1923 Fonetica e Fonologia
1923 Fonetica e Fonologia
1923 Fonetica e Fonologia
fonologia
Fonética e fonologia
ISBN 978-85-8482-573-8
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: [email protected]
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
A língua, por sua vez, não deve se confundir com a linguagem. Ela é um sistema
de signos, criado e reconhecido por uma comunidade, que dela faz uso não só para
transmitir informações, mas também para expressar emoções, influenciar o outro,
falar sobre fatos, situações reais ou imaginárias.
A gramática tradicional, além de valorizar a língua escrita, postulava que uma forma
específica dela, a literária, seria mais pura e mais correta e, portanto, deveria ser mais
valorizada e considerada como padrão.
Para o linguista, não existe padrão absoluto de “pureza” e de “correção”. Cada forma
da língua diferenciada social e regionalmente, tem seu próprio padrão de pureza e
correção. O dever primordial do linguista é, portanto, descrever o modo como as
pessoas falam (e escrevem) realmente sua língua e não como elas deveriam falar e
escrever.
Para o linguista, todas as línguas estudadas até agora, não importando quão
“atrasado” ou “inculto” seja o povo que as fala, provaram nas pesquisas serem um
sistema de comunicação complexo e altamente desenvolvido. Ele se interessa por
todas as línguas, pois todos os exemplos documentados e passíveis de observação
servem como dados a serem sistematizados e explicados pela teoria geral da estrutura
da linguagem humana.
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Instruções:
Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das
questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo
para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-
se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão.
Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas
ao tema.
Questão 1:
Questão 2:
a) A língua escrita, por ser menos propensa a mudanças, deve ser considerada
padrão.
Questão 3:
a) Normativa.
b) Prescritiva.
c) Intuitiva.
d) Descritiva.
Questão 4:
d) Ele defende que não se deve considerar nenhuma língua intrinsicamente mais
rica do que a outra.
Questão 5:
Questão 6:
1. Meus fio tá tudo desempregado. Eles num guenta mais essa situação.
2. Meus filhos estão desempregados. Eles não aguentam mais essa situação.
Questão 7:
Ai! Se sêsse!
E se eu me arriminasse
e tu cum eu insistisse,
(Zé da Luz)
Questão 8:
Questão 9:
hoje não tem, em Portugal, o uso tão generalizado quanto tem no Brasil, resultou
da evolução de vossa mercê, que deve ter sido importada da Espanha, através das
relações intensas existentes entre a sociedade portuguesa e a espanhola, quando
Portugal se encontrava sob o domínio da Espanha (final do século XVI e primeira
metade do século XVII).
Essa forma, defende a pesquisadora, tem a sua origem na forma vuestra merced,
surgida na Espanha, para ocupar a lacuna deixada pelo tratamento vós no século
XVI, e é durante tal período que essa forma sofre modificações fonéticas, resultando
na forma espanhola usted. Esse processo de evolução foi, segundo Biderman,
documentado por Pla Cárceres (1923). Biderman diz também que, das variantes
espanholas vassuncê, voaced, vueced, vuaced, voazé, vuazé, vuezé, a primeira
delas – vassuncê –, que tem característica rural na Espanha, é também encontrada
na fala rural de Portugal e do Brasil. E, citando Basto (1931), a autora menciona,
como formas dialetais usadas ao lado do item você, tanto em Portugal quanto no
Brasil: vossemecê, vosmecê, vosmincê, vassuncê, vancê, mecê, ocê, cê.
Questão 10:
Pode-se afirmar que esse povo apresenta uma língua pobre e/ou primitiva?
1
Adaptado de GONÇALVES, Clézio R. De vossa mercê a cê: caminhos, percursos e trilhas Cadernos do
CNLF, v. XIV, n. 4, t. 3.
FINALIZANDO
Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de
acessar seu Desafio Profissional e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons
estudos!
REFERÊNCIAS
FIORIN, José L. et al. Linguística? Que é isso? São Paulo: Contexto, 2013.
LYONS, John. Linguagem e linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
GLOSSÁRIO
O signo linguístico
Mesmo que não tenha sido o próprio Saussure quem a escreveu, a obra tem uma
importância histórica fundamental, pois deu a ele o reconhecimento de fundador da
ciência linguística moderna, além de influenciar toda uma geração de estudiosos de
diversas áreas do conhecimento – antropologia, psicologia, estudos literários, ciências
sociais, entre outras – que viu nas suas noções a base para o movimento estruturalista.
Além disso, ela guarda o essencial de seu pensamento.
Aprendemos com Saussure que a língua não deve ser encarada como uma
forma de rotular a realidade, independentemente da língua. A atividade linguística
é simbólica e, portanto, uma língua articula conceitos e ajuda na organização
do mundo. O inglês, o italiano, o português e todas as demais línguas existentes
categorizam a realidade de forma diferente, daí a distinção entre elas. Em português,
você diz que come carne de porco e também se refere com a mesma palavra ao
animal que vê sendo criado em um sítio. Já em inglês, ao porco que se come em
uma refeição, dá-se o nome de “pork”, e ao que está no campo, “pig”.
O mestre, então, ensina que “o signo linguístico não une uma coisa e uma
palavra, mas um conceito e uma imagem acústica” (SAUSSURE, 1991, p. 80), tal
como ilustrado na Figura 2.1:
T2
20 O signo linguístico
T2
objeto, uma pessoa, um lugar, uma propriedade, um evento, uma ideia, etc. Eles
são sempre convencionais porque nascem de um acordo consciente, concluído
num determinado momento ou resultante de todo um processo histórico. Eles se
subdividem em não verbais, como os vistos nas figuras seguintes:
É com Saussure que aprendemos também a distinção entre língua e fala. Sobre
a língua, ele diz que não se pode confundi-la com a linguagem, pois (a língua) “é,
ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem, e um conjunto
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício
dessa faculdade nos indivíduos” (SAUSSURE, 1991, p. 17). A língua é, portanto, um
instrumento criado pela comunidade para o exercício da comunicação.
A fala, para ele, é um fenômeno fisiológico e físico, pois se manifesta por meio
de um aparelho fonador, cujos sons são reconhecidos como signos pertencentes
a esta ou aquela língua. Ou seja, a fala é um instrumento da língua; é a forma como
a estrutura e a organização da língua podem ser expressas e apreendidas. A fala
tem um caráter individual, enquanto a língua, um caráter social; pode diferenciar-
se dentro de uma mesma comunidade linguística, sem causar mudanças na língua.
Para referir-se à mulher, por exemplo, algumas pessoas, dependendo da região
onde vivem, dizem “muié”, enquanto outras dizem “mulé”. Essas mudanças não
afetam a língua, mas são demonstrações dos tipos de variações permitidos dentro
de um mesmo sistema linguístico.
O signo linguístico 21
T2
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22 O signo linguístico
T2
Leia o artigo Nós e a gente no português falado culto no Brasil, de Célia Regina
dos Santos Lopes, na revista Delta. Neste trabalho, a autora analisa a variação de
“nós” e “a gente” na posição de sujeito, com base nos princípios da Sociolinguística
Quantitativa Laboviana. O estudo focaliza falantes cultos das três principais regiões
geográficas do Brasil: Rio de Janeiro (Sudeste), Porto Alegre (Sul) e Salvador
(Nordeste).
Leia a entrevista Língua, que bicho é esse?, do linguista Sírio Possenti, pesquisador
da Unicamp. Nela, o professor discute questões que envolvem o uso da fala e da
escrita e o preconceito linguístico presente na mídia, preconceito este decorrente
do fato de os profissionais da área desconhecerem o funcionamento da língua.
Tempo: 9:03
Link: <http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/v/linguista-ataliba-
castilho-lanca-livro/1568806/>. Acesso em: 01 out. 2014.
Tempo: 22:23
A guerra do fogo
O signo linguístico 23
T2
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará
algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os
enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Questão 2
24 O signo linguístico
T2
Marcelo pensa que os nomes das coisas deveriam refletir como essas mesmas
coisas são, isto é, deveriam parecer com aquilo que representam. Isso porque ele
desconhece uma das características principais do signo linguístico, que é:
a) A linearidade.
b) A naturalidade.
c) A arbitrariedade.
d) A artificialidade.
Questão 3
Como você explicaria ao Marcelo que, na língua, não é possível decidir sozinho
mudar o nome das coisas?
Questão 4
Questão 5
O signo linguístico 25
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26 O signo linguístico
T2
FINALIZANDO
Neste tema, você aprendeu como foi produzida a obra inaugural da Linguística
Moderna, O Curso de Linguística Geral (1916), do linguista Ferdinand de Saussure.
Aprendeu também sobre o signo linguístico e suas características – a arbitrariedade
e a linearidade – e sobre como diferenciar um signo artificial de um signo natural.
Também observou que as diferenças entre as línguas são decorrentes das diferentes
maneiras que cada povo tem de categorizar a realidade que o cerca. Estudou
ainda as diferenças entre a língua e a fala e como esta pode refletir características
individuais ou de grupos, caracterizando uma variedade linguística.
O signo linguístico 27
T2
28 O signo linguístico
T2
REFERÊNCIAS
CASTILHO, Ataliba de. Programa do Jô. São Paulo: TV Globo, 7 jun. 2013. Entrevista
a Jô Soares. Disponível em: <http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-
jo/v/linguista-ataliba-castilho-lanca-livro/1568806/>. Acesso em: 01 out. 2014.
Tempo: 22:23.
LOPES, Célia Regina dos Santos. Nós e a gente no português falado culto no Brasil.
DELTA, São Paulo, v. 14, n. 2, 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0102-44501998000200006&lng=pt&nrm=iso>.
Acesso em: 01 out. 2014.
POSSENTI, Sírio. Língua, que bicho é esse? São Paulo: 2011. Entrevistadora: Lívia
Perozim. Carta Capital, São Paulo, 3 jun. 2011. Disponível em: <http://www.
cartacapital.com.br/carta-fundamental/lingua-que-bicho-e-esse>. Acesso em: 01
out. 2014.
ROCHA, Ruth. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. São Paulo: Salamandra,
1976.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. 16.ed. São Paulo: Cultrix,
1991.
O signo linguístico 29
T2
GLOSSÁRIO
Índices: diz-se dos signos naturais, que, como o próprio adjetivo indica, são
relativos a fenômenos que ocorrem na natureza e que não têm relação com a
cultura, isto é, com uma convenção. A fumaça, a nuvem escura e a febre são
exemplos de índices ou signos naturais.
30 O signo linguístico
Tema 3
Linguagem humana e
comunicação animal
Essa importante característica de toda língua existente foi descrita por André
Martinet (1978) e mostra o quanto a linguagem humana é criativa, uma vez que,
de um número finito de símbolos – os sons -, consegue criar uma infinitude de
enunciados.
m/e/n/i/n/o/s
Princípio da Economia
Para esclarecer como funciona na prática esse princípio, pense nos pares “cavalo
e égua”, “homem e mulher”, “ovelha e carneiro”, em que temos dois vocábulos
distintos para indicar o masculino e o feminino. Caso toda a língua portuguesa
funcionasse assim, seria muito difícil memorizarmos todos os pares desse tipo. É
muito mais prático e mais “econômico”, acrescentar o morfema o a um radical,
quando se quer indicar seu masculino, e o morfema a, para o feminino, como em:
menin-o ou menin-a
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A Psi Biológica
Leia o artigo A Psi biológica, de Daniel Hamer Roizman, no portal Ciência & Vida,
em que ele discute, dentre outros temas, o experimento de Karl von Frisch sobre
as abelhas e a crítica de Benveniste a esse respeito.
Tempo: 2:06
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará
algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os
enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Agora que você já sabe que, apesar de os animais da mesma espécie serem
capazes de se comunicar uns com os outros, esse modo de comunicação não
pode ser considerado uma língua, tal como a criada pelos humanos, escreva sobre
duas semelhanças entre a linguagem humana e a comunicação animal e duas
características exclusivas de toda língua existente.
Questão 2
Questão 3
Questão 4
ato de informar.
Questão 5
Uma língua de sinais, como a Libras – Língua Brasileira de Sinais – se utiliza de gestos,
sinais e expressões faciais e corporais, em vez de sons na comunicação. As línguas
de sinais são de aquisição visual e produção espacial e motora. Considerando
que ela é um sistema eficiente de comunicação, que características da linguagem
humana podem ser identificadas na Libras?
FINALIZANDO
Neste tema, você aprendeu que, apesar de muitas espécies de animais serem
capazes de se comunicar para fins, principalmente, de preservação da espécie, isso
não significa que eles dominem uma linguagem como os humanos. Apesar de as
abelhas, por exemplo, serem capazes de transmitirem e entenderem uma mensagem
sobre a fonte de alimento, você aprendeu por que esse modo de comunicação
não configura um sistema linguístico. A linguagem das abelhas e de outros animais
geralmente apresenta conteúdo fixo, mensagem invariável, relação a uma só situação,
transmissão unilateral e enunciado que não se deixa decompor em partes menores.
Essas características se contrapõem às da linguagem humana, exclusivas de um
sistema linguístico complexo, que são: multiplicidade de funções, produtividade,
independência de estímulo, intencionalidade e dupla articulação.
REFERÊNCIAS
ROIZMAN, Daniel Hamer. A Psi biológica. In: Revista Psique, portal Ciência &
Vida. Disponível em: <http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/42/
artigo144065-3.asp>. Acesso em: 28 set. 2014.
GLOSSÁRIO
Funções da linguagem
Você já parou para pensar no porquê e no para quê falamos com as outras pessoas?
É apenas para transmitir informações? Para comunicar o que você pensa ou sabe
sobre alguma coisa? Quando você fala ou escreve para outra(s) pessoa(s), faz muito
mais do que isso. Você transmite suas impressões ou opinião sobre as coisas, ou então
tenta convencer o outro a ter este ou aquele comportamento. Dizemos coisas para
fazer contato com alguém ou utilizamos a linguagem de forma criativa e inovadora,
realizando um trabalho seja com os sons, com a forma ou o sentido das palavras por
exemplo. Isso prova que a linguagem ultrapassa o simples esquema de comunicar um
conteúdo informativo para outra pessoa. A linguagem, na verdade, apresenta várias
funções.
Esse fato foi descrito e explicado por Roman Jakobson, linguista russo que, em
1969, propôs uma ampliação dos modelos da Teoria da Informação, com o objetivo
de cuidar para que a comunicação do emissor para um receptor acontecesse
sem problemas ou ruídos. Essa abordagem deixava de lado qualquer elemento
extralinguístico como contexto sócio-histórico e cultural, ao contrário do que propôs
Jakobson, que passou a considerar como fundamentais para o estabelecimento da
comunicação:
1. Função Emotiva
Isso me acalma
Me acolhe a alma
44 Funções da linguagem
T4
Funções da linguagem 45
T4
3. Função Referencial
• Escrito em 3ª pessoa.
46 Funções da linguagem
T4
4. Função Metalinguística
5. Função Fática
- Obrigado por sua ligação. Você será atendido em alguns instantes. (Gravação
Funções da linguagem 47
T4
de telemarketing)
- Tudo bem!
6. Função Poética
Figura 4.7 – Andorinha Matreira
48 Funções da linguagem
T4
Nos dois casos, vimos como a própria mensagem é posta em destaque, pelo modo
como foi organizada ou estruturada, revelando recursos imaginativos criados pelo
emissor. É uma função afetiva, sugestiva, conotativa – de vários sentidos, e, portanto,
metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações com outras, sua forma.
Não se deixe enganar pelo nome desta função – poética – pois ela é encontrada
também em textos literários, provérbios, slogans, ditos populares, propagandas,
músicas. Logo, não se trata de uma função exclusivamente encontrada em poesias.
Funções da linguagem 49
T4
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Assista ao vídeo “Palavra puxa palavra: as funções da linguagem (1ª parte)”, que
servirá para você revisar todas as funções da linguagem e seus exemplos.
Tempo 6:51
Tempo 2:22
50 Funções da linguagem
T4
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará
algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os
enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Questão 2
Leia com atenção o trecho da música de Marisa Monte, Amar alguém, a seguir:
O tema da música é a defesa do fato de se amar alguém, mostrando que isso “só
pode fazer bem”. Não há ênfase nem no emissor, nem no receptor. Além disso, há
evidências de um trabalho com os sons vocálicos – repetição do “e” e dos nasais
“m” (bem, também, alguém, convém). Essas são características, respectivamente
das funções:
a) Metalinguística e referencial.
Funções da linguagem 51
T4
b) Poética e apelativa.
c) Referencial e poética.
d) Emotiva e fática.
Questão 3
52 Funções da linguagem
T4
Questão 4
Questão 5
- Tudo. E você?
- Tudo bem!
- Até mais.
Funções da linguagem 53
T4
conteúdo significativo, como em outros tipos de conversa que temos com amigos
ou familiares. Esse fato é característico de uma das funções da linguagem. Diga
qual é essa função e explique que características, na conversa, levaram você a essa
conclusão.
54 Funções da linguagem
T4
FINALIZANDO
Neste tema, você aprendeu que não utilizamos a língua apenas para transmitir
informações, mas também para várias outras finalidades, como expressar
sentimentos e emoções, influenciar outras pessoas, expor de forma objetiva
algum fato sobre pessoas, lugares ou situações, abrir, manter ou fechar o canal
de comunicação, colocar em evidência a própria linguagem que está sendo
utilizada, trabalhando-a de forma criativa. Essas funções da linguagem aparecem
diferentemente a depender do gênero textual. Algumas estão presentes em gêneros
autobiográficos, como depoimentos e diários, ou ainda em músicas e poemas,
como a função emotiva. A apelativa, por exemplo, faz-se presente, principalmente,
em gêneros publicitários e a referencial, em gêneros informativos, como jornais,
revistas, enciclopédias, livros didáticos, etc.
Funções da linguagem 55
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56 Funções da linguagem
T4
REFERÊNCIAS
FIORIN, José L. (org.). Introdução à Linguística. Vol 1. 2ª ed. São Paulo: Contexto,
2003.
PALAVRA puxa palavra: as funções da linguagem (2ª parte). Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=Y65xesFa1bk>. Acesso em: 5 out. 2014.
GLOSSÁRIO
Funções da linguagem 57
Tema 5
Introdução à fonética
Quando se pensa em estudo dos sons de uma língua, duas palavras vêm à mente:
fonética e fonologia. Muitos as utilizam como sinônimas, mas isso é um erro, pois
designam estudos e metodologias diferentes. Tanto uma como outra investigam
como os seres humanos produzem e ouvem os sons da fala.
Conforme observam Callou e Leite (2001), à fonética cabe estudar os sons como
entidades físico-articulatórias isoladas, independentes de seu contexto, já a fonologia
preocupa-se com a função desses sons como elementos de um dado sistema
linguístico. A fonética propõe-se a descrever os sons, analisando-os de acordo com suas
particularidades articulatórias e acústicas. A fonologia estuda os sons cujas mudanças
implicam diferenças no significado de uma palavra, por exemplo, percebendo como a
posição em relação a outros sons interfere na escolha deste ou daquele. E ainda como
esses sons se combinam, se relacionam na formação de morfemas, palavras e frases.
letras têm a ver com a convenção escrita de uma língua. Assim, palavras como
cassado e caçado, grafadas com consoantes e número de letras diferentes (a
primeira com 7 letras e a segunda com 6), apresentam o mesmo som ao serem
pronunciadas, sendo foneticamente representadas da mesma maneira: [ka’sadu],
com seis sons.
Em resumo, como você iniciará seus estudos sobre a fonética e não sobre a
fonologia, é preciso que sua definição esteja bem clara: “fonética é a ciência que
apresenta os métodos para a descrição, classificação e transcrição dos sons da
fala” (SILVA, p. 23).
O Aparelho Fonador
Você já parou para pensar como é capaz de produzir os sons emitidos ao falar?
Para produzi-los, o corpo humano não dispõe de nenhum órgão específico, mas
utiliza um conjunto de órgãos, chamado aparelho fonador. Segundo estudiosos,
somos capazes de produzir cerca de 120 sons diferentes. No entanto, ao crescer
em contato com uma determinada língua, a qual será sua língua materna, você só
vai adquirir os que fizerem parte do sistema linguístico ao qual foi exposto. No caso
do português brasileiro, temos cerca de 30 sons consonantais e 10 vogais, sem
contar as nasais. Com o tempo, na idade adulta, você adquire a chamada “surdez
fonológica”, reconhecendo apenas os sons pertencentes ao idioma materno.
60 Introdução à fonética
T5
Introdução à fonética 61
T5
O espaço que você vê na Figura 5.3, quando as pregas vocais estão abertas,
chama-se glote. Ao sair da laringe, o ar passa pela faringe, podendo sair pela boca
ou pelo nariz. Os sons que saem pela boca chamamos de “orais” e aqueles que
saem pelo nariz chamamos de “nasais”, conforme pode ser visto na Figura 5.4 a
seguir:
O som oral ocorre quando, após passar pela glote, a corrente de ar encontra o
véu palatino levantado, obstruindo a passagem de ar para a cavidade nasal. Se, no
entanto, o véu palatino estiver abaixado, o ar passa livremente para a cavidade nasal,
produzindo o tipo de som correspondente. Faça um teste: coloque suavemente
62 Introdução à fonética
T5
uma das mãos sobre o nariz e repita, alternadamente, as vogais “a” e “ã”. Se o
fizer diante de um espelho, com a boca bem aberta, poderá ver a úvula (chamada
popularmente de “campainha”, localizada ao final do céu da boca) levantar-se – na
produção do “a” oral – e abaixar-se na produção do “ã” nasal.
Os sons que passam pela cavidade bucal podem ser produzidos de várias
maneiras. A posição da língua e a posição dos lábios interferem na produção dos
sons. Sendo um órgão de grande mobilidade, a língua pode tocar o palato e os
dentes de diversas formas para modificar o som que vem da faringe.
Introdução à fonética 63
T5
ACOMPANHE NA WEB
Com a leitura do artigo de Adilson Luiz Pereira de Oliveira, você poderá aprofundar
os conhecimentos sobre as diferenças entre a fonética e a fonologia.
Acesse o site Fonética & Fonologia: sonoridade em artes, saúde e tecnologia. Nele,
você poderá estudar o aparelho fonador de forma dinâmica. É só passar o mouse
sobre as partes da figura e você verá a descrição de cada sistema.
Fonação
Tempo: 08:25
64 Introdução à fonética
T5
Tempo: 25:27
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará
algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os
enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Questão 2
Você estudou neste tema como podemos reconhecer um som surdo e um som
sonoro. Julgue as afirmações seguintes com “V” (verdadeiras) ou “F” (falsas):
Questão 3
“acento” e “assento”
Introdução à fonética 65
T5
“careta” e “carreta”
“cheque” e “xeque”
Questão 4
Questão 5
66 Introdução à fonética
T5
FINALIZANDO
Neste tema, você aprendeu que a fonética nos fornece instrumentos para
descrever e classificar todos os sons produzidos pelas línguas existentes. Nossa
capacidade de falar envolve não só nossa boca, mas outros sistemas que, juntos,
formam o sistema fonador, os quais são: sistema respiratório, sistema fonatório e
sistema articulatório. Aprendeu ainda como o som pode se comportar, dependendo
dos articuladores que agem sobre ele. Além disso, estudou a diferença entre as
vogais e consoantes e entre os sons orais e nasais. Na próxima aula, você aprenderá
mais sobre o sistema consonantal da língua portuguesa.
Introdução à fonética 67
T5
68 Introdução à fonética
T5
REFERÊNCIAS
MINHA voz, minha vida. Direção: Victor Nascimento. Brasil, 2011. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=d9e4oHqtIXY>. Acesso em 11 set. 2014.
SILVA, Thaïs Cristófaro; YEHIA, Hani Camille. Projeto Sonoridade em Artes, Saúde
e Tecnologia. Portal Fonética & Fonologia, Belo Horizonte, Faculdade de Letras,
2009. Disponível em: <http://fonologia.org>. ISBN 978-85-7758-135-1. Acesso em:
5 out. 2014.
VASCONCELOS, Yuri. “Por que os papagaios falam”. In: Mundo Estranho. Disponível
em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-os-papagaios-falam>.
Acesso em: 11 nov. 2014.
GLOSSÁRIO
Consoante: som cuja produção ocorre uma obstrução total ou parcial do trato
vocal.
Introdução à fonética 69
T5
Som nasal: som produzido na cavidade oral, com o véu palatino abaixado,
permitindo a passagem de ar para a cavidade nasal.
Som oral: som produzido na cavidade oral, com o véu palatino levantado,
impedindo a passagem de ar para a cavidade nasal.
Vogal: som cuja produção não ocorre obstrução e o ar passa pela cavidade oral
ou nasal livremente.
70 Introdução à fonética
Tema 6
O sistema consonantal da
língua portuguesa
passagem central da corrente de ar, como ocorre nas fricativas. Exemplos: tia, dia,
chá, já. As consoantes t e d são africadas, quando seguidas da vogal i em alguns
dialetos, como o carioca e o paulista. Em outras regiões como o Sul e Nordeste do
Brasil, os sons consonantais “t” e “d”, seguidos da vogal i são oclusivos.
e) Palatal: os sons que são produzidos com a lâmina da língua tocando o palato
duro. Exemplos: rainha, entulho.
Para que pudessem ser transcritos todas as possíveis realizações dos sons
das línguas humanas, foi criado o Alfabeto Fonético Internacional (IPA). Esse
instrumento possibilita a transcrição e a leitura de qualquer som em qualquer
língua por uma pessoa treinada. É uma convenção para se escrever os sons das
línguas, independentemente da ortografia que cada uma utiliza para sua escrita
no cotidiano. Se você aprende o som que cada símbolo representa, é capaz de
transcrever foneticamente qualquer palavra que ouça em uma língua estrangeira,
mesmo que nunca a tenha aprendido.
Ele é muito importante para os linguistas que estudam línguas ágrafas, isto é,
sem sistema de escrita para representá-las. Por meio da escrita fonética, o linguista,
em contato com uma comunidade ágrafa, é capaz de, após um estudo longo e
detalhado estudo, ouvindo falantes de diferentes faixas etárias dessa língua, em
diferentes contextos, deduzir quais são os fonemas que fazem parte dessa língua,
para então propor um sistema de escrita adequado para representá-la.
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Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará
algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os
enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Questão 2
a) Cotia:
b) Maré:
c) Alado:
d) Salto:
Questão 3
Questão 4
a) Lobo:
b) Formiga:
c) Ginásio:
d) Galho:
Questão 5
Com base na tabela fonética estudada nesta aula, composta pela classificação de
todas as consoantes e com exemplos de palavras escritas foneticamente, escreva
a palavra ortográfica correspondente à transcrição fonética apresentada a seguir:
a) [‘patu]:
b) [gos’tozu]:
c) [mule’kada]:
d) [‘t∫ia]:
FINALIZANDO
Neste tema, você aprendeu que existem símbolos criados com a finalidade de
transcrever qualquer som de qualquer língua, conhecido como Alfabeto Fonético
Internacional. Estudou também que a língua portuguesa tem símbolos para
representá-la e que seus sons podem ser descritos ou classificados em termos de
modo e ponto de articulação. Nossa língua tem sons nasais e orais e os articuladores
presentes no trato oral podem ou não interferir na produção dos sons.
REFERÊNCIAS
GLOSSÁRIO
Além das vogais nasais, que ocorrem com o abaixamento do véu palatino, há
também as vogais que são nasalizadas em função dos contextos vizinhos. É o que
ocorre em palavras como “cama” e “cone”, nas quais o abaixamento do véu palatino
para a articulação da consoante nasal ocorre antes da completa articulação da vogal
que antecede esse segmento nasal. Assim, as vogais “a” e “o” são percebidas como
nasalizadas. “Cama” e “cone” são transcritas, respectivamente, como: [‘kãma] e [‘kõne].
Fonte: Disponível em: <http://www.langsci.ucl.ac.uk/ipa/vowels.html>. Acesso em: out. 2014. Adaptado por Seara; Nunes;
Lazzarotto-Volcão (2011, p. 35).
Baixas: aquelas em que a língua se encontra na posição mais baixa no trato oral
(produção de [a] e [ ]). A abertura da boca na produção das vogais baixas é bem
mais ampla do que a apresentada para as vogais altas e médias.
palato mole, sem bloqueio à passagem do ar. São as vogais [o], [ ], [u].
Veja agora o quadro fonético das vogais tônicas do português brasileiro (Quadro
7.3):
No Quadro 7.3, as vogais, cujos símbolos fonéticos são [a], [e], [ε], [i], [o], [ ],
[u], correspondem às vogais tônicas a, e, é, i, o, ó, u, respectivamente. Os demais
símbolos correspondem às vogais átonas, que, nas palavras, ocorrem em sílabas
anteriores ou posteriores à sílaba tônica1.
Várias palavras da língua portuguesa têm o seu sentido alterado com a simples
1
Acesse o site Fonética & Fonologia (Disponível em: <http://www.fonologia.org/fonetica_vogais.php>.
Acesso em: out. 2014), escute os sons vocálicos e veja os símbolos correspondentes a cada um dos
sons que você estudou nos quadros apresentados.
mudança da vogal. Ainda que a pronúncia delas possa coincidir, você deve tomar
o cuidado de manter a diferença na escrita, sob pena de causar um mal entendido
por escrever algo cujo sentido não era o pretendido. Veja alguns exemplos com
as vogais “e” e “i”:
ACOMPANHE NA WEB
Disponível em : <http://www.projetoaspa.org/cristofaro/publicacao/pdf/originais/
artigos/vogais_cardeais> Acesso em: 13 set. 2014.
Leia o artigo “Uma investigação dos efeitos do ensino explícito da pronúncia na aula
de inglês como língua estrangeira”, de Ronaldo Mangueira Lima Júnior. O estudo
investigou os efeitos e a durabilidade do ensino explícito da pronúncia em aulas de
inglês como língua estrangeira. Os resultados indicaram, entre outras conclusões,
que há efeitos positivos na instrução explícita da pronúncia e que esses efeitos são
duráveis.
Disponível em : <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-
63982010000300013&lng=en&nrm=iso> Acesso em: 13 set. 2014.
Dê muita risada e aprenda mais sobre as vogais com a Torcida das Vogais, uma
entrevista muito engraçada com três humoristas do grupo Barbixas no Programa
do Jô Soares.
Tempo: 3:11.
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará
algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os
enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Questão 2
Questão 3
Questão 4
Das alternativas a seguir, apenas uma contém palavras em que todas as vogais são
anteriores. Assinale-a:
Questão 5
FINALIZANDO
REFERÊNCIAS
LIMA JUNIOR, Ronaldo Mangueira. Uma investigação dos efeitos do ensino explícito
da pronúncia na aula de inglês como língua estrangeira. In: Revista Brasileira de
Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 10, n. 3, 2010. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-63982010000300013&ln
g=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 set. 2014.
VÍDEO. Os Barbixas - Torcida das vogais. YouTube. 2010. Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=bpni4sMYQoM>. Acesso em: 11 out. 2014.
GLOSSÁRIO
Vogal átona: vogal pronunciada com menor intensidade, realizada de maneira fraca.
Ditongos crescentes e
decrescentes
Fonte: Disponível em: <http://www.langsci.ucl.ac.uk/ipa/vowels.html>. Acesso em: out. 2014. Adaptado por Seara; Nunes;
Lazzarotto-Volcão (2011, p. 35)
Nas palavras “cobalto”, “veloz” e “picada”, a vogal “o” (da sílaba “co”), a vogal “e” e
a vogal “i” estão em posição pretônica, isto é, aparecem em sílaba anterior à sílaba
tônica. Na transcrição fonética, ficariam: [ko’bawtU], [ve’l s] e [pi’cad«].
verdade: [vεh’dadI].
colado: [kç’ladU].
Pode haver, ainda, a elevação das vogais médias como “o” e “e”, que de média-
altas passam a altas, em palavras como “tomate” e “destino”, cuja transcrição,
respectivamente, seria: [tu’matSI] e [dis’tSinU].
Veja essa distinção nos pares de palavras “saci” e “safari”, por exemplo. Na
primeira, a vogal “i” é tensa, sendo assim transcrita: [sa’si]. Na segunda, a vogal “i”
é frouxa, ou lax, sendo assim transcrita: [sa’faI]. Veja agora o Quadro 8.3 com as
vogais em posição postônica:
Geralmente, na região sudeste do Brasil, palavras cuja escrita termine com a vogal
átona “o” ou “e” tendem, na fala, a ser pronunciadas com “o” e “i” frouxos. Veja como fica
a transcrição das palavras “estudo” e “verdade”, respectivamente: [es’tudU], [veR’dadZI]. A
vogal “a” em posição átona final ocorre, por exemplo, na palavra “menina”: [me’nin´].
Os Ditongos
Neste caso, as vogais [o] e [e] são tônicas. Seus respectivos pares [] e [I] são
átonos ou segmentos frouxos, portanto, são semivogais. Ditongos com essa
estrutura são chamados de decrescentes, pois vão do mais forte para o mais fraco.
As semivogais [I] e [U] podem ser transcritas também com os símbolos [j] e [w],
respectivamente, conforme se vê no Quadro 8.4:
Você se lembra de como indicamos as vogais nasais? Basta colocar um til sobre
elas no momento da transcrição fonética, tal como aparece no Quadro 8.4. Veja
alguns exemplos:
canto: [‘kãtU].
pensei: [‘pẽ`seR].
ainda: [a’˜id´].
Os Hiatos
Quando uma vogal constitui sozinha uma sílaba, temos um hiato. Essa vogal será,
portanto, sempre tônica. É o que ocorre em palavras como “saúva”, “saída” e “juízo”.
Pode ocorrer, também, com a vogal tônica seguida de uma consoante na mesma
sílaba, como em “faísca” e “saístes”. Em ambos os casos, serão transcritas como vogais
tônicas, como se vê a seguir:
saúva: [sa`uv´]
juízo: [Zu’izU].
faísca: [fa’isk´].
Monotongação
nós: [‘nçIs].
vocês: [vo’seIs].
arroz: [a’hoIs].
mas: [‘maIs].
Você percebeu a semivogal [I]? Ela ocorre em todos os casos do tipo, antes do
fone [s].
Para concluir esta aula, veja a seguir o Quadro 8.5, que sintetiza os estudos
realizados até agora sobre os sons vocálicos do português brasileiro:
ACOMPANHE NA WEB
Leia o artigo “Um estudo experimental sobre a percepção do contraste entre as vogais
médias posteriores do português brasileiro”, de Daniel Márcio Rodrigues Silva e Rui
Rothe-Neves, em que os autores apresentam sua pesquisa sobre a percepção de
falantes brasileiros a respeito dos pares de vogais “o” e “u” e entre “o” e “ó”, no sentido
de causarem diferença de sentido ou não.
Disponível em : <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
44502009000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 set. 2014.
Leia o artigo “As vogais médias pretônicas na variedade do noroeste paulista: uma análise
sociolinguística”, de Márcia Cristina do Carmo e Luciani Ester Tenani, que estudam o
comportamento variável das vogais médias pretônicas na variedade do português do
noroeste paulista, considerando variáveis linguísticas e sociais na investigação.
Disponível em : <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-
57942013000200012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 set. 2014.
Encontros Vocálicos
Assista ao vídeo “Encontros Vocálicos”, do Prof. Fábio Alves, que dá uma aula sobre
ditongos, hiatos e tritongos.
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará
algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os
enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Agora que você já sabe tudo sobre as vogais, suas características, classificação e
funcionamento quanto aos sons, responda: Qual é a diferença entre vogais tônicas
e átonas? Quais são as outras formas de chamá-las?
Questão 2
Leia a conversa a seguir entre uma mãe e seu filhinho na hora de dormir. Os
personagens falam o chamado “dialeto caipira”:
- Mais otra? Tá bão, fio. Vô conta argo muito mió do qui uma história: um carnerinho,
dois carnerinho, treis...
- ZZZZZZZZZZ...
Questão 3
Questão 4
a) Ditongo e hiato.
b) Ditongo e ditongo.
c) Hiato e ditongo.
d) Hiato e Hiato.
Questão 5
a) Estacionamento, área.
b) Saída, paulista.
c) Europa, saia.
d) Água, estou.
FINALIZANDO
Neste tema, você aprendeu a diferenciar os sons tônicos dos sons átonos, além de
ter aprendido o nome desses tipos de segmentos – tensos e frouxos, respectivamente.
Compreendeu que o encontro de duas vogais em uma mesma sílaba pode ser chamado
de ditongo crescente ou decrescente. Você viu ainda que os ditongos, de acordo com
a pronúncia de determinada região, podem se transformar em monotongos e vice-
versa. Já os hiatos apresentam duas vogais com tonicidade tensa, ao contrário dos
ditongos, em que uma vogal é tensa e a outra é frouxa.
REFERÊNCIAS
CARMO, Márcia Cristina do; TENANI, Luciani Ester. As vogais médias pretônicas
na variedade do noroeste paulista: uma análise sociolinguística. In: Alfa, São José
do Rio Preto, São Paulo, v. 57, n. 2, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-57942013000200012&lng=en&nrm=i
so>. Acesso em: 13 set. 2014.
GLOSSÁRIO
Monotongo: processo pelo qual o ditongo passa a ser produzido como uma única
vogal, devido ao apagamento da semivogal.
Princípios e procedimentos
da fonêmica e processos
fonológicos
É comum fazer confusão entre fonética e fonologia e usar os dois termos como
se fossem sinônimos. Porém, são dois objetos de estudo bastante distintos. Vamos
relembrar um pouco.
Cagliari (2002, p. 24) define de forma clara e concisa o fonema: “os sons que têm
a função de formar morfemas e que, substituídos por outros ou eliminados, mudam
o significado das palavras são chamados de fonemas”. Para encontrar os fonemas
de determinada língua usa-se o teste de comutação, ou seja, de substituição de
um som pelo outro. Por meio desse teste podemos fazer um levantamento de
todos os sons de uma língua que têm a função de fonema (distintiva).
Como exemplo, vamos pensar um pouco nas palavras “tia” e “dia”. Você não tem
dificuldade em afirmar que são duas palavras distintas, com sentidos diferentes. A
diferença entre elas está nos fones iniciais: [d] e [t]. Ou seja, existe uma oposição
entre eles, uma vez que, quando um ocorre, o outro deixa de ocorrer, além de a
escolha deste ou daquele acarretar mudança de significado. Logo, pode-se afirmar
que /t/ e /d/ são dois fonemas da língua portuguesa.
A primeira delas é: “os sons tendem a ser modificados pelo ambiente em que
se encontram”. Isso quer dizer que, na produção de uma palavra, os sons que a
compõem podem sofrer algum tipo de mudança a depender dos outros sons ali
presentes, que a antecedem ou que a sucedem, o que é chamado de contexto
ou ambiente. Os ambientes mais propícios a alterações de segmentos são os
[‘kask´] e [‘vezg´].
Minas Gerais, para ilustrar esse princípio. Nessa língua, o parâmetro vozeamento
e desvozeamento não é significativo para produzir mudança de significado, no
caso de segmentos oclusivos. Desta forma, tanto faz produzir [‘tçn] ou [‘dçn], que
significa igualmente “feio”. Já no caso da língua portuguesa, o traço vozeado e
desvozeado causa mudança de sentido da palavra, como em [‘tçpa] e [‘dçpa]. Isso
significa que o vozeamento é fonemicamente relevante em português, mas não
na língua krenak. Enquanto na língua portuguesa temos dois símbolos para ambos
os sons, já que se trata de dois fonemas, o krenak utiliza apenas uma representação
ou símbolo fonêmico, pois se trata de um fonema apenas.
Assim, Pike (apud SCHAEFFER; MEIRELES, 2011) declara que em cada língua há
dois grupos principais de sons que possuem nitidamente diferentes distribuições.
As vogais constituem o grupo que é frequentemente silábico e formado por
semivogais e as consoantes formam o outro grupo, que quase sempre funciona
como não silábico e que é, em grande parte, constituído de semivogais.
Identificação de Fonemas
Fonemas como /s/ e /b/, por exemplo, por não possuírem nenhuma similaridade,
devem ser considerados fonemas distintos. Enquanto um é fricativo, o outro é
oclusivo; enquanto um é alveolar, o outro é bilabial; enquanto um é surdo, o outro
é sonoro. Assim, são distintos em modo, ponto e vozeamento.
fonema:
1. Som vozeado e seu correspondente não vozeado, como pode ser visto em:
cota e gota.
3. Sons fricativos com ponto de articulação muito próximo, por exemplo: foca
e soca.
4. As nasais entre si, como em: lenha e lema, ou entre mata e nata.
6. As vibrantes entre si, como entre: caro (tepe ou vibrante simples) e carro
(vibrante múltipla).
7. Sons laterais, vibrantes e o tepe, conforme se pode ver em: terra e tela, entre
torra e tora, ou ainda, entre tala e tara.
Par Mínimo
Assim, diz-se que os pares /p/ e /b/; /l/ e /¥/; /x/ e /R/; /N/ e /m/ estão em
oposição ou contraste em ambiente idêntico.
Par Análogo
Quando não é possível encontrar pares mínimos para a comparação dos sons,
recorremos ao par análogo, cujas palavras são semelhantes quanto à distribuição
dos sons nelas presentes, porém, diferenciam-se entre si não em apenas um ponto,
como no caso do par mínimo, mas em dois pontos da cadeia sonora da palavra,
como nos pares: sumir e zunir; sambar e zombar.
De qualquer maneira, pode-se perceber que os sons suspeitos [s] e [z] ocorrem
em ambientes análogos, isto é, muito semelhantes, porém, não idênticos, o que
é suficiente para considerá-los fonemas da língua, já que não há nenhum som no
ambiente que possa influenciar na ocorrência de [s] ou [z].
Processos Fonológicos
1. Processos de apagamento.
2. Processos de adição.
3. Processos de transposição.
ouro – [‘oRU].
queijo – [‘keZU].
(iii) formas infinitivas na fala, como “olhá”, em vez de “olhar”; “comê”, em vez de
comer.
correndo: “correno”.
indo: “ino”.
andando: “andano”.
digno: [‘digInU].
objeto: [obI’ZεtU].
pneu: [pe’neU].
três: [‘tReIs].
rapaz: [ha’paIs].
arroz: [a’hoIs].
(i) Arca e carga: [‘aXka] e [‘kaFga]. Nestes exemplos, o som de “r” adquire os traços
das velares [k] e [g] presentes na sílaba seguinte, além de sofrer desvozeamento e
vozeamento, respectivamente.
O mesmo fenômeno ocorre com os fonemas /s/ e /z/, que serão surdos ou
sonoros conforme a consoante que os seguem, como em “casca” [‘kaska] e “rasga”
[‘hazga].
(ii) Diante de uma vogal, a vibrante vira tepe na fronteira entre duas palavras,
como em “mar aberto” [‘maRa’bεhto].
d) Yeísmo: diz respeito à troca de fonema consonantal por fone vocálico, como
em:
Note que nestes casos, como se trata de um som consonantal [¥] que representa
o símbolo alfabético “lh”, na transcrição fonética, apesar de ser pronunciado como
um ditongo, ele é transcrito com um símbolo consonantal como o [y], e não [I],
símbolo do correspondente átono de /i/.
e) Rotacismo: diz respeito à troca do som [l] pelo [r] em encontros consonantais
ou em final de sílaba. Tanto este processo quanto o yeísmo, visto anteriormente,
ocorrem frequentemente no chamado dialeto caipira.
ACOMPANHE NA WEB
Link: <http://www.revel.inf.br/files/entrevistas/revel_7_entrevista_leda_bisol.pdf>.
Leia a entrevista em que o linguista Luiz Carlos Cagliari discorre sobre a Fonética:
breve histórico, principais estudiosos e perspectivas atuais de ensino e pesquisa.
Link: <http://www.revel.inf.br/files/entrevistas/revel_7_entrevista_cagliari.pdf>.
Link: <http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_5_processos_fonologicos.pdf>.
Link: <http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant/claudia_susie.pdf>.
Visite o site da Olimpíada Brasileira de Linguística, em que você poderá testar seu
conhecimento intuitivo sobre outras línguas do mundo e realizar muitas outras
atividades sobre linguística.
Link: <http://www.obling.org/>.
Assista ao vídeo “Nossa Língua 15 – Casos Sujeitos a Investigação (CSI)”, que mostra
como a palavra “muito” passou a ser pronunciada de forma nasalizada, apesar de
não ter, em sua grafia, nenhuma letra que represente essa nasalização.
Link: <http://www.youtube.com/watch?v=QCHvOCWn2dc>.
Tempo: 7:32.
Assista ao vídeo “Gramática pela prática - Fonologia Aula 7”, em que o professor
Layon Oliveira explica os ditongos orais e nasais e como eles devem ser interpretados
na estrutura da palavra.
Link: <http://www.youtube.com/watch?v=K0hwe6j7iho>.
Tempo: 3:13.
Link: <http://www.youtube.com/watch?v=B0cyJgzkB6w#t=26>.
Tempo: 8:25.
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará
algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os
enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Nesta aula, você aprendeu que existem maneiras de saber se determinado som
é uma variação (alofone) ou um fonema da língua, isto é, um som que produz
mudança de sentido. Quais são os dois procedimentos de identificação de fonemas
estudados neste tema? Defina brevemente cada um deles.
Questão 2
a) Cata e fada.
b) Gameta e gaveta.
c) Abano e apanho.
d) Fava e vaca.
Questão 3
Questão 4
Leia com atenção o texto a seguir, que faz parte de uma reportagem sobre roubo
de carros em Florianópolis.
a) Na manchete que acompanha a foto da placa, por que a escrita “Praca cronada”
está entre aspas?
Questão 5
Dá licença de contá
Um palacete assombradado
b) Agora que você já identificou as palavras, escreva, em relação a cada uma delas,
o processo fonológico ocorrido em sua produção.
FINALIZANDO
REFERÊNCIAS
BISOL, Leda. Fonologia: uma entrevista com Leda Bisol. Revista Virtual de Estudos
da Linguagem - ReVEL, v. 4, n. 7, ago. 2006. Disponível em: <http://www.revel.
inf.br/files/entrevistas/revel_7_entrevista_leda_bisol.pdf>. Acesso em: 21 set. 2014.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Fonética: uma entrevista com Luiz Carlos Cagliari. Revista
Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL, v. 4, n. 7, ago. 2006. Disponível em:
<http://www.revel.inf.br/files/entrevistas/revel_7_entrevista_cagliari.pdf>. Acesso
em: 21 set. 2014.
LARA, Cláudia Camila; ILHA, Susie Enke. A relação entre processos fonológicos
na escrita inicial de crianças e consciência fonológica. In: Verba Volant, v. 1, n.
1. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2010. Disponível em: <http://
letras.ufpel.edu.br/verbavolant/claudia_susie.pdf>. Acesso em: 21 set. 2014.
em: <http://ppglin.posgrad.ufsc.br/files/2013/04/Livro_Fonetica_e_Fonologia.
pdf>. Acesso em: 21 set. 2014.
VÍDEO. Gramática pela Prática - Fonologia Aula 7. YouTube. 2011. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=K0hwe6j7iho>. Acesso em: 21 set. 2014.
GLOSSÁRIO
Par mínimo: diz respeito ao par de palavras que têm sentidos diferentes e que
apresentam a mesma forma, exceto em um único ponto.
Par análogo: diz respeito ao par de palavras que têm sentidos diferentes e que
apresentam a mesma forma, exceto em dois pontos.
Nasal: vogal que precede uma consoante nasal em outra sílaba pode ou não adquirir
a nasalidade, a qual não estabelece distinção de significado, como acontece com
a primeira vogal “a” que aparece nas palavras “banana” e “camelo”, por exemplo.
Fonemas e Alofones
Mas, o que fazer quando não encontramos nenhum desses pares? Isso indica que
os fones encontrados estão em distribuição complementar, mas, o que é isso?
No Brasil, temos duas pronúncias para as palavras “tia” e “dia”. A primeira delas pode
ser assim transcrita: [‘ti´] e [‘di´], em que as consoantes “t” e “d” são pronunciadas como
oclusivas alveolares.
Como o uso de [t] e [tS] e de [d] e [dZ] não altera o sentido da palavra, devemos
desconfiar do contexto em que ambos os fones ocorrem.
Em todas elas, tanto a consoante “t” quanto a consoante “d” são pronunciadas
como oclusivas alveolares. Apenas diante da vogal anterior alta não arredondada [i]
é que ocorre a mudança de som. Isso significa que o contexto é que condiciona
a mudança no fone. Dizemos, então, que esses fones estão em distribuição
T10
Veja a seguir o Quadro 10.1 que mostra o comportamento dos fones [tS] e [dZ]:
Transcrição Fonológica
Arquifonemas e Glides
Arquifonema /S/
Arquifonema /R/
Veja no Quadro 10.3 como Silva (2002, p. 160) resume a atuação do “r” fraco e
do arquifonema /R/:
O /l/ Pós-Vocálico
Glides
Quadro 10.5 Pares: vogais distintas por apenas uma propriedade articulatória.
Agora, tente encontrar pares mínimos para os pares elencados. Pense nas
palavras [‘pl´] e [‘pel´]. O uso do “e” fechado ou do “e” aberto é indiferente para
o sentido da palavra? Não é, visto que a primeira é relativa ao verbo “pelar” (tirar
a casca de), enquanto a segunda, “pela”, é uma preposição (por+a). Dessa forma,
concluímos que /e/ e /ε/ são fonemas vocálicos.
designa o substantivo “molho” (de tomate, branco etc.). Nesse caso, o uso de /o/
ou /ç/ também produz mudança de sentido, logo, são dois fonemas.
Pode-se pensar também nos pares “lira” e “lera” para os sons foneticamente
semelhantes i/e, e nos pares “morro” e “murro” para os sons o/u. Para a/´, i/I e u/U
não são encontrados pares mínimos.
O mesmo ocorre com vogais em posição postônica medial, como nas palavras:
Veja em detalhes a alofonia de cada uma das vogais nos quadros apresentados
a seguir (adaptados de SILVA, 2012, p. 174-179).
Alofonia de /i/
Na transcrição fonêmica da vogal “i”, ela será transcrita como /i/ nos seguintes
ambientes (Quadro 10.7):
Alofonia de /e/
Na transcrição fonêmica da vogal “e”, ela será transcrita como /e/ nos seguintes
ambientes (Quadro 10.8):
Transcrição
Ambiente Palavra
fonêmica
Posição tônica /vo’se/ você
Posição pretônica seguida
/be’be/ bebê
de consoante oral
Posição postônica final /’vive/ vive
Posição postônica medial /’fεRetRo/ féretro
Alofonia de /ε/
Alofonia de /a/
Alofonia de /ç/
Transcrição
Ambiente Palavra
fonêmica
Posição tônica /ci’pç/ cipó
Posição pretônica seguida de
/bç’bç/ bobó
consoante oral
Posição postônica medial /’εpçka/ época
quando a vogal tônica é ε/ç /’kçkçRaS/ cócoras
Posição postônica medial /’paRç ko/ pároco
quando a vogal tônica é diferente
das vogais médias ε/ç /’busçla/ bússola
Posição pretônica antes de
/Ro’zado/ rosado
consoante não nasal
Alofonia de /o/
Transcrição
Ambiente Palavra
fonêmica
Posição tônica /a’vo/ avô
Posição pretônica seguida
/afo’gou/ afogou
de consoante oral
Posição postônica final /mo’¥ado/ molhado
Posição postônica medial /’ezodo/ êxodo
Fonte: adaptado de Silva (2012, p. 178).
Alofonia de /u/
Transcrição
Ambiente Palavra
fonêmica
Posição tônica /iN’du/ hindu
Posição pretônica seguida de
/vul’gaR/ vulgar
consoante oral
Posição postônica medial /’tumulo/ tumulo
Arquifonema /N/
Alguns estudiosos defendem que existe oposição fonêmica entre essas vogais,
isto é, alegam que a nasalidade delas implica a mudança de sentido, como nas
palavras “Roma” e “romã”, “manha” e “manhã”, por exemplo. Outros, porém, como
o célebre linguista Mattoso Câmara, defendem que as vogais orais, na verdade,
combinam-se com um arquifonema nasal /N/.
Embora foneticamente sejam transcritas como [ã, ẽ, ĩ, õ, ũ], as vogais nasais são
representadas fonemicamente como /aN/, /eN/, /iN/, /oN/, /uN/. Veja a seguir a
transcrição fonética e a fonológica, respectivamente:
Para as palavras terminadas com vogais nasais não seguidas das consoantes
nasais, a transcrição mantém o til, da seguinte forma:
ímã: /’imã/
manhã: /’maã/
As vogais que seguem as nasais são átonas e formam com elas um ditongo nasal.
Mas, como representá-lo fonologicamente? Também se pode utilizar, segundo a
abordagem de Mattoso Câmara (1970 apud SILVA 2012, p. 168), o arquifonema /N/
logo após o ditongo. Veja: /’maoN/, /’maeN/, /’muiNto/, /koRa’soeNs/.
ACOMPANHE NA WEB
Leia o artigo “A nasalidade das vogais em português”, de José Mario Botelho, que
discute a polêmica sobre a interpretação das vogais nasais em língua portuguesa.
Fonética e Fonologia
Veja o vídeo “Gramática Pela Prática - Fonologia Aula 4”, do professor Layon
Oliveira, em que ele explica as vogais nasais e sua diferença em relação às orais.
Tempo: 3:17.
Veja o vídeo “Gramática Pela Prática - Fonologia Aula 5”, do professor Layon
Oliveira, em que ele explica as vogais átonas e como elas compõem as sílabas
com as tônicas.
Tempo: 03:03.
Veja o vídeo “Nossa Língua 15 – Casos Sujeitos a Investigação (CSI)”, que mostra
como a palavra “muito” passou a ser pronunciada de forma nasalizada, apesar de
não ter em sua grafia nenhuma letra que represente essa nasalização.
Tempo: 7:23.
Veja o vídeo “Gramática pela prática - Fonologia Aula 7”, em que o professor Layon
Oliveira explica os ditongos orais e nasais e como eles devem ser interpretados na
estrutura da palavra.
Tempo: 03:10.
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará
algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os
enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1
Questão 2
Questão 3
Questão 4
Mario Quintana
/a/:
/e/:
/i/:
/o/:
/ç/:
/u/:
Questão 5
amam – tapo – poda – tumba – para – senta – tapa – amém – tuba – podo sinta
– pera
FINALIZANDO
REFERÊNCIAS
BOTELHO, José Mario. A nasalidade das vogais em português. Soletras, ano VII, n.
14. São Gonçalo: UERJ, jul./dez. 2007. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.
uerj.br/index.php/soletras/article/viewFile/4717/3480>. Acesso em 20 jul. 2016.
CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. 14. ed. Petrópolis:
Vozes, 1984.
GLOSSÁRIO
Nasalidade: uma vogal que precede uma consoante nasal em outra sílaba pode
ou não adquirir a nasalidade, a qual não estabelece distinção de significado, como
acontece com a primeira vogal “a” que aparece nas palavras “banana” e “camelo”,
por exemplo.
Par mínimo: diz respeito ao par de palavras que têm sentidos diferentes e que
apresentam a mesma forma, exceto em um único ponto.
Par análogo: diz respeito ao par de palavras que têm sentidos diferentes e que
apresentam a mesma forma, exceto em dois pontos.