A Massagem Reichiana
A Massagem Reichiana
A Massagem Reichiana
2- A intervenção biofísica.
3 – A estratégia biofísica.
4 – A massagem em Reich.
Reich nunca usou a palavra massagem em seus textos, no entanto
descreveu vários procedimentos técnicos que bem caberiam, numa
definição geral de massagem. Vejamos alguns exemplos.
Outra maneira de liberar o reflexo do orgasmo é exercer uma pressão
suave no alto do abdome. Coloco as pontas dos dedos de ambas as
mãos aproximadamente no meio do abdome superior, entre o umbigo
e o externo, e digo ao paciente que inspire e expire fundo. Durante a
expiração vou aplicando, aos poucos, uma suave pressão no alto do
abdome. ... Se a exalação profunda é continuada durante certo tempo,
uma parede abdominal tensa e dura se torna invariavelmente macia
(Reich, 1979, p. 278).
Assim, por exemplo, a respiração forçada no segmento torácico ou a
repetida produção do reflexo do vômito, impulsionam o organismo em
direção à contração orgástica; o mesmo pode-se dizer da irritação dos
músculos dos ombros mediante beliscões (Reich, 1978, p. 383).
Por esses exemplos fica claro que encontramos procedimentos técnicos de
massagem sob a designação reichiana de vegetoterapia. Esses
procedimentos de massagem estão de acordo, portanto, com os parâmetros
da vegeto. Vejamos que parâmetros são esses.
O vegetoterapeuta localiza os pontos individuais nos quais o reflexo
do orgasmo é inibido e intensifica as inibições. Então o próprio corpo
procura o caminho prescrito pelo curso da excitação vegetativa. Mais
adiante ele continua aparentemente de maneira contraditória. Ações
musculares voluntárias podem coincidir inteiramente com a direção de
ações musculares involuntárias ; assim, a imitação consciente de um
movimento pélvico pode produzir um movimento pélvico vegetativo
involuntário (Reich, 1979, p. 277).
Vamos tentar entender: numa afirmação ele diz para intensificar o bloqueio,
que impede o movimento vegetativo espontâneo, na outra ele fala em imitar
o movimento vegetativo de forma voluntária até que o involuntário surja do
voluntário. Ao entendemos a couraça como uma resultante, duplamente
determinada, pelo fluxo plasmático e pela tensão inibidora, podemos
desestabilizá-la ou até quebrá-la reforçando momentaneamente um lado ou
outro. Tanto um procedimento como o outro nos leva ao mesmo objetivo; a
desestruturação da couraça. Assim podemos falar de dois procedimentos
básicos, a um chamarei de acirramento, onde fazemos nossa intervenção
no sentido de aumentar o bloqueio, ao outro chamaremos abrandamento
onde trabalhamos no sentido de chamar o organismo a retomar sua
funcionalidade vegetativa. Esses procedimentos de modo algum são
excludentes entre si, pelo contrário, se complementam. Se acirramos um
determinado bloqueio muscular, apertando mais o músculo já em tensão, e
a pessoa não consegue expressar sua dor e desconforto, passando a se
contrair, ainda mais, devemos mudar nossa estratégia, buscando abrandar
a região trabalhada bem como, os canais expressivos bloqueados. O
contrário também é verdadeiro, se estamos abrandando e o organismo não
se solta, retomando o fluxo vegetativo, devemos acirrar os bloqueios que
impedem essa retomada. A própria alternância das técnicas é um fator em
si desestabilizador da couraça. É importante assinalar que nenhum
procedimento técnico em si é acirrante ou abrandante. Uma massagem
suave, lenta e superficial, em um determinado momento, num certo sujeito,
pode relaxar e num outro sujeito, ou no mesmo mas em momento diferente,
pode trazer muita angústia e ansiedade. As qualidades abrandante e
acirrante são determinadas pelo momento da dinâmica encouraçadoura e
pela relação entre massageador e massageado (terapeuta e cliente),
podendo ser, ainda, sobredeterminadas transferencialmente.
Concluído diremos que não podemos falar da uma massagem reichiana
num sentido estrito como um sistema técnico estruturado. Reich nunca
pretendeu organiza-la e, principalmente, sempre a usou dentro do contexto
da psicoterapia. O mais correto seria falar de procedimentos de massagem,
vistos pela ótica dos fundamentos reichianos.
6 – Conclusão.
Rio, março de
1995.
NOTAS: