Aula Bônus
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Chef de Cozinha
AULA BÔNUS
▪ farinhas.. . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
▪ líquidos... . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
▪ passos importantes... . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
▪ utensílios... . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Durante esses onze anos dando aulas de panificação, o
que mais ouvia dos alunos é que os pães feitos nas
aulas, não pareciam ser sem glúten. Já que eram
fofinhos e sem sabor residual. A verdade é que
durante muito tempo, todos os testes que eu fazia
produziam pães que não duravam nada, ficavam
secos, quebradiços ou então pastosos e pegajosos. Foi
então que eu decidi estudar as farinhas mais a fundo, a
partir de literaturas estrangeiras e blogs dos autores
que eu mais seguia. Coletando informações e
aplicando na prática consegui chegar a pães incríveis.
A panificação sem glúten envolve mais coisas do que usar apenas um mix de farinhas.
Precisamos pensar na quantidade de líquido, tipos de fibras que vamos colocar para reter
mais umidade e muitas outras coisas. E o principal, é que temos uma enorme gama de
farinhas alternativas que podem ser usadas em um único pão, e fazer a mistura correta pode
ser uma jornada um tanto trabalhosa. Mas eu tenho os atalhos!
É super possível chegar a resultados incríveis nos seus pães quando se descobre a função de
cada farinha na massa. Para isso, vamos começar entendendo o porquê precisamos de uma
mistura de farinhas!
Temos que lembrar que a farinha que precisamos substituir é a farinha de trigo, que sozinha
consegue dar maciez, elasticidade, crocância, volume e estrutura para sua receita de pão. E
para conseguirmos essas características em nossas receitas, precisamos aprender a função de
cada farinha sem glúten e ir adicionando cada um dos seus grupos para garantir um
resultado satisfatório.
As farinhas que ajudam a dar liga nas massas são os amidos. Abaixo estão os amidos que
usaremos nos pães do curso:
▪ polvilho doce
▪ araruta
▪ amido de milho
▪ fécula de batata
É importante avaliar que mesmo essas farinhas tendo a função de liga, elas são diferentes
entre si. E podemos destacar o polvilho doce como a melhor farinha de liga e a fécula de
batata a melhor farinha para dar maciez. Nesse curso não usaremos araruta, mas ela está
aqui para entendermos que pode ser usada no lugar do polvilho em algumas circunstâncias.
▪ painço
▪ sorgo
▪ arroz branco ou integral
Mesmo estando dentro de uma mesma categoria, podemos destacar dentre essas farinhas
que a farinha de arroz é a melhor para dar mais estrutura às massas, no entanto, sua textura
pode ser arenosa quando não escolhemos uma marca em que a farinha seja extremamente
fina. Outro ponto importante sobre a farinha de arroz é que ela é de difícil substituição. Em
geral, quando a quantidade pedida na receita é cerca de 50% do volume de farinha, o ideal é
não fazer substituições. Já, quando a quantidade está entre 15-25%, pode-se trocar por alguma
dessas relacionadas acima ou as de neutralidade (página seguinte). Mas esteja sempre atento
a necessidade de mais umidade nas receitas, quando trocar alguma farinha.
: É uma boa farinha para ajudar a dar estrutura para as massas, mas não
deve ser usada sozinha. Por ter alta necessidade de líquido e não ser um espessante, o sorgo
pode deixar a massa mais seca, portanto sempre use com amidos ou fibras formadoras de
gel para chegar a um resultado melhor. Farinha de oleaginosas também são ótimas para
ajudar a manter a umidade da massa quando se usa sorgo.
▪ amaranto
▪ amêndoa
▪ fubá
: Ultimamente tem sido uma das minhas farinhas preferidas por sua
ótima capacidade de reter água. Uso sempre em quantidades pequenas, por ter sabor forte.
Apesar de ter capacidade de conferir mais maciez do que neutralidade às preparações, está
classificada aqui, por não se enquadrar na categoria dos amidos, que são ótimas farinhas de
maciez como a fécula de batata e o amido. Quando usada em proporções pequenas,
conseguimos mascarar muito bem o sabor da farinha de arroz e proporcionar mais
neutralidade como no caso do pão Challah que faremos no curso.
: É uma das farinhas mais difíceis de trabalharmos em panificação, pois ela precisa de
muita água e isso acaba deixando o pão mais seco. Por esse motivo é tão importante usar nos
pães fibras formadoras de gel e muitas vezes, o uso de tubérculos pode ajudar a manter a
massa úmida mesmo com a presença de fubá.
Dentre essas farinhas, sempre gosto de mesclar a farinha de amêndoa com outra farinha de
neutralidade. Assim consigo deixar o pão úmido, macio e sem sabor residual.
Outras farinhas incríveis para dar neutralidade às massas são farinha de pistache, castanha
de caju, macadâmia, amido de milho, farinha de amendoim, farinha de coco, farinha de teff e
farinha de sorgo.
O resultado final de uma receita de pão não depende só das farinhas, precisamos também de
outros componentes na receita como farinhas formadoras de gel. Uma das coisas que
descobri ao testar pães com maior durabilidade é que por ficarem secos mais rapidamente,
eu precisava criar meios dessa umidade se manter na massa. No entanto, as farinhas sem
glúten não são capazes de criar uma trama perfeita como a farinha de trigo e reter toda a
umidade e ar lá dentro da massa. Dessa forma, precisava imitar essa umidade agregando
farinhas ricas em fibras formadoras de gel, como psyllium, linhaça e chia. Em especial, o
psyllium tem a capacidade de absorver cerca de 3 a 6 vezes a quantidade de água e formar
gel, garantindo que o pão não tenha toda a sua umidade evaporada durante o período de
fermentação, forneamento e armazenamento..
Note que nessa proporção estamos usando dois amidos e uma farinha de estrutura, mas não
é uma regra, pois se tirarmos a farinha de arroz dessa mistura, podemos ter um resultado
ruim, com menos estrutura. Por isso, é super importante fazer testes diminuindo a quantidade
de farinha de arroz, mas ainda mantendo-a em grande quantidade na receita.
A estrutura da massa é super importante para manter a umidade, portanto, se desejar mudar
a proporção dessas farinhas, certifique-se de ter quantidade iguais ou aproximadas de farinha
de arroz e fécula, se for agregar outra farinha além dessas três.
Se quiser usar outras farinhas e ainda manter a estrutura e a elasticidade da massa, sempre
use goma e psyllium para agregar mais água a massa e evitar ressecamento.
A parte liquida da receita é ainda mais importante
do que a mistura de farinhas. Sabemos que os
preparos sem glúten perdem umidade muito
rapidamente, portanto, agregar mais líquidos às
receitas fará toda a diferença. No entanto, que tipo de
liquido e como agrega-lo às massas e até a
temperatura são técnicas que aos poucos fui
desenvolvendo para ter o melhor resultado!
Podemos usar leites vegetais ou água em nossos pães. Apesar do custo, usar leites vegetais
traz resultados superiores às massas. No entanto, é preciso escolher o leite adequado. De todos
os leites que já usei o de amêndoa caseiro é o que traz melhores resultados. A amêndoa tem
uma ótima capacidade de expansão e com o leite não é diferente. Mas, quando feito de
maneira caseira, parece manter melhor as propriedades e permitir melhores resultados nos
pães.
Você sempre pode usar água nos pães, mas como no caso do pão de forma, usar leite de
amêndoas ajuda a trazer uma textura mais aveludada para o miolo e um sabor
amanteigado que deixa o pão ainda mais especial e úmido.
Quanto aos leites vegetais vale o alerta de não usar leites mais densos como coco ou inhame,
mas se decidir usar certifique-se que eles estarão mais leves diluindo com um pouco de água.
Muitos colegas que produzem pães e receitas funcionais aqui no Brasil recomendam o uso do
leite de inhame por ter mais viscosidade e garantir mais umidade aos pães, mas sempre acho
a textura muito pesada quando ele não é diluído corretamente. E em relação a sabor, sempre
prefiro usar o leite de amêndoa para dar mais neutralidade aos pães.
Ingredientes:
▪ 1 xícara de chá de amêndoas
▪ 3 xícaras de chá de água
Modo de preparo:
Coloque as amêndoas de molho em uma bacia com água (o suficiente para cobrir) e deixe por 8 a 12
horas. Escorra a água e lave bem. Transfira as amêndoas para o copo do liquidificador com 3 xícaras
de água. Bata até que a amêndoa esteja em pedaços bem pequenos. Usando um voal (tecido fino) coe
todo o leite em uma jarra (prefira jarras ou garrafas que tenham tampa) e utilize nas receitas de pães
que preferir ou congele para uso posterior.
Outros componentes da receita que também são líquidos influenciam na umidade da massa e
na modelagem final. Como os ovos, o óleo usado, o vinagre e as fibras. (que não é liquido, mas
participam ativamente da umidade da massa). Por isso é muito importante ficar atento a
quantidade de psyllium que usamos na massa e fazer as medidas de maneira correta (daqui
a pouco conversamos sobre isso).
Quando entendi que no pão australiano, o fato de colocarmos muito mel na massa
prejudicava a modelagem., decidi usar uma farinha com maior absorção de água, como o
sorgo. A massa não ficava bem modelada, pois ao mesmo tempo que precisamos do mel pra
o sabor característico da massa, precisamos de muito liquido por conta da quantidade de
farinha usada, dessa forma o sorgo foi capaz de absorver o resto de liquido que atrapalhava o
desenvolvimento do pão. A absorção de água pelas farinhas é um ponto importante a ser
avaliado. Em geral, farinhas mais integrais, feitas do grão inteiros, necessitam de mais água
para manter a maciez e a estrutura das massas.
C;omo vocês verão a seguir, na maioria dos pães usei psyllium e em alguns deles adicionei
água ao psyllium para conseguir ainda mais umidade nas massas. Mas por que isso?
medidores
Para preparar receitas sem glúten e sem
leite é preciso uma certa precisão para
que não ocorram erros nas medidas. Por
isso, é importante ter um conjunto de
xícaras e colheres medidoras para medir
sólidos e uma jarra em ml para medir
líquidos. Eu gosto de comprar xícaras e
colheres de mesma marca para não
haver erro nas medições. Isso por que
diferentes países, marcas e fabricantes
podem ter divergências nos volumes de
cada utensílio. Em geral, as colheres de
sopa devem ter 15ml, e a xícara de chá
240ml. Siga essa dica na hora de comprar
o seu kit..
formas
Para fazer o pão de forma e o brioche
você precisa de uma forma de bolo inglês,
mas conhecida como forma para pão de
forma. Prefiro as de teflon, mas as de
alumínio também podem ser usada.
bowls
São utensílios excelentes para
conseguirmos misturar bem as massas. Eu
prefiro os de cerâmica, vidro ou melamina.
Esses são mais pesados e facilitam a
mistura da massa se você decidir fazer o
pão totalmente à mão.
batedeira
Durante muito tempo eu preferi fazer os
pães no processador por achar mais
prático, mas depois que comecei a fazer
na batedeira e na thermomix achei os
resultados muito bons. Mas fiquem a
vontade para usar qualquer uma das três
opções. Lembrando que melhor são
batedeiras do tipo planetária e usar a
raquete para bater a massa.
assadeiras
Assadeiras de borda mais baixa são
ótimas para assar os pães modelados.
Com a borda mais baixa fica mais fácil de
transportar a massa para dentro da
forma sem desmontar o pão.
grade
Quando retirados dos forno o ideal é que
os pães sejam desenformados e
colocados em uma grade para esfriar.
Esse processo evita que o pão fique úmido
demais no processo de resfriamento. Além
disso, é fundamental para finalizar o
cozimento à medida que esfria.
pincel
Massas que precisam ficar mais
coradinhas precisam de pincel para
passar a mistura de gema de água no
topo dos pães. Prefira os de silicone que
são mais fáceis de higienizar.
espátula
Esse utensílio é um dos mais importantes
para você conseguir agregar farinha às
massas mais moles, dividir a massa e
transportar. Você acha de diversos
tamanhos em lojas especializadas. Pode
ser de inox ou de plástico.
lâmina
Para que os pães tenham a
pestana perfeita é necessário
que a lâmina de corte seja
bem fina e afiada. Assim o
corte é mais preciso.
Lâminas profissionais
tem o custo mais
elevado, você pode usar
um estilete no lugar!
banneton
Excelente para fazer pães sem glúten,
pois permitem formatar o pão sem
necessidade de uma massa muito
estruturada. Acho um bom
investimento para os iniciantes
conseguirem modelar os pães de
maneira mais fácil. É possível
encontrar de vários formatos e
tamanhos na internet.
ATENÇÃO!
Não vai ao forno!
forma para baguete
É super importante, quando
não se tem muita habilidade,
usar os utensílios corretos para
obter melhor resultados. Para
fazer o pão francês esse formo
é importante, pois mantém a
estrutura e tem a capacidade
de crescer e não espalhar na
forma.