretensão
unificada em dissertar sobre todas essas temáticas citadas, que contribuem para a formação de
uma nação, em decorrência de um estudo que, embora embasado em referências bibliográficas
diversas, ainda assim torna-se vazio comparado à hermenêutica na qual o ser humano poderia
utilizar para compreender a lógica da humanidade. No entanto, atribuísse eficácia em
racionalizar as principais vertentes que são estudadas no curso de Direito, especificamente na
disciplina de Economia Política, por intermédio de autores como Karl Marx, Miguel Nicolelis,
Nouriel Roubini, Darcy Ribeiro, Marcos Costa Lima e Eric Roll, pois, através desta
metodologia, é possível examinar a natureza própria das leituras já realizadas e a consequente
interpretação individualizada.
A economia política do povo brasileiro não é particular e não deve ser estampada de
forma ímpar, porém, demarcar a valia da atuação de alguns políticos e economistas será
fundamental para esta dissertação, essencialmente ao realizar um parâmetro documental com
o protagonismo de figuras públicas da década de 90.
Cronologicamente, para falar sobre a história do Brasil e os acontecimentos que
contribuíram para originar a atual contingência social, é imprescindível ressaltar a influência
de outras nações para com o progresso do país, bem como analisar as discrepâncias de
ascensão das sociedades que, direta e indiretamente, atuaram massivamente na formação do
moderno “contrato social”.
Em primeiro plano, nota-se que, a partir do século XX, o conceito de desenvolvimento
começa a ganhar espaço nos principais âmbitos sociais: economia e política. A partir de ideais
criados sobre a convivência e manutenção das relações humanas, o homem inicia seus estudos
em prol de manter ordem social, em decorrência, substancialmente, da base sólida já adquirida
acerca da influência do estado de natureza do ser humano - teoria amplamente abordada e
discutida por pensadores, tais quais: Thomas Hobbes (o ser é naturalmente mal) e Rousseau (a
sociedade corrompe o caráter do indivíduo).
Como consequência, em consideração aos enfoques internacionais após as duas
grandes guerras mundiais (1914 e 1939), o Brasil e outras nações da América Latina iniciam
uma preparação intrínseca para ampliar um projeto que, em determinado tempo e espaço, deve
se responsabilizar pela organização e prosperidade do seu povo. Fala-se, portanto, do
desenvolvimento e, por conseguinte, do acentuado investimento em políticas de conotações
efetivas e inteligentes para promover evolução no mundo moderno. Dessa forma, sobretudo
neste período de descolonização e vastos acontecimentos históricos, o expansionismo é posto
no topo das preocupações estatais.
Após a Primeira Guerra Mundial, as rivalidades econômicas e as questões
nacionalistas foram o estopim para a busca incessante, por parte do Estado, em solucionar as
adversidades que estão concentradas no mapa geopolítico. As alianças militares, a corrida
armamentista e as disputas dos impérios tornaram-se causas para a atuação do governo no
combate às tensões nacionalistas e o monitoramento do surgimento de grandes indústrias e
concentração operária. Diante disso, a conjuntura brasileira demanda discussões
socioeconômicas em prol do desenvolvimento social em decorrência da indústria, do mercado
e do estruturalismo das grandes massas populacionais.
Sucedida, em segundo plano, a expansão do mercantilismo e do capital industrial é
tida como tendência geral para o desenvolvimento econômico e, com as efervescentes
interações entre os países, apresenta os resultados das transformações que culminaram no
progresso de estados-nações que, anteriormente fragilizados pelas consequências da guerra,
finalmente delegam o capitalismo comercial em decorrência de poder e riqueza.
A ciência da economia política, após, é vista como mediadora de crises que foram
alcançadas em temporalidades distintas e levaram para o futuro consequências, as quais
justificaram lutas sociais na atualidade.
De modo simplificado, conforme Westin (2017), ocorrida em 1917, a Revolução Russa
ecoou seus efeitos ao longo de décadas e, em 1920, as leis trabalhistas foram o primeiro passo
para que o Brasil caminhasse em direção a um Estado de bem-estar social. Todavia, a crise de
1929 representou a ótica do consumismo acelerado vigente no período e a interferência
expressiva dos Estados Unidos sob outras nações, sobretudo pelo enfraquecimento imediato e
queda em efeito dominó de estados que possuíam alianças comerciais. Mais tarde , a crise
econômica é instalada e a Revolução de 30 culmina no golpe de Estado, cuja principal
característica é a inconformação do da Aliança Liberal com o resultado que elegeu Júlio
Prestes à presidência e a consequente atuação de Getúlio Vargas ao assumir o Governo
Provisório.
Iniciada a Era Vargas, o Brasil encontra-se à mercê de 19 anos na busca pela
organização econômica, política e social com a essência de promover industrialização, leis e
grandes estatais. Para tanto, Getúlio Vargas projeta o desenvolvimento do país e, em conjunto
à Assessoria Econômica do governo, mais intimamente “Boêmios Cívicos”, produz
estratégias de tecnicização da sociedade brasileira para fins de: enfrentar desigualdade,
idealizar a constituição de instituições e delinear a indústria técnica-científica.
A Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria são consecutivas e apresentam-se como
eventos fundamentados por desastres econômicos que demonstram a instabilidade dos poderes
governamentais. Por dependência, a nação brasileira encontra-se diante das influências da
economia global, todavia, já em busca do desenvolvimento estimulado pelos cientistas, o país
segue à procura da ordem e do prognóstico de possíveis crises futuras.

Fundamentação teórica

Base literária fundamental para discussão do primeiro tópico: “Os Boêmios Cívicos”, Marcos
Costa Lima (2013).

1. Maneira como a economia política ajuda a compreender os dilemas do


desenvolvimento brasileiro:

Uma convenção de desenvolvimento não se limita a um dispositivo cognitivo. Para


haver eficácia, ela precisa espraiar-se em outros meios e, ainda, inserir-se em organizações,
tais como burocracias públicas e privadas e a academia. Isto é, não há uma convenção de
desenvolvimento homogênea para autorregular as crises no meio social, logo, a busca pelo
“neodesenvolvimento” torna-se intrínseca em detrimento das adversidades sociais. (ERBER,
2011). Dessa forma, lidar com os dilemas do subdesenvolvimento da nação brasileira requer
uma ciência que tenha por finalidade o estudo contínuo dos processos econômicos e da
relação com a dinâmica social. Para tal, a economia política se apresenta como eficiente, tendo
em vista que objetiva analisar, compreender e diagnosticar o processo de geração de riqueza,
ou seja, da produção, distribuição, consumo e troca material realizada pelos indivíduos, assim
como investigar as interações sociais e as consequências para com o progresso coletivo.
Portanto, esta desempenha papel imprescindível na superação de adversidades sociais no
processo em que analisa, de forma minuciosa, desde o sistema mundial até os problemas
locais nos Estados brasileiros.
Uma reflexão plena sobre a economia política é compreender que, embora não seja
uma realidade entendida desde o princípio como fato, mas como ficção do século XVIII, a
criação de uma nação poderosa é dada em decorrência do contrato social vigente no território
e da regulação das interações sociais. Por conseguinte, essa organização interfere diretamente
no modo em que a sociedade vai manter as relações de comércios e se desenvolver - conceito
atualmente associado à produção de lucros. Em suma, o processo é evidenciado da seguinte
forma:

“...na produção, os membros da sociedade se adaptam aos produtos da natureza em


conformidade com as necessidades humanas; a distribuição determina a proporção
em que o indivíduo participa na repartição desses produtos; a troca obtém-lhe os
produtos particulares em que o indivíduo quer converter a quota-parte que lhe é
reservada pela distribuição; no consumo, finalmente, os produtos tornam-se objetos
de prazer, de apropriação individual.” (MARX, 2003, p. 232).

Tendo o pensamento marxista como base, percebe-se que o fator claramente


condicionado ao conceito de desenvolvimento na atualidade brasileira é administrar esse
processo supracitado de forma a garantir uma relação plena entre os indivíduos, em outros
termos, refere-se à regulamentação das políticas sociais para que a economia seja mantida em
equilíbrio natural, cuja oferta e procura se complementam consoantemente à igualdade social
e em contraponto à fome, à miséria e ao descaso. Análogo à isso, é possível evidenciar que,
nos dias atuais, algumas ponderações das análises filosóficas e socialistas de Karl Marx são
condizentes, ao passo em que planejar ascensão é sinônimo de legitimar, além das dimensões
econômicas, o bem-estar social, sobretudo aqueles relacionados aos direitos do cidadão.
Assim sendo, o Brasil tende a evoluir como consequência da ordem. Sabendo que a
sociedade é regulada por instituições do governo criadas ao longo da história, o dever
institucionalizado dos órgãos públicos é validado sucessivamente à dinâmica da economia do
indivíduo, dessa maneira, a necessidade fomenta a produção, a produção cria o consumidor de
direito e a política normaliza os bens, a justiça e a legislação que o Estado tem o dever de
fornecer.
Em relação ao já mencionado, a bibliografia de Marcos Lima, “Os Boêmios Cívicos”,
delimita como principal objetivo a construção de um Estado brasileiro em conformidade aos
ideais da Assessoria Econômica do segundo governo de Getúlio Vargas, carinhosamente
denominados “boêmios cívicos” pelo ex-presidente. Sintaticamente, o projeto tem como foco
a criação e o desenvolvimento político-institucional da nação através da constituição e
consolidação de órgãos estatais (LIMA, 2013, p.175). Não coincidentemente, os integrantes
desse partido eram estudiosos nordestinos e representavam o propósito da política em voga de
fortalecer um governo nacional-desenvolvimentista contra as adversidades sociais, tais como a
desigualdade presente nas regiões do país.
Nessa perspectiva, portanto, a economia se une com a política. É durante este processo
de inquietações e descaso pós guerra de 1945 que as investidas pela recuperação das perdas
comerciais visam o desenvolvimento do Brasil. O trabalho torna-se árduo e as oscilações do
governo getuliano vão cada vez mais evidenciando a necessidade de uma articulação de
interesses eficiente, essencialmente em prol dos trabalhadores sensivelmente afetados pelos
desastres da guerra. Com o intento de solucionar, o Estado estabeleceu medidas de controle
sobre o câmbio, o volume de importações e, devido à base industrial já produzida, o foco
tornou-se outro: à estabilidade monetária e prioridade ao livre-comércio.
De acordo com Fiori (1999), “todos os estudiosos possuem uma preocupação em
comum: a constituição histórica das relações modernas entre o poder, o capital e o território;
entre as guerras, os estados e as cidades; entre os impérios, as grandes potências e o
desenvolvimento do capitalismo no sistema mundial” (FIORI, 1999, p.53). À vista disso,
observa-se que tal pretensão fomentou a função da Assessoria no desequilíbrio
supramencionado.
Diante das instâncias, as conotações do mercantilismo são exaltadas e, segundo Eric
Roll (1977), reconhecidas como uma fase na história da política econômica que tem por
finalidade o poderio estatal como consequência de um sistema unificado na ordem. Assim, as
discussões acerca da metodologia ideal para conter as diversas posições políticas e englobar
uma solução única para a crise do país são realizadas pelos ativistas brasileiros, os quais
debatem sobre seus fundamentos teóricos para atribuir uma expressão nacionalista de
desenvolvimento, independente dos conflitos partidários - na época, Thomaz Pompeu
(comunista declarado) e Jesus Soares (homem de esquerda) foram razões para o surgimento
de alguns problemas frente às decisões da Assessoria.
Com tudo, entende-se que, assim como as nuances defendidas por Marx a respeito das
relações sociais e da construção de uma sociedade, o governo de Vargas também projeta um
plano de desenvolvimento, ao dar origem a um órgão permanente de planejamento de projetos
associados às principais necessidades econômicas nacionais. Isto posto, verifica-se que a
economia política se responsabiliza, tanto na prática quanto na teoria, por prever e atribuir
soluções para quaisquer processos de estagnação coletiva, assim como foi realizado no
período ditatorial e pós guerras.
Em síntese, a sistematização da economia política projeta o que foi sabiamente
atribuído por Adam Smith:

“A Economia Política, considerada como um setor da ciência própria de um estadista


ou de um legislador, propõe-se a dois objetivos distintos: primeiro, prover uma renda
ou manutenção farta para a população ou, mais adequadamente, dar-lhe a
possibilidade de conseguir ela mesma tal renda ou manutenção; segundo, prover o
Estado ou a comunidade de uma renda suficiente para os serviços públicos. Portanto,
a Economia Política visa a enriquecer tanto o povo quanto o soberano.” (SMITH,
1776, p. 413).

Dessarte, interpreta-se que estudar o passado e compará-lo com as relações sociais


para explicar e conceder prognóstico para as crises é o fundamento da ciência estudada. Tão
logo, sua presença para fomentar desenvolvimento na nação brasileira é imprescindível, tendo
em vista que liga a sociedade e os chefes políticos, bem como oferece ferramentas de
compreensão das estruturas de poder, criação de políticas públicas, alcance de prosperidade e
equaciona problemas ligados às desigualdades e revitalização do meio.

Base literária fundamental para discussão do segundo tópico: “A economia das crises”,
Nouriel Roubini, Stephen Mihm (2010).

2. O papel do direito no processo de superação das dificuldades econômicas


brasileiras:

O direito e a economia estão diretamente associados em detrimento da própria


organização social cuja sociedade brasileira está inserida. Hoje, os partidos liberais exercem
poder e influência em todo o mundo. Assim, são apontadas as características do liberalismo,
as quais são explicadas pela capacidade do indivíduo em expressar o seu direito de liberdade e
autonomia ao relacionar-se, de diferentes formas, com o mercado e seu comércio. Na teoria
fundamental, o poder da justiça regulamenta as relações entre os cidadãos; e a consequência
de tal fato para o dia a dia da economia do Brasil é a inibição de problemas, tendo em vista
que as dificuldades são automaticamente sanadas pela legitimidade das leis que fomentam a
conexão população-desenvolvimento econômico. Na prática, no entanto, os resultados se
destoam e as crises são geradas. Porém, ainda assim é possível que, por intermédio de
pesquisas e análises históricas, o cientista consiga entender o presente e preparar a massa
populacional para o futuro como efeito dos imbróglios já vivenciados, em especial sob
aqueles solucionados pela lei e suposições do direito.
De forma histórica, é sabido que o direito se transforma à medida que a estrutura
econômica da sociedade é modificada. Para exemplificar, destaca-se o vínculo do pátrio
poder, desenvolvido no período antigo, o qual descreve uma sociedade que associa seu bem
dentro da própria família; basicamente, a imagem masculina ditava as regras que deveriam ser
seguidas por toda a comissão doméstica. No entanto, com o tempo, o comércio de mercadoria
se desenvolveu e alterou esta realidade: a relação jurídica foi expandida e produziu efeitos na
comunidade, a fim de regular as relações comerciais e normatizar condutas que buscavam
resolver conflitos.
A posteriori, a Revolução Industrial é transitada e desloca consigo contratos, práticas
abusivas por parte de consumidores e comerciantes, bem como a necessidade da proteção e
garantia dos direitos individuais para diminuir a exploração humana dentro da relação de
trabalho. Dessa forma, portanto, o direito torna-se item potencialmente análogo à economia e
respectivas dificuldades por ela originadas.
Sendo assim, é válido constatar que o direito atua, sobretudo, no modo em que se
administra a crise financeira e como serão aplicadas as consequências que delimitam os
deveres de cada povo. Logo, o subdesenvolvimento atrelado às adversidades econômicas
decorre das decisões tomadas por cada sociedade. Essas são, por consequência, formatadas
pelas instituições (regras e normas) que estruturam a interação humana nos comícios sociais.
Para Ben Bernanke, as autoridades monetárias podem executar um trabalho melhor,
através de uma supervisão institucional , pois uma regulação competente evita crises.

“A lição que aprendi com essa experiência não foi a de que a regulação financeira e
a supervisão são ineficazes para controlar a crise emergente, mas que a execução
deve ser melhor e mais eficaz.” (BERNANKE, 2010, p. 231).
Uma forma exemplar para destrinchar o fato supracitado é a análise do documentário
“Trabalho Interno” ( Charles Ferguson, 2010), cujo objeto de apresentação do diretor é
explicar como se articulou a bolha econômica, apontar culpados e denunciar a prática
gananciosa de obtenção de lucros em decorrência da desregulamentação aceita pelo governo
de Ronald Reagan.
Embora não seja uma representação da conjuntura brasileira, nota-se que é lícito
associar a interferência de uma regulamentação eficiente na prática, inclusive, nos países “de
primeiro mundo”, como é a comunidade estadunidense. Em conformidade ao pensamento de
Van Buren (2010), percebe-se que “quando o ciclo expansionista de um país desaba, outros
países que cometeram os mesmos tipos de excesso tendem a entrar em crise também”. Logo,
espelhar-se na ficção demonstrada na película é meio preventivo para agir em contextos
adversos semelhantes.
Para tanto, assim como abordado na bibliografia de Nouriel Roubini e Stephen Mihm,
é fundamental que órgãos componentes estabeleçam procedimentos jurídicos que protejam os
direitos e legitimam as relações econômicas, pois a uniformidade do direito aplicável ao
mercado permite que este se alargue, isto é, ‘a fonte da prosperidade é a cooperação humana’
(GICO, 2017, p. 110).
É possível compreender, portanto, que o direito promove segurança jurídica por
intervenção das normas e regras estáveis, previsíveis e institucionalizadas. Tal fato,
consequentemente, é essencial para o desenvolvimento do país e atuação de comerciantes no
estado mercantilista em um plano favorável para investimentos, empreendedorismo,
concorrência e estabelecimento de leis que, além de proteger os direitos de propriedade
pública e particular, normatizar a proteção da capacidade dos consumidores, empresários e
trabalhadores, também incentiva a implementação de políticas que atuam no combate a
corrupção e em apoio aos investimentos internacionais na nação.
Nesse ínterim, a ciência jurídica opera de forma eficiente no modo de determinar
solução para as adversidades da economia do Brasil, essencialmente por regular a
transparência e as condutas que legitimam a igualdade social, proteger os direitos dos agentes
econômicos, bem como incentivar o investimento na inovação associada à prosperidade em
massa.
Considerações finais

De forma introdutória, é válido compreender que dissertar sobre economia e política


na atualidade é abordar diversas vertentes sociais em um único parâmetro. Logo, realizar uma
delimitação prévia da intenção do pesquisador é essencial para que a interação seja mais
efetiva. Nos dias modernos, a economia política é a ciência que fundamenta as principais
relações entre os indivíduos, sobretudo no que tange o desenvolvimento das diversas
sociedades e a ordem jurídica que condiciona o ser humano a agir em detrimento de condutas
coerentes ao serem aplicadas no meio coletivo. Para tanto, com base em pensamentos
filosóficos que auxiliam na construção de um raciocínio lógico, é possível entender os
processos de mudança social e a capacidade do Estado em promover estratégias que regulam
transformações e previnem crises futuras. Assim sendo, em consonância ao analisado
massivamente no corpo textual, recapitula-se a necessidade de metodologias de governança
capazes de, em conjunto aos vieses do direito, solucionar problemas e garantir estabilidade
social.
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