Bioeletrogênese

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Bioeletrogênese

• A bioeletrogênese é o processo no qual estímulos elétricos geram respostas no


sistema nervoso, ou seja, depende da capacidade da célula movimentar elétrons
através das membranas.
• A passagem de íons pela membrana gera uma carga elétrica que resulta em uma
diferença de potencial entre as interfaces da membrana que é conhecido como
potencial de repouso ou potencial de membrana.
• O potencial de repouso é mantido pela ação dos canais de vazamento de sódio e
potássio, que abrem e fecham de maneira aleatória para manter o potencial de
repouso sempre constante. O canal de vazamento potássio é o mais importante na
manutenção do potencial de membrana, pois tende a ficar mais aberto na célula
em repouso.
• O fluxo de íons pela membrana sempre segue o gradiente eletroquímico da célula,
que se divide em gradiente de concentração e gradiente elétrico.
o Gradiente de concentração: força motriz que direciona moléculas e/ou íons
a partir da diferença de concentração, sempre do mais concentrado para o
menos concentrado.
o Gradiente elétrico: diferença entre o grau de atração entre as cargas das
interfaces da membrana sendo que a interface mais interna é sempre mais
negativa;
• Potencial de equilíbrio: medida onde a diferença entre o fluxo de elétrons gerado
pelo gradiente de concentração é igual ao módulo do fluxo de elétrons gerado pelo
gradiente elétrico, sendo que cada gradiente vai em uma direção.
o Cada íon tem seu próprio potencial de equilíbrio que pode ser calculado
com a Equação de Nernst, que leva em consideração a carga do íon, a
temperatura e a razão das concentrações internas e externa do íon.
𝑅𝑇 [í𝑜𝑛]0
𝐸í𝑜𝑛 = . 𝐿𝑛
𝑍𝐹 [í𝑜𝑛]1

• Potencial de ação: é definida como a rápida alteração do potencial de membrana


gerado por um impulso elétrico. O impulso elétrico faz com que canais iônico
voltagem dependentes se abram gerando um fluxo de íons através da membrana,
que é responsável pela despolarização da membrana, ou seja, o fluxo de íons dos
canais voltagem dependente geram o potencial de ação; o potencial de ação
também pode ser definido como a rápida inversão da polaridade da membrana
plasmática, que fica mais positiva em seu interior.
o Todas as células apresentam um potencial de repouso, mas nem todas
possuem potencial de ação.
o Fases do potencial de ação:
1. Repouso: célula sem atividade de fluxo de íons por canais
dependentes de voltagem, o fluxo de íons ocorre por canais de
vazamento;
2. Fase despolarizante/ ascendente: rápida despolarização da
membrana, deixando- a mais positiva internamente; o momento em
que a membrana chega ao ápice, está no limiar de excitabilidade ou
pico de ultrapassagem;
3. Fase de repolarização / descendente: rápida repolarização da
membrana até que fique mais negativa que o potencial de repouso;
4. Undershoot / hiperpolarização: restauração gradual do potencial de
repouso.

• A Na+/K+ ATPase é uma enzima que hidrolisa ATP na presença de Na+ intracelular,
a energia química liberada nessa hidrólise faz bom trocar o sódio intracelular por
potássio extracelular, ou seja, atua na manutenção das concentrações de sódio e
potássio no citoplasma e no meio extracelular (K+ mais concentrado no citoplasma
e Na+ mais concentrado no meio extracelular), sendo de suma importância para a
manutenção da constância do potencial de repouso.
• Os potenciais de ação não variam em tamanho e duração, apenas em frequência.
• Os potenciais de ação são causados pela despolarização da membrana além do
limiar de excitabilidade.
• A despolarização que causa potenciais de ação é alcançada de formas diferentes
em diferentes neurônios.
• Os potenciais de ação funcionam no modelo "tudo ou nada" ou seja, só acontece se
ultrapassar o limiar de excitabilidade.
• Podem ser gerados múltiplos potenciais de ação ao mesmo tempo a depender da
magnitude da corrente contínua despolarizante, isso significa que a frequência de
disparo de potenciais de ação reflete a magnitude da corrente despolarizante.
• Existe um limite para a taxa que os neurônios podem formar potenciais de ação
conhecido como período refratário absoluto que dura cerca de 1ms.
• Também existe o período refratário relativo que acontece quando a quantidade de
corrente necessária para despolarizar o neurônio até o limiar do potencial de ação
é maior que o normal.
• A despolarização da célula durante o potencial de ação é causada pelo influxo de
íons sódio através da membrana e a repolarização é causada pelo efluxo de íons
potássio.
• Para testar o funcionamento do potencial de ação na prática é preciso medir as
condutâncias de sódio e potássio na membrana durante o potencial de ação, para
isso foram criadas algumas técnicas:
o Voltage clamp (fixador de voltagem ): permite a "fixação" do potencial de
membrana em qualquer valor permitindo que se calcule as alterações que
ocorrem na condutância da membrana em diferentes potenciais a partir
das correntes que fluíam neles, isso é, mediam a corrente iônica que
passava pela membrana através da voltagem necessária para despolarizar
a membrana. A partir dessa técnica, se comprovou que a despolarização
acontece devido aos canais de sódio e a repolarização devido aos canais
de potássio. Além disso, surge o conceito que canais iônicos voltagem
dependente.
• Canal de sódio dependente de voltagem: forma um poro seletivo a passagem de
íons sódio na membrana que abre ou fecha a depender das alterações no potencial
elétrico; é formado a partir de um único e longo polipeptídeo com quatro domínios
que formam o poro entre eles.

o Patch clamp (fixação de membrana): método de estudo para correntes iônicas que
passam através de um único canal em que se remove um pedaço específico da
membrana neuronal e se mede a corrente de um único canal a partir da fixação do
potencial de membrana em qualquer valor. Essa técnica permite o estudo das
propriedades dos canais dependentes de voltagem do íon sódio/potássio.
o O canal de sódio voltagem dependente tem um comportamento muito
característico: primeiro o canal se abre e se mantém aberto por cerca de 1 ms até
ser inativado por uma porção globular da proteína. Após esse processo o canal só
pode abrir novamente quando o potencial de membrana retornar a um valor
negativo próximo ao limiar.
o Esse comportamento do canal pode explicar várias características do potencial de
ação:
• O fato dos canais unitários não abrirem até que um nível crítico de
despolarização da membrana seja atingido explica o limiar do potencial de
ação;
• A abertura rápida dos canais em resposta à despolarização explica porque
o potencial de ação acontece tão rapidamente;
• O curto período que os canais ficam abertos explica em parte o porquê a
duração do potencial de ação é tão baixa;
• A inativação dos canais pode explicar o período refratário absoluto, quando
outro potencial de ação não pode ser gerado até que os canais sejam
reengatilhados.

o Alterações na estrutura e função dos canais iônicos podem causar uma série de
doenças (canalopatias), como a epilepsia, que é causada por uma mutação gênica
que faz os canais de sódio se inativarem mais lentamente, provocando o
prolongamento dos potenciais de ação, o que resulta nas convulsões quando
ocorre o aumento da temperatura no encéfalo (febre).
• Tetrodotoxina (TTX): toxina presente nos ovários de baiacus capaz de bloquear
seletivamente os canais de sódio ao se ligar a um sítio específico no lado externo
do canal, o que obstrui o poro, impedindo o potencial de ação; é letal se ingerida. A
toxina é usada nos estudos de estruturas tridimensionais dos canais de sódio e
como ferramenta experimental em estudos das consequências do bloqueio dos
potenciais de ação.
• Canais de potássio dependentes de voltagem: a ação desses canais é responsável
por acelerar a fase descendente do potencial de ação junto com a inativação dos
canais de sódio.; são formados por quatro subunidades de polipeptídios separadas
que se reúnem formando um poro que se abre cerca de 1 ms após a membrana
ser despolarizada, ou seja, assim como o canal de sódio, o canal de potássio
também é sensível a mudanças no campo elétrico da membrana, porém, os canais
de potássio estão somente abertos ou fechados, não possuindo uma fase de
inativação.
o Tetracetilamônio (TEA) toxina usada para bloquear os canais de potássio
dependentes de voltagem, usado para as mesmas coisas que a TTX.

• As propriedade do potencial de ação podem explicar o comportamento observado


nos gráficos.

• Condução do potencial de ação:


o A propagação de um potencial de ação é semelhante à propagação de uma
chama em um pavio, ou seja, uma ponta é acesa e a chama segue em uma
única direção ao longo do pavio.
o Quando o axônio está suficientemente despolarizado para atingir o limiar,
canais de sódio dependentes de voltagem se abrem e o potencial de ação é
iniciado. O influxo de carga positiva despolariza o segmento de membrana
logo à frente até que ele atinja o limiar e gere seu próprio potencial de
ação. Esse processo se repete por todo o axônio até que chegue ao
terminal do axônio, onde é iniciado o processo de transmissão sináptica.
o Um potencial de ação iniciado em um extremidade do axônio só irá
percorrer um sentido, visto que os locais por onde passam entram no
período refratário devido a inativação dos canais de sódio.

o A velocidade na qual o potencial de ação se propaga ao longo do axônio depende de


quão longe a despolarização se projeta à frente do potencial de ação, o que depende
de certas características físicas do axônio.
o A velocidade de condução aumenta com o diâmetro axonal;
o O tamanho axonal e o número de canais dependentes de voltagem na membrana
também afetam a excitabilidade neuronal.
o Quando o axônio não é mielinizado, a condução se dá através do citoplasma de
maneira pontual, isso é, cada segmento da membrana vai despolarizar o seguimento
seguinte até a terminação do axônio; as proporções de canais de sódio e potássio são
equilibradas; a condução é mais lenta
o Quando o axônio é mielinizado, a condução é saltatória, uma vez que os axônios são
envolvidos pela bainha de mielina, que são várias voltas de membrana que englobam
o axônio fornecidas por células gliais, que vão formar regiões isoladas sem canais
voltagem dependente. Entre as regiões de mielina existem os nódulos de Ranvier, que
são regiões não mielinizadas da membrana onde estão os canais voltagem dependente
(mais de sódio do que de potássio), o que faz com que o potencial de ação seja
conduzido de nódulo em nódulo, tornando a condução mais rápida.
• No sistema nervoso periférico quem produz a mielina são as Célula de
Schwann e no sistema nervoso central são os oligodendrócitos.
• A degradação da mielina faz a propagação do potencial de ação ser
prejudicada ou totalmente perdida, levando a pessoa a morte, como no caso
da esclerose múltipla.
• As membranas dos dendritos e dos corpos celulares neuronais não geram potenciais
de ação causados pelo sódio porque possuem muito poucos canais de sódio
dependentes de voltagem, por isso, a região do neurônio onde se inicia o axônio, é
chamada de zona de disparo, porque é a partir dela que a membrana vai ser capaz de
gerar potenciais de ação a partir do canais de sódio.
o A despolarização dos dendritos e do soma é causada pelo estímulo sináptico
de outros neurônios que leva à geração de potenciais de ação se a membrana
do cone de implantação axonal for despolarizada além do limiar.

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