Apostila Teoria Dos Numeros
Apostila Teoria Dos Numeros
Apostila Teoria Dos Numeros
1 Números Naturais 4
1.1 Adição e Multiplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Números Inteiros 37
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.2 Divisibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1
2.3 Algoritmo da Divisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2.5 Sistemas de Numeração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.7 Máximo Divisor Comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.8 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
2.9 Números Primos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2.10 Mínimo Múltiplo Comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
2.11 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
3 Congruências 104
3.1 De…nições e Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
3.1.1 Sistemas Completos de Resíduos . . . . . . . . . . . . . 117
3.1.2 Sistemas Reduzidos de Resíduos . . . . . . . . . . . . . 122
3.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
3.3 Congruência Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
3.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
3.5 O Teorema Chinês dos Restos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
3.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
3.7 Equações Diofantinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
3.8 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
3.9 Os Teoremas de Euler, Fermat e Wilson . . . . . . . . . . . . 162
3.10 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
2
4.2 Números Racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
4.2.1 Representação Decimal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
4.2.2 Dízimas Periódicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
4.3 Números Irracionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
4.4 Equações polinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
4.5 Valores Irracionais de Funções Trigonométricas . . . . . . . . . 198
4.6 Valores irracionais de logaritmos decimais . . . . . . . . . . . 201
4.7 Números algébricos e transcendentes . . . . . . . . . . . . . . 203
3
Capítulo 1
Números Naturais
(a; b) 7 ! a + b
e de Multiplicação
4
Propriedade 1 As operações de Adição e de Multiplicação são bem de…nidas,
ou seja,
8a; a0 ; b; b0 2 N; a = a0 e b = b0 ) a + b = a0 + b0 e ab = a0 b0 .
8a 2 N; a + 0 = a e 1a = a.
5
Observação 1.2 Esta propriedade é equivalente a:
8a; b 2 N; ab = 0 ) a = 0 ou b = 0:
Observação 1.3 Dizer que a < b é equivalente a dizer que b é maior do que
a, que é denotado por b > a.
(a) a = b
(b) a < b
(c) b < a.
6
Proposição 1.1 0a = 0; 8a 2 N.
Proposição 1.3 A adição é compatível com respeito à relação < e vale a lei
do cancelamento, ou seja, 8a; b; c 2 N; a < b , a + c < b + c.
b + c = (a + d) + c = a + (d + c) = a + (c + d) = (a + c) + d:
a = b ) a + c = b + c;
b < a ) b + c < a + c;
7
que também contradiz a hipótese.
Portanto, resta apenas a possibilidade a < b.
bc = (a + d)c = ac + dc:
a = b ) ac = bc;
8
Reciprocamente, suponhamos que a + c = b + c. Pela tricotomia, ocorre uma,
e apenas uma, das situações seguintes: a = b; b < a ou a < b. Mas, pela
Proposição 1.3, b < a ) b + c < a + c, que contraria a hipótese. Também
não podemos ter a < b, pois neste caso, pela mesma Proposição, teríamos
a + c < b + c, que também contraria a hipótese.
Portanto, resta apenas a possibilidade a = b.
9
Reciprocamente, suponhamos que 9c 2 N tal que b = a + c. Como não é
possível ocorrer c < 0, pela tricotomia temos que c > 0 ou c = 0: Se c > 0,
temos que a < b. Se c = 0, temos que a = b. Portanto, a b.
1. a a; 8a 2 N;
2. Dados a; b 2 N, se a b e b a, então a = b;
3. Dados a; b; c 2 N, se a b e b c, então a c.
Solução.
a b ) 9 c 2 N; b = a + c
b a ) 9 d 2 N; a = b + d:
a = b + d = (a + c) + d = a + (c + d) ) a + 0 = a + (c + d):
a b ) 9 d 2 N; b = a + d
b c ) 9 e 2 N; c = b + e:
10
Dessas duas igualdades segue que
c = b + e = (a + d) + e = a + (d + e):
a. Se a < b, então a b;
Observe que
b a = 0 , a = b:
11
Prova. Se a b, já sabemos que ca cb. Logo, cb ca está bem de…nido.
Seja d = b a, ou seja, b = a + d. Multiplicando ambos os membros dessa
igualdade por c, obtemos
cb = c(a + d) = ca + cd:
a + c = [(b c) + d] + c
= (b c) + (d + c)
= (b c) + (c + d)
= [(b c) + c] + d
= b + d:
Logo, b a + c e d = (a + c) b. Portanto, a (b c) = (a + c) b.
1.2 Exercícios
1. Dados a; b 2 N, use a propriedade da Tricotomia para determinar a
negação de:
12
(a) a < b;
(b) a b;
(c) a = b.
2. 8 a; b; c 2 N, mostre que:
(a) a < b ) a b;
3. Mostre que:
(a) 8 a; b; c 2 N; a b,a+c b + c;
(b) 8 a; b 2 N; 8 c 2 N ; a b , ac bc.
4. 8 a; b; c; d 2 N, mostre que:
(a) a + b = a , b = 0;
(b) a:b = a , a = 0 ou b = 1;
(c) a:a = a , a = 0 ou a = 1.
13
6. Sejam a; b; c 2 N tais que b+c a. Mostre que a (b+c) e (a b) c
estão bem de…nidos vale a igualdade
a (b + c) = (a b) c:
7. Sejam a; b; c 2 N tais que 0 < c < b < a. Mostre que 0 < b c<
a c < a.
c a c b,b a:
b a d c,b+c a + d:
1. 0 2 S;
2. n 2 S ) n + 1 2 S.
Então S = N.
De…nição 1.3 Uma sentença matemática P (n) que depende de uma variá-
vel n 2 N, a qual se torna verdadeira ou falsa quando substituímos n por um
número natural, é chamada sentença aberta de…nida sobre N.
14
Exemplo 1.1 P (n) : n é par. Temos que P (n) é uma sentença aberta tal
que: P (1) ; P (5) ; P (11) são todas falsas; P (4) ; P (10) ; P (12) são todas
verdadeiras.
n (n + 1)
P (n) : 1 + 2 + +n= :
2
Temos que:
1 (1 + 1)
P (1) : 1 = =1
2
2 (2 + 1)
P (2) : 1 + 2 = =3
2
3 (3 + 1)
P (3) : 1 + 2 + 3 = =6
2
4 (4 + 1)
P (4) : 1 + 2 + 3 + 4 = = 10
2
..
.
Veri…camos que P (1) ; P (2) ; P (3) e P (4) são todas verdadeiras. Tendo em
vista esses resultados, podemos até suspeitar que P (n) é verdadeira para todo
n 2 N, mas não podemos a…rmar que isso é verdade. Uma sentença aberta
sobre N pode ser verdadeira para muitos valores de n e não ser verdadeira
para todo n 2 N.
Podemos veri…car diretamente que P (1) ; P (2) ; P (3) ; : : : ; P (40) são todas
verdadeiras, mas P (41) é falsa.
15
Dada uma sentença aberta P (n) sobre N, é impossível testarmos, um por
um, todos os números naturais para decidirmos se P (n) é verdadeira para
todo n 2 N. Então precisamos de um critério que permita essa decisão. O
teorema a seguir faz esse papel.
1. P (0) é verdade;
S = fn 2 N j P (n) é verdadeg :
Temos que:
16
1. P (a) é verdade;
Prova. Seja P 0 (n) a sentença aberta sobre N dada por P 0 (n) = P (a + n).
Temos que:
P 0 (k + 1) = P (a + (k + 1)) = P ((a + k) + 1)
n(n+1)
Exercício 1.6 Mostre que 1 + 2 + +n = 2
, para todo inteiro n 1.
n(n + 1)
P (n) : 1 + 2 + +n= ; 8n 1:
2
1:(1+1)
Temos que P (1) é verdade, uma vez que 1 = 2
. Seja k 1 e suponhamos
que P (k) é verdade, ou seja,
k(k + 1)
1+2+ +k = : (1.1)
2
17
Vamos mostrar que P (k + 1) é verdade, ou seja,
(k + 1)[(k + 1) + 1] (k + 1)(k + 2)
1+2+ + k + (k + 1) = = :
2 2
k(k + 1)
1+2+ + k + (k + 1) = + (k + 1)
2
k(k + 1) + 2(k + 1) (k + 1)(k + 2)
= = :
2 2
n(n + 1)
1+2+ +n= ; 8n 1:
2
P (n) : 1 + 3 + 5 + + (2n 1) = n2 ; 8n 1:
1+ + (2k 1) = k 2 : (1.2)
18
De fato, somando 2(k + 1) 1 a ambos os membros da igualdade (1.2),
obtemos
1+3+5+ + (2n 1) = n2 ; 8n 1:
1 1 1 n
Exercício 1.8 Mostre que 1:2
+ 2:3
+ + n(n+1)
= n+1
, para todo inteiro
n 1.
19
Portanto, P (k + 1) é verdade. Logo, pelo princípio de indução (teorema 1.2),
P (n) é verdade para todo n 1, ou seja,
1 1 1 n
+ + + = ; 8n 1:
1:2 2:3 n(n + 1) n+1
P (n) : 2n > n; 8n 1:
Temos que P (1) é verdade, uma vez que 21 = 2 > 1. Seja k 1 e supon-
hamos que P (k) é verdade, ou seja, 2k > k. Vamos mostrar que P (k + 1)
é verdade, ou seja, 2k+1 > k + 1. De fato, 2k+1 = 2 2k . Como estamos
supondo que 2k > k, temos que
20
da sequência e an é chamado de termo geral. Por exemplo, na sequência
a:N ! N, de…nida por a(n) = 2n 1, temos que
a1 = 2:1 1=1
a2 = 2:2 1=3
a3 = 2:3 1=5
..
.
a1 = 3
a2 = 1
an = 3an 1 an 2 ; 8n 3:
21
Vamos calcular alguns termos dessa sequência.
a1 = 3
a2 = 1
a3 = 3a3 1 a3 2 = 3a2 a1 = 0
a4 = 3a4 1 a4 2 = 3a3 a2 = 3 0 1= 1
a5 = 3a5 1 a5 2 = 3a4 a3 = 3 ( 1) 0= 3
a6 = 3a6 1 a6 2 = 3a5 a4 = 3 ( 3) ( 1) = 8
..
.
S 1 = a1
Sn+1 = Sn + an+1 ; 8n 1:
Observe que
a1 = S 1
a1 + a2 = S2 = S1+1 = S1 + a2
a1 + a2 + a3 = S3 = S2+1 = S2 + a3 = (a1 + a2 ) + a3
a1 + a2 + a3 + a4 = S4 = S3+1 = S3 + a4 = (a1 + a2 + a3 ) + a4
..
.
22
X
n
A soma Sn é denotada por ai . Assim,
i=1
X
n
S n = a1 + + an = ai :
i=1
a1 = 5
an+1 = an + 3; 8n 1:
a1 = 5
a2 = a1+1 = a1 + 3 = 5 + 3 = 8
a3 = a2+1 = a2 + 3 = 8 + 3 = 11
a4 = a3+1 = a3 + 3 = 11 + 3 = 14
..
.
23
Observação 1.7 Se (an ) é uma P A de razão r, temos que
a2 = a1+1 = a1 + r = a1 + r
a3 = a2+1 = a2 + r = (a1 + r) + r = a1 + 2r
an+1 = a1 + nr; 8n 1:
Prova. Seja (an ) uma progressão aritmética cuja razão é r. Por de…nição
temos que an+1 = an + r; 8n 1. Consideremos a sentença aberta sobre N
ak+1 = a1 + kr:
an+1 = a1 + nr; 8n 1:
24
Proposição 1.9 Se (an ) = (a1 ; a2 ; a3 ; : : :) uma progressão aritmética cuja
razão é r, e
S n = a1 + a2 + + an ;
então
n(a1 + an )
Sn = ; 8n 1:
2
Prova. Seja (an ) = (a1 ; a2 ; a3 ; : : :) uma progressão aritmética cuja razão
é r. Consideremos a sentença aberta sobre N
n(a1 + an )
P (n) : Sn = :
2
Temos que P (1) é verdadeira, pois
a1 + a1 1:(a1 + a1 )
S 1 = a1 = = :
2 2
Seja k 1 e suponhamos que P (k) seja verdadeira, ou seja,
k(a1 + ak )
Sk = :
2
Somando ak+1 a ambos os membros dessa igualdade obtemos
k(a1 + ak )
Sk + ak+1 = + ak+1 )
2
k(a1 + ak ) + 2ak+1 ka1 + kak + ak+1 + ak+1
Sk+1 = =
2 2
ka1 + kak + (a1 + kr) + ak+1 (ka1 + a1 ) + (kak + kr) + ak+1
= =
2 2
(k + 1)a1 + k(ak + r) + ak+1 (k + 1)a1 + kak+1 + ak+1
= =
2 2
(k + 1)a1 + (k + 1)ak+1 (k + 1) (a1 + ak+1 )
= = :
2 2
Daí segue que P (k + 1) é verdadeira. Portanto, pelo princípio de indução
(Teorema 1.2), segue que P (n) é verdadeira, 8n 1, ou seja,
n(a1 + an )
Sn = ; 8n 1:
2
25
1.4.3 Progressões geométricas
Prova. Seja (an ) uma progressão geométrica cuja razão é q. Por de…nição
temos que an+1 = q:an ; 8n 1. Consideremos a sentença aberta sobre N
P (n) : an+1 = a1 :q n :
ak+1 = a1 :q k :
an+1 = a1 :q n ; 8n 1:
26
Proposição 1.11 Se (an ) = (a1 ; a2 ; a3 ; : : :) é uma progressão geométrica
cuja razão é q, e
S n = a1 + a2 + + an ;
então
qn 1
S n = a1 ; 8n 1:
q 1
Prova. Seja (an ) = (a1 ; a2 ; a3 ; : : :) uma progressão geométrica cuja
razão é q. Consideremos a sentença aberta sobre N
qn 1
P (n) : Sn = a1 :
q 1
Temos que P (1) é verdadeira, pois
q 1 q1 1
S 1 = a1 = a1 = a1 :
q 1 q 1
Seja k 1 e suponhamos que P (k) seja verdadeira, ou seja,
qk 1
S k = a1 :
q 1
Somando ak+1 a ambos os membros dessa igualdade obtemos
qk 1
Sk + ak+1 = a1 + ak+1 )
q 1
qk 1 qk 1
Sk+1 = a1 + a1 :q k = a1 + qk
q 1 q 1
q k 1 + q k+1 q k q k+1 1
= a1 = a1 :
q 1 q 1
Daí segue que P (k + 1) é verdadeira. Portanto, pelo princípio de indução
(Teorema 1.2), segue que P (n) é verdadeira, 8n 1, ou seja,
n
q 1
S n = a1 ; 8n 1:
q 1
27
1.4.4 Fatorial
0! = 1
(n + 1)! = (n + 1)n!; 8n 0:
1! = 1:0! = 1:1 = 1
2! = 2:1! = 2:1 = 2
3! = 3:2! = 3:2 = 6
4! = 4:3! = 4:6 = 24
..
.
n! = n(n 1) : : : 2:1:
2! = 2 1 = 2 (2 1) :
k! = k(k 1) : : : 2:1:
28
Multiplicando ambos os membros dessa igualdade por k + 1, obtemos
a0 = 1
an+1 = an a; 8n 2 N:
01 = 0
a1 = a0+1 = a0 a = 1a = a; 8a 2 R; a 6= 0:
Portanto, a1 = a; 8a 2 R.
i) am an = am+n ;
iii) (ab)n = an bn .
29
Prova. Vamos usar o princípio de indução (Teorema 1.2) para provar
essas propriedades.
am a1 = am a = am+1 :
am ak = am+k :
(am )1 = am = am:1 :
(am )k = amk :
30
Multiplicando ambos os membros dessa igualdade por am obtemos
(am )k am = amk am :
Por de…nição temos que (am )k am = (am )k+1 e, pelo item (i), segue que
amk am = amk+m = am(k+1) . Portanto,
(ab)1 = ab = a1 b1 :
(ab)k = ak bk :
31
1.5 Boa Ordenação
Sejam S N e a 2 S. Se a x; 8x 2 S, dizemos que a é um menor
elemento de S. Um conjunto X é dito bem ordenado se todo subconjunto
não-vazio de X tem um menor elemento.
O Teorema seguinte, conhecido como Princípio da Boa Ordenação, a…rma
que N é um conjunto bem ordenado.
32
O teorema seguinte é outra versão do princípio de indução (Teorema 1.2)
que também é muito útil.
(i) a 2 A;
S = fx 2 N j x a ex2
= Ag :
33
7 48 49 7 2
(i) 1 2 A e 2 2 A, pois a1 = 1 < 4
e a2 = 3 = 16
< 16
= 4
.
k 2 k 1
7 7
ak = ak 2 + ak 1 < +
4 4
k 2 k 2 k 2 k 2
7 7 7 7 7 11 7
= + = 1+ =
4 4 4 4 4 4 4
k 2 k 2 2 k 2 k
4 11 7 49 7 7 7 7
= < = = :
4 4 4 16 4 4 4 4
1.6 Exercícios
1. 8 a; b; c 2 N, mostre que:
(a) a < b ) a b;
2. Mostre que:
(a) 8 a; b; c 2 N; a b,a+c b + c;
(b) 8 a; b 2 N; 8 c 2 N ; a b , ac bc.
34
3. 8 a; b; c; d 2 N, mostre que:
(a) a + b = a , b = 0;
(b) a:b = a , a = 0 ou b = 1;
(c) a:a = a , a = 0 ou a = 1.
a (b + c) = (a b) c:
6. Sejam a; b; c 2 N tais que 0 < c < b < a. Mostre que 0 < b c<
a c < a.
c a c b,b a:
b a d c,b+c a + d:
35
10. Mostre que, 8 n 2 N ,
n(n + 1)(2n + 1)
12 + 22 + 32 + + n2 = :
6
11. Mostre que, 8n 2 N; n2 + n é par.
1 1 1
15. Mostre que 1 + 1
1+ 2
1+ n
= n + 1; 8 n 2 N .
1 1 1 1 n
18. Mostre que 1:3
+ 3:5
+ 5:7
+ + (2n 1)(2n+1) = 2n+1 ; 8n2N .
h i2
19. Mostre que 13 + 23 + + n3 = n(n+1)
2
; 8n2N .
1 1 1 1
20. Mostre que 1 2
1 3
1 n+1
= n+1
; 8n 2 N .
22. Encontre uma fórmula para cada uma das soma Sn a seguir.
(a) Sn = 3 + 6 + 9 + + 3n; 8n 1;
(b) Sn = 1 + 4 + 7 + + 3n 2; 8n 1;
(c) Sn = 3 + 9 + 27 + + 3n ; 8n 1;
1
(d) Sn = 3
+ 91 + 1
27
+ + 1
3n
; 8n 1;
5 5 5 5 5
(e) Sn = 2
+ 2:3
+ 2:9
+ 2:27
+ + 2:3n
; 8n 0.
36
Capítulo 2
Números Inteiros
2.1 Introdução
Neste capítulo veremos algumas propriedades e resultados básicos, porém
importantes, dos números inteiros. Vamos admitir que já conhecemos o con-
junto dos números inteiros Z = f: : : ; 3; 2; 1; 0; 1; 2; 3; : : :g, juntamente
com as operações de Adição
(a; b) 7 ! a + b
e de Multiplicação
37
operações, tais como divisibilidade, algoritmo da divisão, máximo divisor
comum e mínimo múltiplo comum.
Z = f: : : ; 3; 2; 1; 1; 2; 3; : : :g = f 1; 2; 3; : : :g ;
Z+ = f0; 1; 2; 3; : : :g ;
Z+ = f1; 2; 3; : : :g ;
Z = f: : : ; 3; 2; 1; 0g
Z = f: : : ; 3; 2; 1g :
Z+ [ Z = Z e Z+ \ Z = f0g :
2.2 Divisibilidade
De…nição 2.1 Sejam a e b são números inteiros. Se existe um número
inteiro q tal que b = aq, dizemos que a divide b, e denotamos isto por a j b.
Também dizemos que a é um divisor de b ou que b é um múltiplo de a.
Usamos a notação a - b para expressar que a não divide b.
38
Observe que a j b se, e somente se, a equação ax = b possui solução em
Z.
onde q = q1 q2 2 Z. Portanto, a j c.
39
onde q = xq1 + yq2 2 Z. Portanto, a j (xb + yc); 8x; y 2 Z.
Prova. Como a j b, existe q 2 Z tal que b = aq. Daí segue que jaj jqj = jbj.
Sendo b 6= 0, temos que q 6= 0 e, portanto, jqj 1. Multiplicando ambos
os membros dessa desigualdade por jaj, obtemos jaj jqj jaj 1 = jaj. Como
jaj jqj = jbj, segue que jbj jaj.
i) a j a;
iii) Se ac j bc e c 6= 0, então a j b;
40
b
iv) Se a j b e a 6= 0, então a
j b.
Prova.
iii) Suponhamos que ac j bc. Então existe q 2 Z tal que bc = (ac)q. Mas
bc = (ac)q ) bc = (aq)c:
b b
b = a = a;
a a
b
segue que a
j b.
41
por b não é exata. Mas, mesmo assim, podemos considerar a divisão de a por
b, a divisão com resto. Por exemplo, 6 não divide 45, mas podemos escrever
45 = 6:7 + 3. Neste caso, dizemos que, na divisão de 45 por 6, o quociente é
7 e o resto é 3.
Isto que acabamos de ver é apenas um caso particular de uma situação
mais geral, conhecida por Algoritmo da Divisão.
a = bq + r.
S = fn 2 N j n = a bx; x 2 Ng :
42
Prova. Pelo Lema 2.1 existem q; r 2 N tais que a = bq + r, com r < b.
Daí segue que
a = bq + r e 0 r < jbj :
a = bq1 + r1 e 0 r1 < b:
Se r1 = 0, segue que
a = bq1 + 0 ) a = b( q1 ) + 0:
a = bq1 r1 = b( q1 ) r1 = b( q1 ) b+b r1 = b( q1 1) + (b r1 )
43
Tomando q = q1 1er=b r1 , temos que
a = bq + r e 0 r < b:
Desses dois casos segue que a existência dos inteiros q e r está provada para
quaisquer inteiros a e b, com b > 0. Então falta provar apenas o caso seguinte.
3o Caso: a; b 2 Z, com b < 0.
Como jbj > 0, segue, pelos casos já provados, que existem q1 ; r1 2 Z tais que
a = jbj q1 + r1 = bq1 + r1 = b( q1 ) + r1 :
a = bq + r e 0 r < jbj :
a = bq1 + r1 e a = bq2 + r2 :
44
Como jq1 q2 j 2 N, temos que jq1 q2 j = 0 e, consequentemente, q1 = q2 .
Daí segue também que r2 r1 = 0 e, portanto, r1 = r2 .
2; 5l = 2500ml:
Como
2500 = 200 12 + 100;
45
Daí obtemos
Daí concluímos que existem 108 múltiplos de 3 entre 1 e 325, e 560 múltiplos
de 3 entre 1 e 1682. Então a quantidade de múltiplos de 3 entre 325 e 1682
é 560 108 = 452.
100 = 1 = 9 0 + 1:
46
Vamos mostrar que a a…rmação também é verdadeira para n = k + 1. De
fato, temos que
= 9:(10k + q1 ) + 1 = 9q + 1;
2.4 Exercícios
1. Em cada item a seguir, determine o quociente e o resto da divisão de
a por b.
(b) a = 53 e b = 65.
(c) a = 0 e b = 15.
(e) a = 328 e b = 6.
47
(a) Todo inteiro par é da forma 4q ou 4q + 2, para algum inteiro q.
(b) ao quociente?
48
(a) n; n + 1 e n + 2:
(b) n; n + 2 e n + 4:
(c) n; n + 10 e n + 23:
(d) n; n + 1 e 2n + 1:
49
17. Seja n um inteiro qualquer. Mostre que a divisão de n2 por 3 nunca
deixa resto 2.
24. Determine o menor inteiro positivo n tal que 935 + n é múltiplo de 43.
26. (OBMEP) A Prefeitura de certa cidade fez uma fez uma campanha que
permite trocar 4 garrafas de litro vazias por uma garrafa de litro cheia
de leite. Fazendo várias trocas, quantos litros de leite pode obter uma
pessoa que possua 43 garrafas de litro vazias?
27. (OBMEP) Uma professora tem 237 balas para dar aos seus 31 alunos.
Qual é o número mínimo de balas a mais que ela precisa conseguir para
que todos os alunos recebam a mesma quantidade de balas, sem sobrar
nenhuma?
50
28. Sejam a; b; c 2 Z, b 6= 0 e c > 0. Seja r o resto da divisão de a por b.
Mostre que:
51
O sistema de numeração decimal também é chamado de sistema de nu-
meração na base 10. Sistemas de numeração em outras bases também são
muito usados em computação, principalmente em bases potência de 2. O
sistema na base 2 também é chamado de sistema binário e a representação
de um número nesse sistema é chamada de representação binária. Como esse
sistema usa apenas os algarismos 0 e 1 para representar os números naturais,
as operações aritméticas de adição e de multiplicação se tornam bastante
simples.
Dado qualquer número natural b, com b 2, pode-se considerar um
sistema de numeração posicional na base b. O Teorema a seguir garante isso.
n = n k bk + n k 1 bk 1
+ + n1 b + n0 , (2.1)
com k; n0 ; n1 ; : : : ; nk 2 N, nk 6= 0 e 0 ni < b, i = 0; 1; : : : ; k.
n = q0 b + n 0 ; 0 n0 < b:
q0 = q1 b + n 1 ; 0 n1 < b:
52
Como b 2 e n > 0, temos que 0 q1 < q0 . Então esse processo pode ser
repetido até ser obtido um quociente qk = 0. Assim, obtemos uma sequência
de expressões
n = q0 b + n 0 ; 0 n0 < b
q0 = q1 b + n 1 ; 0 n1 < b
q1 = q2 b + n 2 ; 0 n2 < b
..
.
qk 2 = qk 1 b + n k 1 ; 0 nk 1 <b
qk 1 = 0:b + nk ; 0 nk < b:
n = q0 b + n 0
n = (q1 b + n1 )b + n0 = q1 b2 + n1 b + n0
n = (q2 b + n2 )b2 + n1 b + n0 = q2 b3 + n2 b2 + n1 b + n0
..
.
n = qk 1 b k + n k 1 b k 1
+ + n1 b + n0
n = n k bk + n k 1 bk 1
+ + n1 b + n0 :
53
existam duas representações
n = n k bk + n k 1 bk 1
+ + n 2 b2 + n 1 b + n 0
n = n0r br + n0r 1 br 1
+ + n02 b2 + n01 b + n00 :
Então
nk bk +nk 1 bk 1
+ +n2 b2 +n1 b+n0 = n0r br +n0r 1 br 1
+ +n02 b2 +n01 b+n00 :
(nk bk 1 +nk 1 bk 2 + +n2 b+n1 )b+n0 = (n0r br 1 +n0r 1 br 2 + +n02 b+n01 )b+n00 :
n k bk 1
+ n k 1 bk 2
+ + n2 b + n1 = n0r br 1
+ n0r 1 br 2
+ + n02 b + n01 ;
obtemos que
(nk bk 2
+ n k 1 bk 3
+ + n2 )b + n1 = (n0r br 2
+ n0r 1 br 3
+ + n02 )b + n01 :
n k bk 2
+ n k 1 bk 3
+ + n2 = n0r br 2
+ n0r 1 br 3
+ + n02 e n1 = n01 :
54
Diz-se que a expressão 2.1 é a representação de n na base b e vamos
denotá-la por
(nk nk 1 : : : n1 n0 )b :
n = (3102210)4 :
Se n = (3102210)4 então
n=3 46 + 1 45 + 0 44 + 2 43 + 2 42 + 1 4 + 0 = 13 476:
120 = 20 6+0
20 = 3 6+2
3 = 0 6 + 3:
55
Então a representação na base 6 do número 26125 é (320541)6 .
Para entender melhor o que foi feito na prova do Teorema 2.2, observe que
= 20 64 + 0 63 + 5 62 + 4 6+1
26125 = (3 6 + 2) 64 + 0 63 + 5 62 + 4 6+1
= 3 65 + 2 64 + 0 63 + 5 62 + 4 6+1
26125 = (0 6 + 3) 65 + 2 64 + 0 63 + 5 62 + 4 6+1
= 3 65 + 2 64 + 0 63 + 5 62 + 4 6 + 1:
56
cessivas do Algoritmo da Divisão. No caso em apreço temos
43184 = 3598 12 + 8
3598 = 299 12 + 10
299 = 24 12 + 11
24 = 2 12 + 0
2 = 0 12 + 2:
n = 2 38 + 1 37 + 0 36 + 1 35 + 2 34 + 2 33 + 0 32 + 1 3 + 0 = 15 771
57
Daí, obtemos
321 = 45 7+6
45 = 6 7+3
6 = 0 7 + 6:
n = nk : : : n2 n1 n0 ;
58
Proposição 2.7 Se um número natural n tem representação decimal
n = nk : : : n1 n0 ;
= 5 2(nk 10k 1
+ + n1 ) + n0 :
n = nk : : : n1 n0 ;
Daí segue que n é múltiplo de 10 se, e somente se, n0 é múltiplo de 10. Como
0 n0 < 10, temos que n0 é múltiplo de 10 se, e somente se, n0 = 0.
n = nk : : : n1 n0 ;
59
então n é divisível por 3 (respectivamente por 9) se, e somente se,
nk + + n1 + n0
n = nk 10k + + n1 10 + n0 :
+(nk + + n1 + n0 )
nk (10k 1) + + n1 (10 1)
nk (10k 1) + + n1 (10 1)
60
2.6 Exercícios
1. Escreva a representação do número n = 1586:
(a) Na base 2.
(b) Na base 6.
(b) Na base 5.
61
9. Dados b; n 2 N; b 2; n 1; mostre que (b 1)bn 1
+ + (b 1)b0 =
bn 1:
62
e os de 45 são os elementos do conjunto
então
63
de 72. Esses divisores são
2. (a; b) = ( a; b);
3. (0; a) = jaj ; 8a 2 Z ;
4. (1; a) = 1; 8a 2 Z;
5. (a; a) = jaj ; 8a 2 Z .
64
1. ax0 + by0 > 0;
A = fn 2 I(a; b) j n > 0g :
pois x qx0 e y qy0 são números inteiros. Mas, sendo r > 0, temos que
r 2 A. Mas isto não pode ocorrer, pois r < c e c é o menor elemento de A.
Logo, r = 0 e, portanto, todo elemento de A é múltiplo de c.
Agora tomemos n 2 I(a; b), com n 2
= A, ou seja, n 0. Se n = 0, então
n = 0c. Suponhamos que n < 0. Então n > 0. Como n 2 I(a; b), existem
x; y 2 Z tais que n = ax + by. Daí segue que
65
pois x e y são números inteiros. Como n > 0, temos que n 2 A.
Então, pelo que já foi provado, n é um múltiplo de c e, consequentemente,
n também é múltiplo de c.
Portanto, todo elemento de I(a; b) é múltiplo de c.
d = ax0 + by0 :
I(a; b) = fax + by : x; y 2 Zg :
Daí segue que d j c. Logo, como c e d são positivos, temos que d c. Mas,
como c é um divisor comum de a e b, e d é o maior divisor comum de a e b,
temos que c d. Então d = c. Portanto, d = ax0 + by0 :
66
Observação 2.3 Do teorema 2.3 segue que, dados a; b 2 Z, com a 6= 0 ou
b 6= 0, então (a; b) é o menor inteiro postivo da forma ax + by, com x; y 2 Z.
A relação d = ax0 + by0 no teorema 2.3 é chamada Relação de Bézout.
acx + bcy = c:
Temos que
9
a j c ) a j cy ) ab j bcy =
) ab j acx + bcy ) ab j c:
b j c ) b j cx ) ab j acx ;
67
Exercício 2.5 Sejam a; b; c; d 2 Z tais que (a; b) = 1, d j ac e d j b. Mostre
que d j c.
acx + bcy = c:
Temos que 9
d j ac ) d j acx =
) d j acx + bcy ) d j c:
d j b ) d j bcy ;
(i) d j a e d j b;
68
Para provar a recíproca, basta observar que a condição (i) a…rma que d é
um divisor comum a e b, enquanto a condição (ii) diz que d é o maior divisor
comum de a e b. Portanto, d = (a; b).
A condição (ii) do teorema 2.4 garante que o mdc de dois inteiros a e b,
não simultaneamente nulos, é único. De fato, se d1 = (a; b) e d2 = (a; b),
então, como d1 ; d2 2 N , tem-se que
9
d2 j a e d2 j b ) d2 j d1 ) d2 d1 =
) d1 = d2 :
d1 j a e d1 j b ) d1 j d2 ) d1 d ;
2
c
Também pelo corolário 2.3, segue que c j td e, consequentemente, t
j d.
c c c
Sendo c; d e t inteiros positivos e como d j t
e t
j d, segue que t
= d.
Portanto, c = td, como queríamos provar.
Agora consideremos o caso t < 0. Temos que t = jtj > 0. Então
30 40 10 1 1
; = ( 15; 20) = 5 = = 10 = (30; 40):
2 2 2 j 2j j 2j
375 315
Exemplo 2.11 Observe que (375; 315) = 15. Então ;
15 15
= (25; 21) =
1.
70
De…nição 2.4 Se a; b 2 Z são tais que (a; b) = 1, diz-se que a e b são
relativamente primos ou que a e b são primos entre si.
Como, por hipótese, a j bc, segue que a divide cada parcela da soma do lado
esquerdo dessa última igualdade. Portanto, a j c.
71
Teorema 2.5 Se a; b; q; r 2 Z e a = qb + r, então (a; b) = (b; r):
(1452; 600) = (600; 252) = (252; 96) = (96; 60) = (60; 36)
72
A partir das igualdades (2.2), de baixo para cima, podemos escrever
36 = 1 24 + 12 ) 12 = 36 1 24
60 = 1 36 + 24 ) 24 = 60 1 36
96 = 1 60 + 36 ) 36 = 96 1 60
252 = 2 96 + 60 ) 60 = 252 2 96
Daí obtemos
12 = 36 1 24
= 36 (60 1 36) = 2 36 60
= 2(96 1 60) 60 = 2 96 3 60
73
q = 2 e resto r = 252. Escevemos o quociente na primeira linha, acima do
divisor, 600, e o resto na terceira linha, abaixo do divisor.
q 2
1452 600
r 252
q 2 2
1452 600 252
r 252 96
q 2 2 2 1 1 1 2
1452 600 252 96 60 36 24 12 0
r 252 96 60 36 24 12 0
a = q1 b + r 1 :
74
De acordo com o Teorema (2.5), (a; b) = (b; r1 ). Se r1 = 0, então (a; b) =
(b; 0) = b. Se r1 > 0, repetimos o processo, efetuando a divisão de b por r1 ,
e encontramos o quociente q2 e o resto r2 , com 0 r2 < r1 , tais que
b = q2 r 1 + r 2 :
a = q1 b + r 1 ; 0 r1 < b
b = q2 r 1 + r 2 ; 0 r2 < r 1
r 1 = q3 r 2 + r 3 ; 0 r3 < r 2
r 2 = q4 r 3 + r 4 ; 0 r4 < r 3
.. (2.3)
.
rn 3 = qn 1 rn 2 + rn 1 ; 0 rn 1 < rn 2
rn 2 = qn rn 1 + rn ; 0 rn < r n 1
rn 1 = qn+1 rn + 0:
75
Das igualdades obtidas em (2.3) obtemos
rn = rn 2 qn r n 1
rn 1 = rn 3 qn 1 rn 2
..
.
(2.4)
r3 = r1 q3 r 2
r2 = b q2 r 1
r1 = a q1 b
d = (a1 ; a2 ; : : : ; an )
d = a1 x 1 + a2 x 2 + + an x n .
76
Além disso, se
c = a1 y 1 + a2 y 2 + + an y n ;
d = (a1 ; a2 ; : : : ; an )
77
Vamos mostrar que k + 1 2 A, ou seja,
.
Sejam d1 = (a1 ; a2 ; : : : ; ak ; ak+1 ) e d2 = (a1 ; a2 ; : : : ; (ak ; ak+1 )). Como d1
é um divisor comum de a1 ; a2 ; : : : ; ak ; ak+1 , segue, pelo teorema (2.4), que d1
divide (ak ; ak+1 ). Portanto, d1 é um divisor comum de a1 ; a2 ; : : : ; (ak ; ak+1 ).
Então, pelo teorema (2.7), d1 j d2 .
Por outro lado, como d2 é um divisor comum de a1 ; a2 ; : : : ; (ak ; ak+1 ),
temos que d2 também divide ak e ak+1 . Portanto, d2 é um divisor comum de
a1 ; a2 ; : : : ; ak ; ak+1 . Então, pelo teorema (2.7), d2 j d1 .
Como d1 j d2 , d2 j d1 e d1 ; d2 2 N , segue que d1 = d2 . Logo, k + 1 2 A.
Então, pelo princípio de indução, n 2 A; para todo n 2. Portanto,
(a1 ; a2 ; : : : ; an 1 ; an ) = (a1 ; a2 ; : : : ; (an 1 ; an )) ; 8n 2.
Exemplo 2.14 Vamos usar esse teorema para calcular (231; 234; 252; 396).
Temos que
(231; 234; 252; 396) = (231; 234; (252; 396)) :
(231; 234; 252; 396) = (231; 234; 36) = (231; (234; 36)):
78
2.8 Exercícios
1. Em cada item, calcule o mdc:
79
11. Um terreno plano, de forma retangular, medindo 1536m de compri-
mento por 720m de largura, foi dividido em lotes quadrados, com di-
mensões iguais, cujas medidas, em metros, são um número inteiro. Em
quantos lotes, no mínimo, esse terreno foi dividido?
80
(a) Quantos livros ela deve colocar em cada estante para que o número
de estantes utilizadas seja o menor possível?
16. O mdc de dois números é 20. Para se chegar a esse resultado, pelo
Algoritmo de Euclides, os quocientes encontrados foram 2; 1; 3 e 2, nessa
ordem. Encontre os dois números.
81
também no nosso cotidiano. Quando efetuamos uma transação bancária,
seja num terminal de autoatendimento ou pela internet, fornecemos infor-
mações sigilosas. Para que o sigilo dessas informações seja mantido elas são
criptografadas 1 por processos baseados em números primos. Nesses proces-
sos são utilizados números primos extremamente grandes. Quanto maiores
forem os números usados, mais difícil se tornará a quebra do sigilo. Daí o
interesse e a importância de se descobrirem novos números primos cada vez
maiores. Além de transações bancárias, muitas outras informações sigilosas
que são enviadas pela internet também necessitam ser criptografadas.
82
Exemplo 2.15 Os números 2; 3; 5; 7 são todos primos, enquanto 4; 6; 8; 9
são números compostos. É imediato veri…car que 2 é o único número natural
primo que é par.
(a) Se p j q então p = q;
83
(b) Se d = (p; n), então d j p e d j n. Como d 1 e d j p, então d = 1 ou
d = p. Mas, como p - n e d j n, devemos ter d = 1.
84
Proposição 2.16 Sejam p; a1 ; a2 ; : : : ; an 2 N e p primo. Se p j a1 a2 an
então p j ai , para algum i, 1 i n.
85
Teorema 2.10 ( Teorema Fundamental da Aritmética) Todo número natu-
ral maior do que 1 ou é primo ou se escreve de modo único, a menos da
ordem dos fatores, como um produto de números primos.
n = p1 p m = q1 qt :
86
p1 = q1 . Então
p2 p m = q2 qt :
fp1 ; p2 ; : : : ; pm g = fq1 ; q2 ; : : : ; qt g
87
Prova. Se n é composto, então existem a; b 2 N; 2 a b < n tais que
n = ab. Assim temos que
p p p
a2 = aa ab = n ) a2 n)a n:
a = pm
1
1
pm
r ;
r
onde 0 mi ni , para i = 1; : : : ; r.
88
Como pm
i
i
j n, para cada i = 1; : : : ; r, devemos ter pini mi
2 N. Daí segue
que ni mi 0, ou seja, mi ni . portanto, 0 mi ni , para i = 1; : : : ; r.
Reciprocamente, seja a = pm
1
1
pm
r , onde 0
r
mi ni , para i =
1; : : : ; r. Temos que
a = 2r 3s 5t ;
f1; 2; 3; 4; 5; 6; 8; 9; 10; 12; 15; 18; 20; 24; 30; 36; 40; 45; 60; 72; 90; 120; 180; 360g :
Corolário 2.10 Seja n = pn1 1 pn2 2 pnr r , onde p1 ; p2 ; : : : ; pr são primos dis-
tintos. Se #D(n) denota a quantidade de divisores positivos de n, e s(n) a
soma desses divisores, então
e
pn1 1 +1 1 pn2 2 +1 1 pnr r +1 1
s(n) = .
p1 1 p2 1 pr 1
89
Prova. Os divisores positivos de n são da forma pm1 m2
1 p2 pm
r , onde
r
#D (n) = (5 + 1) (2 + 1) (3 + 1) = 6 3 4 = 72
25+1 1 32+1 1 53+1 1
s (n) =
2 1 3 1 5 1
3 4
3 1 5 1
= 26 1 = 63 13 156 = 127764:
2 4
90
Portanto, o número n = 25 32 53 possui 72 divisores positivos e a soma
deles é igual 127764.
(2 + 1) (1 + 1) (1 + 1) = 3 2 2 = 12:
a1 ; a2 ; : : : ; ar ; b1 ; b2 ; : : : ; br 2 N:
Se
a = pa11 pa22 par r e b = pb11 pb22 pbrr ;
então
(a; b) = pd11 pd22 pdr r ;
91
Prova. Seja d = pd11 pd22 pdr r , onde di = min fai ; bi g ; i = 1; 2; : : : ; r.
Temos que 0 di ai e 0 di bi , i = 1; 2; : : : ; r. Então, pela Proposição
2.18, d é um divisor comum de a e b. Como di = ai ou di = bi , i = 1; 2; : : : ; r,
temos que d é o maior divisor comum de a e b. Portanto, d = (a; b).
Esse resultado pode ser generalizado para o máximo divisor comum de
mais de dois números.
Exemplo 2.18 Vamos calcular (1050; 936). Fatorando esses números, obte-
mos
1050 = 2 3 52 7 e 936 = 23 32 13:
p1 p2 pr + 1:
Então existe número primo que não está nesse conjunto. Logo, nenhum
conjunto …nito de números primos contém todos os primos. Portanto, o
conjunto dos números primos é in…nito.
92
A proposição 2.20 a…rma que existem in…nitos números primos. No en-
tanto, se conhece apenas uma quantidade …nita (embora muito grande) de
números primos. O maior número primo que se conhece atualmente2 é o
número
282589933 1;
93
mmc fa; bg ou [a; b].
94
Reciprocamente, suponhamos que as condições (i) e (ii) se veri…cam.
Como m > 0, a condição (ii) a…rma que se n > 0 e n é um múltiplo co-
mum de a e b, então m n. Essa propriedade juntamente com a condição
(i) garantem que m = [a; b].
a1 ; a2 ; : : : ; ar ; b1 ; b2 ; : : : ; br 2 N:
[a; b] = pm1 m2
1 p2 pm
r ;
r
onde k 2 N; ci ai e c i bi ; i = 1; 2; : : : r. Como ci ai e c i bi ; i =
1; 2; : : : r, segue que ci max fai ; bi g ; i = 1; 2; : : : ; r. Logo, ci mi ; i =
1; 2; : : : ; r e, consequentemente, c é múltiplo de m. Portanto, pela Proposição
2.22, m = [a; b].
600 = 23 3 52 = 23 3 52 70
560 = 24 5 7 = 24 30 5 7
95
Então
[600; 560] = 24 3 52 7 = 8400:
Temos que
ab = (pa11 pa22 par r ) pb11 pb22 pbrr = pa11 +b1 pa22 +b2 par r +br :
Por outro lado, pelas Proposições 2.19 e 2.23 temos que (a; b) = pd11 pd22 pdr r ,
onde di = min fai ; bi g ; i = 1; 2; : : : ; r, e [a; b] = pm1 m2
1 p2 pm
r , onde mi =
r
96
Exemplo 2.20 Vamos calcular [462; 182]. De acordo com a Proposição
2.24, temos que
462 182 84084
[462; 182] = = = 6006:
(462; 182) 14
Corolário 2.12 Se a e b são números naturais primos entre si, então
[a; b] = ab:
a1 ; a2 ; : : : ; ar ; b1 ; b2 ; : : : ; bs 2 N
tais que
a = pa11 pa22 par r e b = q1b1 q2b2 qsbs :
d = p1 1 p2 2 p r r q1 1 q2 2 qs s ;
97
onde 0 i ai ; i = 1; 2; : : : ; r e 0 j bj ; j = 1; 2; : : : ; s.
Tomando d1 = p1 1 p2 2 pr r e d2 = q1 1 q2 2 qs s , temos que d1 j a, d2 j b e
d = d1 d2 .
Reciprocamente, se d1 e d2 são divisores positivos de a e b, respectivamente,
então, pela Proposição 2.18, temos que d1 = pa11 pa22 par r , onde 0 i
ai ; i = 1; 2; : : : ; r, e d2 = q1 1 q2 2 qs s , onde 0 j bj ; j = 1; 2; : : : ; s.
Pela Proposição 2.18 temos que
d1 d2 = p1 1 p2 2 p r r q1 1 q 2 2 qs s
é um divisor de ab.
O conceito de mínimo múltiplo comum pode ser estendido para mais de
dois números.
98
Também poderíamos ter obtido este resultado por fatoração desses números.
Como
42 = 2 3 7 = 21 31 71
56 = 23 7 = 23 30 71
16 = 24 = 24 30 70 ;
2.11 Exercícios
1. Calcule:
99
4. Sejam a; b 2 Z e n 2 N . Mostre que (an ; bn ) = (a; b)n e [an ; bn ] =
[a; b]n .
100
10. Um pedaço de arame com menos de dois metros de comprimento foi
cortado ao meio e, em seguida, uma das partes foi dividida em pedaços
medindo 20 cm cada um, e a outra parte foi dividida em pedaços
medindo 15 cm cada um. Qual era o comprimento do pedaço de arame
inicial?
12. Uma caminhonete com capacidade para 1 t deve ser carregada com
quantidades iguais de milho e de feijão. Sabendo-se que o milho e o
feijão estão acondicionados em sacos de 50 kg e 60 kg, respectivamente,
calcule o peso máximo dessa carga.
14. Determine todos os inteiros positivos de três algarismos que são di-
visíveis por 8; 11 e 12.
101
19. Escreva uma sequência com 40 números inteiros consecutivos compos-
tos.
ra sb
= = [a; b] :
(r; s) (r; s)
102
31. Sejam a; b; c 2 N . Mostre que [a; b; c] (ab; ac; bc) = abc.
103
Capítulo 3
Congruências
104
3.1 De…nições e Propriedades
De…nição 3.1 Dados a; b 2 Z e n 2 N , se n j (a b) dizemos que a é
congruente a b módulo n e denotamos isto por
a b (mod n):
a b (mod n) , n j (a b) , 9k 2 Z ; a b = kn , a = b + kn:
105
Prova. Sejam a; b 2 Z e n 2 N e suponhamos que a b (mod n). Seja
r o resto da divisão de b por n, ou seja, r 2 N; 0 r < n, e existe q 2 Z;
tal que b = qn + r. Temos que
a b (mod n) ) 9k 2 Z; a b = kn ) a = b + kn
) a = qn + r + kn = (q + k)n + r:
a = q1 n + r e b = q2 n + r:
Daí segue que a b = (q1 n + r) (q2 n + r) = (q1 q2 )n: Então a b (mod n).
30 22 (mod 4) ;
pois
30 22 = 8 = 2 4:
30 = 7 4+2
22 = 5 4 + 2:
106
1. x x (mod n)
Prova.
2. Temos que
x z = (x y) + (y z) = rn + sn = (r + s)n:
107
1. a b (mod n) se, e somente se, a + c b + c (mod n)
Prova. Temos que a b (mod n) se, e somente se, existe k 2 Z tal que
a b = kn. Então:
1.
a b (mod n) , a b = kn , a + c c b = kn
, (a + c) (b + c) = kn , a + c b + c (mod n):
Exemplo 3.4 Temos que 15 4 2 4 (mod 26) mas 15 6 2 (mod 26). Por
outro lado, 10 5 6 5 (mod 4) e 10 6 (mod 4).
108
Como d j c e d j n, podemos dividir os dois membros dessa igualdade por d
e obtemos k( nd ) = (a b)( dc ). Daí segue que n
d
divide (a b)( dc ). Mas, pelo
n c
Corolário 2.7, temos que ;
d d
= 1. Então, pela Proposição 2.11, segue que
n n
d
divide (a b). Portanto, a b (mod (c;n) ).
n
Reciprocamente, suponhamos que a b (mod (c;n) ). Então existe k 2 Z tal
n
que a b = k (c;n) . Multiplicando ambos os membros dessa igualdade por c
obtemos
n c
ac bc = ck = kn:
(c; n) (c; n)
c
Como (c;n)
2 Z, segue que n divide ac bc. Portanto, ac bc (mod n).
ac bc (mod n)
Observe que
26 26 4 4
= = 13 e = = 4:
(4; 26) 2 (5; 4) 1
Exemplo 3.6 Se a e b são inteiros tais que 3a 3b(mod 8), então
a b(mod 8):
109
Exemplo 3.7 Seja n 2 N tal que (4; n) = 1. Se 40 12 (mod n), então
10 3 (mod n) :
1. a + c b + d (mod n)
2. ac bd (mod n).
1. (a + c) (b + d) = (a b) + (c d) = rn + sn = (r + s)n. Portanto,
a+c b + d (mod n).
am bm (mod n); 8m 2 N :
Prova. Vamos fazer a prova por indução sobre m. Temos que o resultado
vale para m = 1 pois, por hipótese, a b (mod n). Seja k 1 e suponhamos
que o resultado vale para m = k, ou seja, ak bk (mod n). Sendo
110
segue, pelo item (2) da Proposição 3.6, que aak bbk (mod n), ou seja,
ak+1 bk+1 (mod n). daí segue que o resultado também vale para m = k + 1.
Então, pelo princípio de indução (teorema 1.1), temos que o resultado vale
para todo m 2 N , ou seja, am bm (mod n), 8m 2 N .
De fato, como 25 1 (mod 13), temos que 2510:000 ( 1)10:000 (mod 13),
ou seja 2510:000 1(mod 13). Daí segue que o resto da divisão de 2510:000 por
13 é 1.
Solução. Como 25 1 (mod 13), temos que 25n ( 1)n (mod 13).
Então:
111
50
Solução. Observemos que 850 = (23 ) = 2150 . Observemos também que
24 = 16 1 (mod 15). Como 150 = 4 37 + 2, então, pela proposição 3.6,
temos que
37
850 = 2150 = 24 37+2
= 24 22 137 4 4(mod 15)
5n ( 1)n (mod 3) :
Então:
1. se n é par, temos
5n 1 (mod 3) :
2. se n é ímpar, temos
5n 1 2 (mod 3) :
112
Exercício 3.4 Encontre o algarismo das unidades do número 7100 .
Solução. O algarismo das unidades de um número é o resto da divisão
desse número por 10. Portanto, devemos determinar o resto divisão de 7100
por 10, ou seja, o número r 2 N; 0 r 9, tal que 7100 r (mod 10).
Como 7 3 (mod 10), segue, pela proposição 3.6, que
7
Exercício 3.5 Encontre o algarismo das unidades do número 77 .
Solução. Temos que 72 1 (mod 10): Por outro lado, como 7
3 (mod 10), segue, pela proposição 3.6, que
7 7
77 ( 3)7 (mod 10):
7
Como 77 é um número ímpar, temos que ( 3)7 =
7
37 e, consequentemente,
7 7
77 37 (mod 10):
Mas
7 7 77 1 7 77 1 77 1
37 = 37 1
3 = 32 2
3 ) 77 32 2
3 ( 1) 2 3 (mod 10):
77 1
Para determinarmos o sinal de ( 1) 2 , observamos que
77 1 (7 1) (76 + 75 + 74 + 73 + 72 + 7 + 1)
=
2 2
= 3 7 + 7 + 7 + 73 + 72 + 7 + 1 :
6 5 4
113
Como 3 (76 + 75 + 74 + 73 + 72 + 7 + 1) é um número ímpar, segue que
77 1
( 1) 2 = 1. Então
7
77 3 (mod 10):
7
Portanto, o algarismo das unidades do número 77 é 3.
1851
22225555 = 22221851 3+2
= 22223 22222 :
Assim,
740
55552222 = 5555740 3+2
= 55553 55552 :
114
Logo,
Então
f (x) = ar xr + ar 1 xr 1
+ + a1 x + a0
ar ar + ar 1 ar 1
+ + a1 a + a0 ar br + ar 1 br 1
+ + a1 b + a0 (mod n):
f (x) = nr xr + nr 1 xr 1
+ + n1 x + n0 :
115
Como n = nr 10r + nr 1 10r 1
+ + n1 10 + n0 , temos que f (10) = n e
f (1) = nr + nr 1 + + n1 + n0 . Como 10 1 (mod 3), temos que f (10)
f (1) (mod 3). Portanto, f (10) 0 (mod 3) se, e somente se,
nr + nr 1 + + n1 + n0
é um múltiplo de 9.
116
Exemplo 3.11 Se a b (mod 15), a b (mod 20) e a b (mod 50), então
a b (mod 300), pois [15; 20; 50] = 300.
[n1 ; n2 ; : : : ; nk ] = n1 n2 nk :
117
1. Se 0 j<i 4 temos que 0 < i j 4. Então 5 não divide i j e,
portanto, i 6 j (mod 5);
118
m r (mod n). Portanto, pela Proposição 3.10, f0; 1; : : : ; n 1g é um
sistema completo de resíduos módulo n.
119
B. Assim, se necessário, podemos ordenar os elementos de B de modo que
xi yi (mod n), para todo i = 1; 2; : : : ; n. Daí segue que, para cada yi 2 B,
existe um único xi 2 A tal que yi xi (mod n).
Dado m 2 Z, como B = fy1 ; y2 ; : : : ; yn g é um sistema completo de resí-
duos módulo n, pela proposição anterior, existe um único yi 2 B tal que
m yi (mod n). Como existe um único xi 2 A tal que yi xi (mod n),
segue que existe um único xi 2 A tal que m xi (mod n).
Portanto, pela proposição anterior, A = fx1 ; x2 ; : : : ; xn g é um sistema com-
pleto de resíduos módulo n.
120
Prova. Se axi + b axj + b (mod n) então pela Proposição 3.4, segue
que axi axj (mod n). Daí, como (a; n) = 1, o Corolário 3.2 garante que
xi xj (mod n). Então, como A = fx1 ; x2 ; : : : ; xn g é um sistema completo de
resíduos módulo n, temos que xi = xj e, consequentemente, axi +b = axj +b.
Logo, axi + b 6 axj + b (mod n), se i 6= j. Portanto, pelo Corolário 3.4,
concluímos que B = fax1 + b; ax2 + b; : : : ; axn + bg é um sistema completo
de resíduos módulo n.
121
3.1.2 Sistemas Reduzidos de Resíduos
1. (ri ; n) = 1; i = 1; 2; : : : ; k
2. ri 6 rj (mod n), se i 6= j
fr 2 A j (r; n) = 1g = f1; 3; 7; 9g
122
é um sistema reduzido de resíduos módulo 10. Mais geralmente, dado n 2 N ,
temos que A = f1; 2; : : : ; ng é um sistema completo de resíduos módulo n.
Então R = fr 2 A j (r; n) = 1g é um sistema reduzido de resíduos módulo n.
123
Se n 2 N , observe que ' (n) é a quantidade de inteiros entre 1 e n que
são primos com n, isto é,
Portanto,
# fm 2 N j 1 m n e (m; n) = dg = # fq 2 N j 1 q k e (q; k) = 1g
= ' (k) :
124
Daí segue que
[
Id = I:
djn
X
n = #I = #Id :
djn
Observe que
n n
m 2 Id , d m n e (m; n) = d , m = kd; 1 k e k; = 1:
d d
125
Exemplo 3.17 O conjunto dos divisores positivos de 10 é f1; 2; 5; 10g e
temos que
126
Proposição 3.17 Dado n 2 N , sejam r1 ; r2 ; : : : ; r'(n) um sistema re-
duzido de resíduos módulo n e a 2 Z. Se (a; n) = 1 então ar1 ; ar2 ; : : : ; ar'(n)
é um sistema reduzido de resíduos módulo n.
Prova. Os conjuntos r1 ; r2 ; : : : ; r'(n) e ar1 ; ar2 ; : : : ; ar'(n) têm o
mesmo número de elementos. Além disso, como (ri ; n) = 1 e (a; n) = 1,
temos que (ari ; n) = 1; i = 1; 2; : : : ; k. Então, pela proposição anterior,
basta mostrar que ari 6 arj (mod n), se i 6= j. Mas, como ri 6 rj (mod n),
se i 6= j, e (a; n) = 1, o corolário 3.2 garante que ari 6 arj (mod n), se i 6= j.
Portanto, ar1 ; ar2 ; : : : ; ar'(n) é um sistema reduzido de resíduos módulo n.
127
Solução. Sabemos que f1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8g é um sistema completo de
resíduos módulo 8. Um número n deixa resto 1 na divisão por 3 se, e somente
se, n = 3k + 1; k 2 Z. Assim, como (3; 8) = 1, temos que
A = f3 1 + 1; 3 2 + 1; 3 3 + 1; : : : ; 3 8 + 1g
128
Exemplo 3.20 Temos que
'(8) = ' 23 = 23 22 = 4
1 2 r n
n+1 n+2 n+r 2n
2n + 1 2n + 2 2n + r 3n
.. .. .. .. .. ..
T = . . . . . .
kn + 1 kn + 2 kn + r (k + 1)n
.. .. .. .. .. ..
. . . . . .
(m 1)n + 1 (m 1)n + 2 (m 1)n + r mn
129
pelo corolário 3.5, que cada uma das m linhas dessa tabela é formada por
elementos que formam um sistema completo de resíduos módulo n, pois cada
linha, a partir da segunda, é obtida da anterior somando n a cada elemento.
Portanto, cada uma dessas m linhas contém exatamente '(n) elementos que
são relativamente primos com n. Além disso, se 1 r n, como a coluna
r dessa tabela é formada pelos elemntos r; n + r; 2n + r; : : : ; (m 1)n + r, e
observando que
(r; n) = 1 , (kn + r; n) = 1; 0 k m 1;
r1 r2 r'(n)
n + r1 n + r2 n + r'(n)
2n + r1 2n + r2 2n + r'(n)
.. .. .. ..
B= . . . .
kn + r1 kn + r2 kn + r'(n)
.. .. .. ..
. . . .
(m 1)n + r1 (m 1)n + r2 (m 1)n + r'(n)
130
bloco é formada por elementos que formam um sistema completo de resíduos
módulo m. Portanto, cada uma dessas colunas contém exatamente '(m) ele-
mentos que são relativamente primos com m. Logo, nesse bloco, existem ex-
atamente '(m)'(n) elementos que são relativamente primos com m. Então,
como esses elementos também são relativamente primos com n, o conjunto
S possui exatamente '(m)'(n) elementos que são, simultaneamente, relati-
vamente primos com m e n.
Portanto, '(mn) = '(m)'(n).
Exemplo 3.21 Temos que 300 = 16 25. Como mdc f16; 25g = 1, temos
que
= 24 23 (52 5) = 8 20 = 160:
' (pa11 pa22 pann ) = ' (pa11 ) ' (pa22 ) ' (pann ) :
a a a
' pa11 pakk pk+1
k+1
= ' (pa11 pakk ) ' pk+1
k+1
= ' (pa11 ) ' (pakk ) ' pk+1
k+1
:
131
Logo, o resultado também vale para n = k + 1. Então, pelo princípio de
indução 1a forma (teorema 1.1), o resultado vale para todo n 2.
a
= p11 1 pa22 1
pann 1
(p1 1) (p2 1) (pn 1)
1 1 1
= pa11 pa22 pann 1 1 1 ::
p1 p2 pn
1
pai i pai i 1
= pai i 1
(pi 1) = pai i 1 ; i = 1; 2; : : : ; n:
pi
3.2 Exercícios
1. Sejam a; b 2 Z e d; n 2 N tais que d j n. Mostre que se a b (mod n),
então a b (mod nd ).
132
3. Se n é um número inteiro ímpar, mostre que n2 1 (mod 4).
133
(a) a = 856 ; b = 11 (Resp. 3); (Dica: 25 1 (mod 11).)
14. Seja f (x) um polinômio com coe…cientes inteiros. Mostre que, se ne-
nhum dos números f ( 1), f (0) e f (1) é divisível por 3, então f (x) não
possui raíz inteira.
aX b (mod n);
6X 9 (mod 15) ;
134
Proposição 3.20 Sejam a; b 2 Z, n 2 N e d = (a; n). A congruência
aX b (mod n) possui solução se, e somente se, d j b.
Prova. Sejam a; b 2 Z, n 2 N e d = (a; n). Suponhamos que a con-
gruência aX b (mod n) possui solução, ou seja, existe x 2 Z tal que
ax b (mod n). Então existe k 2 Z tal que ax = b + kn. Daí temos que
ax + n( k) = b. Então, pelo teorema 2.3, temos que d j b.
Reciprocamente, suponhamos que d j b e seja q 2 Z tal que b = qd. Sendo
d = (a; n), pelo teorema 2.3, existem x1 ; y1 2 Z tais que d = ax1 + ny1 . Mul-
tiplicando ambos os membros dessa igualdade por q, obtemos qd = a(qx1 ) +
(qy1 )n. Daí, como qd = b, temos que a(qx1 ) = b + ( qy1 )n. Isso mostra que
m = qx1 é solução da congruência aX b (mod n).
fx 2 Z j x x0 (mod n)g
135
Exemplo 3.24 Temos que x1 = 4 e x2 = 9 são soluções incongruentes de
6X 9 (mod 15). De fato, pode ser veri…cado facilmente que x1 e x2 são
soluções dessa congruência e que x1 6 x2 (mod 15).
1. o conjunto-solução de aX b (mod n) é
n n o
S = x = x0 + k j k 2 Z ;
d
136
Prova. Sejam a; b 2 Z, n 2 N e d = (a; n). Como d j b, a congruência
aX b (mod n) possui solução. Seja x0 uma solução dessa congruência.
n n a
ax = a x0 + k = ax0 + a k = ax0 + k n:
d d d
a
Como ax0 b (mod n) e d
k n 0 (mod n), segue, pela proposição
3.6, que
a
ax0 + k n b+0 b (mod n):
d
Logo, ax b (mod n) e, portanto, x é solução de aX b (mod n).
Vamos mostrar agora que toda solução de aX b (mod n) é um el-
emento do conjunto S. De fato, como x0 é uma solução de aX
b (mod n), existe q 2 Z tal que ax0 = b + qn e, portanto, b = ax0 qn.
Seja x uma solução qualquer de aX b (mod n). Então existe q1 2 Z
tal que ax = b + q1 n. Como b = ax0 qn, temos que
) a (x x0 ) = (q1 q) n:
a n
(x x0 ) = (q1 q) :
d d
n a
Daí segue que d
j d
(x x0 ). Mas, sendo d = (a; n), pelo corolário 2.7
a n n
temos que ;
d d
= 1. Então, pela proposição 2.11, d
j (x x0 ), ou
137
seja, existe k 2 Z tal que x x0 = nd k. Portanto, x = x0 + nd k; k 2 Z.
Logo, x 2 S.
Então, como todo elemento de S é solução de aX b (mod n) e
toda solução de aX b (mod n) pertence a S, concluímos que S é
o conjunto-solução da congruência aX b (mod n).
138
Portanto, S0 é um sistema completo de soluções incongruentes de aX
b (mod n).
139
Vamos determinar o conjunto-solução e um sistema completo de soluções in-
congruentes.
Vamos usar o método de tentativas e erros para determinar uma solução par-
ticular x0 dessa congruência. Para facilitar, vamos considerar a congruência
42 90
6
X 6
(mod 150
6
), ou seja, 7X 15 (mod 25). Atribuindo valores à va-
riável X, encontramos que 7 20 15 (mod 25), ou seja, x0 = 20 é uma
solução de 7X 15 (mod 25). Como toda solução dessa congruência tam-
bém é solução de 42X 90 (mod 150), segue que x0 = 20 é uma solução de
42X 90 (mod 150). Então
n n o 150
S = x = x0 + k j k 2 Z = x = 20 + k j k2Z
d 6
= fx = 20 + 25k j k 2 Zg
A = f0; 1; 2; 3; 4; 5g :
Então
n n o
S0 = xk = x0 + k j k 2 A = fxk = 20 + 25k j k 2 Ag
d
= f20; 45; 70; 95; 120; 145g
Vamos ver agora como usar o Algoritmo Euclidiano para encontrar uma
solução particular de uma congruência aX b (mod n), onde (a; n) j b. Se
140
d = (a; n), usamos o Algoritmo Euclidiano para encontrar x1 ; k1 2 Z tais
b
que ax1 + nk1 = d. Daí, como d j b, temos que d
2 Z. Multiplicando
b
ambos os lados da última igualdade por d
obtemos a( db x1 ) + n( db k1 ) = b, ou
seja, a( db x1 ) = b + n( b
k ).
d 1
Daí segue que a( db x1 ) b(mod n) e, portanto,
x0 = db x1 é uma solução de aX b (mod n).
200 9 + 256 ( 7) = 8:
40
Multiplicando ambos os lados por 8
= 5 obtemos
A = f0; 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7g :
141
Então
n n o
S0 = xk = x0 + k j k 2 A = fxk = 45 + 32k j k 2 Ag
d
= f45; 77; 109; 141; 173; 205; 237; 269g
42
Multiplicando ambos os membros dessa igualdade por 3
= 14 obtemos
142
2. O conjunto-solução é
273
S= x = x0 + kjk2Z = fx = 336 + 91k j k 2 Zg :
3
143
uma solução dessa congruência. Então x0 = 15 é uma solução da congruência
25X 15(mod 120). Como A = f0; 1; 2; 3; 4g é um sistema completo de
resíduos módulo 5, temos que
120
S0 = xk = 15 + kjk2A = fxk = 15 + 24k j k 2 Ag
5
= f15; 39; 63; 87; 111g
120
S= x = 15 + kjk2Z = fx = 15 + 24k j k 2 Zg :
5
144
Observação 3.1 Seja n 2 um número inteiro. Dado a 2 Z, de acordo
com o corolário 3.8, a congruência aX 1 (mod n) possui solução se, e
somente se, mdc fa; ng = 1. Daí segue que a possui inverso módulo n se, e
somente se, mdc fa; ng = 1.
Exemplo 3.28 Tomando p = 11, temos que 1 1 (mod 11) e 10 1 (mod 11).
145
Além disso temos que
2 6 1 (mod 11)
3 4 1 (mod 11)
5 9 1 (mod 11)
7 8 1 (mod 11):
(2 6) (3 4) (5 9) (7 8) 1 1 1 1 (mod 11);
ou seja,
9 8 7 6 5 4 3 2 1 (mod 11):
Portanto, veri…camos que (11 1)! 1 (mod 11): Observe que agrupamos os
8 elementos do conjunto f2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9g em 4 pares, ai ; bi ; 1 i 4, tais
que ai bi 1 (mod 11). Este exemplo é um caso particular de uma situação
mais geral que será vista mais adiante no Teorema de Wilson (teorema 3.6).
3.4 Exercícios
1. Sejam a; b 2 Z e d; n 2 N tais que d j n. Mostre que se x 2 Z é solução
da congruência linear aX b (mod n), então x também é solução da
congruência linear aX b (mod nd ).
146
(a) 4X 3 (mod 7);
147
se x é solução de cada congruência desse sistema, ou seja,
8
>
> a1 x b1 (mod n1 )
>
>
>
>
< a x b (mod n )
2 2 2
. :
>
> ..
>
>
>
>
: a x b (mod n )
r r r
a1 ; a2 ; : : : ; ar ; b1 ; b2 ; : : : ; br 2 Z e n1 ; n2 ; : : : ; nr 2 N :
S = fx = x0 + kn j k 2 Zg:
148
solução única módulo ni , que vamos denotar por yi . Observe que se j 6= i
então ai xj Nj yj 0 (mod ni ), pois ni j Nj .
Pondo
x 0 = x 1 N1 y 1 + x 2 N2 y 2 + + x r Nr y r ;
ai x0 = ai (x1 N1 y1 + x2 N2 y2 + + x r Nr y r )
= ai x 1 N 1 y 1 + ai x 2 N 2 y 2 + + ai x r N r y r :
ai x 0 = ai x 1 N 1 y 1 + ai x 2 N 2 y 2 + + ai x r N r y r ai xi Ni yi (mod ni ):
ai x 0 ai x i N i y i bi (mod ni ):
ai x bi ai x0 (mod ni ); i = 1; 2; : : : ; r;
149
Mas, sendo (ni ; nj ) = 1, para i 6= j, temos que [n1 ; n2 ; : : : ; nr ] = n1 n2 nr =
n. Portanto, x x0 (mod n), ou seja,
x = x0 + kn; k 2 Z:
n
N i ai x Ni ai x0 (mod n) ) ai x ai x0 mod )
Ni
ai x ai x0 (mod ni ) ) ai x bi (mod ni ) :
x = x0 + nk; n = n1 n2 nr ; k 2 Z;
Exercício 3.10 Encontre o menor número inteiro positivo que deixa restos
2; 3 e 2 quando dividido, respectivamente, por 3; 5 e 7.
X 2 (mod 3)
X 3 (mod 5)
X 2 (mod 7):
150
Vamos proceder de acordo com a prova do teorema 3.2. Temos que 2
2 (mod 3), 3 3 (mod 5) e 2 2 (mod 7). Então, de acordo com a notação
adotada na prova do teorema 3.2, temos x1 = 2, x2 = 3 e x3 = 2. Sejam
105 105 105
n=3 5 7 = 105, N1 = 3
= 35; N2 = 5
= 21 e N3 = 7
= 15. Agora
consideremos o sistema de congruências
8
>
> 35Y 1 (mod 3)
>
<
21Y 1 (mod 5) :
>
>
>
: 15Y 1 (mod 7)
x = 233 + 105k; k 2 Z:
Mas
232
233 + 105k 1 , 105k 232 , k 2; 2:
105
151
Portanto, devemos tomar k = 2. Logo, x = 233 + 105 ( 2) = 23 é a menor
solução positiva. Então a resposta é 23.
3X 1(mod 7)
5X 2(mod 11)
4X 3(mod 13):
Como 143 3 (mod 7), 91 3 (mod 11) e 77 12 (mod 13), temos que
8 8
>
> 143Y 1 (mod 7) >
> 3Y 1 (mod 7)
>
< >
<
91Y 1 (mod 11) , 3Y 1 (mod 11) :
>
> >
>
>
: 77Y >
: 12Y
1 (mod 13) 1 (mod 13)
152
com o teorema 3.2,
x0 = x1 N1 y1 + x2 N2 y2 + x3 N3 y3 = 5 143 5 + 7 91 4 + 4 77 12 = 9819
3.6 Exercícios
1. Resolva os seguintes sistemas de congruências:
153
3. Determine o menor inteiro positivo que deixa restos 2, 3 e 2 quando
dividido, respectivamente, por 3, 5 e 7.
154
De…nição 3.12 Se um par ordenado de números inteiros (x; y) é tal que
ax+by = c, dizemos que (x; y) é uma solução, em Z, da equação aX +bY = c.
aX + bY = c
155
Teorema 3.3 Sejam a; b; c 2 Z, com a 6= 0 ou b 6= 0, e d = (a; b). Se d j c
e (x0 ; y0 ) é uma solução da equação aX + bY = c, então o conjunto-solução
dessa equação é
b a
S= (x; y) 2 Z Z j x = x0 + k; y = y0 k; k 2 Z :
d d
b a
ax + by = a x0 + k + b y0 k
d d
ab ab
= ax0 + k + by0 k = ax0 + by0 = c:
d d
156
Então, tendo em vista as duas inclusões obtidas, podemos concluir que o
conjunto-solução de aX + bY = c é S.
a b c
X+ Y = ;
(a; b) (a; b) (a; b)
uma vez que toda solução dessa equação também é solução da equação
aX + bY = c:
157
1. Vamos encontrar o seu conjunto-solução.
Primeiro vamos encontrar uma solução particular (x0 ; y0 ) dessa equação,
ou seja, determinar x0 ; y0 2 Z tais que 84x0 + 99y0 = 45. Como
(84; 99) = 3, usando o Algoritmo de Euclides encontramos
84 13 + 99 ( 11) = 3:
99 84
(x; y) = x0 + k ; y0 k = (195 + 33k ; 165 28k) ; k 2 Z:
3 3
Assim,
x + y = (195 + 33k) + ( 165 28k) = 30 + 5k:
30
k> = 6
5
158
Logo, devemos determinar k > 6 de modo que 30 + 5k seja o menor
valor inteiro positivo possível, isto é, o menor valor inteiro de k de modo
que 30+5k > 0. Portanto, devemos tomar k = 5. Para k = 5 temos
x + y = 30 + 5 ( 5) = 5:
88X + Y = 110:
88 1 + 1 ( 87) = 1:
Daí segue que (x0 ; y0 ) = (110; 9570) é uma solução da equação 88X + Y =
110. Então as soluções dessa equação são da forma
159
Logo, se (x; y) é uma solução da equação dada, existe k 2 Z tal que
9460 87k 1:
Temos que
9461
9460 87k 1, 87k 9461 , k 108; 75:
87
Então devemos tomar k = 109. Para esse valor de k temos
ax c = b( y):
160
y0 = k, temos que (x0 ; y0 ) é uma solução de aX + bY = c. Observe que,
c ax0
uma vez encontrado x0 , temos que y0 = k = b
. Logo, x0 ; c ax0
b
é
uma solução de aX + bY = c.
Portanto, o problema de encontrar uma solução particular de aX +bY = c
resume-se a encontrar uma solução particular da congruência aX c (mod b).
Já vimos na seção 3.3 como encontrar uma tal solução.
Obviamente, se a > 0, também podemos considerar a congruência bY
c (mod a), em vez de aX c (mod b).
42 35
(x; y) = x0 + k ; y0 k = (3 + 6k ; 2 5k) ; k 2 Z:
7 7
S = f(x; y) 2 Z Z j x = 3 + 6k ; y = 2 5k ; k 2 Zg :
161
3.8 Exercícios
1. Em cada caso a seguir, resolva a equação dada, exibindo o seu conjunto-
solução.
(b) 11X + 7Y = 58
(f) 8X + 13Y = 23
162
Prova. Seja R = r1 ; r2 ; : : : ; r'(n) um sistema reduzido de resíduos
módulo n. Como (a; n) = 1, a proposição 3.17 garante que
470 = 16 29 + 6;
163
temos que
29
3470 = 316 29+6
= 316 29
36 = 316 36 :
29
Então, pela proposição 3.7, temos que (316 ) 129 1 (mod 34). Como
2
33 = 27 7 (mod 34), temos que 36 = (33 ) ( 7)2 15 (mod 34). Daí
segue que 36 15 (mod 34). Então, pela proposição 3.6, temos que
29
3470 = 316 29+6
= 316 36 1 15 15 (mod 34) :
164
Corolário 3.9 Se p é um número primo e a 2 N então ap a (mod p).
Prova. Existem apenas duas possibilidades: ou p j a ou p - a.
Se p - a então, pelo teorema 3.5, temos que ap 1
1 (mod p). Daí, multipli-
cando ambos os lados por a, obtemos ap a (mod p).
Se p j a então p j ap e, consequentemente, p j (ap a).
Portanto, ap a (mod p); 8a 2 N.
Exemplo 3.31 Vamos mostrar que a divisão de 3510000 por 29 deixa resto
20.
De fato, como 29 é primo e 29 - 35, segue, pelo teorema 3.5, que
357
Então, pela proposição 3.7, temos que (3528 ) 1357 1 (mod 29). Como
35 6 (mod 29), temos que 352 62 7 (mod 29). Daí segue que 354
72 20 (mod 29). Então, pela proposição 3.6, temos que
357
3510000 = 3528 354 1 20 20 (mod 29):
165
8333
Pela proposição 3.7 temos que (712 ) 18333 1 (mod 13). Como 7
6 (mod 13), temos que 72 ( 6)2 3 (mod 13). Daí segue que 74
9 (mod 13). Então, pela proposição 3.6, temos que
8333
7100000 = 712 74 1 9 9 (mod 13):
Então, pelo corolário 3.3, temos que 948 1 (mod 14). Logo, como 92
11 (mod 14), pela proposição 3.6, temos que
166
O que mostramos nesse exemplo é um caso particular do caso geral, dado
na proposição seguir.
pq 1
+ qp 1
1 (mod pq):
q j (pq 1
1) e p j (q p 1
1):
Então, como q j q p 1
e p j pq 1 , temos que
p j (pq 1
+ qp 1
1) e q j (pq 1
+ qp 1
1):
167
a 2 f2; : : : ; p 2g. Como (a; p) = 1, a congruência aX 1 (mod p) possui
solução, ou seja, existe b 2 Z tal que ab 1 (mod p). Logo, existe k 2 Z tal
que ab = 1 + kp, ou seja, ab + ( k)p = 1. Daí segue que (b; p) = 1. Portanto,
como f1; 2; : : : ; p 1g é um sistema reduzido de resíduos módulo p, existe um
único elemento do conjunto f1; 2; : : : ; p 1g que é congruente a b módulo p.
Logo, podemos considerar b 2 f1; 2; 3; : : : ; p 1g. Como b 6= a, temos que
b não é o seu próprio inverso módulo p. Portanto, b 2 f2; 3; : : : ; p 2g e,
além disso, b é o único elemento desse conjunto que é inverso de a módulo
p. Daí segue que os p 3 elementos desse conjunto podem ser agrupados em
p 3
2
pares ai ; bi tais que, para todo i = 1; : : : ; p 2 3 , temos ai bi 1 (mod p)
e bi 6= ai . Além disso, se i 6= j, então aj 6= ai e bj 6= bi . Portanto,
n o
a1 ; b1 ; : : : ; a ; b
p 3 p 3 = f2; 3; : : : ; p 2g. Como
2 2
a1 b 1 1 (mod p)
a2 b 2 1 (mod p)
..
.
ap 3 bp 3 1 (mod p);
2 2
(p 2) (p 3) 2 1 (mod p):
(p 1) (p 2) (p 3) 2 1 1 (mod p):
168
Portanto, (p 1)! 1 (mod p).
6 7 8 9 n (mod 5):
6 7 8 9 1 2 3 4 (mod 5):
6 7 8 9 4! 1 4 (mod 5):
Portanto, n = 4.
169
Solução. Pelo teorema 3.6, temos que (p 1)! 1 (mod p). Daí segue
que p é um fator primo de (p 1)!+1. Se q é um número primo e q < p, então
q = p j, para algum j 2 N . Então, como (p 1)! = (p 1) (p 2) 2,
temos que q j (p 1)!. Como q - 1, segue que q não divide (p 1)! + 1.
Portanto, p é o menor fator primo de (p 1)! + 1.
Como 1 16 (mod 17), segue que 16! 16 (mod 17). Portanto, o resto da
divisão de 16! por 17 é 16.
3.10 Exercícios
1. Em cada caso a seguir, calcule o resto da divisão de a por b:
170
3. Encontre o menor inteiro positivo n de modo que 13 12 11 10
9 8 n (mod 7). (Resp. n = 6)
171
Capítulo 4
Números: racionais e
irracionais
4.1 Introdução
Quando trabalhamos com números naturais observamos que nem sempre
podemos realizar a operação de subtração entre dois números. Sabemos que
se a; b 2 N e a < b então a b 2
= N, pois a b é um número negativo.
Portanto, para que a subtração de dois números naturais seja sempre pos-
sível necessitamos de um conjunto que contenha todos os números naturais
e também os seus opostos. O conjunto dos números inteiros tem essa pro-
priedade, pois Z = N [ ( N), onde N = f0; 1; 2; 3; : : :g. Portanto,
em Z podemos efetuar todas as operações que podem ser realizadas em N e
também a operação de subtração. Porém, já observamos que o quociente de
dois números nem sempre é um número inteiro, pois se a; b 2 Z e b não é
a
um divisor de a, então b
2
= Z. O conjunto do números racionais supre essa
172
de…ciência do conjunto dos números inteiros.
é uma fração ordinária. Observe que toda fração ordinária é uma fração mas
p
2 5
nem toda fração é uma fração ordinária. Por exemplo, 3
e 4
são frações. No
p
2 5
entanto, 3
não é uma fração ordinária enquanto 4
o é. Uma fração ordinária
é dita irredutível quando o numerador e o denominador são inteiros primos
3 6 2 10
entre si. Por exemplo, 8
e 5
são frações ordinárias irredutíveis, mas 4
e 6
De…nição 4.1 Um número é dito racional se ele pode ser posto na forma ab ,
com a; b 2 Z e b 6= 0.
p
Exemplo 4.1 2
; 4
; p8 ; 3 ; 1; 3 são números racionais.
3 5 2 5
Veremos que existem números reais que não são racionais, isto é, não
a
podem ser postos na forma b
com a; b 2 Z e b 6= 0.
173
Teorema 4.1 O conjunto dos números racionais é fechado com relação às
operações de adição, subtração, multiplicação e divisão, ou seja, se ab ; dc 2 Q,
então:
a c
1. b
+ d
2 Q;
a c
2. b d
2 Q;
ac
3. bd
2 Q;
a c c
4. b d
2 Q, desde que d
6= 0.
1
= 0; 5
2
1
= 0; 2
5
1
= 0; 025
40
2
= 0; 16:
125
174
Exemplo 4.3 Os números 13 ; 2
; 1
9 15
e 2
7
têm representações decimais in…ni-
tas, pois
1
= 0; 33333 : : :
3
2
= 0; 22222 : : :
9
1
= 0; 06666 : : :
15
2
= 0; 285714285714 : : :
7
a
Prova. Suponhamos que b
está na forma irredutível e tem uma repre-
sentação decimal …nita. Então essa representação decimal pode ser escrita
na forma de uma fração ordinária onde o denominador é uma potência de 10
cujo expoente é o número de algarismos da parte decimal. Portanto, após a
simpli…cação dessa fração, o denominador não tem fator primo diferente de
2 e de 5.
Reciprocamente, suponhamos que b não tem fator primo diferente de 2 e de
5. Então b = 2m 5n ; m; n 2 N. Temos que, ou n m ou n > m. Se n m,
então m n 0 e segue que 5m n
2 Z. Neste caso, temos que
a a 5m n a 5m n a 5m n a
= m n = m n m n
= = :
b 2 5 2 5 5 2m 5m 10m
175
a
Como 5m n
a 2 Z, segue que b
tem uma representação decimal …nita.
Se n > m, então n m > 0 e segue que 2n m
2 Z. Neste caso, temos que
a a 2n m a 2n m a 2n m a
= m n = n m m n = n n = :
b 2 5 2 2 5 2 5 10n
a
Como 2n m
a 2 Z, segue que b
tem uma representação decimal …nita.
Exemplo 4.4
23 23 2 23 46 46
1. 50
= 2 52
= 22 5 2
= 102
= 100
= 0; 46
37 37 37 52 925 925
2. 400
= 24 5 2
= 24 54
= 104
= 10000
= 0; 0925
5 5 5 53 625 625
3. 8
= 23
= 23 53
= 103
= 1000
= 0; 625.
Exercício 4.1 Escreva uma representação decimal …nita de cada uma das
frações a seguir.
3
1. 200
321
2. 400
9
3. 625
352
4. 125
3149
5. 2500
:
Solução.
3 3 3 5 15
1. 200
= 23 5 2
= 23 53
= 103
= 0; 015
176
9 9 24 9 144
3. 625
= 54
= 24 54
= 104
= 0; 014 4
Observação 4.2 Para indicar uma dízima periódica, usaremos uma barra
sobre o período da dízima.
Exemplo 4.5
1. 0; 66666 : : : = 0; 6
2. 0; 272727 : : : = 0; 27
3. 1; 5919191 : : : = 1; 591
4. 1; 328457457457 : : : = 1; 328457.
177
quociente 0 e resto 3. Em seguida, colocamos 0 à direita desse resto e dividi-
mos 30 por 7, que dá quociente 4 e resto 2. Prosseguimos com o processo.
3; 0 0 0 0 0 0 0 7
3 0 0; 4285714 : : :
2 0
6 0
4 0
5 0
1 0
3 0
2:::
3; 2; 6; 4; 5; 1; 3; 2; : : : :
178
no processo da divisão. Vamos ver no exemplo a seguir que nem sempre o
primeiro resto do processo da divisão se repete.
2 5; 0 0 0 0 0 0 4 4
2 5 0 0; 5 6 8 1 8 1
3 0 0
3 6 0
8 0
3 6 0
8 0
3 6
..
.
179
Exercício 4.2 Seja n um inteiro positivo par. Mostre que o algarismo das
5n 1
unidades de 3
é 8.
1
x=
3 2n
possui n algarismos.
180
Vamos considerar primeiro o caso em que n é par. Temos que
5n 5n 1+1 5n 1 1 5n 1
= = + = + 0; 3:
3 3 3 3 3
Daí segue que
5n 1 5 1 n
3
+ 0; 3 0; 3
x= n
= 3n + n :
10 10 10
5n 1
5n 1
Já vimos que 3
é um inteiro cujo algarismo das unidades é 8. Logo, 3
10n
é uma fração decimal …nita cuja parte decimal é formada por n algarismos
0;3
cujo último algarismo é 8. Por outro lado, 10n
é uma dízima periódica cuja
5n 1
parte não-periódica é formada por n zeros. Portanto, como 3
10n
< 1, segue
que a representação decimal de x é da forma
x = 0; a1 a2 : : : an 3;
é uma fração decimal …nita cuja parte decimal é formada por n algarismos
0;6
cujo último algarismo é 1. Por outro lado, 10n
é uma dízima periódica cuja
5n 2
parte não-periódica é formada por n zeros. Portanto, como 3
10n
< 1, segue
que a representação decimal de x é da forma
x = 0; a1 a2 : : : an 6;
181
onde an = 1. Como an 6= 3, podemos garantir que a1 a2 : : : an é a parte não-
periódica dessa dízima.
Portanto, 8n 2 N , a parte não-periódica da dízima periódica que representa
o número
1
x=
3 2n
possui n algarismos.
No exemplo a seguir mostramos como passar de uma dízima in…nita per-
iódica para uma fração ordinária.
182
mente, toda fração decimal …nita ou in…nita periódica representa um número
racional.
a
Prova. Consideremos um número racional x = b
, com a e b inteiros
positivos primos entre si. Se a representação decimal de x é …nita, não há
nada a ser provado. Então podemos supor que a sua representação decimal
é in…nita. Na divisão de a por b, os possíveis restos são: 1; 2; : : : ; b 1.
Portanto, podemos a…rmar que haverá repetição de restos no processo dessa
divisão. Quando ocorre a primeira repetição um novo ciclo se inicia e resulta
numa dízima in…nita periódica.
Reciprocamente, suponhamos que x tem uma representação decimal …nita.
Se n é o número de casas decimais da representação decimal de x então 10n x
a
é um número inteiro, digamos 10n x = a. Daí segue que x = 10n
2 Q.
Suponhamos agora que a representação decimal de x é in…nita periódica.
Podemos supor, sem perda de generalidade, que a parte inteira de x é 0, ou
seja, a representação decimal de x é da forma
x = 0; a1 a2 : : : as b1 b2 : : : bt :
Temos que
10s+t x = a1 a2 : : : as b1 b2 : : : bt ; b1 b2 : : : bt = a1 a2 : : : as b1 b2 : : : bt + 0; b1 b2 : : : bt
10s x = a1 a2 : : : as ; b1 b2 : : : bt = a1 a2 : : : as + 0; b1 b2 : : : bt :
Então
10s+t x 10s x = a1 a2 : : : as b1 b2 : : : bt a1 a2 : : : as )
10s+t 10s x = a1 a2 : : : as b1 b2 : : : bt a1 a2 : : : as )
a1 a2 : : : as b1 b2 : : : bt a1 a2 : : : as
x = 2 Q:
10s+t 10s
183
Exercício 4.5 Em cada item, escreva o número x na forma de fração or-
dinária.
1. x = 0; 1.
2. x = 5; 6.
3. x = 0; 3743.
4. x = 0; 9987.
5. x = 0; 0001.
Solução.
1. x = 0; 1. Então
1
10x = 1; 1 = 1 + 0; 1 = 1 + x ) 10x x = 1 ) 9x = 1 ) x = :
9
6 2
10y = 6; 6 = 6 + 0; 6 = 6 + y ) 10y y = 6 ) 9y = 6 ) y = = :
9 3
Então
2 17
x=y+5= +5= :
3 3
Também podemos resolver assim:
10x = 56; 6 = 51 + 5; 6 = 51 + x )
51 17
10x x = 51 ) 9x = 51 ) x = = :
9 3
184
3. x = 0; 3743. Temos que
9
10 x = 3743; 43 = 3743 + 0; 43 =
4
) 104 x 102 x = 3743 37 = 3706 )
2
10 x = 37; 43 = 37 + 0; 43 ;
Vamos ver que toda fração decimal …nita pode ser escrita na forma de
uma dízima in…nita periódica e, portanto, todo número racional pode ser
representado por uma dízima in…nita periódica. Para ver como isso pode ser
feito, vamos considerar um caso particular.
Sabemos que
1
= 0; 3333 : : :
3
Multiplicando ambos os membros dessa igualdade por 3 obtemos
185
1 = 0; 9999 : : : = 0; 9
Consideremos a igualdade 1 = 0; 9999 : : : Dividindo essa igualdade por 10; 100; 1000;
etc. obtemos
0; 1 = 0; 0999 : : : = 0; 09
0; 01 = 0; 00999 : : : = 0; 009
Exemplo 4.9
3 = 2 + 1 = 2 + 0; 999 : : : = 2; 999 : : : = 2; 9
5; 7 = 5; 6 + 0; 1 = 5; 6 + 0; 0999 : : : = 5; 6999 : : : = 5; 69
Exemplo 4.10 Vamos ver agora como transformar uma dízima in…nita pe-
riódica, com uma sequência in…nita de noves, em uma fração decimal …nita.
5; 31999 : : : = 5; 31 + 0; 00999 : : : = 5; 31 + 0; 01 = 5; 32
186
Exercício 4.6 Em cada item, represente o número x por uma dízima in…nita
periódica.
1. x = 0; 58.
2. x = 1; 0099.
3. x = 10.
Solução.
1.
x = 0; 58 = 0; 57 + 0; 01 = 0; 57 + 0; 009 = 0; 579:
2.
3.
x = 10 = 9 + 1 = 9 + 0; 9 = 9; 9:
1. x = 1; 23999 : : :
2. x = 0; 038999 : : :
3. x = 5; 1999 : : :
187
4. x = 7; 999 : : :
Solução.
1.
2.
3.
x = 5; 1999 : : : = 5; 19 = 5; 1 + 0; 09 = 5; 1 + 0; 1 = 5; 2:
4.
x = 7; 999 : : : = 7; 9 = 7 + 0; 9 = 7 + 1 = 8:
x = 0; 101001000100001 : : :
188
Existe número real que não é racional, por exemplo,
x = 0; 101001000100001 : : : :
De…nição 4.4 Os números reais que não são racionais são chamados números
irracionais.
a2
2= ) a2 = 2b2 ) 2 j a2 ) 2 j a ) a = 2c; c 2 Z:
b2
Então
2 j b2 ) 2 j b ) b = 2d; d 2 Z:
189
Logo, a e b são ambos múltiplos de 2, que contradiz a suposição de que a e b
p
são primos entre si. Essa contradição nos leva a concluir que 2 é irracional.
p
Exercício 4.9 Mostre que 3 é irracional.
p
Solução. Suponhamos que 3 é racional. Então existem inteiros a e b,
p 2
primos entre si, tais que 3 = ab . Então 3 = ab2 . Mas
a2
3= 2
) a2 = 3b2 ) 3 j a2 ) 3 j a ) a = 3c; c 2 Z:
b
Então
3 j b2 ) 3 j b ) b = 3d; d 2 Z:
a2
6= 2
) a2 = 6b2 = 2 3b2 ) 2 j a2 ) 2 j a ) a = 2c; c 2 Z:
b
Então
2 j b2 ) 2 j b ) b = 2d; d 2 Z:
190
Logo, a e b são ambos múltiplos de 2, que contradiz a suposição de que a e
p
b são primos entre si. Essa contradição nos leva à conclusão de que 6 não
é racional.
x + r 2 Q ) (x + r) r 2 Q ) x 2 Q
1
rx 2 Q ) (rx) 2 Q ) x 2 Q
r
1
1 1
2 Q) 2 Q ) x 2 Q:
x x
p p
Exercício 4.11 Mostre que 2+ 3 é irracional.
p p
Solução. Seja x = 2+ 3. Temos que
p p 2 p p p
x2 = 2+ 3 = 2 + 2 2 3 + 3 = 5 + 2 6:
191
p p p
Como 6 é irracional, temos que 2 6 é irracional e, portanto, 5 + 2 6 é
p p
irracional. Logo, x2 é irracional. Então x é irracional. Portanto, 2 + 3 é
irracional.
cn xn + cn 1 xn 1
+ + c1 x + c0 = 0;
cn xn + cn 1 xn 1
+ + c1 x + c0 = 0;
c n an + c n 1 an 1
+ + c1 a + c0 = 0;
192
Proposição 4.4 Consideremos uma equação polinomial com coe…cientes in-
teiros
cn xn + cn 1 xn 1
+ + c1 x + c0 = 0:
a a
Se essa equação tem uma raiz racional b
, onde b
é uma fração ordinária
irredutível, então a é um divisor de c0 e b é um divisor de cn .
a a
Prova. Seja b
uma raiz da equação dada, onde b
é uma fração ordinária
irredutível. Então
a n a n 1 a
cn + cn 1 + + c1 + c0 = 0:
b b b
c n an + c n 1 an 1 b + + c1 abn 1
+ c0 bn = 0:
c n an = c n 1 an 1 b c1 abn 1
c 0 bn
= b c n 1 an 1
c1 abn 2
c 0 bn 1
:
c n an + c n 1 an 1 b + + c1 abn 1
+ c 0 bn = 0
como
c 0 bn = c n an c n 1 an 1 b c1 abn 1
= a c n an 1
c n 1 an 2 b c 1 bn 1
:
193
Daí segue que a é um divisor de c0 bn . Como mdc fa; bg = 1, segue que a é
um divisor de c0 .
2 13 + 8 12 12 1+3 = 1
2 ( 1)3 + 8 ( 1)2 12 ( 1) + 3 = 21
2 33 + 8 32 12 3 + 3 = 93
2 ( 3)3 + 8 ( 3)2 12 ( 3) + 3 = 57
3 2
1 1 1 3
2 +8 12 +3 =
2 2 2 4
3 2
1 1 1 43
2 +8 12 +3 =
2 2 2 4
3 2
3 3 3 39
2 +8 12 +3 =
2 2 2 4
3 2
3 3 3 129
2 +8 12 +3 =
2 2 2 4
Portanto, a equação 4x3 + 8x2 12x + 3 = 0 não possui raiz racional.
194
a a
Prova. Se b
é uma raiz da equação dada, onde b
é uma fração ordinária
irredutível, então, pela proposição 4.4, temos que b divide 1 e a divide c0 .
a
Logo, b = 1 e, portanto, b
é um número inteiro que divide c0 .
x= 1 : ( 1)5 4 ( 1)4 ( 1) + 4 = 0
x=1: 15 4 14 1+4=0
x= 2 : ( 2)5 4 ( 2)4 ( 2) + 4 = 90
x=2: 25 4 24 2+4= 30
x= 4 ( 4)5 4 ( 4)4 ( 4) + 4 = 2040
x=4: 45 4 44 4 + 4 = 0:
1; 1 e 4:
p
Solução. Temos que n p é uma raiz da equação xn p = 0. Pelo
corolário anterior, se essa equação tivesse uma raiz racional, ela seria um
número inteiro divisor de p. Mas, como p é primo, os divisores de p são
1; p. Nenhum desses números é raiz dessa equação. Portanto, xn p=0
195
p p
não possui raiz racional. Logo, n p não é racional, ou seja, n p é irracional.
p p
Exercício 4.14 Mostre que 7 5 é irracional.
p p
Solução. Seja a = 7 5. Temos que
p p p p p 2 p 2
a = 7 5)a+ 5= 7) a+ 5 = 7 )
p p 2 p 2
a2 + 2 5a + 5 = 7 ) a2 2= 2 5a ) a2 2 = 2 5a )
p p
3
Exercício 4.15 Mostre que 3 2 é irracional.
196
p p
3
Solução. Seja a = 3 2. Temos que
p p
3
a = 3 2)
p p
3
a 3 = 2)
p 3 p
3
3
a 3 = 2 )
p 2 p
a3 3 3a + 9a 2) 3 3 =
p
a3 3 3 a2 + 1 + 9a + 2 = 0 )
p
a3 + 9a + 2 = 3 3 a2 + 1 )
h p i2
2
a3 + 9a + 2 = 3 3 a2 + 1 )
p
Proposição 4.5 Sejam a e n números inteiros positivos, com n 2. Se n
a
p
é racional, então n a é um número inteiro.
p
Prova. Temos que n a é uma raiz da equação xn a = 0. Pelo corolário
p p
anterior, se n a é racional então n a é um número inteiro.
197
4.5 Valores Irracionais de Funções Trigonométri-
cas
Considere as identidades trigonométricas
De fato,
(6)
cos 3 = cos 2 cos sen2 sen
(4) e (5)
= cos2 sen2 cos (2sen cos ) sen
= 4 cos3 3 cos :
198
(7)
sen3 = sen2 cos + cos 2 sen
(4) e (5)
= (2sen cos ) cos + cos2 sen2 sen
= 4sen3 + 3sen :
Exemplo 4.13 Vamos usar a identidade (8) para mostrar que cos 20 é um
número irracional. De fato, substituindo = 20 em (8), obtemos
1
= 4a3 3a;
2
ou seja,
1
4a3 3a = 0:
2
Daí segue que
8a3 6a 1 = 0:
1 1 1
1; ; e :
2 4 8
199
Exercício 4.16 Mostre que sen10 é um número irracional.
1
= 4a3 + 3a;
2
ou seja,
1
4a3 3a + = 0:
2
Daí segue que
8a3 6a + 1 = 0:
1 1 1
1; ; e :
2 4 8
200
é racional. Então, se cos 2 não é racional, temos que cos ; sen e tg são
todos irracionais, pois
1 + cos 2
cos2 = 2
=Q
2
1 cos 2
sen2 = 2
=Q
2
1 2
tg 2 = 2
1= 12
= Q:
cos 1 + cos 2
Exercício 4.17 Mostre que cos 15 ; sen15 e tg15 são todos irracionais.
p
3
Solução. Como cos 30 = 2
é irracional, segue que cos 15 ; sen15 e
tg15 são todos irracionais.
10y = x;
ou seja,
log x = y , 10y = x:
201
Elevando ambos os membros dessa igualdade à potência b, obtemos
2b = 10a = 2a 5a :
21b = 10a = 2a 5a :
202
Elevando ambos os membros dessa igualdade à potência b, obtemos
Mas
mb = a e nb = a ) mb = nb ) m = n:
Isto contraria a nossa hipótese, pois estamos supondo que m e n são inteiros
distintos. Essa contradição nos leva a concluir que log 2m 5n é irracional.
p
Exemplo 4.16 O número 3
5 é algébrico, pois é raiz da equação x3 5 = 0.
203
ou seja,
8 cos3 20 6 cos 20 1 = 0:
a
Teorema 4.3 Se a e b são números algébricos então a b; ab e b
(se b 6= 0)
também são números algébricos.
204
Referências Bibliográ…cas
205
[NIVEN] NIVEN, Ivan, ZUCKERMAN, Herbert S. & MONT-
GOMERY, Hugh L. An Introduction to the Theory of
Numbers. John Wiley & Sons, Inc. 5th Ed. 1991.
206