Um Sistema Complementar de Drenagem e A Reuso de Águas e Esgotos para A Capital
Um Sistema Complementar de Drenagem e A Reuso de Águas e Esgotos para A Capital
Um Sistema Complementar de Drenagem e A Reuso de Águas e Esgotos para A Capital
Vale ressaltar que a água de chuva, de acordo com a norma ABNT 15527, somente pode ser
usada para fins não-potáveis em ambientes urbanos (não deve ser usada para beber, banho,
lavagem e cozimento de alimentos).
Entre seus principais usos estão:
Basicamente o território da Capital do Estado de São Paulo é banhado por três grandes bacias ribeirinhas,
ou seja, a do rio Tietê e dos seus principais afluentes que são o rio Tamanduateí e o rio Pinheiros.
São Paulo nasceu no Pátio do Colégio às margens do rio Tamanduateí, e nas margens plácidas do riacho
Ipiranga, um de seus afluentes, foi proclamada a independência do Brasil, mas esse eixo de crescimento
da cidade, esquecido, desprezado e subdimencionado pelo progresso urbano, hoje se resume a uma vala
de esgoto esquecido cercado por esta selva de pedra, com o adensamento previsto e sem a adequação
necessária só irá agravar os problemas hídricos dessa importante região paulistana.
São Paulo tem uma área de 1 521,202 km², onde abriga 11.451.245 habitantes conforme apurado em
2022, e hoje já convivemos com um racionamento sazonal de água potável.
O Plano Diretor da cidade propõe um adensamento populacional que levará a triplicação da população
que criará um grave problema de abastecimento de água potável, o que nos obriga a uma mudança de
filosofia do governo para prevenir esse caos que se avezinha.
Em São Paulo a regra geral é que a água potável fornecida no abastecimento público retorne pelo esgoto
sanitário. É por isso que você paga pelo esgoto a mesma quantia que paga pela água. A água da chuva
não é água fornecida - Por isso não pode ser lançada na rede de coleta de esgoto sanitário.
O esgoto sanitário é a água mais poluída na nossa casa. Contém, dejetos, bactérias e muitos outros
vetores transmissores de doenças como os temíveis coliformes fecais. Deve, então, receber toda a
atenção para que sua coleta, condução e tratamento sejam feitos com todos os cuidados para evitar a
contaminação da população.
No Estado de São Paulo, possui o Decreto N° 5.916 de 13 de março de 1975 diz no seu artigo 13, que a
água da chuva, armazenada e utilizada como água de reuso, não pode ser lançada na rede de coleta de
esgoto sanitário, embora o Decreto Federal Nº 24.643, de 10 de Julho de 1934 - Código de Águas, prevê
em seu artigo 103: As águas pluviais pertencem ao dono do prédio onde caírem diretamente, podendo o
mesmo dispor delas a vontade, salvo existindo direito em sentido contrário.
Na Prefeitura de São Paulo, há norma da Secretaria de Vias Públicas DP-H10 Diretrizes de Projeto para
Escoamento nas Ruas e Sarjetas, conforme ilustração infra:
Mas essa legislação sobre o reuso de águas pluviais em São Paulo precisa ser aperfeiçoada, tendo em
vista as peculiaridades desta megalópolis que cresce desordenadamente mudando os paradigmas até
então existentes adaptando-a à realidade futura.
Nesse sentido já existe a Lei das Piscininhas. E o que é a Lei das Piscininhas (Lei Estadual
12.526/2017).
A Lei das Piscininhas, uma Lei Estadual do Estado de São Paulo nº 12.526, criada em de 02 de Janeiro de
2017, estabelece as normas para a contenção de enchentes e destinação de águas pluviais provindas das
chuvas, substituindo a seus antecedentes, agora obriga a construção e implantação de um sistema de
captação e retenção de águas pluviais, coletadas por telhados, terraços e pavimentos descobertos, em
lotes, edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m². E vale ressaltar que a Lei
entra em vigor para as novas construções realizadas após a sua validação. Quais são os objetivos desta
normativa? A lei, originária do Projeto de Lei 464/05, de autoridade do deputado Adriano Diogo, justifica
que “além dos prejuízos recorrentes em áreas urbanas com alta impermeabilização durante períodos de
chuvas, também a qualidade de vida e a saúde são afetadas diretamente, com a destruição de patrimônios
pessoais e o risco de contração de doenças infecto-contagiosas, comumente ocasionadas pela água de
enchentes”. A lei traz também que a instalação das caixas de retardo são condição para a obtenção das
aprovações e licenças, de competência do Estado e das Regiões Metropolitanas, para os parcelamentos e
desmembramentos do solo urbano, os projetos de habitação, as instalações e outros empreendimentos.
O que isso quer dizer? Com a construção de novos empreendimentos, asfaltos e aumento da área urbana
das cidades, mesmo que signifique maior conforto tanto para os automóveis quanto para os moradores,
dificultam o escoamento e absorção desse volume de água ocasionado pela impermeabilização do solo.
Ou seja, mesmo que existam bocas de lobo e locais que permitam essa vazão, eles não foram projetados
para suportarem tamanho volume, visto que, parte dessa água deveria ser absorvida naturalmente no
caminho pelo solo. Visto isso, a normativa traz então as seguintes contribuições do artigo 1०: Reduzir a
velocidade de escoamento de águas pluviais para as bacias hidrográficas em áreas urbanas com alto
coeficiente de impermeabilização do solo e dificuldade de drenagem; Controlar a ocorrência de
inundações, amortecer e minimizar os problemas das vazões de cheias e, conseqüentemente, a extensão
dos prejuízos; Contribuir para a redução do consumo e o uso adequado da água potável tratada.
Sendo esse último um ponto a favor dos proprietários das edificações visto que parte dessa água pode ser
utilizada em ações futuras no próprio empreendimento em algumas ocasiões listadas abaixo.
E no artigo 2० da Lei se dá ao cálculo utilizado para obter a capacidade de acumulação do reservatório,
sendo válida para se entender o nível de volume de água obtido pela impermeabilização do solo pelo
empreendimento, o índice pluviométrico e os captadores de água por telhados, coberturas e afins, sendo:
V = 0,15 x Aix IP x t; V = volume do reservatório em metros cúbicos;
Ai = área impermeabilizada em metros quadrados;
IP = índice pluviométrico igual a 0,06 m/h;
t = tempo de duração da chuva igual a 1 (uma) hora.
II – condutores de toda a água captada por telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos ao
reservatório mencionado no inciso I;
III – condutores de liberação da água acumulada no reservatório para os usos mencionados no artigo 3º
desta lei. Parágrafo único – No caso de estacionamentos e similares, 30% (trinta por cento) da área total
ocupada devem ser revestidas com piso drenante ou reservado como área naturalmente permeável.
A água contida pela piscininha deverá ter os seguintes destinos: Seguindo os requisitos anteriormente
citados no inciso do artigo 2० da Lei o volume de água coletado poderá se destinar a 3 formas de
utilização futura:
1. Infiltração no solo, preferencialmente;
2. O despejo na rede pública, disposta de drenagem, após uma hora de chuva;
3. Utilização para finalidades não potáveis, em edificações que tenham instalações desse tipo, como por
exemplo, água de reuso, regar jardins ou lavagem
Comentário sobre a Lei das Piscininhas: Ao contrário do que se aplica hoje, a Lei Estadual vigente,
plenamente aplicável “in casu”, prevê que a transferência do ônus dessas piscinas de contenção, seja do
ente empreendedor privado, como condição para obtenção do Alvará, cabendo ao Órgão Público
competente a fiscalização para o alcance fiel desse objetivo, sob pena de prevaricação.
A mera alegação de que não existe previsão legal para a jurisdição municipal não é óbice para adotar essa
nova visão de controle das águas de reuso, porque sua utilização se dará em substituição da água potável
que é descartada no sistema de esgotos direcionando a água potável para uma finalidade mais nobre
como para se alimentar e beber e na higiene pessoal, como podemos observar no arranjo da imagem
abaixo.
Uma regulamentação municipal no que diz respeito a essa matéria pode vir a lume através de um Decreto
editado pelo Chefe do Poder Executivo ou através de Lei por iniciativa do Poder Legislativo, podendo
incluir não apenas os novos projetos, mas também os edifícios já existentes estabelecendo um prazo legal
para adesão dos proprietários.
Observe-se que o adensamento populacional previsto no Plano Diretor prevê ao longo de sua
implementação, a triplicação de habitantes o que torna a captação de água potável inviável, a permanecer
o “status quo” atual, precisando se mudar a filosofia governamental sobre o uso da água potável que hoje
já sofre um racionamento sazonal.
Além das “piscininhas” o Órgão Público competente como está prevista estender a todos imóveis em um
programa complementar de controle de água de chuva e também reuso de água doméstica, que trará
economia de uso da água potável recurso finito que ficará mais escasso com o adensamento. O papel da
Administração Pública é o de administrar e fiscalizar o processo objetivando alcançar os objetivos, através
de esclarecimento do público alvo, formação de mão de obra qualificada de pequenos empreiteiros para
prestarem serviços aos munícipes, e fornecer apostilas para sistemas simplificados tipo “faça você
mesmo”, inclusive analisar a possibilidade de subsidiar determinados casos para os interessados que
comprovem não terem condições financeiras.
A fiscalização pelo Órgão Público a fiscalização em quaisquer dos casos, com incentivo fiscal para adesão
dos participantes, acréscimo fiscal para aqueles que se mostrarem reticentes, a final por realizar a obra e
cobrando do proprietário omisso, pois a obra se trata de um investimento e não um custo.
Acima temos um exemplo de captação residencial de água de chuva tipo cisterna complementando a “Lei
das Piscininhas”, com um sistema de captação, bombeamento para uma caixa de distribuição automático.
E esse sistema é acrescido um tratamento primário da gordura doméstica que além de contribuir com a
despoluição urbana, poderá gerar outra fonte de renda através de concessionária licitada pelo Órgão
Público Municipal.
Cumpre portanto, criar uma regulamentação das “Lei das Piscininhas” na esfera municipal para serem
aplicadas no Plano Diretor, trará um benefício inestimável para a população paulistana, contrabalançando
os efeitos do adensamento populacional e dos problemas recorrentes das enchentes em toda a nossa
metrópole.