PV
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para a saúde humana e para o meio ambiente. Eles vêm sendo largamente desenvolvidos e
utilizados nas culturas, mas as descobertas científicas sobre os seus danos à saúde e ao meio
ambiente levaram a uma crescente preocupação do público e, por conseguinte, à necessidade
de regulação estatal. Para eliminar ou limitar alguns riscos decorrentes do uso dos pesticidas, o
Estado, que deve salvaguardar a saúde e o meio ambiente, faz opções regulatórias que
envolvem o ciclo de vida desses produtos desde a sua produção, utilização e resíduos.~
Além das intoxicações agudas, a exposição ocupacional também pode causar outros
problemas de saúde, como as intoxicações crônicas. Tais intoxicações podem se manifestar de
diferentes formas como: problemas ligados à fertilidade, indução de defeitos teratogênicos e
genéticos, câncer, efeitos deletérios sobre os sistemas nervosos, respiratórios, genito-urinário,
gastro intestinal, pele, olhos, alterações hematológicas e reações alérgicas (BRASIL, 2006).
Alguns autores têm se preocupado com a alta incidência de suicídios em trabalhadores rurais e
vêm estudando a relação da utilização de agrotóxicos com o suicídio e outros sintomas como:
depressão, ansiedade e nervosíssimo. De acordo com esses estudos, os agrotóxicos podem
causar “síndromes cerebrais orgânicas ou doenças mentais de origem não psicológicas” (FALK
et al., 1996).
Pesquisas indicam que a maioria dos casos de intoxicação por agrotóxicos ocorrem em virtude
de um descumprimento das normas de segurança para a sua aplicação, a irregularidades no
armazenamento e na distribuição dos produtos, assim como à ausência de políticas públicas de
controle (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAÚDE, 1996). A solução para esse problema
seria “educar” o usuário de agrotóxicos para o uso adequado e seguro. Evidentemente que o
uso inadequado dos produtos pode ocasionar diversos problemas e ser a causa imediata de
agravos à saúde e a educação dos trabalhadores que utilizam as 19 substâncias deve ser
fundamental para a minimização dos problemas. No entanto, a utilização inadequada e as
dificuldades que existem para se obter mudanças nas práticas de utilização dos agrotóxicos são
conseqüências de diversos outros fatores nas condições e no ambiente de trabalho. Esses
fatores estão intimamente ligados com o modelo de produção adotado, o qual não aborda
riscos, não considera a preparação dos usuários para aplicação dos produtos, não detém de
recursos materiais e humanos para o controle dessas substâncias. Há ainda o fato de existirem
grande disponibilidade de produtos e fácil acesso aos mais perigosos, o uso excessivo de
produtos sendo induzido através de vendedores e propagandas, dos usuários dos produtos
dificilmente terem acesso às informações técnicas, das condições de trabalho nas pequenas
propriedades que em geral são precárias, da instabilidade da política agrícola e em especial
dos determinantes socioeconômicos dos trabalhadores rurais que normalmente possuem
deficientes condições de educação, moradia e relações de trabalho (GARCIA, 2005). Assim
sendo, não se pode responsabilizar apenas os usuários dos agrotóxicos pelos problemas
ocasionados a saúde da população e aos danos provocados ao meio ambiente. Faz necessárias
a adoção de medidas coletivas e a instituição de políticas que incorporem a visão abrangente
da situação, buscando minimizar os problemas decorrentes da utilização dos agrotóxicos.
Também não se pode considerar que os riscos no trabalho com agrotóxicos sejam decorrente
apenas a inadequação da utilização dos produtos, do ponto de vista do seu manuseio e
aplicação, fatores importantes na determinação da exposição. Deve-se levar em consideração
a questão da toxicidade dos produtos, pois a capacidade dos agrotóxicos produzirem efeitos
sobre organismos vivos é específica dessas substâncias (GARCIA, 2005).
A maioria dos trabalhadores rurais desconhece os riscos que os agrotóxicos podem ocasionar
na saúde humana; misturam mais de um produto, utilizando as próprias mãos, sem proteção
para manipular os produtos; adquirem os produtos sem orientações técnica qualificada e em
locais não autorizados para comercializar; guarda incorretamente os produtos, normalmente
em sua residência, junto com objetos pessoais e com acesso facilitado ou expostos nas
propriedades, nas áreas de aplicação; não utilizam equipamentos de proteção individual
durante a aplicação dos agrotóxicos e na presença de pessoas próximas. É possível verificar a
participação de toda a família no trabalho rural, incluindo marido, esposa e filhos.
De acordo com Salim (2002), existe a necessidade de se realizarem estudos gerais e em caráter
de urgência e análises específicas para a delimitação de cenários que visem à definição de
ações preventivas capazes de minimizar os danos dos agrotóxicos obre a saúde do trabalhador.
Somente a partir da década de 1970 tem início a preocupação em adotar práticas que
visassem preservar o ambiente e a saúde das pessoas expostas a agrotóxicos (SILVA et al.,
2005).